COLÉGIO E CURSO MATRIZ EDUCAÇÃO
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA: A REPRESENTATIVIDADE DA MULHER
NO MEIO LITERÁRIO
Letícia Figueira de Freitas
Manuela Mendes Nunes
Maria Clara de Souza Areias Silva
Maria Eduarda Barros Terra
RIO DE JANEIRO
JULHO /2023
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO …………………………………………………….….. 3
1.1 A importância da leitura ……………………………………….. 3
1.1.1 A representatividade da mulher no meio literário ………… 3
1.1.2 Sobre o trabalho ……………………………………………... 4
1.2 A figura da mulher ……………………………………………... 4
1.2.1 Passado ………………………………………………………. 5
1.2.1.1 Machado de Assis (1839-1908) ……………………….. 6
1.2.1.2 Clarice Lispector (1920-1977) ………………………… 6
1.2.2 Presente ……………………………………………………… 7
2. HIPÓTESE …………………………………………………………… 9
3. OBJETIVOS ………………………………………………………….. 10
4. METODOLOGIA ……………………………………………………... 11
5. RESULTADOS ....……………………………………………………... 13
6. CONCLUSÃO .………………………………………………………... 15
7. BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………….. 16
8. APÊNDICE ………………………………………………………….... 18
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INTRODUÇÃO
1. A importância da leitura
1.1.1 A representatividade da mulher no meio literário
Personagens femininas de caráter e personalidade são essenciais para a
formação de jovens mulheres e por trás dessas personagens existem as escritoras,
que fornecem um papel ainda maior, tê-las presentes em maiores quantidade em
conferências, entrevistas e eternizadas em academias de letras é um marco na
história. Na atualidade temos diversos nomes a serem usados de exemplo, porém
nem sempre foi assim, o passado literário brasileiro demonstra muito bem isso mas
existiu um fator mudança chamado: Clarice Lispector.
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1.1.2 Sobre o trabalho
No projeto anterior ‘’A importância da leitura’’, foi trabalhado, de forma geral,
como a leitura influencia o desenvolvimento da nossa capacidade interpretativa na
sociedade, já que, é por meio do contato íntimo e direto com a leitura que os jovens
terão o principal acesso ao que chamamos de conhecimento e os livros contribuem
para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como a solidariedade e a
cooperação, sendo assim as ações de estímulo à leitura são necessárias desde a
infância, onde é possível inserir facilmente o hábito e gosto pelos livros.
Neste ano procuramos redimensionar o foco para como a mulher era
representada no meio literário de nosso país, pois através do entendimento rápido do
tema desenvolvemos o questionamento de: ‘’como interpretamos a mudança, se ela
realmente aconteceu, dos direitos e respeito acerca da mulher?’’. E baseamos a
produção do projeto nos pensamentos de Virgínia Woolf, que dizia: ‘’Não há barreira,
fechadura ou tranca que você possa impor à liberdade da minha mente.’’
1.2 A figura da mulher
Há muito tempo a imagem feminina é demonstrada de forma vulgar ou
desfavorável em livros, filmes, novelas, entre muitos outros meios de entretenimento,
porém destes exemplos citados o mais antigo é o literário. A literatura recebe a função
de relatar o presente, essa característica está presente entre muitas escolas literárias
especificamente no realismo, que analisa a realidade descrevendo o homem de forma
real e psicológica com denúncia social e descrição detalhada.
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1.2.1 Passado
Os direitos femininos são pautas recentes no meio social que normalmente
relacionam com o histórico de séculos, onde mulheres vivam
contidas, tratadas como seres insignificantes, que não tinham direitos, nem
voz. E isso, está presente também nos livros e poemas, com personagens com
características clássicas, submissas e sem foco principal. Nomes como Machado de
Assis evidenciam esse retrato pejorativo da mulher.
O papel social da mulher era extremamente limitado e excludente
socialmente. Alguns autores do século XVII, XVIII afirmavam que
jamais uma mulher escreveria como Shakespeare, por exemplo,
mas de uma forma pejorativa, que no ensaio é fundamentado
como uma afirmação real, mas não por incapacidade da mulher,
mas por restrição social e falta de oportunidade. [...] Não havia
espaço para tais formas de pensar e ver a sociedade do ângulo
feminino, e se assim havia o desejo por parte de uma mulher,
provavelmente ela seria submetida a percalços duros e de
resistência intensa da sociedade.
(Lira, 2016, p.383)
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1.2.1.1 Machado de Assis (1839-1908)
Um dois maiores representantes da literatura brasileira, responsável por dar
início ao realismo com a obra ‘’Memórias Póstumas de Brás cubas’’ em 1881, seus
manuscritos possuem séculos, entretanto, Machado ainda se é usado como
referência em temas como: a loucura, a vida, a morte, diferenças sociais, etc.
Machado de Assis acreditava que a mulher deveria ter as mesmas oportunidades
educacionais que o homem, para ele ‘’É ela quem transmite a porção intelectual do
homem’’, apesar do discurso bonito na maioria de seus exemplares as mulheres
eram representadas como dominadoras, sensuais e adúlteras, exceto quando ele
dedica a personagem a sua mãe.
1.2.1.2 Clarice Lispector (1920-1977)
‘’Escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere
qualquer coisa. Não altera em nada…porque no fundo nós não
queremos mudanças. A gente está querendo desabrochar de um
modo ou de outro…’’ (Clarice Lispector, 1977, entrevista para TV
Cultura)
Clarice se tornou um marco no jornalismo, com seus pseudônimos voltados
a histórias em colunas destinadas ao público feminino, que já havia uma certa
demanda naquela época, quebrando os tabus da linha ideológica. Nas suas produções
de ficção, já era tida como um fenômeno literário no mundo da crítica, se destacando
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aos intelectuais e às opiniões. Suas obras realçam a representatividade da mulher,
personagens femininos escritos por uma autora, sem terem uma imagem unicamente
pejorativa e vulgar que muitos escritores encaixavam nas mulheres em seus textos. A
partir dos projetos de Clarice, das informações sobre suas histórias, e sobre a sua
influência na representação da mulher no meio literário, pudemos perceber o lugar de
destaque da escritora na literatura e cultura brasileira.
1.2.2 Presente
A literatura é um espaço principalmente masculino e, claramente, isso não
acontece por que os homens tenham mais capacidade, conjunto e melhores histórias
para escrever um texto do que as mulheres. Por muito tempo, o impacto de pressões
socioculturais decretava que as mulheres se dedicassem exclusivamente ao lar.
Portanto, aquela que ousasse ter uma atividade intelectual estava cometendo uma
séria transgressão.
E esta desvantagem social fez com que a produção literária feminina fosse
muito menor à dos homens nos dias atuais. Inadequadamente, foi gerado um ambiente
que relaciona um tipo de ‘padrão de qualidade’ aos textos masculinos. Essa visão
precipitada, mesmo que em menor escala, ainda é preocupante pois se conecta a um
pensamento social arcaico.
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Através disso, desenvolvemos como questão problema o fato de olharmos
para o passado literário e vermos tais representações presentes em obras de autores
tão famosos ainda hoje, autores esses como Machado de Assis que demonstra em
personagens femininas caráter pejorativo e rebelde comparado com o normal da
época.
-Beata! carola! papa-missas.
Fiquei aturdido. Capitu gostava tanto de mi-
nha mãe e minha mãe dela que eu não podia
entender tanta explosão. [...] Quis defendê
-la, mas Capitu não me deixou, continuou a
chamar-lhe beata e carola [...]. Nunca a vi tão
irritada como então; parecia estar disposta a
dizer tudo a todos. Cerrava os dentes, abana-
va a cabeça... (ASSIS, 2012, p. 23)
A partir deste episódio de Dom Casmurro, podemos afirmar que a
mesma lógica aplicada a Helena é aplicada a Capitu que, embora
sutil como sua antecessora, é mais voraz, radical e, para os
padrões da época, mais ousada e insurgente.
(Ferreira; Perrot, 2017, p.118)
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HIPÓTESE
- Qual o valor estabelecido sobre a figura feminina ao decorrer da literatura brasileira?
- A literatura do realismo é influenciada ou reflete questões do meio social do período
histórico?
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OBJETIVOS
- Entender e demonstrar o porquê de haver tal representação, negativa, constatando
uma mudança (ou não);
- Reconhecer o espaço da mulher no meio literário e demonstrar através do passado
brasileiro o avanço dos direitos das mulheres e sua imagem na sociedade;
- Analisar a imagem colocada sobre as mulheres em obras literárias.
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METODOLOGIA
O trabalho "A importância da leitura: A representatividade da mulher no meio
literário" teve o intuito de demonstrar uma possível mudança na representação da
figura feminina com base na análise minuciosa do passado literário brasileiro.
Analisamos o passado para interpretarmos o presente e poder deduzir a
mudança do futuro.
A figura da mulher a muito tempo atrás, era retratada de forma vulgar e
muito desfavorável não só em livros, mas também em outros meios de
entretenimento. Com o objetivo de ressaltar a representatividade da mulher no
meio literário, apresentamos Clarice Lispector como exemplo, por conta do seu
empoderamento como escritora e suas personagens descritas de forma
"positiva", ao contrário de Machado de Assis, que também usamos como um
exemplo, mas de forma contrária a Clarice, sua participação foi para representar
a misoginia retratada de forma bastante clara em seus personagens femininos,
que na maioria das vezes são narrados de forma pejorativa. Na literatura
machadiana vemos a escrita sobre a mulher como uma pessoa maluca e/ou
objetificada. Pelas palavras do escritor “As mulheres que são apenas mulheres,
choram, arrufam-se ou resignam-se, as que tem alguma coisa mais que
debilidades femininas, lutam ou recolhem-se à dignidade do silêncio.”
Já a Clarisse veio cortando o modernismo na época que apenas escritores
homens eram lidos. Clarisse contrariou o pensamento de muitos, sobre como a
mulher deve ser posta na literatura brasileira e como a mulher tem conhecimentos
básicos para escrever um livro, ter voz e ser importante em todos os lugares,
principalmente nos livros nacionais.
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O projeto começou com cada uma das quatro integrantes (Letícia, Manuela,
Maria Clara e Maria Eduarda) se dividindo para ler manuscritos da Clarice
Lispector, tais como Água Viva, A hora da estrela, Aprendendo a viver, Onde
estiveste de noite, que foram lidas e analisadas, além de pesquisas e
documentários que também foram vistos para um vasto entendimento da autora e
de Machado de Assis.
Um dos orientadores do trabalho, João, trouxe algumas ideias para
contribuir com a pesquisa. A primeira foi fazermos um desenho baseado em uma
HQ (história em quadrinhos) feito a mão com fins de expor o projeto. Já a
segunda foi para facilitar as pesquisas relacionadas ao "público", deu a sugestão
de fazermos um formulário direcionado ao público alvo feminino no ambiente
escolar com questionários de opinião sobre Clarice e seus livros. O formulário foi
feito através do google forms, com as seguintes perguntas:
-Você sabe quem é Clarice Lispector?
-Você já leu alguma obra de Clarice Lispector?
-O que você achou sobre a tal obra?
-Qual sentimento te trouxe após ler?
Para a divulgação do trabalho foi criada pela integrante Letícia Figueira o
perfil Ldma.livros em 2022, atualmente temos uma postagem regular de
postagens que são produzidas de forma autêntica e original por Letícia Figueira e
Manuela Mendes.
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RESULTADOS
Tiramos como resultado, através pesquisa e análise de livros como a mulher
era retratada em meios literários, de uma forma muito negativa, que tiramos como
representante o escritor Machado de Assis que demonstra isso muito bem, falando da
mulher de uma maneira não muito agradável, de uma forma pejorativa, e vemos como
isso vem mudando ao decorrer do tempo.
Vemos como o Machado de Assis escrevia e descrevia a mulher como um
objeto e uma pessoa “rebelde” comparado com o normal da época. Como exemplo,
temos a obra ‘’Dom Casmurro’’, que apresenta a personagem feminina Capitu, sob um
olhar machista, com pensamentos e validações comuns da época. Nesse tempo era
dado como obrigação submeter a dedicação da mulher aos pais e, posteriormente, ao
marido. E a mulher em evidência da obra não se molda completamente nesse padrão.
Já com o formulário realizado obtivemos as seguintes resultantes de que os
jovens, no contexto social atual, não consomem tanto a literatura clássica, tendo um
percentual maior para respostas em ‘’Não conheço’’ e / ou ‘’ Nunca li’’. Mas já para
aqueles com respostas positivas à pesquisa, ou seja, que conhecem, e / ou, leram
algum livro da literatura clariciana, nas suas leituras, tais leitores, expressaram o
sentimento de melancolia e tristeza devido à, possível, identificação com a escrita
intimista de autora.
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CONCLUSÃO
A partir da análise e pesquisa feita, concluímos que a figura da mulher vem
sendo mudada e moldada através do tempo. Anteriormente a imagem negativa estava
mais presente e evidenciada dentro dos meios de comunicação e entretenimento.
Na literatura, nosso foco analítico, também temos essa situação, para um
comparativo (feito para a percepção dessa tese) foi colocado as obras de Machado de
Assis e Clarice Lispector como adversas, exemplificando a ideia antes apresentada da
controvérsia de cada representação de personagens femininas dos contos, poemas,
manuscritos e livros desses autores.
Onde se vê predominantemente características ruins, tais como, adúltera,
louca, manipuladora, dissimulada, oblíqua, entre muitas outras, na escrita de autores
masculinos que nesta pesquisa está sendo representado pelo Machado devido sua
fama e notoriedade quando citado a literatura brasileira. E o motivo disso é respondido
devido ao período histórico em que esses autores viveram, que mesmo com este
empecilho, Clarice se destacou neste meio que se via um maior números de homens
do que de mulheres. Mesmo não vivendo na mesma época, a escritora é mencionada
devido a sua escrita que mais se adequa ao estilo do realismo.
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BIBLIOGRAFIA
DE ASSIS DUARTE, Eduardo. Mulheres marcadas: literatura, gênero,
etnicidade. Scripta, v. 13, n. 25, p. 63-78, 2009.
FERREIRA, Jean Fabricio Lopes; PERROT, Andrea Czarnobay. A
representação feminina em Machado de Assis: Helena, embrião de Capitu. Opiniães,
n. 11, p. 111-122, 2017.
GITAHY, Raquel Rosan Christino; MATOS, Maureen Lessa. A evolução dos
direitos da mulher. In: Colloquium Humanarum. ISSN: 1809-8207. 2007. p. 74-90.
LIRA, Bruna Cordeiros. A mulher na literatura: seus enquadramentos e a
precariedade da emancipação. RELACult-Revista Latino-Americana de Estudos em
Cultura e Sociedade, v. 2, p. 381-388, 2016.
MOSER, Benjamin. Clarice: uma biografia. Editora Companhia das Letras,
2017.
PEREIRA, Lúcia Miguel. Machado de Assis:(estudo crítico e biográfico).
Brasiliana, 1936.
LIVROS:
LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1973.
LISPECTOR, Clarice. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Rocco, 1899.
LISPECTOR, Clarice. Aprendendo a viver. Rio de Janeiro: editora Rocco,
2004. (*Crônica de Clarice Lispector, publicada originalmente no ‘Jornal do Brasil, 28
de dezembro de 1968)
LISPECTOR, Clarice. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco,1974
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APÊNDICE
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