Unid 1
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Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
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Introdução a Medidas e Avaliação em Educação
Física e Esporte
A compreensão dos elementos contidos neste tópico será alcançada a partir do
entendimento do que vem a ser medidas e avaliação em Educação Física e Esportes,
perpassando pelo conhecimento da sua finalidade bem como suas diversas formas
de aplicação em contextos diversos.
O processo de medir e avaliar deve ser conduzido quando objetiva-se tomar boas
decisões a partir dos resultados identificados. Dentro do contexto da Educação Física
e Esporte, atuam como norteadores em tais decisões relacionadas às inúmeras
possibilidades em se criar ou ajustar estratégias de intervenção, isto é, programas
de atividades ou exercícios físicos frente às diferentes necessidades das pessoas ou
grupo de pessoas (MORROW et al., 2014).
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Figura 1 – Medição da gordura visceral usando o teste de dobras cutâneas
Fonte: Shutterstock (2024).
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coordenação) e ao desempenho (velocidade, agilidade, potência), respectivamente,
a partir do uso de instrumentos e equipamentos aplicados em medidas e avaliação,
permitem ao profissional de Educação Física, seja sua atuação como instrutor, personal
trainer ou preparador físico, ajustar o programa de treino proposto em direção ao
contínuo desenvolvimento ou aperfeiçoamento das aptidões físicas de seus atletas
e/ou clientes (GUEDES; GUEDES, 2006).
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Desse modo, a identificação dessas medidas pode fornecer dados importantes em
relação ao processo de crescimento e desenvolvimento físico cronológico do indivíduo,
possibilitando ainda que esses dados morfológicos possam ser contrastados com
medidas biológicas, como a produção hormonal de progesterona ou testosterona que
impactam diretamente o desenvolvimento dessas variáveis morfológicas.
Somado a isso, todas essas informações podem ser empregadas em conjunto a fim
de concluir, por exemplo, porque adolescentes integrantes em equipes ou clubes
esportivos, sejam em modalidades individuais ou coletivas, embora apresentem a
mesma idade cronológica, biologicamente falando, diferem-se quanto ao nível de
maturação, o que pode explicar em partes a diferença entre os níveis das capacidades
e qualidades físicas avaliadas em indivíduos de mesma idade cronológica (STODDEN
et al., 2008).
100%
Produção média de hormônio
80%
60%
Menopausa
20%
0 20 40 60 80
IDADE
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A exemplo disso, pode-se fazer uso de instrumentos de medidas e avaliação
em grupos de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, tais como
diabéticos e hipertensos, buscando investigar o atual índice de glicemia e o nível
de classificação em relação à hipertensão arterial, respectivamente, a fim de que
programas de exercícios físicos adequados, isto é, tipo de exercício adotado (aeróbio,
anaeróbio) e parâmetros como intensidade, carga, volume, frequência, duração e
intervalos de recuperação possam ser organizados de modo com que contribuam
efetivamente para o tratamento da comorbidade e prevenção de comorbidades
associadas. Desta forma é possível proporcionar, consequentemente, uma melhor
qualidade de vida e saúde ao indivíduo (GUEDES; GUEDES, 2006), como a partir de
melhoras cardiorrespiratórias, alterações na composição corporal (diminuição de
massa corporal gorda e aumento de massa corporal magra), além de modificações
enzimáticas (FRANCISCHI et al., 2001).
Figura 4 – Conceito saudável. Exercícios e alimentação saudável são as causas da pressão arterial
normal
Fonte: Shutterstock (2024).
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Figura 5
Fonte:Adobe Stock (2024).
Tal redução gradativa, por sua vez, acaba impactando na diminuição dos níveis de
força muscular dessa população que passa a apresentar menor capacidade funcional
e autonomia na execução das tarefas da vida diária, o que aumenta a propensão a
quedas e fraturas (BRADY et al., 2014). Nesse sentido, o uso de medidas e avaliação que
possibilitem recorrer à identificação dessas alterações sobre a composição corporal
são muito importantes para a elaboração de programas de treino que possibilitem
promover benefícios físicos e também psicológicos a esse grupo populacional de
forma adequada (TRITSCHLER, 2003). Dessa forma, também é possível minimizar a
possibilidade de se proporem estratégias de treinamento que possam servir como
fator de agressão a esses indivíduos com necessidades que requerem muito cuidado
e atenção (DA FONTOURA, FORMENTIN e ABECH, 2008). Somado a isso, a estratégia
de uso de medidas e avaliação em Educação Física e Esporte também é utilizada
tendo por finalidade motivar o aluno ou cliente ao mesmo tempo que desenvolve suas
aptidões físicas (DA FONTOURA, FORMENTIN e ABECH, 2008). A partir de resultados
obtidos por meio de avaliações físicas, por exemplo, é possível que o aluno ou
cliente perceba claramente sua evolução em termos mensuráveis, no que concerne
ao desenvolvimento de suas capacidades físicas, no decorrer de um programa de
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treinamento sistematizado – proporcionando, dessa maneira, que esses resultados
observados sirvam como estímulo para motivá-los ainda mais a continuar fazendo
parte da equipe ou participando do programa de treinamento proposto pelo profissional
(GALLAHUE e DONNELLY, 2008).
Desse modo, para que as aplicações práticas de medidas e avaliações elencadas acima
possam ocorrer de forma adequada, inicialmente é extremamente importante que o
profissional ou profissionais responsáveis por desenvolver essa tarefa conheçam o
público-alvo para que, então, objetivos possam ser corretamente traçados a partir do
diagnóstico preliminar.
Saiba mais
Considerando que conhecer o público-alvo é fator fundamental
para que as medidas e avaliações sejam empregadas de forma
adequada, o vídeo Introdução a Medidas e Avaliação apresenta
informações acerca de como proceder com indivíduos que desejam
perder peso corporal.
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Curiosidade
Terminologia - Substantivo, plural “terminologias”.
Conceito de Teste
Assim, na área da Educação Física e Esporte existe uma série de testes, a partir
dos quais é possível obter diferentes medidas. Há aqueles que permitem obter, por
exemplo, medidas de aptidão física, habilidades físicas especializadas, estresse
físico e lesões decorrentes da prática esportiva (TRITSCHLER, 2003). Desse modo,
os profissionais que administram a aplicação de tais testes são capazes de observar
diferentes respostas físicas, fisiológicas, metabólicas ou cognitivas (TRITSCHLER,
2003; MORROW et al., 2014).
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Por fim, é importante frisar que tais testes podem ser empregados nos mais diversos
ambientes, como em laboratórios, ginásios esportivos ou pistas de atletismo. Os testes
aplicados aos indivíduos podem ocorrer individualmente ou em grupo, a depender
dos protocolos específicos de teste indicados para cada situação investigada
(TRITSCHLER, 2003).
Figura 6 – Fisioterapeuta médico está medindo a força muscular de um paciente para identificar fra-
quezas potencialmente prejudiciais
Fonte: Shutterstock (2024).
Conceito de Medida
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Desse modo, de maneira geral, medidas de interesse sempre poderão ser interpretadas
como o resultado numérico obtido a partir de um teste, como: medida de tempo ou
distância (obtida a partir de um teste de corrida); estatura, variáveis de composição
corporal ou perímetros corporais (obtidas a partir de testes antropométricos);
dados de frequência cardíaca (obtidos a partir de um teste de esforço); entre outros
(TRITSCHLER, 2003).
Conceito de Avaliação
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se o nível de atividade física da pessoa investigada é suficiente a ponto de ser capaz
de proporcionar benefícios significativos à saúde (MORROW et al., 2014). No Quadro 1
são apresentados os conceitos de teste, medida e avaliação, extraído da obra Medidas
e avaliação em Educação Física (de 2017), elaborado por Schmitt e Bataglion:
Medida
Avaliados Avaliação
Pré-teste Pós-teste
Indivíduo A 21 cm 24 cm Pré-teste Pós-teste
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Testar Medir Avaliar
Verificar o desempenho Descrever informações Interpretar informações
a partir de situações quantitativas quantitativas ou
organizadas qualitativas a fim de obter
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voltados à área da atividade física e esporte. Em relação à formação e experiência do
avaliador físico, de acordo com a CBO (2020), tal função deve ser desempenhada por
indivíduos que apresentem formação superior em Educação Física e que possuam
registro no conselho profissional.
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realizar o teste corretamente. Desta forma, é comum que antes de sua execução
o avaliador demonstre como será realizada a tarefa. Mais recentemente padrões
de instrução têm sido elaborados com o objetivo de que os avaliadores possam
satisfatoriamente conduzir essas informações aos avaliados (MORROW et al., 2014;
SCHMITT e BATAGLION, 2017).
Curiosidade
Padrões de instrução podem ser encontrados na literatura como
técnicas de familiarização ou procedimentos de familiarização,
sendo que para cada tipo de teste um procedimento padrão é
adotado, visando fornecer ao indivíduo o conhecimento prévio do
instrumento, equipamento e ações a serem desempenhados no
decorrer da sua execução.
Disciplinas de Graduação
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Somado a essas disciplinas, no que concerne a avaliação de características físicas,
as disciplinas ou conteúdos acerca da antropometria e cineantropometria também
apresentam grande importância à prática profissional do avaliador. Conhecimentos
relativos a características antropométricas, isto é, avaliação da dimensão física e
composição corporal de indivíduos de ambos os sexos ou de diferentes faixas etárias,
possibilitam ao avaliador relacionar tais informações com o desempenho físico destes
mesmos indivíduos, sendo capaz de gerar uma avaliação mais precisa (TRITSCHLER,
2003; SCHMITT e BATAGLION, 2017).
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Atenção
Entende-se por modelo estatístico descritivo a apresentação de
informações numéricas acerca das medidas avaliadas, seja por
média e desvio padrão, mediana e amplitude interquartil, frequência
ou porcentagem. Já o modelo inferencial corresponde aos testes
estatísticos, como teste de Wilcoxon ou Anova One Way, que
foram conduzidos a fim de se chegar à apresentação das medidas
apresentadas no modelo descritivo.
Aspectos Éticos
É fundamental que o avaliador tenha pleno conhecimento acerca da conduta ética que
deve ser adotada por ele no dia a dia, uma vez que tal função lida diretamente com
pessoas e, dessa forma, é necessário que aspectos éticos sejam legalmente seguidos
(GUEDES; GUEDES, 2006). Portanto, é tarefa imprescindível dos avaliadores que estes
informem formalmente ao público-alvo sobre os procedimentos aplicados nos testes
(o que será realizado e como, sem deixar dúvidas e nem omitir informações), os
instrumentos e/ou equipamentos a serem utilizados, a possibilidade de ocorrerem
falhas na obtenção das informações e, dessa forma, deixarem os indivíduos a par de
que pode ser que haja a necessidade de se repetir algum procedimento (SCHMITT e
BATAGLION, 2017).
Cabe ainda enfatizar que, quando possível, os indivíduos que optarem por participar das
avaliações devem sempre fazê-lo a partir da assinatura de um termo de consentimento,
por meio do qual os avaliados consentem de livre e espontânea vontade participar
do processo de avaliação, concordando com todos os procedimentos relativos aos
testes previamente esclarecidos. No caso de avaliações conduzidas com crianças
ou adolescentes, além das informações quanto aos procedimentos prestados, estas
devem ainda ser apresentadas aos pais ou responsáveis que deverão formalizar a
autorização por escrito, consentindo a condução da avaliação com os menores. No
entanto, é importante frisar ainda ao avaliador que qualquer indivíduo tem a liberdade
de solicitar com que as avaliações sejam interrompidas a qualquer momento. Caso
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o avaliador perceba que, por algum motivo, o avaliado se sinta desmotivado ou
desconfortável, este também pode solicitar que a avaliação seja interrompida, pois,
caso a coleta de dados prossiga dessa forma, pode ser que haja interferência na
confiabilidade dos resultados (GUEDES; GUEDES, 2006; DA FONTOURA, FORMENTIN
e ABECH, 2011).
• Toda avaliação física deve ser administrada visando evitar danos físicos ou
psicológicos aos avaliados;
• Os resultados oriundos das avaliações devem ser utilizados apenas para os
objetivos para os quais foram desenvolvidos, não sendo orientada, por exem-
plo, para punir de algum modo o indivíduo;
• Os dados coletados devem ser sempre mantidos sob confidencialidade.
Aspectos Administrativos
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Em relação a esse último aspecto, essas informações devem ser fornecidas a partir
de laudos que expliquem de modo claro e detalhado a avaliação do aluno ou cliente,
a fim de que eles tenham pleno conhecimento sobre da sua condição física e sejam
capazes de verificar a sua própria evolução à medida do tempo.
Figura 10 – Conceito de fitness, esporte, exercício e dieta jovem sorridente com personal trainer e
plano de exercícios na área de transferência no ginásio
Fonte: Adobe Stock (2024).
Atenção
Entende-se por laudo o parecer técnico de um especialista indicado
para avaliar uma determinada situação ou condição. O laudo deve
fornecer a “tradução” dos elementos técnicos captados pelo
profissional numa linguagem clara e concisa ao indivíduo avaliado.
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Conclusão
No decorrer deste conteúdo fomos capazes de compreender de fato o que vem a
ser medidas e avaliação em Educação Física e Esportes, bem como os principais
conceitos relacionados às terminologias aplicadas a ela. Isso possibilita que sejamos
capazes de diferenciá-los. Sem dúvidas esse conhecimento facilita o processo de
entender cada etapa relacionada com a atuação profissional nesse âmbito.
Por fim, observamos ainda que a atuação do avaliador físico deve estar sempre
de acordo com critérios éticos estabelecidos. Deve-se sempre atentar para o fato
de que os indivíduos devem estar cientes de todo o procedimento a ser realizado
pelos avaliadores no decorrer da coleta de dados, sendo que estes devem concordar
formalmente com tais procedimentos. Todo processo deve ser sempre claramente
informado ao avaliado.
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Referências
BRADY, A. O.; DIREITA, R. C.; EVANS, E. M. Body composition, muscle capacity, and
physical function in older adults: an integrated conceptual model. Journal of Aging
and Physical Activity, Champaign, v. 22, n. 1, p. 441-452, 2014. Disponível em: https://
journals.humankinetics.com/view/journals/japa/22/3/article-p441.xml. Acesso em:
30 jan. 2024.
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STODDEN, D. F.; GOODWAY, J. D.; S. J.; ROBERTON, M. A.; RUDISILL, M. E.; GARCIA, C.;
GARCIA, L. E. A developmental perspective on the role of motor skill competence in
physical activity: An emergent relationship. Quest, New York, v. 60, n. (2), p. 290-306,
2008. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/
abs/10.1080/00336297.2008 .10483582. Acesso em: 30 jan. 2024.
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