FISIOPATO ENDÓCRINO
DIABETES MELITUS
• Grave problema de saúde pública. Está aumentando na
população (mais obesos, maior tempo de vida).
• Maioria é diabetes tipo II.
• Diabetes é a maior causa de cegueira, insuficiência renal, IAM,
AVC, amputação de membros inferiores.
• É uma anormalidade na regulação da glicose sanguínea e no
depósito de nutrientes devido a deficiência absoluta de insulina ou
resistência a ações da insulina.
• Controle hormonal no armazenamento e metabolismo dos
nutrientes
• A ingesta e o depósito de nutrientes na forma de tecido adiposo
têm papel importante no desenvolvimento àResistência
insulínica (RI), Síndrome metabólica (SM), Diabetes mellitus II (DMII)
• Metabolismo e armazenamento de nutrientes
• O organismo utiliza glicose e ácidos graxos como combustível para sua necessidade de energia.
• O Fígado, juntamente com a insulina e outros hormônios é que controla o depósito e a mobilização dos suprimentos de
energia.
CONTROLE HORMONAL NO ARMAZENAMENTO E METABOLISMO DOS NUTRIENTES
• A ingesta e o depósito de nutrientes na forma de tecido adiposo têm papel importante no desenvolvimento de Resistência
Insulínica (RI), síndrome metabólica (SM), diabetes mellitus II (DM tipo II).
• O organismo utiliza glicose e ácidos graxos como combustível para sua necessidade de energia.
• Fígado: com a insulina e outros hormônios controla o depósito e a mobilização dos suprimentos de energia.
GLICOSE
• Molécula de seis carbonos: combustível eficiente.
• Glicose é a única fonte enérgica para o cérebro e SNC.
• Cérebro requer um contínuo suprimento de glicose a partir da circulação (não sintetiza nem deposita glicose além de poucos
minutos).
• Hipoglicemia moderada a severa: leva à dando cerebral e até morte.
• Fonte de glicose: Sangue.
• Valor normal glicose: 80-90mg/dl.
• Fonte de energia: ingesta de glicose.
• Após uma refeição: aumento de glicose + insulina secretada.
o 2/3 glicose ingerida na refeição à depósito no fígado em forma de glicogênio.
o Convertida à gordura na saturação dos depósitos de glicogênio no fígado e músculo esquelético.
o E assim é convertida em ácidos graxos no fígado e depositada como triglicerídeos no tecido adiposo.
• Entre as refeições:
o Fígado: libera a glicose a partir do glicogênio para manter níveis normais de glicose sanguínea: glicogenólise.
o Músculo esquelético: tem depósitos de glicogênio, mas não tem a enzima glicose—6-fosfatase que quebra a glicose
e faz com que ela alcance a corrente sanguínea: limita sua ação.
o Fígado também sintetiza glicose a partir de aminoácidos, glicerol e ácido láctico: gliconeogênese (pode ser liberada
no sangue ou depositada em forma de glicogênio).
GORDURAS
• Forma mais eficiente de depósito de energia.
• Produz 9kcal/g enquanto carboidrato e proteína 4kcal/g.
• Triglicerídeo: 1 molécula de glicerol + 3 de ácido graxo.
• Lipases agem nos triglicerídeos e liberam os ácidos graxos e o glicerol.
• Glicerol entra na via glicolítica e é utilizado como energia ou para produzir glicose.
• Ácidos graxos servem de combustível pelos tecidos (exceção: cérebro, tecido nervoso, hemácias).
• Fígado: ocorre a degradação dos ácidos graxos:
o Parte utilizada como energia;
o Parte convertido em cetonas.
• No jejum e no DM: grande quantidade de cetonas (ácidos orgânicos) são liberados no sangue o que leva à cetoacidose.
PROTEÍNAS
• Essenciais na formação de todas estruturas: gens, enzimas, músculos, matriz óssea, hemoglobina.
• A maioria dos aminoácidos estocados formam as proteínas.
• O excesso é convertido a ácidos graxos, cetonas ou glicose e depois utilizado como combustível.
• O organismo quebra as proteínas em aminoácidos que são os substratos da gliconeogênese nos períodos de necessidade
metabólica.
CAROL TEZOLIN 15
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HORMÔNIOS REGULADORES DA GLICOSE
• Pâncreas:
o Ácinos: produzem sucos digestivos que agem no duodeno.
o Ilhotas: amilina e insulina.
o Cél alfa produzem glucagon (hiperglicemiante).
o Celula beta: insulina
o Cél delta produz somatostatina.
o Cél PP: polipetídeo pancreático.
• Hormônios gastrointestinais e hormônios contrarreguladores.
INSULINA (pós refeição)
Hormônio que age em 3 principais setores: tecido adiposo;
fígado e musculo.
Ações
• Promove a captação de glicose pelas células alvo e
estoca como glicogênio.
• Previne a quebra de glicogênio e gordura
• Aumenta a síntese proteica e inibe a Gliconeogênese.
• Promove o armazenamento de gordura ao transportar
a glicose para dentro da célula, facilitando a síntese
de triglicerídeos.
• Inibe a quebra da proteína e estimula a síntese por
aumento do transporte dos aminoácidos para o interior
das células
• Quando existe quantidades suficientes de glicose e insulina, a quebra de proteínas é mínima pois o corpo é hábil em usar
glicose e gordura como fonte de energia.
• Efeitos diretos da insulina: Diminui a glicogenólise; Diminui a gliconeogênese.
• Efeitos indiretos da insulina: Diminui o fluxo de ácidos graxos livres para o fígado. Diminui secreção de glucagon.
• Resistência insulínica: a capacidade da insulina em suprimir a lipólise no tecido adiposo e a secreção de glucagon pelas
células alfa resulta em aumento da gliconeogênese. O comprometimento da insulina em inibir a glicogenólise produz tanto
resistência insulínica hepática quanto periférica.
Estrutura pro insulina
• A insulina consiste de 2 cadeias polipeptidicas retas chamadas cadeia A e B,
conectadas por 2 pontes dissulfidicas.
• A insulina e o peptideo C ficam estocados em grânulos secretórios e liberados
simultaneamente da célula beta.
• O peptideo C pode ser mensurado clinicamente e sua medida pode ser utilizada no
estudo da função da célula Beta.
• Diabetes tipo 2 com pouca ou sem função da celula B mostram niveis baixos de
peptideo C (e assim provavelmente necessitará de insulina)
• No diabetes tipo 2 com pouca ou sem função da célula B mostram níveis baixos de
peptídeo C e assim provavelmente necessitará de insulina.
Secreção da insulina
• Glicose sanguíneaàpapel importante na secreção da insulina
• 1ª fase (fase rápida): pico maior (5min) e duração menor
(20min). Resulta da liberação de grânulos pré-formados de
insulina
• 2ª fase: duração mais prolongada. Reflexo da produção e
secreção de insulina recém-formada.
• Secreção de insulina pelas células Beta
• Estímuloà glicose que chega da circulação portal, que leva a glicose absorvida no intestino ao fígado 50% é degradada e
utilizada ou armazenada.
• Glicose no sangue faz ligação com os tecidos periféricosà fígado ou rins: meia vida de 15 minutos
• Para iniciar sua ação ela tem que se ligar a receptor de membrana.
Receptor de insulina
• Secreção das células beta de insulina à circulação portal à fígado 50%
degradada ou utilizada.
• Meia vida de 15 minutos: ligação com os tecidos periféricos ou fígado ou rins.
• Para iniciar sua ação ela tem que se ligar ao receptor de membrana.
• Receptor de insulina e mecanismo de ação:
• O receptor de insulina é composto de 4 subunidades (unidos por pontes de
sulfeto):
o 2 subunidades maiores: ALFA que ficam no exterior da célula e duas
BETA que estão dentro da membrana celular.
CAROL TEZOLIN 16
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o A subunidade beta contém uma enzima kinase que se ativa durante a ligação da insulina ao seu receptor.
o A ativação da enzima quinase resulta em autofosforilaçao da subunidade beta, o que ativa algumas enzimas (e
outras são inativadas) e assim direciona as ações da insulina no metabolismo de glicose, ptn e gorduras.
Insulina no músculo e adipócito
• A membrana plasmática é
impermeável à glicose que precisa
então de transportadores de glicose
para movê-la do sangue para o
interior da célula. Estes
transportadores transportam a
glicose por difusão. Existe uma
família de transportadores de glicose
chamados GLUT 1 e 2.
• GLUT 4 é o transportador de glicose
dependente de insulina no tecido
adiposo e musculo.
• A partir da sinalização da insulina, o
GLUT 4 se move do sítio aonde ele
era inativo até a membrana celular
aonde facilita a entrada da glicose.
• GLUT 2 ocorre nas cél. Beta e fígado:
tem baixa afinidade por glicose e atua
apenas quando há níveis altos de
glicose (após refeições).
• GLUT1 está em todos tecidos, não
requer a ação da insulina, é
importante no transporte de glicose
para as cel. do sistema nervoso.
GLUCAGON (jejum)
• Polipeptídio
• Ação: manter glicose sanguínea entre as refeições e os períodos de jejum
• Hormônio hiperglicemiante
• Como os estoques de glicogênio no fígado são limitados, a gliconeogenese é importante para manter a glicemia.
• Glicogenolise: sequencia de eventos em cascata com amplificação, pequenas quantidade de glucagon libera grandes
quantidades de glicose
• Gliconeogénese: mais captação de aminoácidos pelo fígado e maior conversão de aminoácidos em glicose
• Outros efeitos: aumenta a lípase nos adipócitos, diminui armazenamento de triglicerídeo no fígado
DIABETES MELLITUS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO DM:
• Poliuria: quando a glicose no sangue é elevada, a quantidade
que é filtrada pelos glomérulos excede a que pode ser
reabsorvida pelos túbulos renais, resultando em glicosúria com
grandes perdas de água na urina.
• Polidipsia: resulta da desidratação celular que ocorre na
hiperglicemia e saída de água das células, inclusive do centro
da sede hipotalâmico.
• Polifagia: ocorre no DM1 por depleção dos depósitos de
gordura, glicose e proteína.
• Perda de peso: DM1 descompensado. Pela diurese osmótica.
Deficiência de insulina que leva o organismo a utilizar seus
estoques de gordura e proteínas como fonte de energia.
• Obesidade: DM2.
• Visão embaçada (devido aos fluidos hiperosmolares): as lentes
oculares e a retina são expostos a fluidos hiperosmolares
• Fadiga, fraqueza: menor fluido plasmático
• Parestesias: disfunção dos nervos sensoriais periféricos
• Infecções: pele, vulvovaginite, balanopostite
TRATAMENTO: Plano nutricional, Atividade física, Agentes antidiabéticos orais e injetáveis, Transplante de ilhotas pancreáticas
Teste de urina àSão obsoletos. Refletem apenas níveis de glicosuria, com várias influências, por ex: limiar renal da glicose, ingesta
de líquidos, concentração da urina, uso de drogas e metodologia. Determinação de cetonas na urina: uso em DM tipo 1 no
monitoramento em pacientes com risco de ter cetoacidose diabética (CAD).
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DIABETES MELLITUS TIPO I
• Destruição das células beta do pâncreas.
o Acomete 5-10% dos diabéticos.
• Tipo 1A: usualmente por processo autoimune (90-95%).
• Tipo 1B: forma idiopática de causa desconhecida.
• A destruição das células é variável: mais rápido em crianças e adolescentes e pode ter como primeira manifestação a
cetoacidose diabética (CAD).
• Outros tem modesta elevações da glicemia de jejum e sob estresse evoluir para hiperglicemia e CAD.
• Alguns tem uma reserva de células beta suficiente para prevenir a CAD por anos.
• Lembrar: Destruição das células beta + perda de insulina à CAD (cetoacidose diabética).
• Ação da insulina inibe a lipólise + a liberação de ácidos graxos livres do adipócito.
• SENDO ASSIM: A falta de insulina ocasiona cetose por liberação dos ácidos graxos do tecido adiposo para o sangue e
conversão a cetonas no fígado.
• Todos pacientes com DM tipo I tem que usar insulina exógena para controle da glicose e prevenção da acidose.
• Resulta de fatores genéticos + fatores ambientes pouco estabelecidos.
• O risco de se desenvolver DM1 é cerca de 0,4% e a grande maioria não tem parente de primeiro grau com a doença.
• Gêmeos monozigóticos de pacientes com DM1 tem um risco de desenvolver a doença ao longo da vida em torno de 50%
• Nos dizigóticos, a taxa de concordância é cerca de 6%(similar a de irmãos não gêmeos).
• Destruição auto imune das células beta.
• Possíveis causas:
o Predisposição genética (poligênica).
o Fator meio ambiente desencadeante (por ex.: infecção) pouco definidos.
o Reação de hipersensibilidade mediada por linfócito T contra algum antígeno da célula beta.
• DM tem padrão clássico poligênico:
o + de 90% apresentam haplótipos HLADR3 e/ou DR4 (os gens HLA são os maiores determinantes na etiologia).
IMPORTANTE!!
o Os genes HLA podem estar associados à proteção da doença como é o caso do HLADR2.
o As infecções servem como gatilho da autoimunidade. Ex.: caxumba, sarampo, varicela, coxsackie, vírus Echo.
• Imunidade humoral:
o Auto anticorpos podem ocorrer por anos antes de mostrar a hiperglicemia.
o Anticorpos são marcadores do processo auto-imune.
o Tipos de auto anticorpos:
§ Anticorpos anti-ilhota (Islet Cell Antibody = ICA),
§ Antiinsulina (Insulin Auto Antibody = IAA).
o Outros:
§ Anti-desidrogenase do ácido glutâmico (Glutamic Acid Decarboxylase =GAD) e anti-insulinoma (IA2): são
sub frações do ICA.
§ ICA são anticorpos do tipo IgG que reagem com todos os componentes das ilhotas.
o Testes para identificar GAD ou IA-2 e IAAs: identificar novos ou futuros casos de DM tipo 1.
o O IAAS pode preceder os outros anticorpos e pode ser o único presente na época do diagnóstico.
o Estes pacientes podem ter associação com outras doenças autoimunes: doença de Graves, artrite reumatoide,
doença de Addison.
o Quando indicar a medida de anticorpos:
§ Definir o tipo de diabetes em pacientes com o diagnóstico já estabelecido.
§ Para evitar o início de tratamento equivocado com agentes orais no diabetes tipo I.
§ Familiares de primeiro grau de pacientes com diabetes tipo I para identificar os indivíduos com maior risco
de desenvolverem diabetes.
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FISIOPATO ENDÓCRINO
Período de Lua de Mel:
• Após início do diabetes tipo I.
• Curto período de regeneração das células beta com desaparecimento dos sintomas
e diminuição ou até ausência do uso de insulina.
• Tambem conhecido como idiopatico
DIABETES MELLITUS TIPO 1A
• Destruição autoimune das células Beta
• Predisposição genética
• DM tem padrão clássico poligênico: os gens HLA são os maiores determinantes da
doença, porém também estão associados a proteção contra a doença:
• Principais genes determinantes: > 90% apresentam haplótipos HLADR3 e/ou
HDLDR4.
• Principal gene protetor: HLADR2.
• Fatores ambientais, pouco definidos
• As infecções que servem como gatilho de autoimunidade são: caxumba, sarampo, varicela, coxsackie, vírus Echo
• Reação de hipersensibilidade mediada por linfócito T contra algum antígeno da célula Beta.
• DM I àimunidade humoral à AUTO ANTICORPO
• Auto anticorpos podem ocorrer por anos antes de mostrar a hiperglicemia ou outros sintomas.
• São marcadores do processo auto-imune
• Tipos de auto anticorpos:
• Anti-corpo anti-ilhota (Islet Cell Antibody = ICA),
• Anti-insulina (Insulin Auto Antibody = IAA)
• Anti-desidrogenase do ácido glutâmico (Glutamic Acid Decarboxylase = GAD)
• Anti-insulinoma (IA2): são sub frações do ICA
• ICA são anticorpos do tipo IgG que reagem com todos os componentes das ilhotas.
• Testes para anticorpos GAD ou IA-2 e IAAs: identifica novos ou futuros casos de DM tipo 1.
• O IAAS pode preceder os outros anticorpos e pode ser o único presente na época do diagnóstico.
• Pacientes DM tipo IA podem ter associação com outras doenças autoimunes: doença de Graves, artrite reumatoide, doença
de Addison
• Quando indicar a medida dos anticorpos ??
• Para definir o tipo de diabetes em paciente já com o diagnóstico estabelecido.
• Para evitar o início de tratamento equivocado com agentes orais nos diabetes tipo1.
• Útil: em familiares de 1º grau de pacientes com diabetes tipo1 para identificar os indivíduos com maior risco de desenvolverem
diabetes.
DIABETES MELLITUS TIPO 1B
• Também chamado de idiopático.
• Sem evidência de presença de autoimunidade.
• Maioria descendente de africanos ou asiáticos.
• Forte herança.
• Apresentam quadros de CAD episódica com graus variáveis de deficiência insulínica.
DIABETES MELLITUS TIPO 2
• 90-95% dos casos: adultos e sobrepeso.
• Atualmente: crianças e adolescentes obesos (embora o tipo 1 seja mais frequente nessa fase).
• Ocorre deficiência relativa de insulina.
Patogênese do DM2
• Fatores genéticos + fatores ambientais.
• 50% das células beta estão destruídas na época do diagnóstico.
• Perda progressiva (cerca de 4% ano) mesmo com a resistência insulínica estável.
• Natureza poligênica.
Mecanismos:
1. Resistência periférica à ação da insulina.
2. Defeito progressivo na secreção pancreática de insulina.
3. Resistência à ação e redução na secreção de incretinas gastrointestinais.
4. Aumento da reabsorção tubular renal de glicose (diminuição da excreção)
1. RESISTÊNCIA PERIFÉRICA A ACAO DA INSULÍNICA
• A RI se manifesta pela redução de transporte e metabolismo da glicose nos músculos esqueléticos, adipócitos e por
aumento de produção hepática de glicose.
• A RI é geralmente o fator fisiopatológico inicial no desenvolvimento da DMII, com início frequentemente anos antes da
consolidação da doença.
• Funciona como fator preditor do desenvolvimento do DM.
CAROL TEZOLIN 19
FISIOPATO ENDÓCRINO
• Sobre influência de diversos fatores: idade, sexo, etnia, atividade física, obesidade, alimentação rica em gordura,
sedentarismo.
• Estudos mostram que a prevalência de indivíduos resistentes à insulina chega a quase 25% da população geral não
diabética.
Mecanismos:
• Adipócitos: há aumento de lipólise com maiores
níveis de ácidos graxos livres (AGL) circulantes.
• Músculo: maiores níveis de AGL + redução de
receptores GLUT4 à menor captação de glicose
e menor síntese de glicogênio pelo tecido
muscular esquelético.
• Fígado: aumento de fluxo de AGL.
• A gordura visceral é um tecido que produz e
aumenta a concentração sérica de citocinas
inflamatórias sistêmicas (como o TNF-alfa, INF-
gama, IL-1, IL-6, dentre outras) com menor meia
vida dos receptores de insulina.Quanto maior a
quantidade de gordura visceral, menor será a
produção de citocinas protetoras (como a
adiponectina: fator protetor para doenças
cardiovasculares e aumenta a sensibilidade à
insulina).
2. SECREÇÃO INADEQUADA DE INSULINA PELAS CÉLULAS BETA PANCREÁTICAS
• Hiperglicemia crônica à redução da massa de células beta à
aumento da demanda e alteração na função das células beta
residuais.
• Dentre os fatores envolvidos no declínio da função das células
beta temos:
• Glicotoxicidade – pela hiperglicemia crônica e
estresse oxidativo.
• Lipotoxicidade – pelo aumento da circulação de
ácidos graxos livres, o que suprime a secreção de insulina pelas células beta.
• Apoptose induzida por determinados agentes terapêuticos (sulfonilureias e glicocorticoides).
• Apoptose induzida por leptina.
• Citocinas inflamatórias.
• Respostas autoimunes.
• Depósitos amiloides nas ilhotas pancreáticas: Promove a alteração da citoarquitetura e provável apoptose das
células das ilhotas.
• Liberação inadequada de insulina ao estímulo glicêmico + aumento de massa e hiperfunção de células alfa à estado
de hiperglucagonemia à descontrole glicêmico.
• Assim, portadores de diabetes tendem a alterar a glicemia pós-prandial seguida de alteração na glicemia de jejum.
Secreção de insulina no DM2
• DM2: perde resposta de 1ª fase e atrasa resposta na 2ª fase, podendo evoluir para perda da 2ª fase.
• Inicialmente corre grande aumento de gpp e somente depois há alteração da glicemia nos outros horários.
• Pacientes diabéticos passam a secretar maior proporção de insulina durante o estado basal, e menor
proporção no estado pós-prandial, já que perdem esta secreção da primeira fase.
• DM2 cocorre: Liberação inadequada de insulina ao estímulo glicêmico, aumento de massa e hiperfunção de
células alfa (estado de hiperglucagonemia)à levam ao descontrole glicêmico.
• Assim, portadores de diabetes tendem a alterar: 1° glicemia pós-prandial, 2° glicemia de jejum.
3. RESISTÊNCIA À AÇÃO E REDUÇÃO NA SECREÇÃO DE INCRETINA GI
• As incretinas são hormônios produzidos no intestino
(principalmente íleo distal) diante da chegada local de alimentos.
• Exemplos: GLP-1, GLP-2, GIP.
• GIP é secretado pelas células K, que estão localizadas no
duodena e na parte proximal do jejuno.
• GLP1, secretado (pelas células L, localizadas no íleo terminal e
cólon proximal. Após a ingestão de alimentos é rapidamente
clivado e inativado pela enzima dipeptidilpeptidase 4 (DPP4).
• Nos DM2 ou portadores de RI há uma reduzida produção e
liberação
CAROL TEZOLIN 20
FISIOPATO ENDÓCRINO
4. AUMENTO DA REABSORÇÃO RENAL TUBULAR
DE GLICOSE
• No rim, a glicose filtrada é reabsorvida através
de canais de alta afinidade chamados de
Sodium Glucose cotransporters (SGLTs),
localizados no túbulo contorcido proximal.
• A glicosúria ocorre quando esses
cotransportadores ficam saturados,
geralmente com glicemia plasmática acima de
180 mg/dL.
• No DM 2: passa a existir maior ação dos
canais, especificamente o SGLT-2 à maior
reabsorção da glicose à hiperglicemia
plasmática.
Resumindo
• Os elementos do octeto ominoso são
o Aumento da produção hepática de glicose (consequência da RI no fígado);
o Redução da captação muscular de glicose (consequência da RI no musculo);
o Aumento da lipólise (consequência da RI no tecido adiposo);
o Disfunção hipotalâmica nas vias de regulação da fome e apetite, desviando o estimulo para as vias orexigenicas,
favorecendo o ganho de peso e com isso piorando todo o processo de ri (consequência da RI no hipotálamo);
o Aumento da secreção pancreática de glucagon (consequência da RI pancreatica);
o Deficiência na secreção pancreática de insulina;
o Redução da secreção de incretinas gastrointestinais;
o Aumento da reabsorção renal da glicose
RESISTÊNCIA INSULÍNICA E SÍNDROME METABÓLICA
• A hiperglicemia nesses pacientes com síndrome
metabólica é acompanhada de: obesidade
abdominal, >Trg, <HDL, HAS.
• Ainda tem inflamação sistemica (medida pelo
PCR), fibrinolise anormal, função endotelial
vascular anormal e doença macrovascular (D.
arterial periferica, cerebrovascular e
coronariana).
DIABETES SECUNDÁRIOS
Associados com outras síndromes:
• Doença ou cirurgia pancreática;
• Acromegalia, síndrome de Cushing ou feocromocitoma;
• Defeitos monogenéticos na função da célula beta: MODY (DM 2 numa idade mais precoce);
• Uso de diuréticos: tiazídicos e diuréticos de alça (>perda de K+, < a liberação de insulina pela célula B).
• Diazóxido, glicocorticóides, ACO, agentes antipsicóticos, nutrição parenteral total.
• Terapia antiretroviral: inibidores da proteases no tratamento da AIDS:
• Achados similares à síndrome metabólica: RI, trg alto, baixo HDL, HAS, obesidade, aumento de PCR, alteração na distribuição
de gordura - lipoatrofia periferica e obesidade visceral---referida como LIPODISTROFIA.
• Tratamento agressivo para prevenir complicações cardiovasculares.
DIABETES GESTACIONAL
• Qualquer grau de intolerância à glicose que inicia na gestação (5-10% gestação)
• Fatores de risco: história familiar de DM2, obesidade severa, SOPC, história prévia de diabetes gestacional ou história prévia
de fetos macrossômicos.
• ↑Lactogênio Placentárioà Hiperglicemiaà requer adaptações do pâncreas gestacionalà aumento em até 3x a secreção de
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FISIOPATO ENDÓCRINO
insulina.
• Fatores de risco: história familiar de DM2, obesidade severa, SOPC, história prévia de diabetes gestacional ou história prévia
de fetos microssômicos.
• Quando as adaptações não são suficientes para supreir novas demandasà DMG
• Glicose jejum ≥ 126 ou
• Glicose medida casual ≥ 200mg/dl
• DIABETES GESTACIONAL: Glicemia de jejum ≥ 92 mg/dl, Glicemia 1h após TOTG ≥ 180 mg/dl, Glicemia 2h após TOTG ≥
153 mg/dl
• Com baixo risco: TOTG com 50 gr. de glicose entre 24 a 28 sem
• Riscos do D. gestacional: Anormalidades fetais: macrossomia, hipoglicemia, policitemia, hiperbilirrubinemia; Complicações na
gestação; Mortalidade.
• Tratamento: Plano alimentar, monitorização de glicemias capilares, medicamentos (orais e insulina).
• Depois do parto: 50% desenvolve DM2 (5-10 anos).
• Resumindo: a paciente tem que ser avaliada no período pós parto.
CASOS CLÍNICOS
1. PCB,28 anos, sintomas compatíveis com hipoglicemia. Nega uso de qualquer medicação.
Laboratório: Glicose de jejum:41 e 44mg%, Insulinas basais: 44 e 48mg%, Peptídeo C:0,2ng/mL (vr:0,363,59),
Cortisol:16,5ug/dL (vr:5-25), TSH normal
A hipótese diagnóstica mais plausível é:
a) Insulinoma
b) Hipoglicemia autoinduzida por insulina
c) Hipoglicemia autoinduzida por sulfoniluréia
Resposta: B. Níveis elevados de insulina e supressão de peptídeo C é indicativo de hipoglicemia induzida pela aplicação da
insulina.
2. Os triglicerídeos armazenados nos adipócitos devem ser hidrolisados a sim de se tornarem substrato energético. Quem
realiza a hidroxilação?
( ) Amilase
( ) Lipase lipoproteica
( ) Insulina
( ) Anilina
Resposta: Lipase lipoproteica
3. A hiperglicemia crônica ocasiona redução da massa de células Beta pancreáticas e aumento da demanda e alteração
funcional das células residuais. A consequência é a secreção inadequada de insulina pelas células Beta pancreáticas. Qual
a glicemia que primeiro se altera no DM tipo II?
Resposta: pós- prandial
4. Diabetes mellitus tipo 1ª tem padrão clássico poligênico. Quais as alternativas corretas?
a) Tem relação com síndrome metabólica
b) Mais de 90% apresentam haplotipos HLADR3/DR4
c) Os genes HLADR2 podem estar associados a proteção da doença
d) As infecções servem como gatilho de autoimunidade
5. Na fisiopatologia do DM2 vários mecanismos estão envolvidos. Assinale qual mecanismo que não participa desse processo.
a) Resistência periférica a ação da insulina
b) Defeito progressivo na secreção pancreática de insulina
c) Aumento da excreção tubular renal de glicose
d) Redução na secreção e resistência a ação e na secreção de incretinas
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