A Escola de Frankfurt
A escola de Frankfurt (Frankfurter Schule, em alemão) foi um
movimento intelectual criado por filósofos e cientistas sociais de
orientação marxista em 1924, na Alemanha, que ficou
caracterizado por uma análise crítica da sociedade
contemporânea. Vários dos seus integrantes foram perseguidos
e tiveram que fugir do regime nazista, e uma de suas mais
importantes contribuições para a teoria crítica da sociedade
ocorreu através do conceito de indústria cultural ou cultura
de massas. Entre seus principais representantes podemos citar
Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert
Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm, Jürgen Habermas, entre
outros.
A principal preocupação dos autores de Escola de Frankfurt era
sua abordagem abrangente da vida social, alcançando aspectos
variados. Mesmo com grandes diferenças em seus pensamentos,
todos produziram uma teoria crítica da sociedade.
A referência da Escola de Frankfurt foi o pensamento marxista,
mas numa leitura original do autor, adequando sua produção às
circunstâncias sociais do novo século. Além disso, Freud foi uma
grande inspiração para pensar as relações sociais. Hegel, Kant e
Weber são outros pensadores que formaram esse arcabouço
teórico que agrupou investigações nos campos da economia, da
psicologia, da história e da antropologia.
Sociedade de Massas
Os dos principais conceitos da Escola de Frankfurt é o
de sociedade de massas que designa uma sociedade em que
o avanço tecnológico está submetido à reprodução da
logica capitalista. Nela, a lógica mercadológica avançou sobre
outros aspectos da vida, como lazer, arte e cultura em geral. A
sociedade em que viveram, e vivemos, é essa sociedade de
massas, onde o consumo e a diversão são utilizados como
forma de garantir a estabilidade social ocultando as contradições
do sistema capitalista e diluindo seus problemas.
Um dos principais temas abordados dentro dessa crítica é a
questão da razão. Adorno e Horkheimer percebem que
a proposta de emancipação humana da razão iluminista foi
subvertida na dominação do homem pelo homem através do
desenvolvimento tecnológico. Essa razão orientada ao fim é
a razão instrumental, apontada como uma razão controladora
que sempre se expressa como uma dominação sobre a natureza
e o ser humano. Para Horkheimer o avanço tecnológico se dá
numa relação inversamente proporcional. Quanto mais o
pensamento humano é expandido, mas sua autonomia enquanto
indivíduo decai, pela sua incapacidade de se opor a mecanismos
de manipulação e dominação tão desenvolvidos. O resultado é
uma desumanização dos indivíduos.
Apesar de outros pensadores da Escola de Frankfurt criticarem a
razão iluminista, Adorno e Horkheimer são os que lhe dirigem as
mais duras análises. Para eles, a razão iluminista resultou numa
forma de razão instrumental que considera o propósito e o
objetivo muito maiores que os meios e consequências para os
alcançar. É uma hipertrofia do fim, onde o “como fazer” e
“porque fazer” são ignorados. Diante da assimilação do
proletariado pelo capitalismo e de sua falta de consciência
revolucionária resultante da alienação produzida pela indústria
cultural e enfraquecida pelas conquistas trabalhistas alcançadas,
o tom geral da Escola de Frankfurt é de desesperança.
A crítica à razão iluminista se estende a noção de progresso,
esse movido pela razão instrumental. E Em vez de ser a
expressão do avanço do ser humano e da civilização, o
progresso era visto como uma catástrofe, como aponta Walter
Benjamin sobre a “Angelus Novus” de Paul Klee:
Angelus Novus de Paul Klee., 1920. Domínio público
“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus.
Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que
ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca
dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse
aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós
vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe
única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as
dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os
mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do
paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não
pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente
para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado
de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos
progresso’’
Cultura de massa e Indústria Cultural
Ao abordar as relações entre cultura e política, a Sociologia
busca uma compreensão acerca do modo como uma sociedade
reproduz ou contesta as relações de poder nela vigentes. No
caso específico da teoria crítica desenvolvida por Adorno e
Horkheimer em 1947, o conceito de cultura de massas -
intrinsecamente relacionado com a noção de indústria cultural -
visava explicar o papel fundamental que a massificação cultural
desempenhou para que fosse possível a manutenção do domínio
sobre as classes trabalhadoras na Alemanha nazista, tão
importante quanto o próprio totalitarismo político adotado pelo
regime de Hitler. O nazismo impedia a manifestação e a
organização da classe trabalhadora, se aproveitou da produção
de bens culturais voltados para a grande massa para manter o
seu domínio, pelos meios de comunicação que levavam ao
conformismo, ao mero divertimento, e não a uma reflexão
crítica sobre a realidade.
Adorno e Horkheimer perceberam a relevância que os meios de
comunicação de massas (como tv, internet, radio…) tem na
difusão da ideologia da classe dominante nas sociedades
capitalistas contemporâneas, perpetuando o capitalismo como
um sistema político inabalável, hegemônico. De acordo com
eles, há uma degeneração da cultura operada pela sociedade
industrial, que acaba por substituir as obras de arte mais
originais e que levam ao pensamento crítico por fórmulas
repetitivas e superficiais que, no entanto, possuem um alto valor
de mercado. A cultura torna-se um produto que pode ser
vendido para um grande número de pessoas e uma importante
ferramenta para a manutenção das relações de poder nas
sociedades capitalistas.
Obra de Pop Art. Típica do séc. XX a Pop Art surge em um
contexto de profundas transformações no “como fazer” da arte.
Em suma, a Indústria cultural é um conceito sociológico que
nos remete às sociedades capitalistas contemporâneas, em que
a classe dominante - aquela que domina os meios de
comunicação de massas - transforma o lazer em um momento
de pura passividade. As possibilidades de produção de cultura e
momentos de lazer são vendidas como mercadorias, num
processo de alienação, reificação e fetichização que afasta o
indivíduo da realidade assim como ocorre na produção da vida
material. Tal qual ser alienado do resultado do nosso trabalho
nos desumaniza, ser afastado da produção
dos símbolos, sentidos e valores que guiarão a organização
da vida pela cultura nos torna indivíduos rasos e incompletos. A
sociedade de massas é, como o próprio nome já indica, uma
sociedade manipulável, moldável, em que se consegue
capturar o lazer dos indivíduos com produtos culturais que
ajudam a manter a distorção da realidade, a manipulação e a
alienação sofrida pelas pessoas.
Nessa sociedade, tudo é capturado pelo mercado, tudo se
transforma em mercadoria para consumo em larga escala, até
mesmo os bens culturais, como filmes, séries, livros, obras de
arte, etc.
Os principais tipos de obras de arte apropriados pela indústria
cultural, segundo Adorno e Horkheimer, foram o cinema e a
música. Ainda hoje observamos uma grande predominância,
por exemplo, nos cinemas nacionais, de filmes de ação e de
comédia, geralmente americanos, que ajudam a compor o
cenário de alienação a que as pessoas estão submetidas, não
exercendo o seu papel - enquanto obra de arte - de levar à
reflexão e ao pensamento crítico. Dessa maneira, percebemos
como o conceito de Indústria Cultural e o de cultura de massas
ainda se aplicam à nossa realidade social, bem como a das
outras sociedades industriais contemporâneas.
Broadway St. Nova Yorque. Bens, serviços e produtos culturais
são oferecidos como mercadoria.
QUESTÕES
As artes foram submetidas a uma nova servidão: as regras do
mercado capitalista e a ideologia da indústria cultural, baseada
na ideia e na prática do consumo de “produtos culturais”
fabricados em série. As obras de arte são mercadorias, como
tudo o que existe no capitalismo.
Marilena Chauí, Convite à Filosofia.
Segundo o texto, uma das características da indústria cultural
é:
a)exploração comercial das obras de arte.
b) a valorização do artista e de sua obra de arte.
c) censura a obras com conteúdo crítico.
d) liberdade de criação artística.
As artes foram submetidas a uma nova servidão: as regras do
mercado capitalista e a ideologia da indústria cultural, baseada
na ideia e na prática do consumo de “produtos culturais”
fabricados em série. As obras de arte são mercadorias, como
tudo o que existe no capitalismo.
Marilena Chauí, Convite à Filosofia.
Segundo o texto, uma das características da indústria cultural
é:
a)exploração comercial das obras de arte.
b) a valorização do artista e de sua obra de arte.
c) censura a obras com conteúdo crítico.
d) liberdade de criação artística.
Para Theodor Adorno e Max Horkheimer, criadores do conceito
de "indústria cultural", ela assume um caráter alienante,
evitando que se desenvolva o pensamento crítico acerca das
explorações sofridas no dia a dia.
De que forma é produzida essa alienação?
a) Criando uma ilusão sobre o cotidiano, amenizando a dura
rotina e desenvolvendo a ideia de que está tudo bem.
b) Criando grupos de proteção à cultura e desenvolvendo
ações que combatem a homogeneidade da produção cultural.
c) Fazendo com que o trabalhador produza e consuma apenas
a sua própria cultura, alheio as demais.
d) Homogeneizando a produção cultural a partir de critérios
estipulados pelos governos nacionais.
Para Theodor Adorno e Max Horkheimer, criadores do conceito
de "indústria cultural", ela assume um caráter alienante,
evitando que se desenvolva o pensamento crítico acerca das
explorações sofridas no dia a dia.
De que forma é produzida essa alienação?
a) Criando uma ilusão sobre o cotidiano, amenizando a
dura rotina e desenvolvendo a ideia de que está tudo
bem.
b) Criando grupos de proteção à cultura e desenvolvendo
ações que combatem a homogeneidade da produção cultural.
c) Fazendo com que o trabalhador produza e consuma apenas
a sua própria cultura, alheio as demais.
d) Homogeneizando a produção cultural a partir de critérios
estipulados pelos governos nacionais.
Sobre a indústria cultural identifique a alternativa incorreta:
a)Possibilita a democratização do acesso à obra de arte, mas,
como efeito, gera o esvaziamento de sentido e perda de
qualidade da produção artística.
b) A indústria cultural cria formas de dominação através da
reprodução de um modelo alienante voltado para a
conformidade com o cotidiano.
c) A arte voltada para as demandas do mercado tende a
reproduzir a si mesma até a exaustão, como um produto que é
comercializado enquanto houver consumidores.
d) A indústria cultural possibilita a autonomia dos artistas e
uma grande complexidade e diversidade nas produções.
Sobre a indústria cultural identifique a alternativa incorreta:
a)Possibilita a democratização do acesso à obra de arte, mas,
como efeito, gera o esvaziamento de sentido e perda de
qualidade da produção artística.
b) A indústria cultural cria formas de dominação através da
reprodução de um modelo alienante voltado para a
conformidade com o cotidiano.
c) A arte voltada para as demandas do mercado tende a
reproduzir a si mesma até a exaustão, como um produto que é
comercializado enquanto houver consumidores.
d) A indústria cultural possibilita a autonomia dos
artistas e uma grande complexidade e diversidade nas
produções.
Para os filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno e Max
Horkheimer, a indústria cultural tem como único objetivo a
dependência e a alienação dos homens. Ao maquiar o mundo
nos anúncios que divulga, ela seduz as massas para o
consumo das mercadorias culturais, a fim de que se esqueçam
da exploração que sofrem nas relações de produção
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. A indústria cultural – o iluminismo como mistificação das
massas. In: Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
Considerando o texto dado, e segundo o pensamento de
Adorno e Horkheimer, é correto afirmar que:
I. A indústria cultural se utiliza de padrões que se repetem com o
propósito de formar uma estética voltada ao consumismo e à
alienação.
II. A indústria cultural promove nos indivíduos uma
pseudossatisfação que impede o desenvolvimento de uma visão
crítica.
III. A indústria cultural faz dos indivíduos seu objeto, distanciando-
os de uma autonomia consciente.
IV. A indústria cultural incentiva necessidades próprias do sistema
vigente, levando os indivíduos a praticar o consumo incessante.
É correto o que se afirma em:
a) I, II, III e IV.
b) III e IV apenas.
c) I e II apenas.
d) II e III apenas.
e) I e IV apenas.
I. A indústria cultural se utiliza de padrões que se repetem com o
propósito de formar uma estética voltada ao consumismo e à
alienação.
II. A indústria cultural promove nos indivíduos uma
pseudossatisfação que impede o desenvolvimento de uma visão
crítica.
III. A indústria cultural faz dos indivíduos seu objeto, distanciando-
os de uma autonomia consciente.
IV. A indústria cultural incentiva necessidades próprias do sistema
vigente, levando os indivíduos a praticar o consumo incessante.
É correto o que se afirma em:
a) I, II, III e IV.
b) III e IV apenas.
c) I e II apenas.
d) II e III apenas.
e) I e IV apenas.
Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação, de massa e a
cultura de massa surgem como funções do fenômeno da
industrialização. É esta, através das alterações que produz no modo
de produção e na forma do trabalho humano, que determina um tipo
particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa),
implantando numa e noutra os mesmos princípios em vigor na
produção econômica em geral: o uso crescente da máquina e a
submissão do ritmo humano de trabalho ao ritmo da máquina; a
exploração do trabalhador; a divisão do trabalho.
Teixeira Coelho. O que é indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 1980.
Para o autor, a indústria cultural e a cultura de massas está
diretamente ligado ao modo de produção:
a)Tecnicista
b) Cientificista
c) Capitalista
d) Socialista
Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação, de massa e a
cultura de massa surgem como funções do fenômeno da
industrialização. É esta, através das alterações que produz no modo
de produção e na forma do trabalho humano, que determina um tipo
particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa),
implantando numa e noutra os mesmos princípios em vigor na
produção econômica em geral: o uso crescente da máquina e a
submissão do ritmo humano de trabalho ao ritmo da máquina; a
exploração do trabalhador; a divisão do trabalho.
Teixeira Coelho. O que é indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 1980.
Para o autor, a indústria cultural e a cultura de massas está
diretamente ligado ao modo de produção:
a)Tecnicista
b) Cientificista
c) Capitalista
d) Socialista
Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da
democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera
uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres
para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a
neutralização histórica da religião, são livres para entrar em
qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da
ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em
todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a
mesma coisa.
ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento:
fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a
análise do texto, é um(a)
a) legado social.
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.
Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da
democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera
uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres
para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a
neutralização histórica da religião, são livres para entrar em
qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da
ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em
todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a
mesma coisa.
ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento:
fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a
análise do texto, é um(a)
a) legado social.
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.