Curso: Psicologia
Disciplina: Psicanálise II
Professora: Ricardo Torri
Nome completo: Luana Rodrigues da Silva Alves
Luto e Melancolia:
No texto luto e melancolia, Freud faz um paralelo entre esses
dois estados apontando a semelhança e diferença entre os dois numa
perspectiva psicanalítica. Segundo o autor, o luto é o processo que se
dá com a perda de um ente querido, ou algo que ocupou o lugar dessa
pessoa amada por tempos, o que ele nomeia de objeto. De modo mais
comum, essa perda acontece provinda da morte, sendo então uma perda
real, corporal e física. No luto a pessoa reage a perda desse objeto
amado se anulando de tudo aquilo que o faça lembrar, o interesse pelo
mundo externo se perde e a recusa de buscar um novo objeto de amor
se faz presente. Toda a libido depositada no objeto perdido necessita
ser retirada e transportada para outro, mas isso ocorre gradualmente no
luto, pois há uma recusa do enlutado em abrir mão desse outro perdido,
prolongando assim a sua existência.
No que diz respeito à melancolia, Freud nos explica que o
processo, assim como o luto, se dá por uma perda. Mas diferente do
luto, na melancolia não se sabe (não é consciente) qual o objeto
perdido, ou como. Além disso, o processo tende a ser muito mais lento
do que no luto, muito mais árduo e penoso. Há um embate com o ego,
desse modo, a pessoa perde o interesse por si própria ao invés de
conduzir isso para o mundo externo. É comum na melancolia a pessoa
dirigir a si mesma de maneira depreciativa, pejorativa e autocrítica,
Freud (1917, p.252) chega a dizer no texto:
“...Quando, em sua exacerbada autocrítica; apenas, ele se
descreve como mesquinho, egoísta, desonesto, carente de
independência, alguém cujo único objetivo tem sido ocultar
fraquezas de sua própria natureza, pode ser, até onde sabemos, que
tenha chegado bem perto de se compreender a si mesmo; ficamos
imaginando, tão-somente, por que um homem precisa adoecer para
ter acesso a uma verdade dessa espécie.” (FREUD, 1917, p. 252)
Isso ocorre pois há uma identificação narcisista com o objeto de
amor, o ego o incorpora, o introjeta. Toda hostilidade com ele volta
para si, de modo que, apesar do conflito, não é preciso renunciá-lo.
Sabendo disso, é possível compreender porque nesses casos a tendência
ao suicidio aparece, o que Freud vai nos dizer é que o suicidio ocorre
devido ao retorno da catexia objetal, quando o ego dirige toda a sua
hostilidade e desprezo a si, tratando a si mesmo como o objeto real de
repulsa querendo assim destruí-lo, matá-lo, livrar-se dele.
Podemos concluir então que no luto o processo de separação da
libido e do objeto ocorre no seu percurso normal, consciente, pois o
enlutado sabe o que foi perdido. Já na melancolia, a ambivalência de
amor e ódio ficam mais evidentes, de um lado procura separar-se do
objeto ie do outro de defendê-lo, de maneira inconsciente.
Referência:
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia, 1917 [1915]. A história do movimento
psicanalítico. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 243-263. (Edição standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 14).