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Demonstração por Indução Matemática

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A Pirâmide de aprendizagem de William Glasser

Unidade 1 - Elementos de Lógica e


Linguagem Matemáticas (Parte 5)

Matemática Básica

Departamento de Matemática Aplicada


Universidade Federal Fluminense

2018.1
Segundo a teoria de William Glasser:

"A boa educação é aquela em que o professor pede para que seus
alunos pensem e se dediquem a promover um diálogo para promover
a compreensão e o crescimento dos estudantes" (William Glasser)
Parte 1 Matemática Básica 1 Parte 1 Matemática Básica 2

Uma motivação
Encontre um valor aproximado para a área A, da região R, deli-
mitada pelo gráfico de f (x) = 1 + x 2 , pelo eixo x e pelas retas
x = 0 e x = 3.
y

10

Demonstração por Indução

y=1+x2

x
3

Parte 1 Matemática Básica 3 Parte 1 Matemática Básica 4


Podemos aproximar a área de R usando figuras cujas áreas
são conhecidas, como por exemplo, retângulos. y
Usando n = 2 retângulos, temos
Indiquemos por An a soma das áreas de n retângulos.
y
A ≈ A2

Usando n = 1 retângulo, temos 3


 
3 3
⇐⇒ A ≈ f (0) · + f ·
2 2 2
A ≈ A1
  
3 3
⇐⇒ A ≈ f (0) + f ·
⇐⇒ A ≈ f (0) · 3 2 2

Será que podemos melhorar essa 1

aproximação? 3
x Será que podemos melhorar
2
3

1
essa aproximação?
x
3

Parte 1 Matemática Básica 5 Parte 1 Matemática Básica 6


y

Usando n = 3 retângulos, temos


Usando n = 4 retângulos, temos

A ≈ A4
A ≈ A3

⇐⇒ A ≈ f (0) · 1 + f (1) · 1 + f (2) · 1


1

3 6 9
x
  4 4 4
3
⇐⇒ A ≈ f (0) + f (1) + f (2) · 1
1
     
3 3 3 6 3 9 3
x
A ≈ A4 ⇐⇒ A ≈ f (0) · + f · +f · +f ·
1 2 3 4 4 4 4 4 4 4
      
3 6 9 3
⇐⇒ A ≈ f (0) + f +f +f ·
4 4 4 4

Parte 1 Matemática Básica 7 Parte 1 Matemática Básica 8


y

Retângulo genérico

Usando n retângulos, te-


Usando n = 50 retângulos, temos
y=fHxL mos
A ≈ An A ≈ A50
Note que cada vértice do
retângulo que está apoi-
ado no eixo-x, tem abs-
cissa 1

fH 3nk L 3·k x
3
xk =
n 3

3·1

3

3·2

3

3 · 49

3
1 A ≈ f (0) · +f · +f · +···+f ·
para k = 0, 1, 2, · · · , n. 50 50 50 50 50 50 50
3 Hk+1L
3k
x
n n Ou seja,
      
3·1 3·2 3 · 49 3
A≈ f (0) + f +f + ··· + f
50 50 50 50

Parte 1 Matemática Básica 9 Parte 1 Matemática Básica 10

      
3·1 3 3·2 3 · 49
A≈ f (0) + f + f + ··· + f
50 50 50 50
 z }| { z }| { z }| { Um passo importante no cálculo anterior é saber por que vale
2 2 2
a igualdade
  
3·1 3·2 3 · 49  3
⇐⇒ A≈1 + 1+ + 1+ +··· + 1 +

50 50 50 50

49 · 50 · 99

2 2 2

12 + 22 + · · · + (49)2 =
6
  
3·1 3·2 3 · 49  3
⇐⇒ A ≈  1 + 1 + 1 + ··· + 1+ + + ··· +
| {z } 50 50 50 50
50
" 2 2 2 #
Ou seja, porque vale
 
3 3·1 3·2 3 · 49 3
⇐⇒ A ≈ 50 · + + + ··· +
50 50 50 50 50

i  3 3 n · (n + 1) · (2n + 1)
12 + 22 + · · · + n2 =
h
⇐⇒ A ≈ 3 + 12 + 22 + · · · + (49)2 6
50

49 · 50 · 99 27
⇐⇒ A≈3+ ·
6 125000

⇐⇒ A ≈ 11.7

Parte 1 Matemática Básica 11 Parte 1 Matemática Básica 12


Caracterização de N em R Proposição (Unicidade): Se existe um subconjunto S dos
números reais satisfazendo às condições (1), (2) e (3), então
esse conjunto é único.
Seja S ⊂ R, conjunto satisfazendo:
(1) S contém o número 1 Demonstração: De fato, se S1 e S2 são dois subconjuntos satis-
(2) Toda vez que S contém o número n, ele necessariamente fazendo as condições (1), (2) e (3), temos que S1 ∩ S2 possui a
contém o número n + 1 propriedade (1) e (2). Logo pela propriedade (3), segue que
(3) Não existe subconjunto S 0 , tal que S 0 ( S e S 0 satisfaz (1)
S1 = S1 ∩ S2 = S2
e (2).

A propriedade (3) diz que se S possui as propriedades (1), (2) e Axioma (Existência): Existe um subconjunto de R que possui
(3) e se S 0 é um suboncjunto de S que possui as propriedades as propriedades (1), (2) e (3).
(1) e (2), então S 0 = S.

Esse Único subconjunto será chamado de conjunto dos nú-


meros naturais e denotado por N

Parte 1 Matemática Básica 13 Parte 1 Matemática Básica 14

Prova por Indução Matemática: Seja P(n) uma sentença


 aberta sobre N. Suponha que
Princípio de Indução Matemática propriedade (3) : Seja S
um subconjunto do conjunto dos números naturais. Se 1 ∈ S (i) P(1) é verdadeira, e
e sempre que um número n ∈ S, o número n + 1 ∈ S, então (ii) qualquer que seja n ∈ N, sempre que P(n) é verdadeira,
S = N. segue que P(n + 1) é verdadeira.
Então, P(n) é verdadeira para todo n ∈ N.
Este princípio fornece uma das mais poderosas técnicas de de-
monstração em matemática: a demonstração por indução.
Demonstração: Seja

S = {n ∈ N : P(n) é verdadeira}
P(n) indica uma sentença que depende de uma variável natural
n, que se torna verdadeira ou falsa quando substituímos n por Para provar que P(n) é verdadeira para todo n ∈ N, basta mos-
um número natural dado qualquer. Dizemos que P(n) é uma trar que S = N. Isso pode ser feito usando o Princípio de
sentença aberta sobre os naturais. Indução Matemática. Como, por hipótese, 1 pertence a S e
n + 1 ∈ S, toda vez que n ∈ S, segue que S = N. Ou seja, P(n)
é verdadeira para todo n ∈ N.

Parte 1 Matemática Básica 15 Parte 1 Matemática Básica 16


Prova por Indução Matemática Protocolo de uma prova por indução

Uma demonstração por indução segue o seguinte esquema:

1) Diga que a demonstração é por indução. Assim, o leitor já


saberá qual será a estrutura da demonstração.

2) Especifique o predicado P(n) que se quer demonstrar que


é verdadeiro para todo n ∈ N (isto é, que é satisfeito para
todo n ∈ N).

3) Passo básico: mostre que P(1) é verdadeira.

4) Passo indutivo: mostre que se P(k ) é verdadeira, então


P(k +1) também é verdadeira.

Parte 1 Matemática Básica 17 Parte 1 Matemática Básica 18

n(n+1)
Exemplo: Mostre que ∀n ∈ N, 1 + 2 + · · · + n = 2

Demonstração: A prova será feita por indução. Considere a sentença aberta Exemplo: Mostre que ∀n ∈ N, 3 é divisor de n3 − n

P(n) : 1 + 2 + · · · + n = n(n + 1)/2. (1)

(1)(1+1) Demonstração: A prova será feita por indução. Considere a sentença


(Passo básico:) Devemos mostrar que P(1) é verdadeira. Note que P(1) : 1 = 2
é
verdadeira.
(Passo indutivo:) Suponha que P(k ) seja verdadeira, isto é, a fórmula (1) é válida para k . Deve- P(n) : 3 é divisor de n3 − n
mos mostrar que P(k + 1) também é verdadeira, isto é, a fórmula (1) é válida para k + 1. Agora,
se P(k ) é verdadeira, então (Passo básico ) Devemos mostrar que P(1) é verdadeira. Em nosso caso, isso significa mostrar
que 3 é divisor de (1)3 − 1. Mas (1)3 − 1 = 0 e 3 é divisor de 0.
k (k + 1)
1 + 2 + ··· + k = (hipótese de indução) (Passo indutivo) Suponha que P(k ) seja verdadeira. Devemos mostrar que P(k + 1) também é
2 verdadeira. Agora, se P(k ) é verdadeira, então 3 é divisor de k 3 − k . Para mostrar que P(k + 1)
é verdadeira, devemos mostrar que 3 é divisor de (k + 1)3 − (k + 1). Agora:
Para mostrar que P(k + 1) é verdadeira, devemos mostrar que 1 + 2 + · · · + k + (k + 1) =
(k +1)((k +1)+1)
. Mas,
2 (k + 1)3 − (k + 1) = k 3 + 3k 2 + 3k + 1 − (k + 1) = k 3 − k + 3k 2 + 3k

k (k + 1) k (k + 1) + 2(k + 1) (k + 1)(k + 2)
1 + 2 + · · · + k + (k + 1) = + (k + 1) = = Pela hipótese de indução, 3 é divisor de k 3 − k . Como 3 também é divisor de 3k 2 + 3k , segue-se
2 2 2 que 3 é divisor de k 3 − k + 3k 2 + 3k = (k + 1)3 − (k + 1).
(k + 1)((k + 1) + 1)
=
2

onde, em (*), usamos a hipótese de indução.


Parte 1 Matemática Básica 19 Parte 1 Matemática Básica 20
Atividade Onde está o erro?
“ Todos os cavalos têm a mesma cor”.

“Demonstração”: A prova será feita por indução. Considere a sentença

P(n) : em todo conjunto com n cavalos, todos os cavalos têm uma mesma cor.

Mostre que (Passo básico ) Se n = 1, então todo cavalo em um conjunto com um único cavalo tem uma
mesma cor. Logo, P(1) é verdadeira.
n · (n + 1) · (2n + 1)
12 + 22 + · · · + n2 = . (Passo indutivo) Suponha que P(k ) seja verdadeira, isto é, suponha que em todo conjunto com
6 k cavalos, todos os cavalos têm uma mesma cor (hipótese de indução). Devemos mostrar
que P(k + 1) é verdadeira, isto é, devemos mostrar que em todo conjunto com k + 1 cava-
los, todos os cavalos têm uma mesma cor. Considere então um conjunto com k + 1 cavalos:
{c1 , c2 , · · · , ck , ck +1 }. Pela hipótese de indução, os k primeiros cavalos têm uma mesma cor:
{c1 , c2 , · · · , ck }. Também pela hipótese de indução, os k últimos cavalos também possuem
uma mesma cor: {c, · · · , ck , ck +1 }. Logo, todos os cavalos em {c1 , c2 , · · · , ck , ck +1 } têm uma
mesma cor.

O erro está no passo indutivo: para concluir que todos os cavalos em {c1 , c2 , · · · , ck , ck +1 } têm uma mesma cor a partir do
fato de que todos os cavalos em A = {c1 , c2 , · · · , ck } e B = {c2 , · · · , ck , ck +1 } possuírem uma mesma cor, usou-se que
existe pelo menos um cavalo em comum aos dois conjuntos A e B. Mas, se k = 2, então A = {c1}, B = {c2 } e A ∩ B = ∅.

Parte 1 Matemática Básica 21 Parte 1 Matemática Básica 22

Observação:
Generalização da Prova por Indução Matemática: Seja P(n)
uma sentença aberta sobre N e seja α ∈ N. Suponha que

A enumeração usada na prova por indução pode ser diferente (i) P(α) é verdadeira, e
daquela apresentada. Ou seja, em vez de (ii) qualquer que seja n ∈ N com n ≥ α, sempre que P(n) é
verdadeira, segue que P(n + 1) é verdadeira.
P(1), P(2), P(3), · · · ,
Então, P(n) é verdadeira para todo n ≥ α.
podemos encontrar sequências da forma

P(0), P(1), P(2), · · ·


Demonstração: Tarefa!
ou
P(2), P(3), P(4) · · · , Sugestão: Defina o conjunto
ou, em geral, iniciando com P(α), onde α ∈ N. S = {m ∈ N : P(m + α − 1) é verdadeira}

Parte 1 Matemática Básica 23 Parte 1 Matemática Básica 24


Exemplo: Mostre que ∀n ∈ B = {3, 4, 5, · · · }, n2 − n − 6 ≥ 0

Demonstração: A prova será feita por indução. Considere a sentença

P(n) : n2 − n − 6 ≥ 0

(Passo básico ) Devemos mostrar que P(3) é verdadeira. Em nosso caso, isso significa mostrar
que 32 − 3 − 6 ≥ 0. Mas 32 − 3 − 6 = 0. Logo, 32 − 3 − 6 ≥ 0. Leituras suplementares
(Passo indutivo) Suponha que P(k ) seja verdadeira. Devemos mostrar que P(k + 1) também é
verdadeira. Agora, se P(k ) é verdadeira, então k 2 − k − 6 ≥ 0. Para mostrar que P(k + 1) é
verdadeira, devemos mostrar que (k + 1)2 − (k + 1) − 6 ≥ 0. Agora,

(k + 1)2 − (k + 1) − 6 = k 2 + 2k + 1 − k − 1 − 6 = k 2 − k − 6 + 2k .

Pela hipótese de indução, k 2 − k − 6 ≥ 0. Como 2k ≥ 0, para todo k ∈ B, segque que


k 2 − k − 6 + 2k = (k + 1)2 − (k + 1) − 6 ≥ 0.

Parte 1 Matemática Básica 25 Parte 1 Matemática Básica 26

Leituras suplementares . . . Leituras suplementares . . .

Parte 1 Matemática Básica 27 Parte 1 Matemática Básica 28


Leituras suplementares . . . Paul Halmos: como escrever Matemática

O principal problema em escrever textos


matemáticos é o mesmo de escrever
os textos de biologia, ou uma novela,
ou instruções para montar um piano:
o problema é comunicar a ideia. Para
fazer isso, e fazer de forma clara, você tem
que ter algo a dizer, você deve ter alguém
para ouvir, você deve organizar o que você
quer dizer, arranjar isso numa certa ordem,
Paul Halmos escrever, reescrever várias vezes, e deverá
(1916-2006)
estar disposto a pensar e trabalhar duro
em cima dos detalhes mecânicos, tais como
dicção, notação e pontuação. Tudo isso faz
parte de escrever um texto matemático. . .

Parte 1 Matemática Básica 29 Parte 1 Matemática Básica 30

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