0% acharam este documento útil (0 voto)
22 visualizações12 páginas

Elites e Poder - Aulas

Enviado por

Santos Cordeiro
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
22 visualizações12 páginas

Elites e Poder - Aulas

Enviado por

Santos Cordeiro
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 12

Elites e poder

Aula 01

1. Surgimento da Teoria das Elites

 Contexto histórico: Final do século XIX e início do século XX, período de fortalecimento da
democracia e expansão da participação política das massas.
o Exemplo: Movimento operário impulsionado pela industrialização e urbanização.
 Preocupações das elites: Medo da irracionalidade das massas e a ameaça à estabilidade política,
associada ao advento de movimentos sociais e maior participação popular.
 Participação das massas: era indesejada.
 Resposta: A Teoria das Elites, com foco na necessidade de manter a ordem e estabilidade nas
sociedades, dando ênfase à organização das minorias.

2. O Darwinismo Social e a Psicologia das Multidões

 Darwinismo Social: Aplicação das leis da biologia à sociedade, sugerindo que as elites eram mais
aptas para o domínio social.

 Psicologia das Multidões (Gustave Le Bon): As massas agem irracionalmente e emocionalmente,


sem capacidade crítica, o que representa uma ameaça para a política.
Multidões seriam caracterizadas por uma unidade mental – a alma individual era dissolvida e
o individuo perderia sua capacidade de pensar criticamente.
Apoiado no anonimato das massas o indivíduo daria vazão aos seus instintos, sem medo que
pudesse ser responsabilizado e seria capaz de sacrificar seus interesses em prol do interesse
das massas.
As decisões tomadas pela maioria não seriam necessariamente as melhores.
Quem deseja se colocar o controle da política no controle das massas, de acordo com Le Bon,
seriam pioradores de mundo.
Le Bom era adepto do que Albert Hirschman chamou de tese da perversidade, em A retorica
da intransigência: perversidade, futilidade, ameaça (1992) – argumento conservador que
buscava desqualificar as reformas dizendo que estas, ao invés de melhorar o mundo, o
tornariam pior.
Duas equações em Le Born:
a) Massificação dos homens é sinônimo de irracionalidade, a democracia se baseia no sufrágio
universal, logo é um sistema ruim.
b) O agente, separado das multidões, é racional e civilizado. O grupo composto por essas
pessoas deve governar.

 Visão dos fundadores da Teoria das Elites: As massas são vistas como emocionalmente volúveis e
as elites como necessitando controlar as massas para evitar caos e barbárie.
Bobbio (1986) – teoria das elites nasce com uma carga polemica, antidemocrática e
antissocialista e teve como resposta a criação de uma teoria das minorias governantes
embasada em uma concepção desigual da sociedade.
3. Gaetano Mosca: A Classe Política e sua Formação

 Biografia: Gaetano Mosca, pensador italiano, filósofo e político, propôs a teoria das elites a partir de
seu estudo comparativo das sociedades
Procedimentos rigorosos de observação e verificação fossem estendidos as ciências sociais.
O que marca a sociedade seria a luta pelo predomínio econômico, social e político. A luta pela
“preeminência”. Homens lutam para predominar uns sobre os outros e, portanto, as leis biológicas
seriam infrutíferas para analisar a sociedade.
Método para estudar as sociedades: método histórico
Ciência politica deve basear se na observação dos fatos e esses são oferecidos pela história.
Objetivo de Mosca – identificar cientificamente, pela via da observação rigorosa, as mais significativas
regularidades nas sociedades ao longo da história e que poderiam ser tratadas como leis cientificas.

Entre as tendências e os fatos constantes que se encontram em todos os


organismos políticos, há um cuja evidência se pode facilmente
manifestar a todos: em todas as sociedades, a começar por aquelas que
estão menos desenvolvidas e que apenas chegaram aos primórdios da
civilização, até às mais cultas e mais fortes, existem duas classes de
pessoas: a dos governantes e a dos governados. (p.50)

Ponto de partida da teoria das elites: uma lei histórica inescapável que divide homens entre governantes
e governados.
A expressão “todas as sociedades” autoriza Mosca a afirmar, que essa divisão, muito provavelmente
jamais deixara de existir.

 Distinção entre classes:


o Classe política: Menos numerosa, mais organizada, controla os recursos e exerce o poder.
Deve ser objeto central da ciência política.
Monopoliza o poder e usufrui dos frutos a ele ligados.
Exerce todas as funções políticas – controla vários recursos sociais (econômicos, religiosos,
escolares etc.)

o Massas: Mais numerosas, desorganizadas, governadas pelas elites.


Fornece o que a classe politica necessita pra se manter no poder.

Como é possível que uma minoria domine uma maioria numericamente bem superior? Mosca responde:

De fato, é fatal o predomínio de uma minoria organizada, que


obedece a um único impulso, sobre uma maioria desorganizada.
A força de qualquer minoria é irresistível perante cada indivíduo
da maioria, que se encontra só perante a totalidade da minoria
organizada; e, ao mesmo tempo, pode dizer-se que esta está
organizada precisamente porque é minoria. (p.53)

O pensamento de Mosca leva a crer que não possa haver divergência dentro de uma minoria. Porem o autor
percebe a insuficiência do argumento e encontra uma sustentação maior na tipologia das classes politicas
existentes ao longo da história

Tipos de classe política


O critério para classificar as classes politicas existentes em uma sociedade foram os tipos de recursos
socialmente valorizados que eram controlados e permitiam impor dominação.
Mosca identificou três tipos principais de classe política ao longo da história: militar, plutocrática e
sacerdotal.
De acordo com Bobbio (1992) e Meisel (1962) – Mosca ambicionava um Estado dirigido por uma
aristocracia intelectual, que controlasse os recursos de saber.
Classe política baseada no mérito seria do que qualquer outra – conduziria a sociedade de forma
neutra perante os interesses em conflito.

Mosca fornece o elemento que faltava a sua teorização sobre a minoria organizada: uma minoria é levada a
organização, a ação coesa e coordenada, porque seus membros partilham determinados interesses.
A minoria é levada a organização para garantir o monopólio sobre os recursos que lhe permitem o
domínio político sobre as massas.

A condição de minoria é requisito fundamental para um grupo se transformar em classe dirigente.


Uma comunidade de interesses (religiosos, econômicos, militares, funcionais) torna se requisito
substantivo para explicar a ação coordenada daquela minoria.

Síntese: um grupo para dominar necessita ser minoria (viabilidade técnica da ação conjunta e
organizada) e precisa também ter interesses em comum (o que gera uma motivação para agir coletivamente e
impor domínio sobre outros grupos)

4. Mudança Social: A Alternância de Minorias no Poder

Classes politicas tem tendencia a inercia – lutar pela manutenção do seu monopólio sobre o poder politico.
Acontece ate mesmo nas democracias.
Acesso fechado a classe política – restringido a determinadas famílias pelo nascimento – formando
uma aristocracia – ou pela hereditariedade.

Mudanças sociais estão sempre ligadas a mudanças nas classes de poder e estas, por sua vez geram
mudanças nas classes políticas. Todavia essa alteração não resulta em uma sociedade livre de dominações.
Queda de uma classe politica = ascensão de uma nova classe política.
.
Ascensão de novas classes: Uma nova classe política pode surgir de um estrato social diferente, trazendo
novas ideias e atributos valorizados.

A classe política justifica seu poder: dar a ele uma base moral e legal, como se esse mesmo poder fosse
consequência necessária de doutrinas e crenças geralmente reconhecidas e aceitas na sociedade comandada
por essa classe.
Introdução da legitimidade de uma forma de dominação.
Fórmula política: Cada classe dominante justifica seu poder com uma base moral e legal, validando
a dominação, como no caso da "soberania popular" na democracia, que não reflete a vontade real do
povo.
Pode basear se num argumento religioso ou em um princípio racional – em nenhum dos dois casos é uma
verdade cientifica.

5. Evitar o Despotismo: O Conceito de Proteção Jurídica

Despotismo: A tendência das sociedades para a dominação absoluta de uma única classe.
Proteção jurídica: Mecanismos sociais que regulam o comportamento moral e evitam o despotismo,
garantindo os direitos privados e a limitação do poder.
A organização politica é o principal fator que contribui para seu aperfeiçoamento, regulando
relações entre as classes politicas e destas com a massa.

Governo liberal
Albertoni (1190): A proteção jurídica é mais eficaz quando há um governo que privilegia o interesse
coletivo e os direitos dos indivíduos, com regras claras.
So funcionará de fato onde for expressão de forças sociais – que é qualquer atividade humana que
tenha influencia social e politica significativa, compreendendo todos os objetivos e interesses de relevância
social em qualquer estágio dado de desenvolvimento cultural (Burnham, 1986; Meisel, 1962)
Se organizada, uma força social se torna uma força política.
A proteção jurídica funciona em sociedade em que haja diversas forças sociais organizadas,
concorrentes entre si e agindo como garantia do domínio absoluto de uma contra as demais.

Sistema representativo censitário: Mosca defendia um sistema onde apenas parte da população, com alta
renda, teria direito de voto, o que criaria uma competição entre as minorias, evitando o despotismo.

Como se forma as classes politicas


Modos de transmissão de autoridade
a) Principio autocrático: autoridade é concebida de cima para baixo.
b) Princípio liberal: autoridade é concebida de baixo para cima.
Podem coexistir num organismo politico e seria o ideal, de acordo com Mosca, que defende o “governo
misto”.

Mosca identifica também duas tendencias de composição da classe política:


a) Tendencia democrática: classe politica é renovada pela substituição ou complementação de seus
membros por elementos que estavam na classe dirigida.
b) Tendencia aristocrática: classe politica transfere poder aos descendentes.

Mosca, valendo se de um método histórico comparativo, identificou uma lei social geral, segundo a
qual toda sociedade humana – inclusive as mais democráticas – é governada, sendo essa minoria
responsável pela condução da história.
Com base nessas premissas, elegeu seu objeto de estudo: a classe política.
Esta por sua vez, deve ser estudada em três perspectivas:
1. Os seus recursos (militar, econômico, sacerdotal)
2. Constituição de autoridade (autocrático ou liberal)
3. Tendencia de formação (aristocracia ou democrática)
Essas duas ultimas conjugadas, fornecem a tipologia mosqueana de formas de governo
1. Governos autocrático – aristocráticos
2. Governos liberal – aristocrático
3. Governo autocrático democrático
4. Governo liberal – democrático
Aula 02

TEMA 1: PARETO E O MÉTODO CIENTÍFICO ADEQUADO AO ESTUDO DOS


FENÔMENOS POLÍTICOS

 Método científico: Pareto defende um método lógico-experimental, que se baseia em observações


do mundo real e evita o método dedutivo, que pressupõe verdades inquestionáveis.
 Uniformidades experimentais: Regularidades observáveis nas ações humanas, que a ciência pode
analisar e estabelecer relações, mas sem definir os objetivos que a ação humana deve perseguir.
 Verdade vs Utilidade: A verdade científica pode não ser socialmente útil, enquanto crenças e
valores, mesmo cientificamente falsos, podem ser úteis para a coesão social.

TEMA 2: EQUILÍBRIO SOCIAL E CIRCULAÇÃO DE ELITES NA SOCIOLOGIA


PARETIANA

 Equilíbrio social: Pareto busca entender como as sociedades mantêm seu equilíbrio e se reproduzem
ao longo do tempo, sendo o foco a interação entre as elites e as massas.
 Ações lógicas vs. não lógicas: Ações humanas podem parecer lógicas para os indivíduos, mas não se
verificam na realidade objetiva. Pareto dá o exemplo dos sacrifícios dos marinheiros gregos a
Posseidon.
 Circulação de elites: Para manter o equilíbrio social, é necessária a renovação das elites com
indivíduos das camadas inferiores, que possuem os "resíduos" necessários para o poder.
 Degeneração da elite: Quando pessoas sem as qualidades necessárias (como as de uma elite
tradicional) chegam ao poder, pode ocorrer degeneração da elite, o que dá espaço para a circulação
das elites e a ascensão de novas classes.

TEMA 3: ROBERT MICHELS, ORGANIZAÇÃO, OLIGARQUIA E DEMOCRACIA

 Oligarquia e organização: Michels analisou como a organização interna de partidos políticos cria
uma minoria dominante, o que ele chamou de "oligarquia".
 Psicologia das massas: As massas tendem a desejar ser comandadas, o que facilita a formação de
uma oligarquia.
 Lei de bronze da oligarquia: A organização, ao se especializar, inevitavelmente centraliza o poder
em uma minoria. Mesmo nos partidos operários, onde a participação deveria ser democrática, a
especialização das tarefas leva à oligarquia.

TEMA 4: DETERMINAÇÕES TÉCNICAS E INTELECTUAIS DO PROCESSO DE


FORMAÇÃO DAS OLIGARQUIAS

 Democracia e organização: Michels argumenta que a democracia direta é impossível devido à


necessidade de organização. A organização gera uma elite técnica que toma as decisões.
 A lei de bronze: A especialização das tarefas organizacionais leva à centralização do poder e à
formação inevitável de uma oligarquia, onde a minoria detém o controle sobre as massas.
 Profissionalização: Os líderes das organizações, devido ao seu conhecimento especializado, tornam-
se indispensáveis, distanciando-se cada vez mais das massas.

TEMA 5: MICHELS, OLIGARQUIA E A DEMOCRACIA POSSÍVEL

 Michels defende que a oligarquia é inevitável em qualquer tipo de organização, mas sugere que,
mesmo em uma democracia, é possível ter formas de participação popular. O foco está na
centralização do poder e na necessidade de representação e decisão rápidas.

Aula 03
TEMA 1: A Elite do Poder e a Crítica à Democracia Norte-Americana

 Objetivo de Mills: Criticar a ideia de que os EUA representam um ideal democrático, especialmente
em um contexto da Guerra Fria.
 Ponto de vista de Mills: Diferente dos teóricos anteriores da Teoria das Elites, Mills não vê a
participação das massas como algo negativo e defende mais democracia para corrigir a situação.
 Crítica à sociedade americana: Ele acredita que a massificação e a alienação social não são
naturais, mas sim resultados de transformações estruturais na sociedade americana.

TEMA 2: A Elite do Poder de Wright Mills: Definição Posicional e Institucional

 Elite como minoria controladora: Mills segue a ideia de que a sociedade é controlada por uma
minoria, mas a define com base nas posições de mando nas principais instituições.
 Elementos determinantes: A elite do poder não é uma “lei sociológica” universal, mas depende da
estrutura social e das condições históricas.
 Definições chave:
1. Posicional: A elite é definida pelas posições de mando que ocupam.
2. Institucional: Essas posições são importantes porque estão nas instituições fundamentais do
Estado, forças armadas e grandes corporações.
 Processo de análise:
1. Identificação das ordens institucionais mais importantes.
2. Descrição da inter-relação entre essas ordens.
3. Delimitação do grupo elitista e da coesão interna baseada em valores e interesses comuns.

TEMA 3: Análise da Elite, Sua Formação e Suas Relações Internas

 Formação da elite: A elite é formada por laços familiares, educacionais e de amizade, especialmente
em instituições como escolas particulares e universidades de prestígio (como a Ivy League).
 Educação: O sistema educacional é essencial para consolidar a unidade e os valores da elite,
garantindo a reprodução das classes dominantes.
 A alta hierarquia nas ordens institucionais:
o Ordem Econômica: A concentração de riqueza e o controle corporativo são características
chave. Executivos e ricos associados se tornam poderosos ao controlar grandes empresas e
recursos.
o Ordem Militar: A ascensão do poder militar nos EUA é explicada pela centralização do
controle militar e pela colaboração com a indústria e o governo, aumentando sua influência
política.
o Ordem Política: A elite política dos EUA é formada por um grupo de políticos que ocupam
cargos-chave no governo e têm estreitas conexões com as elites econômicas e militares.

Wright Mills em tópicos:

1. Fatores Psicológicos e Manipulação

 Massa influenciada por fatores psicológicos: incapacidade de pensamento crítico e ação impulsiva.
 Alta capacidade de manipulação pelos meios de comunicação, estimulando ações irracionais.

2. Construção Social da Irracionalidade

 Os traços psicológicos não são inatos, mas construídos socialmente.


 Processo histórico de expropriação do direito de formular opiniões e centralização de poder.

3. Reversão da Situação

 A falta de participação das massas não é uma lei sociológica, mas uma situação social.
 A reversão da situação envolve o retorno da participação ativa e autônoma da população na política.

4. Centralização dos Meios de Comunicação

 Meios de comunicação de massa concentrados para manter o poder das elites.


 Falta de visão crítica do poder pela massa, impedindo resistência e ascensão de novas lideranças.

5. Caminho para o Autoritarismo

 A concentração de poder nas mãos de uma elite leva ao autoritarismo.


 Elite coesa define o destino de milhões sem controle das massas.

6. Crítica à Democracia Americana

 A democracia americana não é real, mas um mito.


 O verdadeiro poder está nas mãos de poucas elites, sem verdadeira participação popular.

AULA 04

TEMA 1 – DA CRÍTICA PLURALISTA AO ELITISMO: PODER E DEMOCRACIA NA


SOCIEDADE AMERICANA

 Teoria pluralista: Contrapõe-se ao modelo de Wright Mills sobre democracia e poder.


 Origens históricas: Pensadores como James Madison, Tocqueville e Arthur Bentley influenciaram a
teoria pluralista, destacando a importância de grupos sociais autônomos e a limitação do governo.
 David Truman: "The Governmental Process" (1951) — grupos de pressão como unidade básica de
análise política. O governo não promove o bem comum, mas é uma arena onde grupos tentam
influenciar decisões.
 Robert Dahl: Crítico do elitismo de Mills, analisou a teoria democrática em obras como "Who
Governs?" (1961) e "Poliarquia" (1971).
TEMA 2 – PLURALISMO: COMPETIÇÃO ENTRE ELITES AUTÔNOMAS

 Pluralismo ou elitismo democrático: Aceita que minorias dominam a política, mas com um
entendimento alternativo de democracia.
 Três explicações principais:
1. A ameaça à democracia vem das massas, não das elites. A participação popular deve se
restringir ao voto.
2. Diversidade de grupos competindo pelo poder impede o despotismo (como na economia,
onde a competição evita monopólios).
3. O pilar da democracia é a autonomia das elites, capazes de se organizar livremente, sem
interferência do Estado.
 Resumo das ideias do pluralismo:

o Política controlada por minorias, mas com uma democracia de eleições livres e competitivas.
o Elites competem entre si por apoio popular, sem interferência do Estado.
o Democracia não é exercício direto do poder pelo povo, mas uma competição entre grupos.

TEMA 3 – A METODOLOGIA PLURALISTA PARA ANÁLISE DO PODER


POLÍTICO: UMA CRÍTICA AO ELITISMO MONISTA

 Crítica de Robert Dahl a Mills: Mills não provou a existência de uma elite coesa que monopoliza o
poder político.
 Método de Dahl: Propõe um modelo decisional para testar se uma elite exerce realmente poder:
1. Identificação de objetivos do grupo dominante.
2. Análise de conflitos de interesse em decisões políticas fundamentais.
3. Verificação de que, nos casos escolhidos, as preferências da elite prevalecem.
 Dahl vs. Mills: A simples posse de recursos não garante o poder; é preciso analisar processos
decisórios concretos.

TEMA 4 – “WHO GOVERNS?”: UM EXEMPLO CLÁSSICO DE ANÁLISE


PLURALISTA DA POLÍTICA

 Pergunta central: Quem governa em um sistema político desigual, onde recursos são desigualmente
distribuídos?
 Análise de Dahl sobre New Haven: Investiga se a desigualdade de recursos leva à oligarquia ou ao
pluralismo.
o Desigualdade cumulativa: Quando um grupo detém todos os recursos, formando uma
oligarquia.
o Desigualdade dispersa: Quando diversos grupos influenciam a política, formando um
sistema pluralista.
 Transição em New Haven: A cidade passou de um modelo oligárquico (domínio de elites ricas e
aristocráticas) para um pluralista (competição de várias elites, incluindo empresários e plebeus).
AULA 05

TEMA 1 – A CRÍTICA NEOELITISTA AOS PLURALISTAS (MÉTODO)

 Pluralismo:
o
1. Descrição da realidade: Sistema político em que decisões são feitas por múltiplos
grupos organizados, não por uma elite.
o

2. Proposta política: Competição entre minorias dirigentes.


 Críticas de Bachrach e Baratz ao pluralismo:
o Crítica à abordagem de Dahl:

 Dahl analisa poder observando decisões, mas ignora a tomada de não decisões, onde
grupos limitam a agenda política.
 O poder também se manifesta quando grupos impedem que certos assuntos sejam
discutidos.
 A importância da “não decisão”:
o Grupos podem reduzir o debate a temas que os beneficiem, excluindo questões adversas da
agenda política.
 Papel dos pluralistas:
o Só consideram importante o poder visível (decisões concretas).
o Não percebem o poder de limitar a agenda, o que também é uma forma de controle.
 A questão do viés:
o Bachrach e Baratz criticam Dahl por não observar como o sistema político favorece certos
interesses e exclui outros.
o Importante primeiro analisar o viés político predominante antes de observar decisões
concretas.
 Sistema político desigual:
o Para Bachrach e Baratz, o pluralismo ignora a exclusão de grupos com menos poder na
política.

TEMA 2 – A CRÍTICA NEOELITISTA AOS PLURALISTAS (ASPECTO NORMATIVO)


 Visão de Bachrach sobre a democracia:
o Elites e massas: Critica a visão negativa dos pluralistas sobre as massas. A participação das
massas fortalece a democracia, ao contrário do que defendem os pluralistas.
 Crítica ao elitismo democrático:
o A estabilidade defendida pelos pluralistas pode ser prejudicial, pois favorece uma minoria
organizada para influenciar decisões políticas.
 Elites políticas e não-estatais:
o Elites não se restringem a quem ocupa o governo, mas incluem grandes corporações,
sindicatos e meios de comunicação.
o O controle das elites deve ser submetido à população, indo além das estruturas
governamentais.
 Difusão do poder:
o Bachrach critica a difusão de poder, apontando que a democracia deve se organizar não
apenas no governo, mas também em outras esferas que influenciam as decisões coletivas (ex:
corporações, trabalho, escolas).

TEMA 3 – MARXISMO: A INTEGRAÇÃO ENTRE O CONCEITO DE “CLASSE DOMINANTE”


E O CONCEITO DE “ELITE”

 Conceito de Classe Dominante (Marx):


o Conecta poder econômico e político. Quem detém poder econômico tem poder político.
 Tom Bottomore:
o Defende a superioridade do conceito de classe dominante em relação ao de elite política.
o Críticas à teoria das elites:
1. Falta de conexão entre dominação econômica e política.
2. Visão circular do poder (quem tem poder é quem exerce poder).
3. Elite política não é sinônimo de quem efetivamente exerce poder.
4. A teoria das elites não explica a coesão entre as elites.
 Diferenças entre classe dominante e elite:

1. Majorias podem ser organizadas no marxismo, enquanto as elites são desorganizadas.


2. No marxismo, o conflito de classes é motor da história; nas elites, a relação é passiva.
3. No marxismo, a classe dominante é coesa, enquanto a teoria das elites não explica essa
coesão.
 Uso combinado de ambos os conceitos:

o Pode-se usar ambos conceitos para descrever diferentes sistemas políticos ou aspectos do
mesmo sistema.
 Ralph Miliband:
o Influenciado por Wright Mills, resgata o conceito de elites no marxismo.
o Crítica ao pluralismo: O poder político serve aos interesses das elites econômicas.
o Elites econômicas: São compostas por grupos que detêm a propriedade ou gestão do capital,
como executivos e gerentes.
AULA 06

TEMA 1 – OS PROJETOS COMPARATIVOS INTERNACIONAIS: O EURELITE E O


PELA

 Projeto EurElite (final dos anos 1980): Liderado por Heinrich Best (Alemanha) e Maurizio Cotta
(Itália), focado no perfil dos parlamentares europeus de 1848 a 2000, incluindo a Europa Oriental.
 Dois vetores principais:
1. Democratização: Aumento da participação eleitoral e mobilização política.
2. Profissionalização: Entrada precoce e longa permanência de parlamentares, dificultando
renovação.
 Fases da profissionalização:
1. 1848-1880: Voto censitário, aristocratas e proprietários de terras.
2. 1880-1920: Sufrágio universal, militantes partidários e representantes de interesses
organizados.
3. 1920-1960: Democracia de massa, políticos profissionais, maior diversidade de profissões e
maior número de diplomados.
 Conclusões: No final do século XX, parlamentos europeus dominados por classe média, diplomados
universitários e profissionais liberais ou servidores públicos.
 Convergência: Desde os anos 1970, as bases sociais de recrutamento dos partidos de diferentes
ideologias convergiram para as camadas médias.
 Projeto PELA (1994): Investigação das elites parlamentares latino-americanas, identificando
características como:
1. Importância da família: Papel crucial na construção de carreiras políticas.
2. Criação de partidos novos: Ao contrário da Europa, na América Latina, os partidos surgem
para impulsionar carreiras individuais.
3. Dois perfis de políticos: Carreiras políticas tradicionais versus ingressos laterais (ricos ou
celebridades).

TEMA 2 – ESTUDOS SOBRE ELITES NO BRASIL: OS PIONEIROS

 Primeira geração (anos 1970): Focada no Império e Primeira República, com destaque para José
Murilo de Carvalho (1996), que estudou a elite imperial brasileira.
o Tese de Carvalho: A homogeneidade da elite política brasileira ajudou a estabilidade
política, sendo mais coesa e com projetos comuns, ao contrário das ex-colônias espanholas.
 Estudos regionalistas (anos 1980): Focaram nas elites de estados como São Paulo, Minas Gerais e
Pernambuco, destacando a homogeneidade social, mas com variação nos padrões de carreira e
recrutamento político.
 David Fleischer (1971): Estudo do recrutamento parlamentar, destacando a importância da
experiência em cargos estaduais como preparação para o Congresso Nacional.

TEMA 3 – ESTUDOS SOBRE ELITES NO BRASIL: O DEBATE CONTEMPORÂNEO

 Anos 1980-1990: Estagnação nos estudos sobre elites no Brasil.


 Retorno a partir dos anos 1990: Novas abordagens, especialmente sobre parlamentares brasileiros.
1. Tese da correspondência entre bases sociais e ideologia partidária: Análise de como a
composição social dos partidos reflete seu posicionamento ideológico.
2. Tese da popularização da classe política: A crescente presença de políticos de classes
médias, reduzindo a "exclusividade" da política para elites.

1. A Formação das Elites no Brasil e Suas Implicações para a Política:


o Como a formação das elites políticas no Brasil ao longo da história contribuiu para a
manutenção de um sistema político que favorece certos grupos e marginaliza a população em
geral?
2. Relação Entre Elites e Crise de Representatividade:
o De que maneira as elites brasileiras estão relacionadas à crise de representatividade no
sistema político atual? Como as manifestações de 2013 ajudaram a evidenciar essa crise?
3. Elites Políticas e o Controle das Instituições Democráticas:
o Explique como as elites políticas no Brasil historicamente controlaram as principais
instituições democráticas e quais mecanismos utilizam para preservar seu poder,
especialmente durante períodos de crise política.
4. A Mobilização Popular e o Papel das Elites nas Manifestações de 2013:
o Analise o impacto das manifestações de 2013 nas elites políticas brasileiras. Qual foi a reação
das elites a essa mobilização popular e como elas influenciaram o desfecho desses
movimentos?
5. Elites e o Impeachment de 2016:
o Como as elites políticas no Brasil desempenharam um papel fundamental no impeachment de
2016? Avalie como esse evento refletiu uma tentativa de deslegitimar o sistema político e
enfraquecer as instituições democráticas.
6. A Relacionamento das Elites com a Mídia:
o Qual é o papel da mídia na manutenção e fortalecimento das elites no Brasil? De que maneira
a mídia tem sido usada para manipular a percepção pública durante eventos políticos
importantes, como as manifestações de 2013 e o impeachment de 2016?
7. A Fragmentação das Elites e Suas Consequências:
o Como a fragmentação das elites políticas pode afetar a governabilidade e a estabilidade do
sistema democrático brasileiro? Quais exemplos históricos mostram que essa fragmentação
pode ser prejudicial para o processo político?
8. O Impacto das Elites na Definição de Políticas Públicas:
o Explique como as elites políticas brasileiras influenciam a definição de políticas públicas no
Brasil, especialmente em áreas como saúde, educação e segurança. Como essa influência
contribui para a desigualdade social no país?
9. Elites e Sistema de Cargos Públicos:
o Como o sistema de cargos públicos no Brasil tem servido para manter a coesão e a
perpetuação das elites políticas? Analise o impacto dessa dinâmica nas oportunidades de
mobilidade social e política para as classes mais baixas.
10. Elites e Oportunidades de Mobilidade Social:

 De que maneira as elites políticas e econômicas no Brasil têm impactado as oportunidades de


mobilidade social? Discuta como as barreiras impostas por essas elites dificultam o acesso das
camadas populares às esferas de poder e decisão política.

Você também pode gostar