SUPORTE VITAL DE TRAUMA
PRÉ-HOSPITALAR
PHTLS
Internato de emergência - Vinícius Mattar
Professor: Dr. Rafael Garcia
Introdução?
PHTLS (Suporte Pré-Hospitalar ao Trauma):
Base em anatomia, fisiologia e fisiopatologia
do trauma
Aborda avaliação e cuidado ao paciente
traumatizado
Abordagem XABCDE:
Evolução do tradicional ABCDE (Via Aérea,
Respiração, Circulação, Neurológico,
Exposição/Ambiente)
"X" representa a prioridade de controle de
hemorragias graves antes das vias aéreas
Visa reconhecer e tratar ameaças imediatas
Epidemiologia
Principais causas de morte rápida em
traumas:
1. Perda aguda de sangue maciço: 36%
2. Lesão grave em órgãos vitais
(cérebro): 30%
3. Obstrução das vias aéreas e falha
ventilatória: 25%
Distribuição Trimodal de Mortes por Trauma
1º Momento: Primeiros segundos até 1 hora após o
trauma
Mortes imediatas ou segundos após o incidente
Causas comuns: Lesões cardíacas, aórticas, SNC
grave, insuficiência respiratória
Prevenção: Cinto de segurança, lei seca, airbags
2º Momento: Primeiras 24 horas após o trauma
Combate: Boa prestação de serviços de emergência
— PHTLS e ATLS
3º Momento: Dias ou semanas após o trauma
Causas comuns: Complicações como infecções e
TEP (tromboembolismo pulmonar)
“Período Dourado”
Conceito:
Desenvolvido pelo MIEMSS (um dos primeiros centros de trauma
dos EUA)
Importância:
Tratamento rápido aumenta a taxa de sobrevivência em traumas
graves
Atenção imediata à hemorragia e preservação da energia
corporal
Flexibilidade:
Não é uma hora fixa; o tempo ideal varia conforme o tipo de
trauma
Objetivo:
Minimizar o tempo no local e agilizar atendimento e transporte do
paciente
Princípios do Período Dourado
Princípios do Período Dourado
Avaliação da
Segurança da Cena
1. Priorizar a Segurança de Todos:
- Garantir a segurança do paciente e de todos os socorristas para evitar que novas vítimas surjam no local.
2.Avaliação Inicial do Cenário:
- Verifique a segurança da cena, identifique a causa do acidente e observe o comportamento de familiares e
expectadores.
3. Identificar Riscos à Segurança
- Avaliar potenciais riscos, como fluxo de trânsito, exposição a eletricidade, incêndio, presença de materiais
químicos ou explosivos, e condições ambientais adversas.
4. Medidas para Garantir Segurança:
- Utilizar roupas reflexivas e equipamentos de sinalização, manter distância adequada dos riscos e usar EPIs
(luvas, máscaras, óculos de proteção) para minimizar exposições e garantir a segurança de todos.
Mecanismo do Trauma
Identificar Padrões Específicos
de Lesões:
Avaliar o mecanismo do
trauma para prever possíveis
lesões, sem atrasar o início
do atendimento ao paciente.
Equipamentos de Proteção
Utilizados:
Verificar o uso de capacete,
cinto de segurança e airbags,
pois esses fatores
influenciam os tipos e a
gravidade das lesões.
Mecanismo do Trauma
Quedas de Altura
Adultos: Considera-se de alto risco quedas superiores a 6,1 metros.
Crianças: Alto risco para quedas acima de 3 metros ou de 2 a 3 vezes a altura da criança.
Acidentes de Carro de Alto Risco
Intrusão no Veículo: Incluindo o telhado.
Ejeção do Passageiro: Parcial ou completa.
Óbito no Mesmo Compartimento: Morte de outro ocupante no mesmo espaço de passageiros.
Colisões com Pedestres ou Ciclistas: Risco elevado especialmente se houve lançamento ou impactação.
Acidente de Motocicleta a Alta Velocidade: Superior a 20 mph (32 km/h).
Mecanismo do Trauma
Colisões Específicas e Padrões de Lesão
Colisão Frontal:
Maior risco de lesões torácicas e abdominais superiores.
Colisão Lateral:
Compressão do Ombro e Clavícula: Pode causar fratura da diáfise da clavícula.
Compressão Lateral do Tórax e Abdome: Risco de lesão em costelas, baço, fígado e rins.
Impacto Lateral no Fêmur: Pode deslocar a cabeça femoral do acetábulo ou causar fraturas na pelve.
Colisão Traseira:
Hiperextensão do pescoço, com potencial para lesões ósseas e ruptura de ligamentos cervicais.
Mecanismo do
trauma
Mecanismo do
trauma
Critérios de
Atendimentos
em Situações Se o número de vítimas < capacidade
de Múltiplas de atendimento:
Priorizar pacientes com lesões mais
Vítimas graves para tratamento e transporte
imediato.
Se o número de vítimas > capacidade
de atendimento:
O foco é garantir a sobrevivência do
maior número possível de feridos, com
priorização baseada em gravidade.
Método de
Triagem START
(Simple Triage 3 Critérios de Avaliação:
and Rapid
Treatment) Respiração: Frequência respiratória
(FR) > 30 irpm.
Circulação: Tempo de enchimento
capilar (TEC) > 2 segundos.
Nível de Consciência: Paciente é capaz
de seguir comandos simples.
Classificação
por cores Vermelha: Atendimento Imediato
Critérios: FR > 30 irpm ou respira após
(Baseada na manobras de abertura de via aérea.
Gravidade) Amarela: Sem Risco Imediato
Paciente estável, mas com necessidade de
atendimento prioritário após os casos
vermelhos.
Verde: Lesão Sem Risco de Vida
Paciente deambulando e com lesões leves.
Preta: Óbito ou Sem Chances de Sobrevida
Paciente sem sinais de vida ou com lesões
incompatíveis com a sobrevivência.
Avaliação Primária
X - Hemorragia Exanguinante
Controle imediato de hemorragias externas severas para prevenir choque
hemorrágico.
A - Via Aérea e Restrição de Mobilidade Cervical
Garantir a permeabilidade das vias aéreas e aplicar imobilização cervical para
prevenir lesões adicionais na coluna.
B - Ventilação
Avaliar e assegurar ventilação adequada e níveis de oxigenação.
C - Circulação
Manter a perfusão com infusão de fluidos e controlar outros pontos de
sangramento.
D - Déficit Neurológico
Avaliar nível de consciência e detectar possíveis déficits neurológicos.
E - Exposição e Controle do Ambiente
Expor o paciente para avaliação completa de lesões e controlar a temperatura
para prevenir hipotermia.
X - Hemorragia Exanguinante
Se houver hemorragia externa exanguinante,
deve ser controlada antes mesmo da
avaliação das vias aéreas
Métodos de controle de sangramento
Pressão direta
Curativos compressivos
Embalagem da ferida
Ataduras elásticas
Torniquetes
Agentes hemostáticos
Choque Hipovolêmico
Causa mais comum de choque encontrado no ambiente pré-hospitalar
Classificado em 4 fases
A - Via Aérea e Coluna Cervical
Avaliação de vias aéreas: pérvias, risco de
obstrução (sangue, vômito, corpos estranhos) –
necessidade de aspirar vias aéreas
Método mais simples de avaliação: chamar o
paciente
Se responder: via aérea pérvia!
Se não responder: inspeção para identificar
possíveis obstruções
Manobras manuais para abrir as vias aéreas:
levantar o mento, tração da mandíbula
Definir utilização de dispositivos para assegurar
via aérea
Definitiva ou Não definitiva
A - Via Aérea e Coluna Cervical
Dispositivos para assegurar via aérea não definitiva
Guedel
Máscara laríngea
Tubo laríngeo
A - Via Aérea e Coluna Cervical
Dispositivos para assegurar via aérea não definitiva
Guedel
Máscara laríngea
Tubo laríngeo
A - Via Aérea e Coluna Cervical
Dispositivos para assegurar via aérea não definitiva
Guedel
Máscara laríngea
Tubo laríngeo
A - Via Aérea e Coluna Cervical
Estabilização coluna cervical
Todos os pacientes traumatizados com mecanismo significativo
são considerados suspeitos de lesão espinhal até que essa
possibilidade seja totalmente descartada.
Objetivo: Manter a cabeça e o pescoço do paciente em posição
neutra e restringidos até a aplicação completa do equipamento de
imobilização.
A - Via Aérea e Coluna Cervical
Etapas de Imobilização
Estabilização Inicial:
O 1º socorrista estabiliza a coluna cervical do paciente, aplicando tração axial
manualmente para manter o alinhamento.
Medição para o Colar Cervical:
Medir a distância do arco da mandíbula até a inserção do músculo
esternocleidomastoideo para escolher o tamanho correto do colar cervical.
Colocação do Colar Cervical:
O 2º socorrista posiciona o colar cervical no paciente.
O 1º socorrista mantém a estabilização até que o colar e os coxins laterais estejam
adequadamente posicionados para concluir a imobilização.
A - Via Aérea e Coluna Cervical
B - Ventilação e Fornecer oxigênio
Objetivo: Manter a saturação de oxigênio ≥ 94% para garantir oxigenação
adequada dos tecidos.
Avaliação
Inspeção Estática e Dinâmica (com tórax exposto):
Identificar a presença de lesões graves visíveis.
Avaliar a movimentação do tórax para detectar se é normal ou anormal.
Observar o uso de musculatura acessória, que indica esforço
respiratório.
Ausculta Pulmonar:
Verificar se os sons pulmonares estão diminuídos ou ausentes em
alguma área.
Identificar sons anormais, como sibilos, estertores ou roncos, que
podem indicar comprometimento respiratório.
B - Ventilação e Fornecer oxigênio
Classificação da Frequência Respiratória
Apneia ou Gasping: Ausência de movimentos respiratórios eficazes.
Bradipneia: Frequência respiratória (FR) < 10 irpm.
Normal: Frequência respiratória entre 10 e 20 irpm.
Taquipneia: Frequência respiratória (FR) > 20 irpm.
C - Circulação
Avaliação de Perfusão
Tempo de Enchimento Capilar (TEC):
TEC > 2 segundos indica perfusão inadequada.
Pulso Periférico:
Avaliar presença, regularidade, qualidade e frequência do pulso
periférico para estimar o estado circulatório.
Pele:
Observar cor, temperatura e condição (úmida ou seca) da pele, que
são indicativos importantes da perfusão e do estado
hemodinâmico.
C - Circulação
Importância da Ressuscitação Volêmica: Fundamental para
restaurar o volume intravascular e melhorar a perfusão tecidual.
Observação: Ressuscitação volêmica isolada pode não ser eficaz
se houver sangramento externo contínuo. É crucial controlar a
hemorragia ativa para o sucesso da reposição volêmica
Locais Potenciais de Hemorragia
Abdome
Tórax
Pelvis
Ossos longos
D - Décifit Neurológico
Classificação do Trauma Cranioencefálico (TCE) pela Escala de Coma de Glasgow
Pontuação na Escala de Coma de Glasgow (ECG):
Máxima: 15 (melhor estado de consciência)
Mínima: 3 (indica estado mais grave)
Classificação de TCE:
Leve: ECG entre 13 e 15
Moderado: ECG entre 9 e 12
Grave: ECG de 8 ou menos
D - Décifit Neurológico
E - Exposição/Ambiente
Exposição do Paciente em Situações de Trauma
Exposição Completa:
Remover as roupas do paciente para permitir uma
inspeção detalhada e identificação de lesões
ocultas.
Cuidado com a Hipotermia:
A exposição aumenta o risco de hipotermia, que
pode comprometer a hemostasia e dificultar a
coagulação.
Manter o paciente aquecido é essencial para
preservar a estabilidade hemodinâmica e evitar
complicações.
E - Exposição/Ambiente
Imobilização de lesões músculo esqueléticas
Após controle da hemorragia externa significativa →
considerar outras causas e complicações de choque
Realinhamento e imobilização de fraturas – controle
de perda de sangue
Sempre imobilizar a articulação proximal e distal à
fratura
Transporte a instação adequada o mais rápido possível
"10 Minutos de Platina" – Princípio para Pacientes Gravemente
Feridos
Objetivo: Pacientes em estado crítico devem ser transportados
o mais rápido possível para um centro de atendimento
especializado.
Limitações do Atendimento Pré-Hospitalar:
Não fornece sangue nem plasma, essenciais para reposição
volumétrica em hemorragias graves.
Transporte a instação adequada o mais rápido possível
Técnica de rolamento
Técnica de rolamento
Técnica de rolamento - Paciente em decúbito ventral
Avaliação
Secundária
Sentir (Palpação):
Palpar o paciente para detectar crepitações, enfisema subcutâneo, dor à palpação e
limitação de movimento.
Exame Sistemático (Cabeça aos Pés):
Realizar uma avaliação detalhada da cabeça aos pés para identificar todas as lesões
presentes.
O principal objetivo é reconhecer e documentar todas as lesões.
Reavaliação Constante:
Reavaliar frequentemente as vias aéreas, respiração, circulação e sinais vitais, pois algumas
lesões graves podem se manifestar de forma tardia.
Ver (Inspeção):
Inspecionar toda a superfície corporal para sinais de hemorragia interna, lesões de tecidos
moles, queimaduras, lacerações, perfurações e deformidades.
Ouvir (Ausculta):
Realizar ausculta respiratória e cardíaca para avaliar sons anormais que indiquem
comprometimento respiratório ou cardíaco.
Referência: