Estrutura da Justiça do Trabalho no Brasil
Estrutura da Justiça do Trabalho no Brasil
Faculdade de Direito
Semestre 2017.2
Alberto Iervese
Sumário
Organização da Justiça do Trabalho .................................................................................3
Partes e Procuradores.....................................................................................................21
Despesas Processuais......................................................................................................26
Procedimentos ................................................................................................................30
Audiência .........................................................................................................................36
Conciliação ......................................................................................................................41
Sentença ..........................................................................................................................61
A Justiça do Trabalho, antes uma justiça administrativa, e atualmente uma justiça federal,
possui 3 órgãos, qual sejam:
OBS: A Vara do Trabalho não é órgão judicial, mas sim instância administrativa ocupada
IMPORTANTE !!
pelo Juiz do Trabalho.
2. Juízes do Trabalho
• Desembargadores
A legislação pátria (Art. 115 da CF) determina que 1/5 dos desembargadores do trabalho
deverão ser oriundos do mundo da advocacia, desde que possuam mais de dez anos de
carreira, e membros do MPT com mais de dez anos de efetivo exercício. Os demais
desembargadores do trabalho devem alcançar seu posto através de promoção dos seus cargos
de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternativamente.
Como bem elucida Carlos Henrique Bezerra Leite, nos termos do art.674 da CLT, o
território nacional é dividido em 24 Regiões. Atualmente, existem 24 TRT’s. Em São
Paulo, são dois, um na capital, outro em Campinas. Com a nova redação do art. 112 da CF,
deixou de ser obrigatória a criação de TRT’s nos estados de Tocantis, Acre, Roraima e Amapá
(Antes a CF exigia pelo menos um TRT em cada estado da federação e no Distrito Federal).
• Quinto Constitucional
Nos TRT’s, 1/5 das vagas existentes para desembargadores devem ser
ocupados por membros da Ordem dos Advogados ou do Ministério Público,
que passam por um árduo e competido método de entrada, abaixo descrito.
Quinto constitucional é o mecanismo que confere vinte por cento dos assentos existentes
nos tribunais aos advogados e promotores; portanto, uma de cada cinco vagas nas Cortes de
Justiça é reservada para profissionais que não se submetem a concurso público de provas e
títulos; a Ordem dos Advogados ou o Ministério Público, livremente, formam uma lista
sêxtupla, remete para os tribunais e estes selecionam três, encaminhando para o Executivo
que nomeia um desses nomes. Essas indicações são suficientes para o advogado ou o
promotor deixar suas atividades e iniciar nova carreira, não na condição de juízes de primeiro
grau, início da carreira, mas já como desembargador ou ministro, degrau mais alto da
magistratura – Revista Online do IBRAJUS
• EC n. 45/2004
2. Fontes formais
As fontes formais do direito processual do trabalho são as que lhe conferem o caráter de
direito positivo. São aquelas que estão positivadas no ordenamento jurídico.
3. Aplicação do CPC
O CPC pode ser considerando como uma das principais fontes formais diretas básicas de
caráter infraconstitucional no direito processual do trabalho.
(CLT) Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.
(CPC) Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
Houve ampliação das hipóteses de competência da JT. Foram incluídos, por exemplo, os
trabalhadores autônomos. Antes só abarcava as relações de empregado e empregador.
Mauro Schiavi conclui que o termo relação de trabalho pressupõe trabalho prestado por
conta alheia, em que o trabalhador (pessoa física) coloca sua força de trabalho em prol de
outra pessoa (física ou jurídica), podendo o trabalhador correr ou não os riscos da atividade.
Desse modo, estão excluídas as modalidades de relação de trabalho em que o trabalho for
prestado por pessoa jurídica, porquanto, nessas modalidades, embora haja relação de
trabalho, o trabalho humano não é objeto dessas relações jurídicas, e sim um contrato de
natureza cível ou comercial.
A JT já era competente para julgar processos envolvendo o direito de greve em si, a mudança
que trouxe a emenda foi ampliar essa competência para as ações que envolvam o exercício
do direito de greve (Exemplo: Julgar ação possessória por conta de uma invasão de
propriedade durante, motivada e por razão da greve).
Diante da adição realizada pela E.C. nº45/2004, que estabeleceu a JT como competente para
processar e julgar as ações que envolvam exercício do direito de greve, constata-se que a
mesma agora é competente tanto para as ações prévias (inibitórias), para assegurar o exercício
do direito de greve para a classe trabalhadora, como as ações possessórias, para defesa do
patrimônio do empregador, como as ações para reparação de danos, tanto aos trabalhadores
como aos empregadores, e até danos causados aos terceiros.
Cercado de divergências. O STF entende que a JT não possui competência para processar e
julgar ações envolvendo greves dos servidores públicos, visto que não possui competência
para processar e julgar ações envolvendo o servidor público estatutário. Entretanto, tal
entendimento possui resistência na doutrina, através de interpretações dos incisos I e II.
Entretanto, antes da E.C. 45/2004, por tais ações não envolverem relações entre empregado
e empregador, não seriam da competência da JT. Tal informação só ressalta a extrema
importância da mudança realizada pela E.C. e positivada no já descrito inciso primeiro deste
artigo 114 acerca da ampliação da competência da JT para agora, processar e julgar ações
envolvendo relações de trabalho.
O mesmo SCHIAVI traz que, em relação ao inciso aqui discutido, atualmente há duas
vertentes diversas que tratam sobre sua interpretação:
Antes mesmo da Emenda a JT já enquadrava tais ações dentro de sua competência, a E.C.
veio para positivar tal competência e colocar um fim nas divergências existentes. A hipótese
de habeas corpus mais comum (e ainda assim bem rara) é quando da ocorrência de prisão de
depositário infiel, só que tais ocorrências praticamente cessaram em obediência ao Pacto de
São José da Costa Rica. Há também a hipótese de prisão por falso testemunho na JT ou
quando há uma proibição ao seu direito de ir e vir. O habeas data pode ser utilizado quando
há uma recusa na entrega de informações necessárias.
O depositário é um auxiliar da justiça e será nomeado no auto de constrição de bem. No caso de penhora,
o encargo pode ser recusado, como estabelece a Súmula 319 do STJ. O auxiliar tem como encargo
guardar e conservar o bem evitando extravio ou deteriorações enquanto aguarda ato judicial que
determine a sua entrega, normalmente ao que teve o direito sobre ele reconhecido em juízo, ao
adjudicante ou arrematante na execução pecuniária, ou mesmo ao executado, se o depositário for
terceiro.
O depositário judicial não se confunde com o depositário contratual que fica sujeito a ação de depósito
que visa exigir a restituição da coisa depositada, disciplinada pelos arts. 901 a 905 do Código de Processo
Civil que também prevê, sob o texto de 1973, a prisão civil, em preceito cuja recepção pela Constituição
Federal de 1988 tornou-se controvertida.
O depositário judicial quando chamado a entregar a coisa depositada não o fizer estará sujeito à prisão
civil determinada nos próprios autos como autoriza o § 3º do art. 666 do CPC inserido pela Lei 11.382/06.
A Súmula nº 619 do STF, anterior àquela lei, já admitia que “a prisão do depositário judicial pode ser
decretada no próprio processo em que se constitui o encargo, independentemente da propositura de ação de
depósito”[10]. A súmula eliminava resistência dos que entendiam não ser possível requerê-la nos
próprios autos em que fora feito o depósito, exigindo a ação autônoma.
Para ser decretada a prisão civil do depositário infiel era necessário que tivesse assumido expressamente
este encargo, por declaração de vontade, assinada pessoalmente ou por seu advogado. A prisão somente
não seria decretada no caso do depositário provar caso fortuito ou força maior.
Através da nova redação do art.114 da CF, promovida pela E.C. n.45/2004, foram
transferidas para a Justiça do Trabalho as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial propostas por outros trabalhadores não empregados (eventuais, avulsos,
autônomos, subordinados atípicos ou parassubordinados) em face dos respectivos
tomadores de serviços, desde que não haja lei dispondo, expressamente, ser a Justiça
Comum a competência para processá-las e julgá-las.
Essas ações que envolvem o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) antes não eram
possíveis de serem da competência da JT, pois não decorriam de relação de emprego. Tais
ações, por força da regra geral fixada no art.109, I da CF/88, eram da Justiça Federal Comum
a competência para processá-las e julgá-las.
Inciso aparentemente desnecessário devido a não mais ser exigido que os litígios sejam
decorrentes de relação empregado-empregador. Entretanto, a inclusão deste inciso abre
espaço para demais ampliações de competências que por ventura venham a ser realizadas.
“ Com a E.C. n.45/04, houve uma alteração no eixo central da competência da Justiça do
Trabalho, pois o que antes era exceção, ou seja, apreciar as controvérsias que envolvem a
relação de trabalho, agora passou a ser a regra geral ”.
“ Agora todas as ações oriundas das relações de trabalho (para muitos, relações de emprego),
no que não temos como desprezar os contratos civis, consumeristas ou outros contratos de
atividade (quando se referirem à discussão sobre a valorização do trabalho humano), deverão
ser ajuizadas, ou ao menos deveriam, a partir da Reforma do Judiciário, na Justiça do
Trabalho. Dessa forma, sem o animus de taxatividade, afirmamos que tanto uma ação
envolvendo o descumprimento de regras de um contrato quanto uma ação de cobrança de
honorários advocatícios, prestados por profissional autônomo, deveriam, em nossa opinião,
ser apreciadas na Justiça Laboral. Contratado, porém, determinado escritório (e não um
profissional específico), o contratante deverá ajuizar sua ação na Justiça Comum. Já o próprio
advogado, que presta serviços a esse escritório, não como titular ou empregado, mas como
associado, pode ainda quando autônomo reclamar dele na Justiça do Trabalho os seus
honorários eventualmente inadimplidos, valendo o mesmo raciocínio, por exemplo, para
trabalhadores cooperativos para recebimento de seus créditos perante a cooperativa;
estagiários para percepção de bolsa-auxílio que lhe foi sonegada; representantes comerciais
autônomos pelas comissões e honorários não recebidos etc. Isso, obviamente, não quer dizer
que o direito material correspondente será o mesmo, mas sim, apenas, que o órgão
responsável pela sua jurisdição será único.
O STJ direciona seu entendimento em sentido contrário, sustentando a exclusão das relações
de consumo em que há um prestador, pessoa natural, da competência da Justiça do Trabalho.
Coerente com esse entendimento, assim afirma Otávio Amaral Calvet: “ Questões similares
à relação de emprego (em sentido estrito), pela hipossuficiência de uma das partes e pela
concessão de benefícios a ela em busca de uma igualdade substantiva, há de se ressaltar que,
na relação de consumo o protegido é o consumidor e, em hipótese alguma, o prestador dos
serviços, este aparecendo como o detentor do poder econômico que oferece publicamente
seus préstimos, auferindo ganhos junto aos consumidores. Transportando para as relações
de trabalho em sentido lato, seria no mínimo estranho imaginar-se o deferimento de uma
tutela especial ao consumidor que, no caso, apareceria também como tomador dos serviços,
reconhecendo-se-lhe, simultaneamente, duas posições que se afiguram incompatíveis
A legislação pátria nesse parágrafo em estudo protege apenas o nacional, que trabalha em
agência ou filial no estrangeiro, e somente em situações em que não haja convenção
internacional dispondo em contrário. O professor Jonhson entende que o foro competente
no Brasil será aquele que for mais benéfico ao trabalhador.
Mais uma vez buscando proteger o acesso à justiça do trabalhador, em situações em que o
trabalhador exerce suas funções fora do local do contrato do trabalho, o mesmo pode
apresentar sua reclamação em ambos os locais, é uma faculdade do empregador.
Competência funcional
A competência funcional das Varas do Trabalho está prevista no art.652 da CLT, in verbis:
O art.678 da CLT define a competência funcional dos TRT’s quando dividido em Turmas
Já o art. 679 da CLT define a competência dos Tribunais não divididos em turmas, in verbis:
Compete, pois, ao TST, nos termos do art.67 do seu Regimento Interno, processar, conciliar e
julgar, na forma da lei, em grau originário ou recursal ordinário ou extraordinário, as demandas
individuais e os dissídios coletivos eu excedam a jurisdição dos Tribunais Regionais, os conflitos
de direito sindical, assim como outras controvérsias decorrentes de relação de trabalho, e os litígios
relativos ao cumprimento de suas próprias decisões, de laudos arbitrais e de convenções e acordos
coletivos.
Partes e Procuradores
1. Jus Postulandi
Jus Postulandi é o direito de postular em juízo, que na Justiça do Trabalho, excepcionalmente,
de forma similar ao que acontece no Sistema dos Juizados Especiais Cíveis, pode ser exercido
pelas partes, seja ela empregado ou empregador, conforme art. 791 da CLT, ou por
procurador.
Sempre foi polêmica a questão do Just Postulandi da parte na JT. Há quem o defenda,
argumentando, que é uma forma de viabilizar o acesso do trabalhador à Justiça,
principalmente aquele que não tem condições de contratar o advogado. Entretanto, há
também quem o critique, como o doutrinador MAURO SCHIAVI, que entende que com
o advento da E.C. nº45/2004 e a vinda de outras ações para a Justiça do Trabalho que não
são oriundas da relação de emprego, não mais se justifica a existência do Jus Postulandi, até
mesmo pelo fato da complexidade das relações jurídicas que decorrem da relação de
emprego.
Para SCHIAVI, a parte assistida por advogado tem maiores possibilidades de êxito no
processo, assegurando o cumprimento do princípio constitucional do acesso real à Justiça do
Trabalho, e também uma ordem jurídica justa. Neste sentido, diante também da
complexidade das causas que tramitam na JT, a não assistência por advogado, ao invés de
facilitar, acaba dificultando o acesso à justiça.
Hoje, a parte não estar assistida por advogado na Justiça do Trabalho é exceção
A Súmula 425 do TST estabelece limitações para o exercício do Jus Postulandi das partes
(pessoas leigas). Segundo o supramencionado entendimento sumular o Jus Postulandi destes
somente se estende até a atuação perante os Tribunais Regionais, não alcançando a atuação
perante o Tribunal Superior do Trabalho, o que o professor Jonhnson entende ser uma
interpretação contra legem e prejudicial ao acesso à justiça.
“ (...) o jus postulandi na Justiça do Trabalho somente é observado para as ações relativas à relação de
emprego e também para a pequena empreitada (art.652, III, da CLT). Para as demais ações relativas à
relação de trabalho, em nosso sentir, o trabalhador necessita de advogado. ” – MAURO SCHIAVI
Existe um dispositivo que trata dos honorários na situação acima mencionada, qual seja a
Instrução Normativa nº27 do TST, que trata de normas procedimentais aplicáveis ao
processo do trabalho em decorrência da ampliação da competência da JT pela E.C. nº
45/2004 (LEITURA RECOMENDADA).
Interpretando tal instrução normativa, a doutrina, em sua maioria, bem como os Tribunais
Brasileiros, entende que a redação produzida pelo legislador, onde excetuou apenas as lides
oriundas de relação de emprego, faz com que a lei manifeste sua vontade de forma implícita
no sentido de não permitir a postulação em juízo sem advogado nos casos oriundos
de relação de trabalho.
Ocorre que entendemos em sentido diverso, visto que, em nossa visão, a mera existência do
supramencionado dispositivo, que apenas regula como ocorrerá a aplicação dos honorários
de sucumbência, não obriga a constituição de um procurador para a postulação em juízo,
apenas regula o funcionamento dos honorários sucumbenciais para os casos em que existe
procurador constituído nos autos.
2. Mandato
No processo do trabalho o mandato é admitido em três modalidades: expresso, tácito
e apud acta.
b) Mandato tácito → Aquele que, apesar de nos autos não constar instrumento de mandato,
decorre de um comportamento ou um conjunto de comportamentos, tal como sentar ao
lado do representado na audiência. É aceito na JT, entretanto, é vedado substabelecer e
apenas confere poderes gerais ad judicia.
c) Mandato apud acta → Aquele previsto no art.16 da Lei 1060/50 (Lei da Defensoria
Pública), nele o juiz determina a inserção dos termos do mandato na ata de audiência e,
exceto se houver previsão expressa de outorga de poderes especiais, os poderes do
advogado serão apenas os da cláusula ad judicia. Em 2011 foi adicionada à CLT o §3º do
seu art.791, que admite a possibilidade de constituição de procurador com inserção na ata
de audiência por requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte
interessada. Apesar do professor Jonhnson entender tal situação como um novo tipo de
mandato (o mesmo reconhece a proximidade com o mandato apud acta), a doutrina entende
o mencionado dispositivo como uma forma de reconhecimento e consagração do mandato
apud acta.
3. Honorários Advocatícios
Antes da reforma não existia condenação a honorários advocatícios como regra geral. A
condenação somente seria cabível se estivesse assistido pelo sindicato dos empregados e se
recebesse menos que dois salários mínimos ou comprovar que não pode demandar sem
prejuízo próprio ou de sua família (Súmula 219 do TST). Depois da reforma, foi criado o
art.791-A da CLT, que permite a cobrança de honorários como regra geral, com base
no princípio da sucumbência.
Os honorários serão fixados pelo juízo devendo observar o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação
do serviço, a natureza e a importância da causa, bem como o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço. Esses critérios são os mesmos utilizados no artigo 50 parágrafo 2º do Código de
Processo Civil. Entretanto, o valor definido na seara trabalhista deve permanecer no limite entre 5% e 15%.
Nos casos de procedência parcial haverá honorários de sucumbência recíproca, porém não poderá ser
realizada a compensação entre os valores de honorários advocatícios. Serão devidos os honorários ainda na
reconvenção, nas ações contra a fazenda pública, e naquelas em que a parte está assistida ou substituída pelo
sindicato de sua categoria. – Fonte: JOTA
“O reclamante que perder uma ação, ainda que de forma parcial será responsabilizado pelo pagamento
dos honorários advocatícios da parte contrária. Mesmo que seja beneficiário da Justiça Gratuita não
ficará livre de responder por honorários de sucumbência.
Se tiver créditos a receber ainda que seja em outro processo os honorários advocatícios serão cobrados.
Se não tiver créditos a exigência do pagamento ficará suspensa, podendo ser retomada se demonstrada
que a situação do reclamante se modificou. Após dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou a impossibilidade da cobrança a exigência será extinta.
Essa alteração na legislação a nosso ver deve provocar uma redução no número de reclamações
trabalhistas. A avaliação para o ingresso da ação reclamatória terá que ser mais criteriosa pelos riscos d
o insucesso da ação, que pode importar em custos para o reclamante. Por outro lado, as
empresas, também passam a ter um risco maior, pois em caso de condenação agora também respondem
por honorários de sucumbência. ” – Fonte: A Tribuna.
Art. 791 – A. Ao advogado, ainda que atue §3º. Na hipótese de procedência parcial, o
em causa própria, serão devidos juízo arbitrará honorários de sucumbência
honorários de sucumbência, fixados recíproca, vedada a compensação entre
entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e honorários.
o máximo de 15% (quinze por cento)
§4º. Vencido o beneficiário da justiça
sobre o valor que resultar da liquidação
gratuita, desde que não tenha obtido em
da sentença, do proveito econômico
juízo, ainda que em outro processo, créditos
obtido ou, não sendo possível mensurá-
capazes de suportar a despesa, as
lo, do valor atualizado da causa.
obrigações decorrentes de sua sucumbência
§1º. Os honorários são devidos também nas ficarão sob condição suspensiva de
ações contra a Fazenda Pública e nas ações exigibilidade e somente poderão ser
em que a parte estiver assistida ou executadas se, nos dois anos subsequentes
substituída pelo sindicato de sua categoria ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de
§2º. Ao fixar os honorários, o juízo observará:
existir a situação de insuficiência de recursos
I. O grau de zelo do profissional; que justificou a concessão de gratuidade,
II. O lugar da prestação do serviço; extinguindo-se, passado esse prazo, tais
III. A natureza e a importância da obrigações do beneficiário.
causa;
IV. O trabalho realizado pelo advogado
e o tempo exigido para o seu serviço.
Despesas Processuais
As custas processuais correspondem ao preço ou à despesa inerente ao uso ou à
prestação do serviço público de justiça e possuem natureza jurídica de taxa
(correspondem a uma “taxa judiciária”). A prestação da atividade jurisdicional, a cargo
do Poder Judiciário, é serviço público remunerado, daí que cabe às partes o ônus de arcar
com as despesas processuais. No processo são praticados uma série de atos, alguns a cargo
dos litigantes e outros a cargo dos juízes e auxiliares, que geram um custo financeiro, custo
esse que deve ser suportado pelas partes, exceto nos casos de pobreza reconhecida, em
que o Estado concede a gratuidade processual.
A reforma trabalhista causou impacto no tema, visto que antes de sua aprovação inexistia
teto máximo, apenas o teto mínimo, de R$ 10,64, o que ocasionava custas extremamente
altas e injustas em processos em que o valor de cálculo fosse elevado.
Em sentido diverso, os EMOLUMENTOS, por força do art. 789-B, serão pagos pelo
requerente do serviço e deverão obedecer a tabela apresentada no dispositivo legal
supramencionado.
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos IV – quando o valor for indeterminado, sobre o
dissídios coletivos do trabalho, nas ações e que o juiz fixar.
procedimentos de competência da Justiça do
Trabalho, bem como nas demandas propostas § 1o As custas serão pagas pelo vencido,
perante a Justiça Estadual, no exercício da após o trânsito em julgado da decisão. No
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao caso de recurso, as custas serão pagas e
processo de conhecimento incidirão à base de comprovado o recolhimento dentro do prazo
2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ recursal.
10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e
o máximo de quatro vezes o limite máximo dos § 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo
benefícios do Regime Geral de Previdência arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das
Social, e serão calculadas: custas processuais.
I – quando houver acordo ou condenação, sobre § 3o Sempre que houver acordo, se de outra
o respectivo valor; forma não for convencionado, o pagamento das
custas caberá em partes iguais aos litigantes.
II – quando houver extinção do processo, sem
julgamento do mérito, ou julgado totalmente § 4o Nos dissídios coletivos, as partes vencidas
improcedente o pedido, sobre o valor da responderão solidariamente pelo pagamento das
causa; custas, calculadas sobre o valor arbitrado na
decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.
III – no caso de procedência do pedido formulado
em ação declaratória e em ação constitutiva,
sobre o valor da causa;
Na Justiça do Trabalho, cabe aos sindicatos e não aos defensores públicos a concretização
da Assistência Judiciária Gratuita, esta somente sendo assumida pelos defensores quando
inexistir sindicato da categoria profissional do trabalhador, conforme art.17 da Lei 5.584/70.
Art 16. Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato
assistente.
Art 17. Quando, nas respectivas comarcas, não houver Juntas de Conciliação e Julgamento
ou não existir Sindicato da categoria profissional do trabalhador, é atribuído aos
Promotores Públicos ou Defensores Públicos o encargo de prestar assistência judiciária
prevista nesta lei.
Art 18. A assistência judiciária, nos termos da presente lei, será prestada ao trabalhador
ainda que não seja associado do respectivo Sindicato
Atualmente, para a concessão do benefício da Justiça Gratuita exige-se que a parte receba
salário igual ou inferior à 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social ou que comprove a insuficiência de recursos para o pagamento das custas
do processo.
Art. 790, § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais
do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício
da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Antes da reforma, exigia-se que a parte recebesse salário igual ou inferior ao dobro do
mínimo legal ou declarar, sob as penas da lei, a impossibilidade de pagamento das custas sem
prejuízo do sustento próprio ou de sua família.
Por determinação do art. 790-B, o benefício da Justiça Gratuita não exime o beneficiário da
obrigação de pagar, mesmo que de forma parcelada, os honorários periciais, caso
sucumbente, exceto se não tiver obtido, ainda que em outro processo, créditos capazes de
suportar a despesa, hipótese em que a obrigação recairá sobre a União.
Procedimentos
1. Procedimentos Trabalhistas
Procedimento rápido, criado objetivando as pequenas causas. Cabível nos processos que
possuam valor da causa até dois salários mínimos. Previsto no §3º do art.2º da Lei 5.584/70.
Da decisão proferida em processo regido sob o procedimento sumário não cabe recurso,
salvo se for matéria constitucional. Na ata de audiência constará apenas um resumo dos atos
importantes que ocorreram e não a narração de todos os fatos que aconteceram.
Embarca as causas que possuam valor que oscilam entre 02 e 40 salários mínimos. Regido
pela Lei n. 9.957/00 e previsto na CLT do art. 852-A até o art. 852-I. Aqui não há uma
limitação tão grande para efeito de recurso quanto no procedimento sumário, entretanto, não
cabe a interposição de todos os recursos.
Também denominado procedimento trabalhista comum. Aplicado nas causas com valor
acima de 40 salários mínimos. Nesse procedimento não há limitação quanto à possibilidade
de interposição de recursos.
São procedimentos que têm características especiais, previstos no próprio texto da CLT. São
eles: Inquérito judicial para apuração de falta grave (Art. 853 e seguintes da CLT); Dissídio
Coletivo (Art. 856 e seguintes da CLT); e Ação de Cumprimento (Art. 872 da CLT).
Trata-se de procedimento diferenciado previsto nos art. 852-A a 852-I das Consolidações
da Lei do Trabalho.
A conciliação aqui pode ser proposta a qualquer momento, assim como no ordinário, só
que neste aqui as tentativas são feitas em uma maior intensidade. Outra diferença é que neste
procedimento não existem momentos em que a tentativa é obrigatória, como ocorre no ordinário.
Na sentença, assim como nos juizados especiais cíveis, não há a necessidade de produção
de relatório. A mesma deve ser proferida em audiência, bastando o registro em ata, de maneira
resumida, dos atos, afirmações e informações úteis à solução da causa.
Petição Inicial
1. Local de apresentação da reclamação
O local de apresentação é disciplinado na CLT nos artigos 837 e 838, que tratam, cada um,
das duas possibilidades de estrutura da JT na localidade.
O art. 837 trata da possibilidade de somente existir uma única Vara do Trabalho ou,
inexistindo Vara do Trabalho, somente existir uma única Vara Cível que, por motivos óbvios,
torna inútil a distribuição do processo e faz com que seja possível a apresentação diretamente
na secretaria ou cartório.
OBS: A existência do termo “ou cartório do juízo” faz referência à possibilidade de não
existir Vara do Trabalho na localidade, hipótese em que o julgador será da Vara Cível, que
possui o cartório como equivalente à secretaria nas Varas do Trabalho.
Já o art. 838 dispõe acerca da possibilidade de, na localidade, existirem mais de uma Vara do
Trabalho ou, inexistindo ao menos uma Vara do Trabalho, mais de uma Vara Cível.
Art. 838 - Nas localidades em que houver mais de 1 (uma) Junta ou mais de
1 (um) Juízo, ou escrivão do cível, a reclamação será, preliminarmente,
sujeita a distribuição, na forma do disposto no Capítulo II, Seção II, deste
Título.
Nessa situação, por existir mais de um juízo apto a ser competente para processar e julgar a
causa, é necessário que o processo passe por uma distribuição para assegurar uma divisão
dos processos entre as Varas e, mais importante, assegurar o cumprimento ao princípio do
Juiz Natural.
Conforme o dispositivo legal a reclamação poderá ser escrita ou verbal. A reclamação verbal
é uma consolidação do princípio da oralidade, entretanto, apesar da possibilidade prevista no
art. 840, as secretarias estão criando cada vez mais dificuldades para a apresentação de
reclamação de forma oral, a maior parte aceita apenas em situações de urgência, como nos
casos em que o reclamante está perto de perder o direito, nas demais situações é comum que
direcionem o reclamante ao sindicato responsável ou à Defensoria Pública.
Antes da reforma, caso a parte não estabelecesse valor da causa, caberia ao juiz analisar o
processo e determinar o valor da causa, que poderia ser impugnado na contestação (caso
fosse estabelecido antes desta) ou nas razões finais (caso o valor fosse estabelecido após a
contestação) – Art.2º, §1º, §2º da Lei 5.584/1970.
Assim como acontece nos Juizados Especiais Cíveis, que também admitem a apresentação
de petição inicial verbalmente, a reclamação verbal será reduzida a termo, ou seja, será
transformada em texto pelo escrivão ou secretário que será, ao final da transcrição, assinado
pelo reclamante.
§3º. Os pedidos que não atendam ao disposto no §1º deste artigo serão julgados
extintos sem resolução de mérito.
Parágrafo adicionado pelo texto da Reforma Trabalhista (os outros dois foram modificados
pelo texto da reforma). É considerado muito radical e incondizente com o princípio do
aproveitamento dos atos processuais. Desta forma, sua aplicação vem sendo relativizada na
JT, visto que tem sido mais comum a intimação do autor para emendar a inicial, que somente
será extinta se o mesmo se quedar inerte, como acontece no Processo Civil.
Em relação à citação por hora certa, a maior parte da doutrina entende que a mesma não
pode ser determinada através da aplicação do CPC, visto que contraria o princípio da
celeridade que reveste o processo do trabalho.
Importante – A citação no processo do trabalho não se dá de forma pessoal, mas isso não
significa que pode ser entregue a qualquer um, mas sim que pode ser entregue a quem
presumidamente a entregará ao reclamado, a exemplo dos porteiros em condomínios.
Audiência
A audiência consiste em um evento processual de natureza pública que se divide
costumeiramente nas seguintes fases: inaugural/inicial, de instrução e de julgamento. A
audiência, apesar de dividida em fases, é, via de regra, contínua/una, entretanto, é possível
que a mesma seja fracionada em mais de um evento processual.
Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por
motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua
continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.
Art. 815 – As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-
se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito)
e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo
quando houver matéria urgente.
Em situações excepcionais, admite-se que a audiência seja designada para local diverso,
desde que obedeça a antecedência mínima de 24 horas, conforme estabelece o parágrafo
primeiro do art. 813.
§1º - Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das
audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas.
Por força do parágrafo segundo do mesmo artigo, o prazo de 24 horas também deve ser
observado sempre que se constatar necessária a designação de audiência extraordinária.
Conforme preleção do parágrafo único do art. 815, é permitido ao juiz um atraso de, no
máximo, 15 minutos após a hora marcada.
Parágrafo único. Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz
ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-
se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.
Quanto às partes, qualquer atraso será considerado intolerável, como dispõe a Orientação
Jurisprudencial nº 245.
* As ações plúrimas são aquelas em que existem mais de um réu ou autor. Nesses casos seria
inviável exigir a presença de todos, permitindo-se assim a representação através do Sindicato.
Antes da reforma existiam dois requisitos para atuação como preposto em juízo,
atualmente apenas o primeiro se mantém.
Apesar de inexistir previsão legal neste sentido, entende-se que o preposto deve portar
documento de identificação própria, bem como a carta de preposição em que a parte o
autorize a ser preposto em seu nome.
Quanto ao empregado, o mesmo pode ser substituído por um colega ou pelo seu respectivo
sindicato desde que exista um motivo poderoso que dê causa à substituição.
Destaca-se que a palavra “poderoso” exige, para sua correta aplicação, um juízo de
ponderação acerca do acontecido. É preciso uma avaliação se o evento alegado foi poderoso
o suficiente para que a parte ausente pudesse usufruir da previsão legal acima transcrita.
§ 3º. O preposto a que se refere o §1º deste artigo não precisa ser
empregado da parte reclamada.
4. Suspensão da audiência
OBS – O professor Jonhson separa a revelia da confissão. Para o mesmo a revelia se dá com
a não apresentação de defesa, enquanto que a confissão se opera com a ausência em juízo
(audiência). Na revelia, não se produz prova. Na confissão sim. Se você considera que
houve revelia, não há possibilidade de apresentar provas. NA CONFISSÃO, SIM, POIS HÁ
A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – Opinião de Jonhson. Didier, eu e o mundo
inteiro discordamos.
Importante – Grande parte da doutrina entende que, por força do art. 844 da CLT,
diferentemente do processo civil, no processo do trabalho a revelia se caracteriza pela
ausência do reclamado quando devidamente citado a comparecer em juízo em
audiência que deveria apresentar resposta.
Por força do parágrafo terceiro, o pagamento das custas mencionado no parágrafo segundo,
é requisito indispensável para a propositura de nova demanda.
Súmula 122 do TST – A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu
advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar,
expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência.
§ 4º. A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se:
I – Havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;
II – O litígio versas sobre direitos indisponíveis;
III – A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à pratica do ato;
IV – As alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos.
Conciliação
Conforme as lições de CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE, nos processos
submetidos aos procedimentos ordinário e sumário, há duas oportunidades em que o juiz
deverá (é um dever do magistrado) propor a conciliação.
Através da transação, o assunto estará resolvido. É uma vantagem tanto para as empresas
quanto para o empregado.
O professor Jonhson afirma que as chances de êxito são maiores nas propostas de
conciliações ofertadas na primeira tentativa obrigatória, ou seja, na audiência.
Por serem consideradas obrigatórias, qual seria a consequência da não realização da tentativa
de conciliação?
Sobre o tema, o professor BEZERRA LEITE afirma que “embora não haja previsão legal
expressa na hipótese de inobservância do preceptivo em causa, tem-se entendido que, se o
juiz não propõe a conciliação, haverá nulidade absoluta dos atos posteriores. Parece-nos
acertado esse entendimento, uma vez que a proposta de conciliação no processo trabalhista
é matéria de ordem pública”. É nesse sentido que vem decidindo o TST.
O professor Jonhson afirma que se o magistrado não realizar a primeira, mas realizar a
segunda tentativa, esta última supre a primeira. Contudo, se realizar a primeira e não realizar
a segunda, entende-se pela nulidade. Ou seja, a segunda tentativa é a mais importante.
Defesa do Reclamado
Por força dos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, é
garantido ao reclamado/réu a oportunidade de se defender de todos os fatos alegados pelo
reclamante/autor.
A defesa, direito do réu, segundo o professor Jonhson, pode ser exercitada através de
preliminares, exceções, contestação e reconvenção. *
*Para BEZERRA LEITE, defesa é gênero que tem como espécies a exceção e a
contestação. A reconvenção não constitui propriamente defesa. Ao revés, é ação do
réu em face do autor dentro do mesmo processo em que aquele é demandado por este.
Diferentemente do processo civil, que confere ao réu o prazo de 15 dias para apresentar
contestação, no processo do trabalho, aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação e, não
havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Desta forma, o reclamado
tem vinte minutos para apresentar sua defesa em audiência, entretanto, o costume é a
apresentação de contestação em petição escrita.
Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para
aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for
dispensada por ambas as partes.
Como a defesa do réu é apresentada em audiência que, nos termos do art. 841 da
CLT, ocorrerá no mínimo no prazo de cinco dias depois do recebimento da
notificação citatória, tem-se que o réu terá o prazo legal mínimo de cinco dias para
preparar a sua resposta escrita (e vinte minutos para apresentá-la em audiência).
Assim sendo, no processo do trabalho, de lege lata (de acordo com a lei), as exceções e a
contestação devem ser oferecidas no momento audiência.
Impende destacar que a reforma trabalhista adicionou um parágrafo único ao art. 847,
passando a legislação a prever a possibilidade de apresentação de defesa escrita pelo sistema
de processo judicial eletrônico até a audiência.
OBS – Poderá o réu, na própria audiência para a qual fora notificado oferecer contestação
e/ou reconvenção.
1. Preliminares
As matérias alegadas em forma de preliminar no Processo do Trabalho são regidas pelo CPC,
mais especificamente pelo seu art. 337.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o XII - falta de caução ou de outra prestação que a
mérito, alegar: lei exige como preliminar;
2. Exceções
Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente
podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição
ou incompetência.
O parágrafo único destaca que, mesmo havendo suspeição do juiz, a irregularidade será
considerada cumprida se o recusando houver praticado algum ato pelo qual haja consentido
na pessoa do juiz, não mais podendo alegar exceção de suspeição (salvo sobrevindo novo
motivo) ou se constar do processo que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando
já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se
procurou de propósito o motivo de que ela se originou. Tais previsões buscam evitar que
os reclamantes se beneficiem de sua própria torpeza bem como destaca a força do
venire contra factum proprium, corolário do princípio da boa-fé.
I - em que interveio como mandatário da VIII - em que figure como parte cliente do
parte, oficiou como perito, funcionou como escritório de advocacia de seu cônjuge,
membro do Ministério Público ou prestou companheiro ou parente, consanguíneo ou
depoimento como testemunha; afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, mesmo que patrocinado por
II - de que conheceu em outro grau de advogado de outro escritório;
jurisdição, tendo proferido decisão;
IX - quando promover ação contra a parte ou
III - quando nele estiver postulando, como seu advogado.
defensor público, advogado ou membro do
Ministério Público, seu cônjuge ou § 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento
companheiro, ou qualquer parente, só se verifica quando o defensor público, o
consanguíneo ou afim, em linha reta ou advogado ou o membro do Ministério Público
colateral, até o terceiro grau, inclusive; já integrava o processo antes do início da
atividade judicante do juiz.
IV - quando for parte no processo ele próprio,
seu cônjuge ou companheiro, ou parente, § 2o É vedada a criação de fato
consanguíneo ou afim, em linha reta ou superveniente a fim de caracterizar
colateral, até o terceiro grau, inclusive; impedimento do juiz.
• Exceção de Incompetência
3. Contestação
A CLT não define a contestação, uma vez que emprega genericamente o vocábulo “defesa”.
Compatível, portanto, a aplicação subsidiária do art. 336 do NCPC, segundo o qual:
A parte final do art. 336 do CPC não se aplica ao processo do trabalho, pois aqui se faz
desnecessária a especificação dos meios de provas que as partes pretendem produzir, posto
que tal tema foi tratado pelo art. 845 da CLT.
Lege data:
4. Reconvenção
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu § 3o A reconvenção pode ser proposta contra o
propor reconvenção para manifestar autor e terceiro.
pretensão própria, conexa com a ação
principal ou com o fundamento da defesa. § 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu
em litisconsórcio com terceiro.
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será
intimado, na pessoa de seu advogado, para § 5o Se o autor for substituto processual, o
apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias. reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em
face do substituído, e a reconvenção deverá ser
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de proposta em face do autor, também na qualidade
causa extintiva que impeça o exame de seu de substituto processual.
mérito não obsta ao prosseguimento do processo
quanto à reconvenção. § 6o O réu pode propor reconvenção
independentemente de oferecer contestação.
A reconvenção é uma ação que o réu propõe, em face do autor, dentro do mesmo processo
em que o primeiro é demandado, buscando tutela jurisdicional em que se resguarde um
direito seu que alega ter sido lesado ou ameaçado de lesão pelo autor.
Ônus da Prova
Para o professor RENATO SARAIVA, o ônus da prova é um encargo atribuído a um sujeito
para demonstrar determinadas alegações de fato, sob pena de arcar com a situação de
desvantagem advinda da não demonstração do fato.
No que tange este assunto, o legislador antes da Lei nº 13.467 (Lei da Reforma Trabalhista)
era simplório e insatisfatório ao afirmar que “A prova das alegações incumbe à parte que as
fizer ”. A situação mudou de figura com a reforma, com pode ser visto através de análise do
“novo” art. 818 da CLT.
a) Fatos Constitutivos: Como fato constitutivo, entende-se os “que têm a eficácia jurídica de dar
vida, fazer nascer, de constituir a relação jurídica, e, geralmente, também a função de identificar seus
elementos”. No dizer de Chiovenda, são os “que dão vida a uma vontade concreta da lei e à
expectativa de um bem por parte de alguém”.
b) Fatos Impeditivos: Para Chiovenda, fato impeditivo é “um fato de natureza negativa, a saber, a
falta de uma das circunstâncias que devem concorrer com os fatos constitutivos a fim de que estes
produzam os efeitos que lhes são peculiares e normais”. São situações que, quando ocorrem, fazem
com que o efeito da constituição do próprio direito não se produza. São elementos faltantes para a
constituição do fato que geraria o direito. Não há, então, o fato constitutivo quando algo lhe impede
de se formar (nascer).
c) Fatos Modificativos: Fatos modificativos são os que, sem excluir ou impedir a relação jurídica, à
qual são posteriores, têm a eficácia de modificá-la. Assim, determinada parte no processo (autor)
traz certo fato e busca a tutela em face da outra parte (réu). Este, por sua vez, em sede de defesa,
alega e prova que o fato trazido não ocorreu nos moldes do referido pelo autor, mas com
características e efeitos diversos, o que reflete na tutela pretendida, assim reconhece parcialmente a
situação, requerendo que a decisão considere a modificação demonstrada. Atenta-se, entretanto,
para o fato de que a modificação deve ser relevante e ligada ao efeito pretendido pela tutela do autor.
d) Fatos Extintivos: São os que têm a eficácia de fazer cessar a relação jurídica, aqueles que extinguem
a relação jurídica material ou o Direito invocado pelo autor.
Produção de Provas
1. Prova Testemunhal
Apesar da prova testemunhal ser considerada por grande parte da doutrina como o meio de prova
mais inseguro, é ela o método de produção de provas mais utilizados no processo no trabalho e,
não raramente, constitui o único meio de prova nas ações trabalhistas que tramitam pelo país.
Sobre a prova testemunha, assim afirma o nobre professor doutor Luiz Rodrigues Wambier:
“(...) é a mais sujeita a imprecisões, seja pela falibilidade da memória humana, seja porque, talvez até sem
malícia, pode a testemunha deturpar os fatos com o fito de favorecer a parte” (In "Curso Avançado de Processo
Civil", RT, 2007, pág. 449).
Acerca da hipótese de suspeição e impedimento de testemunhas, a CLT lista, através do seu art.
829, as pessoas que se enquadram nessa definição, são elas: parentes até o terceiro grau civil,
amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes.
Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo
ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu
depoimento valerá como simples informação
Como afirma o próprio dispositivo legal, apesar de o depoimento realizado pelo suspeito ou
impedido ser válido, o mesmo será considerado como simples informação.
MAURO SCHIAVI afirma que, em razão da omissão da CLT e compatibilidade com o processo
do trabalho, restam aplicáveis as hipóteses de incapacidade, impedimento e suspeição de
testemunhas, previstas no art. 447 do CPC, de forma supletiva.
Destaca-se que, nos termos do §4º do art. 447 do CPC, “sendo necessário, pode o juiz
admitir o depoimento de testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
O mesmo SCHIAVI destaca que no cotidiano das audiências trabalhistas, são frequentes as
hipóteses de contraditas de testemunhas por amizade da testemunha com o reclamante, exercer
a testemunha cargo de confiança na empresa e por mover a testemunha reclamação trabalhista
em face da reclamada.
Amizade íntima – Inegavelmente, a relação de trabalho, por ser contínua, gera uma
proximidade maior entre trabalhadores que exercem a mesma função. Entretanto, essa
aproximação é inerente à relação de emprego e não se confunde com a amizade íntima. A
amizade íntima se revela por atos objetivos, como o contato do autor e da testemunha fora
do contrato de trabalho, como frequências recíprocas às residências, saídas para passeios
etc.
OBS – A mera “relação de amizade”, assim intitulada pelas redes sociais, tais como
Facebook, por si só não são suficientes para comprovar a amizade íntima.
Trata-se de um assunto que gera diversos debates na doutrina, sem que se chegue a um
consenso. O professor SCHIAVI entende que o menor de 18 anos e maior de 16 anos poderá
ser ouvido como informante, mas sem prestar compromisso legal, pois não tem
imputabilidade penal. De outro lado, o juiz do trabalho somente deve ouvir testemunhas
menores de 18 anos se for estritamente necessário. O entendimento das Varas Trabalhistas
tem acompanhado a doutrina e jurisprudências dominantes no sentido de não se
admitir que o menor de 18 seja ouvido na condição de testemunha. Em último caso,
admite-se a oitiva na condição de informante, caso a parte não tenha outra
testemunha.
Art. 821 - Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número
poderá ser elevado a 6 (seis).
Importante – No procedimento sumaríssimo serão até 02 testemunhas, por força de lei (Lei nº
5.584/70). No sumário se mantém 03, baseado no entendimento que, fora mudanças previstas
em lei, mantém-se as regras do procedimento ordinário.
Litisconsórcio passivo – SCHIAVI entende que cada litisconsorte pode ouvir até três
testemunhas cada um, pois a circunstância de estar ao lado de outro litigante no polo passivo é
condição que não decorre de sua vontade.
Art. 822 - As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas
ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando
devidamente arroladas ou convocadas
Se, mesmo após intimadas, não comparecerem, é admitido por lei que o juiz determine a
utilização de medidas de condução coercitiva.
“A testemunha é, sempre, da Justiça, nunca da parte. Pesa sobre ela o dever de informar com
fidelidade o fato de que tem conhecimento, pois atua no processo como um instrumento de
averiguação da verdade sobre a existência e os efeitos do fato que informa para dar margem a
uma correta prestação jurisdicional” – José Augusto Rodrigues.
Somente será possível a oitiva de testemunha sem documento em casos extremos, se ela
não possuir qualquer documento, ou seja, não tenha tirado documentos, e for
reconhecida incidentalmente pelas partes e testemunhas presentes.
Por derradeiro, se a testemunha possui documento, mas não o trouxe a juízo, deve o Juiz do
Trabalho, a fim de não violar o direito de ampla defesa, permitir a substituição imediata da
testemunha ou adiar a audiência.
2. Prova Documental
“Documento é meio idôneo utilizado como prova material da existência de um fato, abrangendo
não só os escritos, mas também os gráficos, as fotografias, os desenhos, reproduções
cinematográficas, etc.” – Renato Saraiva
O legislador pouco dispôs acerca do tema. A base legal referente à prova documental se resume
aos arts. 787, 830, e 845 da CLT, aplicando-se supletivamente o Código de Processo Civil.
Ocorre que o CPC é aqui aplicado supletivamente e, conforme seu art. 435, é permitido à parte, a
qualquer tempo, anexar aos autos novas provas, desde que preenchidos alguns requisitos.
CPC/ Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos,
quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para
contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Destaca-se que, caso os documentos sejam a base da reclamação formulada pelo autor, os mesmos
deverão ser apresentados conjuntamente, como determina o art. 787 da CLT.
CLT/Art. 787 - A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde logo
acompanhada dos documentos em que se fundar.
Acerca da juntada de provas documentais em FASE RECURSAL, o TST editou a Súmula nº 08.
No que tange a exibição dos documentos, a mesma pode se dar por requerimento das partes ou
pelo juiz, de ofício, obedecendo as regras do art. 396 e seguintes do CPC.
CPC/Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre
em seu poder.
3. Prova Pericial
“A prova pericial é a espécie de prova que objetiva fornecer esclarecimentos ao juiz a respeito de
questões técnicas, que extrapolam o conhecimento científico do julgador. ” – Renato Saraiva
CPC/Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.
A CLT possui um artigo que trata da prova pericial, mais especificamente o seu art. 826, ocorre
que o mesmo é atualmente considerado revogado tacitamente.
CLT/Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou tecnico.
O art. 826 da CLT era considerado falho e prejudicial ao processo, pois permitia a cada parte
apresentar um perito ou técnico. Assim sendo, cada um deles, obviamente, apresentaria seus
relatórios em sentidos diversos, podendo causar uma ainda maior turvação na mente do julgador,
o que prejudicava a funcionalidade e efetividade do meio de produção de prova baseado em perícia.
Art 3º Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo Juiz, que
fixará o prazo para entrega do laudo.
Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cuja laudo terá
que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser
desentranhado dos autos.
4. Inspeção Judicial
“ Na inspeção direta, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos. O juiz irá ao local onde se
encontre a pessoa ou a coisa quando: julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação
dos fatos que deva observar; quando a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis
despesas ou graves dificuldades; ou quando o magistrado determinar a reconstituição dos fatos” –
Renato Saraiva
Acerca da Inspeção Judicial, nada menciona a CLT, havendo assim a aplicação subsidiária do CPC
através do seu art. 481 e seguintes.
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo,
inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão
da causa.
5. Prova Emprestada
Observação Inicial – O tema “Prova Emprestada” não foi tratado pelo Professor Jonhson, mas
as lições trazidas pelo professor Renato Saraiva, abaixo transcritas, auxiliam no entendimento da
sistemática da produção de provas no processo do trabalho.
A prova emprestada será inserida no processo como mera prova documental, devendo ser utilizada
apenas excepcionalmente, uma vez que, em regra, as provas devem ser produzidas no mesmo juízo
onde corre a demanda.
Nesse caso, não obstante o art. 195, § 2. º, da CLT determinar a realização de perícia para a aferição
de insalubridade no local de trabalho, considerando que a. empresa está desativada e o local não
oferece possibilidade de reprodução das condições ambientais imperantes quando em atividade,
poderá a prova pericial ser suprida pela juntada de laudos emprestados de outros processos, desde
que estabelecida perfeita correspondência entre a situação periciada e o caso sub judice. ”
Razões Finais
As razões finais podem ser compreendidas através do conceito que as define como a possibilidade
(não é obrigatório que sejam apresentadas) dada às partes para se manifestarem oralmente
(princípio da oralidade) nos autos antes que a sentença seja proferida pelo julgador. Nesta peça
deverão ser destacados os fatos e alegações que revestem o pleito da parte de credibilidade o
suficiente para serem acatados pelo órgão jurisdicional, na pessoa do magistrado competente.
Possui papel importante tanto na arguição de nulidades como também para o fortalecimento do
convencimento do magistrado. O período concedido é de 10 (dez) minutos.
Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não
excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará
a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.
“ Todavia, muitos juízes têm permitido que o reclamante e o reclamado apresentem razões finais
por escrito, em forma de memoriais” – Renato Saraiva.
“ Quando a sentença não é proferida na própria audiência, os juízes têm permitido que as partes
ofereçam razões finais por escrito, isto é, em formas de memoriais. Nesse caso, há a conversão
das razões finais em memoriais. ” – Carlos Henrique Bezerra Leite
Sobre tais ocorrências o professor Jonhson também fez sua observação: De modo similar ao
determinado no art. 364, §2º do CPC, admite-se que o juiz permita que as razões finais sejam
apresentadas de modo escrito quando for constatada que a causa apresenta questões complexas de
fato ou de direito.
“ Impende notar que, nas causas de alçada, isto é, nas causas sujeitas ao procedimento sumário (Lei
nº. 5.584/70, art. 2º, §4º), as razões finais cumprem uma função específica, uma vez que por meio
delas "poderá qualquer das partes impugnar o valor da causa fixado" pelo juiz (Lei nº. 5.584/70,
art. 2º, § 1º). Vale dizer, a impugnação do valor da causa no procedimento sumário pode ser feita
até o momento da apresentação das razões finais. ” – Mauro Schiavi
Sentença
“ A sentença é um ato de consciência que estabelece um elo
entre o jurídico e o justo” – José Augusto Rodrigues Pinto
A sentença pode ser considerada a mais importante peça processual presente nos autos enquanto
ainda em 1º grau, pois é através dela que o magistrado, representante do Estado exercente da função
jurisdicional, demonstra sua posição sobre o caso, acolhendo ou rejeitando os pedidos formulados
pelas partes.
A sentença ao ser proferida deve obedecer aos requisitos legais e formais de validade previstos no
art. 832 da CLT e no art. 489 do CPC, que se encontram em perfeita harmonia, apesar de alguns
termos serem melhores definidos na legislação processual cível.
CLT/Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a
apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do
pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do
processo;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe
submeterem.
Os demais dispositivos do CPC são aplicados supletivamente, com destaque para a necessária
fundamentação do Juiz em todas as decisões que venham a ser proferidas (Art. 489, §1º do CPC).
É nula a sentença que não vem acompanhada de fundamentação.
Importante – É permitido que o juiz, com fulcro no art.851, §2º da CLT, divulgue os fundamentos
de sua decisão em até 48 horas após proferir a sentença.
Observação – Tendo o juiz ATÉ 48 horas para apresentar sua fundamentação, a partir de quando
tem início o prazo recursal? Apesar de existir uma pequena resistência doutrinária, o entendimento
majoritário é de que terá início no dia de sua publicação nos autos.
Na hipótese em que o procedimento da vara seja o de adotar a regra geral, qual seja, a unidade dos
atos processuais em uma audiência singular (audiência una), a intimação não precisará ser expedida,
pois as partes, ao estarem presentes, obviamente possuem ciência acerca da decisão.
Em contrapartida, o professor Jonhson pondera que nos processos em que o magistrado optou
por fracionar as audiências, ou seja, estabelecê-las em momentos distintos, e a data não for
previamente designada na audiência que adiou o julgamento, deverá ser expedida intimação
acerca da sentença quando do momento da publicação (Caso a data tenha sido previamente
designada, entende-se a parte por intimada no momento da audiência que adiou o julgamento, e
caso não compareça, enquadra-se na hipótese de aplicação da súmula nº 197 ↓).
Reconhecendo a possibilidade de ausência de uma parte que, apesar de intimada, não compareceu
à audiência onde foi proferida sentença, o TST editou a Súmula nº 197.
Súmula nº 197/STJ – O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à
audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação.
Importante – Na hipótese acima estudada, em que o juiz anexará os fundamentos de sua decisão
até 48 horas após a mesma ser proferida, mesmo que a audiência seja una, será necessária a
expedição de intimação caso o julgador ultrapasse as 48 horas, posto que o ato processual só
estará completo através da apresentação das razões do magistrado e essa se dará após a audiência,
não havendo como os advogados adivinharem quando o julgador irá anexar aos autos suas razões.
Impende destacar que, na hipótese de REVELIA, a expedição da intimação é necessária, por força
do artigo 852 da CLT, parte final.
Os Recursos são regidos por diversos princípios que justificam sua existência e seu adequado
momento de apresentação. São alguns desses princípios:
a) Duplo Grau de Jurisdição: É através deste princípio que os Recursos têm sua existência
justificada. É este princípio que garante a possibilidade de nova apreciação do feito perante um
órgão hierarquicamente superior ao que proferiu a decisão.
Interposto um Recurso, o mesmo deverá passar pela chamada “Análise prévia do recurso”, que
consiste em um juízo de admissibilidade realizada tanto pelo juízo a quo (juízo que proferiu a decisão
recorrida), quanto pelo juízo ad quem (juízo competente para apreciação do recurso), acerca do
preenchimento dos pressupostos de admissibilidade do recurso.
“ O despacho exarado pelo juízo de admissibilidade a quo não vincula o juízo ad quem, não havendo
que falar em coisa julgada ou mesmo preclusão. Em outras palavras, o juízo ad quem pode conhecer
de um recurso que não foi conhecido pelo JUIZO a quo e vice-versa. ” – Renato Saraiva
Observação - Destacamos que os Embargos de Declaração, para aqueles que o entendem como
peça recursal, configura uma exceção à regra acima anunciada, em que há uma análise do
pressuposto por dois juízos, posto que os Embargos de Declaração são julgados pela própria
autoridade que proferiu a decisão recorrida.
• Pressupostos Subjetivos/Intrínsecos
a) Legitimidade: O CPC, em seu art. 996, outorga legitimidade recursal àquele que tenha
participado, como parte, do processo de primeiro grau de jurisdição, ainda que revel. A CLT,
artigos 10 e 448, também estabelece outras figuras legitimadas para interpor recurso.
b) Capacidade: Exige-se do recorrente a capacidade civil, ou seja, a capacidade para a prática dos
atos da vida civil. O incapaz, para interpor recurso, deverá estar devidamente revestido do
instituto cabível (assistência, representação, curatela).
c) Interesse: O recurso deve ser necessário ao recorrente, como meio de obter a anulação ou
reforma da decisão impugnada, ou seja, a necessidade justifica-se, pois, somente com a
interposição do recurso a remoção do gravame será alcançada.
b) Adequação: Além do ato ser recorrível, é preciso que o recurso interposto seja o adequado
para cada decisão no juízo em que se encontra. Para cada ato judicial existe um recurso
adequado e próprio. Esse pressuposto pode ser mitigado em razão do princípio da
fungibilidade, principalmente se considerarmos a possibilidade de as partes leigas exercerem
seu jus postulandi também em nível recursal.
c) Tempestividade: O direito de recorrer deve ser exercido no prazo assegurado por lei., não
podendo as partes, por convenção, prorrogar ou alterar os prazos (Art. 223 do CPC), embora
possa renunciar ao direito de recorrer (Art. 999 do CPC).
*É computado em dobro o prazo para recurso das pessoas jurídicas de direito público, isto é,
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como as suas respectivas autarquias e
fundações públicas.
Neste ponto, difere-se do processo civil, pois neste somente é exigido o pagamento das custas,
inexistindo a exigência acerca do pagamento do depósito recursal presente no processo do trabalho
em algumas situações.
Como a Justiça do Trabalho integra o Poder Judiciário Federal, as custas no processo trabalhista
devem ser fixadas por lei federal, que assim o fez ao editar o artigo 790 da CLT através de redação
dada pela Lei nº 10.537/2002.
Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal
Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às
instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Cumpre destacar que no processo ou fase de execução as custas são pagas ao final, razão pela
qual não constituem pressuposto de admissibilidade de recursos interpostos contra decisões
proferidas nessa fase processual.
No que tange aos recursos interpostos no processo de conhecimento, aplica-se o art. 789 da
CLT, que, como visto anteriormente, foi modificado pela Reforma Trabalhista, que acrescentou
um valor máximo para as custas a serem pagas.
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e
procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas
propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas
relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado
o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes
o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas
(...)
§ 1o As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso
de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo
recursal.
§ 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das
custas processuais
Frisamos que, por força do art. 832, §2º da CLT, a sentença deve sempre mencionar as custas
que devem ser pagas pela parte vencida. Sendo a sentença omissa, deverá a parte interpor
embargos de declaração.
b) Depósito Recursal
O depósito recursal é espécie de despesa processual que tem como finalidade assegurar a
execução da decisão condenatória. Por ter uma natureza jurídica de garantia do Juízo Recursal,
pressupõe a existência de decisão (sentença ou acórdão).
A exigência da realização do depósito recursal é vista pelos doutrinadores como uma forma de
evitar interposições temerárias ou procrastinatórias de recursos.
Art 7º A comprovação do depósito da condenação (CLT, art. 899, §§ 1º a 5º) terá que ser
feita dentro do prazo para a interposição do recurso, sob pena de ser este considerado
deserto.
A não realização do depósito dentro do prazo recursal configura a deserção do recurso. Neste
sentido, o TST editou a sua Súmula nº 245, destacando que a interposição antecipada não prejudica
a dilação legal, ou seja, se o recurso for interposto antes do fim do prazo recursal, a parte
permanecerá com o prazo total para realizar o depósito recursal.
Súmula nº 245 do TST - O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo
ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal.
O tema Depósito Recursal é regulado pelo artigo 899 da CLT, que passou por mudanças
significativas em razão da Lei nº 13.467/2017 (Lei da Reforma Trabalhista).
Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples salário-mínimo da região, o depósito para fins de
petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as recursos será limitado a este valor.
exceções previstas neste Título, permitida a execução
provisória até a penhora. § 7o No ato de interposição do agravo de instrumento, o
depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por
§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o cento) do valor do depósito do recurso ao qual se
salário-mínimo regional, nos dissídios individuais, só será pretende destrancar.
admitido o recurso inclusive o extraordinário, mediante
prévio depósito da respectiva importância. Transitada em § 8o Quando o agravo de instrumento tem a finalidade de
julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento destrancar recurso de revista que se insurge contra
imediato da importância de depósito, em favor da parte decisão que contraria a jurisprudência uniforme do
vencedora, por simples despacho do juiz. Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas
suas súmulas ou em orientação jurisprudencial, não
§ 2º Tratando-se de condenação de valor indeterminado, haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito referido
o depósito corresponderá ao que for arbitrado, para efeito no § 7o deste artigo.
de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de
10 (dez) vezes o salário-mínimo da região. § 9o O valor do depósito recursal será reduzido pela
metade para entidades sem fins lucrativos,
§3º REVOGADO empregadores domésticos, microempreendedores
individuais, microempresas e empresas de pequeno
§ 4o O depósito recursal será feito em conta porte.
vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos
índices da poupança. § 10. São isentos do depósito recursal os
beneficiários da justiça gratuita, as entidades
§5º REVOGADO – Reforma Trabalhista filantrópicas e as empresas em recuperação
judicial.
§ 6º - Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para
fins de custas, exceder o limite de 10 (dez) vezes o § 11. O depósito recursal poderá ser substituído por
fiança bancária ou seguro garantia judicial.
i. O valor do depósito recursal será diminuído pela metade para determinadas pessoas (§9º)
ii. Os beneficiários da justiça gratuita e empresas em recuperação são isentos (§10º)
A aplicabilidade dos incisos que vinculam ao salário mínimo foi mitigada pela CF/88
CPC/Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses.
Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito efetuado por uma delas
APROVEITA AS DEMAIS, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteie sua exclusão
da lide, vide Súmula 128, item III, do TST.
Súmula 128, III, TST - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o
depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que
efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 - inserida em
08.11.2000)
IMPORTANTE - Carlos Henrique Bezerra Leite adverte que o depósito recursal somente será
devido se a sentença condenatória houver imposto ao vencido uma obrigação de caráter
pecuniário. Tratando-se de sentença condenatória de obrigação de fazer, não fazer ou entregar
coisa, ou, ainda, sentença meramente declaratória ou constitutiva, bem como sentença
mandamental ou executiva lato sensu, não há que se falar em depósito recursal. Neste mesmo
sentido foi editada a Súmula nº 161 do TST.
a) O valor da condenação;
b) Uma tabela estabelecida em lei, que estabelece um determinado valor para um
correspondente recurso.
O valor pago a título de depósito recursal nunca pode ser maior que o da condenação.
Assim, como regra geral, fica a de que: (a) se o valor da condenação for inferior a um dos valores
da tabela, será depositado aquele; (b) se o valor da condenação for superior a um dos valores da
tabela, é o valor da tabela que será depositado. Os recursos acima estão na ordem em que devem
ser interpostos.
Importante salientar que, uma vez feito o depósito, se se quiser interpor recursos
posteriormente, qualquer valor adicional apenas deverá ser depositado enquanto não
exceder o valor da condenação.
Exemplo 01: Processo com valor de condenação de R$ 5.000,00. A parte interpõe Recurso
Ordinário, devendo fazer preparo no valor da condenação. Se, posteriormente, interpuser Recurso
de Revista, nenhum valor precisará depositar, afinal já foi atingido o valor da condenação
Exemplo 02: Processo com valor de condenação de R$ 20.000,00. A parte interpõe Recurso
Ordinário, devendo fazer depósito no valor do teto deste recurso (R$ 9.189,00), afinal o valor da
condenação excede o teto legal. Se, posteriormente, interpuser Recurso de Revista, deverá depositar
o valor que falta para atingir o da condenação, qual seja, (R$ 20.000,00 – R$ 9.189,00) R$ 10.811,00
Importantíssimo destacar que o Relator não está autorizado a considerar o recurso deserto no
caso de pagamento insuficiente das custas ou do depósito recursal, exceto se a situação se manter
após a concessão de um prazo de 05 dias, conforme artigo 1.007 do Código de Processo Civil.
Recursos em Espécie
1. Recurso Ordinário
O recurso ordinário é utilizado no processo do trabalho como um ataque a nível recursal
contra sentenças proferidas pelos juízes de 1º grau, bem como contra acórdãos nos casos em que
a competência é originária dos TRT’s.
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e
Por meio dele, torna-se possível submeter ao juízo ad quem o reexame das matérias de fato e de
direito apreciadas pelo juízo a quo.
Denomina-se ordinário pois é cabível para sanar qualquer injustiça presente na decisão,
não apenas algumas específicas, como ocorre nos recursos extraordinários e de revista. Pode o
recurso ordinário objetivar tanto a reforma da sentença quanto a sua anulação.
Deve o R.O. ser proposto em 8 dias, juntamente com suas razões, exceto se a parte estiver
desacompanhada de advogado, hipótese em que será suficiente o protocolo do pedido de recurso.
O recurso é interposto no juízo a quo, e é ele quem faz o exame de admissibilidade do mesmo
(dessa decisão cabe interposição de agravo de instrumento). Importante salientar que o juízo ad
quem também fará juízo de admissibilidade, e contra ele é cabível agravo regimental.
O Recurso Ordinário possui, em regra, efeito apenas devolutivo, em que pese a jurisprudência
já ter admito sua eficácia suspensiva também. Desta forma, permite, pois, a execução provisória
do julgado. O juiz não precisa declarar os efeitos em que recebe o recurso, pois, de lege lata, todos
os recursos trabalhistas possuem, em regra, apenas efeito devolutivo (CLT, art. 899).
Antes da entrada em vigor do novo CPC o entendimento dominante era que não seria possível
ao Tribunal realizar tal conduto, devendo os autos retornarem ao juízo a quo, mesmo o CPC/73
prevendo em seu art.515, §3º que pode o tribunal julgar desde logo a lide (mérito) se a causa versar
questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento, isto é, se não
houver, necessidade de produção de outras provas.
Ocorre que o NCPC tratou do tema de uma forma mais ampla em seu art. 1.013, §3º e §4º,
levando à interpretação de que a decisão do tribunal em sede de recurso ordinário poderá ser mais
ampla do que a proferida pelo juízo de primeiro grau.
“Em suma, se o tribunal verificar que a matéria recursal é apenas de direito ou, sendo a
matéria de fato, já tenha havido ampla produção de prova, poderá, constatando que o
processo reúne todos os elementos fáticos e jurídicos para prosseguir no julgamento da
causa, adentar desde logo no julgamento do mérito, acolhendo ou rejeitando os pedidos
formulados na petição inicial ou, ainda, nas demais hipóteses do art. 487 do NCPC. ” –
Carlos Henrique Bezerra Leite
2. Recurso de Revista
Seu objeto é a impugnação de acórdão regional que contenha determinados vícios, ou seja, a
interposição deste recurso não exige o simples fato da sucumbência, tal como ocorre com os
recursos de natureza ordinária em geral.
Pode ser interposto contra acórdãos dos Tribunais Regionais do Trabalho em dissídios
individuais e tem como sua finalidade a uniformização da interpretação da lei (processual e
material) federal, estadual e constitucional, bem como a preservação da aplicabilidade
delas.
Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das
decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais
Regionais do Trabalho, quando
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado
outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência
uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à
Constituição Federal.
• Pressupostos de Cabimento
Para interposição deste recurso, deve o recorrente demonstrar os seguintes pressupostos
específicos de cabimento:
a) Prequestionamento: A matéria estará prequestionada quando houver sido tratada no
acórdão impugnado. É necessária a manifestação explícita do TRT no acórdão. Assim, a
admissibilidade da revista pressupõe que a decisão recorrida tenha se pronunciado
explicitamente sobre a matéria veiculada no recurso;
• Hipóteses de Cabimento
Como visto através da leitura e análise do artigo 896 da CLT e seus incisos, existem três
hipóteses de cabimento para o recurso de revista, são elas:
É cabível a interposição de recurso de revista dos acórdãos que derem ao mesmo dispositivo
de lei federal interpretação diversa e conflitante. Essa interpretação diversa pode ser entre:
A decisão que serve de parâmetro para ser comparada com a impugnada é denominada
paradigma, e deve ela cumprir os seguintes requisitos:
I. Deve ser válido, isto é, não pode ter sido expressamente cancelado por outro;
II. Que o paradigma seja divergente da decisão impugnada. A divergência deve ser
específica, isto é, os mesmos fundamentos de uma decisão devem estar presentes no
paradigma.
* Essa divergência deve ser igual ou superior ao da decisão impugnada, ou seja, se
a decisão impugnada versas sobre um atraso de 01 minuto, a decisão paradigma
deve versar sobre atraso de pelo menos 01 minuto;
III. Deve ser atual, isto é, não ter sido ultrapassada por súmula do TST ou do STF, ou
superada por iterativa e notória jurisprudência do TST.
IMPORTANTE – A súmula 337 do TST estabelece quais são os requisitos que devem ser
cumpridos para comprovação da divergência justificadora do recurso.
Súmula 337/TST: I - Para comprovação da divergência transcrição de trechos que integram a fundamentação do
justificadora do recurso, é necessário que o recorrente: acórdão divergente, uma vez que só se publicam o dispositivo e
a ementa dos acórdãos;
a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou
cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi IV - É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial
publicado; e justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de
repositório oficial na internet, desde que o recorrente:
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos
dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando a) transcreva o trecho divergente;
o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso,
ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a b) aponte o sítio de onde foi extraído; e
ser juntados com o recurso.
c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a
II - A concessão de registro de publicação como repositório data da respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do
autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas Trabalho.
edições anteriores.
V – A existência do código de autenticidade na cópia, em
III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de formato pdf, do inteiro teor do aresto paradigma, juntada aos autos,
aresto paradigma é inválida para comprovação de divergência torna-a equivalente ao documento original e também supre a
jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando ausência de indicação da fonte oficial de publicação. .
a parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante
Caberá recurso de revista para turma do TST das decisões proferidas pelos TRTs em grau de
recurso ordinário, em dissídio individual, quando “derem ao mesmo dispositivo de lei estadual,
convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial
de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional
prolator da decisão recorrida”.
Trata-se de uma hipótese rara. Enquanto que no caso do item “a” a divergência de interpretação
deve se dar sobre lei federal, necessariamente, no caso tratado aqui, o foco do dissenso deve ser:
. Lei estadual;
OBS: Carlos Henrique Bezerra Leite entende se tratar de lei em sentido amplo,
abrangendo decretos, portarias e outros atos normativos editados pelo Poder Público
Estadual;
II. Acordo coletivo, que é assinado entre sindicato e uma ou mais empresas;
III. Sentença normativa, que é a decisão proferida pelo TRT ou TST num dissídio
coletivo;
Há aqui o requisito extra destacado no primeiro parágrafo: estas normas devem ser de aplicação
em mais de uma jurisdição. Isto ocorre quando um estado possui mais de um tribunal, por
exemplo.
O recurso de revista também será cabível quando a decisão recorrida for proferida com:
Aqui não se exige a comparação de julgados (isto é, fica de fora o paradigma), mas apenas que
tenha havido violação a uma interpretação literal da Constituição ou da lei federal. Duas
observações são cabíveis:
A violação deve ter sido de interpretação literal, não bastando, para suscitar o presente recurso,
que tenha havido uma razoável interpretação alternativa que não desafia a literalidade do dispositivo
legal. Literal é a violação que, por exemplo, diz que a lei permite onde ela claramente proíbe e vice-
versa.
A segunda observação é que, segundo Mauro Schiavi e Carlos Henrique Bezerra Leite, o termo
“lei federal” não deve ser compreendido em sua literalidade, devendo abarcar também dispositivos
normativos federais que não são leis.
3. Embargos Infringentes
Trata-se de recurso cabível para impugnar decisão não unânime proferida em dissídio
coletivo de competência originária do TST, salvo se a decisão atacada estiver em consonância
com precedente jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou da Súmula de sua
jurisprudência dominante (CLT, Art. 894, §3º, I). Cabe à SDC (Seção Especializada em Dissídios
Coletivos) julgar os recursos denominados Embargos Infringentes.
Impende destacar que o próprio TST, por força do artigo 262 do seu Regimento Interno,
afunilou ainda mais o cabimento deste recurso ao restringi-lo à cláusula em que há divergência, e,
se esta for parcial, ao objeto a divergência. O RITST também trata de outros temas procedimentais
referentes aos embargos infringentes.
Art. 262. Cabem embargos infringentes das decisões Art. 263. Registrado o protocolo na petição a ser
não unânimes proferidas pela Seção Especializada encaminhada à Secretaria do órgão julgador
em Dissídios Coletivos, no prazo de oito dias, competente, esta juntará o recurso aos autos
contados da publicação do acórdão no órgão oficial, respectivos e abrirá vista à parte contrária, para
nos processos de Dissídios Coletivos de competência impugnação, no prazo legal. Transcorrido o prazo, o
originária do Tribunal. processo será remetido à unidade competente, para
ser imediatamente distribuído.
Parágrafo único. Os embargos infringentes serão
restritos à cláusula em que há divergência, e, se esta Art. 264. Não atendidas as exigências legais relativas
for parcial, ao objeto da divergência. ao cabimento dos embargos infringentes, o Relator
denegará seguimento ao recurso, facultada à parte a
interposição de agravo regimental.
4. Embargos de Divergência
Os embargos de divergência têm como finalidade uniformizar a divergência interna na
interpretação de lei federal ou da Constituição Federal no âmbito do próprio TST, o que pode
ocorrer entre acórdãos divergentes de Turmas ou entre acórdãos divergentes da SBDI-1 e SBDI-
2. O R.R busca uniformizar jurisprudência entre tribunais, já o E.D. entre as turmas do TST.
“Não se trata de recurso que tem por objeto reapreciação de matéria fática, uma vez
que seu objeto é a uniformização da Jurisprudência Interna do TST” – Mauro Schiavi
Está disciplinado no artigo 894, II da CLT, bem como os artigos 71 (I e II) e 231 do RITST.
Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias:
II - das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela
Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do
Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.
Carlos Henrique Bezerra Leite, a partir de análise do dispositivo acima transcrito, entende que os
embargos de divergências são cabíveis das decisões:
IMPORTANTE – No que tange ao recurso de revista e aos embargos que estão sendo
estudados (Divergência e Infringentes), há de se observar a súmula nº 23 do TST: “Não se
conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver determinado item do
pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos”.
Art. 896-B. Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas da Lei no 5.869, de
11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), relativas ao julgamento dos recursos
extraordinário e especial repetitivos.
Narra o professor Jonhson Meira que o pontapé inicial para a regulamentação na CLT acerca
deste incidente foi oriundo do TST, entretanto, no projeto original não havia disciplina do tema, e
sim apenas uma determinação de que fosse aplicado o CPC.
O incidente de recursos de revista repetitivos poderá ser aplicado aos recursos interpostos antes
de 20 de setembro de 2014 (data em que entrou em vigor a lei), desde que não implique violação a
eventual direito processual adquirido pelas partes.
Destacamos que, por força do art. 281 do RITST, o incidente também poderá ser
aplicado quando houver multiplicidade de embargos, apesar de não conter expressa
determinação neste sentido no dispositivo legal que rege o tema (Art. 896 – C, CLT).
O professor Jonhson manifesta sua opinião no sentido de que o legislador tinha a intenção de
abranger também os embargos, mas esqueceu de fazê-lo. Acredita o mesmo que esse fato se deu
pela confusão criada pelas diversas emendas realizadas no dispositivo legal, como mencionado
anteriormente.
São cinco os requisitos para aplicação do incidente de recursos de revista repetitivos, mas
apenas 03 precisam estar presentes. Os 02 primeiros são os obrigatórios:
Dica do professor Jonhson: Se puder julgar sem analisar a prova, trata-se de matéria jurídica,
se precisa observar a prova, trata-se de matéria fática
afetação da questão a ser julgada em incidente de quando do julgamento de determinado processo pela
Importante - Os casos analisados pelo incidente devem ter abrangente argumentação e discussão
a respeito da questão a ser decidida, pois, pela própria natureza do incidente, deverá ser suficiente
para servir como resolução para diversos outros processos.
Art. 283. Somente poderão ser afetadas recursos representativos da controvérsia que sejam
admissíveis e que, a critério do relator do incidente de julgamento dos recursos repetitivos,
contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida.
• Ações do Relator
Art. 284. Selecionados os recursos, o relator, na (quinze) dias, e requisitar aos Presidentes ou
Subseção Especializada em Dissídios Vice-Presidentes dos Tribunais Regionais do
Individuais ou no Tribunal Pleno, constatada a Trabalho a remessa de até 2 (dois) recursos de
presença do pressuposto do caput do art. 896-C revista representativos da controvérsia;
da CLT, proferirá decisão de afetação, sempre
fundamentada, na qual: IV - concederá o prazo de 15 (quinze) dias para
a manifestação escrita das pessoas, órgãos ou
I - identificará com precisão a questão a ser entidades interessados na controvérsia, que
submetida a julgamento; poderão ser admitidos como amici curiae;
II - poderá determinar a suspensão dos recursos V - informará aos demais Ministros sobre a
de revista ou de embargos de que trata o § 5º do decisão de afetação;
art. 896-C da CLT;
VI - poderá conceder vista ao Ministério Público
III - poderá solicitar aos Tribunais Regionais do
e às partes, nos termos e para os efeitos do § 9º
Trabalho informações a respeito da
controvérsia, a serem prestadas no prazo de 15 do art. 896-C da CLT.
A respeito do inciso III, o professor Jonhson afirma não entender quais seriam as informações
acerca da controvérsia que viriam a ser solicitadas. Em discussão em sala foram levantados os
seguintes argumentos: i) informações acerca de eventuais peculiaridades regionais; ii)
questionamento acerca entendimento dominante e suas razões e fundamentos.
Noutro giro, outra observação feita pelo professor é referente ao inciso VI, o RITST modifica
o disposto no §9º do art. 896-C da CLT, conferindo facultatividade à vista ao Ministério Público,
que é tratada na CLT como um ato de caráter obrigatório. O professor entende que o MP deve
sempre ter vista acerca do incidente.
Admitido o incidente, prevê o §3º do art. 896-C da CLT que o “Presidente do Tribunal Superior
do Trabalho oficiará os Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho para que suspendam os
recursos interpostos em casos idênticos aos afetados como recursos repetitivos, até o
pronunciamento definitivo do Tribunal Superior do Trabalho”. No mesmo sentido está o art.
281, §3º do RITST.
A aplicação no que RITST/Art. 285. O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho oficiará os Presidentes dos
tange aos processos Tribunais Regionais do Trabalho, com cópia da decisão de afetação, para que suspendam
que ainda estão na vara
é um tema que gera os recursos de revista interpostos em casos idênticos aos afetados como recursos
muito debate no meio
repetitivos e ainda não encaminhados a este Tribunal, bem como os recursos ordinários
acadêmico. Johnson
entende que sim, interpostos contra as sentenças proferidas em casos idênticos aos afetados como
posto que o art. 288,
recursos repetitivos, até o pronunciamento definitivo do Tribunal Superior do Trabalho.
§2º, I faz referência.
A suspensão dos processos se dará através da figura do presidente do TST, que está
incumbido da responsabilidade de oficiar os presidentes dos TRTs para que realizem as
suspensões necessárias. O mito, a lenda, Jonhson Meira, destaca aqui as seguintes observações:
OBS 01: A figura responsável pela comunicação não pode ser o relator pois o mesmo não tem
autoridade sobre os TRTs, daí decorre a necessidade de a comunicação ser feita pelo presidente.
OBS 02: O artigo não se refere aos embargos estudados anteriormente pois estes já estão no TST.
OBS 03: O dispositivo acima transcrito não fala de suspender os recursos interpostos na vara.
OBS 04: A suspensão traz o grande prejuízo da demora para se obter uma decisão definitiva.
“ Aqui reside uma importante questão e uma dificuldade mais acentuada no Processo do
Trabalho, pois, como regra, os processos envolvem mais de um pedido, e se um deles for
idêntico ao do processo afetado pelo do TST, todo o recurso ficará suspenso, o que poderá
acarretar prejuízo, principalmente ao trabalhador, que terá que aguardar toda a tramitação
do incidente, para somente depois ter o seu recurso apreciado. ” - Schiavi
A solução para a situação reside no §2º do artigo 291 do Regimento Interno do Tribunal
Superior do Trabalho.
RITST - Art. 286. Caberá ainda ao Presidente do Tribunal de origem, caso receba a
requisição de que trata o inciso III do art. 284 deste Regimento, admitir até 2 (dois)
recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Tribunal
Superior do Trabalho.
Recurso representativo da controvérsia é aquele que engloba a tese a ser discutida e envolve em
seu corpo uma ampla argumentação acerca do tema.
RITST - Art. 288. As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu
processo, a ser proferida pelo respectivo relator.
Mauro Schiavi: Segundo entendimento preponderante do STJ, uma vez afetado o recurso, o
recorrente não poderá dele desistir, uma vez que prevalecerá o interesse público sobre o
particular.
RITST - Art. 289. Para instruir o procedimento, pode o relator fixar data para, em audiência
pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria,
sempre que entender necessário o esclarecimento de questões ou circunstâncias de fato
subjacentes à controvérsia objeto do incidente de recursos repetitivos.
Trata-se de figura diversa do amicus curiae, que é um terceiro interessado. Exige-se aqui
conhecimento acerca da matéria para que os julgadores tenham mais conhecimento acerca do tema,
facilitando assim um julgamento de acordo com o bom direito.
A intervenção por amicus curiae nesta situação está regulado no §1º do mesmo dispositivo:
§ 2º A manifestação de que trata o § 1º somente será admitida até a inclusão do processo em pauta.
§ 1º Na hipótese de não ocorrer o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar da publicação da decisão de que
trata o art. 284 deste Regimento, cessam automaticamente, em todo o território nacional, a afetação e a
suspensão dos processos, que retomarão seu curso normal.
§ 2º Ocorrendo a hipótese do § 1º, é permitida, nos termos e para os efeitos do art. 281 deste Regimento e do art. 896-
C da CLT, a formulação de outra proposta de afetação de processos representativos da controvérsia para instauração
e julgamento de recursos repetitivos, a ser apreciada e decidida pela Subseção I da Seção Especializada em Dissídios
Individuais deste Tribunal.
§ 1º É vedado ao órgão colegiado decidir, para os fins do art. 896-C da CLT, questão não
delimitada na decisão de afetação.
Considerando que cada decisão tem fundamentos diferentes, é fundamental que a análise
recaia sobre todos os argumentos da tese jurídica discutida, sejam eles favoráveis ou contrários,
visto que o precedente deverá ser aplicado a diversos casos.
Ademais, destacamos que essa discussão é fundamental pois, a partir dela, as partes poderão
identificar a ausência de identidade das questões jurídicas e impossibilidade de afetação pelo
incidente
Para melhor entendimento, novamente destacamos que esses recursos não foram julgados através
do incidente, o que foi julgado foi a tese jurídica que influenciará eventual decisão sobre os mesmos.
Recurso prejudicado é aquele que está de acordo com a tese adotada pelo TST, pois há a perca do
interesse no recurso (O pleito foi que fosse adotado o entendimento contido no recurso e assim já
ocorreu através da decisão do incidente).
À primeira vista parece confuso, mas através da leitura do artigo seguinte ocorre uma elucidação.
Para concretização de tal possibilidade, é necessária que seja demonstrada a distinção entre
o caso in concretu e a tese jurídica discutida no incidente, na forma do art. 294 do RITST.
§ 1º Na hipótese de que trata o caput, o recurso de revista será submetido a novo exame
de sua admissibilidade pelo Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal Regional,
retomando o processo o seu curso normal.
6. Agravo de Petição
O agravo de petição é o recurso próprio para impugnar decisões proferidas no curso do
processo (ou da fase) de EXECUÇÃO. Não cabe, pois, agravo de petição na fase (ou processo)
de conhecimento. Encontra-se previsto no art. 897 da CLT.
Seu cabimento é disciplinado através do parágrafo primeiro do mesmo artigo, que traz
expressamente a necessidade de delimitação da matéria
No que tange ao preparo do Agravo de Petição, o depósito recursal não é necessário, visto
que a lei nº 8.177/91 (Art.40) deixa claro que o depósito recursal é devido apenas no caso de
recurso ordinário, de revista ou de embargos, não mencionando o agravo de petição.
Ainda sobre o depósito, fazemos uma observação para destacar o que diz o item II da
súmula 128 do TST.
Súmula 128 do TST, Item II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para
recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém,
elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da
SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
Sobre as custas, destaca Carlos Henrique Bezerra Leite que, com o advento da Lei nº
10.357/2002, que criou o art. 789-A da CLT, no processo de execução, as custas, sempre de
responsabilidade do executado, serão pagas ao final, isto é, depois de extinto o processo. Logo, não
há exigibilidade das custas como pressuposto objetivo para interposição do agravo de petição.
7. Agravo de Instrumento
Diferentemente do processo civil, no processo do trabalho o Agravo de Instrumento trata-
se de recurso cabível, no prazo de 08 (oito) dias, somente contra decisões que denegarem a
interposição de recursos.
Não cabe agravo de instrumento das decisões que denegarem seguimento ao recurso de
embargos no TST, pois, nesse caso, o recurso adequado é o agravo regimental.
8. Agravo Regimental
Seguindo a doutrina de Carlos Henrique Bezerra Leite: “em linhas gerais, o agravo regimental,
à semelhança do agravo de instrumento, é o recurso cabível contra as decisões que denegam
seguimento a recursos”. Decisões essas, entretanto, que sejam agraváveis regimentalmente.
Além disso, o agravo regimental também é utilizado para impugnar decisões proferidos por
órgãos judiciais de tribunais dos quais não haja um meio impugnativo específico legalmente
previsto.
9. Agravo Interno
Trata-se de um recurso que tem por objeto impugnar decisões monocráticas proferidas em
sede de recurso pelos relatores nos tribunais.
É previsto no art. 1021 do CPC e nos art. 894, §4º e 896, §12º da CLT. A lei nº 8.038
também o prevê em seu artigo 39.
O TST previu expressamente o agravo de instrumento em seu regimento interno (Art. 265).
Art. 265. Cabe agravo interno contra decisão dos Presidentes do Tribunal e das Turmas,
do Vice-Presidente, do Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho ou de relator, nos termos
da legislação processual, no prazo de 8 (oito) dias úteis, pela parte que se considerar
prejudicada.