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Teoria Da Karl Marx

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO SOL NASCENTE

ISPSN - HUAMBO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
SECTOR DE PSICOLOGIA E DIDÁCTICA

TRABALHO DE SOCIOLOGIA

TEMA:

TEORIA DE KARL MARX

Grupo N.º: 4
2º Ano
Curso: Psicologia e Didáctica
Período: Noite

DOCENTE
_______________________

HUAMBO, 2024
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO SOL NASCENTE
ISPSN - HUAMBO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
SECTOR DE PSICOLOGIA E DIDÁCTICA

TRABALHO DE SOCIOLOGIA

TEMA:

TEORIA DE KARL MARX


Grupo N.º: 4
2º Ano
Curso: Psicologia e Didáctica
Período: Noite

N.º ESTUDANTE NOME NOTA


172900308 Amós Sanjangala Tone
172100222 Elvira Perpétua Hombo
172300279 Jacira Carolina Borges
172300306 Matilde da Felicidade Bumba
172300171 Papí Pelaja Praia Luhamue
172300277 Paulo A. Ramos Chivela
172300275 Princesa Verónica Buiti Mamata
172300220 Sabina Ornela Abílio
171900226 Teresa Candjala Ekuikui Francisco

DOCENTE
_______________________

HUAMBO, 2024
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

OBJECTIVOS ............................................................................................................................ 1

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................................. 2

VIDA E OBRA DE KARL MARX ............................................................................................ 2

O MATERIALISMO DIALÉCTICO ......................................................................................... 2

O MODO DE PRODUÇÃO ...................................................................................................... 3

A TEORIA DO VALOR ............................................................................................................. 4

VALOR DA MERCADORIA .................................................................................................... 5

TRABALHO SIMPLES E COMPLEXO .................................................................................. 5

O VALOR DA FORÇA DO TRABALHO ................................................................................. 6

TEORIA DA MAIS-VALIA ....................................................................................................... 6

CAPITAL VARIÁVEL E CAPITAL CONSTANTE ................................................................. 8

CAPITAL FIXO E CAPITAL CIRCULANTE .......................................................................... 8

A TAXA DE MAIS-VALIA ....................................................................................................... 9

A ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, DESEMPREGO, CRISES E SALÁRIOS ........................ 9

A CRÍTICA AO CAPITALISMO ............................................................................................ 10

A UTOPIA COMUNISTA ....................................................................................................... 10

INFLUÊNCIAS E CRÍTICAS ................................................................................................. 10

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 11

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 12
RESUMO

O presente trabalho aborda a teoria de Karl Marx, destacando seu materialismo dialético e
histórico como base para analisar o capitalismo. Marx concebe a sociedade como estruturada
por uma base econômica (infraestrutura), que influencia a superestrutura (jurídica, política e
cultural). Ele identifica a luta de classes como motor da história, gerada pelas contradições
internas do capitalismo, como a relação entre capital variável (trabalho) e constante (meios de
produção).

A teoria da mais-valia é central, descrevendo como o valor excedente gerado pelos


trabalhadores é apropriado pelos capitalistas, gerando lucros. Marx critica o capitalismo por sua
natureza exploratória e instável, prevendo sua superação por meio de revoluções que
instaurariam uma sociedade comunista sem classes. Suas ideias influenciaram movimentos
sociais e políticas contemporâneas, mas também receberam críticas pela viabilidade prática do
comunismo.

Palavras-chave: Materialismo dialético, Mais-valia, Luta de classes, Capitalismo,


Comunismo, Acumulação de capital e Críticas ao capitalismo
INTRODUÇÃO

Karl Marx nasceu em 1818, em Treves, na Alemanha, no seio de uma família judia. No aspecto
filosófico, Marx foi influenciado por Hegel, sobretudo quanto ao método e por Ludwig
Feuerbach que exerceu sobre Marx uma influência determinante quanto ao postulado do
materialismo e do conceito de “alienação” do Homem, que se transformará num pilar do
pensamento de Marx. A economia política tornou-se em Marx a chave que leva a abrir as portas
para a compreensão da política, analisando a sociedade civil.

Marx foi um pensador dos elementos fundamentais do capitalismo, como um sistema


económico e as suas formas de desenvolvimento, analisando a mercadoria, a moeda, o capital,
o trabalho, a mais-valia, a acumulação de capital e as crises. A visão central de Marx
considerava o Homem como ser natural, social, como um ser histórico, vendo a história como
se desenvolvendo através da luta de classes, numa visão dialéctica. Marx teve como objectivo,
na sua obra, analisar as contradições lógicas (internas) do capitalismo.

OBJECTIVOS

Objectivo Geral

• Compreender os principais conceitos e análises desenvolvidos por Karl Marx sobre


o sistema capitalista e sua relação com as estruturas econômicas, sociais e históricas,
destacando suas contribuições teóricas para o pensamento crítico contemporâneo.

Objectivos Específicos

• Analisar os fundamentos do materialismo dialético e histórico na obra de Karl Marx


e sua aplicação à realidade social.
• Examinar a teoria da mais-valia e a dinâmica do capital como crítica ao sistema
capitalista.
• Discutir a relevância do conceito de luta de classes como motor da história e suas
implicações no cenário atual.

1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

VIDA E OBRA DE KARL MARX

Karl Marx nasceu em Trier, na Alemanha, e estudou filosofia e economia. Suas principais obras
incluem 'O Capital' e o 'Manifesto Comunista', escrito em parceria com Friedrich Engels. Marx
dedicou sua vida ao estudo das contradições do sistema capitalista e à proposição de uma
alternativa: o comunismo.

O MATERIALISMO DIALÉCTICO

A mistificação que a dialéctica sofre nas mãos de Hegel não impede, de modo algum, que ele
tenha sido o primeiro a expor as suas formas gerais de movimento, de maneira ampla e
consciente. É necessário invertê-la, para descobrir o cerne racional dentro do invólucro místico.
O movimento, repleno de contradições, da sociedade capitalista faz-se sentir ao burguês prático
de modo mais contundente nos vaivéns do ciclo periódico que a indústria moderna percorre e
em seu ponto culminante — a crise geral.

Hegel considerava que a Ideia, a Razão, é a substância de toda a vida natural e espiritual. Logo,
todo o real é racional e, por conseguinte, também a História se desenha racionalmente,
desenvolvendo-se com uma lógica racional, com um sentido. Os vários aspectos da realidade
fazem parte de um todo continuamente em evolução dinâmica. Esta evolução faz-se através do
conflito de elementos opostos, o que se traduz na dialéctica.

Vejamos em que consiste o método dialéctico no sentido Hegeliano. O espírito começa por
formular uma afirmação que constitui a tese. A esta tese, o espírito começa a desenvolver um
conjunto de objecções, chegando a uma afirmação contrária da primeira, que constitui a
antítese. Do confronto entre a tese e a antítese, o espírito desenvolve um esforço no sentido para
encontrar uma nova afirmação que constitui a síntese. Esta síntese passa a constituir uma nova
tese, a qual se começam a levantar novas objecções, e assim por diante.

Marx, sendo hegeliano de formação, aplica o seu método não ao mundo das ideias mas à
realidade material. Marx é materialista, contrariamente a Hegel que é idealista. No materialismo
foi inspirado por Feuerbach, para quem só a matéria existia. Ao materialismo, Marx aplica a
dialéctica e com base no materialismo dialéctico constrói o seu modelo de desenvolvimento.

2
O MODO DE PRODUÇÃO

Utilizando o materialismo dialéctico, Marx explica o modo como as sociedades humanas se


desenvolvem. Dizia ele que as mudanças sociais ocorrem de acordo com as forças dinâmicas
internas da sociedade que, em consequência, são o resultado das relações de produção da
sociedade.

As relações de produção exprimem-se sob diversas formas, nomeadamente, o direito de


propriedade. A partir de certo estádio de desenvolvimento das forças produtivas nasce e
desenvolve-se um conflito entre estas e as relações de produção o qual é superado pelo
estabelecimento de novas relações de produção, que se verifica por meio de alterações e,
nomeadamente, por revoluções sociais. É a dialéctica em acção, desenvolvida por Hegel,
através da tese, antítese e síntese, mas aplicada à realidade material, que Marx foi buscar a
Feuerbach aplicando o método dialéctico de Hegel.

De acordo com a teoria de Marx, o que se verifica na superestrutura - nos âmbitos jurídico,
político e cultural – tem a sua ligação com a estrutura básica, que se consubstancia nas relações
económicas que constituem a estrutura.

Marx entendia que as forças produtivas da sociedade evoluem mais rapidamente que as relações
de produção, entrando em conflito com as relações de produção pelo que, a partir de certo ponto,
o sistema encontra-se bloqueado. Abre-se então, diz Marx, "uma época de revolução social"
que tem por função fazer desaparecer as antigas relações de produção e permitir o aparecimento
de novas relações de produção mais conformes com o nível de desenvolvimento atingido pelas
forças produtivas, as quais evoluem dinamicamente e a ritmos diferentes nas várias sociedades.

Um modo de produção não se confunde com uma sociedade determinada, com apenas um
modelo abstracto que permite analisar as suas características fundamentais dessa sociedade. É
através da luta de classes (traduzindo o processo dialéctico) no entender de Marx, que a
sociedade evolui, conforme refere no “Manifesto Comunista" (1848), utilizando na sua análise
o materialismo dialéctico.

A sociedade, como realidade material que é, contém em si contradições internas, que se


manifestam no modo diferente de evolução da base material (infra-estrutura) e da
superestrutura, levando a transformações qualitativas desta superestrutura no sentido de se
adequar ao nível de desenvolvimento das forças produtivas.

3
A compreensão do funcionamento de uma sociedade repousa, para Marx, sobre a análise da sua
estrutura económica (a infra-estrutura da sociedade). É esta que determina, em última instância,
a superestrutura constituída pelas formas jurídicas, politicas, artísticas ou filosóficas, próprias
de uma determinada sociedade, num determinado período histórico, variando diacronicamente.
Para Marx, a lei e a política traduzem a implementação do que a estrutura económica requer e
a estrutura económica representa o que é requerido pelas forças produtivas.

A TEORIA DO VALOR

A teoria do valor foi desenvolvida por Adam Smith e por David Ricardo, tendo Marx
aprofundado essa teoria e tirado da mesma, determinadas ilações que não foram retiradas por
aqueles autores. Tal como Smith e Ricardo, Marx diz que a utilidade de um objecto constitui o
seu valor de uso, que é independente da quantidade de trabalho requerida para o produzir, o que
já foi referido por Aristóteles.

O valor de troca, diz Marx, é constituído pela quantidade de trabalho abstracto, socialmente
necessário para a sua produção. Se se abstrai do valor de uso das mercadorias, estas têm apenas
uma propriedade em comum, a de serem produtos do trabalho humano, independentemente da
forma de trabalho concreto. Nisto consiste o trabalho abstracto, que se consubstancia numa
actividade do ser humano, independentemente da sua forma.

Em certo sentido, Marx combina Aristóteles e Adam Smith quanto à questão de valor de uso e
de valor de troca, considerando que o trabalho abstracto é a substância do valor de troca. Todas
as mercadorias são transaccionáveis porque são o produto do trabalho humano, ou seja, o
trabalho humano actual, materializado nas mercadorias, é o que torna as mercadorias
comercializáveis. Os capitalistas compram a força de trabalho ou a capacidade de trabalho dos
trabalhadores (ou capital humano), a qual é uma mercadoria, cujo valor é determinado como a
de qualquer outra mercadoria.

Deste modo, a força de trabalho, ao actualizar-se através do trabalho concreto, cristaliza-se no


produto resultante desse trabalho, ultrapassando a questão já colocada por Aristóteles quanto à
comparabilidade de duas mercadorias diferentes. Marx resolve esta questão colocada por
Aristóteles, dizendo que é o trabalho humano cristalizado nas mercadorias que as torna
comparáveis, expressando o seu valor de troca.

4
Por outro lado, seguindo Smith, Marx refere que é o tempo de trabalho abstracto que determina
a magnitude do seu valor. O valor de uma mercadoria é somente expresso ou revelado quando
é trocado por outra mercadoria ou quando é vendido através da moeda.

Segundo Marx, todo o valor advém do trabalho, pelo que os trabalhadores produzem a riqueza,
bem como, o capital que então os domina e explora. Com efeito, segundo Marx, o capital, em
essência, não só comanda o trabalho pago, como referia Adam Smith, mas também comanda o
resultado do trabalho não pago, traduzido na mais-valia, que se transforma em lucro através da
sua realização, consubstanciada na venda. Sem a venda das mercadorias não existe o lucro, o
qual é o objectivo dos capitalistas, daí a importância dos mercados.

VALOR DA MERCADORIA

O valor de uma mercadoria é determinado pelo trabalho abstracto socialmente necessário para
a sua produção, como já referimos.

Por trabalho abstracto entende-se o esforço humano despendido na produção de uma


mercadoria, independentemente do trabalho concreto, ou seja, independentemente da forma
como é aplicado esse esforço. O trabalho de um médico, lenhador ou lavrador, expressam
espécies de trabalho concreto, mas têm em comum, como substância, serem a manifestação de
uma actividade humana.

O Trabalho socialmente necessário é o tempo requerido para a produção em condições normais,


com um grau médio de habilidade e intensidade, usando a tecnologia existente e disponível.
Quanto maior for a produtividade do trabalho menor será o tempo de trabalho necessário para
a produção dos bens e serviços, menor será o seu valor e, em consequência, menor tenderá a
ser o seu preço no mercado, o qual tende a expressar monetariamente o valor da mercadoria. O
aumento da produtividade do trabalho reflecte-se na diminuição do valor das mercadorias.

TRABALHO SIMPLES E COMPLEXO

Dado que o trabalho não é homogéneo, pode considerar-se o trabalho complexo (ou superior)
como um múltiplo do trabalho simples. O trabalho socialmente necessário é o trabalho
“reduzido” ao trabalho simples, podendo, assim, considerar- se que o trabalho complexo é
constituído por várias unidades de trabalho simples.

Marx designa trabalho simples como o trabalho não qualificado, que distingue do trabalho
“complexo” ou qualificado, explicando-se, desta forma, as diferenças salariais que resultam de

5
diferentes forças de trabalho. Os preços das mercadorias numa economia capitalista tendem a
ser o reflexo do trabalho cristalizado nessas mercadorias.

O VALOR DA FORÇA DO TRABALHO

Marx considerava, tal como os clássicos, sobretudo Adam Smith e David Ricardo, a força de
trabalho como uma mercadoria que é vendida pelos trabalhadores e comprada pelos capitalistas.
O trabalhador, porque tendencialmente apenas possui a sua força de trabalho como única
mercadoria, é obrigado a vendê-la ao capitalista no mercado de trabalho, cujo preço é traduzido
pelo salário.

O valor da força de trabalho expressa-se no salário. A relação dos salários implica que a
capacidade de trabalho dos assalariados, a sua força de trabalho, se torna uma mercadoria. A
capacidade de trabalho é o valor de uso para produzir mercadorias. O seu valor de troca é
representado pela taxa de salário. Assim, a força de trabalho é uma mercadoria que os
trabalhadores oferecem no mercado de trabalho.

O valor da força de trabalho é determinado, como o de qualquer outra mercadoria, pelo tempo
de trabalho abstracto socialmente necessário para a sua produção (e reprodução). O seu valor
é, contudo, em média, igual à subsistência do trabalhador (e sua reprodução), subsistência
definida como um mínimo cultural, evoluindo historicamente, significando que esse mínimo,
em termos absolutos, tende a subir diacronicamente, tendo em consideração a evolução da
humanidade, variando, também, espacialmente.

TEORIA DA MAIS-VALIA

Com base na teoria do valor-trabalho que, como já referido, foi desenvolvida por Adam Smith
e David Ricardo, e que já vem de Aristóteles, Marx desenvolveu a teoria da mais-valia. Para
compreender esta teoria é necessário que se tenha em conta que o valor criado no processo
produtivo é superior ao valor da força de trabalho, dividindo-se em duas partes:

a) Uma que corresponde ao valor da força de trabalho, como mercadoria, que se traduz,
em termos concretos, no salário, e que constitui o custo de produção da força de trabalho
na óptica do capitalista (e que constitui rendimento para o trabalhador);
b) Outra parte do valor criado no processo produtivo que excede o valor da força de
trabalho e que é propriedade do capitalista. A este excedente do valor criado pelo
trabalhador sobre o valor recebido chama Marx a mais-valia e que, através da sua
realização (venda das mercadorias) se transforma em lucro em sentido lato, tomando as

6
formas de lucro em sentido restrito, de juros e de rendas. Por realização da mais-valia,
sua transformação em lucro, entende-se a venda dos bens e serviços produzidos. Sem
realização da mais-valia não existe lucro, o que explica a busca de mercados para as
mercadorias por parte das empresas.

Por exemplo, se o custo de produção de um trabalhador for equivalente a 5 horas de trabalho


diário (traduzidos nos salários) e este trabalhador trabalhar 8 horas por dia, o valor criado é de
8 horas de trabalho, que corresponde a um determinado valor monetário superior ao salário
recebido pelo trabalhador.

A diferença entre o valor criado - 8 horas de trabalho - e o valor recebido pelo trabalhador (na
forma de salário) – 5 horas de trabalho - é a mais-valia, que no exemplo dado é de 3 horas de
trabalho, que, através da realização (venda das mercadorias) se transforma em lucro.

Deste modo, a mais-valia é a fonte do lucro, em sentido lato (englobando o lucro em sentido
restrito, os juros e as rendas). Com efeito, o valor da força de trabalho, que tendencialmente é
expressa pelo preço de mercado, corresponde apenas ao nível de subsistência cultural e
historicamente determinado. Dado que o trabalhador é capaz de produzir o valor da sua
subsistência em menos tempo do que o da jornada de trabalho, o restante valor criado sobre o
recebido constitui a mais-valia, que é criada pelo trabalhador e apropriada pelo capitalista.

Podemos fazer uma ligação entre a realização da mais-valia e a conceito de procura efectiva
desenvolvido por Keynes, na Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro, obra publicada
em 1936. Com efeito, Keynes, contrariando os clássicos que referiam que a economia tenderia
a estar ao nível do pleno emprego, se fosse deixada actuar livremente, com o mínimo de
intervenção do Estado, pois a oferta criaria a sua própria procura – segundo o que ficou
conhecido por lei de Say - evidenciou que a economia tenderia a estar em equilíbrio abaixo do
pleno emprego devido à deficiência da procura efectiva, que levaria a que parte da produção
(cujo valor se traduz na massa de lucros e na massa de salários, constituindo o valor
acrescentado no processo produtivo pelo factor trabalho) não fosse vendida (i.e., parte da mais–
valia criada não seria realizada), o que levaria às crises generalizadas que recorrentemente
afectariam a economia capitalista e que Marx denominou como crises de sobreprodução
relativa.

7
CAPITAL VARIÁVEL E CAPITAL CONSTANTE

Quanto ao conceito de capital Marx distinguiu entre o conceito de capital constante e o conceito
de capital variável.

O capital constante representa trabalho morto, cristalizado e acumulado nos meios e


instrumentos de produção, nomeadamente, nas matérias-primas e nas amortizações do capital
fixo. Este capital, que constitui o trabalho cristalizado nas mercadorias em processos produtivos
passados, é utilizado no processo produtivo actual, apenas transmite o seu valor às novas
mercadorias, mas não cria novo valor.

O capital constante é definido como a porção do valor da maquinaria (amortização) e materiais


(matérias-primas) que são usados na produção e que integram o valor do produto. Apenas o
valor da porção do capital constante (depreciação, matérias- primas e outros materiais
auxiliares) que é usado no processo produtivo é transferido para o valor da mercadoria.

O capital variável é o valor da força de trabalho, corresponde aos salários pagos. O tempo
necessário para produzir o valor da força de trabalho é chamado tempo de trabalho socialmente
necessário.

CAPITAL FIXO E CAPITAL CIRCULANTE

Uma outra distinção efectuada por Marx relativamente ao capital constante foi a sua divisão
entre o conceito de capital fixo e capital circulante.

O capital fixo é a parte do capital constante utilizado em vários processos produtivos, em várias
rotações. Note-se que o valor do capital constante utilizado por Marx para a consideração da
composição orgânica de capital (analisada mais à frente) e para a taxa de lucro, traduz-se,
apenas, no valor do capital constante transmitido às mercadorias que, aproximadamente, se
traduz no conceito actual do valor das amortizações e depreciações que integra o custo de
produção das mesmas.

O capital circulante é a parte do capital constante cujo valor é transmitido integralmente para o
valor das mercadorias numa única rotação produtiva, nomeadamente, o valor das matérias-
primas.

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A TAXA DE MAIS-VALIA

No processo produtivo a força de trabalho cria mais valor do que o seu próprio valor, ou seja,
cria mais valor do que aquilo que vale. O valor da força de trabalho corresponde ao capital
variável, v, tendo a sua equivalência no salário.

Desde que se verifique a realização da mais-valia, ou seja, desde que as mercadorias sejam
vendidas, a mais-valia transforma-se em lucro. Podemos fazer uma equivalência entre a
expressão do valor criado e os salários e os lucros.

Sendo o capital variável o valor da força de trabalho, constituindo um dos elementos do custo
para os capitalistas quando são pagos os salários, e desde que se verifique a realização da mais-
valia que se consubstancia nos lucros, podemos reformular a anterior expressão de valor
acrescentado.

Com efeito, em certas circunstâncias, em termos individuais, um trabalhador pode usufruir um


salário baixo e ter uma taxa de exploração negativa, desde que o valor que cria no processo
produtivo seja inferior ao valor que recebe sob a forma de salário. Por outro lado, um
trabalhador que receba um salário elevado mas que crie, acrescente um elevado valor no
processo produtivo, criando elevada magnitude de mais-valia, pode ter uma taxa de exploração
elevada.

A ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, DESEMPREGO, CRISES E SALÁRIOS

Da mais-valia criada no processo produtivo uma parte é destinada à ampliação do capital,


através do investimento líquido. A concorrência necessária que se estabelece entre os
capitalistas leva a que se introduza cada vez mais tecnologia no processo produtivo, tendo como
consequência o desaparecimento das empresas que não acompanham essa evolução e cujos
custos de produção se mantêm mais elevados do que as empresas que veiculam novas
tecnologias através dos novos investimentos e que lhes permite aumentar a produtividade da
força de trabalho.

Deste modo, a concentração verifica-se não só por extensão através de novos investimentos
mas, também, pelo desaparecimento das empresas que se tornam menos competitivas e que vão
sendo absorvidas pelas empresas mais eficientes. O processo de acumulação de capital gera um
processo paralelo de proletarização crescente, pois os empresários das pequenas fábricas que
vão sendo eliminadas passam a proletários, isto é, começam a vender a sua força de trabalho
nas empresas que continuam a laborar.

9
Deduz-se, desta passagem de Marx, que as crises capitalistas são necessárias para manter o
próprio capitalismo. Os clássicos (e neoclássicos) consideravam que as crises generalizadas de
sobreprodução relativa não se verificariam. Keynes, considerando que a economia capitalista
estava sujeita a crises endogenamente determinadas, tal como Marx, considerava que as
mesmas poderiam ser, de certa forma controladas ou, pelo menos, minimizadas.

As crises, segundo Marx, são acontecimentos que fazem parte do processo de acumulação
capitalista, inerentes ao mesmo. As crises têm uma função essencial, necessária para que a
reprodução capitalista se alargue, restaurando as taxas de lucro, como contrapartida da
desvalorização do capital.

A CRÍTICA AO CAPITALISMO

Marx considerava o capitalismo um sistema exploratório, baseado na acumulação de riqueza


por poucos à custa da maioria. Ele criticou a concentração de poder nas mãos da burguesia e
previu que as contradições internas do capitalismo levariam à sua superação.

A UTOPIA COMUNISTA

Para Marx, o comunismo representava uma sociedade sem classes, onde os meios de produção
seriam coletivos e a exploração seria eliminada. Essa transformação envolveria uma etapa de
transição socialista, em que o poder seria exercido pelo proletariado.

INFLUÊNCIAS E CRÍTICAS

As ideias de Marx influenciaram profundamente os movimentos sociais e as ciências humanas.


No entanto, suas teorias também enfrentaram críticas, especialmente por parte de economistas
liberais e defensores do capitalismo, que questionam a viabilidade prática do comunismo.

10
CONCLUSÃO

Karl Marx foi um dos mais influentes pensadores da história, conhecido principalmente por sua
análise crítica do capitalismo e por seu papel no desenvolvimento do socialismo e do
comunismo. A teoria de Marx é abrangente, abrangendo economia, política, filosofia e
sociologia.

A obra de Karl Marx permanece como referência central para a compreensão das dinâmicas
econômicas e sociais contemporâneas. Sua análise do capitalismo como um sistema
exploratório e instável, baseado na acumulação de riqueza por poucos, segue relevante em um
mundo marcado por desigualdades econômicas e crises cíclicas. Ao abordar conceitos como
materialismo dialético, mais-valia e luta de classes, Marx forneceu uma base teórica para
movimentos sociais e políticos em busca de justiça social. Embora amplamente debatidas e por
vezes contestadas, suas ideias continuam a inspirar novas reflexões sobre as possibilidades de
transformação social.

11
REFERÊNCIAS

Marx, K. (1867). O Capital: Crítica da Economia Política. São Paulo: Boitempo Editorial.

Marx, K. & Engels, F. (1848). Manifesto Comunista. São Paulo: Paz e Terra.

Engels, F. (1884). A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Rio de Janeiro:


Zahar.

Giddens, A. (1971). Capitalismo e Moderna Teoria Social. São Paulo: Unesp.

Harvey, D. (2010). O Enigma do Capital e as Crises do Capitalismo. São Paulo: Boitempo


Editorial.

Meszaros, I. (2002). Para Além do Capital. São Paulo: Boitempo Editorial.

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