Virologia
Jessyca Morais
Bióloga
Mestre em Biotecnologia, área: Microbiologia Aplicada
Especialista em Bioquímica
Os vírus foram descobertos em 1892 pelo biólogo Russo-Ucraniano Dmitri Iwanowski e em
1898 Martinus Beijerinck, demonstrando, que o agente causador da doença do fumo,
chamada de doença do mosaico do tabaco, era um agente infinitamente microscópico
capaz de penetrar filtros de porcelana, algo que não era possível nas bactérias.
Em 1898 foi descoberto o primeiro vírus animal por Friedrich Loeffler e
Paul Frosch responsável pela febre aftosa;
Na década de 1940 e devido ao avanço das técnicas microscópicas,
nomeadamente, a microscopia eletrônica é que os vírus foram
observados.
Apesar dos primeiros estudos das viroses surgissem no início do século, foi a partir de 1931,
com o aparecimento do microscópio eletrónico, que a composição química e estrutura dos
vírus foram conhecidas.
Todos os
vírus
causam
danos?
Todos os vírus causam danos?
Colonizada
Vírus da
Curvularia
tolerância
termal Thermal
da
Tolerance
Temperatura Curvularia
Virus
55oC
Não
colonizada
Curvularia
protuberata
Todos os vírus causam danos?
Doença de Marek
Proteção com o HVT [Herpesvírus de perus]
Todos os vírus causam danos?
Ovo de cor azul:
Vírus influenciam a dinâmica das populações!!!!
Animais, plantas, microorganismos, fitoplâncton....
Estas infecções resultam em lise celular e liberação de novas partículas
virais
Controlama população, principalmente em aumentos sazonais
(“spring blooms”)
Rhodes et al., 2008
Vivemos em uma “nuvem” de vírus
• Nós comemos e respiramos bilhões de vírus regularmente
• Nós carreamos genomas virais como parte do nosso próprio genoma
• Vírus infectam todas as formas de vida
Cada uma de nossas células está infectada por
vírus
• Retrovírus endógenos: elementos virais derivados de retrovírus;
• Traços de infecções virais ocorridas a milhares de anos integrados no
genoma humano;
• Algumas famílias são ativas e continuam se replicando no genoma
humano.
Dewannieux et al., 2006
O que é um vírus?
“Entendendo” os vírus
Vírus dependem de seus hospedeiros para sobreviver;
Se são muito bem sucedidos e matam seus hospedeiros, eles podem ser
eliminados;
Se eles forem muito passivos e a defesa do hospedeiro impedir o seu
crescimento, eles podem ser eliminados.
Vírus replicam num ambiente hostil
Qual o objetivo da replicação?
Produzir progênie viral viável
Consequências
“Nenhuma” (maioria dos vírus)
Doença (Hepatites virais)
Morte do hospedeiro (Ebola)
O que é um vírus?
• Microorganismos muito pequenos, infecciosos;
• Parasito intracelular obrigatório;
• “Partículas químicas” que não podem se reproduzir sozinhas;
• Necessitam de um hospedeiro celular.
Os vírus são muito pequenos
Desde a antiguidade o homem relacionou o surgimento
de certas doenças virais.
Peste Negra Peste de Atenas Raiva
“...entre os venenos primários estão contados a língua e o coração dos
morcegos; até agora não descobri se, comidos, são da mesma natureza da
peçonha do cão raivoso..” Piso (1658)
E aí, o vírus é um
ser vivo ou não?
Debate na comunidade científica
Vírus...
NÃO SÃO SERES VIVOS SÃO SERES VIVOS
Fora do hospedeiro não Organismos extremamente
manifestam atividades vitais simples com capacidade de
(metabolismo, reprodução, reprodução e evolução como
estruturas celulares). qualquer outro ser vivo.
A vida pode ser definida como um conjunto complexo de processos resultantes da
ação de proteínas codificadas por ácidos nucleicos.
Os ácidos nucleicos das células vivas estão em atividade o tempo todo. Como são
inertes fora das células vivas, os vírus não são considerados organismos vivos.
No entanto, quando um vírus penetra uma célula hospedeira, o ácido nucleico viral
torna-se ativo, ocorrendo a multiplicação viral.
As características que realmente distinguem os vírus estão relacionadas a sua organização
estrutural simples e aos mecanismos de multiplicação. Dessa forma, os vírus são entidades
que:
■ Contêm um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA.
■ Contêm um invólucro proteico (às vezes recoberto por um envelope de lipídeos, proteínas
e carboidratos) que envolve o ácido nucleico.
■ Multiplicam-se no interior de células vivas utilizando a maquinaria de síntese celular.
■ Induzem a síntese de estruturas especializadas na transferência do ácido nucleico viral
para outras células.
Espectro de hospedeiros
O espectro de hospedeiros de um vírus consiste na variedade de células hospedeiras que o
vírus pode infectar. Existem vírus que infectam invertebrados, vertebrados, plantas,
protistas, fungos e bactérias.
No entanto, a maioria é capaz de infectar tipos específicos de células de uma única espécie
de hospedeiro. Em raras exceções, os vírus cruzam barreiras de espécies, expandindo assim
seu espectro de hospedeiros.
O QUE É UM “VÍRION” ?
É UMA PARTÍCULA VIRAL
COMPLETA,
sinônimo de:
UMA PARTÍCULA VIRAL INFECCIOSA
UM VíRION de ADENOVÍRUS)
ESTRUTURA DOS VÍRUS
NÚCLEO
CAPSÍDEO
ENVELOPE
ESTRUTURA DOS VÍRUS
Núcleo (é o genoma)
Capsídeo (composto por capsômeros)
Alguns vírus tem ainda:
Envelope (derivado de membranas, com
proteínas codificadas pelo vírus)
Formação do envelope
• Derivado da membrana plasmática (bi-camada fosfolipídica)
Genoma viral não codifica lipídios
• Envelope é formado durante o brotamento do nucleocapsídeo através de uma membrana
celular
Os genomas virais
fita simples
Circovírus (TTV) Parvovírus (B19)
DNA
fita dupla (todos os demais)
herpesvírus adenovírus
Os genomas virais de RNA
fita simples
( a maioria)
Ebola Vírus respiratório
RNA
Raiva
sincicial
fita dupla
(poucos) rotavírus reovíru
s
Coronavírus: RNA fita simples sentido positivo, ou seja, serve diretamente para síntese
proteica, assim ocorre uma maior velocidade na geração de novas cópias de vírus na célula
infectada
GENOMAS DE RNA
polaridade positiva:
são capazes de sintetizar proteínas a partir
de seu genoma, que é igual ao mRNA !
polaridade negativa:
necessitam sintetizar seu mRNA para depois poder
sintetizar proteínas !
Classificação dos vírus
• Natureza e sequencia de ácido nucleico
• Simetria ou forma do capsídeo
• Presença ou ausência de envelope
• Dimensão do virion ou capsídeo
Os vírus são o produto de uma rede complexa de diferentes forças
evolutivas. Eles prosperam mantendo uma interação contínua com os seus
hospedeiros e estão sujeitos a uma multiplicidade de forças seletivas e
mudanças estocásticas.
Os vírus têm a capacidade de infetar células e assim replicar-se, para isso é
necessário que a célula possua recetores aos quais o vírus se liga, e
maquinaria celular necessária e ativa, a qual permite a síntese e
montagem dos seus componentes. (Wagner e Hewlett, 2004).
Estrutura da partícula viral
Partículas não envelopadas - Constituídos por ácido nucleico (DNA e/ou RNA) e
capsídeo (cápsula de proteína) = nucleocapsídeo.
ou
Partículas envelopadas – Constituídas por ácido nucleico (DNA e/ou RNA),
capsídeo e envelope lipoproteico.
Vírus não envelopado
Vírus envelopado
Bacteriófago
Termos e Conceitos
Capsídeo: envoltório proteico ou camada que envolve o genoma viral (ácidos
nucléicos). Tem a função de proteger o ácido nucléico e combinar-se quimicamente
com as substâncias presentes na superfície da célula hospedeira.
Termos e Conceitos
Capsômeros: unidades protéicas que constituem o capsídeo.
Nucleocapsídeo
Nucleocapsídeo: é a combinação do complexo de proteínas com o ácido nucléico.
Termos e Conceitos
Envoltório ou envelope: membrana de lipídios e proteínas que envolve o capsídeo
em algumas partículas virais.
Termos e Conceitos
Vírion: partícula viral completa e infecciosa que encontra-se dispersa no
ambiente.
Vírus
Os vírus são muito diferentes dos outros grupos microbianos. Eles são tão
pequenos que a maioria pode ser vista apenas com o auxílio de um
microscópio eletrônico, sendo também acelulares (não são células).
A partícula viral é muito simples estruturalmente:
O núcleo é circundado por um envoltório
Núcleo formado somente por um tipo proteico. Algumas vezes, o envoltório é
de ácido nucleico, DNA ou RNA. revestido por uma camada adicional, uma
membrana lipídica chamada de envelope.
MORFOLOGIA GERAL
Os vírus podem ser classificados em vários tipos morfológicos diferentes, com base na
arquitetura do capsídeo. A estrutura do capsídeo tem sido elucidada por microscopia
eletrônica e uma técnica conhecida como cristalografia de raios X.
Vírus helicoidais
Os vírus helicoidais lembram bastões longos, que podem ser rígidos ou flexíveis. O genoma viral
está no interior de um capsídeo cilíndrico e oco com estrutura helicoidal ( Os vírus que causam
raiva e febre hemorrágica são helicoidais).
MORFOLOGIA GERAL
Vírus poliédricos
Muitos vírus animais, vegetais e bacterianos são poliédricos. O capsídeo da maioria dos vírus
poliédricos tem a forma de um icosaedro, um poliedro regular com 20 faces triangulares e 12
vértices. Os capsômeros de cada face formam um triângulo equilátero. O adenovírus é um
exemplo de um vírus poliédrico com a forma de um icosaedro . O poliovírus também é
icosaédrico.
Vírus envelopados
Como mencionado anteriormente, o capsídeo de alguns vírus é coberto por um envelope.
Os vírus envelopados são relativamente esféricos. Os vírus helicoidais e os poliédricos
envoltos por um envelope são denominados vírus helicoidais envelopados ou vírus
poliédricos envelopados. Um exemplo de vírus helicoidal envelopado é o vírus influenza. O
vírus do herpes (gênero Simplexvirus) é um exemplo de vírus poliédrico (icosaédrico)
envelopado.
Vírus complexos
Alguns vírus, particularmente os vírus bacterianos, possuem estruturas complicadas e são
denominados vírus complexos. Um bacteriófago é um exemplo de um vírus complexo. Alguns
bacteriófagos possuem capsídeos com estruturas adicionais aderidas.
Nesta figura, note que o capsídeo (cabeça) é poliédrico e a bainha é helicoidal.
A cabeça contém o genoma viral. Os poxvírus são outro exemplo de vírus complexos que não possuem capsídeos claramente
definidos, mas apresentam várias coberturas ao redor do genoma viral.
MORFOLOGIA
ex. poliovírus, adenovírus; Ex. vírus do herpes, vírus
vírus da hepatite A da febre amarela, vírus
da rubéola
Poxvírus (vírus da varíola) e
Helicoidal nua (não bacteriófagos
envolvido) ex. vírus do
mosaico do tabaco. Até o
presente nenhum vírus
humanos é conhecido.
vírus da raiva, vírus da influenza, vírus
da caxumba, vírus do sarampo
Características gerais
Acelular; Vírion: uma única partícula viral;
Sem metabolismo próprio; É Composto basicamente de proteína e ácido
nucléico;
Parasita celular obrigatório; Não se usa antibiótico para tratar doença
viral;
Podem evoluir e sofrer mutação;
Infectam bactérias, protozoários, fungos,
plantas e animais;
Possuem DNA ou RNA;
Multiplicação de bacteriófagos
Embora a maneira pela qual um vírus penetra e é liberado da célula hospedeira possa variar, o
mecanismo básico de multiplicação viral é similar para todos os vírus. Os bacteriófagos podem
se multiplicar por dois mecanismos alternativos:
o ciclo lítico e o ciclo lisogênico. O ciclo lítico termina com a lise e a morte da célula
hospedeira, enquanto no ciclo lisogênico a célula hospedeira permanece viva.
REPLICAÇÃO VIRAL
• Existem dois tipos de ciclos por meio dos quais se reproduzem:
ciclo lítico ciclo lisogênico
A reprodução
Durante por ciclo
esse ciclo, lítico, faz
o vírus o vírus recebe ode
a inserção nome
seudematerial
lítico ou genético
virulento. no
Como exemplos
material da desses,
célula
podemos citar os bacteriófagos ou fagos – vírus que destroem as células.
hospedeira. As funções normais dessa célula são, então, interrompidas na presença do ácido
nucléico do vírus. Este passa, dessa forma, a dominar o metabolismo da célula e acaba por
destruí-la. Esse ciclo possui cinco fases.
REPLICAÇÃO VIRAL
As etapas de infecção e replicação do vírus são resumidamente as seguintes:
Aproximação do vírus de uma célula;
Fixação do vírus na membrana celular;
Injeção do Material genético;
Comando metabólico da célula infectada pelo matérial genético;
Formação de novos vírus;
Rompimento da célula pelos novos vírus formados, que ficam livres para infectarem novas
células.
1ª – ADSORÇÃO
Nessa primeira fase, acontece o reconhecimento e a fixação do vírus à célula.
Os vírus acometem apenas um tipo exclusivo de célula – por isso são parasitas
específicos – e devido à presença das substâncias químicas da célula
hospedeira, são capazes de detectá-lo e prender-se à membrana.
2ª – Penetração
o vírus faz a inserção de seu material genético na célula hospedeira de forma
direta, por meio de endocitose, ou ainda por fusão do envelope viral.
ENDOCITOSE: há a fixação do vírus, promovida pelos
receptores químicos da membrana celular e, em seguida, o
vírus é englobado por suas invaginações.
FUSÃO: O envelope viral funde-se à membrana celular, o
capsídeo se desfaz e o genoma invade a célula. Esse terceiro
caso, no entanto, acontece somente com vírus envelopados.
3ª – Biosíntese
Durante a síntese, o vírus começa a determinar as atividades metabólicas da
célula de forma que, as enzimas, antes utilizadas na síntese proteica e de ácidos
nucleicos na célula, começam a ser responsáveis pela produção de partículas
virais.
4ª – Maturação
Tendo sido produzidos, os componentes do vírus são organizados e passam a
formar novos parasitas.
5ª – Liberação
Na quinta e última etapa, as dezenas de novos parasitas produzem uma enzima viral
conhecida como lisozima. Essa rompe a célula hospedeira – realiza a lise celular -,
processo favorecido pelo esgotamento celular devido à sua utilização para a
produção de estruturas virais. Por meio da destruição das células, os vírus então se
libertam e começam novas infeções em células vizinhas, recomeçando todo o ciclo.
Atenção
Os antibióticos não combatem os vírus.
Alguns tipos de remédios servem para tratar os sintomas das infecções virais.
Vacinas: são utilizadas como método de prevenção, porque estimulam o sistema
imunológico a produzirem anticorpos contra determinados tipos de vírus.
Principais doenças causadas por vírus