Linha do Tempo do Samba
Obs.: Choro surgiu primeiro que o Samba na segunda metade do século XIX no Rio
de Janeiro, porém, um não deriva do outro. O choro foi influenciado por ritmos como:
polcas, valsase mazurcas.
1. Período Colonial: Origem da Capoeira e Primeiras Influências Africanas
Durante o período colonial, os africanos escravizados trouxeram para o Brasil
diversas manifestações culturais que misturavam dança, música e rituais religiosos.
Essas expressões incluíam o batuque, o lundu (trazidos do Congo e de Angola), o
coco (de origem mista, africana e indígena) e o fandango (surgido na Espanha no
século XVII). Esses ritmos, junto com as tradições europeias de danças de salão,
como a polca, a mazurca e a valsa, influenciaram a formação do samba.
• Capoeira: Desenvolveu-se entre os escravizados como uma forma de
resistência cultural, combinando luta, dança e música. Ela era
acompanhada por instrumentos como o berimbau, atabaque, pandeiro,
agogô e reco-reco, além de cantos e palmas que criavam uma atmosfera
rítmica. Esses elementos também dialogaram com a música do samba de
roda, marcando uma conexão cultural importante.
2. Segunda Metade do Século XIX: Samba de Roda no Recôncavo Baiano
O samba de roda emergiu no Recôncavo Baiano como uma manifestação cultural
das comunidades negras. Ele era praticado em celebrações, rituais religiosos
(especialmente no candomblé) e também em rodas de capoeira. Essa manifestação
combinava música, dança e canto em roda, com instrumentos como chocalho,
viola, caxixi, pandeiro, agogô, berimbau, reco-reco, atabaque e ganzá.
• Características Musicais: Incorporava elementos africanos, como os
batuques, e misturava influências de danças populares da época, como o
lundu e o coco. O canto era responsorial (com um solista e o coro
respondendo) e acompanhado por palmas e instrumentos de percussão.
• Conexão com a Capoeira: O samba de roda muitas vezes era realizado em
conjunto com a capoeira, especialmente em intervalos das rodas. Apesar
disso, o samba de roda é uma manifestação autônoma, voltada à celebração
e à dança.
3. 1888: Abolição da Escravidão e a Migração Cultural para o Rio de Janeiro
Com o fim da escravidão, muitos negros libertos deixaram o Recôncavo Baiano e
migraram para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em busca de novas
oportunidades.
• Formação de Comunidades Afro-Brasileiras: Os migrantes estabeleceram-
se em bairros periféricos como Saúde, Estácio e Gamboa. Nessas
comunidades, tradições como o samba de roda foram preservadas e
adaptadas ao novo contexto urbano.
• Os Terreiros das Tias Baianas: Figuras como Tia Ciata organizavam festas
em suas casas, onde práticas culturais afro-brasileiras eram celebradas.
Essas festas incluíam samba de roda, comida, bebida e música, ajudando a
popularizar o gênero no Rio de Janeiro.
4. 1890: Código Penal e Perseguição Cultural
Práticas culturais afro-brasileiras, como o samba e a capoeira, foram criminalizadas
pelo Código Penal de 1890, que as associava à vadiagem e à marginalidade em
razão do preconceito, racismo e censura da época. Apesar da repressão, as
comunidades negras mantiveram suas manifestações culturais em espaços
privados, como os terreiros, que funcionavam como centros de resistência e
preservação.
5. 1917: Primeira Gravação do Samba e a Transição para o Contexto Urbano
O samba começou a se adaptar ao ambiente urbano carioca, incorporando novos
instrumentos, como o cavaquinho, o violão e o pandeiro, além de ganhar letras
que narravam o cotidiano das comunidades.
• Marco Histórico: A gravação de "Pelo Telefone", por Donga e Mauro de
Almeida, é considerada a primeira gravação oficial de samba. Apesar de ter
forte influência do maxixe, abriu caminho para o reconhecimento do samba
como gênero musical.
6. Década de 1920: Popularização e Organização Cultural do Samba
• Influências Urbanas: As batucadas levadas para os morros e periferias do
Rio se misturaram com outros estilos, contribuindo para o desenvolvimento
do samba moderno.
• Internacionalização: O grupo "Os Oito Batutas", liderado por Pixinguinha,
levou o samba e o choro para o exterior, consolidando a música brasileira no
cenário global.
• Escolas de Samba: Surgiram as primeiras organizações de sambistas, que
mais tarde originaram as escolas de samba e o samba-enredo.
7. Década de 1930: Consolidação do Samba e Reconhecimento Nacional
• Consolidação nas Escolas de Samba: O samba se tornou o gênero musical
que define o Carnaval, com desfiles organizados por escolas de samba.
• Personagens Marcantes:
o Ismael Silva e o Estácio introduziram um ritmo mais rápido e urbano,
conhecido como "samba moderno".
o Outros nomes como Cartola (Mangueira), Noel Rosa (Vila Isabel) e
Paulo Benjamim de Oliveira (Oswaldo Cruz) sofisticaram o gênero.
8. Década de 1940: Estado Novo e o Interesse de Getúlio Vargas no Samba
• Criação de Identidade Nacional: Getúlio Vargas usou o samba como
símbolo de identidade nacional, promovendo-o como expressão cultural
oficial do Brasil.
• Apoio à Indústria do Rádio: O samba foi amplamente difundido pelo rádio,
alcançando as massas.
• Fortalecimento do Carnaval: As escolas de samba foram incentivadas e
integradas ao Carnaval, consolidando-o como a maior festa popular
brasileira.
• Controle Cultural: Ao institucionalizar o samba, o governo Vargas também
retirou parte do caráter marginal e contestador de suas origens.