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A Era Vargas, que abrange os períodos de governo de Getúlio Vargas no Brasil, é um dos

momentos mais significativos e transformadores da história política, social e econômica do


país. Getúlio Vargas foi presidente do Brasil por quase 20 anos, em dois mandatos distintos,
e sua liderança teve um impacto profundo em quase todas as esferas da sociedade
brasileira. A Era Vargas pode ser dividida em três fases principais: o governo provisório
(1930-1934), o governo constitucional (1934-1937), o Estado Novo (1937-1945) e o período
pós-1945. Durante esses períodos, Vargas implementou uma série de reformas que
moldaram o Brasil moderno, promovendo a industrialização, a centralização do poder e o
fortalecimento do Estado. Além disso, Vargas teve um papel crucial na mudança do Brasil
de uma economia agrária para uma economia mais urbanizada e industrializada.

Contexto Histórico e Ascensão de Getúlio Vargas

Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 1882, no Rio Grande do Sul, e, antes de sua ascensão
à presidência, teve uma carreira significativa no Exército e na política. O Brasil na década
de 1920 estava atravessando uma série de crises internas, incluindo descontentamento
com a República Velha (ou República Oligárquica), um regime político marcado pela
dominação das oligarquias estaduais, em particular as de São Paulo e Minas Gerais, que
exerciam grande influência sobre o governo federal.

Nos anos 1920, o país estava passando por transformações sociais e econômicas
significativas. A industrialização, embora ainda em estágios iniciais, estava começando a
mudar a paisagem do Brasil, especialmente nas grandes cidades. Simultaneamente, havia
um crescente descontentamento com o modo como as elites políticas tradicionais
administravam o país, dando ênfase a um modelo agrário-exportador e negligenciando os
interesses das classes urbanas e industriais. Esse cenário proporcionou um terreno fértil
para o surgimento de movimentos que contestavam o poder estabelecido.

Em 1930, após uma série de fracassos eleitorais, Getúlio Vargas liderou a Revolução de
1930, que depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse do eleito Júlio Prestes,
representante das oligarquias paulistas. Vargas assumiu a presidência do Brasil, marcando
o início de um período de profundas mudanças políticas e sociais, que viriam a redefinir o
país.

O Governo Provisório (1930-1934)

Após a Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o governo como chefe de um governo
provisório. A sua primeira ação foi dissolver o Congresso Nacional e suspender a
Constituição de 1891. O governo provisório tinha como objetivo principal restaurar a ordem
no país e enfrentar os desafios econômicos e políticos herdados da República Velha.

Vargas procurou implementar reformas significativas para modernizar o Brasil. Sua


administração iniciou uma série de modificações, incluindo a reorganização da economia, a
centralização do poder e a criação de novos ministérios, como o Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, que se tornaria fundamental para a implementação das políticas
trabalhistas e industriais do governo Vargas. O governo de Vargas também iniciou a criação
de empresas estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), voltadas para o
desenvolvimento da indústria nacional.
Em relação às questões sociais, Vargas buscou criar uma base de apoio nas camadas
trabalhadoras urbanas, que estavam em ascensão na economia brasileira devido ao
processo de industrialização. A construção de uma identidade nacional, que unisse
diferentes classes sociais e regiões do Brasil, também foi uma preocupação central de seu
governo.

A Constituição de 1934 e o Governo Constitucional

Em 1934, Getúlio Vargas convocou uma Assembleia Constituinte para elaborar uma nova
constituição para o Brasil, a qual foi promulgada em 16 de julho de 1934. A Constituição de
1934 estabeleceu um modelo político mais democrático, incluindo a criação do voto
feminino e a introdução de direitos trabalhistas. Porém, ainda sob a influência de Vargas, a
nova constituição permitia a centralização do poder nas mãos do presidente, refletindo a
continuidade das preocupações com a estabilidade política e o fortalecimento do governo
central.

Durante este período, Vargas tentou estabelecer uma aliança com diferentes grupos
políticos e sociais, incluindo os trabalhistas e os militares, ao mesmo tempo em que
buscava ampliar o papel do Estado na economia. Embora tenha procurado governar com
uma base de apoio mais ampla, esse período também foi marcado por uma série de
tensões políticas. Em 1935, houve uma tentativa de golpe de militares comunistas, o que
fortaleceu a posição de Vargas como líder autoritário, mas também colocou em evidência as
divisões políticas no país.

O Estado Novo (1937-1945)

O momento de maior centralização de poder na figura de Getúlio Vargas ocorreu com o


golpe de 1937, quando Vargas, alegando a ameaça de um golpe comunista (conhecido
como Plano Cohen), deu um golpe de Estado e instituiu o Estado Novo, um regime
autoritário, centralizado e com um forte controle do poder executivo. O golpe resultou na
suspensão da Constituição de 1934, no fechamento do Congresso Nacional e na criação de
um regime de partido único, com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que foi fundamental
para apoiar as políticas trabalhistas de Vargas.

O Estado Novo foi caracterizado por uma forte centralização do poder, controle sobre a
economia e repressão à oposição política. Durante esse período, Vargas procurou
implementar reformas econômicas e sociais voltadas para a modernização do Brasil, com o
objetivo de transformar o país em uma nação industrializada. Ele adotou políticas de
incentivo à industrialização por meio do nacionalismo econômico, que envolvia o controle
estatal de setores estratégicos da economia, como energia, siderurgia e transporte.

Uma das grandes realizações do período foi o processo de industrialização do Brasil.


Vargas criou várias estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Petrobras,
para promover a industrialização e o desenvolvimento de infraestrutura no país. A CSN,
fundada em 1941, se tornou um marco na produção de aço no Brasil e um símbolo da
política de desenvolvimento industrial do governo Vargas.
Em relação ao trabalho, Vargas implementou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
em 1943, que unificou e regulamentou os direitos trabalhistas no Brasil, proporcionando
uma série de benefícios aos trabalhadores urbanos, como férias, 13º salário, jornada de
trabalho de 8 horas e a criação da Justiça do Trabalho. A CLT foi uma das principais
conquistas trabalhistas da Era Vargas e tem grande impacto nas leis trabalhistas brasileiras
até hoje.

O regime também foi marcado pela repressão aos opositores políticos, com a criação de
uma polícia política e o uso de censura. A oposição política, especialmente os comunistas,
socialistas e liberais, foi severamente reprimida. Ao mesmo tempo, Vargas procurava se
aproximar de setores da sociedade que eram aliados, como a classe trabalhadora e os
empresários nacionalistas, o que lhe conferiu uma base de apoio popular ampla.

O Fim do Estado Novo e a Redemocratização

Em 1945, após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, o contexto internacional e
a crescente pressão interna levaram ao fim do Estado Novo. O Brasil, que havia se alinhado
com os Estados Unidos e os países aliados durante a guerra, começou a experimentar uma
crescente pressão por democratização e maior liberdade política. Além disso, havia uma
oposição crescente ao autoritarismo do regime e uma vontade de mudança por parte das
elites políticas e militares.

Em 29 de outubro de 1945, um golpe militar depôs Vargas, encerrando o Estado Novo e


restaurando o regime democrático no Brasil. Vargas foi afastado da presidência, e uma
nova constituição foi promulgada em 1946, que restabeleceu a democracia no país e
estabeleceu um sistema parlamentarista.

O Período Pós-1945 e o Retorno de Vargas

Apesar de sua saída do poder, Getúlio Vargas não desapareceu da cena política brasileira.
Em 1950, ele foi eleito presidente do Brasil em uma eleição democrática, marcando o
retorno de um líder populista que havia deixado um legado significativo de centralização
econômica e trabalhista. Durante seu segundo governo, Vargas continuou a promover a
industrialização e buscou um maior controle do Estado sobre setores estratégicos da
economia. No entanto, seu segundo mandato foi marcado por crises políticas, econômicas e
sociais, que resultaram em sua morte.

Em 24 de agosto de 1954, em meio a uma grave crise política, Getúlio Vargas se suicidou
no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Sua morte foi um momento de grande comoção
nacional e gerou um grande impacto político no Brasil.

Legado da Era Vargas

O legado de Getúlio Vargas é complexo e multifacetado. Por um lado, ele é lembrado por ter
modernizado a economia brasileira e promovido a industrialização, criando um Estado que
teve um papel central na economia e no bem-estar social, com a implementação de direitos
trabalhistas fundamentais. Por outro lado, seu governo também é visto como autoritário,
com repressão à oposição política e ao exercício da liberdade.
Vargas é frequentemente considerado um líder carismático e populista, cuja figura esteve
intimamente ligada à ideia de um "pai dos pobres" que lutava pelos interesses dos
trabalhadores e do povo. Sua política trabalhista e industrial foi responsável por mudanças
significativas na estrutura social e econômica do Brasil, embora suas políticas autoritárias
tenham gerado controvérsias.

A Era Vargas também é fundamental para entender o Brasil contemporâneo, pois muitas
das instituições e políticas criadas durante esse período, como as leis trabalhistas e a
presença do Estado na economia, ainda influenciam a política e a economia do país.

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