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Pode uma empregada

doméstica falar?
Crítica ao colonialismo na obra
Solitária, de Eliana Alves Cruz
Docente:
Drª Vanessa Bastos Lima

Discentes:
Alisson Andrade
Bergson Varela
João Lucas
Kauê Lopes
Paulo Davi
Eliana Alves Cruz

Nasceu em 1966, no Rio de Janeiro;


Formada em Comunicação Social;
Trabalhou como gerente de imprensa
da Confederação Brasileira de
Esportes Aquáticos;
Escritora e jornalista;
Primeiro romance: Água de Barrela

B
Obra em destaque

PD
PEC das Domésticas
Como é de conhecimento de todos a PEC das Domésticas nº
72/2013, em vigencia desde abril/2013 prevê a extensão, aos
empregados domésticos, da maioria dos direitos já previstos
atualmente aos demais trabalhadores registrados com
carteira assinada (em regime CLT). Esses direitos são
listados atualmente no artigo 7º da Constituição Federal,
como por exemplo a jornada de trabalho limitada a 8 horas
diarias e 44 horas semanais, pagamento de horas extras,
entre outros.

A
PEC das Domésticas
Nesse sentido, a primeira etpada da PEC deixou alguns
direitos pendentes de regulamentação, quais sejam,
adicional noturno; obrigatoriedade do recolhimento do
FGTS; seguro-desemprego; salário-família; auxílio-creche e
pré-escola, seguro contra acidentes de trabalho e
indenização em caso de despedida sem justa causa. Assim, a
Lei Complementar nº 150/2015, aprovada em junho/2015
(segunda etapa da PEC), passou a regulamentar todo
contrato de trabalho dos empregados domésticos. Isto
posto, afinal, quais os direitos da doméstica de acordo com
as leis vigentes?

A
Quais direitos já são garantidos atualmente
aos empregados domésticos?

Salário mínimo, observado o piso salarial


da categoria;
Jornada de trabalho, 8h dia, 44h
semanais;
 Hora extra, adicional de 50 a 100%;
Adicional noturno;
13º salário.

A
https://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2023/04/01/pec-das-domesticas-10-anos-apos-a-
aprovacao-do-projeto-numero-de-informais-cresce-no-brasil.ght

A
Trecho da obra para contextualizar

"Óbvio que sobrou para mim ajudar nos cuidados


com aquela bebê, pois a casa era gigante e a
supereficiente d. Eunice deixava os patrões acharem
que não precisavam de mais ninguém. Se
pensarmos direitinho, eles estavam certos. Para
que gastar com mais empregadas se tinham uma
que valia por duas e vinha com uma ajudante
grátis?" (Cruz, 2022, p. 46)

A
Homi K. Bhabha
Bhabha destaca a noção de “mimese”
(ou “mimetismo”), onde o colonizado
imita a cultura do colonizador, mas
subverte seus significados originais,
transformando esse espaço em um
ponto de resistência.

B
Homi K. Bhabha
[...] a mímica emerge como a representação de uma
diferença que é ela mesma um processo de recusa.
A mímica e, assim, o signo de uma articulação dupla,
uma estratégia complexa de reforma, regulação e
disciplina que se "apropria" do Outro ao visualizar o
poder. A mímica é também o signo do inapropriado,
porém uma diferença ou recalcitrância que ordena a
função estratégica dominante do poder colonial,
intensifica a vigilância e coloca uma ameaça
imanente tanto para os saberes “normalizados”
quanta para os poderes disciplinares. (Bhabha, 1998,
p. 130)

B
Aplicação da teoria de Homi K.
Bhabha: Mabel
— Mãe… a senhora precisa se libertar dessas pessoas… A
senhora não deve nada a elas, pelo contrário. Mãe… Sou
eu, a Mabel, sua lha. Não tenha medo de encarar esse
povo que nunca limpou a própria privada! (Cruz, 2022, p. 9)

— O que faço com essa gente toda? A senhora precisa


denunciar, precisa falar… A senhora não é escra… — Ela
me encarou com fúria. Na distância em que estávamos
senti seu olhar como um tapa na cara. (Cruz, 2022, p. 10)

PD
Aplicação da teoria de Homi K.
Bhabha: Mabel
[...] além da certeza de não querer filhos, cresceu outra
verdade em mim: não queria ser como minha mãe, ou
melhor, não queria fazer o que ela fazia. Esse sentimento
foi o embrião de um afastamento entre nós, que precisaria
do remédio do tempo para curar. Mas se eu não queria ser
como d. Eunice, também não queria ser como d. Lúcia.
(Cruz, 2022, p. 47)

PD
Aplicação da teoria de Homi K.
Bhabha: Mabel
Enfiei na cabeça que queria ser médica depois que seu Tiago
sorriu quando eu disse que queria fazer medicina. Falou que
era muito difícil uma vaga numa universidade pública e que
as instituições particulares eram muito caras. Não sei por
quê, mas o sorriso dele foi um estímulo a mais para mim.
(Cruz, 2022, p. 54)

PD
Teoria da Spivak
Conhecida por ser uma teórica pós-
colonial, Spivak questiona as limitações
que os sistemas de poder coloniais e pós
coloniais impõem aos subalternos
(particularmente às mulheres), muitas
vezes silenciando suas narrativas e
experiências.

JL
Teoria da Spivak
“A relação entre a mulher e o silêncio pode ser
assinalada pelas próprias mulheres; as diferenças de
raça e de classe estão incluídas nessa acusação.”
(Spivak, 2010, p. 66)

“Se, no contexto da produção colonial, o sujeito


subalterno não tem história e não pode falar, o sujeito
subalterno feminino está ainda mais profundamente na
obscuridade.” (Spivak, 2010, p. 67)

JL
Teoria da Spivak
“Pode o subalterno falar? O que a elite deve fazer para
estar atenta à construção contínua do subalterno? A
questão da ‘mulher’ parece ser a mais problemática nesse
contexto. Evidentemente, se você é pobre, negra e mulher,
está envolvida de três maneiras.” (Spivak, 2010, p. 85)

JL
Aplicação da teoria de Spivak
Eunice
“Hoje fico com pena do sacrifício que era se tornar
invisível. Além dos espaços apertados que ocupávamos,
o silêncio era um companheiro. Era preciso estar
presente sem estar. Uma boa serviçal é silenciosa, e a
criança que é a filha dessa mulher também deve ser.
Ela não pode rir como uma criança, não pode pular ou
fazer travessuras como uma criança. Ela não é uma
criança. É um incômodo, alguém apenas tolerado…”
(Cruz, 2022, p. 101) (Grifo nosso)
K
Aplicação da teoria de Spivak
Eunice
“D. Lúcia tentou convencer de todo jeito a adiar, mas,
mesmo com muito medo de perder o trabalho que
garantia o sustento da minha velhinha, respirei fundo e
falei a ela o que precisava.

— A senhora pode me demitir se achar que deve… Ela


não esperava que eu resistisse.” (Cruz, 2022, p. 102-
103. (Grifo nosso)

K
Aplicação da teoria de Spivak
Eunice
“[...] chamavam a mesinha ao lado da cama de “criado-mudo”
porque antigamente quem ficava ao lado da cama dos senhores
era uma pessoa escravizada, que precisava ficar ali, calada e à
mão para qualquer necessidade de seus ‘donos’. Cacau era
estudioso e foi pesquisar pra mim. Ele disse que não chamavam
a mesinha de criado-mudo no tempo da escravidão, mas fiquei
pensando que independentemente de quando deram o nome
para o móvel, com certeza foi pensando nos empregados e nas
empregadas que inventaram esse ‘criado-mudo’. Eu, de certa
forma, fui criada-muda. Não seria mais.” (Cruz, 2022, p. 122)
(Grifo nosso)
K
“Não há paz enquanto se habita o
tumultuado quarto de despejo — seja ele
real, seja metafórico. O silêncio da
solitária é um estrondo, uma trovoada de
desprezo que não para de soar na cabeça
e na alma.” (Cruz, 2022, p. 166)
REFERÊNCIAS
BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

CRUZ, Eliana Alves. Solitária. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar?. Belo Horizonte: Editora


UFMG, 2010.
Pode uma empregada
doméstica falar?
Crítica ao colonialismo na obra
Solitária, de Eliana Alves Cruz
Docente:
Drª Vanessa Bastos Lima

Discentes:
Alisson Andrade
Bergson Varela
João Lucas
Kauê Lopes
Paulo Davi

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