CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA:Mediação,Conciliação e Arbitragem
TURMA/ TURNO: "3° B" / Manhã
PROFESSORA: PALOMA TORRES CARNEIRO
ALUNO(S): Ana Beatriz Coelho Aguiar
Carlos Antonio Soares
Kariny Carvalho Cipriano
Maria Mariana Sales Belo
Pedro Ikaro Rodrigues Façanha
Trabalho de Mediação,Conciliação e Arbitragem
Caso ARAMCO
O caso ARAMCO envolveu a Arabian American Oil Company (ARAMCO), a Arábia
Saudita e o transportador de petróleo Aristóteles Onassis. O conflito surgiu devido a interesses
divergentes entre as partes em relação ao transporte de petróleo.
A arbitragem foi realizada em Genebra, Suíça.Em 1933, o governo da Arábia Saudita
outorgou uma concessão para exploração de petróleo para a empresa Standard Oil Company of
California. Essa concessionária formou a Califórnia Arabian Standard Oil Company, que em
alguns anos viraria a Arabian American Oil Company (Aramco).
A concessão era de 50 anos, com o direito exclusivo sobre todas as etapas da exploração
do petróleo. O contrato determinava que as disputas seriam discutidas por meio de Arbitragem
final e vinculante, mas não previa a lei aplicável ao contrato.
Em 1954, o governo da Arabia Saudita celebrou um contrato com um magnata grego que
outorgava o direito de preferência do transporte marítimo de petróleo da Arabia Saudita para a sua
empresa. Diante disso, a Aramco recusou continuar com a concessão de 1933, pois estaria
impedida de escolher os meios de transporte do petróleo. Como consequência, o governo iniciou a
Arbitragem.
Em 1955, após o surgimento da disputa, o governo da Arábia Saudita e a Aramco
negociaram um Compromisso Arbitral, onde acordaram que a arbitragem seria ad hoc com sede
em Genebra e que a lei aplicável era a lei da Arábia Saudita para questões relacionadas à
jurisdição da Arábia Saudita e para questões de fora da Arábia, as leis que o Tribunal entendesse
pertinente. Além disso, as partes determinaram que o escopo da jurisdição era interpretar o
contrato de concessão e se a Aramco poderia recusar a preferência de transporte marítimo feita em
1954.
Também havia uma previsão de que a sentença não teria cunho pecuniário e as partes não
requereram perdas e danos, já que as partes tinham um bom relacionamento. Ao longo do
procedimento, Aramco argumentou que o contrato de concessão era lei entre as partes e não
poderia ser conflitado por contratos e leis posteriores e que, além disso, se tratava de um contrato
internacional, portanto, o tribunal deveria aplicar princípios gerais do direito reconhecidos por
países civilizados. O Tribunal Arbitral proferiu a sentença no sentido de que a Aramco detinha o
direito adquirido e o governo não poderia transferir esse direito a terceiros.
O Tribunal Arbitral conduziu uma análise para identificar se seria possível proferir uma
sentença arbitral de natureza meramente declaratória, sem determinar uma obrigação de fazer ou
perdas e danos. Foi importante para respeitar o princípio da autonomia da vontade e a
flexibilidade para que as partes moldem os poderes do tribunal de acordo com as necessidades do
caso específico. No primeiro momento, equiparava-se o Tribunal Arbitral ao Judiciário,
recorrendo às regras de conexão do país sede da arbitragem. Na ausência de estipulação pelas
partes, o Tribunal tem a liberdade de escolha da lei. No tocante à lei aplicável ao procedimento, a
determinação, tradicionalmente, sempre foi obedecida a autonomia da vontade das partes, e no
silêncio, seria a lei processual da sede da arbitragem.
Por fim, a Arbitragem antigamente servia para limitar a soberania estatal a fim de que os
agentes econômicos não se sentissem lesados, como forma de garantir os seus direitos. Quando se
começaram a inserir mais cláusulas arbitrais, passou a ser mais comum cláusulas amplas que
escolhiam legislações de países neutros ou princípios internacionais do direito. O modo de decidir
é o que importa hoje para o comércio internacional, onde tem pessoas que defendem a existência
de um direito transnacional. Quando o Tribunal chancela esse afastamento, ele coloca em risco a
exequibilidade do laudo. De um lado existem regras às vezes expressas/tácitas de que os árbitros
precisam dar os seus maiores esforços para dar um laudo exequível e de outro lado, com as
convenções, uma descrição restrita dos tribunais estatais para afastar a execução do laudo. Por
isso, há um grande peso na fundamentação e ela será o que é mais importante para resolver o
problema.
Caso Transportadora
Dois sócios de uma transportadora de grande porte, cada um com 50 % da sociedade, decidiram resolver seus problemas na
administração da empresa por meio da arbitrágem. A decisão arbitral resultou na exclusão de um deles da sociedade. O caso seria
relativamente comum, não fosse o fato de que os dois sócios são irmãos. Trata-se de um exemplo do uso da arbitrágem por empresas
familiares no Brasil, ainda incipiente, tendo em vista a resistência das famílias em inserir cláusulas arbitrais nos contratos - o que poderia
pressupor a existência de um conflito. Casos como este, no entanto, começam a despontar. Segundo profissionais dos chamados "family
offices", que tratam do planejamento sucessórios das empresas familiares, o uso da arbitrágem é uma tendência neste tipo de empresa no
país..
Disciplinada há 12 anos no Brasil pela Lei nº 9.307, de 1996, a arbitrágem é uma alternativa mais célere na solução de conflitos do que
os processos judiciais usada para casos que envolvam direitos patrimoniais disponíveis. Para fazer uso do método, é preciso inserir uma
cláusula arbitral no contrato societário. Mas nas empresas familiares, onde muitas vezes é feito um acordo verbal entre os membros da
família, isto ainda não é comum. Segundo o consultor de empresas Pedro Podboi Adachi, um dos responsáveis por uma pesquisa
realizada neste ano com 100 empresas familiares no país, constatou-se que apenas um terço das entrevistadas possui um acordo
societário formal.
No caso dos irmãos e sócios da transportadora, no entanto, a cláusula arbitral foi inserida no contrato já em 2005. A escolha pela
arbitrágem ocorreu quando a empresa decidiu adotar mecanismos de governança corporativa, o que previa a formação de um conselho de
administração. Os membros do conselho deveriam ser indicados pelos dois sócios e irmãos, que detinham a mesma participação na
sociedade, e o acordo proibia a indicação dos filhos para o cargo. Mas um dos irmãos infringiu esta regra, o que culminou na necessidade
de solução do conflito, previsto para ser resolvido pela arbitrágem. O procedimento arbitral, ajuizado pela outra parte, pleiteava a
exclusão do irmão da sociedade. Após seis meses de procedimento, a sentença arbitral da Câmara Americana de Comércio (Amcham),
decidiu pela exclusão do sócio. "Se eles tivessem optado por um processo judicial, certamente a empresa já teria quebrado", diz o
advogado Nilton Serson, do escritório Nilton Serson Advogados Associados, que defendeu a parte vitoriosa no processo arbitral.
Evitar a falência da empresa também é a principal vantagem que o advogado Pedro Benedito Maciel Neto, do escritório Maciel Neto
Advogados, aponta na arbitrágem. Recentemente, Neto atuou em um procedimento arbitral que tinha o objetivo de resolver um conflito
em um grupo de empresas familiares do ramo de confecções de grife em São Paulo. Novamente, a história envolvia a briga entre dois
irmãos, sócios em várias empresas da área, que entraram em conflito diante de divergências na forma de gestão dos negócios. Após cinco
meses, o sócio defendido pelo advogado foi indenizado e excluído da sociedade, e a empresa manteve a lucratividade. Neto atua também
em uma disputa similar, entre marido e mulher, na Justiça - e o resultado é que, após dez anos de tramitação do processo, as empresas em
jogo encontram-se inativas.
De acordo com profissionais de "family offices", as empresas familiares tem se mostrado cada vez menos conservadoras na opção pela
arbitrágem. Segundo Renato Bernhoeft, da Bernhoeft Consultoria Societária, o escritório tem insistido na inserção da cláusula arbitral
nos contratos deste tipo de empresa, o que é adaptável às características das famílias. "Em empresas judaicas, a cláusula prevê a
indicação de um rabino como árbitro", conta. Para René Werner, do escritório Werner & Associados, muitas vezes as famílias resistem
em inserir cláusulas de arbitrágem, pois acreditam que o conflito entre parentes tão próximos não é possível. "Procuro conscientizar as
famílias que, no caso de um conflito na empresa, a arbitrágem vai evitar que ela seja exposta ao público", diz. Segundo René, a
arbitrágem já é largamente utilizada nas empresas familiares na Europa e nos Estados Unidos.
Segundo Roberto Faldini, do escritório Faldini Participações Administração e Investimento, o método de resolução de conflitos que mais
tem crescido nas empresas familiares é a mediação, que é a tentativa de acordo antes da opção pela arbitrágem ou pela Justiça. Segundo
Faldini, que tem atuado como mediador em disputas familiares, um dos principais pontos de conflito é o planejamento sucessório. "Por
vezes a empresa se recupera, mas as relações pessoais ficam prejudicadas", diz