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Resenha Surrealista

Estudo sobre o surrealismo
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Nome: Williany Maria Barbosa dos Santos

Disciplina: Estudos Avançados em Ciências Humanas e sociais aplicadas


Língua portuguesa, literatura e comunicação profissional
Tema: Depoimento de André Breton, fundador do surrealismo
Fonte: Acervo Estadão
Ano: 6 de Outubro de 1950

Resenha do Jornal: “fundador do surrealismo”

O artigo “Depoimento de André Breton, fundador do Surrealismo”, publicado no


jornal “Estadão” em outubro de 1950, oferece uma rara oportunidade de
acessar o pensamento direto de um dos maiores expoentes do movimento
surrealista. Breton, conhecido tanto por seu vigor intelectual quanto por sua
dedicação ao surrealismo, varia sobre diversos aspectos da trajetória artística e
filosófica do movimento, trazendo à tona questões essenciais para a
compreensão do surrealismo em sua forma mais pura. Esta resenha tem por
objetivo explorar os principais temas abordados no depoimento, pontuando
sempre dentro do contexto histórico e artístico do século XX e sobre a
influência de Breton no cenário cultural contemporâneo.
No depoimento, Breton reitera a importância do surrealismo como uma
manifestação artística e intelectual que vai além do estético e se firma como
uma nova forma de entender a realidade. Para ele, o surrealismo não era
meramente um movimento artístico, mas sim uma revolução completa de
pensamento e percepção, uma tentativa de libertar a mente humana das
amarras da razão e da lógica tradicional. Ele defende, com bravura, que o
surrealismo se propunha a explorar os confins do inconsciente, o terreno dos
sonhos, dos desejos reprimidos e das associações livres, em busca de uma
verdade mais profunda que a realidade objetiva não podia oferecer.
Breton enfatiza, durante seu depoimento, que o surrealismo sempre teve um
caráter de resistência à racionalidade estrita e à ordem burguesa. Esse desejo
de rebeldia e ruptura com as normas estabelecidas do pensamento está
enraizado no contexto de inquietação e desilusão que permeava a Europa no
período entre as duas guerras mundiais. O movimento, segundo ele, surgiu
como uma resposta à fragmentação da sociedade e à sensação de crise moral
e espiritual, propondo uma nova forma de enxergar o mundo.
Um dos aspectos mais relevantes do depoimento de Breton é sua abordagem
sobre a relação entre arte e política. Ele faz questão de frisar que, embora o
surrealismo tivesse origem em preocupações puramente artísticas, o
movimento nunca esteve desvinculado das questões políticas de sua época. O
próprio Breton, por algum tempo, flertou com o marxismo e manteve uma
relação ambígua com o comunismo, o que se reflete em suas afirmações no
artigo.
Para Breton, a arte não podia ser um simples instrumento de propaganda
política, mas também não podia ser alheia às condições sociais e políticas. Ele
acreditava que a verdadeira revolução artística só seria possível com uma
revolução no plano social, e vice-versa. Isso o colocava em uma posição única
entre os artistas de sua geração: ele reconhecia a necessidade de
engajamento político, mas recusava qualquer forma de subordinação da arte à
ideologia.
Na visão de Breton, o surrealismo deveria permanecer uma força de
transformação e questionamento constante, desafiando todas as formas de
autoridade e opressão, sejam elas políticas, religiosas ou culturais. No entanto,
ele deixa claro que o movimento surrealista não podia ser instrumentalizado
por qualquer regime ou partido político. A autonomia da arte era essencial para
a sobrevivência do surrealismo como uma força libertadora. Outro tema central
no depoimento de Breton é a influência do inconsciente e dos sonhos sobre a
produção artística. Breton retorna à premissa fundamental do surrealismo,
expressa em seu manifesto de 1924: a exploração do inconsciente como fonte
primária de criatividade. Para ele, a mente consciente era limitada por normas
sociais e pela lógica linear, enquanto o inconsciente, liberado durante o sonho
ou a prática da escrita automática, era capaz de revelar as verdades mais
profundas e sutis da existência humana.

Durante o depoimento, Breton reflete sobre sua própria prática artística e sobre
as obras dos principais expoentes do surrealismo, como Salvador Dalí, Max
Ernst e René Magritte. Ele explica que, para esses artistas, a imagem
surrealista não é meramente uma representação do absurdo ou do ilógico, mas
uma tentativa de captar uma dimensão mais verdadeira da realidade, aquela
que se esconde sob a superfície dos fenômenos visíveis. Os sonhos, segundo
Breton, têm o poder de nos conectar com essa realidade profunda, oferecendo
vislumbres de uma verdade que escapa à razão convencional.
Ao abordar a importância dos sonhos, Breton também enfatiza o papel da
psicanálise no desenvolvimento do surrealismo. Ele reconhece a influência de
Freud, mas também critica o que considera uma abordagem excessivamente
clínica e limitada da psicanálise. Para Breton, a exploração do inconsciente
deveria ser feita não com o objetivo de cura ou normalização, mas sim como
uma forma de libertação pessoal e artística. Essa distinção é crucial para
entender a visão de mundo de Breton e sua concepção de arte como um
processo contínuo de autodescoberta e emancipação.
O questionamento da realidade é outro ponto essencial no depoimento de
Breton. Ele desafia a concepção tradicional de realidade, que, segundo ele, é
apenas uma construção social e cultural, moldada por normas e expectativas
que limitam nossa percepção. O surrealismo, ao contrário, propõe uma "supra-
realidade", que une os aspectos conscientes e inconscientes da experiência
humana em uma síntese mais completa e autêntica.
Para Breton, a realidade que percebemos no cotidiano é apenas uma parte da
experiência humana. Ele acredita que há uma dimensão mais profunda,
acessível apenas através da imaginação, dos sonhos e da criação artística.
Nesse sentido, o surrealismo não pretende escapar da realidade, mas sim
expandi-la, revelando aspectos que normalmente permaneceriam ocultos.
Ele argumenta que a arte surrealista é, em sua essência, um convite ao
espectador para questionar suas próprias percepções e crenças sobre o que é
real. A estranheza e o absurdo presentes nas obras surrealistas não são meros
exercícios de provocação estética, mas tentativas de romper as barreiras da
percepção e levar o espectador a uma nova compreensão da realidade. Com
isso, concluímos que seu testemunho é um lembrete poderoso de que o
surrealismo, mais do que um estilo ou uma escola, foi uma tentativa radical de
redefinir os limites do pensamento e da experiência humana. O legado de
Breton continua a ressoar no mundo da arte contemporânea, e sua visão de
um mundo onde a imaginação e o inconsciente desempenham papéis centrais
na construção da realidade permanece tão relevante quanto há um século.

Jornal Usado, Fonte: https://search.app/UMZYqBaXP2fhJ6uv9

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