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Nota Tecnica 01 2022

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Prefeitura do Município de São Paulo

Coordenação da Atenção Básica


Divisão de Saúde Mental

Nota Técnica 01/2022 - Orientações e fluxos sobre os processos de


cuidado, acolhimento noturno, internações voluntárias, involuntárias e
compulsórias em saúde mental e uso nocivo de álcool e outras drogas no
Município de São Paulo*
APRESENTAÇÃO
O cuidado em saúde mental e para pessoas com problemas decorrentes do uso
do álcool e outras drogas necessariamente demanda atenção integral e
longitudinal.
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Unidades Básicas de Saúde
(UBS) são as portas de entrada prioritárias para o atendimento em saúde mental
na cidade de São Paulo. Todos os equipamentos que integram a Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS) devem operar de maneira articulada e em conjunto
com os demais pontos, em perspectiva inter e intrasetorial.
A rede municipal conta atualmente com os seguintes equipamentos:
 468 UBS
 97 CAPS
o 33 CAPS Adulto
 Tipo II: 17
 Tipo III: 16
o 32 CAPS Álcool e Drogas (AD)
 Tipo II: 17
 Tipo III: 14
 Tipo IV: 1
o 32 CAPS Infantojuvenis (Ij)
 Tipo II: 25
 Tipo III: 7
 32 Equipes de Consultório na Rua (CnR)
 73 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)
 15 Unidades de Acolhimento Adulto (UAA)
 1 Unidade de Acolhimento Infanto Juvenil (UAij)
 24 Centros de Convivência e Cooperativa (CECCO)
 2 Pontos de Economia Solidária e Cultural (PESC)
 6 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) com plantão em psiquiatria;
 2 Pronto Socorros (PS) Municipais com plantão em psiquiatria;
 7 Serviços Integrados de Acolhida Terapêutica (SIAT )
o 2 SIAT I
o 2 SIAT II
o 3 SIAT III
 9 Hospitais Gerais com leito de psiquiatria

* Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da Cidade de São Paulo em 24 de junho
de 2022.
2

Os CAPS são os equipamentos com maior relevância estratégica na articulação


das ações de cuidado em saúde mental. Trabalham em regime de porta aberta,
isto é, sem necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento,
oferecendo acolhimento e tratamento multiprofissional aos usuários. O usuário
que procura o CAPS é acolhido e participa da elaboração de um Projeto
Terapêutico Singular (PTS), formulado de acordo com suas necessidades e
demandas.
A equipe multiprofissional atuante nos CAPS é integrada por médicos,
psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais,
educadores físicos, agentes redutores de danos e outros técnicos que se
encarregam de avaliar o quadro do usuário e conduzir o tratamento adequado
para cada caso.
O CAPS também atua no acolhimento às situações de crise, nos estados agudos
da dependência química e de intenso sofrimento psíquico.

Figura 1. Fluxo operacional Centros de Atenção Psicossocial.

A internação é um recurso orientado à preservação da vida, que deve ser


articulada em função de um objetivo específico e quando houver a necessidade
de cuidados intensivos, que só podem ser realizados em ambiente hospitalar.
3

Deve ser realizada quando esgotadas todas as possibilidades de cuidado no


território e durar o menor tempo possível.
É fundamental que a ação esteja integrada com as metas do PTS, já que o
procedimento encontra baixa resolutividade se realizado em resposta a uma
demanda isolada. Ressaltamos que é função do CAPS acompanhar o caso
durante esse período de internação, visando abreviar esse período e qualificar a
continuidade de cuidado, além de matriciar as equipes do ponto de urgência e
emergência visando também qualificar a assistência naquele ponto da RAPS.
Segue alguns exemplos que configuram risco elevado à vida, que exigem
suporte hospitalar para redução dos danos provocados pelo consumo de álcool
e outras drogas:
 Intoxicação aguda superdosada por substâncias psicoativas
(medicamentos, álcool e outras drogas) com repercussões clínicas e
rebaixamento do nível de consciência, e/ou agitação psicomotora e/ou
agressividade envolvendo risco para si ou terceiros;
 Violência auto provocada ou ideação suicida com planejamento
estruturado e/ou tentativa consolidada de suicídio em episódio recente.
Usuário com histórico de auto agressão que está ativamente tentando se
machucar ou sair do espaço para realizar o ato;
 Autonegligência grave e perda da capacidade de autocuidado com
repercussões clínicas: desnutrição, desidratação, alterações metabólicas,
infecções; e/ou outros transtornos mentais associados (distúrbios
alimentares, depressões graves, psicoses);
 Quadros psicóticos com delírios, alucinações e alterações do
comportamento associadas a confusão mental, ansiedade e
impulsividade com risco para si e/ou terceiros;
A avaliação médica quanto a necessidade da internação é sempre singular
revelando a soberania da clínica no caso concreto. Além do critério clínico, outras
condições de vulnerabilidade psicossociais devem ser consideradas como
agravantes dos acima citados no agravamento do risco:
o situação de rua;
o comorbidades psiquiátricas, histórico de outras internações e baixa
adesão ao tratamento territorial;
o vítima de violência ou discriminação em função de raça, gênero,
orientação afetiva, cor e origem;
o deficiência física ou intelectual;
o ausência de rede de apoio corresponsável: familiares, amigos, vizinhos,
acompanhantes, companheiro(a) afetivo;
o ausência ou baixa qualidade dos vínculos sociais: trabalho, estudo,
espaços comunitários ou religiosos;
o fácil acesso aos meios para agredir a si ou terceiros: armas de fogo,
instrumentos perfurocortantes, grande quantidade de medicamentos,
drogas ou venenos.
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Estados confusionais, alterações da consciência e do juízo crítico precisarão ser


identificadas durante a avaliação médica. Nessas situações o usuário pode não
dispor de plenas condições para responder e expressar a voluntariedade sobre
a necessidade de internação.
Com base na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 e outros marcos legais, a
internação deve ser considerada somente quando os recursos extra hospitalares
se mostrarem insuficientes no manejo da crise;
O tratamento terá como finalidade a reinserção social do paciente em seu meio.
A internação é vedada em instituições com características asilares, ou seja,
aquelas desprovidas dos recursos necessários para oferecer assistência integral
à pessoa portadora de transtornos mentais;
Será preconizado o tratamento humanizado, respeitoso com interesse exclusivo
de beneficiar a saúde, visando alcançar sua recuperação e a inserção na família,
trabalho e na comunidade. As intervenções devem ser orientadas à proteção
contra qualquer forma de abuso e exploração;
Ressaltamos a garantia de sigilo nas informações prestadas, o direito à presença
médica em qualquer tempo para esclarecer a necessidade das ações que
integram o PTS, inclusive a internação;
Durante o acolhimento o usuário deve dispor de livre acesso aos meios de
comunicação, receber as informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento de forma ampla e aberta;
O tratamento deve der conduzido em ambiente terapêutico pelos meios menos
invasivos possíveis.
A família, ao demandar a internação, precisará ser acompanhada em suas
necessidades, amplamente orientada sobre a gravidade implicada no caso e
sobre o processo de cuidado longitudinal que deverá seguir nos equipamentos que
integram as Redes de Atenção Psicossocial (RAPS) após a alta.

O CUIDADO INTENSIVO
Diante da necessidade de cuidados mais intensivos, há quatro possibilidades
interventivas: acolhimento noturno em CAPS III ou IV; internação hospitalar
voluntária, internação hospitalar involuntária e internação compulsória:

Acolhimento Noturno
Procedimento realizado nos CAPS adulto, AD e infantojuvenil, modalidades III
ou IV.
Se refere a uma estratégia de cuidado e proteção prioritária nas situações de
crise que não necessitam de suporte hospitalar constante. Articulada conforme
5

avaliação da equipe multiprofissional. Pode se estender até o limite de 14


dias.
Ao longo do acolhimento, se não houver remissão ou o caso indicar aumento
da gravidade deve ser solicitada vaga em hospital geral.
A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico
circunstanciado que caracterize seus motivos

Internação Voluntária
Se dá em função de avaliação médica, com o consentimento do usuário. O
usuário ao concordar voluntariamente com sua internação deve assinar, no
momento da admissão, a declaração de opção voluntária por essa condição de
tratamento.
O término da internação se dará por solicitação escrita do paciente ou por
determinação do médico.

Internação Involuntária:
Conforme a Lei 13.840, de 5 de maio de 2019 e a Lei 10.216 /2001
anteriormente citada, se dá a partir de avaliação médica, sem o
consentimento do usuário, podendo ser a pedido de familiar ou do responsável
legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da
assistência social ou dos órgãos públicos, com exceção de servidores da área
de segurança pública, que constate a existência de motivos que justifiquem a
medida.
A comunicação deverá ser feita ao Ministério Público Estadual pelo
responsável técnico em até 72 horas após a entrada do paciente no hospital no
site: https://sismpapp.mpsp.mp.br/interna/internacao.asp
O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar,
ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo médico responsável pelo
tratamento. A alta também deverá ser comunicada ao Ministério Público.
O laudo médico é parte integrante da Comunicação de Internação Psiquiátrica
Involuntária, a qual deverá conter obrigatoriamente as seguintes informações:
 identificação do estabelecimento de saúde;
 identificação do médico que autorizou a internação;
 identificação do usuário e do seu responsável e contatos da família;
 caracterização da internação como voluntária ou involuntária;
 motivo e justificativa da internação;
 descrição dos motivos de discordância do usuário sobre sua internação;
 CID;
 informações ou dados do usuário, pertinentes à Previdência Social
(INSS);
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 capacidade jurídica do usuário, esclarecendo se é interditado ou não;


 informações sobre o contexto familiar do usuário;
 previsão estimada do tempo de internação.

Figura 2. Fluxo para solicitação de internação hospitalar voluntária e


involuntária

Internação Compulsória
Acontece unicamente por determinação judicial. Quando recebida a notificação,
as interlocuções de saúde mental nas Supervisões Técnicas de Saúde (STS)
deverão articular as equipes necessárias para localização do usuário, avaliação
clínica, remoção, apoio e vinculação ao longo da hospitalização:
 CAPS
 UBS
 Consultório na Rua
 SAMU
 GCM (quando estritamente necessário em caráter de apoio)
 PS /UPA /Porta de urgência em Hospital Geral
 Leito de psiquiatria em hospital geral
7

O encerramento da internação compulsória é condicionado à


manifestação judicial e outras eventuais condições expressas no
processo.

Figura 3. Fluxo para solicitação de internação hospitalar compulsória

REFERÊNCIAS
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a
proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 9 abr. 2001. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. Acesso em: 13
jun. 2022.

______. Ministério da Saúde. Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002.


Brasília, DF. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html.
Acesso em: 13 jun. 2022.

______ Ministério da Saúde. Portaria nº 2.391 /GM /MS, de 26 de dezembro de


2002. Regulamenta o controle das internações psiquiátricas involuntárias (IPI)
8

e voluntárias (IPV) de acordo com o disposto na Lei 10.216, de 6 de abril de


2002, e os procedimentos de notificação da Comunicação das IPI e IPV ao
Ministério Público pelos estabelecimentos de saúde, integrantes ou não do
SUS. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/MatrizesConsolidacao/com
um/15791.html. Acesso em: 13 jun. 2022.

______. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 3.088, de 23 de dezembro de


2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou
transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Sistema Saúde
Legis, Brasília, DF, 23 dez. 2011. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.
html. Acesso em: 13 jun. 2022.

______. Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019. Aprova a Política Nacional


sobre Drogas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 abr. 2019. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/decreto/D9761.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%209.761%2
C%20DE%2011,que%20lhe%20confere%20o%20art.

______. Lei nº 13.840, de 5 de junho de 2019. Altera as Leis nos 11.343, de 23


de agosto de 2006, 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 9.250, de 26 de
dezembro de 1995, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 8.981, de 20 de janeiro
de 1995, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de
1993, 8.069, de 13 de julho de 1990, 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e
9.503, de 23 de setembro de 1997, os Decretos-Lei nos 4.048, de 22 de janeiro
de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e 5.452, de 1º de maio de 1943, para
dispor sobre o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e as
condições de atenção aos usuários ou dependentes de drogas e para tratar do
financiamento das políticas sobre drogas. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
6 jun. 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/lei/L13840.htm. Acesso em: 13 jun. 2022.

SÃO PAULO[Município]. Portaria conjunta SGM/ SMADS/ SMS /SMDET nº 4,


de 25 de junho de 2019. Regulamenta o Serviço Integrado de Acolhida
Terapêutica - SIAT no âmbito do Programa Redenção, estabelece cooperação
técnico administrativa para sua implementação e governança compartilhada e
dá outras providências. Diário Oficial da Cidade de São Paulo, São Paulo, SP,
25 jun. 2019. Disponível em:
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/governo/redencao/P
ORTARIA_04_SGM_SMADS_SMS_SMDET_SIAT_V_PUBLICADA.pdf.
Acesso em: 13 jun. 2022.
9

__________ [Município]. Portaria Secretaria Municipal da Saúde – SMS nº 342,


de 26 de setembro de 2019. Define e regulamenta o serviço Caps infantojuvenil
(ij) III, com funcionamento 24h, no município de São Paulo. Diário Oficial da
Cidade de São Paulo, São Paulo, SP, 26 set. 2019. Disponível em:
https://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/portaria-secretaria-municipal-da-
saude-sms-342-de-26-de-setembro-de-2019/consolidado. Acesso em: 13 jun.
2022.

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