PSICANÁLISE COM CRIANÇAS
• Marco da psicanálise com crianças: o caso do Pequeno Hans (1909):
• Fobia de cavalos;
• Análise realizada por Max Graf, pai de Hans, sob supervisão de Freud, este só
se encontrou com a criança uma vez;
• Freud pretendia com o caso Hans comprovar a existência da sexualidade
infantil.
• Estabelecimento de três parâmetros para uma análise:
• 1) Demanda;
• 2) Transferência;
• 3) Interpretação.
Pioneiras da Psicanálise com Crianças:
• Hermine von Hug-Hellmuth (1913 – Viena): a pioneira da psicanálise com
crianças. Utilizava jogos e desenhos na análise, afirmando que com esse
material as crianças elaboravam as situações difíceis e traumáticas.
Método: interpretação do material inconsciente combinado com a influência
pedagógica direta.
• Sophie Morgenstern (França): teses sobre o desenho, o brinquedo e a relação
das crianças com os pais.
• Eugénie Sokolnicka (França): trabalhou em Paris, em 1920 publicou o artigo:
“A análise de um caso de neurose obsessiva infantil”.
* Sandor Ferenczi (Budapeste): um dos grandes clínicos da infância no início do
século XX, em 1913 publicou o artigo “O pequeno homem-galo”.
• Anna Freud:
• Em 1927: “O tratamento psicanalítico das crianças”, na qual recomendava
as analistas de crianças pequenas desempenhar um papel ativamente
pedagógico.
• Estabeleceu diferenças entre o tratamento psicanalítico de adultos e
crianças:
• 1) Impossibilidade de se estabelecer uma relação puramente analítica com
uma criança em função de sua imaturidade e dependência do meio
ambiente.
• 2) A criança não tem consciência da sua “doença” e não acha que tem um
“problema” para resolver, seus pais é que estão preocupados.
• 3) Falta à criança o elemento fundamental para a entrada de um paciente em
análise, o “mal-estar” em relação ao seu sintoma.
• 4) A criança não consegue associar livremente como um adulto.
• 5) A criança não estabelece neurose de transferência com o terapeuta em
função de sua ligação com os pais da realidade.
• 6) Se não houver colaboração dos pais com a análise da criança, melhor
afastar temporariamente a criança dos pais e colocá-la numa instituição para
ser analisada.
• 7) A análise dos adultos visa a suspensão do recalque, com as crianças se a
pulsão for liberta do recalque, a criança buscará satisfação imediata. O
analista deve controlar a pulsão com uma ação educativa.
• 8) O analista ocupa o lugar de saber.
• 9) Em sua proposta de tratamento psicanalítico existia um período de
preparação com as entrevistas preliminares e com as crianças associava
medidas pedagógicas e um trabalho de análise sempre com a transferência
positiva.
OBS: Anna Freud realizou a proposta de uma análise pedagógica, o analista
tem uma função pedagógica e dirige-se ao Eu (Ego) do analisando a fim de fortalecê-
lo.
MELANIE KLEIN
- Breve Histórico.
- 1914: início da análise com Ferenczi; ele a incentivou a analisar crianças. Associada
da Sociedade Psicanalítica de Budapeste.
- 1919: apresentou à Sociedade de Budapeste seu primeiro caso clínico, a análise de
seu filho Erich, a quem chamou de Fritz, na qual teria realizado uma ‘educação de
caráter analítico”. Melanie Klein partia do pressuposto freudiano de que a curiosidade
sexual é que impulsiona o desejo de saber: é ela que faz da criança um verdadeiro
pesquisador.
- 1921: muda-se para Berlim, com o objetivo de analisar crianças por sugestão de
Karl Abraham, torna-se membro associado da Sociedade Psicanalítica de Berlim.
- 1923: inicia sua análise com K. Abraham.
- Grande contribuição de Klein: fundou a técnica da análise pela atividade lúdica -
brincar – das crianças. O brincar seria o equivalente das livres associações da análise
dos adultos e daria expressão simbólica à fantasia inconsciente. Nas brincadeiras:
aparecem as fantasias, os desejos e as experiências da criança.
- A diferença entre a análise de adultos e de crianças está no método e não nos
princípios básicos.
- Prevalência das fantasias e dos objetos internos.
- 1924: questiona certos aspectos do Complexo de Édipo. Interpretava a transferência
negativa.
- 1926: muda-se para Londres, convite de Ernest Jones, Sociedade Britânica de
Psicanálise.
- 1927: artigo “Os estádios precoces do conflito edipiano”, contrário a Freud, o
conflito edipiano começa nos primeiros meses de vida, por volta dos seis
meses de idade e, logo também o superego, numa estruturação precoce do
aparelho psíquico.
A criança tem a imagem inconsciente dos pais baseada nas fantasias e nos
componentes pulsionais, em detrimento da realidade.
“Sentir os pais como se fossem pessoas vivas dentro de seu corpo, da mesma
maneira concreta que profundas fantasias inconscientes são vividas. Isto é, se
esses ‘pais internos’ se amam, se vivem em harmonia, desse mundo interior brota,
de forma viva, um princípio de ordenação que ajuda a transformar o caos interior
em cosmos. Por outro lado, se estão em guerra, em litígio, o caos se adensa e se
aprofunda”.
As fantasias do bebê existem muito inicialmente sob a forma de sensações, que
aos poucos adquirem figurabilidade interna. Um objeto interno (conceito central)
é uma espécie de cidadão do mundo interno, uma representação figurativa capaz
de evocar afetos, como se tivesse vida própria.
A mãe, ou o seio (como objeto parcial que representa a mãe) é o primeiro objeto
interno do bebê, podendo adquirir qualidades boas ou más. Ex: a fome – seio bom,
quando alimentado, satisfeito; seio mau, quando não satisfeito.
Esses objetos internos representantes do mundo externo, associados as moções
pulsionais, se organizam em núcleos e vão constituir uma espécie de teatro
interno, em que os significados para as experiências vividas são gerados e passam
a dar sentido às ações, crenças e percepções, assim como a uma tonalidade afetiva
que colore as relações com o mundo externo e interno.
- 1935: “Uma contribuição à psicogênese dos estados maníacos-depressivos”:
nas primeiras semanas de vida se estabelece a posição paranóide
(posteriormente chamada de esquizoparanóide), o ego primitivo é
incoordenado, as impressões sensoriais são dispersas, fragmentadas, não se
juntando para formar um objeto coerente, assim, a percepção nos 3 primeiros
meses de vida é controlada pela cisão. Consequentemente, a mãe, primeiro
objeto, é investida tanto pelas pulsões de vida como pelas pulsões de morte. A
ansiedade de morte e as sensações de aniquilamento são projetadas para fora e
percebidas persecutoriamente.
Ao nascer, o bebê entra em contato com as primeiras necessidades orgânicas e
é dominado por um medo de desintegração; a angústia predominante nos
primeiros meses de vida é a de “aniquilamento”, cujo protótipo é o trauma do
nascimento, também designada “angústia persecutória” ou “angústia paranóide”;
Klein denomina “ansiedade de morte”, isto no pensamento kleiniano é o
equivalente a pulsão de morte freudiana, assim, ou o bebê se organiza para
satisfazer suas necessidades (pulsão de vida) ou não se organiza e as nega (pulsão
de morte). Assim a mãe será boa ou má. O desenvolvimento do eu é determinado
pelos processos de introjeção e projeção. O objeto da criança está dividido num
objeto ideal e outro persecutório. A angústia paranóide mobilizará o ego a criar
defesas, as principais nessa posição esquizoparanóide são: a cisão (splitting), que
procura separa o seio bom do seio mau para que este não destrua o bebê; a
projeção, que procura colocar fora da mente os perseguidores; a negação, para
aniquilar a percepção quando o perseguidor não é diretamente destruído; e a
idealização, que cria objetos muito poderosos para proteger o ego do
aniquilamento visado pelos objetos persecutórios. A patologia da posição
esquizoparanóide constitui a base para o desenvolvimento da esquizofrenia e de
quadros assemelhados.
A posição depressiva é gerada pela “angústia depressiva”, ou seja, o temor de
que o objeto amado do bebê tenha sido ou venha a ser destruído pelo seu ódio.
Existe uma característica, uma tendência do ego para a síntese, assim existe uma
tendência à integração, as imagens do “seio bom” e do “seio mau” vão se
aproximando na mente do bebê. Ele começa a perceber que o objeto amado que
ele quis proteger ou o objeto odiado que ele quis destruir, ambos são componentes
de um só objeto, o “seio total”. E assim vai ocorrendo com os outros objetos
parciais amados e odiados, temidos, desejados que, ao ser integrados, tornam-se
amados e odiados ao mesmo tempo, de modo que o sujeito ingressa no mundo da
ambivalência. Período de início por volta do 6o.mês de vida, até o final do
primeiro ano. Esse processo coincide com o desmame, com o nascimento dos
dentes e isso exacerba fantasias canibalísticas, dando a impressão de que ele, bebê,
destruiu a mãe, surgindo o sentimento de culpa e arrependimento, acarretando um
estado de luto pelo objeto e mundo destruído, esse processo é semelhante a de um
adulto que perde o objeto amado. Para Klein, a perda do objeto amado do adulto
seria a revivescência da posição depressiva infantil. O mecanismo nessa posição é
o de reparação, restaurando o objeto amada danificado e esse processo de
reparação é fundamental para o bom relacionamento humano e preservação e
evolução da cultura. Se a destrutividade do bebê não for excessiva, a mãe atacada
ainda tem vida, está parcialmente intacta e pode ser reconstruída. Por outro lado,
se os impulsos destrutivos do bebê forem excessivos, seja por ódio, voracidade ou
ciúmes, a mãe será percebida como morta, agonizante, não é possível recuperá-la.,
assim a figura da mãe interna danificada se tornará um objeto que provoca uma
relação de “culpa persecutória” irreparável. Não sendo possível restaurar a mãe
interna, restará ao sujeito indenizá-la continuamente, numa dívida sem fim, na
melhor das hipóteses, o sujeito estabelecerá a posteriori relações masoquistas de
submissão e condescendência com a própria mãe, ou pessoas que a substituam. Na
pior das hipóteses desenvolverá um estado psicótico melancólico, que poderá
eventualmente se reverter para um quadro maníaco.
-Entre 1941 e 1944: Londres, “As grandes controvérsias” – um duelo entre as
ideias de Klein e Anna Freud.
- Klein se interessou pelas relações arcaicas do bebê com sua mãe e pela
origem das psicoses.
- Prática Clínica: o campo de ação do psicanalista é o das fantasias
inconscientes, para que a criança consiga atingir a plena capacidade de
expressão de suas potencialidades. O método é lúdico através do ato de brincar
o analista acessa as fantasias inconscientes infantis e o instrumento analítico é
a interpretação do brincar da criança dada diretamente a ela, nomeando as
angústias e as fantasias edípicas. A função do analista é abrandar a severidade
do superego primitivo e não a de auxiliar o ego da criança a controlar os
impulsos provenientes do Id. O superego infantil não é uma simples cópia dos
pais reais. Prática clínica estendida a pacientes psicóticos, boderlines e autistas.
Trabalho com crianças e bebês desde 1920. O analista de crianças vai ao
encontro da angústia, mobiliza-a, recebe-a e em seguida é capaz de formulá-la
a criança, em palavras, abrindo espaço para a simbolização. Também nomear e
interpretar as defesas para ter acesso às ansiedades e fantasias. A tríade;
angústia, defesa e fantasia inconsciente constitui o fio condutor da análise
kleiniana.
- Conceito de Identificação Projetiva: “foi definida por Klein em 1946, como
sendo o protótipo do relacionamento objetal agressivo, representando um
ataque anal a um objeto por forçar partes do ego neste, a fim de apoderar-se de
seus conteúdos ou controla-lo, ocorrendo na posição esquizoparanoide, a partir
do nascimento. Trata-se de uma ‘fantasia distanciada da consciência’, que traz
consigo uma crença de que certos aspectos do self acham-se situados alhures,
com um consequente esvaziamento e senso de enfraquecimento do self e da
identidade, chegando ao ponto da despersonalização. Sentimentos profundos
de estar perdido ou um senso de aprisionamento podem dela resultar. Sem uma
introjeção concomitante por parte do objeto em que se projeta, tentativas cada
vez mais forçadas de intrusão resultam em formas extremadas de identificação
projetiva. Estes processos excessivos conduzem a distorções graves de
identidade e às experiências perturbadas do esquizofrênico”.
É um processo psicológico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma
propriedade, um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente,
segundo o modelo desse outro. A personalidade constitui-se e diferencia-se por
uma série de identificações. Incorporação e introjeção são protótipos da
identificação, ou, pelo menos, de algumas modalidades em que o processo
mental é vivido e simbolizado como uma operação corporal (ingerir, devorar,
guardar dentro de si, etc). Esse conceito de identificação projetiva foi
introduzido por Klein para designar um mecanismo que se traduz por fantasias
em que o sujeito introduz a sua própria pessoa totalmente ou em parte no
interior do objeto para o lesar, para o possuir ou para o controlar.
Melanie Klein descreveu em A psicanálise da criança, fantasias de ataque contra o interior do
corpo materno e de intrusão sádica nele. Mas só mais tarde (1946) introduziu a expressão
“identificação projetiva” para designar “uma forma especial de identificação que estabelece o
protótipo de uma relação de objeto agressiva”.
Para Klein a mente tem a capacidade onipotente de se liberar de uma parte do self, colocando-a
em um outro objeto; o resultado é uma confusão da identidade, uma perda da diferença real
entre sujeito e objeto. (Bleichmar e Bleichmar, 1992).
Através desse mecanismo o sujeito expulsa uma parte de si mesmo, identificando-se com o não
projetado; e ao objeto são atribuídos os aspectos projetados, dos quais o sujeito se desprendeu,
o que constituiria para Klein uma das bases principais dos processos de confusão
- DONALD WINNICOTT
- Breve histórico
- Médico pediatra, em 1935 torna-se psicanalista. Winnicott reconheceu a
importância do meio emocional da criança no desenvolvimento de doenças
físicas.
- Analisou o filho de M. Klein a pedido dela de 1935 a 1940, assim renunciando
a ser analisando de Klein, mas sendo supervisionado por ela. Pertenceu ao
grupo dos independentes.
- Teoria: ressaltar a dependência do sujeito em relação ao ambiente. Com relação
à psicose defenderá que o fracasso da ligação materna será a causa desse
distúrbio. A partir do relatório de John Bowlby, sustentando que a doença
mental teria como causa as perturbações relativas aos cuidados que as mães
dispensam às crianças, esse pensamento dominou os meios psicanalíticos.
- Obra de Winnicott vai destacar a INFLUÊNCIA DO MEIO AMBIENTE NO
DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO INFANTIL. O AMBIENTE É SINÔNIMO
DE CUIDADOS MATERNOS, ou seja, É A MÃE OU UM SUBSTITUTO
DESTA que irá favorecer ou dificultar esse processo. “Mãe suficientemente boa”é
aquela que faz uma adaptação ativa às necessidades do bebê, uma adaptação que
vai diminuindo a medida que o bebê se torna capaz de suportar as falhas nesse
processo e tolerar a frustação.
- As funções da sustentação materna - a função da sustentação materna (holding)
associa-se à confiabilidade e responsabilidade. O HOLDING satisfatório não pode
ser ensinado, uma vez que se assenta na capacidade de a mãe se identificar com o
bebê. Em relação ao seu bebê, por intermédio de um holding adequado, a mãe:
* protege-o de agressões fisiológicas, levando em conta a sensibilidade cutânea,
auditiva, visual e do órgão vestíbulo-coclear da criança;
* defende-o de invasões ambientais, uma vez que ela “sabe” da falta de
conhecimento de qualquer coisa que não seja ele mesmo;
* socorre-o de coincidências e choques capazes de levá-lo a um sentimento de
confusão e angústia;
* possibilita a ele uma transição gradativa entre o estado calmo e o excitado, entre
o sono e o estado desperto, etc.;
* cria-lhe uma rotina específica, modificando-o a cada dia à medida que ele
cresce e se desenvolve física e psiquicamente.
- Para Winnicott, se a mãe estiver incapacitada de cuidar do bebê ou ausente, ou se
for intrusiva, a criança pode ter tendência à depressão ou a condutas anti-sociais
como o roubo.
- W. também enfatiza a importância do pai para sustentar a autoridade da mãe e
para ser a encarnação da lei e da ordem.
- O desenvolvimento psíquico do bebê passa por estágios:
* Fase inicial: vai do nascimento até os seis meses; estado de DEPENDÊNCIA
ABSOLUTA em relação ao meio. O bebê desconhece esse estado de dependência,
ele e o meio não se diferenciam;
* Segunda fase: dos seis meses aos dois anos; estado de DEPENDÊNCIA
RELATIVA. Criança descobre aos poucos que ela e sua mãe são separadas, que
suas fantasias não correspondem à realidade e que depende da mãe para a
satisfação das necessidades. A mãe também se desliga de um estado de
identificação com o filho, retornando suas atividades pessoais e profissionais,
introduzindo “falhas de adaptação” moderadas frente à criança. “Estágio da
preocupação” = concern – bebê compreende ter um mundo externo e interno e
logo, também sua mãe e preocupa-se com a destrutividade relacionada ao viver –
fase depressiva de M. Klein.
- No início não existe diferença eu-objeto, o seio faz parte do bebê e o bebê faz
parte da mãe, a mãe permite essa ILUSÃO ao se adaptar as necessidades do seu
bebê, assim o bebê adquire a capacidade de alucinar um objeto e isso se dá porque
não existe exterioridade nesse momento.
- Bebê precisa passar do SUBJETIVAMENTE CONCEBIDO para o que é
OBJETIVAMENTE PERCEBIDO. Para realizar essa passagem ele precisa de
uma área intermediária entre a realidade externa e a interna para suportar a
angústia de separação da mãe-objeto: conceito de OBJETO TRANSICIONAL = é
uma posse, primeira posse não-eu (porque não é um objeto interno, o seio
introjetado e também não é um objeto externo, o seio materno); E FENÔMENO
TRANSICIONAL/ESPAÇO TRANSICIONAL= espaço de jogo entre a criança e
o mundo.
- Quando um objeto (cobertor, lençol, babador, fralda) ou fenômeno (som, ruído,
maneirismo do bebê) adquire grande importância na vida do lactente, o objeto (ou
fenômeno) é investido pelo bebê e usado na hora de dormir, como defesa contra a
ansiedade, esse é um objeto transicional. O objeto transicional inicia o bebê numa
área intermediária de ilusão, que vai possibilitar a separação entre o mundo dos
objetos e o self.
Em 1940, disse: “Um bebê sozinho não existe”.
Nesse sentido, a Teoria do Desenvolvimento em Winnicott segue dois
caminhos:
• Crescimento emocional do bebê:
dependência._____________________________________.independência
absoluta dependência relativa
princípio do .__________________________________.princípio de
prazer realidade
autoerotismo.________________________________.relações objetais
• Cuidado Materno:
Pode apoiar, falhar ou traumatizar. No processo do desenvolvimento
emocional tem de um lado a hereditariedade e do outro o ambiente (o
cuidado materno).
Tendências hereditárias_________________: “processos de maturação”:
impulso biológico para a vida, o crescimento e o desenvolvimento.
- Essa área intermediária de ilusão, chamada de “terceira área” é chamada de
“espaço potencial”. W. diz que as outras duas áreas são a realidade psíquica e a
realidade compartilhada. É o espaço potencial entre a mãe e o bebê, entre o objeto
subjetivo e o objeto objetivamente percebido, um espaço que tanto pode se tornar
uma área infinita e desértica de separação como um espaço preenchido
criativamente com produtos da imaginação do bebê, com o brincar criativo, as
artes, a filosofia e o sentimento religioso, constituindo o lugar em que o indivíduo
experimenta o “viver criativo” – condição indispensável para a aceitação do
princípio de realidade. O lugar que a brincadeira ocupa no desenvolvimento
psíquico do bebê é o de um espaço potencial. O espaço potencial designa o lugar
em que o objeto transicional é produzido e que deve sempre permanecer potencial
para que nele sejam produzidos objetos transicionais, que permitam a criança
suportar a falta materna. Esse espaço será o lugar do jogo e do sonho, da análise,
da transferência e da fantasia.
- Desenvolvimento emocional: o bebê descobre que a mãe-objeto e a mãe-
ambiente são uma só e as duas se unem na mente do bebê; amor e ódio passam a
coexistir em seu mundo interno tornando-o capaz de experimentar a ambivalência
e o sentimento de culpa (final da segunda fase). Precisa tolerar a ambivalência e
aceitar que a mãe valorizada e amada das fases tranquilas é a mesma pessoa que
tem sido e será cruelmente atacada nas fases excitadas. Mais ainda, precisa aceitar
que, em sua fantasia, essa figura materna que ele ainda não é capaz de diferenciar
da realidade é devorada e destruída. Transformação do sentimento de culpa em
preocupação. A mãe “sustenta uma situação no tempo”, permanecendo viva e
disponível física e emocionalmente, permitindo que o bebê enfrente a experiência
instintual, suas consequências e responsabilidades (culpa), dando a ele a
possibilidade de doar e fazer reparações – um ciclo benigno.
- Caso haja uma quebra ou falha no ciclo benigno – privação ou perda da mãe –
podem acontecer consequências desastrosas para o bebê: sentimento de culpa
intolerável; o eu não consegue sustentar a ideia do bom objeto (mãe) quando este
vier a faltar. Para W., a morte ou o desaparecimento da mãe coloca a criança à
mercê do ódio e da ambivalência, por predomínio dos elementos persecutórios,
que enfraquecem as forças benignas e amorosas, aparece um afeto depressivo. A
reação de uma perda (luto), com dor e tristeza, só ocorre quando o estágio da
preocupação se estabeleceu por completo, pois requer maturidade emocional e
integração do self, que capacita o indivíduo a sustentar o sentimento de depressão.
- A base da tendência anti-social tem uma relação direta com a perda materna,
especialmente a privação que ocorre na idade em que a criança começa a andar
(12 a 24 meses), porque houve, inicialmente, uma boa experiência, que levou a
criança a perceber que a causa do desastre reside numa falha ou omissão
ambiental, denominada de “perda original”.
- A partir da construção de um objeto transicional é que o bebê adquire um
sentimento de self e que se dá o reconhecimento objetivo da realidade.
- Tendência anti-social (separação da mãe entre 2 e 5 anos de idade).
Delinquência. “Jogo dos Rabiscos” – o conjunto das estratégias clínicas com o
jogo dos rabiscos ficou conhecido como “consultas terapêuticas”.
BREVE SÍNTESE:
- Dependência Absoluta (0 a seis meses), acontece:
1- Apresentação do objeto;
2- Holding (sustentação/sustentar);
3- Handling (manejo/manejar);
4- Psicopatologias: a) esquizofrenia infantil; b) esquizofrenia latente (na
puberdade/adolescência); c) estado limítrofe (o núcleo é de natureza psicótica,
mas o paciente parece neurótico); d) personalidade falso-self; e) personalidade
esquizoide (personalidade sadia com elementos esquizoides).
5- Aqui, na dependência absoluta, pode acontecer a Privação (abandono do bebê
quando muito pequeno o que pode predispor à psicose infantil; é a experiência
catastrófica de abandono experimentada por um bebê quando muito pequeno,
antes de desenvolver na mente a capacidade de diferenciar o eu e o não-eu).
- De 02 a 05 anos se as crianças são separadas de sua mãe pode acontecer: a
Deprivação: abandono do bebê após um período de bom desenvolvimento e
cuidados adequados que possibilitam que a criança depois reconheça seu
padecimento, sua perda. O que é peculiar é o desenvolvimento de uma atitude de
desconfiança básica diante do outro, que não permite à criança valorizar nem
mesmo as verdadeiras atitudes de cuidados que possa receber de forma adequada
depois da deprivação. Winnicott observou que as reações do ser humano diante da
frustração são a raiva e a agressividade.
Tendência Anti-Social: um dos sintomas é a ocorrência de pequenos roubos (em
casa ou escola) e crianças sempre deixam rastros, parecendo querer ser
identificadas, ou mesmo não se preocupando de esconder o feito. Em certos
momentos, crianças se mostravam agressivas, com uma agressividade peculiar,
dirigida particularmente à mãe ou a alguma pessoa significativa, como a
professora. A Deprivação é o primeiro elemento que caracteriza a tendência anti-
social e dá uma hipótese sobre sua origem. Outros sintomas da deprivação e da
tendência anti-social: reivindicação e protesto; desconfiança básica diante do
outro.
- Prática Clínica: lugar do analista similar à função de holding, ou seja, continente
para as necessidades de seu paciente. Analista permite o estabelecimento de uma
relação íntima e compartilhada entre dois psiquismos. Procurar estabelecer com a
criança um encontro “espontâneo”, valorizar o encontro, muitas vezes único, da
criança e do analista para tentar descobrir o conflito que ocasionou a busca pela
análise. Com relação à técnica na análise com crianças, preferia desenhar com a
criança, fazendo-lhe perguntas e sugestões para levá-la a falar de coisas que
normalmente não falaria com outras pessoas.
OBS: Winnicott, Anna Freud e Melanie Klein estabelecem, na direção do
tratamento, uma relação dual, imaginária, onde a análise supõe um encontro e algo
a oferecer.