Area202110245 1
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PROCESSO: 48500.005793/2018-86.
I – RELATÓRIO
1. A empresa Oliveira Energia Geração e Serviços Ltda. (Oliveira Energia), classificada como
Produtor Independente de Energia Elétrica (PIE) e autorizado a implantar e explorar as Centrais Geradoras
Termelétricas (UTE) objetos dos Lotes B/I, B/I-A e B/II do Leilão nº 02/20161, apresentadas na Tabela 1,
tendo o óleo diesel como combustível, localizadas no estado do Amazonas, conforme Resoluções
Autorizativas nº 6.531 a nº 6.5332, de 25 de julho de 2017, e nº 7.174 a 7.1763, de 24 de julho de 2018.
Tabela 1 - Usinas Termelétricas objeto dos Lotes B/I, B/I-A e B/II do Leilão nº 02/2016.
Potência
Ato de
UTE CEG Instalada Localização
Outorga
(kW)
AUGUSTO MONTENEGRO - COE UTE.PE.AM.037684-1.01 821,5 Urucurituba/AM
MOURA - COE UTE.PE.AM.037685-0.01 1.091,0 Barcelos/AM
CARVOEIRO - COE REA 6.531, de UTE.PE.AM.037686-8.01 370,0 Barcelos/AM
CABORÍ - COE 25/07/2017 UTE.PE.AM.037687-6.01 2.103,0 Parintins/AM
MOCAMBO - COE c/c DSP SCG UTE.PE.AM.037688-4.01 821,5 Parintins/AM
NHAMUNDÁ - COE 2.027, de UTE.PE.AM.037689-2.01 8.349,0 Nhamundá/AM
24/7/2019 São Sebastião do
SANTANA DO UATUMÃ - COE UTE.PE.AM.037690-6.01 821,5
Uatumã/AM
BARCELOS - COE UTE.PE.AM.037691-4.01 10.614,0 Barcelos/AM
1
Disponível em https://www.aneel.gov.br/geracao4 >> 2ª ETAPA DO LEILÃO 002/2016.
2
Disponíveis em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20176531ti.pdf, http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20176532ti.pdf e
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20176533ti.pdf.
3
Disponíveis em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20187174ti.pdf, http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20187175ti.pdf,
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20187176ti.pdf..
Potência
Ato de
UTE CEG Instalada Localização
Outorga
(kW)
NOVO AIRÃO - COE UTE.PE.AM.037692-2.01 10.212,0 Novo Airão/AM
SANTA ISABEL DO RIO NEGRO - Santa Isabel do Rio
UTE.PE.AM.037693-0.01 5.427,0
COE Negro/AM
São Gabriel da
CUCUÍ - COE UTE.PE.AM.037694-9.01 675,0
Cachoeira/AM
São Gabriel da
IAUARETÊ - COE UTE.PE.AM.037695-7.01 840,0
Cachoeira/AM
LINDÓIA - COE UTE.PE.AM.037696-5.01 5.427,0 Itacoatiara/AM
NOVO REMANSO - COE UTE.PE.AM.037697-3.01 10.614,0 Itacoatiara/AM
URUCARÁ - COE UTE.PE.AM.037698-1.01 8.349,0 Urucará/AM
SÃO SEBASTIÃO DO UATUMÃ - São Sebastião do
UTE.PE.AM.037699-0.01 5.914,0
COE Uatumã/AM
PAUINI - COE UTE.PE.AM.037706-6.01 5.914,0 Pauini/AM
TUIUÉ - COE UTE.PE.AM.037707-4.01 1.616,0 Manacapuru/AM
TAPAUÁ - COE UTE.PE.AM.037708-2.01 8.349,0 Tapauá/AM
VILA DE BELO MONTE - COE UTE.PE.AM.037709-0.01 1.091,0 Canutama/AM
VILA DE URUCURITUBA - COE UTE.PE.AM.037710-4.01 821,5 Autazes/AM
SACAMBÚ - COE UTE.PE.AM.037711-2.01 821,5 Manacapuru/AM
PARAUÁ - COE UTE.PE.AM.037712-0.01 1.187,5 Careiro da Várzea/AM
NOVO CÉU - COE UTE.PE.AM.037713-9.01 6.401,0 Autazes/AM
REA 6.533, de
MANAQUIRI - COE UTE.PE.AM.037714-7.01 10.212,0 Manaquiri/AM
25/07/2017
LÁBREA - COE UTE.PE.AM.037715-5.01 19.697,0 Lábrea/AM
c/c DSP SCG
ITAPURÚ - COE UTE.PE.AM.037716-3.01 1.412,0 Beruri/AM
2.029, de
CAVIANA - COE UTE.PE.AM.037717-1.01 2.231,0 Manacapuru/AM
24/7/2019
CASTANHO I - COE UTE.PE.AM.037718-0.01 15.801,0 Careiro Castanho/AM
CASTANHO II - COE UTE.PE.AM.037719-8.01 15.801,0 Careiro Castanho/AM
CAREIRO DA VÁRZEA - COE UTE.PE.AM.037720-1.01 8.836,0 Careiro da Várzea/AM
CAMPINAS - COE UTE.PE.AM.037721-0.01 1.450,0 Manacapuru/AM
CANUTAMA - COE UTE.PE.AM.037722-8.01 5.427,0 Canutama/AM
BERURI - COE UTE.PE.AM.037723-6.01 10.127,0 Beruri/AM
ARARAS - COE UTE.PE.AM.037724-4.01 1.412,0 Caapiranga/AM
BOCA DO ACRE - COE UTE.PE.AM.037725-2.01 18.723,0 Boca do Acre/AM
VILA AMAZÔNIA + ZÉ AÇU -
UTE.PE.AM.037700-7.01 5.427,0 Parintins/AM
COE
PEDRAS - COE REA 6.532, de UTE.PE.AM.037701-5.01 1.744,0 Barreirinha/AM
BARREIRINHA - COE 25/07/2017 UTE.PE.AM.037702-3.01 7.375,0 Barreirinha/AM
BOA VISTA DOS RAMOS + c/c DSP SCG Boa Vista do
UTE.PE.AM.037703-1.01 5.914,0
CAMETÁ - COE 2.028, de Ramos/AM
MAUÉS - COE 24/7/2019 UTE.PE.AM.037704-0.01 30.388,0 Maués/AM
URUCURITUBA + ITAPEAÇU -
UTE.PE.AM.037705-8.01 7.375,0 Urucurituba/AM
COE
Fonte: Nota Técnica nº 789/2020-SCG/SFG/ANEEL.
2. Os cronogramas de implantação das Usinas foram alterados pelas Resoluções Autorizativas
nº 6.7264, nº 6.7285 e nº 6.7296, de 21 de novembro de 2017 e, em seguida, pelas Resoluções Autorizativas
nº 8.113 a 8.1157, de 27 de agosto de 2019.
5. Ao longo de 2019 e 2020, a Interessada solicitou11, mais uma vez, alteração do cronograma
das Usinas Termelétricas, motivadas pela necessidade da avaliação de excludente de responsabilidade.
4
Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20176726ti.pdf
5
Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20176728ti.pdf.
6
Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20176729ti.pdf.
7
Disponíveis em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20198113ti.pdf, http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20198114ti.pdf,
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/rea20198115ti.pdf.
8
Conforme o Ofício nº 46/2019-SFG/ANEEL, documento SicNet nº 48532.000468/2019-00.
9
Essa Campanha, iniciada em 2019, contemplou todos os empreendimentos em implantação para atendimento às localidades
dos sistemas isolados.
10
Documento SicNet nº 48513.011651/2019-00.
11
Documento SicNet nº 48513.016390/2019-00, nº 48513.032319/2019-00 e nº 48513.017579/2020-00.
12
Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/dsp20202619ti.pdf.
13
Conforme descrição constante na Nota Técnica no 212/2020-SFG-SFF-SRG/ANEEL, documento SicNet nº
48532.003077/2020-00.
14
Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/dsp20211695.pdf.
administrativo interposto pela Aggreko Energia Locação de Geradores Ltda. (Aggreko)15 ao Despacho
SFG/SFF nº 2.619, de 2020, e manteve a decisão exarada pelas áreas.
13. É o relatório.
II – FUNDAMENTAÇÃO
15. Diante do que exponho a seguir, encaminho o presente voto no sentido de acatar
parcialmente o pedido, de modo a: (i) para as usinas que se encontram em operação comercial, (i.1)
reconhecer o período de atraso para a emissão do licenciamento ambiental como excludente de
responsabilidade; (i.2) negar prorrogação adicional em razão das demais justificativas apresentadas no
15
PIE também autorizado a implantar e explorar UTE objetos dos Lotes A/II e A/III do Leilão nº 02/2016.
16
Documento SicNet nº 48524.009281/2020-00.
17
Documento SicNet nº 48575.002153/2021-00.
18
Documento SicNet nº 48532.001405/2021-00.
pleito; (ii) para as demais usinas, determinar o acompanhamento pela SFG e SCG, e o retorno do pleito,
com análise complementar, para a diretoria quando da entrada em operação comercial dos
empreendimentos; e (iii) reconhecer a data da emissão da declaração da distribuidora de atendimento às
condicionantes técnicas para entrada em operação comercial como o marco de início do suprimento aos
Contratos de Compra de Energia no Sistema Isolado (CCESI).
17. De início, considero oportuno registrar que os cronogramas de implantação das Usinas já
foram objeto de análise da Diretoria da ANEEL por duas ocasiões, consubstanciadas nas Resoluções
Autorizativas nº 6.726, nº 6.728 e nº 6.729, de 2017 e, em seguida, nas Resoluções Autorizativas nº 8.113
a 8.115, de 2019.
19. Nesse contexto, as usinas termelétricas tinham previsão para início da operação comercial
das suas unidades geradoras a partir de 29 de abril de 2019.
19
Disponível no sítio: http://www.aneel.gov.br/acompanhamento-da-expansao-da-oferta-de-geracao-de-energia-eletrica
iniciaram o período de operação em teste e 2 (dois) estão com obras em implantação ou não iniciadas,
conforme apresentado nas Tabelas 2 a 3.
22. Passo, então, à análise dos argumentos trazidos pela Interessada a fim do reconhecimento,
pela ANEEL, de sua excludente de responsabilidade.
23. Conforme detalhado na análise das áreas, foram diversos os argumentos apresentados
pelas Interessadas, a saber: (i) atraso e obstáculos para obtenção das licenças ambientais de
responsabilidade do órgão licenciador; (ii) dificuldades referentes à conexão das plantas; e (iii)
dificuldades referentes às condições climáticas.
Do licenciamento ambiental.
26. Visto que as dificuldades vivenciadas pelas Interessadas também foi realidade para os
outros PIE, a questão foi abordada em detalhes na Nota Técnica nº 858/2020-SCG/SFG/ANEEL,
considerando, inclusive, argumentos de outros agentes impactados.
20
Em resposta ao Ofício Circular nº 6/2020-SFG/SCG/SRG/SRM-ANEEL.
27. Em breve resumo, a primeira manifestação foi de setembro de 2018, enviada pela
Associação dos Produtores Independentes de Energia do Interior do Estado do Amazonas (APINE-AM)21,
em nome da Oliveira Energia Geração e Serviços Ltda. (Oliveira Energia), da Aggreko e da Powertech
Engenharia, Serviços e Locações de Geradores de Energia, Máquinas e Equipamentos S.A. (Powertech).
28. Diante da situação, as áreas da ANEEL realizaram reunião com representantes dos PIE, da
APINE-AM e do IPAAM. Consta nos autos, que os geradores se queixaram da morosidade do órgão
ambiental em indicar objetivamente qual documentação deveria ser entregue para cada uma das plantas.
Alegou-se que, com a constante mudança do quadro de pessoal do IPAAM, a cada troca de gestão as
análises em decurso eram reiniciadas. Com isso, novos documentos eram cobrados, o que atrasou a
conclusão dos trabalhos pelo órgão ambiental. O IPAAM reconheceu as dificuldades vivenciadas pelo
órgão e pelos agentes.
29. Não obstante, a Aggreko, primeiro PIE a se manifestar após a reunião com as áreas, reiterou
as dificuldades já comunicadas à ANEEL e acrescentou informações sobre a investigação do Ministério
Público Federal (MP-AM) no IPAAM, o que levou, inclusive, à suspensão temporária da análise dos
licenciamentos pelo órgão ambiental22.
30. Por fim, também consta nos autos do processo manifestação da Oliveira Energia23 e da
Aggreko24 quanto aos impactos da Pandemia do Covid-19 no processo de implantação das usinas e de
obtenção do licenciamento. Relataram os geradores do atraso de fornecimento de materiais pelos
fornecedores, da impossibilidade de locomoção de prestadores de serviços em decorrência das restrições
de navegabilidade decorrente das medidas de isolamento, e ainda, do em home office dos funcionários
do IPAAM, o que dificultou as tratativas com o órgão.
31. Diante do exposto, as áreas técnicas, SCG e SFG, concluíram que os atrasos observados não
poderiam ser alocados aos Agentes, sendo, na opinião dos técnicos, forçoso reconhecer sua excludente
de responsabilidade no caso concreto.
21
Documento SicNet nº 48513.033705/2018-00.
22 Informações gerais sobre a investigação do Ministério Público Federal no IPAAM, originada pela suspeita de exploração ilegal de recursos
florestais na Amazônia, foram destacadas pela Aggreko por meio de correspondências eletrônicas trocada com a SCG, documento SIC/ANEEL
n° 48524.006839/2019-00.
23 Documento SIC/ANEEL nº 48513.017579/2020-00.
24 Documento SIC/ANEEL nº 48513.017368/2020-00 e nº 48513.022326/2020-00
32. Sobre o assunto, de fato, o risco ambiental, referente ao tempo despendido e à
documentação exigida, está alocado ao empreendedor. Todavia, considerando todo o relatado, inclusive
a manifestação do próprio órgão ambiental, concordo com a visão da área técnica de que houve
problemas que extrapolam a razoabilidade dos riscos que devem ser assumidos pelas Autorizadas.
33. A situação fática do IPAAM, decorrente da situação sui generis da administração estadual
exposta pelos Agentes, mudanças ocorridas na administração do próprio órgão bem como nas equipes
técnicas e, mais recentemente, da pandemia do Coronavírus, que intensificou os problemas de gestão e
de governança do órgão ambiental, resultaram, em maior ou menor medida, na demora na emissão do
licenciamento de todos os empreendimentos das Autorizadas.
34. Ao ensejo da conclusão deste item, a situação descrita não pode, ao ver das
Superintendências, e com as quais concordo, ser risco alocado às Requerentes. Sendo assim, meu
encaminhamento é pelo reconhecimento da excludente de responsabilidade no caso concreto.
36. As áreas técnicas abordaram que mesmo sem possuir posicionamento definitivo da
Distribuidora sobre a conexão, a Requerente deu prosseguimento às obras de implantação das usinas.
Ademais, foi registrado que a Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição (SRD) exigiu da
Distribuidora, ainda em julho de 2017, o atendimento às normas setoriais, mais especificamente as
estabelecidas na Resolução Normativa nº 50625, de 4 de setembro de 2012, e no Módulo 3 dos
Procedimentos de Distribuição.
37. Isso posto, acompanho o posicionamento das áreas técnicas e considero que eventuais
dúvidas quanto à aplicação da regulação não caracterizam excludente de responsabilidade das partes
25
Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012506.pdf.
(Oliveira Energia e Distribuidora) quanto aos compromissos assumidos nos contratos firmados no âmbito
do Leilão nº 02/2016.
38. Em seu terceiro e último argumento, a Oliveira Energia afirmou que o período de chuvas
mais intenso do que o estimado prejudicou diretamente o andamento das obras de adequação dos
terrenos, instalação das usinas e funcionamento da parte elétrica, conforme estudo pluviométrico e de
impacto anexado à sua carta.
40. No que tange aos problemas relatados, as áreas técnicas consideraram tais fatores como
dificuldades gerenciais da empresa autorizada a implantar as usinas por sua conta e risco. Por
consequência, os obstáculos não deveriam ser considerados como excludentes de responsabilidade,
opinião que acompanho.
41. Em função da análise apresentada nos itens anteriores, a falta do licenciamento foi o fator
preponderante para o atraso dos marcos dos cronogramas, e sendo reconhecido como excludente de
responsabilidade. Já para os demais pleitos, não foi identificado evento alheio à vontade dos PIE e com o
devido nexo de causalidade ao atraso para entrada em operação comercial, motivo pelo qual foram
classificados como risco que devem ser alocados ao empreendedor.
26
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13360.htm.
reconhecidos pela Aneel a ausência de responsabilidade do agente e o nexo de
causalidade entre a ocorrência e o atraso na entrada em operação comercial. (sem grifo
no original).
46. Em relação à proposta das áreas, de fato, há duas distintas situações. Na primeira, as usinas
já entraram em operação comercial, ou seja, há o fato que marca o período do excludente de
responsabilidade. Já na segunda situação, as áreas fizeram uso de data futura, declarada pelos geradores.
47. Diante desse contexto, entendo que a dificuldade para a contabilização do período de
excludente é um fator que dificulta a caracterização sumária do nexo de causalidade entre a ocorrência e
o atraso na entrada em operação comercial.
48. Assim, na falta dos marcos que deveriam ter sido informados pelo órgão ambiental,
concordo com o encaminhamento das áreas em considerar como excludente de responsabilidade o
período entre a data do cronograma e a efetiva entrada em operação comercial da usina. Isso porque
tem-se nos autos uma conclusão fática do ocorrido, baseada em fatos pretéritos, o que permite a análise
da conduta do agente e a medida do impacto do atraso da emissão do licenciamento ambiental no
cumprimento do cronograma.
49. Por outro lado, na segunda situação, as áreas levaram em consideração a data declarada
pelo Agente como prevista para a entrada em operação comercial, em outras palavras, o período de
excludente foi baseado em marco futuro. A solução alvitrada permite uma conclusão parcial do ocorrido,
uma vez que não avalia a conduta diligente no Agente por todo o período.
50. Ainda, após os inúmeros pleitos de licenciamento ambiental, o órgão ambiental adquiriu
experiência para o atendimento dos pedidos, o que pode levar uma a redução no período dos processos
mais recentes. Sob esse prisma, poderia haver uma antecipação dos prazos declarados pelos geradores
no RAPPEL e, por consequência, um período indevido de excludente de responsabilidade.
51. Frente ao exposto, apenas após a entrada em operação comercial será possível avaliar a
real dimensão do atraso e os fatores que ensejam a excludente. Por isso, para os casos das usinas que
ainda não obtiveram o licenciamento para entrada em operação comercial, proponho que a análise do
pleito venha a ser realizada apenas quando da existência do referido marco, de modo que as áreas possam
analisar a conduta do Agente durante todo período e definir a medida do impacto do atraso da emissão
do licenciamento ambiental no cumprimento do cronograma.
52. Por fim, a Lei nº 13.360, de 2016, em seu artigo 19, dispôs que o reconhecimento pela
ANEEL da ocorrência de excludentes de responsabilidade, permite a recomposição do prazo de outorga.
53. Sendo assim, uma vez concluído que o Agente não deu causa aos problemas identificados
no IPAAM e, apesar das ações individuais dos Interessados e do apoio institucional da ANEEL, o atraso na
obtenção do licenciamento ambiental prejudicou o programa dos empreendimentos, os períodos
propostos pelas áreas devem ser considerados como extensão de outorga para os empreendimentos que
já entraram em operação comercial.
II.2.4 – Do marco de início dos Contratos de Compra de Energia no Sistema Isolado (CCESI)
54. Uma vez acatado o pleito de excludente e da definição da extensão da outorga, cabe a
análise dos contratos de compra de energia firmados pelo Agente.
55. O Edital do Leilão nº 2/2016 dispõe sobre o período contratual da seguinte forma: “1.4.2 O
prazo de vigência contratual inclui, além do próprio período de suprimento, aquele necessário à
implantação do(s) sistema(s) de geração e o início da sua operação comercial.”
58. Assim, denota-se que o faturamento do CCESI deve ocorrer somente após o início da
operação comercial e, portanto, não deve ocorrer no período de testes.
59. No que concerne à entrada em operação comercial, nos termos do artigo 5º da Resolução
Normativa nº 583, de 2013, para a sua liberação, dentre outras considerações e documentos, é exigida a
apresentação da declaração emitida pela distribuidora, atestando o atendimento às condições técnicas
para o atendimento à localidade (inciso III), e da Licença Ambiental de Operação (inciso IV), conforme
apresentado a seguir:
Art. 5º A liberação para o início da operação comercial deverá ser efetuada após a
conclusão da operação em teste, observado o disposto no art. 3º, § 4º, e, conforme a
pertinência de cada caso, estará condicionada à consideração ou apresentação dos
seguintes documentos:
(...)
III - declaração emitida pelo agente de distribuição a cujo sistema estiver conectado,
atestando o atendimento às condicionantes do parecer de acesso e ao PRODIST e a
capacidade de escoamento da potência instalada total ou máxima que será incrementada
ao sistema com a inserção de cada unidade geradora, exceto nos casos em que foi
declarada inexistência de relacionamento;
(...)
60. De fato, vários geradores tiveram declarações27 emitidas pela Distribuidora, atestando o
atendimento às condições técnicas para operação comercial de cada usina. Todavia, em decorrência do
licenciamento ambiental, já abordado nos itens anteriores, não possuíam a liberação para o início da
operação comercial.
61. Isso posto, por se tratar de sistemas isolados, diferentemente do sistema interligado, não
havia possibilidade de venda da energia gerada no período de testes no mercado de curto prazo, assim, a
geração durante esse período, de fato, atendeu a carga da localidade.
62. Sob esse prisma, diante da ausência do licenciamento ambiental de operação e do efetivo
atendimento das usinas às localidades, conforme decisão exarada no Despacho SFG/SFF nº 2.619, de
2020, as Superintendências consideraram28, para o faturamento dos CCESI, o marco para início da
operação comercial das usinas a data da emissão da declaração da distribuidora de atendimento às
condicionantes técnicas para entrada em operação comercial.
27
Conforme exigido no inciso III, artigo 5º da Resolução Normativa nº 583, de 2013.
28
Processo nº 48500.000898/2018-49.
63. Tal posicionamento foi ratificado, mediante o Despacho nº 1.69529, de 15 de junho de 2021,
pela Diretoria Colegiada, em face de juízo de reconsideração, que negou provimento ao recurso
administrativo interposto pela Aggreko ao Despacho SFG/SFF nº 2.619, de 2020, conforme transcrição do
trecho do voto30 condutor da matéria, de minha relatoria:
(...)
39. Desse modo, dada a particularidade do atendimento aos sistemas isolados – no qual
a usina atende a carga da localidade –, a partir da declaração da distribuidora, os PIEs
passaram a operar comercialmente. Portanto, não faz sentido manter a remuneração por
meio da receita fixa das usinas pré-existentes, após o início da vigência dos contratos de
suprimento dos PIEs.
64. Tal decisão afetou diretamente o início de suprimento dos respectivos CCESI das usinas
uma vez que, de fato, as usinas passaram a receber receita fixa e variável, conforme disposto em seus
CCESI, a partir da declaração da distribuidora de que estariam em condição de operar comercialmente. A
orientação que consta no Despacho SFG/SFF nº 2.619, de 2020, corrobora esse meu entendimento:
(i) equipara-se à operação comercial a operação das usinas termelétricas a partir da data
da declaração da distribuidora de que estariam em condição de operar comercialmente;
(...)
(iii) após à data definida no item “i”, em cada localidade, cabe a contabilização no CTG da
receita fixa somente da usina recém contratada e da receita variável da usina pré
existente e da usina recém contratada;
29
Disponível em http://www2.aneel.gov.br/cedoc/dsp20211695.pdf.
30
Documento SicNet nº 48575.002755/2021-00.
(...).
69. Resposta: Sim, existe diferença entre as diretivas. A extensão do prazo de outorga é
ato necessário e preliminar à eventual extensão do prazo de suprimento do CCEAR. (...).
Outra questão que não obteve tratamento expresso no art. 19, caput da Lei
nº13.360/2020 diz respeito ao volume de energia comercializado no ACR. Como regra, a
obrigação de entrega do montante previsto em contrato deve ser mantida. Aplica-se,
subsidiariamente, a racionalidade da vinculação ao instrumento convocatório. Poderá
haver disposição em sentido contrário no edital, no contrato e na regulação discricionária
da Agência com objetivo de mitigação de efeitos sistêmicos prejudiciais a cadeia de
consumo e ao mercado. (sem grifo no original)
67. Isso posto, uma vez que já é fato o início do faturamento dos CCESI, de modo a garantir o
volume de energia pactuado no certame e estabelecido no contrato, de forma excepcional, meu
encaminhamento é por considerar a mesma data de início de faturamento dos CCESI como a de início do
suprimento.
68. Repito, recursos da CCC já estão sendo destinados para os novos PIE, o que torna relevante
que as datas de início de suprimento sejam definidas perante despacho a ser aprovado pela Diretoria
Colegiada, o que respalda a ANEEL a fazer uso de data distinta da entrada em operação comercial e
garante a manutenção do montante de energia previsto em contato.
31
Documento SicNet nº 48516.002539/2020-00.
69. Também esclareço que a data da entrada em operação comercial foi equiparada ao marco
da emissão de declaração técnica da distribuidora unicamente para o início do suprimento. Nas demais
situações, permanece a observância da apresentação do licenciamento ambiental para a obtenção da
licença para entrada em operação comercial, conforme a Resolução Normativa nº 583, de 2013.
70. Por fim, as áreas não encontraram registros de inadimplências em nome da Oliveira
Energia, ou dos integrantes de suas cadeias societárias, nos sistemas de controle das áreas de fiscalização
da ANEEL. Também foi verificado que a composição de suas cadeias societárias está devidamente
preenchida no sistema disponibilizado na página da ANEEL na internet.
71. Não obstante, a decisão proposta fica condicionada à apresentação de Garantia de Fiel
Cumprimento compatível com o valor e com a vigência estabelecidos no Edital do Leilão nº 2/2016, tendo
por base o novo cronograma de implantação.
72. É o voto.
III – DIREITO
IV – DISPOSITIVO
(i) APROVAR a recomposição do prazo das outorgas das UTE que entraram em
operação comercial, em decorrência de atraso da emissão do Licenciamento
Ambiental, nos termos das minutas de Resolução Autorizativas anexas;
(iv) DETERMINAR que a Amazonas Distribuidora de Energia S.A. submeta à ANEEL, para
fins de homologação, instrumentos contratuais que adequem o período de
fornecimento aos marcos estabelecidos em (iii), de modo a garantir a manutenção
do volume de energia termelétrica pactuado originalmente no contrato; e
(v) DETERMINAR que a SCG e a SFG retornem o processo para diretoria, com análise
complementar, quando da entrada em operação comercial das demais UTE, para a
análise do pleito de excludente de responsabilidade.
(Assinado digitalmente)
ELISA BASTOS SILVA
Diretora