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Goethe 3

vida e obra de Goethe

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Religião

Goethe era um livre pensador que acreditava que alguém poderia ser
interiormente cristão sem seguir nenhuma das igrejas cristãs, muitas das quais
a cujos ensinamentos centrais ele se opunha firmemente, distinguia
nitidamente entre Cristo e os princípios da teologia cristã e criticava sua história
como uma "mistura de falácias" e violência".[26][27][28] Suas próprias descrições de
seu relacionamento com a fé cristã e até com a Igreja variaram muito e foram
interpretadas ainda mais amplamente, de modo que enquanto Eckermann, o
secretário de Goethe, retratava-o como entusiasmado com
o cristianismo, Jesus, Martinho Luthero e a Reforma Protestante, até
chamando o cristianismo de a "religião suprema",[29][30][31] em uma ocasião Goethe
se descreveu como "não anticristão, nem a-cristão, mas decididamente não
cristão",[32] e em seu Epigrama Veneziano 66, Goethe listou o símbolo da cruz
entre as quatro coisas que ele mais detestava.[33][34] Segundo Nietzsche, Goethe
tinha "um tipo de fatalismo quase alegre e confiante" que tem "fé de que
somente na totalidade tudo se redime e parece bom e justificado".[35]

Nascido em uma família luterana, a fé inicial de Goethe foi abalada por notícias
de eventos como o terremoto de 1755 em Lisboa e a Guerra dos Sete Anos. A
preocupação de Goethe e a reverência por Spinoza são bem conhecidas na
história do pensamento ocidental.[36][37][38][39][40][41][42] Ele foi uma das figuras centrais
em um grande florescimento de um neo-espinozismo altamente influente[43][44]
[45]
que ocorreu na filosofia e na literatura alemã do final do século XVIII e início
do XIX.[46][47][48][49][50] — esse foi o primeiro notável renascimento de Spinoza na
história.[51] Como Lessing e Herder, em muitos aspectos, Goethe era um
espinozista dedicado.[52][38][40][53][54][55][56] Como Heinrich Heine, Nietzsche menciona
em seus escritos frequentemente Goethe e Spinoza como um par.[41] Sua
perspectiva espiritual posterior incorporou elementos do panteísmo (fortemente
influenciado pelo pensamento de Spinoza),[36][37][39][57] humanismo e vários
elementos do esoterismo ocidental, como vistos com maior vivacidade na parte
2 de Fausto. Ele também era um panenteísta, como alguns outros spinozistas
de destaque, pois buscou conciliar o monismo espinosiano com a liberdade
individual e reconhece que a natureza está cheia de Deus, mas que a
divindade é algo além.[58]

Sua filosofia e crença foi amplamente influenciada pela filosofia grega, tendo
estudado obras de Platão e do neoplatonismo, fortemente presente em sua
poesia, e afirmado que Deus está em unidade com a Natureza como "o todo"
que serve de fundamento ontológico para a multiplicidade, noção que ele
afirma remontar à antiguidade, desde Plotino.[59] Schelling também inspirou-lhe
a conciliação de idealismo e realismo, refletida na sua poesia e ciência.[60][61] Um
ano antes de sua morte, em uma carta a Sulpiz Boisserée, Goethe escreveu
que tinha a sensação de que, durante toda a vida, aspirava a se qualificar
como um dos hipsistarianos, uma antiga seita judaico-pagã da região do Mar
Negro que, em seu entendimento, buscava reverenciar o que eles conheciam
do melhor e mais perfeito, por estar próximo da Divindade.[62] As crenças
religiosas não-ortodoxas de Goethe o levaram a ser chamado de "o grande
pagão" e provocaram desconfiança entre as autoridades de seu tempo, que se
opunham à criação de um monumento de Goethe por causa de seu credo
religioso ofensivo.[63] August Wilhelm Schlegel considerou Goethe "um pagão
que se converteu ao Islã",[63] o que deve ter sido notável na Europa devido à
influência que recebeu do sufismo na obra do poeta persa Hafez, levando-o a
publicar o Divã Ocidental-Oriental (West–östlicher Divan), e do Corão, tendo
escrito uma narrativa sobre Maomé, além de outras citações em seus poemas.
[64]

Goethe era cético quanto a especulações metafísicas racionalistas. Acreditava


que a razão humana era incapaz de compreender o mistério divino em sua
inteireza. Após criticar Voltaire, nas Conversações com Goethe, de Eckermann,
Goethe faz a seguinte afirmação sobre o homem:

Suas faculdades não são suficientes para medir os movimentos do universo, e


pretender levar a razão ao cosmos é, dada sua ínfima posição, um esforço vão.
A razão dos homens e a razão da divindade são duas coisas muito diferentes…
Digo isso apenas como um sinal do quão pouco nós sabemos, e de que não é
bom tocar em mistérios divinos.[65]
Na mesma obra, a respeito do cristianismo, Goethe afirma, em seu último ano
de vida:

A cultura espiritual pode continuar a progredir, as ciências naturais podem


crescer cada vez mais em extensão e profundidade, e o espírito humano pode
se ampliar o quanto quiser: jamais ele ultrapassará a elevação e a cultura
moral do cristianismo como ela cintila e brilha nos Evangelhos! Quanto mais
decididamente nós protestantes avançarmos em nosso nobre desenvolvimento,
tanto mais rápido nos seguirão os católicos. Assim que se sentirem tomados
pelo grande esclarecimento da época, que se propaga cada vez mais, eles
terão de seguir-nos, queiram ou não, até chegar o dia em que finalmente tudo
seja apenas um.[66]

Política
Politicamente, Goethe descreveu-se como um "liberal moderado".[67] Crítico
de Jeremy Bentham, a quem ele chamou de "louco",[68] Goethe elogiava o
liberalismo de François Guizot.[69] Ademais, ele tinha grande respeito pelo
trabalho de seus amigos liberais clássicos Wilhelm von Humboldt e Benjamin
Constant. Seu liberalismo tinha aspectos conservadores, no sentido burkeano,
enfatizando a prudência e a imperfeição. Nas Conservações com Goethe, de
Eckermann, ele diz:

O verdadeiro liberal procura produzir tanto bem quanto puder com os meios
que lhe estão à disposição; mas se guarda de querer extirpar imediatamente
pelo fogo e pela espada todas as falhas quase sempre inevitáveis. Esforça-se
por, avançando com prudência, eliminar pouco a pouco as imperfeições da vida
pública sem, com medidas violentas, destruir ao mesmo tempo outras tantas
coisas boas. Neste mundo sempre imperfeito, ele se dá por satisfeito com o
bom até que o tempo e as circunstâncias lhe permitam alcançar o melhor.[70]
Defensor do federalismo, Goethe mostrava-se cético quanto aos benefícios de
uma centralização do poder na Alemanha. Na mesma obra, ele diz:
Pensar que a unidade alemã consiste em que o enorme império possua uma
única grande capital, e que essa única grande capital serviria para o bem da
grande massa do povo tanto quanto para o bom desenvolvimento de grandes
talentos individuais, é um equívoco… Graças a quê a Alemanha é grande, se
não a uma admirável cultura popular que impregna igualmente todas as partes
do Império? E essa cultura não se irradia de cada uma daquelas sedes de
governo, que a sustentam e protegem? Supondo-se que há séculos tivéssemos
na Alemanha apenas as duas grandes capitais, Viena e Berlim, ou mesmo uma
única, eu me pergunto: como estaria hoje a cultura alemã? E o bem-estar geral,
que caminha de mãos dadas com a cultura?[71]
Goethe era crítico da ideia de tornar a sociedade perfeita. Para ele, o correto
era que cada cidadão buscasse o melhor em seu restrito campo de atividade, e
não que os governantes implantassem soluções mirabolantes de melhoria
social.

Se pudéssemos tornar a humanidade perfeita, também se poderia pensar em


uma situação perfeita; mas, do modo como as coisas são, haverá um eterno
vaivém, uma parte irá sofrer, enquanto a outra gozará de bem-estar; o egoísmo
e a inveja continuarão a desempenhar seu papel de demônios malignos e a
luta entre os partidos não terá jamais um fim. O mais sensato é que cada um
exerça o ofício para o qual nasceu e que aprendeu, sem impedir que os outros
façam sua parte. Que o sapateiro continue com suas fôrmas, o camponês atrás
de seu arado e o príncipe saiba governar. Pois também esse ofício exige um
aprendizado e não deve ser confiado a alguém que não o compreenda.[72]

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