Superfícies da terra: estrutura e formas do relevo
SUPERFÍCIES DA TERRA
ESTRUTURA E FORMAS DO RELEVO
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS
Desde sua origem, há cerca de 4,6 bilhões de anos, a Terra passa por constantes mudanças em seu
interior e na superfície. Isso se deve à grande energia interna do planeta e à ação contínua de forças
externas, como chuva, vento e atividades humanas, como urbanização, desmatamento, mineração
e outras intervenções.
Placas tectônicas flutuando sobre camada viscosa.
Fonte: Revista Geo Temática
TEORIA DA DERIVA DOS CONTINENTES
A Teoria da Deriva dos Continentes, proposta por Wegener em 1912, sugere um movimento contí-
nuo dos continentes ao longo de milhões de anos. Inicialmente, os continentes formavam um único
bloco, a Pangeia, que se fragmentou em Gondwana e Laurásia. Com o desenvolvimento da Teoria
das Placas Tectônicas, posteriormente, compreendemos que as placas que compõem a crosta ter-
restre flutuam sobre o magma, permitindo o movimento dos continentes. Esta teoria aprimorada é
atualmente a explicação mais aceita para a formação e o deslocamento dos continentes.
200 milhões 110 milhões Menos de um milhão
de anos atrás: de anos atrás: de anos atrás:
praticamente todo o solo Pangea dividiu-se em dois os continentes assumiram
dos continentes estava continentes menores, Laurásia suas posições atuais, mas
contido na Pangea, o e Gondwana, que também continuaram a se mover
supercontinente original passaram a se subdividir. (veja as setas no mapa)
2 GEOGRAFIA • HEITOR SALVADOR
TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS
A superfície terrestre consiste em placas litosféricas rígidas, englobando crosta continental e oceânica, conhecidas como placas
tectônicas. Essas placas deslizam sobre uma camada viscosa na parte externa do manto, denominada astenosfera, um fenômeno
estudado por geocientistas.
A Placa Sul-americana, que abrange o Brasil, interage com outras placas de formas distintas. No lado oeste, colide com a Placa de
Nazca, gerando uma zona de subducção, com uma placa oceânica mais densa mergulhando sob a placa continental Sul-americana.
Enquanto isso, no lado leste, afasta-se da Placa Africana, criando uma cadeia montanhosa conhecida como a cadeia meso-atlântica
devido à ascensão magmática. Esses movimentos resultam em um regime compressivo na Placa Sul-americana, gerado pela pressão
da Placa de Nazca de oeste para leste e pelo movimento da cadeia meso-atlântica que a empurra para oeste.
Essas interações ocasionam terremotos de diferentes intensidades, divididos entre os de borda de placa, mais intensos, e os intra-
placa, historicamente mais fracos.
Anote aqui
HEITOR SALVADOR • GEOGRAFIA 3
4 GEOGRAFIA • HEITOR SALVADOR
TERREMOTOS
Terremotos, resultado do movimento das placas tectônicas,
geram ondas sísmicas e tremores. Podem variar em intensidade,
danificando estruturas e desencadeando tsunamis. Em áreas po-
voadas, causam danos graves a edifícios e pessoas. A qualidade
das construções e medidas preventivas são cruciais para reduzir
impactos. Monitoramento e preparação são fundamentais em
regiões propensas a terremotos.
A ESCALA DE RICHTER
A escala de Richter foi desenvolvida em 1935 pelos sismólogos
Charles Francis Richter e Beno Gutenberg, ambos membros do
California Institute of Technology (Caltech), que estudavam sis-
mos no Sul da Califórnia. Ela representa a energia sísmica libe-
rada durante o terremoto e se baseia em registros sismográficos.
Propagação da onda de um tsunami.
Adaptado: National Oceanic and
Atmospheric Administration NOAA
FORMAS DO RELEVO
E SEUS AGENTES
Agentes internos, conhecidos como endógenos, são impulsio-
nados pela energia do interior do planeta. Eles originaram gran-
des formações geológicas na superfície terrestre e continuam a
atuar na sua transformação.
Já os agentes externos, chamados exógenos, moldam a crosta
terrestre, alterando rochas, erodindo solos e, assim, conferindo
ao relevo o aspecto que apresenta atualmente. Esses agentes
incluem elementos naturais como temperatura, vento, chuva,
rios, oceanos, geleiras, microrganismos e vegetação, haven-
Fonte: Nexo Jornal do também a influência crescente das atividades humanas.
OROGÊNESE
Quando ocorrem os movimentos internos de curta duração da Terra, caracterizados pelo choque entre placas tectônicas distintas, é
chamado de orogênese ou movimentos orogênicos. Esses eventos resultam na formação de grandes cadeias de montanhas, vulcões
e falhas geológicas. Além disso, esses movimentos são responsáveis por grandes abalos sísmicos e terremotos.
Dobramentos modernos. Fonte: Observatório Histórico Geográfico
HEITOR SALVADOR • GEOGRAFIA 5
EPIROGÊNESE SOLOS
A epirogênese são movimentos internos de longa duração que Os solos se formam por meio do processo chamado pedogênese,
resultam em elevações ou rebaixamentos de terrenos, sem dobras resultante do intemperismo químico e físico das rochas, com-
ou falhas. Ocorre em terrenos estáveis e antigos, gerando áreas postos essencialmente por minerais, matéria orgânica, água, ar,
extensas sem desníveis abruptos, sem terremotos ou vulcanismo. pequenos animais e micro-organismos.
Predominam os Latossolos, Argissolos e Neossolos, abrangendo
cerca de 70% do território nacional. As classes Latossolos e
Argissolos ocupam aproximadamente 58% da área, sendo solos
profundos, altamente intemperizados, ácidos e com baixa ferti-
lidade natural. Em certos casos, apresentam alta saturação por
alumínio.
Também são encontrados solos de média a alta fertilidade, ge-
ralmente pouco profundos devido ao seu baixo grau de intempe-
rismo. Esses solos pertencem principalmente às classes dos
Esquema de fossa tectônica. Horst e Graben. Neossolos, Luvissolos, Planossolos, Nitossolos, Chernossolos e
Cambissolos.
Fonte: Culture Volcan
FORMAÇÃO DOS SOLOS E ROCHAS
ROCHAS
Rocha é um agregado consolidado de um ou mais minerais
formado por processos naturais. Além de minerais, as rochas
também podem conter matéria orgânica, fósseis, água, vidro
vulcânico e outros componentes sólidos naturais.
▸Rochas ígneas: são sólidos cristalinos formados diretamente
pelo resfriamento e solidificação de magma. O magma é re-
sultado da fusão parcial (derretimento) de rochas no interior
do planeta. É necessário altas temperaturas para fundir uma
rocha, geralmente entre 700 e 1200 °C.
As rochas ígneas são divididas em dois tipos principais: ro- Figura 1 Perfil do solo.
Fonte: Embrapa
chas ígneas intrusivas (plutônicas) e rochas ígneas extrusivas
(vulcânicas).
▸Rochas sedimentares: são formadas por sedimentos (seixos,
INTEMPERISMO E EROSÃO
areia, silte e argila), ou mesmo de restos de plantas e animais, Intemperismo refere-se ao processo de desagregação (in-
depositados em camadas ao longo do tempo, seja em terra ou temperismo físico) e decomposição (intemperismo químico)
no fundo dos oceanos, mares, rios e lagos. Os sedimentos são sofridos pelas rochas.
formados pelo processo de intemperismo (fragmentação/
A erosão é o processo de remoção e transporte do material,
decomposição) e erosão (transporte) de rochas expostas na
como fragmentos, soluções e misturas, para outros locais até
superfície da Terra, e também pela precipitação de íons em
atingir o nível base de erosão, onde se acumulam.
solução aquosa.
Os processos físicos, químicos e biológicos que transformam A variação de temperatura (dia e noite; verão e inverno) é o
os sedimentos recém-depositados em rochas sedimentares principal fator do intemperismo físico, provocando dilatação
chamam-se diagênese. Isso inclui compactação, cimentação e contração das rochas, fragmentando-as, sendo mais predomi-
e outras alterações que ocorrem enquanto os sedimentos se nante em ambientes secos.
consolidam em rochas.
O intemperismo químico resulta, principalmente, da ação da
▸Rochas metamórficas: são formadas pela transformação água sobre as rochas, promovendo uma lenta modificação na
de outras rochas, com a recristalização e/ou rearranjo de composição química dos minerais ao longo do tempo, sendo
minerais, devidas a mudanças extremas das condições de mais predominante em ambientes úmidos.
pressão e temperatura, em geral, associadas à movimentação
Ambos os tipos de intemperismo atuam simultaneamente, mas
das placas tectônicas e formação de cadeias de montanhas.
a intensidade de cada um depende das características climáticas
do local.
6 GEOGRAFIA • HEITOR SALVADOR
▸Intemperismo biológico: Os vegetais são os principais responsáveis, desintegrando as rochas a partir da pressão exercida pelas
raízes das plantas.
Fonte: Revista Geo Temática Fonte: Revista Geo Temática
Intemperismo físico. Intemperismo químico.
▸Erosão - Transporte e sedimentação: O intemperismo fragmenta o material, sujeitando-o à erosão. Água e vento desgastam solos e
rochas, removendo e transportando substâncias para novos locais. Isso altera o relevo tanto nas áreas de remoção quanto nos pontos de
deposição, formando ambientes de sedimentação como rios, gelo, vento, mares e lagos.
Transporte e sedimentação.
Fonte: Revista Geo Temática
UNIDADES DO RELEVO BRASILEIRO
CARACTERÍSTICA DO RELEVO BRASILEIRO
O território brasileiro é formado por estruturas geológicas antigas. Com exceção das bacias de sedimentação recente, como a do
Pantanal Mato-Grossense, parte ocidental da bacia Amazônica e trechos do litoral nordeste e sul, que são do Terciário e do Quaternário
(Cenozoico). O restante das áreas tem idades geológicas que vão do Paleozoico ao Mesozoico, para as grandes bacias sedimentares,
e ao Pré-Cambriano (Arqueozoico-Proterozoico), para os terrenos cristalinos.
O geógrafo Jurandyr Ross classificou o relevo brasileiro em três níveis considerando a altimetria da superfície:
HEITOR SALVADOR • GEOGRAFIA 7
Classificação do relevo brasileiro por Jurandyr Ross
Fonte: Adaptado de Jurandyr Ross.
Geografia do Brasil. Edusp por editora Ática.
Dica de leitura:
Detalhamento das
unidades de relevo
pelo IBGE.
ocorre porque os agentes externos atuaram sobre rochas com
FORMAS DOS RELEVOS resistências diferentes.
▸Planalto: área com altitude superior a 300 metros, onde os ▸Inselberg: (do alemão, ‘monte ilha’): saliência no relevo en-
processos erosivos superam a sedimentação. Essas superfí- contrada em regiões de clima árido e semiárido. Sua estrutura
cies sofrem desgaste por erosão, exibindo formas irregulares rochosa foi mais resistente à erosão do que o material que
de relevo, como morros, serras e chapadas. estava em seu entorno.
▸Planície: área plana formada pela deposição de sedimentos ▸Serra: esse nome é utilizado para designar um conjunto
marinhos, fluviais ou lacustres, onde a sedimentação supera de formas variadas de relevo, como dobramentos antigos e
a erosão. Isso divide o Brasil em dez compartimentos de recentes, escarpas de planalto e cuestas. Sua definição e uso
relevo, com os planaltos ocupando 75% do território e as não são rígidos, sofrendo variação de uma região para outra
planícies, 25%. do país.
▸Depressão: São áreas rebaixadas pela erosão que circundam ▸Morro: em sua acepção mais comum é uma pequena ele-
as bordas das bacias sedimentares, estando entre tais bacias vação de terreno, uma colina. Em sua classificação dos do-
e maciços cristalinos, em outras palavras, é uma superfície mínios morfoclimáticos, Aziz Ab’Saber destacou os “mares
entre 100 e 500 metros de altitude sendo mais plana que o de morros”.
planalto e mais rebaixada que as áreas do entorno, além de ▸Montanha: os movimentos orogenéticos formaram grandes
sofrer desgaste erosivo e apresentar elevações residuais. cadeias montanhosas, como os Andes e o Himalaia. No Brasil,
▸Escarpa: declive acentuado que aparece em bordas de planal- não houve dobramentos modernos, mas sim dobramentos
to. Pode ser gerada por um movimento tectônico, que forma mais antigos que, ao longo do tempo, foram moldados por
escarpas de falha, ou ser modelada pelos agentes externos, processos exógenos, dando origem a formações como o mon-
que geram escarpas de erosão. te Roraima e as elevações do Atlântico.
▸Cuesta: forma de relevo que possui um lado com escarpa ▸Chapada: tipo de planalto cujo topo é aplainado e as encostas
abrupta e outro com declive suave. Essa diferença de inclinação são escarpadas. Também é conhecido como planalto tabular.
8 GEOGRAFIA • HEITOR SALVADOR
Perfis topográficos Fonte: Adaptado de Jurandyr Ross. Geografia do Brasil. Edusp por editora Ática.
MORFOLOGIA LITORÂNEA
Na faixa de contato do continente com o oceano – o litoral –, o
movimento constante da água do mar exerce forte ação cons-
trutiva ou destrutiva nas formas de relevo. Atuando no intem-
perismo, transporte e sedimentação de partículas orgânicas e
minerais, a dinâmica das correntes marinhas, das ondas e das
marés é responsável pela formação de praias, mangues e cor-
dões arenosos chamados restingas.
▸Falésias: paredões resultantes do impacto das ondas direta-
mente contra formações rochosas cristalinas ou sedimentares
Baía de Guanabara.
(conhecidas como barreiras), comuns no Nordeste brasileiro. Fonte: Google Maps
▸Recifes: barreira próxima à praia que diminui ou bloqueia o
movimento das ondas. Pode ser de origem biológica, quando ▸O golfo: como é o maior pode conter sacos e baías em seu
constituída por carapaças de animais marinhos, ou arenosa, interior. Ao longo do tempo, a comunicação de sacos e baías
quando formada por uma restinga que se consolida em rocha com o oceano pode ser diminuída por causa da constituição
sedimentar. Observe a foto ao lado. de uma restinga. Se essa restinga continuar a aumentar, pode
▸Saco, baía e golfo: assemelham-se a um arco quase fechado que ocorrer fechamento do arco, formando-se uma lagoa costeira.
se comunica com o oceano. O que muda é o tamanho: o saco é o ▸Enseada: praia com formato de arco. Por possuir configu-
menor (medido em metros) e a baía tem tamanho intermediário, ração aberta, diferencia-se do saco, cuja configuração é bem
como a famosa baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. mais fechada.
HEITOR SALVADOR • GEOGRAFIA 9
Falésia na Praia de Pipa-RN. Golfo do México e península de Iucatã e da Flórida
Fonte: Heitor Salvador
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar, 2016.
RELEVO SUBMARINO
PLATAFORMA CONTINENTAL
A plataforma continental é um local onde ocorrem diversas atividades econômicas importantes.
Na plataforma continental, a luz solar permite o crescimento do plâncton, essencial para a vida marinha e pesca. Além disso, é nessa
região que o petróleo se forma ao longo do tempo devido a processos geológicos específicos, como a decomposição da matéria orgâ-
nica sob pressão e calor nas bacias sedimentares, sendo retido em reservatórios subterrâneos pelas condições geológicas favoráveis.
HIDROGRAFIA
CICLO HIDROLÓGICO
O ciclo da água é o processo natural que movimenta a água dos oceanos para a atmosfera e para os continentes, retornando
depois para o oceano, seja na superfície ou no subsolo. Esse ciclo é influenciado pela gravidade, vegetação, condições climáticas
como temperatura, vento, umidade e exposição solar. Esses fatores regem a circulação da água entre oceanos e atmosfera em
diferentes áreas da Terra.
10 GEOGRAFIA • HEITOR SALVADOR
espaço poroso resultante da sedimentação da rocha. A segunda,
naturalmente, é o preenchimento desse espaço com a água.
Existem diferentes tipos de aquíferos, como:
▸Aquíferos Livres: São aqueles nos quais a água é armazena-
da acima de uma camada impermeável e pode ser acessada
facilmente através de poços.
▸Aquíferos Confinados ou Artesianos: São aqueles onde a
água está presa entre duas camadas de rocha impermeável,
o que pode gerar pressão que faz a água jorrar naturalmente
para a superfície se houver um ponto de acesso.
Os aquíferos são essenciais para o abastecimento de água para
consumo humano, agricultura e indústria em muitas regiões do
mundo. No entanto, eles podem ser suscetíveis à poluição por
Exemplo do ciclo hidrológico.
Fonte: Internet atividades humanas, como vazamentos de substâncias químicas
ou descarte inadequado de resíduos, o que pode comprometer a
qualidade da água subterrânea. Por isso, a preservação e gestão
AQUÍFEROS sustentável desses recursos são fundamentais para garantir o
Aquíferos são formações geológicas compostas por rochas ou acesso à água potável no longo prazo.
sedimentos permeáveis capazes de armazenar água subterrânea
• O Aquífero Guarani, constituído pelas formações sedimenta-
em quantidade significativa. Essas estruturas funcionam como
res Botucatu e Pirambóia, é um dos maiores mananciais de
reservatórios naturais de água doce, onde a água pode fluir e ser
água doce subterrânea transfronteiriça do mundo. É também
armazenada entre os poros, fraturas ou espaços vazios das rochas.
um dos mais suscetível a contaminação pela agricultura.
A formação de um aquífero se dá em pelo menos dois momen- • Está localizado na região centro-leste da América do Sul,
tos. A primeira etapa é a criação do arcabouço geológico ou do estendendo-se pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
INFILTRAÇÃO OU PERCOLAÇÃO
A água da chuva pode seguir três caminhos: escoar na superfície, infiltrar no solo ou evaporar. Por evaporação, retorna à atmosfera.
A água que se infiltra ou escoa segue para depressões ou as partes mais baixas do relevo, alimentando corpos d’água e aquíferos. Em
épocas chuvosas, os aquíferos se enchem, e na seca, baixam, sendo encontrada ao cavar poços até atingir esse nível freático.
Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA)
HEITOR SALVADOR • GEOGRAFIA 11
RECARGA DE LENÇOL FREÁTICO E AQUÍFERO
▸Recarga de rios e mananciais
Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA)
Dica de leitura:
Mapa das águas subter-
râneas brasileiras
em detalhe
destino final de suas águas o oceano, como acontece com o
BACIA HIDROGRÁFICA Tietê, o Paranaíba e o Iguaçu, entre outros afluentes do rio
Uma bacia hidrográfica é uma área geográfica delimitada pela Paraná, que desaguam no mar (no estuário do rio da Prata,
topografia da terra, na qual a água flui para um ponto comum, entre o Uruguai e a Argentina)
geralmente um rio principal ou um lago. Ela é composta por toda ▸Considerando-se os rios de maior porte, só encontramos
a área terrestre que contribui para o sistema de drenagem de um regimes temporários no Sertão nordestino, onde o clima é
rio específico, incluindo afluentes, riachos e córregos menores. semiárido. No restante do país, os grandes rios são perenes.
▸Predominam os rios de planalto, muitos dos quais escoam por
As bacias hidrográficas são importantes porque são unidades
áreas de elevado índice pluviométrico.
fundamentais para o estudo e gestão dos recursos hídricos. Elas
▸Na região amazônica, os rios têm grande importância
ajudam a entender como a água se move na paisagem, como é
como vias de transporte, com destaque aos rios Solimões/
utilizada e como as atividades humanas podem afetar a qualida-
Amazonas, Madeira, Tapajós e Araguaia/Tocantins.
de e quantidade dos recursos hídricos.
▸Em razão de sua grande extensão territorial e da predomi-
nância de climas úmidos, o Brasil possui uma extensa e densa
CARACTERÍSTICAS DA rede hidrográfica. Os rios brasileiros têm diversos usos, como
o abastecimento urbano e rural, a irrigação, o lazer e a pesca.
HIDROGRAFIA BRASILEIRA ▸O uso da água foi intensificado na região Sudeste devido à
▸Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazonas, possuem urbanização, densidade demográfica, demanda por abasteci-
regime simples pluvial. mento de água, energia e produção industrial e agropecuária.
▸Todos os rios do país são exorreicos (do grego exo, ‘fora’), ou ▸O transporte fluvial, embora ainda pouco utilizado, vem
seja, possuem drenagem que se dirige ao oceano, para fora adquirindo cada vez mais importância no país, sobretudo na
do continente. Mesmo os rios endorreicos (do grego endo, bacia Platina, onde foi construída a hidrovia Tietê-Paraná.
‘dentro’), que correm para o interior do continente, têm como Em regiões planálticas, nossos rios apresentam um grande
potencial hidrelétrico (capacidade de geração de energia).
Anote aqui
12 GEOGRAFIA • HEITOR SALVADOR
Bacias hidrográficas brasileiras
▸Os rios entrelaçados são típicos de áreas secas, grandes ca-
TIPOS DE CANAIS nais únicos que se dividem em vários cursos d’água. Isso se
▸Os rios meandrantes ocorrem em regiões de clima úmido e deve às declividades médias a altas (> 5°), à carga de fundo
cobertas por mata ciliar, sua principal característica é sua alta grossa e à facilidade de erosão das margens. Quando a incli-
sinuosidade, que são formadas a partir da erosão progressiva nação diminui, o rio perde energia para mover sedimentos
das margens côncavas e a deposição nos leitos convexos, mais grossos.
assim se formam os chamados meandros ▸Os rios anastomosados têm dois ou mais canais estáveis
▸Os rios retilíneos não são muito comuns, porque estão asso- em regiões afundadas, com baixa energia e conexões entre
ciados a condições específicas: quando não controlados por canais. Eles se formam em áreas alagadas, criando ilhas alon-
falhas e fraturas, eles ocorrem somente em leitos rochosos gadas cobertas por vegetação. Essas ilhas são essenciais na
homogêneos que oferece a mesma resistência à água. Eles são formação desses rios, subdividindo o canal em vários, já que
caracterizados pela presença de um canal único, bem definido os rios não têm energia para transportar sedimentos por todo
e com margens estáveis. seu curso, depositando-os nessas ilhas.
HEITOR SALVADOR • GEOGRAFIA 13
Fonte: Decifrando a Terra Mata de galeria.
Fonte: EMBRAPA
PRESERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO PARA
CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
Reduzir impactos ambientais causados pelo desmatamento e uso
inadequado dos solos próximos aos corpos d’água, ocasionando
processos erosivos, assoreamento de rios, córregos e riachos.
▸As voçorocas: começam com a formação de sulcos que evo-
luem para ravinas na parte final das vertentes, devido a uma
concentração de fluxos superficiais das águas de escoamento,
geralmente provocada por desmatamento, trilhas de gado,
construção de cercas, estradas ou caminhos mal posicionados
ou de qualquer outra obra que interfira diretamente no regi-
me hidrológico.
▸Mata de Galeria: entende-se a vegetação florestal que acom-
Assoreamento do leito do rio.
panha os rios de pequeno porte e córregos dos planaltos do Fonte: EMBRAPA
Brasil Central, formando corredores fechados (galerias) sobre
o curso de água. Geralmente localiza-se nos fundos dos vales
ou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de água ainda
não escavaram um canal definitivo.
▸Mata Ciliar: entende-se a vegetação florestal que acompanha
os rios de médio e grande porte, especialmente na região do
Cerrado, em que a vegetação arbórea não forma galerias. Em
geral, essa Mata é relativamente estreita, dificilmente ultra-
passando 100 metros de largura em cada margem. É comum
a largura em cada margem ser proporcional à do leito do rio,
embora em áreas planas a largura possa ser maior.
Mata ciliar.
Fonte: EMBRAPA
Anote aqui
Voçoroca ou boçoroca: Fonte: EMBRAPA
14 GEOGRAFIA • HEITOR SALVADOR