MOBILIDADE URBANA
E TRANSPORTE
PROF MA MICHELLE MENDONÇA DE AGUIAR OLIVEIRA
2024
1
Manaus é uma das cidades com pior
índice de calçadas disponíveis para a
população, segundo ranking nacional
apresentado por uma consultoria no
Senado em 2020, e a situação só piorou
de lá para cá. A área destinada aos
pedestres nas vias públicas da capital
sofre com dois tipos de problemas: a
inexistência ou a ocupação irregular.
Na região Central e em ruas comerciais, como no
Vieiralves e Parque 10, na Zona Centro Sul,
Leopoldo Neves, no Educandos, Zona Sul, e
Brigadeiro Hilário Gurjão (Fuxico), no Jorge
Teixeira, Zona Leste, são flagrantes os casos de
ocupação irregular das calçadas por comerciantes.
Nestes locais, conforme o Instituto Municipal de
Planejamento Urbano (Implurb), a prática dos
comerciantes é colocar os produtos direto nas
calçadas ou ocupá-las com engenhos de
publicidade (placas e banners).
A obstrução deste tipo de logradouros públicos
oscila entre primeiro e segundo lugar no ranking
das maiores denúncias feitas ao Implurb, que tem
a responsabilidade de realizar operações de
fiscalização para coibir este tipo de irregularidade
urbana.
2
De acordo com o Engenheiro e ex-presidente do órgão, Cláudio
Guenka, há uma questão cultural na ocupação ilegal das
calçadas por comerciantes de Manaus, que veem nelas uma
extensão das próprias residências.
Durante a gestão de Guenka foi lançada a cartilha Calçada
Legal, que orienta os moradores sobre como construir uma
calçada, qual melhor material e o que não usar na construção ou
reforma. Trata também dos usos e proibições.
A esse componente cultural, conforme dizia o arquiteto Claudio
Nina, soma-se um ingrediente econômico, pois embora as
calçadas sejam um logradouro público, portanto de todos; a
construção e manutenção é uma obrigação do proprietário do
imóvel.
É o que determina o artigo 36 do Código de
Postura, parágrafo único:
“Cabe ao proprietário realizar as obras
necessárias ao calçamento e conservação do
passeio correspondente ao imóvel”.
Calçadas inexistentes ou irregulares
3
A responsabilidade de construir as próprias calçadas agrega para Manaus um outro elemento
negativo: cada um faz do seu jeito, sem respeitar normas técnicas e causam com isso uma
irregularidade que torna impossível a mobilidade para cadeirantes ou pessoas com mobilidade
reduzida (idosos), por exemplo.
Outro aspecto mostra que a maioria dos moradores de bairros, por exemplo, simplesmente não
cumpre com a obrigação de construir as calçadas, optando por edificar a casa até o limite do terreno.
Nestes dois casos, o morador está infringindo o Código de Posturas do Município, um dos capítulos
da Lei Orgânica de Manaus (Lomam), que é a constituição do município. No artigo 38 o Código de
Posturas estabelece:
“Logradouros públicos deverão atender às normas gerais e critérios básicos para a promoção de
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida”.
A Associação dos Deficientes Físicos do Amazonas (Adefa) cobra há anos
uma ação da prefeitura para que as calçadas tenham uma padronização e
facilite assim a mobilidade, o que evitaria a invasão da pista de rolamento.
“Essa é a situação mais comum em bairros, onde o calçamento é precário e
somos obrigados a dividir, perigosamente, o espaço com os carros. Em
conjuntos habitacionais o problema é a falta de padronização, pois um
morador faz a calçada com um tipo de piso, outro faz com outro tipo. Um faz a
calçada com dez centímetros de altura, outro faz com 15. É uma loucura”,
conta Cinthia C. , cadeirante ligada a Adefa.
O que diz a lei sobre calçadas
Sobre a ocupação irregular, a Código estabelece que nenhuma via pode
ser obstruída por nenhum modo sem autorização prévia da Prefeitura,
quando a legislação permite.
Nos casos de irregularidade, o proprietário é notificado e no
descumprimento, o responsável estará sujeito a outras sanções previstas
em lei, como aplicação de multas, apreensões e até mesmo demolição. As
demolições mais comuns são de muretas, muros, degraus e obstáculos
construídos no passeio, que impedem o trânsito livre de pessoas.
4
Outra regra estabelecida no código determina que as calçadas
“devem ser livres de qualquer entrave, ou obstáculo, fixo ou
removível, que limite ou impeça o acesso, a liberdade de
movimento e a circulação com segurança das pessoas,
disponibilizando uma faixa livre com largura mínima de 1,50
metro”. Operações de carga e descarga também são proibidas
pelo Código de Posturas.
De acordo com o Implurb, além da cartilha Calçada Legal, o
órgão também disponibiliza assessoramento técnico para
proprietários ou grupo de moradores que queiram construir as
calçadas dentro das normas técnicas.
Manaus tem alguns poucos locais exemplares para acolher os
pedestres. Mas o panorama geral da capital amazonense é de total
abandono de calçadas, sinalização e demais equipamentos de apoio ao
pedestre.
É o que diz o relatório de 2019 da campanha Calçadas do Brasil 2019,
realizada pelo portal Mobilize Brasil. A cidade ficou em 15º lugar no
ranking das capitais, com nota 5,71, a mesma da média nacional, ainda
assim muito abaixo da nota 8 considerada mínima para um caminhar
seguro e confortável.
“Estamos longe de ser uma cidade caminhável: as
calçadas são desconectadas, cada um usa seu próprio
critério para construir o passeio e o resultado é uma
bagunça. Nos órgãos públicos é que se tem alguma
possível adequação, mas ainda não é o correto.
Encontrei calçadas ‘públicas’ completamente
abandonadas e algumas totalmente fora do padrão.
E isso em edificações dos três níveis de governo, mas
especialmente nos equipamentos da Prefeitura de
Manaus”, a ativista Navratinova Evert Cardonha, que
realizou as 21 avaliações na capital do Amazonas.
5
Entre as melhores avaliações de Manaus está a orla
da Ponta Negra – considerada a 3ª melhor do Pais -, o
Largo São Sebastião e o Teatro Amazonas. Entre as
piores, a calçada da Universidade do Estado do
Amazonas (UEA), na Avenida Darcy Vargas, no
Terminal de Integração 1, na Avenida Constantino
Nery e no Teatro da Instalação, na Rua Frei José dos
Inocentes, no Centro Antigo.
PONTA NEGRA
LARGO SÃO SEBASTIÃO E TEATRO AMAZONAS
UEA - DARCY