Elites e poder
Aula 01
1. Surgimento da Teoria das Elites
Contexto histórico: Final do século XIX e início do século XX, período de fortalecimento da
democracia e expansão da participação política das massas.
o Exemplo: Movimento operário impulsionado pela industrialização e urbanização.
Preocupações das elites: Medo da irracionalidade das massas e a ameaça à estabilidade política,
associada ao advento de movimentos sociais e maior participação popular.
Participação das massas: era indesejada.
Resposta: A Teoria das Elites, com foco na necessidade de manter a ordem e estabilidade nas
sociedades, dando ênfase à organização das minorias.
2. O Darwinismo Social e a Psicologia das Multidões
Darwinismo Social: Aplicação das leis da biologia à sociedade, sugerindo que as elites eram mais
aptas para o domínio social.
Psicologia das Multidões (Gustave Le Bon): As massas agem irracionalmente e emocionalmente,
sem capacidade crítica, o que representa uma ameaça para a política.
Multidões seriam caracterizadas por uma unidade mental – a alma individual era dissolvida e
o individuo perderia sua capacidade de pensar criticamente.
Apoiado no anonimato das massas o indivíduo daria vazão aos seus instintos, sem medo que
pudesse ser responsabilizado e seria capaz de sacrificar seus interesses em prol do interesse
das massas.
As decisões tomadas pela maioria não seriam necessariamente as melhores.
Quem deseja se colocar o controle da política no controle das massas, de acordo com Le Bon,
seriam pioradores de mundo.
Le Bom era adepto do que Albert Hirschman chamou de tese da perversidade, em A retorica
da intransigência: perversidade, futilidade, ameaça (1992) – argumento conservador que
buscava desqualificar as reformas dizendo que estas, ao invés de melhorar o mundo, o
tornariam pior.
Duas equações em Le Born:
a) Massificação dos homens é sinônimo de irracionalidade, a democracia se baseia no sufrágio
universal, logo é um sistema ruim.
b) O agente, separado das multidões, é racional e civilizado. O grupo composto por essas
pessoas deve governar.
Visão dos fundadores da Teoria das Elites: As massas são vistas como emocionalmente volúveis e
as elites como necessitando controlar as massas para evitar caos e barbárie.
Bobbio (1986) – teoria das elites nasce com uma carga polemica, antidemocrática e
antissocialista e teve como resposta a criação de uma teoria das minorias governantes
embasada em uma concepção desigual da sociedade.
3. Gaetano Mosca: A Classe Política e sua Formação
Biografia: Gaetano Mosca, pensador italiano, filósofo e político, propôs a teoria das elites a partir de
seu estudo comparativo das sociedades
Procedimentos rigorosos de observação e verificação fossem estendidos as ciências sociais.
O que marca a sociedade seria a luta pelo predomínio econômico, social e político. A luta pela
“preeminência”. Homens lutam para predominar uns sobre os outros e, portanto, as leis biológicas
seriam infrutíferas para analisar a sociedade.
Método para estudar as sociedades: método histórico
Ciência politica deve basear se na observação dos fatos e esses são oferecidos pela história.
Objetivo de Mosca – identificar cientificamente, pela via da observação rigorosa, as mais significativas
regularidades nas sociedades ao longo da história e que poderiam ser tratadas como leis cientificas.
Entre as tendências e os fatos constantes que se encontram em todos os
organismos políticos, há um cuja evidência se pode facilmente
manifestar a todos: em todas as sociedades, a começar por aquelas que
estão menos desenvolvidas e que apenas chegaram aos primórdios da
civilização, até às mais cultas e mais fortes, existem duas classes de
pessoas: a dos governantes e a dos governados. (p.50)
Ponto de partida da teoria das elites: uma lei histórica inescapável que divide homens entre governantes
e governados.
A expressão “todas as sociedades” autoriza Mosca a afirmar, que essa divisão, muito provavelmente
jamais deixara de existir.
Distinção entre classes:
o Classe política: Menos numerosa, mais organizada, controla os recursos e exerce o poder.
Deve ser objeto central da ciência política.
Monopoliza o poder e usufrui dos frutos a ele ligados.
Exerce todas as funções políticas – controla vários recursos sociais (econômicos, religiosos,
escolares etc.)
o Massas: Mais numerosas, desorganizadas, governadas pelas elites.
Fornece o que a classe politica necessita pra se manter no poder.
Como é possível que uma minoria domine uma maioria numericamente bem superior? Mosca responde:
De fato, é fatal o predomínio de uma minoria organizada, que
obedece a um único impulso, sobre uma maioria desorganizada.
A força de qualquer minoria é irresistível perante cada indivíduo
da maioria, que se encontra só perante a totalidade da minoria
organizada; e, ao mesmo tempo, pode dizer-se que esta está
organizada precisamente porque é minoria. (p.53)
O pensamento de Mosca leva a crer que não possa haver divergência dentro de uma minoria. Porem o autor
percebe a insuficiência do argumento e encontra uma sustentação maior na tipologia das classes politicas
existentes ao longo da história
Tipos de classe política
O critério para classificar as classes politicas existentes em uma sociedade foram os tipos de recursos
socialmente valorizados que eram controlados e permitiam impor dominação.
Mosca identificou três tipos principais de classe política ao longo da história: militar, plutocrática e
sacerdotal.
De acordo com Bobbio (1992) e Meisel (1962) – Mosca ambicionava um Estado dirigido por uma
aristocracia intelectual, que controlasse os recursos de saber.
Classe política baseada no mérito seria do que qualquer outra – conduziria a sociedade de forma
neutra perante os interesses em conflito.
Mosca fornece o elemento que faltava a sua teorização sobre a minoria organizada: uma minoria é levada a
organização, a ação coesa e coordenada, porque seus membros partilham determinados interesses.
A minoria é levada a organização para garantir o monopólio sobre os recursos que lhe permitem o
domínio político sobre as massas.
A condição de minoria é requisito fundamental para um grupo se transformar em classe dirigente.
Uma comunidade de interesses (religiosos, econômicos, militares, funcionais) torna se requisito
substantivo para explicar a ação coordenada daquela minoria.
Síntese: um grupo para dominar necessita ser minoria (viabilidade técnica da ação conjunta e
organizada) e precisa também ter interesses em comum (o que gera uma motivação para agir coletivamente e
impor domínio sobre outros grupos)
4. Mudança Social: A Alternância de Minorias no Poder
Classes politicas tem tendencia a inercia – lutar pela manutenção do seu monopólio sobre o poder politico.
Acontece ate mesmo nas democracias.
Acesso fechado a classe política – restringido a determinadas famílias pelo nascimento – formando
uma aristocracia – ou pela hereditariedade.
Mudanças sociais estão sempre ligadas a mudanças nas classes de poder e estas, por sua vez geram
mudanças nas classes políticas. Todavia essa alteração não resulta em uma sociedade livre de dominações.
Queda de uma classe politica = ascensão de uma nova classe política.
.
Ascensão de novas classes: Uma nova classe política pode surgir de um estrato social diferente, trazendo
novas ideias e atributos valorizados.
A classe política justifica seu poder: dar a ele uma base moral e legal, como se esse mesmo poder fosse
consequência necessária de doutrinas e crenças geralmente reconhecidas e aceitas na sociedade comandada
por essa classe.
Introdução da legitimidade de uma forma de dominação.
Fórmula política: Cada classe dominante justifica seu poder com uma base moral e legal, validando
a dominação, como no caso da "soberania popular" na democracia, que não reflete a vontade real do
povo.
Pode basear se num argumento religioso ou em um princípio racional – em nenhum dos dois casos é uma
verdade cientifica.
5. Evitar o Despotismo: O Conceito de Proteção Jurídica
Despotismo: A tendência das sociedades para a dominação absoluta de uma única classe.
Proteção jurídica: Mecanismos sociais que regulam o comportamento moral e evitam o despotismo,
garantindo os direitos privados e a limitação do poder.
A organização politica é o principal fator que contribui para seu aperfeiçoamento, regulando
relações entre as classes politicas e destas com a massa.
Governo liberal
Albertoni (1190): A proteção jurídica é mais eficaz quando há um governo que privilegia o interesse
coletivo e os direitos dos indivíduos, com regras claras.
So funcionará de fato onde for expressão de forças sociais – que é qualquer atividade humana que
tenha influencia social e politica significativa, compreendendo todos os objetivos e interesses de relevância
social em qualquer estágio dado de desenvolvimento cultural (Burnham, 1986; Meisel, 1962)
Se organizada, uma força social se torna uma força política.
A proteção jurídica funciona em sociedade em que haja diversas forças sociais organizadas,
concorrentes entre si e agindo como garantia do domínio absoluto de uma contra as demais.
Sistema representativo censitário: Mosca defendia um sistema onde apenas parte da população, com alta
renda, teria direito de voto, o que criaria uma competição entre as minorias, evitando o despotismo.
Como se forma as classes politicas
Modos de transmissão de autoridade
a) Principio autocrático: autoridade é concebida de cima para baixo.
b) Princípio liberal: autoridade é concebida de baixo para cima.
Podem coexistir num organismo politico e seria o ideal, de acordo com Mosca, que defende o “governo
misto”.
Mosca identifica também duas tendencias de composição da classe política:
a) Tendencia democrática: classe politica é renovada pela substituição ou complementação de seus
membros por elementos que estavam na classe dirigida.
b) Tendencia aristocrática: classe politica transfere poder aos descendentes.
Mosca, valendo se de um método histórico comparativo, identificou uma lei social geral, segundo a
qual toda sociedade humana – inclusive as mais democráticas – é governada, sendo essa minoria
responsável pela condução da história.
Com base nessas premissas, elegeu seu objeto de estudo: a classe política.
Esta por sua vez, deve ser estudada em três perspectivas:
1. Os seus recursos (militar, econômico, sacerdotal)
2. Constituição de autoridade (autocrático ou liberal)
3. Tendencia de formação (aristocracia ou democrática)
Essas duas ultimas conjugadas, fornecem a tipologia mosqueana de formas de governo
1. Governos autocrático – aristocráticos
2. Governos liberal – aristocrático
3. Governo autocrático democrático
4. Governo liberal – democrático
Aula 02
TEMA 1: PARETO E O MÉTODO CIENTÍFICO ADEQUADO AO ESTUDO DOS
FENÔMENOS POLÍTICOS
Método científico: Pareto defende um método lógico-experimental, que se baseia em observações
do mundo real e evita o método dedutivo, que pressupõe verdades inquestionáveis.
Uniformidades experimentais: Regularidades observáveis nas ações humanas, que a ciência pode
analisar e estabelecer relações, mas sem definir os objetivos que a ação humana deve perseguir.
Verdade vs Utilidade: A verdade científica pode não ser socialmente útil, enquanto crenças e
valores, mesmo cientificamente falsos, podem ser úteis para a coesão social.
TEMA 2: EQUILÍBRIO SOCIAL E CIRCULAÇÃO DE ELITES NA SOCIOLOGIA
PARETIANA
Equilíbrio social: Pareto busca entender como as sociedades mantêm seu equilíbrio e se reproduzem
ao longo do tempo, sendo o foco a interação entre as elites e as massas.
Ações lógicas vs. não lógicas: Ações humanas podem parecer lógicas para os indivíduos, mas não se
verificam na realidade objetiva. Pareto dá o exemplo dos sacrifícios dos marinheiros gregos a
Posseidon.
Circulação de elites: Para manter o equilíbrio social, é necessária a renovação das elites com
indivíduos das camadas inferiores, que possuem os "resíduos" necessários para o poder.
Degeneração da elite: Quando pessoas sem as qualidades necessárias (como as de uma elite
tradicional) chegam ao poder, pode ocorrer degeneração da elite, o que dá espaço para a circulação
das elites e a ascensão de novas classes.
TEMA 3: ROBERT MICHELS, ORGANIZAÇÃO, OLIGARQUIA E DEMOCRACIA
Oligarquia e organização: Michels analisou como a organização interna de partidos políticos cria
uma minoria dominante, o que ele chamou de "oligarquia".
Psicologia das massas: As massas tendem a desejar ser comandadas, o que facilita a formação de
uma oligarquia.
Lei de bronze da oligarquia: A organização, ao se especializar, inevitavelmente centraliza o poder
em uma minoria. Mesmo nos partidos operários, onde a participação deveria ser democrática, a
especialização das tarefas leva à oligarquia.
TEMA 4: DETERMINAÇÕES TÉCNICAS E INTELECTUAIS DO PROCESSO DE
FORMAÇÃO DAS OLIGARQUIAS
Democracia e organização: Michels argumenta que a democracia direta é impossível devido à
necessidade de organização. A organização gera uma elite técnica que toma as decisões.
A lei de bronze: A especialização das tarefas organizacionais leva à centralização do poder e à
formação inevitável de uma oligarquia, onde a minoria detém o controle sobre as massas.
Profissionalização: Os líderes das organizações, devido ao seu conhecimento especializado, tornam-
se indispensáveis, distanciando-se cada vez mais das massas.
TEMA 5: MICHELS, OLIGARQUIA E A DEMOCRACIA POSSÍVEL
Michels defende que a oligarquia é inevitável em qualquer tipo de organização, mas sugere que,
mesmo em uma democracia, é possível ter formas de participação popular. O foco está na
centralização do poder e na necessidade de representação e decisão rápidas.
Aula 03
TEMA 1: A Elite do Poder e a Crítica à Democracia Norte-Americana
Objetivo de Mills: Criticar a ideia de que os EUA representam um ideal democrático, especialmente
em um contexto da Guerra Fria.
Ponto de vista de Mills: Diferente dos teóricos anteriores da Teoria das Elites, Mills não vê a
participação das massas como algo negativo e defende mais democracia para corrigir a situação.
Crítica à sociedade americana: Ele acredita que a massificação e a alienação social não são
naturais, mas sim resultados de transformações estruturais na sociedade americana.
TEMA 2: A Elite do Poder de Wright Mills: Definição Posicional e Institucional
Elite como minoria controladora: Mills segue a ideia de que a sociedade é controlada por uma
minoria, mas a define com base nas posições de mando nas principais instituições.
Elementos determinantes: A elite do poder não é uma “lei sociológica” universal, mas depende da
estrutura social e das condições históricas.
Definições chave:
1. Posicional: A elite é definida pelas posições de mando que ocupam.
2. Institucional: Essas posições são importantes porque estão nas instituições fundamentais do
Estado, forças armadas e grandes corporações.
Processo de análise:
1. Identificação das ordens institucionais mais importantes.
2. Descrição da inter-relação entre essas ordens.
3. Delimitação do grupo elitista e da coesão interna baseada em valores e interesses comuns.
TEMA 3: Análise da Elite, Sua Formação e Suas Relações Internas
Formação da elite: A elite é formada por laços familiares, educacionais e de amizade, especialmente
em instituições como escolas particulares e universidades de prestígio (como a Ivy League).
Educação: O sistema educacional é essencial para consolidar a unidade e os valores da elite,
garantindo a reprodução das classes dominantes.
A alta hierarquia nas ordens institucionais:
o Ordem Econômica: A concentração de riqueza e o controle corporativo são características
chave. Executivos e ricos associados se tornam poderosos ao controlar grandes empresas e
recursos.
o Ordem Militar: A ascensão do poder militar nos EUA é explicada pela centralização do
controle militar e pela colaboração com a indústria e o governo, aumentando sua influência
política.
o Ordem Política: A elite política dos EUA é formada por um grupo de políticos que ocupam
cargos-chave no governo e têm estreitas conexões com as elites econômicas e militares.
Wright Mills em tópicos:
1. Fatores Psicológicos e Manipulação
Massa influenciada por fatores psicológicos: incapacidade de pensamento crítico e ação impulsiva.
Alta capacidade de manipulação pelos meios de comunicação, estimulando ações irracionais.
2. Construção Social da Irracionalidade
Os traços psicológicos não são inatos, mas construídos socialmente.
Processo histórico de expropriação do direito de formular opiniões e centralização de poder.
3. Reversão da Situação
A falta de participação das massas não é uma lei sociológica, mas uma situação social.
A reversão da situação envolve o retorno da participação ativa e autônoma da população na política.
4. Centralização dos Meios de Comunicação
Meios de comunicação de massa concentrados para manter o poder das elites.
Falta de visão crítica do poder pela massa, impedindo resistência e ascensão de novas lideranças.
5. Caminho para o Autoritarismo
A concentração de poder nas mãos de uma elite leva ao autoritarismo.
Elite coesa define o destino de milhões sem controle das massas.
6. Crítica à Democracia Americana
A democracia americana não é real, mas um mito.
O verdadeiro poder está nas mãos de poucas elites, sem verdadeira participação popular.
AULA 04
TEMA 1 – DA CRÍTICA PLURALISTA AO ELITISMO: PODER E DEMOCRACIA NA
SOCIEDADE AMERICANA
Teoria pluralista: Contrapõe-se ao modelo de Wright Mills sobre democracia e poder.
Origens históricas: Pensadores como James Madison, Tocqueville e Arthur Bentley influenciaram a
teoria pluralista, destacando a importância de grupos sociais autônomos e a limitação do governo.
David Truman: "The Governmental Process" (1951) — grupos de pressão como unidade básica de
análise política. O governo não promove o bem comum, mas é uma arena onde grupos tentam
influenciar decisões.
Robert Dahl: Crítico do elitismo de Mills, analisou a teoria democrática em obras como "Who
Governs?" (1961) e "Poliarquia" (1971).
TEMA 2 – PLURALISMO: COMPETIÇÃO ENTRE ELITES AUTÔNOMAS
Pluralismo ou elitismo democrático: Aceita que minorias dominam a política, mas com um
entendimento alternativo de democracia.
Três explicações principais:
1. A ameaça à democracia vem das massas, não das elites. A participação popular deve se
restringir ao voto.
2. Diversidade de grupos competindo pelo poder impede o despotismo (como na economia,
onde a competição evita monopólios).
3. O pilar da democracia é a autonomia das elites, capazes de se organizar livremente, sem
interferência do Estado.
Resumo das ideias do pluralismo:
o Política controlada por minorias, mas com uma democracia de eleições livres e competitivas.
o Elites competem entre si por apoio popular, sem interferência do Estado.
o Democracia não é exercício direto do poder pelo povo, mas uma competição entre grupos.
TEMA 3 – A METODOLOGIA PLURALISTA PARA ANÁLISE DO PODER
POLÍTICO: UMA CRÍTICA AO ELITISMO MONISTA
Crítica de Robert Dahl a Mills: Mills não provou a existência de uma elite coesa que monopoliza o
poder político.
Método de Dahl: Propõe um modelo decisional para testar se uma elite exerce realmente poder:
1. Identificação de objetivos do grupo dominante.
2. Análise de conflitos de interesse em decisões políticas fundamentais.
3. Verificação de que, nos casos escolhidos, as preferências da elite prevalecem.
Dahl vs. Mills: A simples posse de recursos não garante o poder; é preciso analisar processos
decisórios concretos.
TEMA 4 – “WHO GOVERNS?”: UM EXEMPLO CLÁSSICO DE ANÁLISE
PLURALISTA DA POLÍTICA
Pergunta central: Quem governa em um sistema político desigual, onde recursos são desigualmente
distribuídos?
Análise de Dahl sobre New Haven: Investiga se a desigualdade de recursos leva à oligarquia ou ao
pluralismo.
o Desigualdade cumulativa: Quando um grupo detém todos os recursos, formando uma
oligarquia.
o Desigualdade dispersa: Quando diversos grupos influenciam a política, formando um
sistema pluralista.
Transição em New Haven: A cidade passou de um modelo oligárquico (domínio de elites ricas e
aristocráticas) para um pluralista (competição de várias elites, incluindo empresários e plebeus).
AULA 05
TEMA 1 – A CRÍTICA NEOELITISTA AOS PLURALISTAS (MÉTODO)
Pluralismo:
o
1. Descrição da realidade: Sistema político em que decisões são feitas por múltiplos
grupos organizados, não por uma elite.
o
2. Proposta política: Competição entre minorias dirigentes.
Críticas de Bachrach e Baratz ao pluralismo:
o Crítica à abordagem de Dahl:
Dahl analisa poder observando decisões, mas ignora a tomada de não decisões, onde
grupos limitam a agenda política.
O poder também se manifesta quando grupos impedem que certos assuntos sejam
discutidos.
A importância da “não decisão”:
o Grupos podem reduzir o debate a temas que os beneficiem, excluindo questões adversas da
agenda política.
Papel dos pluralistas:
o Só consideram importante o poder visível (decisões concretas).
o Não percebem o poder de limitar a agenda, o que também é uma forma de controle.
A questão do viés:
o Bachrach e Baratz criticam Dahl por não observar como o sistema político favorece certos
interesses e exclui outros.
o Importante primeiro analisar o viés político predominante antes de observar decisões
concretas.
Sistema político desigual:
o Para Bachrach e Baratz, o pluralismo ignora a exclusão de grupos com menos poder na
política.
TEMA 2 – A CRÍTICA NEOELITISTA AOS PLURALISTAS (ASPECTO NORMATIVO)
Visão de Bachrach sobre a democracia:
o Elites e massas: Critica a visão negativa dos pluralistas sobre as massas. A participação das
massas fortalece a democracia, ao contrário do que defendem os pluralistas.
Crítica ao elitismo democrático:
o A estabilidade defendida pelos pluralistas pode ser prejudicial, pois favorece uma minoria
organizada para influenciar decisões políticas.
Elites políticas e não-estatais:
o Elites não se restringem a quem ocupa o governo, mas incluem grandes corporações,
sindicatos e meios de comunicação.
o O controle das elites deve ser submetido à população, indo além das estruturas
governamentais.
Difusão do poder:
o Bachrach critica a difusão de poder, apontando que a democracia deve se organizar não
apenas no governo, mas também em outras esferas que influenciam as decisões coletivas (ex:
corporações, trabalho, escolas).
TEMA 3 – MARXISMO: A INTEGRAÇÃO ENTRE O CONCEITO DE “CLASSE DOMINANTE”
E O CONCEITO DE “ELITE”
Conceito de Classe Dominante (Marx):
o Conecta poder econômico e político. Quem detém poder econômico tem poder político.
Tom Bottomore:
o Defende a superioridade do conceito de classe dominante em relação ao de elite política.
o Críticas à teoria das elites:
1. Falta de conexão entre dominação econômica e política.
2. Visão circular do poder (quem tem poder é quem exerce poder).
3. Elite política não é sinônimo de quem efetivamente exerce poder.
4. A teoria das elites não explica a coesão entre as elites.
Diferenças entre classe dominante e elite:
1. Majorias podem ser organizadas no marxismo, enquanto as elites são desorganizadas.
2. No marxismo, o conflito de classes é motor da história; nas elites, a relação é passiva.
3. No marxismo, a classe dominante é coesa, enquanto a teoria das elites não explica essa
coesão.
Uso combinado de ambos os conceitos:
o Pode-se usar ambos conceitos para descrever diferentes sistemas políticos ou aspectos do
mesmo sistema.
Ralph Miliband:
o Influenciado por Wright Mills, resgata o conceito de elites no marxismo.
o Crítica ao pluralismo: O poder político serve aos interesses das elites econômicas.
o Elites econômicas: São compostas por grupos que detêm a propriedade ou gestão do capital,
como executivos e gerentes.
AULA 06
TEMA 1 – OS PROJETOS COMPARATIVOS INTERNACIONAIS: O EURELITE E O
PELA
Projeto EurElite (final dos anos 1980): Liderado por Heinrich Best (Alemanha) e Maurizio Cotta
(Itália), focado no perfil dos parlamentares europeus de 1848 a 2000, incluindo a Europa Oriental.
Dois vetores principais:
1. Democratização: Aumento da participação eleitoral e mobilização política.
2. Profissionalização: Entrada precoce e longa permanência de parlamentares, dificultando
renovação.
Fases da profissionalização:
1. 1848-1880: Voto censitário, aristocratas e proprietários de terras.
2. 1880-1920: Sufrágio universal, militantes partidários e representantes de interesses
organizados.
3. 1920-1960: Democracia de massa, políticos profissionais, maior diversidade de profissões e
maior número de diplomados.
Conclusões: No final do século XX, parlamentos europeus dominados por classe média, diplomados
universitários e profissionais liberais ou servidores públicos.
Convergência: Desde os anos 1970, as bases sociais de recrutamento dos partidos de diferentes
ideologias convergiram para as camadas médias.
Projeto PELA (1994): Investigação das elites parlamentares latino-americanas, identificando
características como:
1. Importância da família: Papel crucial na construção de carreiras políticas.
2. Criação de partidos novos: Ao contrário da Europa, na América Latina, os partidos surgem
para impulsionar carreiras individuais.
3. Dois perfis de políticos: Carreiras políticas tradicionais versus ingressos laterais (ricos ou
celebridades).
TEMA 2 – ESTUDOS SOBRE ELITES NO BRASIL: OS PIONEIROS
Primeira geração (anos 1970): Focada no Império e Primeira República, com destaque para José
Murilo de Carvalho (1996), que estudou a elite imperial brasileira.
o Tese de Carvalho: A homogeneidade da elite política brasileira ajudou a estabilidade
política, sendo mais coesa e com projetos comuns, ao contrário das ex-colônias espanholas.
Estudos regionalistas (anos 1980): Focaram nas elites de estados como São Paulo, Minas Gerais e
Pernambuco, destacando a homogeneidade social, mas com variação nos padrões de carreira e
recrutamento político.
David Fleischer (1971): Estudo do recrutamento parlamentar, destacando a importância da
experiência em cargos estaduais como preparação para o Congresso Nacional.
TEMA 3 – ESTUDOS SOBRE ELITES NO BRASIL: O DEBATE CONTEMPORÂNEO
Anos 1980-1990: Estagnação nos estudos sobre elites no Brasil.
Retorno a partir dos anos 1990: Novas abordagens, especialmente sobre parlamentares brasileiros.
1. Tese da correspondência entre bases sociais e ideologia partidária: Análise de como a
composição social dos partidos reflete seu posicionamento ideológico.
2. Tese da popularização da classe política: A crescente presença de políticos de classes
médias, reduzindo a "exclusividade" da política para elites.
1. A Formação das Elites no Brasil e Suas Implicações para a Política:
o Como a formação das elites políticas no Brasil ao longo da história contribuiu para a
manutenção de um sistema político que favorece certos grupos e marginaliza a população em
geral?
2. Relação Entre Elites e Crise de Representatividade:
o De que maneira as elites brasileiras estão relacionadas à crise de representatividade no
sistema político atual? Como as manifestações de 2013 ajudaram a evidenciar essa crise?
3. Elites Políticas e o Controle das Instituições Democráticas:
o Explique como as elites políticas no Brasil historicamente controlaram as principais
instituições democráticas e quais mecanismos utilizam para preservar seu poder,
especialmente durante períodos de crise política.
4. A Mobilização Popular e o Papel das Elites nas Manifestações de 2013:
o Analise o impacto das manifestações de 2013 nas elites políticas brasileiras. Qual foi a reação
das elites a essa mobilização popular e como elas influenciaram o desfecho desses
movimentos?
5. Elites e o Impeachment de 2016:
o Como as elites políticas no Brasil desempenharam um papel fundamental no impeachment de
2016? Avalie como esse evento refletiu uma tentativa de deslegitimar o sistema político e
enfraquecer as instituições democráticas.
6. A Relacionamento das Elites com a Mídia:
o Qual é o papel da mídia na manutenção e fortalecimento das elites no Brasil? De que maneira
a mídia tem sido usada para manipular a percepção pública durante eventos políticos
importantes, como as manifestações de 2013 e o impeachment de 2016?
7. A Fragmentação das Elites e Suas Consequências:
o Como a fragmentação das elites políticas pode afetar a governabilidade e a estabilidade do
sistema democrático brasileiro? Quais exemplos históricos mostram que essa fragmentação
pode ser prejudicial para o processo político?
8. O Impacto das Elites na Definição de Políticas Públicas:
o Explique como as elites políticas brasileiras influenciam a definição de políticas públicas no
Brasil, especialmente em áreas como saúde, educação e segurança. Como essa influência
contribui para a desigualdade social no país?
9. Elites e Sistema de Cargos Públicos:
o Como o sistema de cargos públicos no Brasil tem servido para manter a coesão e a
perpetuação das elites políticas? Analise o impacto dessa dinâmica nas oportunidades de
mobilidade social e política para as classes mais baixas.
10. Elites e Oportunidades de Mobilidade Social:
De que maneira as elites políticas e econômicas no Brasil têm impactado as oportunidades de
mobilidade social? Discuta como as barreiras impostas por essas elites dificultam o acesso das
camadas populares às esferas de poder e decisão política.