FMU FIA-FAAM – Arquitetura e Urbanismo
Prof. Dra. Marselle Nunes Barbo
CONFORTO AMBIENTAL
CONFORTO TÉRMICO
Arquitetura e Clima
CONTEÚDO ABORDADO
Arquitetura e Clima
Importância do clima como parâmetro de projeto
O papel do arquiteto na sociedade
Arquitetura e Clima
A Arquitetura, como uma de suas funções, deve oferecer
condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no
interior dos edifícios, sejam quais forem as condições climáticas
externas.
Por outro lado, a intervenção humana, expressa
no ato de construir seus espaços internos e
externos, altera as condições climáticas locais,
das quais, por sua vez, também depende a
resposta térmica da edificação.
Arquitetura e Clima
temperatura
As principais variáveis
umidade,
climáticas para
conforto térmico são:
velocidade do ar,
radiação solar incidente
Arquitetura e Clima
temperatura
As principais variáveis
umidade,
climáticas para
conforto térmico são:
velocidade do ar,
radiação solar incidente
FATORES DINÂMICOS
A posição geográfica e o relevo exercem forte influência na relação entre edificação e
conforto térmico, estes são os chamados fatores estáticos (não sofrem modificações
diárias).
The Falling water house
Frank Loyd Wright
PORQUE ESTUDAR CONFORTO
TÉRMICO EM ARQUITETURA ?
Saúde Humana
O homem precisa liberar calor em quantidade suficiente para que sua
temperatura interna se mantenha da ordem de 37°C — homeotermia.
O equilíbrio térmico é conseguido através de ESFORÇO adicional. A
sobrecarga térmica produz queda do rendimento no trabalho, até o limite,
sob condições de rigor excepcionais, perda total de capacidade para
realização de trabalho e/ou problemas de saúde.
Trabalhar o conforto térmico como condicionante de
projeto está diretamente ligado à saúde humana
O ser humano sempre deve ser o fator principal de
um projeto
Porquê estudar conforto térmico?
A saúde humana é totalmente afetada quando se existe atividade
laborativa em ambientes desagradáveis termicamente.
Quando as trocas de calor entre o corpo humano e o ambiente ocorrem sem
maior esforço, a sensação do indivíduo é de conforto térmico e sua
capacidade de trabalho, desse ponto de vista, é máxima.
Arquitetura e Clima
O CLIMA INTERFERE EM TODO O ESTILO DE VIDA
BRASIL – País com dimensões continentais e
diferentes tipos de climas
A relação entre clima e o edifício
As edificações são nossa terceira pele. Para sobreviver, necessitamos nos proteger
do clima usando três peles. A primeira é a nossa própria pele, a segunda é a camada
de roupas e a terceira as edificações. Em alguns climas, é somente com as três peles
que conseguimos encontrar abrigo suficiente. Quanto mais extremo for o clima, mais
necessitaremos contar com a edificação para nos proteger. Assim como vestimos e
tiramos a roupa à medida que o tempo e o clima variam, também podemos trocar a
nossa “terceira pele”.
Roaf, Fuentes e Thomas, 2007
O Edifício
Os quatro fatores dinâmicos do clima (temperatura, umidade,
movimento do ar e radiação solar) afetam o ser humano mas também
os edifícios, onde a taxa de perdas e ganhos de um edifício depende de
alguns fatores como:
Diferença entre temperatura interior e exterior – o ganho ou perda de calor
radiante também está vinculado às características do material e da cor das
superfícies envolventes do edifício;
Localização, orientação (ao sol e aos ventos), forma e altura dos edifícios;
Característica do entorno natural e do sítio;
O Edifício
Para a determinação de condições mínimas de habitabilidade e otimização do
consumo de energia, são necessárias algumas estratégias:
Ação da radiação solar e térmica –
consequentemente das características
isolantes e térmicas do envolvente do edifício;
Painéis de aquecimento de água nas fachadas
Energia solar térmica
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/tecnologia/paineis-de-aquecimento-de-agua-nas-
fachadas-energia-solar-27-11-2009.html
O Edifício
Desenho e proteção das aberturas para iluminação e ventilação,
assim como sua adequada proteção;
Fachada ventilada Brises
A Energia
A relação correta entre fatores climáticos e projeto arquitetônico é o que
possui grande influência no bom desempenho enérgico de uma
edificação. O Emprego do uso passivo da energia é concretizado
através de técnicas construtivas que proporcionem o mínimo consumo
possível.
O uso de instalações de condicionamento e iluminação artificial em
excesso é o que chamamos de uso ativo da energia.
O interesse está em desenvolver técnicas de composição para elaborar
um projeto arquitetônico energicamente compatível com a realidade
nacional e regional.
A relação entre clima e arquitetura é um
condicionante observado nas edificações mais
remotas...
Um breve histórico
No período clássico, Vitrúvio
entendia a arquitetura como um
espaço habitável que deveria
equilibrar os aspectos
ESTRUTURAIS, FUNCIONAIS E
FORMAIS.
ATUALMENTE – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Um edifício é mais eficiente que outro quando proporciona
as mesmas condições ambientais com menor
consumo de energia.
Um breve histórico
Triângulo conceitual CLÁSSICO
de Vitrúvio acrescido com o
vértice da eficiência energética
A utilização dos recursos tecnológicos com a inclusão do
comportamento energético na elaboração de projetos
melhora a eficiciência da edificação.
Arquitetura Vernacular
A arquitetura vernacular é todo o tipo de arquitetura em que se empregam
materiais e recursos do próprio ambiente em que a edificação é construída,
caracterizando uma tipologia arquitetônica com caráter local ou regional.
MARQES, et. al., 2009
Arquitetura Vernacular
Deserto do Colorado (EUA) – povo de Mesa Verde construiu suas habitações
protegidas do sol pelas encostas de pedra, de forma a sombrear a incidência
dos reios solares no verão quente e seco.
Arquitetura Vernacular
Fonte: LAMBERTS, 1997
No inverno a inclinação mais baixa do sol permite sua entrada nas
habitações, aquecendo-as durante o dia. O calor armazenado na rocha
das encostas durante o dia é devolvido ao interior das habitações à noite,
garantindo CONFORTO TÉRMICO.
Arquitetura Vernacular
Fonte: https://www.turkchem.net/the-revival-of-vernacular-architecture.html
Arquitetura Vernacular
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/978920/como-francis-kere-usa-os-materiais-
para-responder-as-condicoes-climaticas-locais
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/978920/como-francis-kere-usa-os-materiais-
para-responder-as-condicoes-climaticas-locais
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/978920/como-
francis-kere-usa-os-materiais-para-responder-as-
condicoes-climaticas-locais
Com o objetivo de proporcionar um ambiente agradável e seguro para promover a troca de
conhecimento entre médicos especialistas, este projeto de acomodação segue um sistema
modular. O edifício é formado por uma parede de camada dupla feita de blocos de
concreto de origem local e blocos de terra estabilizados comprimidos (CEB). Além de
proporcionar integridade estrutural, as duplas camadas aumentam a massa térmica,
mantendo os interiores frescos durante o dia. Para proteger contra a degradação
associada às intempéries, um revestimento de gesso colorido cobre as paredes externas.
O piso e as paredes externas são feitas de pedra laterítica de origem local, que, segundo o
próprio Kéré, costumava ser rejeitada pela população local por ser vista como “um
material de gente pobre”. Projetos como esses, no entanto, serviram para superar o
estereótipo e demonstrar as possibilidades do material com as técnicas corretas de
construção.
O estilo internacional
O estilo internacional
Mies van der Rohe com sua Edifício Seagram, em NY (1958)
cortina de vidro criou o ícone de
edifícios de escritórios
Crown Hall, sede da faculdade de
arquitectura do Illinois Institute of
Technology (1933)
O estilo internacional
Seu formalismo clean foi seguido por várias gerações de profissionais que
internacionalizaram o que era distinto na economia.
O consequente edifício
“estufa” foi então exportado
como símbolo de poder
assim como sistemas
sofisticados de ar
condicionado e estruturas
de concreto, sem sofrer
adaptãções culturais e
climáticas.
Fonte: LAMBERTS, 1997
Arquitetura Contemporânea
Arquitetura Contemporânea
O Instituto do Mundo Árabe, de Jean Nouvel teve sua fachada mais importante
revestida com dispositivos em forma de diafragma remetendo à tapeçaria
árabe.
Estes elementos têm sua forma controlada eletronicamente, criando
diferentes condições de iluminação e oferecendo proteção contra o sol.
QUAL É O PAPEL DO ARQUITETO DO
PONTO DE VISTA DO CONFORTO
AMBIENTAL?
A forma/tipologia– papel do arquiteto
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/sehab-
concurso-renova-sao-paulo-02-05-2012.html
Orientação solar – papel do arquiteto
Orientação do vento – papel do arquiteto
Croqui esquemático – ventilação Hospital Sarah Fortaleza
Proteção solar – papel do arquiteto
Agência bancária e edifícios de
escritórios, Costa Rica
Arquiteto: Bruno Stagno
A caixa de concreto é envolvida
externamente por uma leve
estrutura metálica modulada,
que serve de suporte para o
crescimento de plantas.
trepadeiras
Conforto Ambiental – papel do arquiteto
em relação às fontes de ruído;
dos materiais componentes da envoltória do edifício;
do tipo, localização e dimensionamento de esquadrias;
do entorno urbano...
Sustentabilidade, porquê?
A análise do consumo de energia de uma edificação é tão importante para
o processo do projeto quanto qualquer das outras ferramentas utilizadas
pelos projetistas.
Por quê?
Atualmente existe uma série de leis que estão para entrar em vigor e classificam os
edifícios conforme suas caracterísitcas de eficiência. A Norma de Desempeno
15575 trata do desempenho dos elementos de uma edificação (pisos, paredes,
coberturas). Ela exige que esses elementos tenham características térmicas que são
classificadas como Mínima, Intermediário e Superior.
Além da Norma de Desempenho existe a etiqueta PROCEL de consumo de energia.
De uma forma análoga às etiquetas de aparelhos como geladeiras, ar-condicionado,
secador de cabelos e etc, as edificações também virão com uma etiqueta mostrando
se possui boa eficiência energética (baixo consumo de energia com o mesmo
desempnho) ou não.
O SELO LEED
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um protocolo de avaliação
e certificação de edificações conhecido e aceito internacionalmente. No Brasil ele vem
sendo chamado de Selo Verde.
Ele foi inicialmente concebido por um comitê, ligado ao USA Green Building Council,
visando encorajar e acelerar a adoção de práticas sustentáveis de edificações
ecologicamente corretas, criando e implementando padrões, ferramentas e
procedimentos aceitos e entendidos internacionalmente.
O selo traz diversas vantagens para os empreendimentos, como redução dos custos
operacionais em toda a vida útil (água e energia), melhora da qualidade interna (com o
aumento da luminosidade, diminuição do uso do ar-condicionado), valorização do
imóvel, além do reconhecimento da organização na aplicação dos conceitos
Relacionados à sustentabilidade, que é um grande diferencial de marketing.
O SELO LEED
Os critérios para a certificação LEED referem-se a essas cinco categorias: eficiência
energética, uso racional da água, materiais e recursos, qualidade ambiental
interna, epaço sustentável se inovações e tecnologias.
O valor atual para construções de um empreendimento sustentável certificado está
entre 2% a 7% a mais do que o custo de um empreendimento convencional. Em
contrapartida, os custos operacionais são em torno de 6% a 9% menores: os valores
gastos com água são reduzidos de 30% a 50%; com a energia, de 25% a 30%; e com a
gestão de resíduos, de 50% a 70%, o que compensa esse investimento inicial maior.
Em uma construção sustentável, esse retorno acontece entre 3 e 5 anos.
AQUA
É o primeiro referencial técnico brasileiro para construções sustentáveis. A AQUA – Alta
Qualidade Ambiental foi criada pela Fundação Vanzolini, inspirada pelo selo francês
HQE.
Eco-construção Conforto
- relação do edifício com o seu entorno - higrotérmico
- escolha integrada de produtos, - acústico
sistemas e processos construtivos e - visual e
- canteiro de obras com baixo impacto - olfativo.
ambiental.
Saúde
Gestão - qualidade sanitária dos ambientes;
- da energia - do ar e
- da água - da água.
- dos resíduos de uso e operação do
edifício e
- manutenção: permanência do
desempenho ambiental.
O SELO PROCEL
Calcula-se que quase 50% da energia elétrica produzida no país sejam consumidas não
só na operação e manutenção das edificações, como também nos sistemas artificiais,
que proporcionam conforto ambiental para seus usuários, como iluminação,
climatização e aquecimento de água.
O potencial de conservação de energia deste setor é expressivo. A economia pode
chegar a 30% para edificações já existentes, se estas passarem por uma intervenção
tipo retrofit (reforma e/ou atualização). Nas novas edificações, ao se utilizar
tecnologias energeticamente eficientes desde a concepção inicial do projeto, a
economia pode superar 50% do consumo, comparada com uma edificação concebida
sem uso dessas tecnologias. A possibilidade de aproveitar este potencial balizou a
reavaliação dos principais focos de atuação do PROCEL, o que resultou na criação do
subprograma, Procel Edifica, especialmente voltado à Eficiência Energética das
Edificações – EEE, aliada ao Conforto Ambiental - CA.
Fonte: http://www.eletrobras.com/elb/procel/main.asp?TeamID=%7BA8468F2A-
5813-4D4B-953A-1F2A5DAC9B55%7D
Fonte: Inmetro, 2010, apud FERNANDES, 2011
Programa Procel Edifica
Fonte: Ihttp://megacidades.ccst.inpe.br/sao_paulo/VRMSP/capitulo9.php
1,1ºC
Efeito das mudanças
climáticas sobre a saúde
humana
Fonte: Ihttp://megacidades.ccst.inpe.br/sao_paulo/VRMSP/capitulo9.php
Fonte: IPCC AR6
Sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/
Vencedor do 2º Concurso Internacional de Arquitetura Habitacional Sustentável- Living Steel
Arquitetura: Andrade Morettin Arquitetos (Arq. Vinícius Andrade, Arq. Marcelo Morettin)
Considerando que a qualidade do ambiente urbano na faixa tropical úmida depende
em grande medida de ventilação o modelo proposto prevê a implantação de blocos
isolados, dispostos de maneira a permitir o permanente fluxo de ar entre as
edificações. A sombra e a ventilação foram usados como recursos estratégicos para
prever maior conforto térmico, dispensando as soluções ativas ou mecanizadas
como a climatização. Por esta razão os espaços são fluidos, vazados. E como não há
estação fria nesta região, os fechamentos de vidro foram dispensados
A cobertura, como um para-sol com
grandes beirais, e as varandas, além de
sombrearem garantem boa proteção
contra as chuvas sem, no entanto,
impedir a ventilação.
A ventilação cruzada é garantida por
amplos interiores, divisórias internas à
meia altura e venezianas móveis,
desenhadas para bloquear a intensa luz
solar, mas para admitir o ar. A
movimentação das venezianas permite
controlar a velocidade do ar no interior
da unidade, bem como bloquear os raios
solares do poente e do nascente. Fonte: FERNANDES, 2011
Bibliografia consultada
1. FUNDAÇÃO VANZOLINI. Disponível em: http://www.vanzolini.org.br/default.asp
2. GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL. Disponível em: http://www.gbcbrasil.org.br/?p=home
3. LabEEE. Laboratório de Eficiência Energética em Edificações. Disponível em: www.labeee.ufsc.br.
4. LAMBERTS, Roberto et al.. Eficiência energética na arquitetura. São Paulo: P.W., 1997. 192 p. il.*
5. MASCARÓ, Lucia R. Energia na Edificação: estratégia para minimizar seu consumo. São Paulo, 1991.