HIV/AIDS
A infecção por HIV é uma doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV), um retrovírus que infecta principalmente linfócitos T auxiliares. O seu mecanismo de
patogenia se inicia com a transmissão do vírus, ocorrendo principalmente pela via sexual.
Após cerca de 2 horas do contato do vírus com alguma das mucosas corporais (vagina,
ânus, boca ou lesões de pele), ele atravessa a barreira protetora e entra em contato com as
células apresentadoras de antígenos (macrófagos, linfócitos e células dendríticas), que
possuem a função de carregar esse vírus para o grupamento linfoide mais próximo. Em
seguida, o vírus do HIV será apresentado aos linfócitos TCD4+ virgens (linfócitos T
auxiliares), que se utilizará da maquinaria dessas células para sua replicação viral e
consequente disseminação pelo sangue, infectando mais linfócitos T CD4+. Além disso, o
vírus do HIV provoca o funcionamento inadequado e a depleção (destruição) das células
infectadas, principalmente dos linfócitos T auxiliares, mas também dos macrófagos, células
dendríticas e linfócitos B, devido especialmente à destruição da arquitetura e composição
da parede celular, em consequência do brotamento de partículas virais a partir das células
infectadas, levando à apoptose. Com a progressão da replicação viral e a diminuição das
células TCD4+, bem como as outras células imunológicas, ocorre uma redução acentuada
da proteção do organismo pelo sistema imune, possibilitando que doenças se desenvolvam
e ameacem a vida do paciente, sendo denominadas doenças oportunistas. Essa fase é
denominada de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), sendo de grande perigo
para o indivíduo, visto que o sistema imune é incapaz de controlar a infecção.
FATORES DE RISCO
Sexo desprotegido com vários parceiros sexuais: a presença de vários parceiros
sexuais associado ao sexo desprotegido, ou seja, sem uso de preservativos feminino ou
masculino, aumentam as chances de infecção por HIV, visto que o vírus pode estar
presente no sêmen nos homens e no colo do útero em mulheres, e ser transmitido por meio
do ato sexual de parceiro a parceiro, pentrando o corpo através de microabrasões na
mucosa vaginal, anal ou oral, onde serão recolhidos pelas células apresentadoras de
antígenos e apresentados aos linfócitos T auxiliares, com uso de sua maquinaria para
multiplicação e infecção do indivíduo.
Realizar tatuagens em locais sem medidas de segurança // compartilhamento
de alicates, lâminas de barbear // uso de seringa endovenosa: O vírus do HIV também
está presente no sangue do paciente infectado; além disso, o vírus consegue entrar no
organismo do indivíduo por meio de microabrasões e ulcerações na pele e mucosa;
portanto, o uso de objetos perfuro-cortantes como alicate, agulhas para tatuagens, seringas
para aplicação de drogas endovenosas e lâminas de barbear contaminados com sangue
contendo HIV e não esterilizados corretamente podem ser responsáveis pela transmissão
do vírus a outro indivíduo, por meio da perfuração ou corte da pele e entrada do vírus no
organismo.
SINAIS E SINTOMAS
Fase aguda ou primária
Cerca de 2 a 3 semanas após a infecção por HIV, se inicia a fase aguda ou primária,
em que ocorre um aumento da replicação viral, com consequente aumento da invasão à
células TCD4+ e morte, ocorrendo diminuição de sua contagem. Nesse período, os
sintomas são semelhantes a um processo gripal e ocorrem devido a ativação aumentada do
processo inflamatório, com o objetivo de controle da infecção. Os sintomas incluem febre,
aumento dos linfonodos (linfonodomegalia), faringite, dores musculares e nas articulações
(mialgias e artralgias) rash cutâneo eritematoso, ulcerações mucocutênas envolvendo
mucosa oral, esfago e genitália, perda de peso, náuseas e vômitos.
Além disso, os exames laboratoriais podem incluir aumento dos níveis de linfócitos
circulantes, para controle da infecção, seguida de diminuição dos mesmos, devido à morte
dessas células pelos vírus (ou seja, uma linfopenia seguida de linfocitose, com presença de
linfócitos atípicos, devido à sua ativação para controle da infecção).
Fase clínica assintomática
Após a fase inicial de aumento da replicação viral (viremia), o sistema imune
consegue controlar a replicação, diminuindo a carga viral do indivíduo. Essa condição pode
durar anos (cerca de 3 a 7 anos), sendo denominado fase clínica assintomática, cujo sinais
e sintomas são praticamente inexistentes. O exame laboratorial do paciente, entretanto,
pode se apresentar com alterações, como leucopenia, linfopenia e plaquetopenia, à medida
em que as células do sistema imune são utilizadas e mortas devido ao processo de controle
da infecção.
Fase crônica sintomática
Mesmo com o sistema imunológico se empenhando em controlar a infecção, o HIV
continua a infectar e provocar a morte de linfócitos TCD4+, resultando em uma
desorganização da resposta imune, favorecendo ainda mais sua multiplicação e evasão da
resposta imune. Logo, o sistema imune não é capaz de controlar o HIV, e o vírus retorna em
sua multiplicação desordenada, resultando na fase crônica sintomática, que pode ser
subdividida em duas: doença pelo HIV (não aids) e a imunodeficiência aids. Na doença pelo
HIV, também denominada fase sintomática inicial, o descontrole da resposta do sistema
imune provocam sinais e sintomas relacionados, como sudorese noturna, podendo ou não
ser acompanhado de febre, fadiga, emagrecimento, podendo ser acompanhado de anorexia
e diarreia; além disso, bactérias, vírus e fungos podem se aproveitar desse ambiente e
aumentar a ocorrência de condições clínicas como candidíase oral e vaginal, queilite
angular, úlceras aftosas, herpes zoster, com aparecimento de rash cutâneo localizado ou
generalizado.
Com a progressão da replicação viral e a diminuição das células TCD4+, bem como
as outras células imunológicas, ocorre uma redução acentuada da proteção do organismo
pelo sistema imune, possibilitando que doenças se desenvolvam e ameacem a vida do
paciente, sendo denominadas doenças oportunistas. Essa fase é denominada de Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida (aids), sendo de grande perigo para o indivíduo, visto que o
sistema imune é incapaz de controlar a infecção.
Febre: A febre é devido ao processo inflamatório, com produção de pirogênios
endógenos (IL-1, TNF-a) e regulação do centro regulador de temperatura hipotalâmico, com
aumento da temperatura e febre.
Fadiga e cansaço: A febre é decorrente do processo inflamatório que ocorre contra
o vírus do HIV, ao qual promove a liberação de citocinas como TNF e IL-1, responsáveis por
ativar o centro regulador da temperatura no hipotálamo, gerando febre.
Linfonodomegalia: devido à presença do vírus HIV no organismo, as células
apresentadoras de antígenos (macrófagos, células dendríticas) irão capturar os antígenos
virais, se deslocando aos linfonodos para apresentação aos linfócitos T e B; portanto, há a
ativação de linfonodos, que, por também mediar o processo de liberação e controle
linfocitário, aumenta de tamanho.
Anorexia e perda de peso: O processo inflamatório devido à invasão do vírus do
HIV no organismo, mais especificamente nos linfócitos TCD4+, promove a liberação de
citocinas, principalmente de TNF-a, que promove uma resistência à insulina nos músculos
esqueléticos. Essa resistência à insulina, com função de disponibilizar glicose para o
sistema imune, provoca aumento do catabolismo, para obter maiores reservas energéticas,
e diminuição do anabolismo, resultando em anorexia e perda de peso.
Calafrios: devido à ativação do sistema regulador de temperatura no hipotálamo,
aumentando a temperatura corporal, o corpo se utiliza de mecanismos, como os calafrios,
para aumentar essa temperatura até o limiar estipulado pelo hipotálamo, devido ao aumento
do metabolismo pelas contrações involuntárias musculares, gerando calor.
Sudorese: Como um mecanismo compensatório devido ao aumento da temperatura
corporal, o corpo provoca a sudorese, com objetivo de resfriar o corpo, para reduzir a
temperatura.
Náuseas, vômitos, mialgias, diarreia: devido ao processo inflamatório, há desvio
de nutrientes e energia de órgãos como músculos e sistema gastrintestinal para suprir as
necessidades da resposta imunológica, gerando sintomas como náuseas, vômitos e
diarreia.
DIAGNÓSTICO
Detecção de antígeno = um dos métodos diagnósticos de infecção por HIV é a
detecção do antígeno do vírus no sangue, sendo pesquisado principalmente o antígeno
p24, proteína principal do vírus e parte constituinte do capsídeo viral. O exame é realizado
principalmente no período de 3 a 30 dias após a infecção, se tornando mais difícil a
detecção do vírus a partir de 30 dias, devido ao aumento da resposta humoral.
Detecção de anticorpos = Os anticorpos são produzidos principalmente contra as
proteínas p24 (capsídeo viral), gp41 e gp120 (envelope viral), podendo ser detectadas entre
30 a 90 dias após a infecção.
● Detecção de anticorpos anti-HIV
Anti-HIV Combo Ag/Ac: este exame serve para detectar a presença de anticorpos
contra o vírus do HIV, além do antígeno p24, proteína principal do vírus e parte constituinte
do capsídeo viral. Com a presença do vírus do HIV no organismo e liberação de seus
antígenos, há a produção de anticorpos pelas células B, podendo ser detectados no sangue
pel0s testes. A detecção do antígeno viral e dos anticorpos por este teste se dá a partir de
15 a 30 dias após a infecção.
‘
Testes rápidos (TR): testagem anti-HIV
Este exame serve para detectar a presença de anticorpos contra o vírus do HIV.
Com a presença do vírus do HIV no organismo há a produção de anticorpos pelas células B
contra os antígenos liberados pelo vírus, podendo ser detectados no sangue pelos testes.
Eles são realizados em cerca de 30 minutos, podendo ser detectados em cerca de
30 dias após a infecção
Reação em cadeia da polimerase após transcrição reversa (RT-
PCR) ⇒ teste molecular
Com a presença de vírus no organismo, ocorre a liberação de seu RNA viral; logo,
este teste possui a função de detectar o RNA do vírus no sangue do paciente, ocorrendo a
amplificação desse RNA viral para facilitar sua identificação e contagem. Os valores são
expressos em carga viral, e estão associados ao prognóstico do paciente; ou seja, níveis
mais baixos de carga viral (abaixo de 10.000 cópias de RNA por ml) apresentam um baixo
risco de progressão ou de piora da doença. Já a carga viral alta (acima de 100.000 cópias
de RNA por ml) apresentam alto risco de progressão ou de piora da doença.
Anti-HIV fluorescência
Este exame serve para detectar a presença de anticorpos contra o vírus do HIV, por
uma técnica de imunofluorescência. Com a presença do vírus do HIV no organismo há a
produção de anticorpos pelas células B contra os antígenos liberados pelo vírus, podendo
ser detectados no sangue pelos testes.
CD4: esse exame é utilizado para analisar a quantidade de linfócitos CD4 (células T
auxiliares) presentes no organismo do paciente; como o vírus do HIV infecta e destrói
principalmente os linfócitos T auxiliares (TCD4+), a quantificação é necessária para se
mensurar a gravidade da doença e cometimento do sistema imunológico.
● entre 200 e 500 células/mm3: estágio caracterizado por surgimento de sinais e
sintomas menores ou alterações constitucionais. Risco moderado de
desenvolvimento de doenças oportunistas.
Nesta fase, podem aparecer candidíase oral, herpes simples recorrente, herpes zoster,
tuberculose, leucoplasia pilosa, pneumonia bacteriana.
● entre 50 e 200 células/mm3: estágio com alta probabilidade de surgimento de
doenças oportunistas como pneumocistose, toxoplasmose de SNC,
neurocriptococose, histoplasmose, citomegalovirose localizada.
Está associado à síndrome consumptiva, leucoencefalopatia multifocal progressiva,
candidíase esofagiana, etc.
● menor que 50 células/mm3: estágio com grave comprometimento de resposta
imunitária. Alto risco de surgimento de doenças oportunistas como citomegalovirose
disseminada, sarcoma de Kaposi, linfoma não-Hodgkin e infecção por micobactérias
atípicas. Alto risco de vida com baixa sobrevida.
CV HIV: esse exame é utilizado para quantificar a carga viral do paciente, ou seja, a
quantidade de vírus replicado que ele possui no organismo; como há replicação viral dentro
dos linfócitos T auxiliares, a sua detecção e quantificação reflete o grau de progressão da
doença.
● Carga viral abaixo de 10.000 cópias de RNA por ml: baixo risco de progressão ou
de piora da doença.
● Carga viral entre 10.000 e 100.000 cópias de RNA por ml: risco moderado de
progressão ou de piora da doença.
● Carga viral acima de 100.000 cópias de RNA por ml: alto risco de progressão ou
de piora da doença.
Para o diagnóstico de infecção por HIV, o Ministério da Saúde recomenda a
realização de pelo menos dois testes, sendo o primeiro mais sensível, como por exemplo
um teste rápido ou um teste de 4º geração (anti HIV Ag/Ac), seguido de um teste mais
específico, como por exemplo um teste molecular, que irá identificar e contabilizar a carga
viral no organismo.
Caso a amostra de triagem (teste rápido ou um teste de 4º geração, por exemplo)
der resultado negativo, não há necessidade de realização de outro teste, podendo ser
liberado o paciente como resultado negativo para infecção por HIV. Entretanto, se a
suspeita de infecção por HIV persistir e/ou se o paciente se enquadra no grupo de risco
(profissionais do sexo, múltiplos parceiros sem uso de camisinha, suspeita de contato com
pessoa vivendo com HIV atualmente, entre outros), deve-se realizar nova coleta em cerca
de 30 dias, com o objetivo de veriificar a possibilidade de soroconversão.
Em contrapartida, se a amostra for reagente no exame de triagem, é necessária a
realização do teste molecular ou outro teste mais específico, para confirmação do
diagnóstico ou exclusão em casos de falso-positivos.
TRATAMENTO
O tratamento da infecção por HIV consiste na utilização de medicamento
antirretrovirais, ou seja, medicamentos que inibem a replicação do HIV agindo sobre a
enzima presente no vírus, denominada transcriptase reversa, que é a principal responsável
pela multiplicação viral. Logo, essa inibição da ação desta enzima impede a replicação e
viral, auxiliando no controle da carga viral e evitando a morte de linfócitos TCD4+. No
Brasil, está disponível pelo SUS a terapia antirretroviral (TARV), sendo que a terapia de
primeira linha é o consumo dos três medicamentos combinados tenofovir (TDF), lamivudina
(3TC) e dolutegravir (DTG) contidos em um único comprimido, a ser administrado um
comprimido diariamente, de preferência no mesmo horário
ORIENTAÇÕES
Evidência Científica
A alimentação saudável traz inúmeros benefícios para a saúde, principalmente para
pessoas que vivem com HIV/aids, pois aumentam o número de células TCD4 no corpo,
melhoram a absorção dos nutrientes e vitaminas pelo intestino; diminui problemas causados
pela diarreia e perda de massa dos músculos.
Estudos mostram que a prática regular de exercícios aeróbicos e de resistência,
melhoram a depressão, ansiedade, fadiga, convívio social e auto-estima. Também
aumentam a massa muscular, a contagem de Linfócitos T CD4 e ajudam na recuperação
dos distúrbios causados pela lipodistrofia. Outrossim, é importante procurar sempre
orientação de profissional qualificado
Com relação à imunizações, o Ministério da Saúde (2015) afirma que adultos e
adolescentes que vivem com HIV podem receber todas as vacinas do calendário nacional,
desde que não apresentem deficiência imunológica importante, como contagem de células
LT CD4+ < 200 células/mm3 ou em pacientes sintomáticos. Além disso, a administração de
vacinas com vírus vivos atenuados em PVHIV deve ser avaliada quanto aos parâmetros
clínicos e risco epidemiológico para a aplicação da imunização, em caso de paciente com
contagem de células TCD4+ entre 200 e 350 células/mm3, e permitida para paciente com
contagem de TCD4+ acima de 350 células/mm3.
Pactuação
Negocio com o paciente mudanças dos alimentares para auxiliar no processo de
defesa do organismo, como consumir alimentos integrais, naturais, como as frutas (laranja,
acerola, mamão, manga, mangaba, jaca, cajá, umbu, pêssego, goiaba, melancia e uva),
hortaliças (abóbora, cenoura, couve, brócolis, berinjela e tomate), cebola, alho, aveia,
gérmen de trigo, nozes e castanhas; consumir a maior variedade possível de grãos como
soja, feijão (de todos os tipos), ervilha, lentilha, grão de bico e etc; moderar o sal, açúcar e
doces em geral, refrigerantes, frituras, salgadinhos, banha e toucinho, além disso, oriento o
paciente a procurar comer mais carnes brancas, como peixes e aves, de preferência sem
pele e alimentos in natura e “feitos em casa”, bem como evitar alimentos industrializados.
Outrossim, pactuo com o paciente o consumo de no mínimo 2 litros de água (6 a 8
copos) por dia (filtrada ou fervida).
Negocio com o paciente também a lavagem das mãos com água e sabão,
principalmente antes do preparo dos alimentos e antes das refeições, bem como a lavagem
adequadas dos alimentos consumidos crus, como frutas, e legumes, a fim de evitar infecção
por outros microrganismos.
Pactuo com o paciente a prática de exercícios físicos, com ao menos: 20 minutos de
atividade aeróbica moderada (andar de bicicleta, caminhada, dança) durante 5 vezes por
semana, ou a realização por pelo menos 20 minutos de exercício aeróbico (contínuo ou com
intervalo, como caminhada, andar de bicicleta, dança) em combinação com o exercício de
força (treino com pesos ou com exercícios de musculação com o próprio corpo), três vezes
por semana, repetindo esse treinamento por pelo menos 5 semanas.
Pactuo com o paciente uma consulta, a ser marcada ao final do atendimento, com o
psicólogo da Unidade Básica, visto que a notícia de ser diagnosticado por HIV/aids pode
abalar fortemente o paciente, necessitando de cuidados com especialista.
Pactuo com o paciente a comunicação de todos os seus parceiros sexuais sobre a
necessidade destes se encaminharem à Unidade Básica, para realização de testes rápidos
investigando possíveis IST´s. Outrossim, pactuo com o paciente o uso de preservativo em
todas as relações sexuais, sejam anais ou orais, para prevenção contra outras IST´s e
evitar a transmissão para seus parceiros sexuais.
Monitorização
Pactuo com o paciente o início da TARV, com retorno à unidade básica dentro de 7
e depois de 15 dias, a fim de avaliar os possíveis efeitos adversos e dificuldades
relacionadas à adesão. Após esses retornos, também pactuo com o paciente retornos
mensais até adaptação total da TARV; se o paciente, após adaptação, estiver com quadro
clínico estável, pactuo consultas semestrais.
Além disso, negocio com o paciente a realização de exame para contagem de
células CD4+, a cada seis meses, fim de avaliar o seu estado imunológico; caso em dois
exames consecutivos, com 6 meses de intervalo, a contagem de linfócitos CD4 do paciente
estiver acima de 350 células/mm3, não há necessidade de outras solicitações dos exames.
Por fim, negocio também com o paciente a realização de exames de carga viral para HIV,
no momento da consulta e a cada 6 meses, para verificar se a infecção está sendo
controlada.
Avaliação
Avaliar, em cada consulta, estado nutricional (cintura abdominal e peso), pele,
mucosa oral, além de seu estado psicológico. Verificar alterações nos exames laboratoriais,
quando solicitados.
Avaliar adesão do paciente ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso,
procurando reconhecer as dificuldades do paciente às orientações propostas, alterando o
plano de cuidado quando necessário.
Imunização
Com relação a imunização, caso haja alguma vacina esteja em falta, pactuo:
Para a vacina tríplice viral, pactuo com o paciente a realização de exame para
contagem de células TCD4+. Caso a contagem esteja acima de 350 células/mm 3, realizar a
imunização, com uma ou duas doses, com intervalo de 1 mês entre elas. Caso esteja entre
200 a 350 cel/mm3, avalio suscetibilidade do paciente e risco-benefício para realização ou
não da imunização.
Para a vacina da varicela, pactuo com o paciente a realização de exame para
contagem de células TCD4+. Caso a contagem esteja acima de 350 células/mm 3, realizar a
imunização, com uma ou duas doses, com intervalo de um a dois meses entre elas. Caso
esteja entre 200 a 350 cel/mm 3, avalio suscetibilidade do paciente e risco-benefício para
realização ou não da imunização.
Para a vacina da febre amarela, pactuo com o paciente a realização de exame para
contagem de células TCD4+. Caso o paciente esteja em região de casos de febre amarela
e a contagem esteja acima de 350 células/mm3, realizar a imunização, com uma dose. Caso
esteja entre 200 a 350 cel/mm 3, avalio suscetibilidade do paciente a infecção e risco-
benefício para realização ou não da imunização.
Para a vacina dupla tétano e difteria do tipo adulto (dT), pactuo a aplicação de três
doses (0,2 e 4 meses) e reforço a cada 10 anos, caso o paciente não tenha sido vacinado
ou desconhece sua situação vacinal; caso o paciente esteja com esquema de vacinação
básico incompleto: uma dose de dTpa a qualquer momento e completar a vacinação básica
com dT (dupla bacteriana do tipo adulto) de forma a totalizar três doses de vacina contendo
o componente tetânico.
Para a vacina da Hepatite A, pactuo com o paciente a realização de duas doses (0 e
6 meses). Já para a hepatite B, pactuo com o paciente a aplicação de quatro doses em 0,1,
2 e 6 meses ou 12 meses.
Para a vacina do streptococcus pneumoniae (23-valente), pactuo com o paciente a
realização de exame para contagem de células TCD4+ acima de 200 células/mm 3, e doses
de reforço após cinco anos.
Para vacina da influenza, pactuo com o paciente a administração de uma dose anual
da vacina inativada contra o vírus influenza.
ALIMENTAÇÃO ESPECÍFICA
Falta de apetite
Para a sua falta de apetite, pactuo com a paciente que, mesmo sem apetite,
procurar se alimentar outrossim, o oriento a realizar pelo menos 5 refeições ao dia, em
pequenas quantidades, modificar o tempero da comida acrescentando orégano, cominho,
alecrim, manjericão ou louro, para ficar mais saborosa, além de procurar variar o máximo
possível as combinações entre os alimentos, criando um prato bonito e agradável aos olhos.
Pactuo com o paciente também experimentar vitaminas, sucos, sopas ou sanduíches, como
opções de refeição, além de ter sempre algum alimento disponível para quando sentir fome
(frutas naturais ou secas, barras de cereais, iogurtes, biscoito).
Falta de apetite
Para a perda de peso do paciente, negocio com ele o fracionamento da sua
alimentação em pequenas refeições várias vezes ao dia, e, mesmo que não tenha fome,
tentar se alimentar em cada refeição, bem como a utilização de alimentos energéticos na
alimentação diária como cereais, pães, arroz, mel, azeite, biscoitos, polpas de frutas com
mel (tipo açaí) etc., e o adicionamento aos seus pratos substâncias energéticas, como leite
em pó nas sopas, purê ou iogurtes; queijo ralado no macarrão, arroz e purê; gema de ovo
nas sopas e azeite ou óleo nas saladas.
Náuseas e vômitos
Para as náuseas e vômitos, pactuo com o paciente a realizar pequenas refeições, se
possível a cada 2 ou 3 horas, bem como se alimentar com alimentos mais secos, como
biscoitos de água e sal, biscoito de polvilho e torradas, sem líquido, alimentos de fácil
digestão e de consistência branda (mais cozidos). Além disso, pactuo com o paciente evitar
alimentos gordurosos (incluindo frituras), muito temperados, doces e bebidas gasosas, bem
como alimentos quentes, dando preferência aos alimentos frios ou a temperatura ambiente.
Além disso oriento o paciente a não ingerir líquidos durante as refeições, e em casos
de vômitos, procurar tomar bastante líquido, de preferência soro caseiro, água de coco,
sucos, bebidas isotônicas geladas, em pequenas quantidades.
Diarreia
Para a diarreia, pactuo com o paciente a ingestão de bastante líquido entre as
refeições, como água, água de coco, chás e sucos naturais, além de não deixar de se
alimentar realizando pequenas refeições de 2 em 2 horas. Outrossim,pactuo com o paciente
a lavagem e cozimento adequado dos alimentos.
Com relação aos alimentos, oriento o paciente a consumir alimentos cozidos,
evitando os alimentos crus e fibras, bem como consumir alimentos ricos em potássio (como
a banana, batata e carnes brancas), pois nesses casos há grande perda desse mineral; pão
branco, torradas, bolachas (maisena, água e sal, de leite). Por fim, pactuo com o paciente
também a evitar certos tipos de alimentos, como os gordurosos e frituras (maionese,
linguiça, salsicha, toucinho, queijos amarelos, chocolate, sorvetes cremosos e creme de
leite), industrializados (enlatados em geral, sucos artificiais, doces em geral e salgadinhos)
e alimentos formadores de gases, como repolho, brócolis, couve-flor, milho, pepino,
pimentão, rabanete, nabo, salsão, cebola, refrigerantes e cervejas.
FERIDAS NA BOCA E/OU DOR AO ENGOLIR
Para as feridas na boca ou dor ao engolir, pactuo com o paciente o consumo de
alimentos macios ou bem cozidos (sopas cremosas, purê de batata, maçã cozida, banana
amassada, pão de forma, miolo de pão, gelatina, pudins e flans), evitar alimentos
apimentados ou ácidos que possam causar irritação na boca e alimentos quentes,
preferindo os alimentos à temperatura ambiente ou frios. Umedeça o pão ou o biscoito no
leite, chá (camomila, erva doce, erva cidreira, hortelã), sopa ou outros líquidos para ficarem
macios. Além disso, oriento ao paciente a enxaguar a boca antes e/ou após as refeições, ou
sempre que sentir necessidade, bem como evitar fumar ou tomar bebidas alcoólicas.
BOCA SECA
Para a boca seca, recomendo a ingestão de pelo menos 6 copos de água por dia,
bem como consumir alimentos como bala do tipo azedinha, bala de gengibre e chiclete sem
açúcar, que estimula a produção de saliva. Outrossim, oriento ao paciente a umedecer os
alimentos (pão, torrada e outros) antes de comê-los, bem como dar preferência a alimentos
cozidos com caldos ou molhos.
AZIA OU QUEIMAÇÃO ESTOMACAL (pirose)
Para azia ou queimação, pactuo com paciente a ingestão de chás digestivos após as
refeições, como por exemplo o chá verde, de hortelã ou boldo, além de evitar condimentos,
pimenta de todos os tipos, alimentos gordurosos e café. Outrossim, oriento ao paciente a
não se deitar após a refeição, procurando descansar sentado ou recostado.
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Para a constipação estomacal, pactuo com o paciente o aumento do consumo de
fibras (aveia, linhaça, farelo de trigo ou de arroz) na dieta, a utilização de alimentos crus e
folhas nas saladas. Juntamente ao consumo de fibras, pactuo com o paciente a ingestão de
água de no mínimo 3 litros por dia, pois a baixa ingestão de líquidos pode aumentar a
constipação intestinal.