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Autoestima Qual de Vida Saude 239p

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AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Copyright © Pimenta Cultural, alguns direitos reservados


Copyright do texto © 2019 a autora
Copyright da edição © 2019 Pimenta Cultural

Esta obra é licenciada por uma Licença Creative Commons: by-nc-nd. Direitos para
esta edição cedidos à Pimenta Cultural pelo autor para esta obra. Qualquer parte ou
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O conteúdo publicado é de inteira responsabilidade do autor, não representando a
posição oficial da Pimenta Cultural.

Comissão Editorial Científica

Alaim Souza Neto, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil


Alexandre Antonio Timbane, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira, Brasil
Alexandre Silva Santos Filho, Universidade Federal do Pará, Brasil
Aline Corso, Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves, Brasil
André Gobbo, Universidade Federal de Santa Catarina e Faculdade Avantis, Brasil
Andressa Wiebusch, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
Andreza Regina Lopes da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Angela Maria Farah, Centro Universitário de União da Vitória, Brasil
Anísio Batista Pereira, Universidade Federal de Uberlândia, Brasil
Arthur Vianna Ferreira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Beatriz Braga Bezerra, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil
Bernadétte Beber, Faculdade Avantis, Brasil
Bruna Carolina de Lima Siqueira dos Santos, Universidade do Vale do Itajaí, Brasil
Bruno Rafael Silva Nogueira Barbosa, Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Cleonice de Fátima Martins, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil
Daniele Cristine Rodrigues, Universidade de São Paulo, Brasil
Dayse Sampaio Lopes Borges, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro, Brasil
Delton Aparecido Felipe, Universidade Estadual do Paraná, Brasil
Dorama de Miranda Carvalho, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil
Elena Maria Mallmann, Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
Elisiene Borges leal, Universidade Federal do Piauí, Brasil
Elizabete de Paula Pacheco, Instituto Federal de Goiás, Brasil
Emanoel Cesar Pires Assis, Universidade Estadual do Maranhão. Brasil
Francisca de Assiz Carvalho, Universidade Cruzeiro do Sul, Brasil
Gracy Cristina Astolpho Duarte, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil
Handherson Leyltton Costa Damasceno, Universidade Federal da Bahia, Brasil
Heloisa Candello, IBM Research Brazil, IBM BRASIL, Brasil
Inara Antunes Vieira Willerding, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Jacqueline de Castro Rimá, Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Jeane Carla Oliveira de Melo, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão, Brasil
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Jeronimo Becker Flores, Pontifício Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
Joelson Alves Onofre, Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil
Joselia Maria Neves, Portugal, Instituto Politécnico de Leiria, Portugal
Júlia Carolina da Costa Santos, Universidade Estadual do Maro Grosso do Sul, Brasil
Juliana da Silva Paiva, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba, Brasil
Kamil Giglio, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Laionel Vieira da Silva, Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Lidia Oliveira, Universidade de Aveiro, Portugal
Ligia Stella Baptista Correia, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil
Luan Gomes dos Santos de Oliveira, Universidade Federal de Campina Grande, Brasil
Lucas Rodrigues Lopes, Faculdade de Tecnologia de Mogi Mirim, Brasil
Luciene Correia Santos de Oliveira Luz, Universidade Federal de Goiás; Instituto
Federal de Goiás., Brasil
Lucimara Rett, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Marcio Bernardino Sirino, Universidade Castelo Branco, Brasil
Marcio Duarte, Faculdades FACCAT, Brasil
Marcos dos Reis Batista, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Brasil
Maria Edith Maroca de Avelar Rivelli de Oliveira, Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil
Maribel Santos Miranda-Pinto, Instituto de Educação da Universidade do Minho, Portugal
Marília Matos Gonçalves, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Marina A. E. Negri, Universidade de São Paulo, Brasil
Marta Cristina Goulart Braga, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Michele Marcelo Silva Bortolai, Universidade de São Paulo, Brasil
Midierson Maia, Universidade de São Paulo, Brasil
Patricia Bieging, Universidade de São Paulo, Brasil
Patricia Flavia Mota, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Patricia Mara de Carvalho Costa Leite, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
Patrícia Oliveira, Universidade de Aveiro, Portugal
Ramofly Ramofly Bicalho, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil
Rarielle Rodrigues Lima, Universidade Federal do Maranhão, Brasil
Raul Inácio Busarello, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Ricardo Luiz de Bittencourt, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Brasil
Rita Oliveira, Universidade de Aveiro, Portugal
Rosane de Fatima Antunes Obregon, Universidade Federal do Maranhão, Brasil
Samuel Pompeo, Universidade Estadual Paulista, Brasil
Tadeu João Ribeiro Baptista, Universidade Federal de Goiás, Brasil
Tarcísio Vanzin, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Thais Karina Souza do Nascimento, Universidade Federal Do Pará, Brasil
Thiago Barbosa Soares, Instituto Federal Fluminense, Brasil
Valdemar Valente Júnior, Universidade Castelo Branco, Brasil
Vania Ribas Ulbricht, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Wellton da Silva de Fátima, Universidade Federal Fluminense, Brasil
Wilder Kleber Fernandes de Santana, Universidade Federal da Paraíba, Brasil
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Direção Editorial Patricia Bieging


Raul Inácio Busarello
Diretor de sistemas Marcelo Eyng
Diretor de criação Raul Inácio Busarello
Assistente de arte Ligia Andrade Machado
Editoração eletrônica
Imagens da capa Designed by Freepik
Editora executiva Patricia Bieging
Revisão Autora
Autora Beatriz Acampora e Silva de Oliveira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


________________________________________________________________________

O482a Oliveira, Beatriz Acampora e Silva de Oliveira -


Autoestima, qualidade de vida e saúde. Beatriz
Acampora e Silva de Oliveira. São Paulo: Pimenta
Cultural, 2019. 237p..

Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7221-071-3

1. Saúde. 2. Qualidade de vida. 3. Autoestima.


4. Autoconceito. 5. Saúde mental. I. Oliveira, Beatriz Acampora
e Silva de Oliveira. II. Título.

CDU: 614
CDD: 613

DOI: 10.31560/pimentacultural/2019.713
________________________________________________________________________

PIMENTA CULTURAL
São Paulo - SP
Telefone: +55 (11) 96766-2200
[email protected]
www.pimentacultural.com 2019
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

“O importante não é aquilo que fizeram de nós,


Mas sim o que nós próprios fazemos
Com aquilo que fizeram de nós.”

Jean-Paul Sartre
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

AGRADECIMENTOS

À Dra. Patrícia Constantino, orientadora da tese de doutorado


que originou este livro.

À Dra. Marcia Victório que contribuiu com o início da orien-


tação deste estudo.

Ao meu marido, João Oliveira, que esteve em meu lado em


todos os momentos, nos locais de pesquisa, nas muitas horas de
compilação de dados e escrita.

À minha irmã gêmea Bianca, que me incentivou a entrar nesta


jornada junto com ela.

Aos meus pais que sempre me incentivaram a estudar e compre-


enderam minha ausência em função do engajamento nesta pesquisa.

A Vagner Barcelos, sem o qual este estudo não seria concre-


tizado, minha eterna gratidão.

Aos meus colegas de turma 2014.1 Saúde Pública, que, nas


trocas de experiências, muito me acrescentaram.

Aos professores das disciplinas do Doutorado em Saúde


Pública que agregaram valor e ampliaram o conhecimento.

Aos membros da banca examinadora pela atenção dispen-


sada ao trabalho.

A todos que de alguma forma fizeram parte desta jornada de


pesquisa, contribuindo para que ela fosse efetivada.
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

RESUMO

O trabalho em saúde pública talvez seja um dos mais difíceis de


ser realizado em função dos profissionais lidarem com o sofrimento
humano, sobrecarga de trabalho, fluxos e processos que podem
ser difíceis. Este estudo, classificado como aplicado, quantitativo,
transversal, correlacional e realizado através de pesquisa de campo
com levantamento através do questionário sociodemográfico do
profissional de saúde, questionário para avaliação da percepção da
autoestima e questionário validado para investigação da qualidade
de vida e saúde SF-36v2, objetivou examinar, comparar e correla-
cionar a autoestima e qualidade de vida dos profissionais de saúde
pública de Rio Bonito/RJ/BR. A população estudada consistiu de
100 trabalhadores da saúde, sendo 50 do Hospital Colônia (HC),
que atua com saúde mental, e 50 das unidades de Estratégia da
Saúde da Família (ESF). O estudo estatístico foi realizado a partir dos
dados obtidos nos questionários aplicados, promovendo-se uma
análise descritiva no Excel e avaliação da correlação entre autoes-
tima e as subdimensões das variáveis da qualidade de vida do SF-36
através de modelo de regressão linear segundo a técnica Mínimos
Quadrados Generalizados (MQG) utilizando o pacote estatístico R. A
correção e análise dos resultados do SF-36v2 foi realizada através do
QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, obtido através
de licença fornecida pela Optum (Canadá). Os resultados encon-
trados revelam que a maioria dos trabalhadores já faltou ao trabalho
por motivo de doença; apresentam boa autoestima; os profissionais
que atuam na saúde mental sofrem mais impacto na qualidade de
vida do que aqueles que trabalham na ESF; as mulheres que atuam
na saúde mental têm pior saúde física do que as que atuam na saúde
da família; quanto à saúde mental, os trabalhadores do HC têm mais
saúde mental do que aqueles que atuam na ESF; ambos os grupos
apresentam boa vitalidade, contudo também exibem dor física; o
Funcionamento Social (SF) e o Funcionamento Físico (PF) tiveram
resultados abaixo da média que não devem ser desconsiderados,
principalmente para os trabalhadores do HC; na análise estatística,
feita por intermédio de modelo de regressão linear, a saúde mental
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

foi a dimensão que teve significância estatística com a autoestima;


dentre os itens que compõem a dimensão saúde mental, a tranqui-
lidade (MH03) e a felicidade (MH05) estão vinculadas à autoestima,
como revelou os Modelos 2 e 3; a depressão (MH02) e a vitalidade
(VT) foram analisadas no Modelo 4, também apresentando signifi-
cância estatística para a explicação da autoestima. Conclui-se que o
estado de depressão impacta na autoestima negativamente; o nível
de felicidade, tranquilidade e vitalidade percebidas pelo indivíduo tem
relação com seu nível de autoestima; as hipóteses de trabalho foram
refutadas em função dos resultados encontrados; os processos de
trabalho em saúde têm consequências em nível físico e mental dos
profissionais da área.

Palavras-chave: 1. Autoestima 2. Profissionais de Saúde 3. Qualidade


de Vida.
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

RESUMEN

El trabajo en salud pública tal vez sea uno de los más difíciles de
llevarse a cabo debido a que los profesionales tienen que lidiar con
el sufrimiento humano, sobrecarga de trabajo, flujos y procesos
que pueden ser difíciles. Este estudio, clasificado como aplicado,
cuantitativo, transversal, correlacional y realizado a través de una
investigación de campo con levantamiento através de cuestionario
sociodemográfico de los profesionales de la salud, cuestionario
para la evaluación de la percepción de la autoestima y cuestionario
validado para investigación de la calidad de vida y salud SF-36v2,
con el objetivo de examinar, comparar y correlacionar la autoes-
tima y calidad de vida de los profesionales de salud pública de Río
Bonito/RJ/BR. La población estudiada consistió de 100 trabajadores
de la salud, siendo 50 del Hospital Colonia (HC), que actúa con
salud mental, y 50 de las unidades de Estrategia de la Salud de
la Familia (ESF). El estudio estadístico fue realizado a partir de los
datos obtenidos en los cuestionarios aplicados, promoviéndose un
análisis descriptivo en Excel y evaluación de la correlación entre
autoestima y las subdimensiones de las variables de la calidad
de vida del SF-36 a través de modelo de regresión lineal según
la técnica Mínimos Cuadrados Generalizados (MCG) utilizando el
paquete estadístico R. La corrección y análisis de los resultados del
SF-36v2 fue realizada a través del QualityMetric Health Outcomes
Scoring Software 4.5, obtenido a través de licencia suministrada
por la Optum (Canadá). Los resultados encontrados revelan que
la mayoría de los trabajadores ya faltaron al trabajo por motivo de
enfermedad; presentan buena autoestima; los profesionales que
actúan en el área de salud mental sufren más impacto en la calidad
de vida del que aquellos que trabajan en la ESF; las mujeres que
actúan en el área de la salud mental tienen peor salud física del
que las que actúan en la salud de la familia; en cuanto a la salud
mental, los trabajadores del HC tienen más salud mental del que
aquellos que actúan en la ESF; ambos grupos presentan buena vita-
lidad, pero también exhiben dolor físico; el Funcionamiento Social
(SF) y el Funcionamiento Físico (PF) tuvieron resultados por debajo
del promedio que no deben ser desconsiderados, principalmente
para los trabajadores del HC; en el análisis estadístico, hecha por
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

medio del modelo de regresión lineal, la salud mental fue el área que
tuvo significancia estadística con la autoestima; entre los elementos
que componen el área de salud mental, la tranquilidad (MH03) y
la felicidad (MH05) están vinculadas a la autoestima, como revelan
los Modelos 2 y 3; la depresión (MH02) y vitalidad (VT) fueron anali-
zadas en el Modelo 4, también presentando significancia estadís-
tica para la explicación de la autoestima. Se concluye que el estado
de depresión impacta en la autoestima negativamente; el nivel de
felicidad, tranquilidad y vitalidad percibidas por el individuo tiene
relación con su nivel de autoestima; las hipótesis de trabajo fueron
refutadas en función de los resultados encontrados; los procesos
de trabajo en salud tienen consecuencias en nivel físico y mental de
los profesionales del área.

Palabras clave: 1. Autoestima 2. Calidad de Vida 3. Profesionales


de Salud.
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

ABSTRACT

Public health work is possibly one of the hardest ones to perform


due to the professionals having to deal with human suffering, work
overload, movements and processes that can be difficult. This study,
classified as applied, quantitative, transversal, correlational and
accomplished through field research with survey through the socio-
demographic questionnaire of the health professional, questionnaire
for assessment of the self-esteem perception and validated ques-
tionnaire for investigation of the quality of living and health SF-36v2,
aimed to examine, compare and correlate the self-esteem and quality
of life of the public healthcare professionals of Rio Bonito/RJ/BR. The
studied population has consisted of 100 healthcare employees, 50
of them from the Colônia Hospital (HC), which focuses on mental
health, and 50 of them from the Family Health Strategy (ESF) facili-
ties. The statistical study has been executed from the data obtained
on the applied questionnaires, promoting a descriptive analysis on
Excel and assessment of the correlation between self-esteem and
the subdimensions of the variables of quality of life of the SF-36
through the linear regression model according to the Generalized
Least Squares (GLS) technique utilizing the R statistical package.
The correction and analysis of the results of the SF-36v2 has been
performed through the QualityMetric Health Outcomes Scoring
Software 4.5, obtained through a license provided by Optum
(Canada). The achieved results reveal that most of the employees
have missed work due to sickness; exhibit good self-esteem; the
employees that work with mental health suffer more impact on the
quality of life than those who work on the ESF; the women who work
on mental health have worst physical health than the women who
work on family health; regarding mental health, the employees from
HC have more mental health than the ones from ESF; both groups
exhibit good vitality, however, they also exhibit physical pain; the
Social Functioning (SF) and the Physical Functioning (PF) have had
results below the average which shouldn’t be disregarded, specially
for the HC employees; in the statistical analysis, performed through
the linear regression model, mental health has been the dimension
that had statistical significance with self-esteem; among the items
that compose the mental health dimension, tranquility (MH03) and
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

happiness (MH05) are linked to self-esteem, as revealed by Models


2 and 3; depression (MH02) and vitality (VT) have been analyzed in
Model 4, also presenting statistical significance for the explanation of
self-esteem. It can be concluded that the depression state negatively
impacts self-esteem; the level of happiness, tranquility and vitality
perceived by the individual is related to their level of self-esteem;
the work hypotheses have been rebutted because of the achieved
results; the processes in healthcare work have consequences on a
physical and mental level of the area professionals.

Keywords: 1. Healthcare Professionals 2. Quality of Life 3. Self-esteem.


AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

LISTA DE SIGLAS

ABT - atenção básica tradicional


ACS - Agente Comunitário de Saúde
AEi - Autoestima do indivíduo i
AIC - Akaike Information Criterium
AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
APS - Atenção Primária à Saúde
ASB - Auxiliar de Serviços Bucais
AVDs - Atividades de vida diárias
BES - bem-estar subjetivo
BIC - Bayesian Information Criterium
BP - Bodyly Pain - Dor Física
BR - Brasil
BVS - Biblioteca Virtual em Saúde
CAAE - Certificado de apresentação para apreciação ética
CAPS - Centros de Atenção Psicossocial
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
Claves - Centro Latino-Americano de Estudos de Violência
e Saúde Jorge Careli
CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde
DAB - Departamento de Atenção Básica
DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único
de Saúde do Brasil
EPI - equipamentos de proteção individual
ESF - Estratégia de Saúde da Família
FE - Faixa etária
Fiocruz - Fundação Instituto Oswaldo Cruz
GH - General Health - Saúde Geral
HC - Hospital Colônia
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

ICT - índice de capacidade para o trabalho


IQOLA - The International Quality of Life Assessment
MCS - Mental Component Summary - Sumário do
Componente Mental
MH - Mental Health - Saúde Mental
MQO - Mínimos Quadrados Ordinários
MS - Ministério da Saúde
OBSE - Organization-based self-esteem
OIT - Organização Internacional do Trabalho
OMS - Organização Mundial de Saúde
PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PCS - Physical Component Summary - Sumário do
Componente Físico
PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Piass - Programa de Interiorização das Ações de Saúde e
Saneamento do Nordeste
PIB - Produto Interno Bruto
PLT - perto do local de trabalho
PQVS - Programa de Qualidade de Vida do Servidor
PSF - Programa de Saúde da Família
Q - questionário
QV - Qualidade de Vida
QVT - Qualidade de Vida no Trabalho
RE - Role Emotional - Aspectos Emocionais
RJ - Rio de Janeiro
RP - Role Physical - Aspectos Físicos
SES - Secretarias Estaduais de Saúde
Sesp - Serviços Especial de Saúde Pública
SF - Social Functioning - Funcionamento Social
SISPACTO - Sistema de Monitoramento do Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

SUS - Sistema Único de Saúde


TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TCM - transtornos mentais comuns
TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
UBS - Unidade Básica de Saúde
UTIs - Unidades de Terapia Intensiva
VT - Vitality - Vitalidade
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................19
1.1 O Problema..........................................................................................21
1.2 Situação problema...............................................................................22
1.3 Justificativa...........................................................................................23
1.4 Objetivos..............................................................................................26
1.4.1 Geral............................................................................................26
1.4.2 Específicos..................................................................................26
1.5 Hipóteses.............................................................................................27
1.6 Variáveis...............................................................................................27
1.7 Questões de pesquisa ........................................................................27
1.8 Delimitação e alcance..........................................................................28

2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................29
2.1 Autoconceito........................................................................................29
2.1.1 O autoconceito no trabalho.........................................................40
2.2 Qualidade De Vida...............................................................................50
2.2.1 Qualidade de vida no trabalho (QVT)..........................................60
2.2.1.1 QVT – discussões atuais....................................................67
2.3 Breve contextualização histórica
do campo da saúde...................................................................................74
2.3.1 O trabalho na área da saúde.......................................................78
2.3.2 Gestão do trabalho em saúde.....................................................82
2.3.3 O trabalho em saúde mental.......................................................86
2.3.4 O trabalho na atenção básica – ESF...........................................94
2.4 O trabalho em saúde pública e o impacto
no autoconceito e qualidade de vida........................................................101

3. METODOLOGIA.....................................................................................120
3.1 Tipo de Estudo ....................................................................................120
3.2 Aspectos éticos....................................................................................122
3.3 Delimitação do estudo.........................................................................122
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

3.4 Autorização do estudo ........................................................................122


3.5 Local do estudo...................................................................................123
3.6 População e amostra ..........................................................................125
3.7 Critérios de inclusão e exclusão .........................................................125
3.8 Procedimentos para a coleta de dados .............................................127
3.9 Materiais e métodos para a
coleta de dados ........................................................................................129
3.9.1 Questionário sociodemográfico
do profissional de saúde......................................................................129
3.9.2 Questionário para avaliação da
percepção da autoestima....................................................................130
3.9.3 Short Form Health Survey - SF-36v2............................................130
3.10 Análise dos dados.............................................................................133
3.11 Limitação do estudo .........................................................................136

4. RESULTADOS........................................................................................137
4.1 Características dos profissionais
de saúde estudados..................................................................................137
4.1.1 Enfermidade e falta ao trabalho...................................................139
4.1.2 Distância entre residência e local
de trabalho e percepção de estresse..................................................141
4.1.3 Escolaridade................................................................................143
4.2 Autoestima...........................................................................................144
4.2.1 Qualidade de vida e saúde –
Short form health survey SF-36v2.........................................................152
4.2.2 Escores HC.................................................................................153
4.2.3 Escores ESF................................................................................161
4.2.4 Comparação dos dados das
dimensões do SF-36v2 do HC e ESF...................................................169
4.3 Estudo de correlação - Autoestima e
fatores da Qualidade de Vida....................................................................176
4.3.1 Inferência.....................................................................................178
4.3.2 Modelo estatístico.......................................................................179
4.3.3 Estimação do modelo
completo e resultados..........................................................................180
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

4.3.4 Modelo para avaliar a relação entre


autoestima e fatores de saúde mental.................................................182
4.3.5 Resultados do Modelo 2.............................................................183
4.3.6 Especificação e resultados do Modelo 3....................................184
4.4 Autoestima versus depressão,
sensação de felicidade e tranquilidade.....................................................185
4.4.1 Especificação e resultados do Modelo 4....................................185

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................................................188

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES....................................................199
6.1 Conclusão............................................................................................199
6.2 Recomendações..................................................................................203

REFERÊNCIAS...........................................................................................205

APÊNDICES...............................................................................................222

ANEXOS.....................................................................................................226

SOBRE A AUTORA....................................................................................237
1. INTRODUÇÃO

Este livro é a publicação da tese de Doutorado em Saúde


Pública da autora, que tem como título original Análise da Qualidade
de Vida e percepção da Autoestima dos trabalhadores de saúde
mental do Hospital Colônia e dos profissionais da Estratégia de
Saúde da Família do Município de Rio Bonito / RJ / BR: um estudo de
correlação e comparação.

A atuação em saúde pública talvez seja uma das mais desa-


fiadoras, pois requer que os profissionais tenham múltiplas habili-
dades para lidar com as adversidades dos processos de trabalho
diariamente. A pressão por lidar com a vida humana, com a dor e
o sofrimento, a responsabilidade pela autonomia requerida no exer-
cício profissional, o trabalho em equipe, trazem para o trabalhador
da saúde uma carga que, dependendo da forma como é adminis-
trada, pode impactar na saúde, na qualidade de vida e até mesmo
no autoconceito.

A saúde pública brasileira vem enfrentando problemas


que vão desde a falta de recursos e insumos para a execução de
procedimentos simples até a falta de profissionais, sobrecarga de
trabalho, baixa remuneração, e pouco ou nenhum investimento em
capacitações, dentre outros.

Em função disso, os trabalhadores da área vêm enfren-


tando processos de adoecimento associados à atividade exer-
cida, muitas vezes em condições precárias, à qualidade de vida e
satisfação no trabalho.

Este estudo investiga a qualidade de vida e a percepção da


autoestima dos trabalhadores de saúde mental do Hospital Colônia
e dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família do Município
de Rio Bonito/RJ/BR, por meio da comparação dos resultados
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

encontrados no instrumento Short Form Health Survey - SF-36v2,


validado no Brasil por Ciconelli et al. (1999) e revisado em 2008, e
no questionário de percepção da autoestima, com averiguação da
possibilidade de correlação entre a autoestima e as dimensões do
SF-36v2.

O município de Rio Bonito conta com 17 unidades de


Estratégia de Saúde da Família1 (ESF), cujos profissionais de medi-
cina, enfermagem (enfermeiro e técnico), odontologia e auxiliar de
serviços bucais (ASB) foram convidados a participar da pesquisa.
No Hospital Colônia (HC) de Rio Bonito, os profissionais de enfer-
magem (enfermeiro, técnico e auxiliar), medicina, psicologia, serviço
social, terapia ocupacional e fisioterapia participaram da pesquisa.
O total da população estudada consistiu em 50 trabalhadores de
saúde do HC e 50 da ESF, totalizando 100 trabalhadores da saúde.

Para a fundamentação teórica foi adotada a metodologia de


revisão de literatura não sistemática, por investigação dos conte-
údos pertinentes ao assunto estudado em bases de periódicos BVS,
Pubmed, Scielo, Scopus e Web of Science, com recorte temporal
entre os anos de 2005 e 2015, além das obras escolhidas livre-
mente pela autora, conforme a relação com os temas pesquisados.
A pesquisa bibliográfica foi realizada na Fiocruz, por meio do Centro
Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli
(Claves). Foram encontrados 669 conteúdos, dos quais 60 foram
utilizados neste estudo após análise e exclusão de conteúdos repe-
tidos e não pertinentes ao recorte da pesquisa.

1. O Brasil, através da Constituição Federal de 1988, que inclui em seus artigos 196 a 200 o texto
referente à saúde pública, dá início ao processo de mudança na área da saúde e implanta o
SUS – Sistema Único de Saúde, estruturado em três níveis de atenção, de acordo com o nível de
complexidade tecnológica e especialização da mão-de-obra: primária, secundária e terciária. O
que hoje é conhecido como Estratégia de Saúde da Família – ESF – faz parte da atenção primária
à saúde e teve implantação pelo Ministério da Saúde em 1994, recebendo inicialmente o nome de
Programa de Saúde da Família. O objetivo era a reorientação do modelo assistencial em saúde
a partir do investimento na atenção básica ou primária para melhorar a qualidade de vida da
população, através do foco em resolutividade, evitando internações que sejam desnecessárias,
prevenção de doenças e promoção da saúde. (ROSA; LABATE, 2005).

20
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

A revisão de literatura não sistemática revelou que a maioria


das pesquisas feitas sobre a saúde e qualidade de vida do traba-
lhador da saúde tem como foco os profissionais de enfermagem e
que há mais estudos internacionais do que nacionais sobre o tema.

No que diz respeito à autoestima dos profissionais de saúde,


pouco material foi encontrado sobre o assunto, que, de forma geral,
é abordado de modo superficial dentro de algum tópico, como
burnout ou carga psíquica de trabalho.

Em relação a investigações que associam autoestima e


qualidade de vida, apenas um estudo foi encontrado: intervenção
visando à autoestima e à qualidade de vida dos policiais civis do
Rio de Janeiro (ANDRADE; SOUSA; MINAYO, 2009). Isso torna esta
pesquisa inédita, uma vez que analisa e compara os constructos
autoestima e qualidade de vida dos trabalhadores da saúde.

No capítulo 4 realiza-se a análise descritiva da base de


dados. Visando o estudo mais criterioso entre a percepção da auto-
estima e qualidade de vida, optou-se pela modelagem estatística
dos dados. Os modelos estatísticos são técnicas amplamente utili-
zadas para avaliar a relação entre variáveis e podem auxiliar a veri-
ficar se as diversas subdimensões da qualidade de vida, tais como
funcionamento físico, aspectos emocionais, saúde mental, dentre
outros, são capazes de explicar o nível de autoestima do indivíduo.
Os modelos empregados no capítulo 4 são de mínimos quadrados
generalizados, estimados com auxílio do software R.

1.1 O Problema

No ambiente de trabalho, pensar em qualidade de vida


implica relacionar diversos fatores que abarcam, dentre outros,

21
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

satisfação de expectativas pessoais e sociais, autorrealização, auto-


estima, equilíbrio entre a vida profissional e vida pessoal, condições
de trabalho, oportunidades na carreira e ergonomia (FERNANDES;
LIMA; ARAÚJO, 2014).

Como um dos fatores da qualidade de vida no ambiente de


trabalho, a autoestima consiste em um dos elementos que dire-
cionam o comportamento humano, possibilitando relações intra e
interpessoais mais ou menos saudáveis e funcionais.

Os profissionais da saúde lidam diariamente com os mais


variados tipos de problemas e situações nas unidades de saúde.
Nesta pesquisa existem dois públicos a serem estudados: os profis-
sionais de saúde que atuam na área da saúde mental e os profissio-
nais de saúde que atuam no Programa de Saúde da Família.

O modo de interação e atuação dos profissionais de saúde


mental com os pacientes psiquiátricos atualmente tem um enfoque
que visa a reinserção psicossocial, a humanização do tratamento e
dos ambientes disponibilizados para acolhimento dos pacientes e
seus familiares.

Já o tipo de trabalho na atenção básica é muito distinto, pois


o enfoque maior ocorre na prevenção de doenças, promoção e
recuperação da saúde, com frentes de trabalho com atendimento
de muitas demandas diferenciadas.

1.2 Situação problema

A partir do exposto, adotamos o pressuposto de que o trabalho


do profissional de saúde no Hospital Colônia tem menos impacto
negativo na qualidade de vida e autoestima do que o trabalho do
profissional de saúde da ESF em função do perfil de escala laboral
diferenciado e da maturidade para o exercício profissional.

22
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O que nos leva ao problema norteador desta pesquisa: como


os processos de trabalho nos contextos do Hospital Colônia e do
PSF podem consistir um fator de impacto na percepção da quali-
dade de vida e autoestima?

1.3 Justificativa

O trabalho na área da saúde pode ser difícil e complexo em


função de muitas especificidades. O profissional de saúde precisa
lidar diretamente com outro indivíduo, geralmente em situação de
doença; atuar em um ambiente com risco, mesmo que mínimo, de
propagação de enfermidades; enfrentar a cobranças por resultados
que dependem de muitos fatores, além do seu trabalho.

A saúde mental talvez seja uma das áreas mais difíceis para
a atuação do profissional de saúde e, ao mesmo tempo, uma das
mais desafiadoras em função das dificuldades que os transtornos
mentais impõem aos pacientes e familiares e das estratégias reque-
ridas pelas equipes de saúde.

O Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de


Estado de Saúde e a Subsecretaria de Atenção à Saúde, divulgaram
uma lista com a relação de hospitais psiquiátricos no Estado do Rio
de Janeiro, na qual constavam vinte e sete unidades: Região Centro
Sul – Três Rios (01), Vassouras (01), Paracambi (01); Região Médio
paraíba – Quatis (01); Região Metropolitana I – Rio de Janeiro (11);
Região Metropolitana II – Niterói (04), São Gonçalo (02), Tanguá
(01), Rio Bonito (01); Região Norte – Campos dos Goytacazes
(02); Região Serrana – Nova Friburgo (01), Petrópolis (01). (RIO DE
JANEIRO, 2014).

23
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Dentre essas unidades, duas da região Metropolitana I – Rio


de Janeiro e a unidade de Rio Bonito respondiam ação civil pública2,
mas apenas a unidade de Rio Bonito estava sob gestão tripartite
(âmbito federal, estadual e municipal), estabelecida pelo Ministério
da Saúde, com o propósito de implantação da qualidade da gestão
do hospital e com fins de desinstitucionalização dos pacientes inter-
nados. O fato despertou o interesse para a escolha do local para
este estudo. Além disso, o Hospital se tornou referência na região,
para municípios vizinhos.

O Hospital Colônia, localizado em Rio Bonito/RJ é uma


unidade que tem cerca de 157 pacientes em sistema de internação
psiquiátrica e conta com profissionais de áreas distintas para o
atendimento dos pacientes: médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, dentre outros.

Localiza-se em área afastada do centro da cidade, às


margens de uma rodovia federal, e possui o sistema de trabalho, de
modo geral, por escala de plantão de 24 horas.

O trabalho na unidade consiste em lidar diretamente com


pacientes com transtorno mental em sistema de internação prolon-
gada em um espaço amplo com muitos leitos separados em alas
que remete ao modelo asilar. A maioria dos internos transita livre-
mente pelos espaços da unidade. Alguns gritam, xingam, solicitam
interação de forma grosseira, enquanto outros são mais plácidos no
modo de agir.

Para que fosse possível analisar grupos distintos de profis-


sionais de saúde em relação às variáveis deste estudo, optou-se
por investigar também os profissionais que atuam na Estratégia de
Saúde da Família do Município de Rio Bonito/RJ.

2. Instrumento processual e de ordem constitucional que se destina à defesa de interesses


difusos, coletivos e individuais de que se vale o Ministério Público e outras entidades legitimadas.
(JusBrasil, 2016).

24
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Dados do Departamento da Atenção Básica (DAB) (2012)


revelam que em 2014 o município de Rio Bonito já possuía 100% de
cobertura de agentes comunitários de saúde (ACS) e ESF para toda
a população estimada.

As unidades de ESF são espalhadas por diferentes bairros


do município visando atender às demandas da população. São 17
unidades cadastradas no MS e no DAB e implantadas. Grande parte
está afastada do centro da cidade de Rio Bonito/RJ.

O trabalho da ESF está diretamente relacionado aos cuidados


com os pacientes, com acolhimento, atendimentos, orientações, e
investimento em um trabalho em equipe que possa acompanhar a
história de cada pessoa, contribuindo para a corresponsabilização
dos cuidados em saúde. A jornada de trabalho é de oito horas
diárias, quarenta horas semanais, de segunda a sexta.

As equipes de saúde são pequenas e constituem-se de


médico, enfermeiro e técnico de enfermagem e agentes comuni-
tários. Por iniciativa do Município algumas unidades também têm
em sua equipe dentista e auxiliar de serviços bucais (ASB). Os prin-
cipais desafios do trabalho na ESF são: limitação de profissionais,
sobrecarga de trabalho do profissional de enfermagem, burocracia
envolvida, falta de treinamentos específicos, dificuldades para a
educação continuada, dentre outros.

Andrade, Sousa e Minayo (2009) destacam o impacto do


trabalho na autoestima e qualidade de vida ao estudar grupos
de policiais civis no Rio de Janeiro, ressaltando a importância do
meio ambiente, das relações humanas e do autoconceito para o
bem-estar e o exercício da função.

Farias e Zeitoune (2007), ao realizarem pesquisa sobre a quali-


dade de vida no trabalho de enfermagem, destacam que as orga-
nizações de saúde devem possibilitar a melhoria da autoestima e

25
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

autorrealização dos profissionais de enfermagem, ressaltando que a


restrição dos direitos dos profissionais afeta diretamente a autoestima.

Os profissionais de saúde sofrem impacto com o tipo de


trabalho que desenvolvem em ambientes que têm como foco o
tratamento e a recuperação de doenças. Não há ainda no Brasil a
devida valorização da saúde desse público, com ações e estraté-
gias que visem a investir na qualidade de vida no trabalho.
Nesse sentido, um estudo que visa avaliar a autoestima e qualidade
de vida dos profissionais de saúde mental e da ESF se faz relevante
para que se possa apreender a realidade e se pense em ações
preventivas e promotoras de saúde e qualidade de vida.

1.4 Objetivos

1.4.1 Geral

Avaliar a qualidade de vida e a percepção da autoestima dos


profissionais de saúde mental e da Estratégia de Saúde da Família
do Município de Rio Bonito-RJ / Brasil.

1.4.2 Específicos

• Identificar como os profissionais de saúde mental e da ESF


de Rio Bonito-RJ / Brasil percebem a sua autoestima.

• Examinar a percepção da qualidade de vida dos profissio-


nais de saúde mental e da ESF de Rio Bonito-RJ / Brasil.

• Comparar os níveis de autoestima e qualidade de vida entre


os profissionais de saúde mental e os profissionais da ESF do muni-
cípio de Rio Bonito-RJ / Brasil.

26
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Analisar a possível correlação existente entre a autoestima


e as sub-dimensões da qualidade de vida nos grupos estudados.

1.5 Hipóteses

Hipótese nula: não existem diferenças significativas entre os


trabalhadores de saúde mental do Hospital Colônia e profissionais
da ESF do Município de Rio Bonito-RJ / Brasil no que se refere à
autoestima e qualidade de vida, não havendo correlação entre auto-
estima e qualidade de vida na população estudada.

Hipótese 1 = Hipótese alternativa: Os trabalhadores de saúde


mental do Hospital Colônia apresentam menos prejuízo em relação
à autoestima e qualidade de vida do que os profissionais da ESF
do Município de Rio Bonito-RJ / Brasil, havendo correlação positiva
entre autoestima e qualidade de vida na população estudada.

1.6 Variáveis

Estatisticamente o foco principal do trabalho foi a autoestima


frente às sub-dimensões da qualidade de vida, dessa forma:

• variável dependente: percepção da autoestima;

• variáveis independentes: sub-dimensões da qualidade de vida.

1.7 Questões de pesquisa

• Qual o nível de autoestima dos profissionais de saúde do


HC e ESF de Rio Bonito-RJ / Brasil?

27
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Qual o nível de qualidade de vida dos profissionais de


saúde do HC e ESF de Rio Bonito-RJ / Brasil?

• Qual a correlação entre autoestima e as sub-dimensões da


qualidade de vida propostas pelo SF-36v2?

1.8 Delimitação e alcance

O estudo abrange 100 profissionais de saúde do Município


de Bonito-RJ / Brasil, sendo 50 trabalhadores do Hospital Colônia
e 50 da Estratégia da Saúde da Família. Pretendeu-se analisar a
percepção da qualidade de vida e a autoestima desses profissio-
nais, bem como investigar as possíveis correlações existentes entre
a autoestima e as sub-dimensões da qualidade de vida dispostas
pela escala SF-36v2 (Short Form 36 version 2).

Ao avaliar a possibilidade de correlação entre autoestima e


as sub-dimensões da qualidade de vida, investiga-se melhor essas
variáveis e analisa-se a relação entre elas, o que pode contribuir
para entender como elas podem interferir uma na outra e quais são
os possíveis impactos destes resultados para os profissionais de
saúde estudados.

Com os resultados, pretende-se propor a criação de estraté-


gias que propiciem o bem-estar dos trabalhadores, o investimento
na saúde e a qualidade de vida deles. Isso poderá ser útil para que
haja maior valorização da saúde do trabalhador da área.

Este estudo pode servir de base para novas investigações sobre


como os processos de trabalho impactam a qualidade vida dos profis-
sionais da saúde, além de servir de possibilidade de novos estudos
que invistam também em pesquisas da autoestima dos trabalhadores
da saúde, tema ainda pouco abordado científica e academicamente.

28
2. REVISÃO DE LITERATURA

Esta é uma revisão de literatura não sistemática, desenvol-


vida a partir de conteúdos resultantes de pesquisa bibliográfica em
bases de periódicos (descrita no item metodologia): BVS, Scielo,
PubMed, Scopus e Web of Science. Também foram pesquisados
livros, artigos, teses e dissertações que tinham afinidade com os
assuntos tratados neste estudo. Para o subtema “autoconceito no
trabalho”, foi realizada uma pesquisa bibliográfica não sistemá-
tica, de forma separada, em bases de periódicos com o descritor
“autoconceito no trabalho” – período de 2005 a 2015 – e 13 resul-
tados foram encontrados, dos quais 10 foram aproveitados após a
exclusão de conteúdos repetidos.

Esse estudo trata de duas variáveis principais: autoconceito


e qualidade de vida. Para definir e conceituar estes termos, nos
itens 2.1 e 2.2 expõe-se respectivamente o marco teórico a respeito
desses assuntos.

2.1 Autoconceito

Os padrões de comportamento de uma pessoa são consequ-


ência da sua personalidade, do modo como ela se vê e se compre-
ende na existência. Desde a mais tenra infância, desenvolve-se o
autoconceito3, o senso de valor próprio, a partir das relações com
as outras pessoas e da importância que se acredita ter, em especial,
para os cuidadores.

3. Autoconceito e autoestima são termos que se relacionam à literatura estudada, embora a


autoestima seja apreendida como um componente do autoconceito. Os autores utilizam de forma
geral os dois termos para tratar do assunto, portanto, neste estudo ora utilizaremos o termo
autoconceito, ora autoestima.
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Um dos primeiros autores a definir o autoconceito foi William


James, em 1890, (JAMES, 1890 apud COSTA, 2004). Sua definição
abrange o autoconceito como o conjunto dos fatores daquilo que
o indivíduo é ou sua compreensão sobre si mesmo e de tudo o
que pode chamar de seu: corpo, capacidades físicas, amigos, fami-
liares, trabalho, pertences. James define o autoconceito a partir da
noção de self, que consiste em tudo o que faz parte do sujeito ou
que ele apropria como seu.
O self possui uma propriedade reflexiva, uma dualidade do que é EU (o
que é o indivíduo) e MIM/MEU (o que pertence ao indivíduo). O EU se
refere à consciência sobre o que se está pensando, ou a consciência
do que se está percebendo em relação aos aspectos e processos
físicos, enquanto que MEU/ MIM é muito mais subjetivo, é mais um
fenômeno psicológico e se refere às ideias que as pessoas têm sobre
como elas são e o que elas gostariam de ser (COSTA, 2002, p. 76).

O ser humano está sempre se comparando com as pessoas


de suas relações sociais e a noção de certo e errado, de bom e
mau, de bonito e feito, é construída socialmente e depende da
cultura na qual o indivíduo está inserido, das relações familiares e
dos grupos dos quais participa. Dessa forma, a noção de si mesmo
tem relação intrínseca com o modo como uma pessoa se vê diante
dos estímulos oferecidos e na comparação das suas ações com as
atitudes que a cercam.

Estes constructos propostos por James (1890 apud ASSIS,


2004) são denominados por outros autores como autoimagem,
identidade, autoconceito, autoestima e constituem-se na autoava-
liação que um indivíduo faz sobre si mesmo e as ideias autorrefe-
rentes a respeito de quem ele é ou deseja ser.

James (1890 apud ASSIS, 2004) destacou que a autoestima


pode ser melhorada e que o ser humano pode investir em aumentar
seus sucessos, pois tem a capacidade de avaliar eventos bem-su-
cedidos e fracassos e de eleger em que deseja se projetar. Para

30
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

James a autoestima se vincula ao social, em uma relação que pode


ser esclarecida a partir do caráter multidimensional do self: self
material (caracterizado pelos bens materiais), self social (o modo
como o indivíduo é percebido pelos outros) e self espiritual (carac-
terísticas psicológicas).

O campo da fenomenologia lançou luz sobre o assunto com


Combs e Snygg (1949 apud ASSIS, 2004), destacando a si mesmo
como funcional e estrutural. O foco passa o próprio sujeito como
responsável pela organização das suas próprias percepções e do
ambiente, sendo o construtor de sua própria realidade a partir do
seu campo de percepções.

Em 1976, os autores americanos Wells e Marwell (apud


SERRA, 1988) avaliaram o autoconceito como um constructo
importante para descrever e predizer o comportamento humano,
permitindo que se compreenda como o indivíduo se autoavalia e
considera a si mesmo como pessoa. A discussão da época levava
em consideração se o autoconceito como o constructo hipotético
era inferido ou construído, a partir de acontecimentos pessoais, mas
isso não tornava menor sua relevância para a formação da identi-
dade humana.

Já Shavelson et al. (1976 apud SERRA, 1988) analisam o


autoconceito como algo organizado e estruturado, mas também
multifacetado, pois se relaciona a sistemas de categorias aos quais
o ser humano está submetido e que também é compartilhado pelo
grupo ao qual pertence, que refletem facetas que o influenciam dire-
tamente. Para os autores, o autoconceito subdivide-se em autocon-
ceito acadêmico, social, emocional e físico.

Estudioso da psicologia social, o americano Rosemberg


(1989 apud ASSIS, 2004) avaliou a autoestima na interação com
o grupo social, ressaltando que o ser humano é influenciado pela

31
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

cultura da qual faz parte, internalizando ideias e atitudes nas inte-


rações sociais e, a partir das reações dos outros às suas experiên-
cias, consegue experimentar seus próprios sentimentos e reações
pessoais, aprendendo a se autoavaliar.

Carl Rogers (1997), psicólogo humanista, considerou que


autoestima é uma força interna e depende da capacidade do ser
humano de se manter autêntico. Para ele o homem está em cons-
tante desenvolvimento de suas potencialidades.

Alguns dicionários trazem definições específicas sobre o


autoconceito que são extremamente didáticas, mas que, na prática,
podem ser de difícil observação de constructos ou componentes
específicos, visto que são subjetivos.

Stratton, P. e Hayes, N. (2002), em Dicionário de Psicologia,


definem que o autoconceito é composto por dois componentes:
a autoestima e a autoimagem. O senso de competência e valor
próprio, a avaliação pessoal que uma pessoa faz de si denomina-se
autoestima; e a descrição ou imagem interna que um indivíduo tem
de si mesmo denomina-se autoimagem.
O autoconceito pode ser definido de uma forma simples, como a
percepção que o indivíduo tem de si próprio e o conceito que, devido
a isso, forma de si. Aceita-se que há quatro tipos de influências que
ajudam a construir o autoconceito. Uma delas, o modo como as
outras pessoas observam um indivíduo. [...] Outra variável, para além
da mencionada, diz respeito à noção que o indivíduo guarda do seu
desempenho em situações específicas. Pode julgar que se sai bem
ou mal ou que é competente ou incompetente. Uma terceira influência
corresponde ao confronto da conduta da pessoa com a dos pares
sociais com quem se encontra identificada. Finalmente, uma outra vari-
ável deriva da avaliação de um comportamento específico em função
de valores veiculados grupos normativos. (SERRA, 1988, p. 101).

Adriano Vaz Serra (1988) ressaltou que os quatro tipos de


influências que ajudam a construir o autoconceito são essenciais
no processo de autoavaliação e nos modos que o indivíduo se vê

32
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

diante de si e dos outros, da percepção de sucesso e fracasso, de


satisfação e insatisfação. O autoconceito, então, desenvolve carac-
terísticas positivas ou negativas.

AlvaroTamayo (1985) analisou o autoconceito como um


processo psicológico que é fundamentalmente social, uma vez que
se desenvolve na relação com os outros, a partir das percepções e
representações sociais que ocorrem nas interações com as outras
pessoas. Tamayo (1985) destaca que a exploração sistemática
do autoconceito tem início com teóricos norte-americanos, como
Baldwin, Cooley e James, em 1890, e, posteriormente, Mead, em
1934. Os teóricos europeus também exploraram o tema: Janet,
1929; Wallon, 1932; Zazzo, 1948. Os autores europeus deram
singular valorização ao papel do outro na formação do autocon-
ceito, considerando que a base do desenvolvimento da consciência
se constitui a partir das experiências vividas nas interações sociais
e interpessoais, o que propicia desenvolvimento da consciência do
outro e de si mesmo.

O autor português Feliciano Veiga (1995) acredita que o auto-


conceito é fundamental na vida humana e sua compreensão pode
elucidar o comportamento humano e suas nuances, facilitando o
entendimento da personalidade humana a partir do modo como o
indivíduo se compreende enquanto ser de relações.

Assis (2004) destaca que em 1984 uma comissão que ficou


conhecida como Task Force to Promote Self-Esteem (força tarefa
para promover a autoestima) buscou a valorização do compromisso
do indivíduo em assumir responsabilidade pelos seus atos, por si
mesmo e por suas relações intra e interpessoais, o que contribuiu
para os estudos mais recentes sobre o tema.

O posicionamento de uma pessoa diante das mais diferentes


situações tem como base seu autoconceito, pois o modo como o

33
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

indivíduo se autoavalia tem impacto em suas relações pessoais e


profissionais. Assim, pode-se afirmar que uma pessoa com uma
boa relação intrapessoal tenderá a ter boas relações interpessoais.

A analogia com um espelho pode facilitar o entendimento de


que tudo o que ocorre psíquica e emocionalmente com um indi-
víduo reflete para o mundo exterior. A subjetividade é exposta no
modo como este indivíduo se comporta a partir de suas crenças,
valores e emoções.

Assim, uma pessoa com baixa autoestima pode se vitimar


diante das situações por ter dificuldades em lidar com seus recursos
internos para superar desafios ou se posicionar diante dos fatos. A
crença na capacidade de resolução e sucesso fica prejudicada, o
que faz com que haja ações que mantenham um padrão já conhe-
cido pela pessoa, como desistência de algo, desânimo para ações
que requerem mudança e dificuldade de relacionamentos.

O Dicionário de Psicologia Dorsch traz alguns termos relacio-


nados ao autoconceito:

• Autoconfiança – “uma sensação, baseada no sentimento de


poder próprio, de dar conta das possíveis dificuldades” (DORSCH,
HACKER, STAPF, 2004, p. 98).

• Autoestima – “ao lado do sentimento do próprio poder e da


satisfação é uma disposição estacionária do si-mesmo, com que o
homem se sente como portador de um valor” (DORSCH, HACKER,
STAPF, 2004, p. 98).

• Autoimagem – “autoconceito, os conhecimentos e senti-


mentos que se têm a respeito de si-mesmo” (DORSCH, HACKER,
STAPF, 2004, p. 98).

O dicionário destaca, ainda, que a autoimagem surge a partir


da autoobservação das vivências e experiências do sujeito, ou seja,

34
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

da interpretação pessoal dos fatos, bem como a avaliação feita


pelos outros, como recriminação, recompensas, castigos, apro-
vação e desaprovação.

Além disso, faz uma distinção entre autoimagem social e


autoimagem própria. A primeira é construída a partir da percepção
interpessoal e da imagem que os outros têm do indivíduo. A segunda
constitui-se no modo como o indivíduo se vê, os conhecimentos e
sentimentos que apresenta a seu próprio respeito (DORSCH, 2004).

A autoimagem social ocorre a partir da interação social e


na apresentação que o sujeito faz de si mesmo, através de seu
comportamento social, nas relações que estabelece, podendo até
mesmo haver um distanciamento entre o que ele pensa a seu próprio
respeito e como deseja que os outros o vejam. A autoimagem
própria é aquela na qual o indivíduo avalia a si mesmo e tudo o que
diz respeito à sua capacidade, competências e habilidades.

As pessoas têm uma percepção de si mesmas e acreditam


ser idêntica ao modo como os outros a percebem, mas isso nem
sempre é verdadeiro. Rodriguez-Tome (1972) fez uma distinção
entre a percepção que uma pessoa tem de si mesma, utilizando
o termo imagem própria para fazer essa designação, e a maneira
como as pessoas se descrevem como percebidas pelos outros,
a partir do termo imagem social, ressaltando que nem sempre a
imagem própria e a imagem social são idênticas.

A partir de pesquisas realizadas, Invitti (2012) elaborou um


organograma que ilustra as variáveis do autoconceito:

35
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Autoaceitação

Componente
Afetivo Autoconfiança

Autovalor

Autoconceito
Social

Autoconceito
Componente Físico
Autoconceito
Cognitivo
Autoconceito
Moral

Autocontrole

Autoconceito
Intelectual
Componente
Comportamental Autoafirmação

Figura 1 – Variáveis do autoconceito


Fonte: INVITTI, 2012, p. 60.

De acordo com a disposição da Figura 1, o autoconceito


pode ser compreendido conforme os seguintes componentes
descritos na Escala Fatorial de Autoconceito (TAMAYO,1981 apud
INVITTI, 2012):

• Componente afetivo – consiste na aceitação de si mesmo


e na manifestação da valorização pessoal, mais conhecido como
autoestima. As categorias que compõem este componente são
autoaceitação (modo de lidar consigo e com o reconhecimento de
defeitos e qualidades); autoconfiança (afirmação, convicção, senti-
mento de segurança que o indivíduo tem a respeito de si mesmo);
autovalor (crença no valor que o indivíduo atribui a si, importância
que acredita possuir).

36
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Componente cognitivo – consiste nas percepções que o indi-


víduo tem a respeito de suas habilidades, competências e caracte-
rísticas atuais e possíveis de serem alcançadas. As categorias desse
componente são assim descritas: autoconceito social (tem relação
com a avaliação feita pelo indivíduo a respeito da sua capacidade
de lidar com os outros nas mais diversas relações, de se comunicar
e de interagir); autoconceito físico (avaliação da aparência física,
como o indivíduo se compreende fisicamente); autoconceito moral
(ajuizamento que o indivíduo faz sobre seus comportamentos na
relação social e o que considera como certo e errado); autocontrole
(ponderação do indivíduo acerca do modo como organiza suas
atividades, gerencia suas relações com as pessoas, com o mundo
e respostas emocionais); autoconceito intelectual (como o indivíduo
avalia suas capacidades cognitiva, de resolução de problemas, de
tomada de decisão e de aprendizagem).

• Componente comportamental – consiste no comportamento


do indivíduo em sociedade na busca pela aceitação e de fazer parte
do grupo no qual está inserido. A autoafirmação é a única categoria
deste componente e pode ser entendida como a autoapresentação
utilizada pelo indivíduo em prol de conquistar das outras pessoas
uma imagem mais positiva possível sobre si mesmo. O indivíduo
pode até mesmo se comportar de modo distinto do seu autocon-
ceito para tentar ser avaliado positivamente pelos outros.

Assis (2004, p. 17) destaca que a autoestima está direta-


mente ligada ao autoconceito, que “se refere à organização hierár-
quica e multidimensional de um conjunto de percepções de si
mesmo”. O autoconceito também é estudado como um dos indica-
dores para o progresso social, pois é a partir dele que o indivíduo
investe ou não na realização de seus desejos, que se prospecta
para evolução e crescimento na sociedade da qual faz parte, na
direção da autorrealização.

37
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O autodirecionamento que um indivíduo dá à sua vida


depende fundamentalmente da autocompreensão, do modo como
ele se relaciona consigo e do senso de valor próprio. A autoestima
de uma pessoa a leva a ter determinados comportamentos que
podem ser saudáveis ou prejudiciais para si mesmas.

Piaget (apud BEE, 2003) considera o modo como uma


pessoa se autoavalia como um autoesquema, ou seja, a crença
básica que tem a respeito de si.
Para todos nós, o autoconceito funciona como uma espécie de filtro
para as experiências, moldando nossas escolhas e afetando nossas
respostas aos outros. Nossas ideias sobre o nosso papel sexual são
uma parte importante desse autoconceito. [...] essas crenças e essas
atitudes sobre nós mesmos são centrais em nossa personalidade e,
por conseguinte, em nosso comportamento (BEE, 2003, p. 319).

Os papéis que uma pessoa desempenha consistem em


escolhas a partir do modo como ela se vê em determinadas situ-
ações, abrindo mão de alguns papéis e se dedicando a outros, de
acordo com o modo como se sente ao desempenhá-los.

O autojulgamento e a autocrítica fazem parte deste contexto.


Na escola uma criança já é capaz de comparar a nota de uma prova
com a do colega, de criticar o outro por um comportamento e de
avaliar sua própria conduta. Na vida adulta não é diferente. A partir
de valores adotados, uma pessoa se conduz pela vida e compara
suas ações com as de outras pessoas, avalia situações e julga seus
próprios comportamentos e sentimentos e os dos outros.

O comportamento emocional e o estilo de vida adotado na


fase adulta são reflexos de como o autoconceito foi desenvolvido ao
longo da vida. Uma pessoa com autoconceito positivo tende a ser
mais resiliente e a acreditar nas suas potencialidades para superar
dificuldades (ACAMPORA, 2013).

Na atualidade há uma valorização do modo como as pessoas


se veem, se relacionam umas com as outras e projetam na vida

38
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

seus sentimentos, angústias e desejos. O autoconceito está intima-


mente ligado aos modos de experimentar as situações da vida, ao
sucesso no trabalho, às relações com si próprias e com os outros e
ao modo como cada indivíduo se posiciona nas diferentes esferas
da existência.

As conceituações apresentadas mostram que o autoconceito


é formado na relação com o meio e o modo como a pessoa avalia
suas relações, seu valor para os outros e para o mundo é a base
para que ela se autoavalie positiva ou negativamente.
A autoestima é a fonte do nosso poder pessoal, da capacidade que
todo ser humano tem de influenciar e ser influenciado nas relações
sociais. Em todos os tipos de relações a autoestima é o pano de
fundo, pois ela determinará o modo como o indivíduo irá respirar, se
emocionar e agir. Em situações de trabalho, por exemplo, pessoas
com alta autoestima tendem a ser mais ágeis, a falar assertivamente
o que querem, a lutar pelos seus objetivos de forma clara. Uma
pessoa com alta autoestima acredita em si mesma, é o que quer ser,
goza a vida e assume responsabilidades sem culpar os outros ou
se justificar pelas escolhas que faz (ACAMPORA, 2013, p. 20 e 21).

No ambiente de trabalho, a autoestima deve ser considerada


como um fator importante que está na base do modo de desen-
volver a atividade profissional, de avaliar a si mesmo como capaz
de desempenhar determinadas tarefas e da habilidade de superar
dificuldades a partir de seus recursos internos.

O mundo atual é repleto de cobranças, estimulação à


competição, comparações e busca por um alto padrão de reali-
zação de tarefas, almejando sempre melhores resultados. Nesse
sentido, é inevitável que as pessoas cobrem a si mesmas para fazer
parte das exigências sociais. O autoconceito e a autoconfiança vêm
sendo cada vez mais exigidos no mundo do trabalho, pois formam
o alicerce para a atuação em equipe e a efetividade das ações em
prol dos objetivos organizacionais, como veremos a seguir.

39
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

2.1.1 O autoconceito no trabalho

Souza e Puente-Palacios (2011), no artigo A influência do auto-


conceito profissional na satisfação com a equipe de trabalho, relacionam
o autoconceito com o trabalho em equipe, o alcance de determinados
resultados para a organização e a satisfação no trabalho.

No referido artigo, as autoras destacam que o autoconceito


tem como base de formação a relação e comparação com outras
pessoas, sendo relevante em diferentes situações sociais, entre
elas o trabalho, consistindo em uma variável fortemente relacionada
a habilidades e competências, influenciando resultados e relaciona-
mentos. Dessa forma, conceituam o autoconceito profissional:
O autoconceito profissional é definido como “a percepção que o
indivíduo tem de si em relação ao trabalho (tarefas) que executa” (...)
Tal definição considera o autoconceito em função de percepções
individuais relacionadas à realização profissional, à competência, à
autoconfiança e à saúde, que são as suas dimensões constitutivas.
(SOUZA; PUENTE-PALACIOS, 2011, p. 4).

A realização profissional está, dessa forma, relacionada ao


sentimento de competência diante dos processos de trabalho e das
exigências cotidianas e tem conexão com a saúde, entendida a partir
de um amplo espectro que envolve a vida psíquica, biológica e social.

O sentimento de competência implica o indivíduo apreender


que tem um conhecimento específico e é capaz de colocá-lo em
prática em prol de determinados resultados exigidos no ambiente
laboral. Para que o senso de competência exista é preciso um inves-
timento do próprio sujeito no aprimoramento de suas habilidades.

Cada indivíduo, em sua relação com o trabalho, desempenha


de determinado modo sua atividade, o que depende da maneira
como ele se vê diante da tarefa executada, de como se relaciona
consigo e com as pessoas da equipe da qual faz parte, com sua
produção e sua autorrealização no trabalho.

40
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

A percepção do indivíduo e a consciência de si mesmo em


relação ao trabalho que executa, objetivos e resultados alcançados,
reconhecimento, o papel desempenhado e sua importância na
organização em que atua formam a base da realização profissional
(Souza; PUENTE-PALACIOS, 2011).

A satisfação no trabalho e a realização profissional caminham


juntas, uma vez que, quando o indivíduo percebe a si mesmo como
capaz, útil e parte integrante de algo maior, competente e autoconfiante
para realizar suas atividades laborais, há um maior comprometimento
com seu papel na organização, principalmente se esta oferece infraes-
trutura, benefícios, salário, plano de cargos e salários adequados.

Assim como a organização escolhe o indivíduo mais capaci-


tado para atuar em um determinado cargo, o trabalhador também
escolhe a organização que supra suas necessidades de realização
profissional. Quanto mais qualificado é o trabalhador e mais exigên-
cias o cargo requer, maior essa relação de reciprocidade.

Estes fatores também estão relacionados com a saúde no


trabalho, que consiste na percepção de como a atividade laboral
impacta no estado de saúde do indivíduo. Assim, o autoconceito
profissional influencia o modo como o trabalhador se comporta no
ambiente de trabalho, sua postura diante de suas tarefas, a relação
com a equipe da qual faz parte e com os resultados obtidos em
função dos objetivos traçados. Isso porque a imagem que um indi-
víduo tem de si é projetada no meio em que ele está inserido e afeta
a sua percepção de mundo (SOUZA; PUENTE-PALACIOS, 2011).

A relação entre autoconceito no trabalho e saúde pode ser


apreendida a partir do entendimento de que as relações laborais,
os processos de trabalho e o modo como o indivíduo se apreende
nesse contexto podem afetar suas emoções e psique de modos
muito distintos, acarretando no senso de importância, utilidade e

41
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

valor próprio na atividade exercida ou, ainda, no senso de inutilidade


e desvalorização como trabalhador.

Os processos de saúde e doença no trabalho também podem


ser avaliados a partir do recorte do autoconceito, pois o modo como
o trabalhador se vê diante de seu exercício profissional pode acar-
retar na saúde ou adoecimento nas atividades laborais. Em função
disso, cada vez mais as organizações investem em ações que visem
à motivação e à satisfação no trabalho.

Em sua dissertação de mestrado, Invitti (2012) trata de uma


perspectiva mais restrita a respeito do autoconceito profissional,
fazendo um recorte sobre a relação com o assédio moral no trabalho
e ressaltando que estudos anteriores já relacionavam o impacto do
assédio moral sobre o autoconceito profissional.
Uma das relações identificadas por Ferraz (2009) é a influência da
percepção do assédio moral, pelos trabalhadores, sobre o autocon-
ceito profissional destes. A autora encontrou correlação significativa
entre estas duas variáveis, ou seja, a percepção da ocorrência de
situações de assédio moral pelo trabalhador influencia negativa-
mente em seu autoconceito profissional (INVITTI, 2012. p. 27).

A autora destaca que o autoconceito é continuamente cons-


truído e modificado nas relações do sujeito com o meio ambiente,
podendo ser alterado em função das relações de trabalho e do
ambiente laboral. Dessa forma, críticas, humilhações, rejeições,
perdas, abandono, desvalorizações, isolamento, podem ter forte
influência na diminuição do autoconceito.

Invitti (2012), em sua pesquisa, chegou aos seguintes resul-


tados, dentre outros: o assédio moral teve impacto na autoaceitação
dos indivíduos avaliados, promovendo a crença de que é preciso
mudar o modo de se comunicar, por exemplo:

a) a autoconfiança também sofreu impacto, gerando senti-


mento de incapacidade de realização de tarefas em muitos dos
trabalhadores avaliados;

42
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

b) no quesito autovalor, alguns participantes, ao se sentirem


desvalorizados no trabalho, também passaram a atribuir menos
valor a si mesmos;

c) na categoria autoconceito social, alguns trabalhadores


relataram dificuldades em estabelecer novas relações e de comu-
nicar o que pensam;

d) metade da amostra estudada apresentou percepção de baixo


autoconceito moral, com relatos de sentimento de culpa e vergonha.

Os dados do estudo mostram que, mesmo que uma pessoa


tenha um autoconceito profissional positivo, ao ser exposta constan-
temente a situações de humilhação, de desvalorização e críticas não
assertivas, esse autoconceito pode ser alterado para pior, fazendo
com que haja uma transformação no modo como o indivíduo vê sua
capacidade de lidar com os desafios do trabalho, com seus pares e
gestor(es), com a maneira de se comunicar, entre outros prejuízos.

O autoconceito profissional também foi analisado por Tamayo


e Abbad (2006) em relação ao treinamento no trabalho. As autoras
ressaltam que o autoconceito profissional é altamente relevante
para que os conteúdos dos treinamentos realizados possam ser
colocados em prática. Isso implica que pessoas com baixo auto-
conceito profissional tendem a ter mais dificuldades em utilizar os
recursos adquiridos durante as capacitações, principalmente, se o
ambiente organizacional não for propício.
Espera-se que indivíduos que apresentam Autoconceito Profissional
elevado e disponham de ambiente organizacional favorável ao uso
das novas habilidades percebam de forma mais favorável o Impacto
do Treinamento no Trabalho do que aqueles que apresentam baixo
Autoconceito Profissional e que se encontrem em ambiente organi-
zacional desfavorável (TAMAYO; ABBAD, 2006, p. 11).

Quando as organizações têm um bom ambiente para o


trabalho e propiciam treinamentos para seus trabalhadores, há uma

43
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

tendência a que estes se sintam mais valorizados e compreendam


a importância do aprimoramento para a realização de suas ativi-
dades, o que tende a fortalecer o autoconceito profissional.

Santos (2014), por sua vez, relaciona autoconceito, gênero e


trabalho, fazendo uma análise de mulheres que ocupam profissões
socialmente compreendidas como masculinas. E em sua pesquisa
de doutorado, chega aos seguintes resultados: as mulheres atri-
buem o sucesso na ocupação predominantemente masculina à
competência adquirida no exercício profissional na relação com os
homens que desempenham a mesma tarefa; parece existir indica-
ções a respeito das tarefas específicas que favorecem o exercício
profissional, como não se sentir inferior aos homens, não demons-
trar fragilidade, realizar as atividades conforme esperado pelos
homens ou até mesmo com maior nível de qualidade; a mulheres
elegeram um perfil que seria mais ajustado para ocupações tradi-
cionalmente masculinas, que envolve: não ter frescuras, gostar de
fazer coisas que os homens fazem, ter capacidade crítica e poder
de análise, sentir-se à vontade em ambientes masculinos.

Assim, o autoconceito profissional também estaria relacio-


nado às características necessárias para exercer uma determinada
função e à capacidade de aprender a lidar com as adversidades,
podendo alterar a concepção básica e socialmente aceita do que é
um comportamento masculino ou feminino no trabalho. É possível,
dessa forma, um homem realizar tarefas que eram essencialmente
femininas, como secretariado, recepcionista e serviços gerais, ou
uma mulher desempenhar atividades que eram consideradas estri-
tamente masculinas, como frentista de posto de gasolina, pescador
e técnico de petróleo.

Meireles e Custódio (2012) ressaltam a importância dos


esquemas relacionados ao gênero para o autoconceito, esquemas
que são criados a partir de experiências individuais e definições

44
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

sociais de feminilidade e masculinidade, influenciando respostas


cognitivas, afetivas e comportamentais.

Existem padrões socioculturais específicos e determinados


para cada gênero, que faz com que sejam criados atributos e
condutas esperadas para homens e mulheres. Dos homens, por
exemplo, são esperadas ações agressivas, racionais, objetivas e
competitivas; das mulheres, são esperadas condutas sensíveis,
delicadas, emotivas, frágeis e passíveis.

No mundo do trabalho, esses esquemas não são mais tão


estanques, pois há muitas profissões que requerem esquemas
masculinos e femininos; isto é, uma interatividade entre aspectos
de ambos os gêneros que fazem parte do ser humano.

Os esquemas fazem parte do autoconceito e são ativados


mediante estímulos do meio. A ideia de que todos os indivíduos
possuem esquemas masculino e feminino simultaneamente é o que
constitui o Modelo Interativo, que propõe os seguintes grupos tipo-
lógicos: Heteroesquema Masculino (o esquema masculino predo-
mina sobre o feminino); Heteroesquema Feminino (o esquema
feminino predomina sobre o masculino); Isoesquema (há simetria
no desenvolvimento de esquemas feminino e masculino). (GIOVANI;
TAMAYO, 2000 apud MEIRELES; CUSTÓDIO, 2012).

A partir do exposto, é possível compreender que as pessoas


percebam o autoconceito profissional de formas distintas em
função dos esquemas internalizados a respeito do que é a atividade
laboral para homens e mulheres, bem como possíveis diferenças na
percepção do valor de outras pessoas nas relações interpessoais e
de si mesmo no ambiente de trabalho.

Gondim et al. (2013) fazem um comparativo sobre o autocon-


ceito e gênero relacionado ao trabalho no Brasil e Angola, desta-
cando o aumento das mulheres inseridas no mercado de trabalho

45
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

e o aumento dos atributos relacionados ao gênero feminino em


ambos os países.

Os resultados que os autores supracitados revelam são que a


maioria das pessoas em cargo de gestão, seja do sexo masculino ou
do feminino, apresenta predominância de atributos femininos, e as
mulheres gerentes também incorporam atributos masculinos para o
exercício da função. Isso parece ocorrer em função do que é reque-
rido para o cargo de gestão: objetividade, racionalidade e também
empatia, compreensão do outro, dentre outros aspectos. Dessa
forma, homens e mulheres apresentam atributos de ambos os tipos,
pois há um caráter multidimensional da perspectiva de gênero, que
estão presentes na formação do autoconceito pessoal e profissional.

O autoconceito, entendido como algo dinâmico, também foi


abordado por Mendes et al. (2012), no artigo Autoimagem, auto-
estima e autoconceito: contribuições pessoais e profissionais na
docência. Os autores ressaltam que os docentes com autoconceito
positivo se tornam uma referência para os alunos, contribuindo
para a formação realista do autoconceito dos mesmos e para um
ambiente favorável à educação e à aprendizagem.

Esse artigo destaca também que o autoconceito positivo é a


base para a satisfação pessoal e profissional, que se torna o alicerce
da relação entre professor e aluno no ensino-aprendizagem. Assim,
um professor com autoconceito positivo tende a ter melhor atuação
e o docente com baixa autoestima e autoconfiança tende a apre-
sentar uma ação pedagógica pior, pois terá dificuldades em incen-
tivar a motivação e confiança dos alunos para a aprendizagem.

A partir dessa análise, pode-se inferir que a forma como o


indivíduo vê a si mesmo e como se posiciona diante da sua vida
profissional de acordo com o autovalor, influencia a produtividade e
os resultados dos seus esforços no trabalho. O autoconceito profis-

46
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

sional deve ser visto como um critério importante para as relações


de trabalho, a energia empregada no exercício da função, a apro-
priação da produtividade e os impactos na capacidade de lidar com
as mudanças necessárias no mundo organizacional.

Emilio e Martins (2012) relacionam autoconceito profissional


e resiliência no trabalho, abordando o papel do autoconceito diante
da exigência de se adaptar às necessidades de mudança e às
adversidades da organização.

O ritmo acelerado, a necessidade de cumprir objetivos em


curto espaço de tempo, a obrigatoriedade de aprendizado constante
em função de mudanças para adequação ao mercado, aumento de
responsabilidade e de tarefas executadas, podem acarretar preju-
ízos para a saúde, dependendo do modo como o indivíduo lida
com todas essas pressões no ambiente de trabalho. Ser resiliente
implica uma adaptação e flexibilização diante desse contexto.

Indivíduos que acreditam no seu potencial e têm um alto auto-


conceito profissional tendem a ser mais resilientes, pois confiam que
podem aprender constantemente e assumir novas responsabilidades,
flexibilizando suas atividades e negociando prazos. Uma pessoa
que possui autoconfiança na sua capacidade de trabalho supera os
obstáculos em prol de melhores resultados e da sua autorrealização.

O estudo de Emilio e Martins (2012) foi realizado com poli-


ciais militares e revelou que a maioria dos participantes se sente
capaz de enfrentar as adversidades em função da persistência e
da adaptação positiva às mudanças, suportando situações difíceis
no trabalho, com bom autoconceito profissional, e confiando em si
mesmos para a realização de suas atividades.

Quando o autoconceito profissional é positivo, a tendência é


que haja mais facilidade em lidar com as dificuldades que surgem
diariamente no trabalho, pois a pessoa tem autoconfiança e se

47
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

impulsiona para realizar suas tarefas, empenhando‑se da melhor


forma possível para que tenha os melhores resultados.

Costa4 (2002) ressalta que o trabalho é constituinte da iden-


tidade do indivíduo e do modo como ele se percebe como parte
da sociedade. As relações de prazer e desprazer fazem parte da
atividade laboral em função de seus significados.

O modo como o trabalho é visto e realizado mudou muito


nas últimas décadas. Se no início do século as ideias tayloristas5
predominaram com a divisão de tarefas, previsão de tempo para
cada ocupação, os passos a serem executados para a realização
de um determinado serviço, hoje prevalecem a autonomia do traba-
lhador, a criatividade, a atuação em equipe e a maior democracia na
tomada de decisão.
Há uma preocupação com a qualidade, que não envolve apenas o
produto final, mas, toda a sua execução e relação entre aqueles que
o produziram, bem como o consumidor que vai utilizá-lo. O trabalho
hoje está voltado para o vínculo sujeito«objeto«significado. Esta
relação tem que ser prazerosa para garantir a saúde do trabalhador
e a qualidade de seu trabalho (COSTA, 2002, p. 75).

As ideias tayloristas ainda são fortes, pois a divisão do


trabalho é uma realidade, principalmente em uma época em que
a gestão de pessoas prioriza conciliar as competências individuais
com as habilidades requeridas para o cargo e os objetivos organi-
zacionais. Isso exige do trabalhador o investimento constante em
si mesmo, no seu desenvolvimento profissional e pessoal, o que
requer autoconfiança e autoconceito positivo.

4. Patrícia Cristiane Gama da Costa realizou a pesquisa para sua dissertação de mestrado pela
UNB, defendida em 1996. O artigo usado como base para análise bibliográfica foi publicado pela
autora em 2002.
5. Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915) era engenheiro industrial e foi o principal teórico da
abordagem científica, que se concentrava em maximizar a eficiência no trabalho e obter a maior
produção possível que as pessoas pudessem realizar. Seu foco era na realização da tarefa e na
diminuição ou eliminação de possíveis ineficiências, sistematizando as atividades de trabalho,
mantendo o foco no treinamento adequado e na motivação do trabalhador com o objetivo
apenas de aumentar a eficiência e a produtividade. (ROTHMANN, 2009).

48
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

A subjetividade do ser humano deve, então, ser levada em


consideração pelas organizações, uma vez que o homem não é
uma máquina que repetidamente faz uma determinada tarefa de
forma continuada, sem descanso e com os mesmos resultados. Os
acontecimentos da vida pessoal e profissional têm impacto sobre
essa subjetividade e, em função disso, é possível compreender que
um trabalhador consiga produzir mais em um dia do que no outro.

Como o autoconceito é um constructo subjetivo, a melhor


forma de avaliá-lo é a autodescrição. Costa (2002) propõe seis
fatores para a análise do autoconceito no trabalho: autonomia, reali-
zação, competência, saúde, segurança e ajustamento. A autonomia
corresponde à capacidade de tomar decisões e resolver problemas
complexos sem ajuda. A realização abrange a consciência de suas
aspirações, ideais, do seu papel e status na organização em que
atua. A competência diz respeito à percepção do indivíduo acerca
de sua atuação profissional e os sentimentos que surgem desta
percepção. A saúde é um fator que consiste na percepção de
como o trabalho e suas nuances podem afetar a saúde. A segu-
rança abarca a percepção do indivíduo sobre suas suspeitas e
hesitações em face às novas situações e mudanças no trabalho.
O ajustamento consiste no modo como o indivíduo se apreende no
que diz respeito à adequação das regras do trabalho, de condutas
sociais e no modo como se auto avalia em relação à adaptação às
tarefas que executa.

Souza e Puente-Palacios (2007) destacam a importância dos


estudos de L’Écuyer em 1978, que aborda dimensões do autocon-
ceito, considerando cinco dimensões do self: self-material, self-pes-
soal, self-adaptativo, self-social e self e não-self.
O self-material compreende as referências ao corpo, o self-pessoal às
características íntimas interiorizadas pelo indivíduo e o self-adaptativo
corresponde às estratégias de adaptação do indivíduo diante das
percepções que tem de si mesmo. Por fim, o self-social indica se a

49
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

pessoa é confiante em si mesma e como interage com os outros e a


estrutura self e não-self agrega significados relacionados às referên-
cias que o indivíduo faz de outras pessoas, bem como, situações em
que ele próprio é alvo de julgamento. (SOUZA; PUENTE-PALACIOS,
2007, p. 98).

Pode-se, então, verificar que o autoconceito é um tema atual


que vem sendo cada vez mais estudado em função de sua possível
relação com a produtividade, com o envolvimento e comprometi-
mento com os resultados no trabalho.

Os conteúdos analisados mostram que no mundo do


trabalho, o modo como as pessoas lidam com a atividade laboral
que desempenham, com as relações intra e interpessoais, bem
como o ambiente e clima que a organização apresenta, influenciam
o autoconceito profissional, o sentimento de autoconfiança para a
realização de tarefas e de competência para solucionar problemas
e enfrentar desafios.

2.2 Qualidade De Vida

Qualidade de vida (QV) é um termo amplo e discutido em


muitas áreas distintas. De um modo geral, está relacionado às
condições de vida, englobando aspectos como o bem-estar físico,
psíquico, mental e emocional, relacionamentos sociais, o nível de
saúde, lazer, educação e dentre outros aspectos que influenciam
diretamente a vida humana (BUSS, 2000).

O termo originalmente surge nos Estados Unidos no período


pós-guerra para designar uma nação livre que começa com a ideia
de aquisição de bens materiais para, num segundo momento,
abarcar o acesso à educação, saúde, bem-estar, envolvendo o
crescimento econômico e industrial (CARR, 1996 apud VILARTA;
GUTIERREZ; MONTEIRO, 2010).

50
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Na busca pela definição de qualidade de vida, Minayo, Hartz


e Buss (2000) citam a declaração de Rufino Neto na abertura do 2º
Congresso de Epidemiologia em 1994, ressaltando que falta tornar
o conceito operativo:
Vou considerar como qualidade de vida boa ou excelente aquela que
ofereça um mínimo de condições para que os indivíduos nela inse-
ridos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, sejam
estas: viver, sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços,
fazendo ciência ou artes (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000, p. 1).

A qualidade de vida é uma noção essencialmente humana


que envolve indicadores como bem-estar, acesso a bens e serviços,
lazer, saúde, relações humanas, trabalho, dentre outros aspectos.
Para compreender esse termo, é necessário analisar o desenvolvi-
mento das sociedades, pois os autores propõem que, a partir dos
valores coletivos e da construção social, a qualidade de vida pode
ser concebida.

Minayo, Hartz e Buss (2000) analisam que os séculos XVIII e


XIX foram marcantes para o estabelecimento da relação entre saúde
e qualidade de vida a partir da medicina social, que propiciou maior
investigação e investimentos em políticas públicas. A autora cita os
trabalhos de Rosen (1980), Mckeown (1982), Breilh et al. (1990),
Nunez (1994), Paim (1994) e Witier (1997) como referência, desta-
cando que os termos utilizados por esses autores, para discutir o
campo em questão, eram condições de vida ou estilo de vida.

De um modo geral, os estudos sobre qualidade de vida são


classificados a partir de quatro abordagens: 1) socioeconômica –
que adotam os indicadores sociais para avaliação da QV; 2) biomé-
dica – relaciona-se a melhores condições de vida dos enfermos
e condições de saúde; 3) psicológica – adotam indicadores que
avaliam estados subjetivos, vivências, experiências, felicidade e
satisfação; 4) gerais – adotam a premissa de a QV é multidimen-

51
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

sional, sendo influenciada por diversos fatores, como o ambiente,


o contexto sociocultural, os valores pessoais e sociais, interesses,
dentre outros (VILARTA; GUTIERREZ; MONTEIRO, 2010).

A qualidade de vida é apreendida também como uma repre-


sentação social, tendo como referência o nível ou grau de desen-
volvimento social e econômico de uma sociedade que permite a
satisfação das necessidades básicas e de acesso a serviços e
bens dos indivíduos que dela fazem parte. Os critérios de análise
envolvem ainda fatores subjetivos, como bem-estar, felicidade,
amor, prazer, realização pessoal, dentre outros (MINAYO; HARTZ;
BUSS, 2000).

Na base da qualidade de vida estão os estudos sobre condi-


ções de vida e promoção da saúde. Winslow (1920) e Sigerist (1946)
definiram os primeiros conceitos nessa área, estabelecendo tarefas
fundamentais da medicina: promoção da saúde, prevenção das
doenças, recuperação e reabilitação. O enfoque na prevenção foi
mais bem delimitado por Leavell e Clark (1965), que esquemati-
zaram três níveis de prevenção: primário, secundário e terciário
(VILARTA; GUTIERREZ; MONTEIRO, 2010).

Uma grande mudança sucedeu a partir do enfoque da medi-


cina e das discussões acerca das condições de vida das pessoas,
que culminou na inclusão das estratégias de promoção de saúde
a partir do Relatório Lalonde6 em 1974 no Canadá, consideran-
do-se determinantes da saúde: “1) o estilo de vida; 2) os avanços

6. Cabe ressaltar que “em 1974, Marc Lalonde, Ministro canadense de Saúde, criou um modelo
de saúde pública explicativo dos determinantes da saúde, ainda vigente, no qual se reconhece
o estilo de vida de modo particular, assim como o ambiente – incluindo o social em um sentido
mais amplo – junto à biologia humana e à organização dos serviços de saúde” (ÁVILA-AGUERO,
2009, p. 71 – tradução da própria autora). Texto original: “En 1974, Marc Lalonde, Ministro cana-
diense de Salud, creo un modelo de salud pública explicativo de los determinantes de la salud,
aún vigente, en que se reconoce el estilo de vida de manera particular, así como el ambiente -
incluyendo el social en un sentido más amplio – junto a la biología humana y la organización de
los servicios de salud.

52
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

da biologia humana; 3) o ambiente físico e social e 4) serviços de


saúde” (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000, p. 4).

Após o Relatório Lalonde, Castellanos, em 1991, relacionou


os determinantes de saúde com as condições de vida, estabele-
cendo como ocorre a interação entre ambos, a partir do modo de
vida da sociedade como um todo e a situação de saúde específica
dos grupos populacionais (ÁVILA-AGUERO, 2009).

As conferências internacionais sobre promoção de saúde


também foram relevantes para que se pudesse trazer novas
propostas de ações que implicassem mudanças na direção dos
avanços necessários. Em Ottawa (Canadá), Adelaide (Austrália),
Sundsvall (Suécia), Bogotá (Colômbia), Jacarta (Indonésia) e México
enfatizaram-se propostas de investimento e desenvolvimento de
estilo de vida, fortalecimento de ações comunitárias, reorientação
de serviços de saúde, cidades saudáveis, políticas públicas saudá-
veis, ações intersetoriais, dentre outras (TEIXEIRA; PAIM, 2000).
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) define qualidade de
vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no
contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
(ANDRADE; SOUSA; MINAYO, 2009, p. 276).

Herculano (2000), ao analisar a qualidade de vida pelo viés


da sociologia, destaca a importância de se alcançar efetivamente
a cidadania e, para tanto, cita as questões que ainda prejudicam
este propósito, a partir dos problemas sociais vigentes: classes
sociais antagônicas, exclusão social, pobreza, privação, vulnerabili-
dade, dificuldade ou falta de acesso a bens e serviços, bem como a
direitos que muitas vezes já estão garantidos em lei.

O estilo de vida e as condições do ambiente influenciam dire-


tamente a qualidade de vida de uma pessoa que vem sendo anali-
sada a partir do exame dos recursos disponíveis, da capacidade

53
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

efetiva de um grupo social para satisfazer suas necessidades, da


avaliação das necessidades por meio dos graus de satisfação e dos
patamares desejados (HERCULANO, 2000). Dessa forma, a autora
propõe que a qualidade de vida seja assim definida:
A soma das condições econômicas, ambientais, científico-culturais
e políticas coletivamente construídas e postas à disposição dos
indivíduos para que estes possam realizar suas potencialidades:
inclui a acessibilidade à produção e ao consumo, aos meios para
produzir cultura, ciência e arte, bem como pressupõe a existência
de mecanismos de comunicação, de informação, de participação e
de influência nos destinos coletivos, através da gestão territorial que
assegure água e ar limpos, higidez ambiental, equipamentos cole-
tivos urbanos, alimentos saudáveis e a disponibilidade de espaços
naturais amenos urbanos, bem como da preservação de ecossis-
temas naturais. (HERCULANO, 2000, p. 22).

Para mensurar a qualidade de vida, que a partir do exposto


pode ser compreendida como algo subjetivo, foram criados indica-
dores que consistem em informações condensadas, simplificadas
e quantificadas e servem de base para a comunicação, avaliação e
tomada de decisão. Os indicadores começaram a ser usados em
nível mundial em 1947 quando o Produto Interno Bruto (PIB) começou
a ser um indicador utilizado para avaliar o progresso econômico dos
países. Foi somente na década de 1960 que os indicadores sociais
começaram a ser utilizados para avaliar questões relacionadas ao
desenvolvimento social, tais como: “necessidades básicas”, “self-
-reliance” (autonomia) e “crescimento com equidade”. Em 1990 a
ONU iniciou a medição do desenvolvimento a partir do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que conta com quatro indicadores
de base: expectativa de vida, taxa de alfabetização, anos de escola-
ridade e PIB/capita. (HERCULANO, 2000).

O IDH, que mede o grau de desenvolvimento econômico e


a qualidade de vida oferecida à população, serve como parâmetro
para comparação entre os países acerca dos itens avaliados.
O IDH foi elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o

54
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Desenvolvimento (PNUD) da Organização das Nações Unidas


(ONU) e inclui em suas análises o desenvolvimento dos países (e
suas cidades) quanto a três aspectos básicos: renda, educação e
saúde (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1979), por inter-


médio de uma área oficialmente responsável para debater o tema,
que ficou conhecido como Grupo de Qualidade de Vida (Whoqol),
apreende a qualidade de vida a partir de uma perspectiva multidi-
mensional, que envolve: aspectos físicos (dor, sono, medicação utili-
zada, atividades de vida diária etc.), aspectos psicológicos (crenças
pessoais, autoestima, funções cognitivas, sentimentos positivos
e negativos etc.), relações sociais (relações pessoais, suporte
social, relações íntimas etc.), meio ambiente (acesso e qualidade
dos serviços, lazer, cuidados de saúde, condições adequadas do
ambiente físico que incluem poluição, ruídos, clima, trânsito etc.).
(VILARTA; GUTIERREZ; MONTEIRO, 2010).

Na década de 1980, o Brasil utilizava as condições de sane-


amento básico, o acesso à saúde e educação e os aspectos finan-
ceiros como indicadores principais para mensurar a qualidade
de vida. Com os avanços tecnológicos e o desenvolvimento nas
mais diferentes áreas, muitos progressos foram incorporados à
sociedade. Hoje mais pessoas entram na terceira idade, o tempo
de vida tem sido ampliado, as pessoas têm mais acesso a infor-
mações e o estilo de vida saudável tem sido cada vez mais discu-
tido e valorizado. Dessa forma, outros indicadores também foram
incluídos para avaliar a qualidade de vida, como condições e estilo
de vida, que também levam em consideração alimentação, ativi-
dade física, qualidade do sono, relações sociais, bem-estar psico-
lógico e emocional, motivação, hábitos, dentre outros (VILARTA;
GUTIERREZ; MONTEIRO, 2010).

Os indicadores da qualidade de vida estão relacionados


às escolhas pessoais que envolvem a alimentação, a prática de

55
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

exercícios físicos, o lazer, as relações familiares, com amigos e no


trabalho, o gerenciamento do tempo, níveis de estresse, dentre
outros. Além disso, há os indicadores relacionados ao ambiente no
qual a pessoa está inserida. Alguns deles são: saneamento básico,
condições climáticas e geografia, urbanização, segurança, serviços
públicos e renda.

A noção de qualidade de vida ligada à saúde (QVLS) faz


parte de uma discussão na qual o tema saúde está centralizado, é
entendida como um processo amplo, relacionado a muitos outros
aspectos da vida humana.
Auquier et al., (1997) apud Minayo et al. (2000) cita a expressão
qualidade de vida ligada à saúde (QVLS) e a define como o valor atri-
buído à vida, ponderado pelas deteriorações funcionais; as percep-
ções e condições sociais que são induzidas pela doença, agravos,
tratamentos; e a organização política e econômica do sistema assis-
tencial (FRANÇA, 2010, p. 15).

Assim, é possível compreender que a forma como uma deter-


minada sociedade está organizada em seus aspectos econômicos,
políticos e socioculturais, envolvendo legislações, políticas públicas
e serviços, tem impacto direto na vida das pessoas e no modo
como elas se percebem como parte desse contexto.

Análises contemporâneas sobre o tema abordam os aspectos


de ser, pertencer e transformar, considerando o indivíduo e sua inte-
ração com o ambiente (VILARTA; GUTIERREZ; MONTEIRO, 2010):

• Ser – relaciona-se aos valores, experiências pessoais,


capacidade intelectiva, habilidades e competências pessoais;

• Pertencer – relaciona-se com as relações interpessoais,


participação de grupos, programas e serviços;

• Transformar – relaciona-se às participações sociais, traba-


lhos voluntários, programas educacionais, de desenvolvimento de
habilidades e outras atividades.

56
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Em Atividade física, saúde e qualidade de vida, Markus Vinícius


Nahas (2006), destaca que se constitui um desafio à conscienti-
zação, à motivação e à criação de oportunidade para a mudança do
comportamento, propondo tomadas de decisão com foco em uma
vida com mais qualidade, conforme os itens exibidos na Figura 2.

Fatores sócio-culturais Fatores biológicos

Conhecer

Querer

Agir

Oportunidades Auto-estima

Experiências anteriores

Figura 2 – Fatores interventores na mudança de comportamento


Fonte: NAHAS, 2006, p. 3.

A Figura 2 mostra os fatores que intervêm no comportamento


humano: fatores socioculturais, biológicos, autoestima, experiências
anteriores e oportunidades. Os indivíduos são fortemente influen-
ciados pelos fatores socioculturais, pois nascem em determinado
contexto sócio-histórico e cultural que são constituintes de valores
e modos de conduta que perpetram o sujeito por meio do convívio
familiar, escolar e dos grupos a que pertence. Os fatores biológicos
dizem respeito à maturação física e cognitiva para a compreensão
dos fatos, tomada de decisão e comportamentos nas diferentes
fases de desenvolvimento da vida. A autoestima, já abordada na
seção 2.1, está na base do agir humano em função do modo como
o indivíduo se avalia como capaz, hábil e confiante em si mesmo.

57
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

As experiências anteriores constituem o manancial de eventos


percebidos e categorizados como bons e maus, saudáveis ou não,
que associam a memória às emoções, fazendo com que os indiví-
duos criem modos específicos de reação e comparação a novos
estímulos recebidos. As oportunidades têm relação com o ambiente
a que o sujeito é exposto cotidianamente e com a oferta de acesso
a bens, serviços, crescimento pessoal e profissional e a forma como
essas oportunidades são avaliadas. Assim, conhecer, querer e agir
são influenciados por todos esses fatores que, combinados, são
determinantes da subjetividade humana.

Levando isso em consideração, as mais diversas formas de


ciência têm colocado o homem no centro das ações, visando a
longevidade, à saúde e à qualidade de vida.

As mudanças ocorridas no mundo quanto aos avanços cientí-


ficos fizeram com que muitas vezes a ciência fosse mais importante
que o homem. Na Segunda Guerra Mundial experimentos científicos
foram realizados com pessoas, sem levar em consideração o sofri-
mento delas.

França (2010, p. 9) afirma que “O crescente desenvolvimento


tecnológico da Medicina e ciências afins trouxe como uma conse-
quência negativa a sua progressiva desumanização.” O que leva
à reflexão acerca do propósito deste avanço tecnológico: ele deve
estar a serviço do homem e não acima dele.

A partir de um olhar voltado para o ser humano e suas neces-


sidades, a dedicação exaustiva e quase exclusiva ao trabalho, tão
comum nos anos da revolução Industrial, foi sendo transformada.
De um mal necessário à produção prazerosa, o trabalho foi sofrendo
alterações em termos de investimento no ser humano, nas suas
necessidades, liberdade, autonomia e felicidade.

58
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Com constructos tão subjetivos, a qualidade de vida foi


ganhando contornos que passam pela estruturação de um estilo
de vida saudável, do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional,
do prazer em exercer atividades, do sentimento de pertença. Assim,
a família passa a ser também valorizada, bem como a motivação,
satisfação e saúde.
Entende-se por QV a percepção do indivíduo tanto de sua posição
na vida, no contexto da cultura e nos sistemas de valores nos
quais se insere, como em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações. É um amplo conceito de classificação,
afetado de modo complexo pela saúde física do indivíduo, pelo seu
estado psicológico, por suas relações sociais, por seu nível de inde-
pendência e pelas suas relações com as características mais rele-
vantes do seu meio ambiente. (FRANÇA, 2010, p. 11).

O modo como o indivíduo se referencia nos mais diferentes


contextos que o cercam tem relação com sua qualidade de vida,
pois é a partir desse modo de percepção que ele se posiciona
diante dos eventos na vida.

Fleck et al. (2008) destacam que pesquisas das décadas de


1960 e 1970 já revelavam que há condições objetivas e subjetivas,
nem sempre lineares, entre os indicadores de qualidade de vida e
saúde. A felicidade é um constructo muito pessoal e tem relação com
a forma como as pessoas elaboram os eventos de suas vidas e se
projetam em relação aos seus sonhos e desejos. Dessa forma, o que
é felicidade para uma pessoa pode não fazer sentido para outra.

Dessa forma, a qualidade de vida parece estar muito mais


relacionada com a descrição que o indivíduo faz de sua saúde física
e mental em um dado momento do que com o real quadro de saúde
do indivíduo. Duas pessoas diagnosticadas com a mesma doença
podem então perceber sua saúde de modos muito distintos.

Assim, a qualidade de vida tem características amplas, que


são relacionadas com a percepção individual, impedindo que,

59
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

mesmo diante dos mesmos padrões vivenciados, duas pessoas


tenham a mesma percepção em relação às experiências, pois estas
são interpretadas subjetivamente.

2.2.1 Qualidade de vida no trabalho (QVT)

O trabalho, como palco dessas experiências, passa a ser


valorizado em termos da subjetividade daquele que produz os resul-
tados desejados pela organização.

Há uma mudança de foco e o trabalho passa a ser visto não


mais como um lugar de expiação, uma guerra na qual o indivíduo
era obrigado a lutar, senão como um lugar a partir do qual ele se
integra à sociedade, realiza objetivos e satisfaz suas necessidades.

No ambiente laboral, a qualidade de vida está relacionada ao


sentimento de bem-estar e satisfação que o trabalhador apresenta
ao desempenhar suas funções, o contexto do trabalho, o nível de
desenvolvimento que pode ser alcançado como ser humano por
meio da atividade laboral.

Ferreira (2011) avalia que o interesse crescente pelo tema


QVT ocorre pela sua relevância e pertinência do ponto de vista
social, uma vez que o mundo do trabalho tem um papel signifi-
cativo na vida humana; do ponto de vista das organizações, que
enfrentam desafios diários que colocam a QVT como uma necessi-
dade; e do ponto de vista acadêmico, criando espaços de reflexão
sobre o campo das ciências do trabalho e saúde.

O termo QVT tem origem na Europa, depois da II Guerra


Mundial, através do Plano Marshall, para a reconstrução daquele
continente. Nos anos de 1960, o enfoque dado levava em
consideração o trabalhador frente a sua experiência individual

60
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

de atividade laboral. Já nos anos de 1970, o foco consistia na


satisfação e produtividade relacionadas a melhores condições de
trabalho. Ainda na década de 1970, a QVT também foi apreendida
como um movimento que levava em consideração ideais como
“gerenciamento participativo” e “democracia industrial”. Na década
de 1980, com a globalização, a importância se voltou para a
produtividade relacionada à qualidade. A partir dos anos de 1980,
houve maior valorização dos trabalhadores no ambiente do trabalho,
com mais participação deles na organização em que atuam e com
investimento no desenvolvimento de suas potencialidades (VIEIRA,
1993; RODRIGUES, 1991; ZAVATTARO, 1999 apud LACAZ, 2003).
Observa-se, portanto, que a QVT dialoga com noções, como moti-
vação, participação, satisfação, e também com saúde e segurança
no trabalho, envolvendo discussões mais recentes sobre novas
formas de organização do trabalho e tecnologias (SATO, 1999 apud
LACAZ, 2003, p. 413).

Rodríguez-Marín (2010) destaca que é possível apreender a


qualidade de vida no trabalho a partir de duas dimensões: objetiva
e subjetiva. A dimensão objetiva refere-se à realidade presente no
ambiente de trabalho – físico e social – incluindo condições físicas,
características do cargo, horários, atribuições, salário, benefícios,
possibilidades de carreira profissional, condições organizacionais
de trabalho, nível de segurança no emprego, status social, rela-
ções interpessoais e tudo o que implica no conjunto de oportuni-
dades que permitem ao indivíduo satisfazer suas necessidades
de bem-estar, produtividade e autorrealização. A dimensão subje-
tiva caracteriza-se a partir da avaliação do indivíduo da dimensão
objetiva, ou seja, o modo como compreende a si mesmo diante do
trabalho, o que envolve a auto avaliação do seu desenvolvimento,
das suas potencialidades, equilíbrio e ajustamento. O autor também
destaca os fatores psicossociais de risco laboral:
[...] segundo estabelece a Comissão Europeia (2000), são as condi-
ções de trabalho relacionadas com a organização, o conteúdo de

61
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

trabalho e a realização da tarefa, que podem gerar um conjunto de


reações emocionais, cognitivas, fisiológicas e de comportamento
que determinam um estado caracterizado por altos níveis de exci-
tação e de angústia, com a frequente sensação de não poder fazer
nada frente à situação. Fatores, pois, que podem alterar o ajuste da
pessoa ao seu entorno laboral e afetar sua saúde (física, psíquica
ou social), o desenvolvimento do trabalho e seu rendimento, consti-
tuindo, portanto, estressores laborais (RODRÍGUEZ-MARÍN, 2010, p.
318 – tradução da própria autora).7

O trabalho é algo que permite a inserção social, o desenvolvi-


mento pessoal e profissional. Por meio dele uma pessoa consegue
ter acesso a determinados bens e serviços e passa a fazer parte
de determinados grupos, adquirindo experiência e desenvolvendo
habilidades e competências. Contudo, também é por meio do
trabalho e das formas a ele relacionadas que pode surgir o processo
de adoecimento.

O ser humano deve ser apreendido como um ser biopsicos-


social. Dessa forma, as mais diversas relações têm influência direta
no processo de saúde e doença. O contexto sociocultural e o estilo
de vida de cada indivíduo têm impacto sobre a saúde. O corpo, a
psique e a vida social são contextos interdependentes e o modo
como cada pessoa lida com as demandas da existência determina
como esses contextos são valorizados. Limongi França (2007, p.
26) ressalta que:
Uma pessoa não adoece unicamente em função da existência de
elementos nocivos no ambiente, mas pelo fato de ser ou tornar-se
sensível à ação desses agentes. Esse modelo enfatiza a relação
organismo-ambiente, como determinante no desenvolvimento ou

7. Texto original: “[...] según establece la Comisión Europea (2000) son las condiciones de trabajo
relacionadas con la organizacioón, el contenido del trabajo y la realización de la tarea, que
pueden generar un conjunto de reacciones emocionales, cognitivas, fisiológicas y de comporta-
miento que determinan un estado caracterizado por altos niveles de excitación y de angustia, con
la frecuente sensación de no poder hacer nada frente a la situación. Factores, pues, que pueden
alterar el ajuste de la persona a su entorno laboral, y afectar su salud (física, psíquica o social), el
desarrollo del trabajo, y su rendimiento, constituyendo, por tanto, estresores laborales.” Tradução
da própria autora.

62
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

não da doença. Saímos das teorias unicausais para o modelo de


multicausalidade das doenças.

Este modelo implica na interação entre os fatores envolvidos


no processo de adoecimento, que são: o potencial patogênico do
agente agressor, a susceptibilidade do organismo e o ambiente.
A realidade, nesse contexto, precisa ser considerada para que se
possa compreender como as doenças se manifestam (LIMONGI
FRANÇA, 2007).

As pessoas são influenciadas por determinados compor-


tamentos socioculturais que promovem acesso a determinados
grupos, como fumar, beber, comemorar, usar drogas, como também
praticar esportes, ter uma alimentação saudável, dedicar tempo
para o lazer e amigos, dentre outros.

O estilo de vida de uma pessoa contribui para o processo de


saúde e doença, pois o modo como um indivíduo se comporta terá
impacto na qualidade da sua saúde e nos processos de adoeci-
mento. A conscientização disso tem sido alvo de muitas campanhas
de promoção de saúde na atualidade.

Um dos fatores que mais produzem adoecimento no ambiente


de trabalho é o estresse, que se caracteriza por “um conjunto de
reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma
situação que exige esforço de adequação” (SELYE apud LIMONGI
FRANÇA, 2007, p. 29).

O estresse pode ser o gatilho para o desenvolvimento de


diversas doenças na busca pelo indivíduo de adaptar-se ao meio.
Todo trabalho tem aspectos positivos e negativos e essa interpre-
tação é subjetiva, pois as pessoas têm necessidades e motivações
diferentes. Embora um ambiente de trabalho deva oferecer condições
mínimas para o exercício de uma determinada profissão, as pessoas
tendem a valorizar determinados aspectos em detrimento de outros.

63
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Uma pessoa pode se adaptar inadequadamente a um estí-


mulo estressor, desenvolvendo doenças, fenômeno denominado
distress; mas, se uma pessoa se adapta bem, oferecendo uma
resposta positiva a uma determinada demanda, denomina-se
eustress (LIMONGI FRANÇA, 2007).

Quando o fator estressante se mantém por longo tempo e


há uma adaptação inadequada, com estresse negativo, existe uma
forte tendência à depressão e ao esgotamento físico e mental. A
realidade de trabalho pode ser uma grande dificuldade a ser supe-
rada e gerar frustração, principalmente se o indivíduo se vê diante
de uma situação de escolha entre a sua própria saúde e a necessi-
dade de trabalhar (BERGAMINI, 2008).

As emoções têm um papel crucial na vida humana e o


ambiente de trabalho, bem como as demandas podem facilitar o
surgimento de emoções que, quando não são bem gerenciadas,
podem ser o gatilho para doenças psicossomáticas. Quando um
indivíduo conhece seus pontos fortes e fracos e estrategicamente
utiliza seus recursos e potenciais para lidar com as adversidades, a
tendência é que a saúde seja preservada.

O estilo de vida de uma pessoa, sua forma de funcionar e de


lidar com as mais diferentes situações, orienta seu modo de ser no
mundo e caracteriza sua identidade.
Quando se observa o comportamento aparente, descobre-se dife-
rentes padrões de decisão; sendo assim, na maioria das vezes e
à medida em que a vida evolui, a marca dos acontecimentos e a
influência dos indivíduos molda e formata a pessoa que você é.
[...] Personalidade e estilo pessoal são praticamente sinônimos e
podem ser considerados padrões preferenciais de comportamento
que permitem o reconhecimento das semelhanças e das diferenças
individuais na maneira de ser de cada um (BERGAMINI, 2008, p. 25).

O ambiente laboral faz exigências que nem sempre levam em


conta as diferenças no modo de lidar com as demandas; por isso é

64
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

importante que cada pessoa seja avaliada de acordo com suas habi-
lidades, e as tarefas demandadas sejam coerentes com o que o indi-
víduo é capaz de efetuar dentro de um determinado período de tempo.

As pessoas têm ritmos diferentes, modos distintos de inter-


pretar eventos, por isso devem ser compreendidas em suas neces-
sidades e seus modos de realizar tarefas, para que os melhores
resultados sejam alcançados com o menor desgaste possível.

Bergamini (2008) destaca que no ambiente de trabalho


existem algumas características importantes para enfrentar as difi-
culdades que se apresentam, tais como: aceitação realista de si
mesmo e das próprias capacidades; assumir responsabilidades
dos próprios atos; habilidade de trabalhar com outras pessoas;
senso de humor; percepção da realidade sem distorções; reconhe-
cimento dos próprios sentimentos; capacidade de aprendizado;
aceitação de críticas; flexibilidade diante de situações inesperadas;
e gerenciamento do estresse.

Nem sempre o trabalhador está apto a lidar com todas


essas questões ao mesmo tempo, pois isso também depende de
autoconsciência dos próprios limites, dos impactos na saúde dos
processos de trabalho e de autocuidado.

Em situações de frustração em que a autoexigência predo-


mina, a queda da autoestima deteriora a imagem que uma pessoa
tem de si mesma (BUCAY, 2012). Em situações de trabalho, o indi-
víduo está sujeito aos mais variados tipos de cobranças, regras e
normas de conduta. Nesse contexto, a qualidade de vida está rela-
cionada ao modo como o indivíduo se coloca diante das diferentes
situações. Seu posicionamento reflete seu nível de autoestima e sua
capacidade de adaptação.

Quanto maior a habilidade de adaptação, menos sofrimento


psíquico e menor é o processo de adoecimento no trabalho, pois o

65
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

indivíduo consegue se adequar ao que é exigido pela organização


na qual atua, usando seus recursos internos para fazer o seu melhor
diante de situações variadas.

Os níveis de fadiga e estresse relacionados ao trabalho têm


impacto direto na qualidade de vida do profissional de saúde, que
pode ter a atitude de investimento em si mesmo e nas estratégias para
sua saúde ou se entregar ao processo sem despertar suas potencia-
lidades para lidar com as adversidades das demandas que surgem.
A preocupação com o conceito de qualidade de vida refere-se a
um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido
de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas,
a diminuição da mortalidade e o aumento da expectativa de vida
(SOUZA, 2010, p. 10)

A qualidade de vida não deve, nesse sentido, ser entendida


a partir de uma visão restrita que envolve a longevidade e o não
adoecimento, senão ser apreendida, principalmente, a partir dos
aspectos que influenciam o modo como as pessoas usufruem a
vida, o modo como elas se sentem em relação ao que fazem e ao
que são. Por isso, há referências que não podem ser deixadas de
lado, como as relações sociais, o equilíbrio entre a vida profissional
e a vida pessoal, os ambientes a que uma pessoa está exposta,
dentre outras.

Walton (1993 apud FRANÇA, 2006) e Haddad (2000 apud


FRANÇA, 2006) são destacados nos estudos de França acerca da
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), que ressalta ser necessário
que sejam ofertadas ao trabalhador algumas condições, como:

• Compensação adequada e justa (salários e benefícios);

• Condições de segurança e saúde no trabalho, levando em


consideração às condições físicas, psicológicas e a carga horária
de trabalho;

66
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Investimento na capacidade humana, com oportunidade


para desenvolvimento e emprego de habilidades, autonomia no
trabalho, perspectiva de crescimento profissional;

• Oportunidade para crescimento constante e segurança, o


que implica em novos conhecimentos, possibilidades de promo-
ções e empregabilidade;

• Bom nível de integração social no trabalho, sem secta-


rismos, preconceitos ou estratificações;

• Normas de trabalho claras, com direitos e deveres justos,


privacidade e abertura para a expressão de ideias;

• Equilíbrio entre o trabalho, lazer e família;

• Valorização do comprometimento do trabalhador, do seu


empenho e profissão exercida.

Quando há prejuízo nessas condições, há também impactos


sobre o trabalhador e sua saúde, dentro e fora do ambiente orga-
nizacional, pois o ser humano, ao adoecer em função do trabalho,
tem danos em outras esferas de sua vida.

2.2.1.1 QVT – discussões atuais

Carvalho (2014) destaca que saúde, educação, transporte,


moradia, trabalho, lazer, vida familiar, interação social, alimentação,
atividade física, dentre outros, fazem parte dos critérios para a quali-
dade de vida. Para que um indivíduo tenha uma boa qualidade
de vida, determinadas demandas devem ser suplantadas, como
a satisfação das necessidades de segurança, estima, reconheci-
mento, autorrealização, bem-estar, acesso a bens e serviços, parti-
cipações em decisões coletivas.

67
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Isso implica envolvimento, engajamento, comprometimento


consigo mesmo, com as causas que são valorosas para o sujeito. O senti-
mento de pertencimento é extremamente importante para que haja satis-
fação com o grupo de inserção de trabalho e as tarefas desempenhadas.

Rocha (et al., 2014) estudaram os fatores psicossociais de


risco ocupacional e a saúde autopercebida dos trabalhadores do
Chile. Os autores destacam o aumento do trabalho informal na
América Latina. A baixa autopercepção de saúde dos trabalhadores
de classes sociais mais baixas – trabalhadores manuais e supervi-
sores com baixo nível de educação – é consideravelmente pior do
que das classes média e alta. No que diz respeito à saúde mental,
mais de um terço da população trabalhadora já teve algum tipo de
desordem psiquiátrica ao longo da vida e um a cada cinco indiví-
duos apresentou algum tipo de desordem nos últimos seis meses.

Os autores destacam, ainda, que diferentes estudos mostram


que os supervisores básicos, que estão subordinados aos gerentes
e possuem a atribuição de contratar, treinar, disciplinar, promover
e demitir outros trabalhadores, apresentam maior prevalência de
transtornos mentais comuns do que gerentes e outros tipos de
profissionais. Além disso, há uma relação entre fatores de risco labo-
rais e piores indicadores de saúde, assim como há uma associação
entre a classe social de um indivíduo e os fatores de risco a que
este está exposto: “trabalhadores não qualificados estão expostos
a piores condições de trabalho que as pessoas que pertencem a
outras classes sociais8” (ROCHA et al., 2014, p. 2220)

As condições de higiene e saneamento básico a que as


pessoas estão submetidas nos locais onde residem e trabalham

8. Texto original: “trabajadores no cualificados están expuestos a peores condiciones de trabajo


que las personas que pertenecen a otras clases sociales”. Tradução da própria autora.

68
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

também constituem fonte de saúde ou doença. Locais mais insalu-


bres tendem a ser fonte de adoecimento.

Além disso, a ideia de causar sofrimento a outras pessoas faz


com que os trabalhadores que lidam com demissões estejam mais
sujeitos a emoções contraditórias, que podem trazer prejuízos para
a saúde mental e qualidade de vida.

Fernandes, Lima e Araújo (2014, p. 9), em análise da saúde


dos trabalhadores da Bahia, destacam as condições econômicas
e sociais que fazem parte do contexto dos processos de adoeci-
mento, além das doenças que estão associadas a determinadas
profissões, como “os distúrbios musculoesqueléticos em trabalha-
dores da limpeza urbana, condições de saúde de delegados da
polícia civil, os sintomas vocais e absenteísmo em teleoperadores.”

A qualidade de vida no trabalho implica ações que possam


minimizar esses impactos. Uma vez que se conhecem as causas do
adoecimento, é preciso investir em estratégias que possam prevenir
sua ocorrência. Mas isso não é suficiente, pois como a saúde tem
um aspecto amplo e não significa ausência de doença, é essencial
que muitos outros fatores sejam levados em consideração, como
o ambiente, a satisfação no trabalho, as relações, a valorização
profissional, a quantidade de horas trabalhada, salários, benefícios
e táticas para a promoção da saúde.

Faragher, Cass e Cooper (2005) estudaram a relação entre


satisfação no trabalho e saúde, concluindo que há uma forte asso-
ciação entre satisfação no trabalho e problemas mentais ou psicoló-
gicos, sendo os mais encontrados: síndrome de burnout, problemas
de autoestima, depressão e ansiedade.

Pessoas que se sentem bem no trabalho, que gostam do


que fazem e exibem uma boa relação com seus pares e com a
gestão, tendem a ser mais satisfeitas com a atividade exercida e
mais saudáveis psicologicamente. Quando o contrário ocorre, ou

69
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

seja, há insatisfação, dificuldades de relacionamento e confiança,


baixa adaptação aos processos de trabalho, dentre outras ques-
tões, problemas psicológicos podem surgir e, até mesmo o senso
de capacidade/competência do indivíduo pode ser afetado.

A satisfação no trabalho não pode ser apreendida apenas


como uma responsabilidade do trabalhador, pois há muitos fatores
que a influenciam, como as relações com a equipe, as dificuldades
que se apresentam, o modelo de gestão e as exigências da ativi-
dade exercida.

Lacerda et al. (2014) analisam as relações entre trabalho e


os processos de saúde/doença, compreendidos de modo dinâ-
mico e com afinidade com o momento sócio-histórico, econômico
e cultural nos quais os trabalhadores estão envolvidos. A qualidade
de vida no trabalho precisa levar em consideração muitos aspectos
distintos, e um desses aspectos é a consciência do trabalhador dos
indicadores que estão na base dos processos de adoecimento.

Muitos profissionais apresentam dificuldades para avaliar seu


quadro de saúde e procurar ajuda necessária nos programas desti-
nados à Saúde do Trabalhador. Os profissionais de saúde, de forma
geral, também não estão capacitados para avaliar, diagnosticar e
tratar doenças relacionadas ao trabalho. Outro problema é a falta
de informação a respeito do tema. Todos esses aspectos tendem
a fazer com que não haja procura por ajuda adequada, tornando o
diagnóstico e o tratamento precários.

Quando um trabalhador adoece e os cuidados necessá-


rios não são aplicados, há uma forte tendência que ele continue a
exercer suas atividades mesmo doente, o que traz consequências
ainda piores tanto para o trabalhador quanto para a organização, que
também sofrerá com os impactos dos resultados desse adoecimento.

70
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

A informação e o diálogo parecem ser estratégias fundamen-


tais para que haja ações mais diretivas e se construa um envolvi-
mento de todos aqueles envolvidos em saúde do trabalhador:
[...] estratégias de diálogo, organização político-social e troca de
experiências de vida se apresentam como cenário significativo no
compartilhamento de cultura e saúde do trabalhador, oportunizando
crescimento coletivo e melhor qualidade de vida. (LACERDA et al.,
2014, p. 1377).

A qualidade de vida, apesar de muito difundida atualmente


pelo senso comum, não deve ser avaliada apenas em termos de
alinhamento entre saúde, alimentação, atividade física e a busca
pelo equilíbrio em diversas áreas da vida. O ambiente de trabalho e
moradia, as relações estabelecidas, o autoconceito pessoal e profis-
sional, as condições econômicas do país, o acesso aos serviços
de saúde, educação, lazer e transporte, também influenciam direta-
mente na qualidade de vida dentro e fora do trabalho.

A possibilidade do exercício da criatividade no trabalho


também é um aspecto a ser considerado, pois quando uma pessoa
é coibida de dar ideias, de inovar e se reinventar no trabalho,
cumprindo apenas procedimentos e rotinas, também pode haver
prejuízos no modo como o trabalhador se vê em relação à sua ativi-
dade, no seu senso de capacidade, satisfação e motivação, fatores
que estão relacionados à QVT.

No que tange à vida pessoal e profissional, uma pessoa


pode apresentar uma deficiência, incapacidade ou desvantagem,
conforme caracterização da OMS:
A organização Mundial da saúde, por meio da International
Classification of Impairments, Disabilities and Handicapes, traduzida
para o português como Classificação Internacional das Deficiências,
Incapacidades e Desvantagens, definiu os termos deficiência (impair-
ment), incapacidade (desability) e desvantagem (handicap) de forma
a uni-los conceitualmente. Deficiência refere-se à perda ou anormali-
dade psicológica, fisiológica ou anatômica de uma estrutura ou função;
incapacidade é qualquer restrição ou dificuldade de desempenhar
uma função decorrente de uma deficiência e desvantagem é uma

71
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

medida da consequência social da deficiência ou da incapacidade.


[...] A partir de 2001, uma nova versão dessa classificação foi oficia-
lizada pela OMS: a Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde, em aspectos positivos (funcionalidade) e
negativos (incapacidade). (FLECK et al., 2008, p. 21).

A funcionalidade e a incapacidade estão relacionadas com


as seguintes dimensões: biológica, social e ambiental. A dimensão
biológica tem relação com as limitações de atividades, a social
consiste na capacidade ou restrição da participação em atividades
e a ambiental tem relação com os elementos facilitadores ou dificul-
tadores dessa participação.

O status funcional de uma pessoa, o modo como ela opera


em relação às dimensões apontadas pode ser diferente em distintos
momentos da vida. Dessa forma, é possível conceber que uma
pessoa diagnosticada com um problema grave de saúde, veja sua
condição ora com tranquilidade, ora com angústia e sofrimento.

A qualidade de vida relacionada à saúde é um termo que tem


origem na língua inglesa (Health Related Quality of Life – HRQOL)
e tem relação com a capacidade individual para as atividades de
vida diária (AVD) levando em consideração a idade e o papel social.
Quanto mais prejuízo houver no desempenho das AVDs, pior é
qualidade de vida. Contudo, uma revisão do conceito o ampliou,
incluindo a percepção individual, a atribuição de valor ao período de
vida em função de lesões, estados funcionais, percepções e oportu-
nidades sociais relacionadas a doença, dano ou tratamento (FLECK
et al., 2008).

O estado funcional do trabalhador, dessa forma, deve ser visto


a partir da sua capacidade para lidar com os processos de trabalho
de forma saudável e da percepção da sua saúde neste contexto, pois
uma pessoa com deficiência física (PCD) pode ser mais funcional
e desempenhar melhor suas atividades do que uma pessoa com
depressão no exercício de uma mesma atividade laboral.

72
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Satisfação, felicidade e bem-estar são termos comumente


empregados ao se analisar a qualidade de vida no trabalho. “O nível
de satisfação é definido pela discrepância percebida entre as aspira-
ções e as conquistas” (FLECK et al., 2008, p. 22). Ao aspirar algo e
empregar esforços para o alcance de determinados resultados, cria-se
uma expectativa positiva em prol de se conquistar algo. Quando essa
conquista não acontece, gera no indivíduo uma frustração. Se isso
ocorre sucessivas vezes, os resultados podem ser significativamente
ruins, abalando a autoconfiança, o autoconceito no trabalho, o senso
de competência, acarretando em insatisfação no trabalho.

Já a felicidade parece estar relacionada aos sentimentos


positivos e à ausência de sentimentos negativos, sendo fundamen-
talmente uma experiência afetiva. Contudo é possível conceber que
uma pessoa que se considera feliz passe por momento de tristeza,
o que não implica em infelicidade. Assim, a felicidade é uma atri-
buição de valor emocional, muito conectada ao modo como o indi-
víduo equilibra emoções positivas e negativas (FLECK, 2008).

Por sua vez, o bem-estar, que também tem relação com as


emoções e o sentimento individual de satisfação com a vida, não
deve ser apenas visto em função da obtenção de prazer e evitação
da dor. A concretização de desejos faz parte desse contexto, mas é
o sentimento de realização pessoal e a percepção de que se é capaz
de usufruir da vida, que mais se aproxima da definição de bem-estar.

Calman (1987 apud FLECK, 2008) considera que, quando as


expectativas de um indivíduo são concretizadas por meio da expe-
riência, a qualidade de vida se torna presente. A avaliação da quali-
dade de vida só pode ser realizada pelo próprio sujeito e, em função
disso, os critérios adotados para mensuração adotam a autodes-
crição e autoavaliação quanto às dimensões da QVT.

73
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

2.3 Breve contextualização histórica do campo da saúde

Ao longo da história da humanidade a saúde teve sua concei-


tuação permeada pela doença e vice-versa. A noção de saúde e
doença passava pelas mazelas do corpo e pelos processos de
exclusão. Dos leprosários aos sanatórios, a doença era vista como
algo a ser isolado e nem sempre passível de cura. É nesse contexto
que o hospital surge como uma miscigenação de excluídos social-
mente (AMARANTE, 2007).

Algumas doenças, como a “loucura”, foram marcadas pela


visão religiosa e as mais diversas práticas eram usadas para a cura,
desde banhos frios, espancamentos, até rezas e tratamentos com
sanguessugas. Alguns tipos de intenções de cura se assemelhavam
mais a torturas.

Foucault (1972) ressalta que na Idade Média os leprosários


tinham se espalhado por toda a Europa, havendo mais de 19 mil
leprosários. No século XV, era comum a prática das naus, navios
que levavam os loucos e doentes pelo mar, de uma cidade para
outra, sem destino, fortalecendo o processo de exclusão social.
Até o meado do século XVIII, as pessoas internadas nos hospitais
eram os loucos, leprosos, mendigos, homossexuais, pessoas com
doenças venéreas, libertinos e devassos.

As condições de higiene eram precárias, bem como não


havia o investimento em mecanismos para recuperação ou trata-
mento. Não havia separação entre os tipos de doenças, e aqueles
considerados de comportamento mais grave eram acorrentados.

No final do século XVIII, as condições de saúde e doença


estavam atreladas ao saneamento das cidades, aos portos que
levavam e traziam os mais diferenciados produtos, ao comércio e
à industrialização. Na Europa, as condições de vida e trabalho se

74
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

deterioraram e muitas epidemias ocorreram. Algumas dessas epide-


mias se transformaram em pandemias e se espalharam pelo mundo.
A medicina e a política se confundiam e os espaços públicos eram
controlados buscando-se evitar novas doenças (CZERESNIA, 2003).

Nesse contexto, a preocupação do médico era a doença e não


o paciente. Buscavam-se relações de causa e efeito entre o agente
causador da doença, as alterações fisiológicas e os respectivos
sintomas. A explicação microbiológica das doenças contribuiu para
que houvesse uma interferência no curso das doenças transmissíveis.

No Brasil-Colônia, a maior preocupação era com a limpeza


do espaço público. As cidades enfrentavam sérios problemas de
doenças e epidemias em função da sujeira das ruas – o Rio de
janeiro era uma delas. A medicina tinha como foco o controle das
doenças por intermédio de ações que eram muito mais de fiscali-
zação. O porto tinha grande importância, uma vez que era o contato
com o externo e via de acesso para doenças e pestes. No final
do século XVIII, o enfoque era a recuperação do estado de saúde
dos habitantes, por isso, ao Hospital Militar e ao Leprosário foram
somados outros hospitais gerais. Os escravos recém-chegados não
deveriam ser misturados aos outros e medidas de transformação
urbana, como pavimentação de ruas, construção de estradas e
pontes tomaram relevância (GALVÃO, 2007).

Em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil,


surge a Polícia Médica (que tem início na Alemanha e já tinha se
espalhado pela Europa) para garantir a saúde pública por práticas
de higienização e fiscalização. Entre 1849 e 1889 as cidades do
Rio de Janeiro e São Paulo sofreram com a febre amarela, princi-
palmente em função da imigração. Apenas entre 1902 e 1908, com
a presença do médico sanitarista Oswaldo Cruz, algumas doenças
foram controladas pela prática da política sanitária, que intervinha
nas casas das pessoas, mesmo sem consentimento, e pela prática

75
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

de vacinação. Em 1920, foi criado o Departamento Nacional de


Saúde, que tinha como foco principal campanhas sanitárias, e em
1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública no Brasil
(GALVÃO, 2007).

A evolução dos cuidados em saúde se desenvolveu lenta-


mente, pois o que predominou até bem pouco tempo foi a visão
hospitalocêntrica, em que apenas a doença deveria ser tratada.
Com a doença instalada, procuravam-se os devidos procedimentos
de busca pelo reestabelecimento da saúde.

Diaz et al. (2010) lembram que o modelo biomédico tinha


como foco a enfermidade, entendida apenas em termos biológicos,
o que implicava a noção de que uma doença poderia ter conse-
quências psicológicas, mas, dificilmente, um problema psicológico
poderia acarretar em danos físicos. A saúde era, então, definida
pela ausência de doença.

As noções de implicação psicológica e social nos processos


de saúde-doença surgem mais tarde, com a necessidade de
compreender melhor todos os aspectos que levam ao adoeci-
mento. A visão moderna de investimento em prevenção de doenças
e promoção da saúde surgiu no período entre 1920 e 1950:
O movimento da medicina preventiva surgiu, entre o período de 1920
e 1950 na Inglaterra, EUA e Canadá, em um contexto de crítica à
medicina curativa. Este movimento propôs uma mudança da prática
médica através de reforma no ensino médico, buscando a formação
de profissionais médicos com uma nova atitude nas relações com
os órgãos de atenção à saúde; ressaltou a responsabilidade dos
médicos com a promoção da saúde e a prevenção de doenças; intro-
duziu a epidemiologia dos fatores de risco, privilegiando a estatística
como critério científico de causalidade (CZERESNIA, 2003, p. 4).

Mas é no pós-guerra que esse investimento se torna mais


claro, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a
definir a saúde como “um estado completo de bem-estar físico,

76
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

mental e social, e não meramente ausência de doença ou incapaci-


dade” (OMS, 1946 apud Almeida Filho, 2011, p. 8).

Essa nova definição coloca o foco não mais apenas no mero


tratamento de doenças, mas na prevenção delas e, principalmente
nas ações promotoras de saúde. Alguns dados históricos impor-
tantes quanto à mudança de diretriz na saúde são:
O termo promoção da saúde foi utilizado pela primeira vez por
Sigerist, historiador da medicina quando, em 1945, ele definiu quatro
funções da medicina: promoção da saúde, prevenção da doença,
restauração do doente, reabilitação; A base conceitual do movi-
mento da medicina preventiva foi sistematizada no livro de Leavell
& Clark “Medicina Preventiva”, cuja primeira edição surge em 1958.
(CZERESNIA, 2003, p. 5):

A saúde passa, então, a contemplar mais do que a ausência


de doença e a englobar diversos fatores como o trabalho, o lazer,
as condições de moradia, transporte, o cuidado com o corpo, com
a mente e as mais diversas relações sociais. O homem passa a ser
visto como um ser biopsicossocial. Começa-se, então, a pensar em
meios de ações e assistência em saúde que levem em conside-
ração o ser humano e o ambiente em que ele vive, bem como os
contextos históricos e socioculturais.

Em 1986, ocorre a I Conferência Internacional sobre


Promoção da Saúde, o que culminou na Carta de Ottawa, que
denomina promoção de saúde como “um processo de capacitação
da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e
saúde” (AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, 2011, p.
18-19). A saúde passa a ser vista sob a ótica de um conceito posi-
tivo, em que cada indivíduo é corresponsável pelas suas condições
de saúde e não apenas responsabilidade do governo ou órgãos
públicos. A noção de saúde passa a ter como foco o estilo de vida
das pessoas e a interação com o meio ambiente, com o foco em
qualidade de vida.

77
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Os arts. 196 a 200 da Constituição Federal de 1988 tratam do


assunto saúde e criam o Sistema Único de Saúde no país.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igua-
litário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recupe-
ração. (BRASIL, 1988).

A saúde no Brasil, a partir do SUS, passou por uma série de


mudanças e investimentos para que a população tivesse acesso
às ações e serviços de saúde nos três níveis de atenção: primária
(ou básica), secundária e terciária. Hoje há uma preocupação com
os investimentos na atenção básica através, principalmente, da
Estratégia da Saúde da Família, buscando proporcionar e incentivar
ações de prevenção de doenças e promoção de saúde no âmbito
das famílias nas mais diferentes regiões.

A última década tem sido crucial para o campo da saúde. O


governo é o grande responsável por realizar a assistência em saúde
pública e, com o aumento populacional, há também a necessidade de
uma reestruturação em prol do cumprimento de metas e da ampliação
da assistência por meio da adequação dos recursos humanos, dimi-
nuição de gastos, reformulação dos processos de trabalho que inclui
a utilização de novas tecnologias, diversificação e maior especiali-
zação profissional (FERNANDES; LIMA; ARAÚJO, 2014).

2.3.1 O trabalho na área da saúde

A sociedade atual se construiu com bases sólidas no mundo


do trabalho. É a atividade laboral que permite a inserção na socie-
dade por meio do salário, que permite o poder de compra, da socia-
lização, de fazer parte de um determinado grupo profissional, de
autonomia, lazer e até mesmo qualidade de vida. Contudo, é esse

78
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

mesmo trabalho que produz processos de estresse e adoecimento


por diversos fatores de influência na vida humana, como os rela-
cionamentos interpessoais, o prazer com a atividade exercida, as
condições e o ambiente de trabalho, dentre outros.

A área da saúde talvez seja um dos grandes desafios para


o trabalhador, uma vez que lidar com as mazelas e o sofrimento
humano nem sempre é fácil. Há a necessidade de atuação em
conjunto, de trocas de informações necessárias ao exercício da
assistência em saúde.

No trabalho há trocas experiências e isso faz com que cada


pessoa seja transformada a partir dessas trocas. Na saúde essa
troca se faz ainda mais necessária e propicia sentido para que o
cuidado se faça presente.
Todo trabalhador carrega consigo uma caixa de ferramentas, para fazer
o seu trabalho, que, na saúde, traduzimos pela imagem das valises
tecnológicas. Nestas valises/caixas de ferramentas, os trabalhadores,
tanto de modo individual quanto coletivo, têm suas ferramentas
máquinas (como o estetoscópio, a seringa), seus conhecimentos e
saberes tecnológicos (o seu saber-fazer clínico) e suas relações com
todos os outros (como os atos de fala) que participam da produção e
consumo do seu trabalho (MERHY; FRANCO, 2009, p. 280).

O profissional da saúde deve reunir as competências e condi-


ções necessárias para que possa exercer sua profissão com quali-
dade, uma vez que o paciente é apreendido como um consumidor
das ações e serviços de saúde. O produto oferecido é subjetivo,
uma vez que não há garantias de que uma determinada ação em
saúde trará ao paciente os resultados desejados. Por isso, há a
importância do estabelecimento em uma relação de confiança. O
investimento em formação profissional adequada ao saber técnico
e ao desenvolvimento de relações interpessoais que propiciem uma
linguagem incentivadora da coparticipação do paciente no cuidado
em saúde por intermédio dos atos de fala e de conduta, torna o
profissional de saúde valoroso para o sistema da qual ele faz parte.

79
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Quando uma pessoa procura um serviço de saúde, geral-


mente, está fragilizada e acredita que o profissional que a irá atender
ofertará o melhor serviço possível. Contudo, quando o ambiente de
trabalho não é favorável ao exercício da profissão, seja em função
da falta de estrutura física adequada, seja pela falta de disposi-
tivos para avaliação e tratamento, como instrumentos para exames,
medicamentos e insumos, por exemplo, o serviço a ser oferecido
tende a ficar muito prejudicado e o profissional de saúde pode ser
alvo de responsabilização indevida, uma vez que deseja executar
seu trabalho, mas não tem os meios para isto.

No contexto do trabalho em saúde, é importante pautar-se


pelo referente simbólico, que alude ao ato de cuidar da vida, espe-
cialmente da vida do outro, o que se constitui no cerne da questão
da produção em saúde. Dessa forma, o profissional de saúde deve
ter como objeto de trabalho as necessidades de saúde dos usuá-
rios individuais e coletivos e que se exprimem nas ações de cuidado
(MEHRY, 2009).

O ser humano participa diretamente do processo de trabalho


sendo agente dele e transforma objetos, situações ou determinadas
condições para alcançar um objetivo. A finalidade do trabalho é a
base sobre a qual se estabelecem os critérios para a realização de
uma determinada atividade de trabalho (FARIA, 2009).

As pessoas exercem sua individualidade, desejos e capaci-


dades no processo de trabalho, ou seja, há um objetivo existencial
ou subjetivo no desempenho de uma tarefa, já que as potenciali-
dades e expectativas estão diretamente envolvidas. As motivações
para se empenhar em um determinado trabalho são pessoais e um
critério de motivação pode funcionar para uma pessoa, mas não
para outra. Nas instituições a remuneração é uma das condições
de trabalho e incentivo à motivação, mas é preciso que haja uma
gama de outras condições para que o trabalho seja executado nas

80
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

instituições de saúde, inclusive as oportunidades de conhecimento


e aprimoramento.

Os eventos que ocorrem na área da saúde têm impacto


sobre os profissionais da área, uma vez que o ser humano tem a
capacidade de empatia e no cuidado com o outro também sofre
implicações. A esse respeito Faria et al. (2009) exemplificam:
Ao prestarmos assistência a uma pessoa vítima de agressão, a
nossa intervenção pretende provocar mudanças nessa pessoa
no sentido de sua recuperação. Ao mesmo tempo, esse trabalho
provoca transformações em nós mesmos. Solidarizamo-nos com a
vítima; indignamo-nos com a agressão, aprendemos cada dia com
cada situação que enfrentamos como profissional e cidadão (FARIA
et al., 2009, p. 31).

A formação de subjetividade é constante no paciente e no


profissional de saúde, pois ambos são impactados pelo trabalho
de assistência em saúde. Nesse sentido, é importante destacar que
o modo como a relação entre as partes é estabelecido e tem influ-
ência significativa na avaliação do resultado final.

Teixeira et al. (2008), ao realizarem um estudo com 279


médicos de Barbacena/MG para avaliação do seu perfil de saúde,
encontraram os seguintes resultados: profissionais com boa saúde
física e mental têm se considerado mais estressados; as mulheres
apresentaram mais alterações psíquicas que os homens; os
médicos declaram se sentir realizados profissionalmente, mas com
baixa remuneração, alta sobrecarga de trabalho e responsabilidade.

A área da saúde acarreta em muitos desafios para os traba-


lhadores, que precisam atuar diante de um ambiente muitas vezes
desfavorável, com muitas demandas e responsabilidades.

A autonomia requerida também implica possibilidade de


responsabilização civil pela prática profissional efetivada, o que
aumenta a necessidade de atenção e zelo nas ações executadas.

81
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Assim, os processos de saúde e doença no trabalho para os profis-


sionais de saúde devem ser cuidadosamente analisados pelos
gestores, para que haja investimentos adequados em prol da dimi-
nuição de riscos de adoecimento e pelos próprios trabalhadores,
que precisam desenvolver autoconsciência para o autocuidado.

2.3.2 Gestão do trabalho em saúde

O número de trabalhadores da saúde cresceu muito nas


últimas décadas no Brasil. Machado (2006) destaca alguns números
dessa mudança, que ocorreu após a implantação do Sistema único
de Saúde, com alguns movimentos específicos:

• Expansão do setor Saúde tanto no âmbito público como


no privado. De 13.133 estabelecimentos de saúde na década de 70
para 67.612, em 2002, gerando mais de dois milhões de empregos.

• Encolhimento da rede hospitalar, configurando-se, assim,


na ‘desospitalização’ do sistema, que começa a adotar a nova
orientação que prioriza a assistência ambulatorial.

• Expansão de empregos de saúde na esfera municipal. De


25.854 empregos no setor público municipal em 1976 para quase
800 mil em 2002. Enquanto empregos federais decaíram de 98.528
empregos em 1976, para 96.064 em 2002.

Houve também um crescimento do número de municípios:


no final da década de 1950 o país possuía 2.763 municípios e no
final de 2004, esse número passou saltou para 5.562. Importante
destacar que a população brasileira se tornou mais urbana nestas
últimas décadas, o que provocou uma concentração de mais de
90% de municípios com população de até 50 mil habitantes, não
havendo um crescimento sustentável e igualitário. Dessa forma, a

82
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

concentração populacional se encontra em 4,1% dos municípios


(com mais de cem mil habitantes), os quais concentram mais de
50% da população do País (Machado, 2006).

Esse aumento de municípios exigiu que a saúde pública


fosse implantada, mesmo que de forma precária, em municípios
pequenos, que nem sempre possuem os recursos suficientes para
uma saúde pública de qualidade. A falta de profissionais de saúde
em municípios pequenos é um grande problema nacional.
Além disso, a concentração maior da população em uma parcela
pequena de municípios, requer estratégias de implantação de
programas e projetos que ofertem assistência em saúde, o que
requer um maior número de unidades de saúde, profissionais e
tecnologia em todos os níveis de atenção.

Destaca-se também que a maioria da força de trabalho em


saúde é feminina, representando hoje mais de 70% de todo o contin-
gente (MACHADO, 2006). Em relação ao quantitativo de empregos
em saúde, os dados são os seguintes:
Enquanto 4% dos municípios detêm 65,7% dos empregos em
saúde, o que equivale a mais de 1,4 milhões dos dois milhões de
empregos existentes no setor, 73,8% dos municípios são responsá-
veis por somente 13,5% da parcela dos empregos de saúde do País,
sejam eles de nível superior, médio ou elementar, atuando na rede
ambulatorial ou hospitalar. (MACHADO, 2006, p. 16).

Os dados apresentados em relação à distribuição de


empregos na área da saúde suscitam a necessidade de gestão dos
trabalhadores da saúde, em função das exigências da assistência e
do tipo de tarefa desempenhada. Em função disso, é relevante que se
desenvolvam políticas que abarquem a carreira profissional, compro-
metimento das profissões de saúde com os preceitos do SUS, cursos
de saúde com critérios coerentes de qualificação do trabalho no SUS,
capacitação profissional e educação permanente em saúde.

83
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de


Secretários de Saúde (CONASS) em 2004 analisou os principais
problemas no campo de Recursos Humanos em saúde. Tal estudo
revelou que as questões referentes à estrutura das Secretarias
Estaduais de Saúde (SES) – recursos humanos, financeiros e capa-
cidade institucional – constituem o primeiro lugar entre os problemas
sinalizados pelos entrevistados, com 45% de expressão, em seguida
estão as questões referentes à gestão de pessoas, com 38%, e em
terceiro lugar está a formação e o desenvolvimento, com 17,5%.
(CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007).

A gestão do trabalho em saúde deve centrar seus esforços


no trabalhador em movimento, suas necessidades, o modo que
o profissional está inserido na unidade de saúde em que atua, a
complexidade das interações entre os profissionais, as singulari-
dades e a autonomia exigida para o exercício profissional. No Brasil
ainda há uma separação entre a gestão do trabalho e a saúde do
trabalhador, com conferências separadas e gestões distintas.

O 2º Levantamento da Organização, Estrutura e Ações


da Área de Recursos Humanos das Secretarias Estaduais de
Saúde, realizado pelo CONASS em parceria com a Organização
Pan-Americana da Saúde e a Ensp/Fiocruz, realizado em 2012 e
publicado em 2015, revela um importante e atual panorama da
situação da gestão do trabalho em Saúde. Destaca-se aqui alguns
resultados do estudo (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS
DE SAÚDE, 2015):

• Em relação ao perfil do gestor: predominância da gestão


exercida por mulheres.

• Características organizacionais: tendência à ampliação das


equipes de gestão do trabalho; existência precária de um sistema
de informação voltado para a área; pouco uso da informação para
a tomada de decisão.

84
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Principais problemas de RH: Região Norte – pouca auto-


nomia da área, inadequação de espaço físico, ausência de sistema
de informação e de valorização de recursos humanos, falta de moni-
toramento e avaliação de pessoal; Região Nordeste – falta de plane-
jamento de RH, ausência de trabalhadores qualificados em gestão
de RH, expansão acelerada sem planejamento de necessidades de
profissionais, pouca qualificação dos profissionais de saúde, dentre
outros; Região Sudeste – insuficiência de profissionais da saúde,
dificuldade de reposição dos profissionais, sobretudo médicos;
Região Sul – falta de reposição da força de trabalho e ausência de
planejamento de RH na saúde.

• Gestão do trabalho: A atuação na maioria dos estados


exclui o pensar ações na área de gestão e desenvolvimento dos
trabalhadores da saúde pública; desconhecimento das despesas
efetivadas em seu campo de ação; busca pela implantação de
propostas de avaliação de desempenho; adesão dos estados ao
programa de educação permanente.

Os dados desse levantamento mostram que a gestão do


trabalho em saúde ainda tem muitos desafios pela frente, princi-
palmente no que diz respeito à qualificação profissional em saúde,
que depende da qualidade dos cursos ofertados tanto em nível
de graduação, quanto pós-graduação e educação continuada no
exercício da função; o planejamento de RH em saúde, que implica
avaliação das necessidades de profissionais em cada unidade de
acordo com o que é exigido para atender às necessidades de saúde
da população sem sobrecarregar os trabalhadores; espaço físico,
infraestrutura, tecnologia e insumos adequados para o exercício
profissional; monitoramento dos resultados do trabalho e avaliação
de desempenho, que requer um olhar atento do gestor para a quali-
dade da assistência ofertada e não somente para o quantitativo dos
atendimentos; valorização do trabalhador da saúde, que abrange
muitos aspectos, que vão desde a possibilidade de planejamento

85
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

de carreira, quantidade de horas trabalhadas, salários e benefícios


adequados, dentre outros.

2.3.3 O trabalho em saúde mental

Amarante (2007, p. 15) analisa a saúde mental como “um


campo de conhecimento e de atuação técnica no âmbito das polí-
ticas públicas de saúde”. Consistindo em uma área que tem uma
gama de conhecimentos envolvidos, a saúde mental abriga profissio-
nais de diferentes formações que atuam de forma a criar uma rede
de suporte, apoio, prevenção, tratamento e recuperação da saúde.

O que atualmente se denomina como saúde mental tem a


história marcada pela alienação e exclusão social com início no
século XVII. A internação e isolamento das pessoas que estavam
fora dos padrões de normalidade da época era algo comum e corri-
queiro. A intenção era afastar as pessoas da sociedade para que
não pudessem perturbar a ordem pública.

Foucault (1972), ao fazer um retrospecto da história da


loucura, destaca que na maior parte das cidades da Europa existiu
ao longo da Idade Média e Renascença, locais de detenção e isola-
mento destinados aos que eram considerados insanos. A visão
de tratamento da loucura mesclava uma preocupação de cura e
exclusão que tinham como base o espaço do sagrado e do milagre.

Aqueles que eram considerados loucos eram confinados com


mendigos, leprosos, pessoas com doenças venéreas, inválidos,
dentre outros. Os considerados mais violentos eram acorrentados
e o tratamento oferecido passava por condutas disciplinadoras
e podia incluir duchas frias, sangrias e até mesmo chicotadas
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

86
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Em Vigiar e Punir, Foucault (1972), ressalta que todo conheci-


mento é contingente às formas de exercício de poder, que tem como
elemento mediador instituições sociais, dispositivos que regulam
as relações entre os modos de exercício de poder e a produção
de saberes e verdades. O controle sociocultural é, então, exercido
como meio de subordinar o sujeito a uma verdade estabelecida que
normatiza as condutas humanas.

O desafio da reforma psiquiátrica era mudar a maneira


como os doentes mentais eram tratados, através de um processo
de reeducação dos mesmos e de condutas profissionais menos
invasivas e inconvenientes. No Brasil este movimento tem início na
década de 1970 e algumas legislações foram elaboradas e apro-
vadas para que houvesse uma mudança no modelo de assistência
em saúde que era utilizado para tratamento de pessoas com trans-
tornos mentais.

Atualmente a Política de Saúde Mental no Brasil visa substituir os


serviços de longa permanência em hospitais psiquiátricos por modelos
assistenciais que promovam o cuidado ao paciente com transtorno
mental, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os
ambulatórios de saúde mental e as residências terapêuticas.

A área da saúde mental engloba uma série de atuações profis-


sionais que são interdependentes. Médicos, enfermeiros, técnicos
de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupa-
cionais e outros profissionais atuam para o tratamento do transtorno
mental e para a prevenção de doenças e promoção da saúde.

O trabalho em saúde mental é regido por um conjunto de


determinantes de ordem estrutural (as legislações e regulamen-
tações pertinentes ao SUS), particular (serviço da rede local de
atenção e a interdependência das ações de saúde) e singular (orga-
nização do serviço e a capacidade do modelo de produzir saúde).

87
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Em especial a dimensão singular é relevante na saúde mental,


pois compreende o coletivo institucional no qual estão inseridos
pacientes e trabalhadores.
A dimensão singular, o coletivo institucional é, portanto, a essência
do projeto terapêutico, é o lócus onde se inscreve a concepção de
ser humano que determina a ação de saúde oferecida para alcançar
o objetivo de produzir produtos de saúde: cuidar, ampliar o enten-
dimento e a apropriação do processo saúde-doença, melhoria da
qualidade de vida dos usuários, entre outros (SILVA, 2005, p. 442).

Os processos de saúde e doença em um hospital psiquiátrico


carregam uma história de processos de exclusão e que colocam
sobre a instituição o peso da marca do isolamento social e de um
trabalho segmentado. A medicina avançou e atualmente pode-se
compreender os transtornos mentais sob novos pontos de vista,
que incluem as questões socioambientais.

A reforma psiquiátrica foi essencial na formação de novos


profissionais de saúde que pudessem atuar em uma rede integrada
na qual o CAPS, residências terapêuticas, leitos em hospitais gerais
e os ambulatórios de saúde mental fazem parte. A internação de
longa permanência é desaconselhada e os profissionais devem estar
preparados para lidar com as demandas dos pacientes e dos fami-
liares através de estratégias que promovam a reinserção psicossocial.

Dados da saúde mental no Brasil (BRÍGIDO, 2011) retratam


que em 2011, ainda havia em funcionamento 59 hospitais psiquiá-
tricos públicos (o que equivalia a 32.735 leitos ativos) funcionando no
modelo antigo de tratamento e 160 credenciados pelos SUS, alguns
em processo de desinstitucionalização dos pacientes internados.
Do ponto de vista da ação de saúde mental, o modelo de atenção
tradicional médico-centrado e hospitalar convocava (e convoca) um
profissional subordinado à organização parcelada do trabalho insti-
tucional, originária da divisão técnica do trabalhador médico cole-
tivo e, coerentemente, afirmava (e afirma) a cura ou adaptabilidade
social como finalidade do processo de trabalho, a doença como

88
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

seu objeto de intervenção e a concepção do projeto terapêutico de


competência privativa do agente médico, subsidiado preferencial-
mente pelo trabalho dos demais agentes de saúde de nível superior,
secundarizando a percepção e o saber do portador de sofrimento
psíquico, sinalizadores de um projeto singularizado e que faz sentido
na sua particular experiência de adoecimento (SILVA, 2005, p. 442).

As mudanças em saúde mental no Brasil são fruto do esforço


dos profissionais que atuam na área, do Ministério da Saúde,
por meio de legislações e portarias implantadas, de familiares e
pacientes com transtorno mental. O contexto da nova orientação do
modelo assistencial em saúde mental requer uma rede de cuidados
que exige articulação da comunidade, dos profissionais e do poder
público para que ações sejam efetivadas. Assim, o profissional de
saúde mental é desafiado a dispor do seu saber técnico e de um
conjunto de habilidades para lidar com a diversidade e imprevisibili-
dade que a área demanda.

A IV Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada em


2010, abordou alguns temas de relevância para a área, tais como:
aumento do número de trabalhadores em saúde mental, terceiri-
zação de serviços, precarização do trabalho, carência de profissio-
nais em função de expansão dos serviços públicos sem capacitação
compatível (FERNANDES; LIMA; ARAÚJO, 2014).

Os trabalhadores de saúde mental, a partir da reestruturação


do modelo de assistência e do foco na desinstitucionalização de
paciente psiquiátricos, precisaram reformular o modo de atuação.
Nesse contexto, novos profissionais entram para atuar na área, que
requer capacitação específica, uma vez que o campo da saúde
mental é singular, apresentando demandas e atribuições muito
distintas de outras áreas da saúde.

A atuação em equipe é uma exigência desse novo modelo de


saúde mental, o que implica ter um olhar mais amplo do indivíduo

89
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

adoecido, o qual é permeado por diferentes saberes, para o qual


se leva em consideração sua história e os aspectos socioculturais
intrínsecos ao adoecer, e o qual considera o ser humano um ser
biopsicossocial, que tem ao mesmo tempo características físicas,
psíquicas e sociais.

Fernandes, Lima e Araújo (2014) destacam que os trabalha-


dores da saúde mental exercem suas funções sobre forte pressão
psicológica. Uma pesquisa realizada nos CAPS de Salvador – BA
avaliou que os trabalhadores têm uma variedade muito grande de
atribuições e papéis, com pouco tempo para realizar todas as ativi-
dades idealizadas, dificuldade de manter uma rotina relacionada ao
exercício profissional em função de intercorrências que requerem
tomada de decisão rápida, jornada dupla ou tripla de trabalho,
atenção constante em função do tipo de paciente atendido e pela
imprevisibilidade do comportamento deste, exposição constante à
violência, além da exigência, por parte da gestão, para o aumento
constante do número de atendimentos realizados.

De Marco, Cítero, Moraes e Nogueira-Martins (2008)


ressaltam que o trabalho em saúde mental vem recebendo poucos
investimentos em recursos humanos, o que tem como consequ-
ência profissionais pouco qualificados, baixos salários, dificul-
dade de substituição e reposição de pessoal, com contratações
de temporários, serviços terceirizados e trabalho voluntário. Dentro
desse contexto, os profissionais de saúde mental acabam por se
sentir sobrecarregados, estressados, tendendo a apresentar altos
níveis de estresse, sintomas depressivos e ansiosos.

As mudanças em saúde mental também passam pela quali-


ficação profissional para um trabalho especializado, que tem como
objetivo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS),
reduzir progressivamente o número de internações em hospitais
psiquiátricos, beneficiando, assim, pacientes e familiares, como
foco na reintegração do paciente à sociedade.

90
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

As políticas de saúde mental vigentes no Brasil recomendam que o


atendimento dos pacientes psiquiátricos seja efetuado por equipes
multidisciplinares, atuando na perspectiva de realização de diversas
tarefas que incluem a busca de adesão ao tratamento, o controle
da sintomatologia, a orientação familiar e comunitária, a articulação
entre os serviços assistenciais e a avaliação de programas (DE
MARCO, CÍTERO, MORAES E NOGUEIRA-MARTINS, 2008, p. 179).

Os autores destacam também que, apesar de a avaliação


dos serviços de saúde mental terem aumentado e buscarem a
qualidade, os profissionais de saúde ainda ficam em segundo plano
em relação aos pacientes e familiares nas avaliações. Tais profis-
sionais, para um bom desempenho de suas funções e resultados
satisfatórios de suas atividades, devem ter boa qualidade de vida e
satisfação no trabalho, uma vez que o tipo de trabalho, por si só, já
implica custos emocionais que podem trazer prejuízos no cuidado
de pacientes com transtornos mentais.

O estudo de De Marco, Cítero, Moraes e Nogueira-Martins


(2008, p. 179) analisou 203 profissionais de saúde mental do
Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo/
Escola Paulista de Medicina, no que tange “a relação entre carga
de trabalho em saúde mental, satisfação profissional, qualidade de
vida e presença de sintomas psiquiátricos menores”. Alguns resul-
tados encontrados merecem destaque: 15,8% dos trabalhadores
apresentaram transtorno psiquiátrico menor; baixa satisfação rela-
cionada às condições de trabalho; associação negativa entre satis-
fação profissional e o impacto no trabalho (quanto maior o impacto,
menor a satisfação); os terapeutas ocupacionais e os assistentes
sociais são o que mais sofrem em relação ao impacto emocional e
apresentam transtornos psiquiátricos menores; trabalhadores mais
antigos e com mais idade, apresentam menor impacto emocional
no trabalho, o que indica que a maturidade e a experiência facilitam
a tomada de decisão, aumentam o gerenciamento da demanda de
trabalho, evitando assim o estresse e o esgotamento emocional.

91
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Lauvrud, Nonstad e Palmstierna (2009) avaliaram a ocor-


rência de estresse pós-traumático e a relação com a qualidade de
vida profissional em trabalhadores de enfermagem de uma unidade
psiquiátrica de alta segurança forense na Noruega. Os autores
ressaltam que a violência é algo recorrente em trabalhadores de
enfermagem de saúde mental. Embora a prevalência de sintomas
de estresse pós-traumático encontrada na amostra de 100 profis-
sionais avaliados tenha sido baixa, há um alto índice de violência,
uma vez que somente no ano do estudo, 2006, foram registrados
221 casos de ameaças e violência, o equivalente a 13,8 incidentes
por leito ao ano, uma taxa considerada alta se comparada com a
frequência global de violência dirigida a estes trabalhadores nos
países europeus: 9,3 incidentes por leito ao ano.

O estudo norueguês encontrou ainda baixos índices de satis-


fação e compaixão entre os trabalhadores de enfermagem e uma
alta taxa de distanciamento emocional entre funcionários e pacientes,
que são analisados como fatores de proteção. Tal distanciamento
emocional e a baixa compaixão podem significar que há uma neces-
sidade de estabelecer limites realistas que evitem novas agressões.

Chapman et al. (2010) também realizaram um estudo sobre


a violência dirigida a profissionais de enfermagem que atuam em
saúde mental, destacando que as vítimas de violência no hospital
psiquiátrico podem, até mesmo, deixar de exercer a profissão.
Esses profissionais precisam de suporte psicológico e da gestão
para recuperação de situações de violência, superar as dificuldades
encontradas nos processos de trabalho e para encontrar significado
no exercício da sua atividade, investindo no autodomínio, autocon-
ceito e (re)adaptação.

O conflito vivido pelos profissionais que atuam com pacientes


psiquiátricos pode ter muitos níveis diferentes, dependendo da
clientela atendida, das condições de trabalho, das relações com

92
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

a equipe, gestão e pacientes e, ainda, do impacto do contexto do


trabalho em saúde mental na subjetividade do trabalhador.

Para analisar as experiências de estresse no trabalho de


enfermeiros psiquiátricos, um estudo realizado no Japão avaliou
159 profissionais do sexo feminino e 85 do sexo masculino (YADA
et al., 2014). Os resultados encontrados revelaram que em enfer-
magem psiquiátrica as mulheres tendem a investir mais tempo
na construção de relacionamento com pacientes e colegas de
trabalho, em contrapartida, também enfrentam mais assédio sexual
dos pacientes atendidos. Já os trabalhadores homens tendem
a responder a agressividade recebida e a resistir fisicamente a
cuidar de pacientes do sexo feminino, a eles são destinadas maior
agressão física e verbal.

A pesquisa japonesa detectou que as mulheres enfermeiras


da saúde mental tinham níveis de estresse significativamente mais
elevados do que os homens, bem como sofrem mais em relação
aos processos de trabalho em enfermagem psiquiátrica, fadiga e
ansiedade. Já os homens relatam maior irritabilidade em função
da atitude dos pacientes e a ansiedade e sintomas somáticos tem
relação com a habilidade em exercer a função.

Os dados das pesquisas apresentadas mostram que é preciso


investimento para estratégias de intervenções de cuidados de saúde
mental para os profissionais que atuam com transtornos psiquiátricos.

Rossi et al. (2012) realizaram um estudo em Verona, Itália,


com 260 trabalhadores de quatro unidades de saúde mental para
avaliar burnout, fadiga de compaixão e satisfação. Os dados indi-
caram que os psiquiatras e assistentes sociais apresentavam
maior índice de burnout e fadiga de compaixão, este último fator
teve níveis mais altos associados a profissionais do sexo feminino
a algum evento negativo de vida experimentado no ano anterior. A
satisfação no trabalho e na ajuda a outras pessoas parece ser maior

93
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

em trabalhadores que têm contrato de trabalho com tempo deter-


minado, ou seja, quando sabe-se exatamente a data do término do
contrato, do que em contratos com tempo indeterminado, isto é,
aqueles nos quais o indivíduo pode ser desligado de sua função a
qualquer momento.

O trabalho em saúde mental requer do profissional de saúde


resiliência, atitude resolutiva, estratégias emocionais para lidar com
as dificuldades das atividades desempenhadas junto a pacientes
psiquiátricos e, associada a isso, capacitação para o exercício profis-
sional. São muitos os desafios enfrentados por aqueles que atuam
na área. Para que haja saúde, realização e satisfação profissional
é preciso investimentos e parceria entre gestores e trabalhadores.

2.3.4 O trabalho na atenção básica – ESF9

Para a compreensão da área de saúde básica, faz-se neces-


sário atravessar um pouco a história do modelo assistencial em
saúde, no qual o enfoque era sempre curativo e dificilmente preven-
tivo. Antes da Constituição Federal de 1988, que inclui a saúde como
um direito de todos e dever do Estado, a população estava à mercê
apenas do que era conveniente para os interesses sociopolíticos e
econômicos. Pode-se citar, por exemplo, que antes da promulgação
da Constituição de 1988, apenas os trabalhadores com carteira
assinada tinham direito a atendimento em saúde garantido pelo
Estado (ROSA; LABATE, 2005).

9. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) ficou conhecida no Brasil como Programa de Saúde da
Família (PSF) e foi implantado pelo Ministério da Saúde em 1994. Atualmente recebe o nome de
ESF por não se tratar mais apenas de um programa, mas uma estratégia para reverter o modelo
assistencial, colocando o foco na atenção básica e nos processos de saúde e doença das famí-
lias atendidas. Neste trabalho ora utilizaremos o termo ESF ora PSF, como sinônimos.

94
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

A inserção do direito à saúde garantido pelo Estado na carta


magna permitiu um avanço na área da saúde e nos seus níveis de
atenção, incluindo os investimentos na atenção básica, que pode ser
definida como a base dos serviços assistenciais em saúde, sendo
considerada a porta de entrada do SUS, caracterizando-se por:
Um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo,
que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de
danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma
atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde
das coletividades. (DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA, 2012).

A Declaração de Alma – Ata, resultante da I Conferência


Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde em 1978, consistiu
em uma forte influência para que diversos países investissem em
serviços de assistência que atendessem às necessidades de saúde
da população, englobando educação em saúde, alimentação
adequada, saneamento básico, planejamento familiar, controle de
doenças endêmicas, tratamento de doenças comuns, fornecimento
de medicamentos e cuidados materno-infantis.

No Brasil, a atenção básica em saúde foi evoluindo aos


poucos passando pelas experiências de implantação dos primeiros
centros de saúde em 1924, a criação do Serviços Especial de Saúde
Pública (Sesp) em 1940, o Programa de Interiorização das Ações
de Saúde e Saneamento do Nordeste (Piass) em 1970, as Ações
Integradas de Saúde na década de 1980, até a criação do SUS e
o investimento mais efetivo em uma política de assistência primária
em saúde (MATTA; MOROSINI, 2009).

No que diz respeito ao tipo de trabalho, o profissional de


saúde pode atuar na atenção básica tradicional (ABT), que é dire-
cionada para a assistência à doença nos aspectos individuais ou
biológicos e com foco nas especialidades médicas; ou na estra-
tégia de saúde da família (ESF), com atividade centrada na atenção

95
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

à saúde das pessoas e da população orientada pelos princípios e


diretrizes do SUS com foco na prevenção de agravos e promoção
da saúde de forma ampliada (TRINDADE; PIRES, 2013).

Em 1991, o Ministério da Saúde formula o Programa de


Agentes Comunitários de Saúde (PACS), que visa a diminuição da
mortalidade infantil e materna através de um programa de visitas
domiciliares em regiões mais pobres, principalmente no Norte e
Nordeste. E foi a partir dessa experiência que as discussões em
torno da extensão do programa para as famílias brasileiras se
sobressaíram e, em 1993, em reunião convocada pelo Ministro da
Saúde, a concepção do Programa de Saúde da Família (PSF) foi
desenhada, com a averiguação da necessidade de inclusão de
outros profissionais. O PSF foi implantado efetivamente em 1994.

A atenção básica em saúde vem sendo cada vez mais valori-


zada no Brasil e a Estratégia da Saúde da Família (ESF) foi implantada
com a finalidade de atendimento focado em prevenção de doenças
e promoção de saúde de indivíduos e famílias de áreas com maior
demanda de conexões que permitam ações diretivas e informativas.
“Em dezembro de 2000, 8.604 equipes de saúde da família estavam
atuando em 2.766 municípios, que representam 56,46% dos municí-
pios brasileiros” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 2).

A ESF visa atender o “indivíduo e a família de forma integral


e contínua, desenvolvendo ações de promoção, proteção e recupe-
ração da saúde” (ROSA, 2005, p. 4). O objetivo é ter como foco a
família no seu ambiente físico e social, reorganizando, dessa forma,
o modelo de assistência em saúde e prática assistencial que tem o
hospital como espaço central.

A ESF consiste em um novo modelo de ações e assistência


em saúde, no qual não se espera o adoecimento da população,
mas buscam-se medidas de intervenção em saúde que vise agir
preventivamente em benefício do indivíduo e da família, ampliando,

96
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

assim, o foco na saúde e superando o modelo antigo que tinha um


caráter exclusivamente centrado na doença.

O trabalho das equipes é, fundamentalmente, estabelecer


vínculo com a população atendida, investindo no compromisso e
corresponsabilidade dos profissionais de saúde com a comunidade
e usuários que a unidade do PSF atende – “as equipes são respon-
sáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias,
localizadas em uma área geográfica delimitada” (NEVES; ACIOLE,
2011, p. 553).

As equipes de saúde da família têm a responsabilidade de


acompanhar no máximo 4 mil habitantes de uma determinada área
denominada adscrita. Esse acompanhamento ocorre, principal-
mente, através de visitas domiciliares, nas unidades básicas de
saúde e através da mobilização da comunidade, o que caracteriza a
ESF como porta de entrada para os serviços de saúde organizados
de forma hierárquica e regionalizada. “As equipes são compostas,
no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar
de enfermagem e 6 agentes comunitários de saúde” (FRANÇA,
2010, p. 19). Quando o gestor avalia a necessidade de uma equipe
ampliada, esta pode contar, ainda, com um dentista, um auxiliar de
consultório dentário e um técnico em higiene dental.

Muitos problemas podem ser enfrentados no trabalho na ESF,


como: excesso de burocracia, excesso de trabalho, questões rela-
cionadas à organização e distribuição do trabalho, grande número
de atendimentos, ausência de educação continuada e de incentivos
para qualificação profissional, dentre outros.

Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes de


saúde buscam criar vínculos para que as ações de saúde possam
ser desenvolvidas, estimulando a conscientização dos problemas e
a participação direta da população na resolução deles (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2001, p. 35).

97
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O agente comunitário é o elo de ligação entre a comunidade


e a equipe de saúde. Em conjunto as intervenções são realizadas
conforme as necessidades da população e a região em que a ESF
está localizada:
Um dos pontos mais fortes do Programa de Saúde da Família (PSF) é a
busca ativa: a equipe vai às casas das pessoas, vê de perto a realidade
de cada família, toma providências para evitar as doenças, atua para
curar os casos em que a doença já existe, dá orientação para garantir
uma vida melhor, com saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001, p. 35).

O trabalho da equipe não é de espera do adoecimento, mas


principalmente, de evitação do processo de adoecimento, através
de ações preventivas e de promoção de saúde. A comunidade deve
confiar nos profissionais da equipe do PSF, que atua na unidade
básica de saúde (UBS) e também vai às casas das pessoas quando
há necessidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

A resolutividade dos profissionais de saúde também é essen-


cial, pois, por intermédio de ações que buscam resolver os problemas
de forma eficaz, a equipe da ESF contribui para a desospitalização,
uma vez que os problemas de saúde são solucionados na própria
unidade de saúde ou na casa das famílias atendidas pelo programa.

O profissional de saúde que atua nesta área tem uma grande


responsabilidade com a comunidade em que atua e deve estar
apto para trabalhar em equipe e utilizar uma comunicação de fácil
acesso e interagir com as pessoas em busca das melhores ações
em saúde pública.

Em função do critério de regionalização, há a necessidade


constante de conhecimento do território de atuação, bem como
avaliação das necessidades da população e de riscos e danos que
podem ocasionar doenças, definindo estratégias e prioridades para
que os serviços prestados em saúde sejam eficazes (FARIA, 2009).

98
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Há uma interação constante entre a comunidade e a equipe


de saúde que precisa estar bem preparada para lidar com as possí-
veis dificuldades que podem surgir em decorrência do processo de
trabalho e ações em saúde.

Silva et al. (2011) ressaltam que os profissionais de saúde


vivenciam questões conflitantes relacionadas às atividades desem-
penhadas no trabalho, dentre elas estão: os usuários apresentam
dificuldades em distinguir os níveis de atenção em saúde e, conse-
quentemente, de dar continuidade às ações propostas pela ESF;
carência da população por atendimento de qualidade em saúde;
convívio dos trabalhadores com sofrimentos variados das pessoas
atendidas; dificuldade de estabelecer limites adequados para o
envolvimento com a população.
O profissional sofre impacto psíquico, devido, sobretudo, à impo-
tência e à dificuldade de ajudar a resolver os problemas que
presencia. O fato de não ser assegurado aos trabalhadores espaços
de trocas ou um suporte psicológico faz com que as angústias que
vivenciam no cotidiano permaneçam com eles, dentro ou fora da
situação de trabalho (SILVA et al., 2011, p. 444).

Essas dificuldades apresentadas requerem a criação de


espaços para reflexão, para diálogo e expressão das emoções,
com vistas à promoção de saúde e à qualidade de vida no trabalho
nas unidades da ESF.

Aguiar et al. (2009), ao analisarem a saúde do trabalhador


de enfermagem que atua na atenção primária, investigaram 17
unidades básicas de saúde de uma cidade do interior de São Paulo,
entrevistando 219 profissionais. No referido estudo, a maioria dos
trabalhadores se declarou satisfeito no trabalho, mesmo havendo
fatores estressores. Os mais citados foram: recursos inadequados,
carga emocional e relações interpessoais. Os autores ressaltam
também que muitos fatores são prejudiciais à saúde do trabalhador
de enfermagem, como exposição a longas e exaustivas jornadas
de trabalho, a emoções dos pacientes e familiares, problemas na

99
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

escala, número limitado de profissionais para as atividades exigidas


e desgaste psicoemocional.

Posteriormente, Daubermann e Tonete (2012) realizaram uma


pesquisa qualitativa sobre a qualidade de vida dos profissionais de
enfermagem que atuam na atenção básica no interior de São Paulo
e avaliaram que há conhecimento entre os trabalhadores sobre os
indicadores de qualidade de vida no trabalho e que estes encon-
tram-se satisfeitos em atuar na atenção básica, mas, apesar disso,
há fatores preponderantes que podem prejudicar a QVT, como o
processo de trabalho estabelecido, falta/inadequação de recursos
materiais, humanos e ambientais.

Teles et al. (2014) avaliaram as condições psicossociais de


trabalho e qualidade de vida de 797 trabalhadores da Atenção
Primária à Saúde de Minas Gerais e os resultados encontrados
foram: 15,4% dos profissionais de saúde apresentam qualidade de
vida ruim; aqueles que mostram um desequilíbrio entre alto esforço
realizado e baixa recompensa são os mais propensos a apresentar
qualidade de vida geral ruim; os que tem maior comprometimento
no trabalho tem mais chances de ter qualidade de vida ruim nos
fatores físico e ambiente.

O estudo de Minas Gerais concluiu que “há uma associação


entre estresse no trabalho e a qualidade de vida entre os trabalha-
dores da Atenção Primária à Saúde” (TELES et al., 2014, p. 2). Tais
profissionais estão expostos a fatores, já apresentados nesta seção,
que precisam ser levados em consideração pela gestão para que se
possa pensar em estratégias para a QVT e minimizar os impactos
na saúde, absenteísmo e satisfação no trabalho.

100
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

2.4 O trabalho em saúde pública e o impacto no autoconceito e


qualidade de vida

O interesse na saúde do trabalhador da saúde surge na


década de 1980, embora os primeiros estudos sobre a saúde do
trabalhador datem da década de 1950. O surgimento da AIDS foi
um dos temas fortemente debatidos em função da segurança dos
profissionais de saúde. O surgimento do SUS provocou grandes
mudanças no trabalho em saúde, na estruturação do sistema público
de saúde, o que requereu mudanças na legislação (REINHARDT;
FISCHER, 2009).

Uma dessas mudanças foi a Norma Regulamentadora 32


(NR-32), que trata da segurança e saúde no trabalho em serviços
de saúde e tem como finalidade constituir as diretrizes para “a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde
dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que
exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral”
(BRASIL, 1978).

A pesquisa realizada por Reinhardt e Fischer (2009) destacou


que os estudos realizados na área da saúde do trabalhador apre-
sentam dois modos de abordagem: 1) foco na prevenção de
acidentes e doenças relacionadas com as condições de trabalho e
fatores de risco laborais; 2) ênfase na promoção de saúde, os níveis
de saúde e doença, os impactos na qualidade de vida e satisfação
dos trabalhadores.

A prevenção de acidentes e doenças tem características


específicas, com um enfoque mais unidirecional, na qual ações
são desenhadas e implantadas por especialistas, como o estabe-
lecimento de uso de equipamentos de proteção individual (EPI). Já
a promoção de saúde implica a participação ativa do trabalhador

101
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

em sua saúde e qualidade de vida, o que suscita responsabilidade


consigo mesmo, autonomia e autocuidado.

Os trabalhadores estão sempre submetidos a riscos na ativi-


dade laboral e algumas áreas de atuação apresentam mais riscos
que outras. Um risco implica uma ameaça ou probabilidade de
perigo, que pode ocorrer independente da vontade dos envolvidos
em um determinado processo. Em função disso, é importante que
se possa prever quais os possíveis danos das ações humanas,
procedimentos e ocorrências no ambiente laboral.

A área da saúde expõe os profissionais a riscos muito espe-


cíficos e deve ser sempre foco de avaliações cuidadosas no que
diz respeito a parâmetros estrategicamente estabelecidos para que
se propicie qualidade de vida no trabalho sem uma visão român-
tica, conceitual ou teórica do que essa qualidade significa. O gestor
tem um papel essencial neste processo: fazer acontecer estratégias
previamente planejadas de acordo com as necessidades levantadas.
O processo de viver humano é permeado pelo risco, que pode ser
interpretado como um conceito relativamente complexo e, muitas
vezes, não percebido pelos indivíduos em todas as suas dimen-
sões de vida. Inseridos nos serviços de saúde, seja no ambiente
hospitalar ou na atenção básica, os profissionais da saúde podem
estar expostos a múltiplos e variados riscos, causados por agentes
químicos, físicos, biológicos, psicossociais e ergonômicos. [...] Para
os profissionais da saúde, a ideia da ausência de riscos está ligada
a uma noção idealizada de vida perfeita, relacionada com o conceito
de qualidade de vida em um processo dinâmico de articulação entre
comportamentos individuais e a percepção de risco, construída
coletivamente. (KOERICH et al., 2006, p. 1)

A percepção da vulnerabilidade diante da exposição a estí-


mulos e fatores é subjetiva e uma pessoa pode se comportar diferente
de outra diante de situações de risco. Assim, tanto o comportamento
humano quanto o ambiente são importantes neste contexto.

A implicação no processo de prevenção de doenças e


promoção da saúde deve ser pauta constante do trabalho em saúde

102
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

pública, para que os profissionais possam internalizar a importância


de uma conduta que evite falhas que causem prejuízos à sua saúde,
mas também, a adoção de comportamentos que gerem qualidade
de vida, através de um estilo de vida considerado saudável dentro
e fora do ambiente de trabalho. Nesse sentido, se faz necessário
o estabelecimento de uma corresponsabilização da gestão da
unidade e dos profissionais que nela atuam em prol de medidas
que beneficiem diretamente a saúde, o bem-estar, a satisfação e a
qualidade de vida do trabalhador.

Uma pesquisa realizada na Austrália por Albion, Fogarty e


Machin (2005) com 1097 trabalhadores da saúde pública revelou
que os profissionais de enfermagem que atuam em grandes hospi-
tais e na saúde mental são os que mais sofrem em níveis de angústia,
baixa satisfação no trabalho e qualidade de vida em relação aos
outros profissionais de saúde.

No que diz respeito à qualidade de vida dos profissionais


de saúde, é relevante refletir sobre as exigências requeridas para
o trabalho e o modo como esses profissionais lidam com os mais
diferentes contextos da vida laboral para que haja investimentos no
autoconceito positivo e na qualidade de vida.

Silva (2010) ressalta que os trabalhadores da saúde têm


como princípio fundamental o cuidado com o outro, o que implica
estar preparado para a execução de tarefas que podem ser consi-
deradas difíceis em função de muitos fatores, como condições
precárias de trabalho, jornadas e plantões exaustivos, sobrecarga
e condições precárias de trabalho, convívio com o sofrimento dos
pacientes e familiares.

Existem determinantes dos processos de saúde e doença


dos trabalhadores da saúde que precisam ser avaliados para que
se possa criar ações de prevenção de doenças e promoção da
saúde também para aqueles que são os executores da assistência.

103
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Estudos desenvolvidos na área de gestão do trabalho informam que


programas de promoção da saúde têm resultado em ganhos de
qualidade de vida dos trabalhadores, e por consequência, ganhos
de produtividade das empresas e/ou instituições empregadoras
de maneira geral (GRAÇA, L.1999 e BUCK CONSULTANTS e CPH
HEALTH, 2010 apud SILVA, 2010, p. 14 e 15).

Um dos objetivos da promoção da saúde é a coparticipação


dos usuários dos serviços para que estes desenvolvam autonomia
para o autocuidado no seu amplo aspecto, que envolve a vida como
um todo, desde o corpo físico, a psique, as emoções, as relações
interpessoais. O modo como as pessoas se sentem em relação a si
mesmas, seu trabalho e a sua qualidade de vida deve ser valorizado
em prol de promover as mudanças necessárias para a elevação do
nível de saúde e bem-estar.

O autocuidado não deve ser uma tarefa esporádica ou uma


ação específica para a saúde. Ele deve ser um valor tão impreg-
nado no indivíduo, que todas as suas ações estejam voltadas para a
promoção da sua saúde. Para o trabalhador da saúde, isso abrange
saber lidar com as emoções, com situações difíceis, com tomadas
de decisão rápidas, encontrar satisfação no trabalho, equilibrar a
vida profissional e pessoal.

Uma das características mais veementes do trabalho em


saúde é a autonomia profissional para a execução de tarefas,
contudo, quando o que está em jogo é o autocuidado, a qualidade
de vida, essa autonomia nem sempre é valorizada. Um termo desta-
cado por Silva (2010) é empowerment: que significa empodera-
mento. O indivíduo tem maior controle sobre sua vida, gerenciando
suas ações em prol do seu próprio bem-estar e isso envolve a auto-
estima, autoconfiança, sentimento de poder e pertença.

Dependendo do ambiente laboral, das relações com a


equipe de trabalho e com o gestor, do modelo de gestão, da forma
como o profissional lida com o estresse do dia a dia, o nível de

104
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

empoderamento pode ser influenciado – aumentar ou diminuir –


e isso pode fazer com que o trabalhador da saúde negligencie o
autocuidado e o gerenciamento de sua saúde.

Dessa forma, pode-se apreender que o autocuidado é uma


responsabilidade do trabalhador, mas há muitos outros fatores que
interferem no processo de promoção de saúde no que diz respeito
ao campo do trabalho. Neste aspecto, a gestão do trabalho também
influencia a qualidade de vida do profissional de saúde.
Os serviços de saúde, em particular, os hospitais, constituem orga-
nizações bastante peculiares, dotados de sistemas técnicos organi-
zacionais muito próprios que proporcionam aos seus trabalhadores,
sejam eles técnicos de saúde ou não, condições de trabalho, na
maior parte das vezes precárias. Assim o trabalho em ambiente
hospitalar contribui não só para a ocorrência de acidentes de
trabalho, como também para desencadear frequentes situações e/
ou problemas de saúde como stress, fadiga física e mental, aumento
da pressão arterial entre outras e sugere a necessidade de implan-
tação de programas de Promoção da Saúde. (SILVA, 2010, p. 29).

Os problemas enfrentados na saúde pública podem gerar


diversos problemas de saúde emocionais e/ou físicos para os profis-
sionais da área, uma vez que estes precisam encontrar as melhores
estratégias para atuar diante de poucos recursos, das cobranças
da comunidade, do grande número de pacientes a serem atendidos
em curto espaço de tempo.

A área da saúde pública talvez seja uma das mais desafiadoras


para o desempenho profissional. O trabalhador da saúde enfrenta
diariamente muitos obstáculos que podem prejudicar o sucesso dos
resultados planejados na execução da assistência em saúde.

Souza e Stancato (2010) destacam alguns dos problemas


relacionados ao trabalho em saúde pública: ambiente insalubre,
falta de treinamento, riscos de acidentes, experiências de emoções
negativas, pressões por resultados, sobrecarga de trabalho.

105
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Estudos internacionais e nacionais revelam como o quadro


do trabalho em saúde pública precisa de atenção para que os
profissionais possam ter qualidade de vida no trabalho e desempe-
nhar suas funções com mais segurança, saúde e satisfação.

Pedraza et al. (2011) destacam que há novas condições que


afetam o trabalho e o trabalhador, tais como: meio-ambientais, psico-
laborais, socioeconômicas e culturais. Elas podem comprometer o
desempenho, a saúde do trabalhador e ampliar os gastos com as
doenças relacionadas ao trabalho. Os autores ressaltam também
que o Instituto Mexicano del Seguro Social, que é encarregado de
garantir a saúde dos trabalhadores no México, destinou entre 2004 e
2006 mais de 11 milhões de pesos para esta pauta. A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) contabiliza que ocorrem 270 milhões
de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças do trabalho que
acarretam a morte de 2 milhões de trabalhadores por ano. O custo
financeiro em função de indenizações, dias de trabalho perdidos e
gastos médicos é de bilhões de dólares, o que equivale a 4% do
Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

A pesquisa de Pedraza (2011) sobre qualidade de vida dos


profissionais da saúde no México revelou, em uma amostra de 372
trabalhadores: insatisfação com os processos de trabalho; baixa
motivação; apoio insuficiente da gestão para a realização das
funções; gestão distanciada e pouco cooperativa; baixa possibili-
dade de progressão na carreira; baixa exposição da opinião pelos
os profissionais por medo de represálias; percepção de baixa remu-
neração e satisfação; vulnerabilidade em relação à saúde física e
emocional, com má administração do tempo livre.

Em Madrid, um estudo sobre o trabalho na Atenção Primária


em Saúde (APS) demonstrou que a percepção da qualidade de vida
é pior entre os médicos, os que apresentam pior qualidade de vida
global são os auxiliares administrativos, a equipe de enfermagem e

106
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

dentistas, com destaque para os piores resultados em motivação


intrínseca e carga de trabalho (Álvarez-Nido, SánchezGonzález e
Lorenzo-Borda, 2006). Dados revelam que os trabalhadores de saúde
da atenção básica de Madrid percebem os aspectos laborais como
negativos: sobrecarga de trabalho; baixo reconhecimento profissional;
falta de identificação com a instituição; e insatisfação no trabalho.

Outra pesquisa realizada em Madrid também na APS


(ELUSTONDO et al., 2010) detectou que há entre os profissionais
de saúde uma percepção elevada no que diz respeito à quantidade
de trabalho, à falta de tempo e o acúmulo de responsabilidades,
fatores que podem estar relacionados ao grande número de aten-
dimentos realizados. Há, ainda, uma diferença significativa entre a
expectativa dos profissionais em relação à criatividade no trabalho e
sua concretização na atividade laboral.

Diaz et al. (2010) investigaram os fatores psicossociais, moti-


vacionais e o estado de saúde de 117 profissionais de diversas orga-
nizações humanas de Andalucía, Espanha, entre os quais estão os
trabalhadores da educação, da enfermagem, auxiliares de clínica,
psicólogos e assistentes sociais. O estudo encontrou correlações
importantes entre fatores psicossociais e estado de saúde mental:
A variável que apresentou maior associação com a pontuação de
Saúde Mental foi a conciliação da vida pessoal com a atividade
profissional seguida da predisposição pessoal para o trabalho, parti-
cipação nos êxitos e fracassos dos resultados do trabalho desempe-
nhado, poder expressar facilmente as opiniões e o apoio por parte
dos superiores (DIAZ et al., 2010, p. 6).

Os resultados da pesquisa mostram que a saúde mental dos


trabalhadores tem relação com aspectos relacionados ao reconhe-
cimento, às trocas nas relações interpessoais, à possibilidade de
participar ativamente dos processos de trabalho e seus resultados,
o que tem conexão direta com o modelo de gestão implantado.

107
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Delgado et al. (2013) analisaram a saúde percebida de 500


médicos de família de Andalucía – Espanha e concluíram que as
mulheres apresentaram pior saúde psíquica que os homens. O conflito
família-trabalho tem associação com a saúde física e psíquica para
homens e mulheres e com o aumento da idade a saúde física diminui
em ambos os sexos. A saúde mental é diminuída quando há mais
horas gastas com conflito família-trabalho nos fins de semana. Os
homens pós-graduados apresentam pior saúde psíquica; contudo,
aqueles que dirigem o centro de saúde, apresentam melhora nesse
item. O estudo conclui que as características familiares e o conflito
com o trabalho, em função dessas características, desempenham
papel relevante na saúde dos médicos de família.

Médicos e profissionais de enfermagem que atuam em


emergência na Espanha foram avaliados para investigação entre
a relação do ambiente psicossocial de trabalho e a Síndrome de
Burnout10 (ESCRIBA-AGUIR; MARTIN-BAENA; PÉREZ-HOYOS,
2006). O estudo avaliou 945 trabalhadores da saúde e revelou
que a exaustão emocional é mais provável entre os expostos a
altas demandas psicológicas, baixo controle sobre o trabalho e
pouco apoio dos supervisores; que os expostos a baixo controle
do trabalho apresentam risco maior de baixa realização pessoal;
que a presença de fatores de riscos psicossociais no ambiente de
trabalho aumenta a probabilidade de surgimento da síndrome de
burnout, principalmente, de exaustão emocional.

Brooks e Anderson (2005) destacam em pesquisa sobre a


qualidade de vida de enfermeiros nos Estados Unidos que a carga
de trabalho, abuso verbal, segurança, disponibilidade de tecnologia
e equipamentos, educação continuada e respeito são fatores que

10. A Síndrome de Burnout “é um transtorno adaptativo crônico que acomete trabalhadores e


caracteriza-se por três expressões de sofrimento psíquico: cansaço emocional, despersonali-
zação e baixa realização pessoal” (MOREIRA et al, 2009, p. 1).

108
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

influenciam o modo como esses profissionais lidam com o trabalho


e têm impacto na saúde.

No Canadá, um estudo sobre qualidade de vida no trabalho


em organizações de cuidados em saúde, realizado por Cole et al.
(2005), mostra que os indicadores de qualidade de vida ainda são
considerados novos para os recursos humanos em saúde. Os indi-
cadores de perigos biomecânicos e psicossociais foram os menos
apontados, apesar de serem causas importantes de morbidade em
trabalhadores da saúde. Mas, é a partir dos indicadores de qualidade
de vida no trabalho que se pode planejar estrategicamente e avaliar
os métodos de prevenção de doenças e promoção da saúde.

A pesquisa de Dargahi, Changizi e Guarabagh (2012), reali-


zada em Tehran, Irã, com trabalhadores de radiologia de quinze
hospitais, revelou que a maioria dos trabalhadores está insatisfeito
ou muito insatisfeito com a falta de segurança no trabalho; 76%
dos trabalhadores estão insatisfeitos com a falta de participação
na tomada de decisão organizacional; 72% demonstram-se insatis-
feitos com o ambiente de trabalho, possibilidades de carreira, esta-
bilidade no emprego; e a maioria dos profissionais relatou grande
insatisfação com salários, benefícios e saúde ocupacional.

Muntaner et al. (2006) ressaltam que as condições de


trabalho consistem em um determinante importante do bem-estar
e podem implicar transtornos mentais e psicológicos que têm
consequências importantes para a qualidade de vida, a produtivi-
dade do trabalhador e custos dos cuidados de saúde. Ao investigar
as condições de trabalho e seus impactos na saúde dos profis-
sionais de enfermagem dos Estados Unidos (EUA), analisou 868
trabalhadores e encontrou os seguintes resultados: 60% são mal
remunerados, as condições de trabalho tendem a ser perigosas e
desgastantes, trabalhadores com baixos salários e que atuam em
periferias tendem a ter mais problemas de saúde mental.

109
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Kheiraoui et al. (2012) analisam a qualidade de vida dos


profissionais de saúde da Itália, destacando que:
É importante compreender as características específicas dos profis-
sionais de saúde e explorar a relação do nível de carga de trabalho
com parâmetros de qualidade de vida e aspectos psicossociais do
seu trabalho. Estes dados poderiam ser usados para otimizar o uso
de medidas de apoio e de intervenção e ajudar a reduzir os efeitos
negativos sobre suas vidas. Minimizando a carga sobre o pessoal
de saúde será possivelmente, melhorar a qualidade de vida e resul-
tados médicos de seus pacientes, bem como a relação com sua
vida privada11 (KHEIRAOUI et al., 2012, p. 625).

O estudo italiano analisou a qualidade de vida de 324 profis-


sionais de saúde de dez regiões diferentes da Itália e os resultados
revelaram que: os trabalhadores com mais de 15 anos de carreira
obtiveram um escore geral de saúde menor do que aqueles com uma
carreira mais curta; as pontuações mais elevadas no quesito saúde
mental foram daqueles que investiam mais tempo em atividades de
socialização; o aumento da idade está positivamente relacionado
com os níveis emocionais e inversamente relacionado com a saúde
geral e física; e dentre os profissionais de saúde, os trabalhadores da
enfermagem são os que apresentam menor qualidade de vida.

Pesquisadores do Japão (TAKAKI, TANIGUCHI, FUJII, 2014)


avaliaram trabalhadores da saúde de 272 unidades, totalizando
2.468 profissionais, para investigar o senso de contribuição no
trabalho. Os resultados apontaram que: há correlações positivas
entre o senso de contribuição no trabalho, a autoestima relacionada
ao trabalho e engajamento na função em ambos os sexos; as pontu-
ações foram inversamente associadas com sofrimento psíquico e

11. Texto original: “It is important to understand the specific characteristics of healthcare personnel,
and explore the relationship of their level of job burden with quality of life parameters and psycho-
social aspects of their work. This could be used to optimize the use of support and interventional
measures, and help to reduce negative effects on their lives. Minimizing the burden on healthcare
personnel will possibly improve the quality of life and medical outcomes of their patients, and the
relationship with their private life.” Tradução da própria autora.

110
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

distúrbios do sono, ou seja, o senso de contribuição no trabalho


diminui à medida que há sofrimento psíquico e alterações do sono;
e há associações significativas com a autoestima, o engajamento
na função, relação esforço-recompensa, assédio moral no trabalho,
turno trabalhado, sentimento de justiça nas relações interpessoais
e status no trabalho.

O estudo japonês também destaca a relação do senso de


contribuição no trabalho com a organização baseada na autoestima
Organization-based self-esteem (OBSE12), que se refere à empresa
que promove a elevada autoestima dos profissionais que nela
atuam, valorizando seus trabalhadores, demonstrando a eles sua
importância, estabelecendo vínculo de confiança, com uma gestão
voltada para o desenvolvimento e crescimento na organização.

Acerca do conceito de OBSE:


Pierce, Gardner, Cummings e Dunham (1989), promovendo para-
digma de Korman, introduziram o conceito de organização baseada
em auto-estima (OBSE), e o constructo tem atraído atenção
considerável desde então. [...] OBSE constitui o grau em que os
trabalhadores consideram-se competentes e valiosos dentro das
organizações em que atuam. (ELLOY; PATIL, 2012, p. 283).

Organizações baseadas na autoestima buscam promover um


ambiente no qual os trabalhadores tenham satisfação no exercício de
suas funções, com vínculos saudáveis com gestores e colegas de
trabalho, para que eles possam sentir-se valorizados e reconhecidos
em suas atividades, incentivando o autoconceito positivo no trabalho.

Grimaldo e Bossio (2015), ao investigarem a qualidade de


vida de 198 profissionais de saúde de Lima, Peru, encontraram

12. Texto original: “Pierce, Gardner, Cummings, and Dunham (1989), furthering Korman’s para-
digm, introduced the concept of organization-based self-esteem (OBSE), and the construct has
attracted considerable attention ever since. [...] OBSE constitutes the degree to which employees
deem themselves competent and valuable within their organizations.” (ELLOY & PATIL, 2012, p.
283). Tradução da própria autora.

111
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

correlação entre o sono e a qualidade de vida como influência para


o desempenho laboral, destacando irritabilidade, dificuldade de
concentração e diminuição produtiva. A privação do sono noturno
também acarreta efeitos nocivos para a saúde do trabalhadores que
exercem suas atividades por plantões.

Na contramão de muitos estudos que revelam dados contun-


dentes de que os trabalhadores da saúde ao redor do mundo vêm
enfrentando problemas relacionados à qualidade de vida, a China
se destaca com resultados positivos.

Chien et al. (2011) analisaram dados de 1.644 profissionais


de saúde do Hospital de Taiwan para avaliar a tensão no trabalho
através da investigação dos riscos ocupacionais e estresse no
trabalho. A análise detectou que a taxa de prevalência de trabalha-
dores com alta tensão no trabalho foi de 16,5% no hospital chinês.
Isso demonstra que a China vem investindo em prevenção de riscos,
pois os dados demonstram, segundo os autores, que os trabalha-
dores estão satisfeitos com o trabalho desempenhado.

Lamy et al. (2014) investigou o ambiente hospitalar da França


nos níveis psicossociais e organizacionais para avaliar a relação de
restrições biomecânicas com a dor no ombro em profissionais de
saúde. Ao todo, 1.896 trabalhadores foram analisados e os resul-
tados encontrados foram: unidades com problemas de falta de
pessoal, relações de trabalho empobrecidas, menor nível de segu-
rança no trabalho percebida e estabilidade no emprego – tiveram
níveis mais elevados de restrições biomecânicas em movimentos
e posturas. O estudo mostra que as características organizacionais
da unidade de saúde podem impactar doenças músculo-esquelé-
ticas, bem como outras doenças e a qualidade de vida no trabalho.

Chan, Chan, Kee (2012) avaliaram a saúde de trabalha-


dores de sete hospitais públicos de Singapura e ressaltam que os

112
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

profissionais de saúde estão expostos a vários incidentes e crises


relacionadas à atividade laboral, o que torna a resiliência um fator
de relevância para o exercício profissional e sua saúde mental. Os
resultados encontrados no estudo revelam que mais de 70% dos
funcionários dos hospitais já vivenciaram agressão ou violência por
parte de pacientes e/ou familiares, 1/3 dos trabalhadores já expe-
rimentou algum tipo de crise pessoal/profissional significativa com
foco no relacionamento interpessoal, aqueles que tinham formação
em saúde mental se mostraram mais resistentes e resilientes,
lidando melhor com questões relacionadas à morte de pacientes e
agressão ou violência no trabalho.

O destaque do estudo de Singapura é a indicação de que


os hospitais deveriam considerar o investimento em capacitação
para gerenciamento de crises e na formação em saúde mental dos
profissionais, visando o aprimoramento da resiliência nas mais dife-
rentes situações em que estes estão submetidos no exercício de
suas atividades.

Pesquisadores da Lituânia, Europa, analisaram a saúde


mental e a satisfação no trabalho dos profissionais dentistas e
descobriram que a maioria dos entrevistados relatou estar satis-
feitos com seu trabalho, mas, apesar disso, a autopercepção de
falta de autoestima, solidão e depressão teve um impacto nega-
tivo no nível de satisfação profissional. No que diz respeito à saúde
mental, o nervosismo e burnout foram os sintomas mais relatados.
O aumento das horas trabalhadas indica maior probabilidade de
risco de esgotamento, ansiedade e solidão (PURIENE et al., 2008).

Os estudos internacionais mostram que o trabalho na área


de saúde exerce um forte impacto no autoconceito e a qualidade
de vida dos profissionais, mesmo que a percepção disso seja falha
tanto pelos trabalhadores quanto pela gestão. Os estudos nacionais
também avaliam tais impactos, como se expõem a seguir.

113
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Souza e Stancato (2010), ao realizarem uma pesquisa acerca


qualidade de vida de profissionais de saúde do Hospital das Clínicas
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destacam os
problemas enfrentados pela unidade, dentre os quais estão: prin-
cípios da humanização não aplicados nos processos de trabalho;
ausência de gerenciamento dos custos, racionalização de recursos
e otimização de resultados; falta de políticas de recursos humanos;
ausência de financiamento adequado e suficiente; a disparidade
entre a demanda e o financiamento do SUS. A pesquisa detectou
que o físico foi item mais pontuado e os principais problemas
detectados entre os profissionais de saúde foram: dores lombares,
ansiedade, depressão, hipertensão arterial sistêmica, problemas
cardiovasculares, artrite ou reumatismo e diabetes.

Esse quadro geral não é uma exclusividade localizada. O


Brasil vem enfrentando dificuldades nos investimentos adequados
em saúde para que a população atendida possa ter uma assis-
tência de qualidade. Os problemas de gestão em saúde pública
também são recorrentes e o impacto disso tem consequências para
os trabalhadores.

Um estudo sobre absenteísmo do servidor público revelou que


75,25% dos servidores já tinham se afastado do trabalho por doença
e as principais causas encontradas foram doenças respiratórias e
depressão (ANDRADE; SOUSA; MINAYO, 2009 apud SILVA, 2010).

Outro estudo realizado em hospital público destaca a preva-


lência de transtornos mentais comuns (TMC) em profissionais de
enfermagem devido ao estresse relacionado ao trabalho sobretudo
aqueles com alta carga horária semanal - acima de 60 horas (SILVA,
2009 apud SILVA, 2010).

A pesquisa de Costa conclui que o estresse ocupacional


contribui para o surgimento da hipertensão arterial (2007, apud
SILVA, 2010).

114
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Silva (2010), em sua pesquisa no Hospital Antônio Pedro


– Niterói/RJ, destaca a implantação em 2004 do Programa de
Qualidade de Vida do Servidor (PQVS), ressaltando que o programa
surge a partir das discussões sobre álcool e drogas e é relevante para
promoção de saúde e promoção da autonomia e do autocuidado.

Oliveira (2008), em pesquisa realizada em seis hospitais


públicos do Rio Grande do Norte, analisou os níveis de saúde
psíquica e estresse dos profissionais, entre os quais 54,7% apresen-
taram estresse psíquico. Os profissionais mais afetados são os enfer-
meiros, seguidos de nutricionistas, médicos e assistentes sociais.

Santana et al. (2013) realizaram um estudo em Curitiba/PR,


Brasil, e, ao avaliar as cargas e desgastes de trabalho vivenciados
entre os trabalhadores de saúde de um hospital de ensino, encon-
traram os seguintes resultados que implicam agravos à saúde: a
mulheres são mais acometidas que os homens; os profissionais
mais afetados foram os auxiliares de enfermagem; o maior número
de afastamentos ocorreu por doenças do sistema osteoarticular.
No referido hospital atuam 1.497 trabalhadores, dos quais 407 são
da área de enfermagem. Foram registrados 128 casos de adoeci-
mento relacionados ao trabalho no ano de 2009, o que representa
um número significativo.

Mininel, Baptista e Felli (2011) estudaram as cargas psíquicas


e os desgastes gerados em trabalhadores de enfermagem de cinco
hospitais universitários brasileiros e chegaram aos seguintes resul-
tados: os trabalhadores de enfermagem estão expostos a cargas
psíquicas e desgastes decorrentes deste tipo de carga, como
estresse, fadiga, gastrite e cefaleia, o que compromete a saúde e a
qualidade de vida.

Um estudo sobre a qualidade de vida de médicos e


enfermeiros intensivistas pediátricos e neonatais avaliou que estes

115
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

profissionais apresentam qualidade de vida baixa se comparados


com pacientes com dores e outros tipos de profissionais (FOGAÇA;
CARVALHO; NOGUEIRA-MARTINS, 2009).

Carvalho (et al., 2014), em sua investigação sobre a quali-


dade de vida dos profissionais de enfermagem que atuam em
centro cirúrgico de Campo Morão/PR, apontou que a categoria dos
auxiliares de enfermagem são os que apresentam piores resultados
no quesito avaliado.

O artigo Saúde do trabalhador de saúde: análise das


pesquisas sobre o tema (ALMEIDA; DAMASCENO; ARAÚJO, 2005)
também investiga questões relacionadas à saúde dos profissionais
de enfermagem, considerando importante que a área da saúde do
trabalhador não se restrinja apenas a identificar e prevenir doenças,
voltando suas estratégias também para o impacto do trabalho no
cotidiano dos profissionais de saúde. Isso requer um espectro
mais apurado da sociedade e seu momento atual, da cultura
organizacional da unidade de saúde, das características de vida
do trabalhador, do nível de conhecimento dos trabalhadores de
saúde acerca dos riscos ocupacionais, além de uma análise dos
aspectos a que estes profissionais estão submetidos, como condi-
ções físicas, psicológicas, organizacionais e sociais que, de alguma
forma, repercutem na qualidade de vida no trabalho.

Secco et al. (2010) investigaram cargas psíquicas e desgaste


dos trabalhadores de enfermagem do Hospital de Ensino do Paraná:
Os achados evidenciaram que as cargas psíquicas relacionam-se à
penosidade inerente à atividade, pelo convívio com a dor e a morte;
ainda, a história de vida e as dificuldades socioeconômicas do pessoal
têm contribuído para potencializar as cargas psíquicas. Ações preven-
tivas e assistenciais à saúde física e mental do pessoal de enfermagem
são absolutamente necessárias. (SECCO et al., 2014, p. 1).

Até mesmo em função de constituírem o maior número


de trabalhadores das unidades de saúde, os profissionais de

116
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

enfermagem parecem ser os mais impactados pelas adversidades


do trabalho, embora, todos aqueles que atuam em saúde pública
sofram as pressões características do exercício de suas funções e
do processo de trabalho.

Rotenberg, Silva-Costa e Griep (2014) investigaram a asso-


ciação entre trabalho e saúde mental a partir de uma perspectiva de
gênero e da combinação de fatores domésticos, estresse psicos-
social e outros. A pesquisa detectou que a combinação de trabalho
doméstico com longas horas de atividade laboral noturna é signi-
ficativamente associada com transtornos psiquiátricos menores; e
longas horas de trabalho doméstico associadas com baixo índice
de percepção de esforço-recompensa tem relação com menor
saúde mental. Os autores destacam a importância da saúde mental
como um fator da qualidade de vida e saúde no trabalho.

O Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro, realizou um


estudo com profissionais de saúde e constatou que 60% tinham
dupla ou tripla jornada de trabalho, chegando a carga horária
acima de 60 horas, com estilo de vida considerado não saudável.
O trabalho em saúde pública apresenta riscos ocupacionais, como:
ritmo acelerado, manutenção de posturas inadequadas, possibili-
dade de fadiga por esforço físico, excesso de ruído, e exposição
a riscos de infecção. O estudo revelou ainda que distúrbios osteo-
musculares, varizes e estresse são algumas doenças relacionadas
à atividade na área. “Os problemas de saúde e as condições de
trabalho estão inter-relacionados e é impossível isolar causa e
efeito. Trata-se, portanto, de um ambiente estressante.” (SAVOLDI,
2004 apud SOUZA; STANCATO, 2010, p. 156).

A saúde pública brasileira enfrentou uma das suas piores


crises no ano de 2015. A mídia noticiou em larga escala o atraso
e até mesmo falta de pagamento aos profissionais de saúde, hospi-
tais atendendo apenas situações de emergência grave, falta de
insumos para a realização do trabalho, dentre outros problemas:

117
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro


(Cremerj) e outras entidades do setor de saúde denunciaram o que
chamaram de a pior crise na saúde pública já vivida no estado.
Segundo o presidente do Cremerj, Pablo Vázquez, o conselho tem
recebido diversas denúncias de redução de leitos, fechamento de
emergências, falta de insumo e falta de pagamento a profissio-
nais, que estão passando dificuldade inclusive para comparecer
ao trabalho. [...] Os profissionais relataram “situação gravíssima”
em pelo menos 28 unidades de saúde, sendo 17 hospitais e 11
Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). (NITAHARA, 2015)

O Estado do Rio de Janeiro foi um dos mais afetados pela


crise, mas não foi o único. O Ceará também protagonizou um
cenário negativo: falta de itens básicos, como luvas, seringas e
clorexidina (para higienizar as mãos); pacientes atendidos direta-
mente no chão dos hospitais; cirurgias canceladas por falta de fios
para suturar cortes; falta de tubos para entubar os bebês nas UTIs
neonatais. (BRITTO, 2015).

Em Pernambuco houve fechamento de leitos, desativação


de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e suspensão de plantões
noturnos nos hospitais do Estado, fornecedores chegaram a ter três
meses de atraso nos pagamentos, o que acarretou na suspensão
da entrega de material hospitalar. (CRISE..., 2015).

No Rio Grande do Sul os atrasos no pagamento de médicos


que atuam em hospitais em diversos municípios provocaram
redução ou restrições no atendimento (SINDICATO MÉDICO DO
RIO GRANDE DO SUL, 2015). Já em Brasília, a falta de medica-
mentos, de pagamentos a fornecedores, de insumos, hospitais com
equipamentos quebrados e infraestrutura inadequada, formaram o
quadro da crise. (AUGUSTO, 2015).

Esse cenário da saúde pública brasileira ainda é muito grave,


embora, alguns municípios se saiam melhor do que outros em
função da gestão comprometida, dos investimentos adequados e
bem direcionados.

118
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Diante dos fatos, os profissionais de saúde precisam traba-


lhar com recursos escassos e estão submetidos a situações que
podem ter impacto no autoconceito e na qualidade de vida.

119
3. METODOLOGIA

3.1 Tipo de Estudo

Consiste em uma pesquisa de finalidade aplicada, caracteri-


zando-se por ser um estudo transversal, de caráter quantitativo, com
alcance correlacional, realizado por meio de pesquisa de campo,
com levantamento por intermédio da utilização de um instrumento
validado (CICONELLI et al.,1999) para a avaliação da qualidade de
vida – Short form health survey (SF-36) – e de um questionário para
a autoavaliação da percepção da autoestima. Foi solicitado, ainda,
que cada participante preenchesse um questionário sociodemo-
gráfico do profissional de saúde. O item 3.9 trata dos materiais e
métodos para a coleta de dados, esclarecendo-os.

De acordo com Gil (2010), a pesquisa aplicada é voltada para


a aquisição de conhecimentos objetivando uma aplicabilidade em
um contexto ou circunstância específica.

Bordalo (2006, p. 1) destaca que a pesquisa transversal


caracteriza-se por um estudo no qual “fator e efeito são observados
num mesmo momento histórico e, atualmente, tem sido o mais
empregado”. Os instrumentos são aplicados em uma determinada
amostra ou população em um mesmo dado momento, não havendo
acompanhamento dos indivíduos durante um período de tempo.
Estudos transversais são comumente utilizados para descrever
características de grupos em relação a variáveis determinadas e
previamente selecionadas.

A pesquisa quantitativa, segundo Sampiere, Collado e


Lucio (2013), consiste em um conjunto de processos que visam
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

comprovar determinadas hipóteses, pressupondo coleta de dados


e análise estatística a partir de objetivos e de pergunta(s) previa-
mente formulados.
O enfoque quantitativo utiliza a coleta de dados para testar hipó-
teses, baseando-se na medição numérica e na análise estatística
para estabelecer padrões e comprovar teorias. [...] Parte de uma
ideia que vamos delimitando e, uma vez definida, extraímos obje-
tivos e perguntas de pesquisa, revisamos a literatura e construímos
um marco ou perspectiva teórica. Das perguntas, formulamos as
hipóteses e determinamos as variáveis; desenvolvemos um plano
para testá-las (desenho); medimos as variáveis em um determinado
contexto; analisamos as medições obtidas (geralmente utilizando
métodos estatísticos) e estabelecemos uma série de conclusões em
relação às hipóteses (SAMPIERE, COLLADO E LUCIO, 2013, p. 30)

O estudo de alcance correlacional tem a finalidade de analisar


a associação entre determinadas variáveis ou categorias diante de
padrões para um grupo ou população. “Esse tipo de estudo tem
como finalidade conhecer a relação ou o grau de associação existente
entre dois ou mais conceitos, categorias ou variáveis em um contexto
específico” (SAMPIERE, COLLADO E LUCIO, 2013, p. 103). Avalia-se,
então, o grau de associação entre as variáveis previamente selecio-
nadas, medindo‑as, quantificando-as e averiguando o vínculo exis-
tente entre elas, conforme a(s) hipótese(s) formuladas na pesquisa.

A pesquisa de campo consiste na busca direta pela infor-


mação junto à população investigada, exigindo do pesquisador
estar junto às pessoas no espaço onde o fenômeno acontece para
que seja possível reunir dados e informações que possam ser docu-
mentadas e posteriormente analisadas. (PIANA, 2009).

A técnica de levantamento, segundo Gil (2010, p. 35) caracte-


riza-se “pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento
se deseja conhecer”. A partir da investigação de um determinado
problema de pesquisa formulado, adota-se um instrumento padro-
nizado ou elabora-se algum tipo de questionário para solicitar infor-
mações específicas do grupo de pessoas ou população estudada.

121
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

3.2 Aspectos éticos

Esta pesquisa observou os aspectos éticos de acordo com


a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho
Nacional de Saúde (CNS), contando com a autorização da coor-
denação do Hospital Colônia e da Estratégia de Saúde da Família
para a realização do estudo e com a assinatura de todos os partici-
pantes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que
se encontra no ANEXO A, antes do início da coleta de dados. Foi
assegurado aos participantes, dentre outros direitos, o sigilo total
sobre os dados individuais coletados, além do direito da desistência
em participar da pesquisa a qualquer tempo sem prejuízos.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Investigação da


Universidad Americana, sendo apresentado à Plataforma Brasil
antes do início da pesquisa e aprovado pelo CEP Hospital Naval
Marcílio Dias, através de parecer consubstanciado com data de
relatoria em 10/06/2014, sob número de parecer 684.500 e CAAE
31984214.1.0000.5256.

3.3 Delimitação do estudo

Este estudo se propôs a comparar os níveis de autoes-


tima e qualidade de vida dos profissionais de saúde do HC e ESF,
avaliando a correlação entre autoestima e dimensões qualidade de
vida como proposta pelo SF-36v2.

3.4 Autorização do estudo

Os coordenadores do Hospital Colônia e da Estratégia de


Saúde da Família de Rio Bonito/RJ/BR assinaram, cada um, uma
carta de aval autorizando a realização da pesquisa nas referidas

122
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

unidades. O estudo foi autorizado pelo CEP Hospital Naval Marcílio


Dias, em junho de 2014, antes do início da pesquisa.

3.5 Local do estudo

A pesquisa foi realizada com entrevistas a 100 profissionais da


área de saúde, sendo 50 profissionais de saúde mental do Hospital
Colônia e 50 profissionais de saúde das unidades de Estratégia de
Saúde da Família (ESF) do Município de Rio Bonito-RJ, localizado
na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro e que conta
com uma população de aproximadamente 55 mil habitantes (IBGE,
2010) e possui uma extensão territorial de 456.455 km².

A Figura 3 mostra o mapa do Rio de Janeiro dividido por


regiões e microrregiões de saúde. O município de Rio Bonito faz
parte da Região Metropolitana 2 e está assinalado no mapa com
um círculo. Já a Figura 4 mostra o mapa do município de Rio Bonito.
Figura 3 – Mapa do Estado do Rio de Janeiro – Saúde

REGIÕES E MICRORREGIÕES DE SAÚDE

NOROESTE
NORTE
SERRANA
BAIXADA LITORÂNEA
METROPOLITANA 2
CENTRO-SUL
METROPOLITANA 1
MÉDIO PARAÍBA
BAÍA DA ILHA GRANDE

Fonte: Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (2016).


123
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Figura 4 – Mapa do Município de Rio Bonito-RJ

Fonte: Rio Bonito (2015).

O Hospital Colônia (HC) de Rio Bonito fica localizado na


Rodovia BR101, Km 51, e atende a pessoas de todo o Estado. Até
2010, o hospital era particular e enfrentou problemas quanto ao
modelo de institucionalização dos pacientes; contudo, a partir deste
ano, uma equipe de gestão voltada para o processo de desinstitu-
cionalização assumiu o hospital, que conta hoje com mais de 100
profissionais para cuidar dos 157 pacientes internados.

A unidade HC consiste em um hospital privado com convênio


com o SUS, hoje sob intervenção municipal. O Hospital Colônia não
pertence à estrutura do município de Rio Bonito. Ele está sob uma
ação judicial onde o município foi obrigado a assumir a gestão em
ação conjunta com o Ministério da Saúde e o Estado.

Já o Programa de Saúde da Família do Município conta com


17 unidades cadastradas e implantadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

124
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

2012) e aproximadamente 90 profissionais (dos quais 50 foram


entrevistados, uma vez que os Agentes Comunitários de Saúde
(ACS), por não terem formação específica na área, não fizeram parte
dessa pesquisa e, ainda, levando em consideração os critérios de
exclusão). O programa faz parte da atenção primária em saúde do
Município, que conta com aproximadamente 14.072 famílias cadas-
tradas (DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE DO BRASIL, 2013). Em 2012, Rio Bonito possuía apro-
ximadamente 91,07% de sua população coberta pela Estratégia de
Saúde da Família (SISTEMA DE PACTUAÇÃO PELA SAÚDE, 2012
apud RIO BONITO, 2013). Dados do Ministério da Saúde (2012)
revelam que em 2014 essa cobertura contemplava 100% da popu-
lação estimada.

3.6 População e amostra

A pesquisa foi realizada com todos os profissionais de saúde


que concordaram em participar da mesma abrangendo todos
os trabalhadores de saúde de nível superior e técnico dos locais
envolvidos na pesquisa, sendo 50 profissionais de saúde mental
do Hospital Colônia e 50 profissionais de saúde das unidades de
Estratégia da Saúde da Família (ESF) do Município de Rio Bonito-RJ,
totalizando 100 profissionais de saúde ao final da pesquisa.

3.7 Critérios de inclusão e exclusão

Consistiram em critérios de inclusão: todos os profissionais de


saúde que têm formação acadêmica em nível técnico e/ou superior
foram convidados para participar da pesquisa. No Hospital Colônia,
esse público inclui médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,

125
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

psicólogos, assistentes sociais, nutricionista que assinaram o Termo


de Consentimento Livre e Esclarecido, preenchendo devidamente
o questionário sociodemográfico do profissional de saúde e os
questionários para a avaliação da qualidade de vida SF-36 e para
autoavaliação da autoestima, utilizados durante o período do levan-
tamento de dados.

Nas dezessete unidades de ESF foram convidados a parti-


cipar da pesquisa os seguintes profissionais de saúde: médico,
enfermeiro, técnico de enfermagem, dentista e auxiliar de consultório
dentário. E os critérios de inclusão foram os mesmos do Hospital
Colônia em termos de assinatura do TCLE, questionário sociodemo-
gráfico do profissional de saúde e os demais questionários.

Consistiram em critérios de exclusão: agentes comunitá-


rios, por não possuírem formação específica para a área da saúde,
profissionais com cargos administrativos e os profissionais de saúde
mental do Hospital Colônia e do PSF do Município de Rio Bonito-RJ
que se recusaram a participar da pesquisa e não assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; os que estavam de
férias durante o período da coleta de dados; e os que não preen-
cheram adequadamente os questionários utilizados. No ques-
tionário sociodemográfico do profissional de saúde foi incluída
uma pergunta para identificação de possíveis doenças e utilização
de medicamentos que também serviu de base para examinar se
algum profissional apresentava problemas relacionados à saúde
mental, o que caso ocorresse, também seria adotado como critério
de exclusão para não contaminar a população estudada, contudo
nenhum profissional relatou tal problema.

126
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

3.8 Procedimentos para a coleta de dados

Os profissionais do HC e ESF de Rio Bonito/RJ foram abor-


dados durante a entrada, período de intervalo ou saída do turno
de serviço e convidados a participar da pesquisa, assinando o
TCLE (ANEXO A) e preenchendo um questionário sociodemográ-
fico do profissional de saúde (APÊNDICE A). Os questionários utili-
zados foram: questionário de percepção da autoestima (APÊNDICE
B), publicado em livro e validado por 5 doutores de Psicologia, e
SF-36v2, questionário validado por Ciconelli em 1999 (ANEXO B). O
questionário de avaliação da percepção da autoestima é composto
por 30 questões fechadas e o SF-36v2 é composto por 36 questões
também fechadas. Os questionários foram aplicados de forma indi-
vidual durante os meses de julho e agosto de 2014.

Para o desenvolvimento do item revisão de literatura foi


realizada em outubro de 2015 uma pesquisa em bases de perió-
dicos BVS, Scielo, Pubmed, Scopus e Web of Science, com recorte
temporal dos anos 2005 a 2015 (conforme ANEXO D). Foram
encontrados no total 669 documentos (Tabela 1): artigos científicos,
dissertações de mestrado, teses de doutorado e livros eletrônicos.
Após análise realizada e exclusão de conteúdos repetidos, foram
aproveitados para embasamento teórico deste estudo 60 docu-
mentos para uma revisão de literatura não sistemática (Tabela 2).

Tabela 1 – Resultados por base


1 – Portal de pesquisa BVS 145
2 - Scielo 3
3 - PubMed 18
4 - Scopus 368
5 – Web of Science 135

127
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Tabela 2 – Documentos aproveitados


1 – Portal de pesquisa BVS 30
2 - Scielo 2
3 - PubMed 3
4 - Scopus 11
5 – Web of Science 14

A pesquisa bibliográfica (ANEXO D) foi realizada pelo bibliote-


cário da Fiocruz – CLAVES – Departamento de Estudos de Violência
e Saúde Jorge Careli, a partir de descritores e termos relacionados
com o tema deste estudo. Os descritores utilizados para estratégia
de busca em português foram: (“Saúde do trabalhador” OR “Saúde
dos Empregados” OR “Saúde Ocupacional” OR “Higiene do
Trabalho” OR “Saúde dos Trabalhadores” OR “Saúde no trabalho”)
AND (Autoconceito OR Autoestima OR Autoimagem OR “Qualidade
de vida” OR SF-36) AND (“Pessoal de Saúde” OR “Profissional
da Saúde” OR “Profissional de Saúde” OR “Profissionais da
Saúde” OR “Trabalhador de Saúde” OR “Trabalhador da Saúde”
OR “Trabalhadores de Saúde” OR “Trabalhadores da Saúde” OR
“Programa Saúde da Família” OR “Saúde mental”).

Os descritores utilizados para estratégia de busca em inglês


foram: (“Occupational Health” OR “Employee Health” OR “Occupational
Safety”) AND (“Self-concept” OR “Self Concept” OR “Self perception”
OR “Self at work” OR “Self esteem” OR SF-36 OR “quality of life” OR “Life
quality”) OR (“Health Personnel” OR “Field Workers” OR “Fieldworkers”
OR “Health Care Providers” OR “Healthcare Providers” OR “Mental
health” OR “Family health program”)

Os critérios de inclusão consistiram em documentos que


tinham relação com a saúde do trabalhador da saúde, que utili-
zaram o SF-36, que trataram dos temas autoestima, autoconceito,
qualidade de vida, qualidade de vida no trabalho (QVT), gestão do
trabalho em saúde, trabalho em saúde mental, trabalho na ESF,
profissionais de saúde.

128
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Os critérios de exclusão consistiram em documentos que não


se relacionavam com a área do trabalho em saúde, mas de doenças,
transtornos e sintomas da população geral, doenças específicas
(asma ocupacional, doenças ginecológicas, doenças de pele trato
urinário, cardiológicas, dentre outras) em trabalhadores que não
eram da saúde, pessoas com deficiência, alongamento no trabalho,
alcoolismo, aposentados, comunidades rurais, violência no trabalho
não relacionada a área da saúde, saúde mental de idosos, opera-
dores de petróleo, estresse pós-traumático, TDAH, depressão,
terceira idade, pesca e atividades do mar, fisioterapia, meditação,
medicina do trabalho, validação de inquéritos e escalas, RH com
foco em recrutamento e seleção, hierarquia das necessidades de
Maslow, climatério, infância, abandono de emprego, acupuntura,
desemprego, status social, anestesia, divisão de gênero, medicina
veterinária, vida familiar, licença médica, vacinação, terrorismo,
epidemia, trabalho na prisão, desastres, educação, eventos cultu-
rais em saúde, catástrofe ambiental, trabalho infantil.

Para o tema autoconceito no trabalho, foi realizada uma


pesquisa bibliográfica em separado (pela própria autora) sobre
este assunto específico, dos quais foram encontrados 13 artigos
científicos e 10 foram selecionados em função da pertinência ao
item investigado. O critério de exclusão se deu em função de docu-
mentos repetidos.

3.9 Materiais e métodos para a coleta de dados

3.9.1 Questionário sociodemográfico do profissional de saúde

O questionário sociodemográfico do profissional de saúde


(APÊNDICE A) foi elaborado pela própria autora e teve como obje-
tivo coletar dados da população estudada, como idade, sexo,

129
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

local de trabalho, se reside ou não próximo ao local de trabalho,


profissão, tempo de exercício profissional, carga horária de trabalho
diária e semanal, turno de trabalho, problemas de saúde, medica-
mentos de que faz uso, falta ao trabalho por motivo de doença,
percepção de estresse. No referido questionário as perguntas para
identificação de possíveis doenças e utilização de medicamentos
também serviram de base para examinar se algum profissional
apresentava problemas relacionados à saúde mental, contribuindo
para que a população estudada estivesse isenta de qualquer tipo de
contaminação para o posterior estudo estatístico.

3.9.2 Questionário para avaliação da percepção da autoestima

O questionário para avaliação da percepção da autoestima


(APÊNDICE B) foi elaborado pela própria autora e validado por cinco
doutores de Psicologia, contendo 30 questões fechadas, sendo 15
delas afirmativas para a autoestima e 15 negativas. As possibilidades
de respostas são 4: sempre, com frequência, às vezes e nunca. O
objetivo é avaliar a percepção que o indivíduo tem de sua autoestima.

3.9.3 Short Form Health Survey - SF-36v2

O Short form health survey - SF- 36 foi validado em 1992 pelo


New England Medical Center Hospitals e, em 1997, foi realizada a
versão portuguesa através do Centro de Estudos e Investigação
em Saúde. A versão brasileira foi traduzida e validada por Ciconelli
et al. em 1999 e revista por Campolina e Ciconelli em 2008. É um
instrumento que avalia a qualidade de vida e saúde, amplamente
utilizado em todo o mundo e disponível em diversas traduções dife-
rentes. Ele contém 36 perguntas que visam medir a saúde funcional
e bem-estar do ponto de vista do próprio indivíduo.

130
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Pode ser considerado um inquérito geral de qualidade de


vida, saúde física e mental confiável e válido, que pode ser utilizado
em sujeitos a partir de 18 anos. Suas aplicações incluem medir a
melhoria da saúde ou seu declínio, avaliar a eficácia ou resultados
de tratamentos, comparar o nível de saúde e doença entre deter-
minadas populações, dentre outras. Avalia oito domínios: saúde
geral, vitalidade, funcionamento social, aspectos emocionais, saúde
mental, funcionamento físico, aspectos físicos, dor física em um
padrão de período das últimas quatro semanas, permitindo a elabo-
ração de duas medidas sumarizadas: saúde física e saúde mental.

As oito dimensões do SF-36v2 (ANEXO B) são:

GH - General Health - Saúde Geral

VT - Vitality - Vitalidade

SF - Social Functioning - Funcionamento Social

RE - Role Emotional - Aspectos Emocionais

MH - Mental Health - Saúde Mental

PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico

RP - Role Physical - Aspectos Físicos

BP - Bodyly Pain - Dor Física

Os sumários dos componentes físico e mental são descritos


por:

PCS - Physical Component Summary - Sumário do


Componente Físico

MCS - Mental Component Summary - Sumário do Componente


Mental

131
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O histórico do SF-36 revela que ele foi o instrumento sele-


cionado para o Projeto Internacional de Avaliação da Qualidade de
Vida (The International Quality of Life Assessment (IQOLA) Project).
Em 1991, The Health Institute at Tufts-New England Medical Center
começou um esforço organizado para expandir em todo o mundo
a utilização de instrumentos de estado de saúde. O objetivo refe-
ria-se ao Projeto Internacional de Avaliação da Qualidade de Vida
(IQOLA) e era desenvolver traduções validadas de um único ques-
tionário de estado de saúde que pudesse ser utilizado em estudos
clínicos multinacionais e outros estudos de saúde. O SF-36 Health
Survey foi selecionado como a medida a ser traduzida e usada no
projeto IQOLA por várias razões. Por exemplo, é uma medida breve
e abrangente do estado geral de saúde que pode ser facilmente
aplicado com outras medidas de doenças gerais ou específicas.
[...] Durante o primeiro ano cinco países (França, Alemanha, Itália,
Suécia e Holanda) participaram do projeto IQOLA. Pesquisadores
adicionais de outros países aderiram ao projeto em 1992 e 1993;
com o passar do tempo 14 países já estavam representados. O
interesse no desenvolvimento de traduções do SF-36 Health Survey
continuou de tal forma que ele foi traduzido para utilização em
mais de 70 países em 2006. O desenvolvimento e validação destas
versões traduzidas contribuíram para a melhorias na redação dos
itens e na categoria de respostas, levando ao desenvolvimento do
SF-36v2 (WARE, 2007, p. 5)13

A versão atualizada do instrumento permite uma leitura faci-


litada e menor possibilidade de erros de preenchimento, maior
clareza em função da reformulação da organização das perguntas,

13. Texto original: “In 1991, The Health Institute at Tufts-New England Medical Center began an
organized effort to expand worldwide the use of health status instruments. The goal of this under-
taking, referred to as the International Quality of Life Assessment (IQOLA) Project, was to develop
validated translations of a single health status questionnaire that could be used in multinational
clinical studies and other international studies of health. The SF-36 Health Survey was selected as
the measure to be translated and used in the IQOLA Project for several reasons. For example, it is a
brief, comprehensive measure of generic health status that can easily be supplemented with other
generic or disease-specific measures. [...]During its first year, five countries (France, Germany, Italy,
Sweden, and the Netherlands) participated in the IQOLA Project. Additional researchers from other
countries joined the project in 1992 and 1993; by that time, 14 countries were represented. Interest
in developing translations of the SF-36 Health Survey continued such that it was translated for use in
more than 70 countries by 2006. The development and validation of these translated versions contri-
buted to the improvements in item wording and response categories, leading to the development of
the SF-36v2 Health Survey” (WARE, 2007, p. 5). Tradução da própria autora.

132
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

espaços de respostas e formatação das instruções. Além disso,


as dimensões aspectos físicos (RP) e aspectos emocionais (RE)
passaram a contar com cinco níveis de possibilidade de respostas,
ao invés de duas, como na primeira versão do SF-36. As dimensões
de saúde mental (MH) e vitalidade (VT) tiveram uma diminuição das
alternativas de respostas de seis para cinco. As mudanças reali-
zadas para o SF-36v2 contribuíram para que esta versão tivesse
uma melhora na precisão do instrumento com simplificação dos
seus itens (LAUFFER, 2010).

3.10 Análise dos dados

Para a correção dos dados colhidos a partir do SF-36v2 foi


utilizado um software, fornecido pela empresa detentora dos direitos
de utilização do questionário (Optum – Canadá), através de licença
nº QM026417 adquirida especificamente para esta pesquisa. O
QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5 analisa todos
os dados planilhados, facilitando a comparação dos indivíduos
avaliados com a média da amostra da população geral, fornecendo
gráficos que permitem realizar tais comparações (SARIS-BAGLAMA
et al., 2011).

As duas dimensões gerais do SF-36v2 são a saúde física e a


saúde mental: escores altos representam melhor saúde e escores
abaixo de 25% representam um pobre funcionamento físico e mental
(SEKINE, 2009).

Procedeu-se então com a análise estatística descritiva no


software de tabulação Excel e no pacote estatístico R para compa-
ração dos dados de autoestima e qualidade de vida e para o estudo
de correlação. Para o estudo de modelagem foi utilizado o R.

133
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Análise Estatística e Software

Neste trabalho, a análise estatística é elaborada em duas


etapas. Num primeiro momento, a partir de dados obtidos do ques-
tionário SF-36, promove-se uma análise descritiva e uma avaliação
da correlação entre autoestima e as subdimensões das variáveis
relacionadas à qualidade de vida.

Numa etapa subsequente, modelos de regressão linear são


utilizados para uma análise paramétrica mais elaborada, no qual
se busca explicar a autoestima de forma mais criteriosa a partir de
variáveis selecionadas.

Modelos de regressão são ferramentas valiosas para estudar


a relação existente entre variáveis de interesse em diversos estudos.
Neste trabalho, os modelos são estimados segundo a técnica
conhecida como Mínimos Quadrados Generalizados (MQG).

Mínimos Quadrados Generalizados

De acordo com Gujarati (2000), o Método dos Mínimos


Quadrados Generalizados consiste numa metodologia de análise
estatística para estimar parâmetros desconhecidos em modelos de
regressão linear. A estimação pelo método MQG é uma extensão
da estimação por mínimos quadrados ordinários e permite estimar
modelos sob hipóteses mais complexas a respeito dos resíduos
da regressão. São aplicáveis, por exemplo, quando a variância dos
erros não é a mesma ao longo da amostra, ou seja, quando os
dados apresentam algum grau de heteroscedasticidade ou quando
há certa correlação entre os resíduos.

134
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Sendo Y a representação de uma variável dependente de


interesse e X variáveis explicativas, ou independentes, um modelo
estatístico geral pode ser apresentado, matematicamente, de
acordo com a seguinte formulação matricial: Y = βX + ε

Onde o vetor β representa parâmetros de interesse desconhe-


cidos a serem estimados e ε é um vetor de termos aleatórios, geral-
mente admitidos como tendo média 0 e matriz de covariância ∑.

No método de Mínimos Quadrados Generalizados, as esti-


mativas dos coeficientes dos modelos são encontradas a partir da
minimização da expressão de resíduos. Se, por exemplo, for feita a
suposição de que β ̂ é candidato a estimador de β, o método MQG
pressupõe a estimação de β pela minimização da expressão:

O que faz com que as estimativas de β sejam dadas por:

Nestas expressões, o vetor β representa parâmetros de inte-


resse, sendo que o chapéu superior indica tratar-se de uma estimativa
do valor real desconhecido; o vetor y representa a variável depen-
dente, por exemplo, a Autoestima. Os X são variáveis explicativas,
como o nível de depressão dos indivíduos ou seu score de vitalidade;
e, por fim, ∑ representa a matriz de covariância dos resíduos.

Para estimação dos modelos foi utilizado o pacote estatístico


R a partir de bases de dados organizadas e processadas em Excel
14

com base em informações provenientes do questionário SF-36.

14. R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for
Statistical Computing, Vienna, Austria. Disponível em: <https://www.R-project.org/.2015>
Acesso em: 15 dez. 2015.

135
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

3.11 Limitação do estudo

Esse estudo limita-se pela escassez de estudos e dados no que


diz respeito à relação entre autoestima e qualidade de vida. Poucos
estudos sobre autoestima dos profissionais de saúde foram encontrados.

Esse estudo limita-se no tamanho da população estudada,


pois permite considerar os resultados encontrados apenas para os
profissionais de saúde avaliados, embora a correlação encontrada
entre a autoestima com a subdimensão saúde mental da qualidade
de vida possa servir de base para outros estudos.

136
4. RESULTADOS

Nesta pesquisa foi realizada uma comparação dos resul-


tados encontrados para a percepção da autoestima, qualidade de
vida e saúde dos trabalhadores de saúde do Hospital Colônia e das
unidades de PSF de Rio Bonito-RJ e, em seguida, procedeu-se com
investigação da correlação entre estes fatores.

De acordo com os objetivos do estudo, a questão chave para


análise estatística pode ser expressa de acordo com o seguinte
enunciado: Qual a correlação entre os fatores autoestima e quali-
dade de vida dos profissionais de saúde mental do Hospital Colônia
e PSF do município de Rio Bonito-RJ e como isso pode ser perce-
bido pelos sujeitos na mensuração do próprio bem-estar?

Assim, preliminarmente à inferência e realização de testes


estatísticos para avaliar hipóteses de interesse, inicia-se, nesta
parte do trabalho, a análise descritiva dos profissionais do Hospital
Colônia e PSF.

4.1 Características dos profissionais de saúde estudados

Considerando-se o conjunto dos profissionais de saúde inclu-


ídos no estudo, verificou-se que a maior parte é do sexo feminino
(87%). Dos 50 respondentes do Hospital Colônia, 40 eram mulheres
e 10 eram homens. Dentre os profissionais da Estratégia de Saúde
da Família, também se observa a maior proporção de mulheres,
94%, ou, em números absolutos, 47 pessoas do sexo feminino e
apenas 3 do sexo masculino.
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 1 – Proporção de homens e mulheres nos grupos de profissionais do Hospital


Colônia (HC) e Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

94%
100%
80%
90%
80%
70%
60% Feminino

50% Masculino
40%
30% 20%

20% 6%
10%
0%
HC PSF
Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Em relação à faixa etária, nota-se que no Hospital Colônia há


mais pessoas com idade superior a 40 anos do que na Estratégia
de Saúde da Família. No HC, dos 50 trabalhadores entrevistados,
30 tinham mais de 40 anos (60%), enquanto que no PSF apenas 17
dos 50 profissionais enquadravam-se nesta faixa de idade (34%).

Gráfico 2 – Faixa etária dos profissionais de saúde entrevistados do Hospital Colônia


(HC) e Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

66%
70% 60%

60%

50% 40%
34% Até 40
40%
Mais de 40
30%
20%

10%

0%
HC PSF

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

138
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

4.1.1 Enfermidade e falta ao trabalho

Um dos quesitos avaliados neste trabalho foi em relação à


presença de alguma enfermidade e se os indivíduos já faltaram
ao trabalho em função de alguma doença. No HC, 34 indivíduos
declararam não apresentar nenhum tipo de doença, enquanto
16 relataram apresentar algum tipo de enfermidade. Na ESF, 38
profissionais declararam não apresentar nenhum tipo de doença,
enquanto 12 relataram apresentar algum tipo de enfermidade.

Gráfico 3 – Distribuição de profissionais do Hospital Colônia (HC) e Estratégia


de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR que declararam
alguma enfermidade

32%
35%

30%
24%
25%

20%

15%

10%

5%

0%

HC
PSF

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Nas unidades do PSF, 24% dos trabalhadores relataram


algum tipo de enfermidade. As doenças relatadas foram: hiper-
tensão arterial sistêmica, pedra na vesícula, hérnia de disco, osteo-
artrite, espondilite anquilosante, hipotireoidismo, rinite alérgica,
problemas neurológicos e cardíacos.

139
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

No HC, 32% dos trabalhadores pesquisados afirmaram que


apresentam algum tipo de enfermidade. As doenças relatadas foram:
diabetes, hipertensão arterial sistêmica, asma, problemas de coluna,
tendinite, arritmia cardíaca, processos alérgicos, insônia e anemia.

A hipertensão arterial sistêmica foi a doença mais recorrente:


10% dos participantes da pesquisa relatam ter a doença e fazer uso
de medicamento para tratamento.

A falta ao trabalho foi avaliada a partir da pergunta “Já faltou o


trabalho por motivo de doença? ( ) Sim ( ) Não”, contida no ques-
tionário sociodemográfico do profissional de saúde (APÊNDICE A).

Tabela 3 – Falta ao trabalho por grupo de profissionais do Hospital Colônia (HC) e


Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Falta ao Trabalho
Grupo
Não Sim

HC 18 32

PSF 27 23

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

De acordo com a Tabela 3, o número de profissionais que


declarou já ter faltado ao trabalho por motivo de doença é alto,
principalmente no HC, o que pode ser apreendido como caracterís-
tico do absenteísmo. No PSF, 46% dos profissionais entrevistados
declararam que já faltaram ao trabalho devido a algum problema de
saúde. No HC, esta taxa chega a 64%.

140
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

4.1.2 Distância entre residência e local de trabalho e percepção


de estresse

A distância entre a residência e o local de trabalho dos profis-


sionais de saúde apresentou características distintas se considerados
os dois grupos, HC e PSF. No PSF, 31 pessoas disseram residir longe
do local de trabalho, enquanto 19 afirmaram residir perto. No HC, a
situação é inversa, com a maioria, 30 pessoas, residindo próxima ao
trabalho, enquanto 20 pessoas relataram residir longe.

Gráfico 4 – Proximidade entre residência e local de trabalho por grupo do Hospital


Colônia (HC) e Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

70% 60% 62%

60%

50%
40% 38%
40% Reside longe do trab

30% Reside próximo ao trab

20%

10%

0%
HC PSF

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Globalmente, como mostra a Gráfico 5, há um equilíbrio, com


49% dos trabalhadores morando perto do local onde trabalham.

141
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 5 – Proximidade residência – local de trabalho de toda população estudada


do Hospital Colônia (HC) e Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de
Rio Bonito / RJ / BR

Reside longe do trab


49% 51%
Reside próximo ao trab

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

A percepção de Estresse15 foi avaliada a partir de pergunta


específica no questionário sociodemográfico do profissional de
saúde (APÊNDICE A): “Se considera uma pessoa estressada? ( )
Sim ( ) Não”. Constatou-se que, considerando-se a totalidade dos
profissionais de saúde do HC e do PSF, 27% declararam sentir-se
estressados e 73% declararam-se não sentir-se estressados.

15. Não se pretendeu investigar o estresse mais profundamente e nem foi utilizada nenhuma
escala para isso, uma vez que esse não era o objetivo deste estudo.

142
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Tabela 4 – Percepção de estresse por grupo do Hospital Colônia (HC) e Estratégia


de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Estresse
Grupo
Não Sim

HC 36 14

PSF 37 13
Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Praticamente, não foram observadas diferenças da percepção


de estresse entre os dois grupos; ou seja, aparentemente, pode
haver percepção de estresse independentemente de a pessoa
trabalhar no HC ou no PSF (Tabela 4).

4.1.3 Escolaridade

Quando a análise foca o grau de escolaridade dos indiví-


duos, observam-se diferenças entre os profissionais do HC (que
conta com 31 profissionais de nível técnico e 19 de nível superior)
e do PSF (que conta com 19 profissionais de nível técnico e 31 de
nível superior). No PSF há mais indivíduos de nível superior dentre
os respondentes; ou seja, enquanto no PSF 62% dos profissionais
são de nível superior (médicos, dentistas, etc.), no HC a situação
se inverte, com apenas 38% de profissionais com nível superior,
conforme se descreve no Gráfico 6.

143
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 6 – Nível de Escolaridade por grupo do Hospital Colônia (HC) e Estratégia


de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

70% 62% 62%

60%

50%
38% 38%
40% Técnico

Superior
30%

20%

10%

0%
HC PSF

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

4.2 Autoestima

A percepção da autoestima é um dos fatores mais importantes


a serem investigados neste trabalho. De acordo com a Tabela 5,
nenhum dos indivíduos foi classificado como de baixa autoestima. A
maior parte dos profissionais foi considerada como de boa autoes-
tima (39 no HC e 34 no PSF). Entretanto, dos 14 indivíduos com auto-
estima “excelente”, 10 são do PSF, enquanto apenas 4 são do HC.

144
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Tabela 5 – Nível de autoestima por grupo do Hospital Colônia (HC) e Estratégia de


Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Grupo
Autoestima
HC PSF

Regular 7 6

Boa ou média 39 34

Excelente 4 10

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Gráfico 7 – Nível de Autoestima por grupo do Hospital Colônia (HC) e Estratégia de


Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

100%
90% 78%
80% 68%
70%
60%
Regular
50%
40% Boa ou média
30% 20%
14% 12%
20% 8% Excelente

10%
0%
HC PSF

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

145
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 8 – Nível de autoestima considerando-se os dois grupos: Hospital Colônia


(HC) e Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

14% 13%
Regular

Boa ou
média
73%

Excelente

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Observou-se, também, um equilíbrio entre a classificação da


autoestima, segundo o nível de escolaridade, quando se contabiliza
o total dos grupos. A consideração da autoestima como “regular”,
“boa” ou “excelente” parece ser independente do fato de o indivíduo
ter nível superior ou médio.

Gráfico 9 – Classificação da autoestima segundo o nível de escolaridade do


Hospital Colônia (HC) e Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio
Bonito / RJ / BR

88%
84%
90%
80%
70%

60%

50% Boa ou média


40% Excelente

30%
16%
12%
20%
10%
0%
Técnico Superior

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.


146
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

A Tabela 6 mostra a distribuição da autoestima segundo a


condição de proximidade do trabalho dos indivíduos do HC e PSF.

Tabela 6 – Classificação da autoestima segundo a condição de proximidade do


trabalho do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do
Município de Rio Bonito / RJ / BR

Reside PLT
Autoestima
Não Sim

Boa ou média 82% 90%

Excelente 18% 10%

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

A percepção da autoestima parece ser independente do fato


de o indivíduo morar perto ou longe do trabalho.

Tabela 7 – Classificação da autoestima segundo a Faixa Etária dos profissionais


do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município
de Rio Bonito / RJ / BR

Faixa Etária
Autoestima
Até 40 Mais de 40

Boa ou média 45 41

Excelente 8 6

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

147
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 10 – Classificação da autoestima segundo a Faixa Etária dos profissionais


do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município
de Rio Bonito / RJ / BR

85% 87%
90%

80%

70%

60%

50% Boa ou média

40% Excelente

30%
15% 13%
20%

10%

0%
Até 40 Mais de 40

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

A percepção da autoestima é algo independente da faixa


etária dos profissionais de saúde do HC e PSF.

No que diz respeito à classificação da autoestima segundo o


sexo (gênero), 75 indivíduos do sexo feminino se percebem com boa
ou média autoestima e 12 se percebem com excelente autoestima.
Já entre os homens (sexo masculino), 11 indivíduos se percebem
com boa ou média autoestima e 2 com excelente autoestima. Os
profissionais de saúde do HC e PSF apresentam boa autoestima
independente da diferença de gênero.

148
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 11 – Classificação da autoestima segundo sexo dos profissionais do


Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de
Rio Bonito / RJ / BR

86% 85%
90%

80%

70%

60%

50% Boa ou média

40% Excelente

30%
14% 15%
20%

10%

0%
Feminino Masculino
Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Os dados da Tabela 8 e Gráfico 12 mostram que a autoestima


positiva está presente nos profissionais de saúde estudados inde-
pendente do relato de doença.

Tabela 8 – Classificação da autoestima dos profissionais do Hospital Colônia (HC)


e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
segundo doença

Doença
Autoestima
Não Sim

Boa ou média 59 26

Excelente 13 1

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

149
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 12 – Classificação da autoestima dos profissionais do Hospital Colônia (HC)


e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
segundo doença
96%
100% 82%
90%
80%
70%
60%
50% Boa ou média
40% Excelente
30% 18%
20% 7%
10%
0%
Não Sim

Doença

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Os dados da Tabela 9 e Gráfico 13 mostram que a autoestima


positiva na população estudada não tem relação com o relato de
falta ao trabalho / absenteísmo.

Tabela 9 – Classificação da autoestima dos profissionais do Hospital Colônia (HC)


e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
segundo falta ao trabalho

Falta ao trabalho
Autoestima
Não Sim

Boa ou média 36 50

Excelente 9 5

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

150
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 13 – Classificação da autoestima dos profissionais do Hospital Colônia (HC)


e da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
segundo falta ao trabalho

91%
100%
80%
90%
80%
70%
60%
50% Boa ou média

40% Excelente
30% 20%

20% 9%

10%
0%
Não Sim

Falta ao trabalho

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

A Tabela 10 e o Gráfico 14 mostram que não há diferenças


significativas da percepção da autoestima nos profissionais de saúde
que relatam sentir estresse e nos que afirmam não sentir estresse.

Tabela 10 – Classificação da autoestima segundo relato de percepção de estresse


dos profissionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família
(PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Estresse
Autoestima
Não Sim

Boa ou média 60 26

Excelente 13 1

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

151
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 14 – Classificação da autoestima segundo relato de percepção de estresse


dos profissionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família
(PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

96%
100%
82%
90%
80%
70%
60%
50% Boa ou média
40% Excelente
30% 18%
20% 7%
10%
0%
Não Sim

Estresse

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

4.2.1 Qualidade de vida e saúde – Short form health survey SF-36v2

As dimensões analisadas no SF-36v2, questionário para a


avaliação da qualidade de vida e saúde, são:

GH - General Health - Saúde Geral

VT - Vitality - Vitalidade

SF - Social Functioning - Funcionamento Social

RE - Role Emotional - Aspectos Emocionais

MH - Mental Health - Saúde Mental

PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico

RP - Role Physical - Aspectos Físicos

BP - Bodyly Pain - Dor Física

152
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

PCS - Physical Component Summary - Sumário do


Componente Físico

MCS - Mental Component Summary - Sumário do Componente


Mental

4.2.2 Escores HC

Gráfico 15 – Escores Saúde Física e Saúde Mental dos profissionais do Hospital


Colônia (HC) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
Escores para a Amostra Total Escores Saúde Física Escores Saúde Mental

Melhor
80
Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
PCS MCS PF RP BP GH VT SF RE MH Saúde
50,83 53,58 49,69 52,76 50,19 53,83 56,4 49,02 51,71 54,01

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

Entre os profissionais de saúde do HC, todas as dimensões


encontram-se na média da amostra geral da população ou acima dela,
o que indica saúde física e mental na mediana. Dentre os resultados
para a saúde mental, sobressaem as dimensões vitalidade, saúde
mental e Sumário do Componente Mental. Dentre os resultados de
saúde física, destacam-se a saúde geral e os aspectos físicos.

153
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 16 – Sumário do Componente Físico e Sumário do Componente Mental do


Hospital Colônia (HC) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
% Da amostra cujo escolares estão Acima, na Média ou % Na Média % Abaixo
Abaixo da Amostra da População Geral % Acima
PCS ESCORES
54% 24% 50%
40% 24% 46%
38% 18% 10% 36% 30% 18% 32%
36%

24% 48%
34% MCS ESCORES
38% 64% 50%
68% 28% 28%
16% 44% 18% 16% 34%
PCS MCS 16% 18%

Nota: Este relatório utiliza dados normativos do QualityMetric 2009 da Amostra da População Geral.
Nota: Os totais podem não ser 100% iguais, devido ao arredondamento estatístico.

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

No que diz respeito ao Sumário do Componente Físico (PCS),


24% dos profissionais de saúde do HC estão abaixo da média da
amostra geral da população, 38% encontram-se acima da média e
38% estão na média. Na avaliação de cada dimensão do compo-
nente físico os seguintes resultados foram encontrados:

• Funcionamento Físico (PF) – 24% abaixo da média da


amostra geral da população; 36% na média e 40% acima da média.

• Aspectos Físicos (RP) – 10% abaixo da média da amostra


geral da população; 36% na média e 54% acima da média.

• Dor física (BP) - 24% abaixo da média da amostra geral da


população; 30% na média e 46% acima da média.

• Saúde Geral (GH) - 18% abaixo da média da amostra geral


da população; 32% na média e 50% acima da média.

Quanto ao Sumário do Componente Mental (MCS), 18% dos


profissionais de saúde do HC estão abaixo da média da amostra
geral da população, 48% encontram-se acima da média e 34%
estão na média. Na avaliação de cada dimensão do componente
mental os seguintes resultados foram encontrados:

• Vitalidade (VT) - 16% abaixo da média da amostra geral da


população; 16% na média e 68% acima da média.

154
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Funcionamento Social (SF) - 28% abaixo da média da


amostra geral da população; 28% na média e 44% acima da média.

• Aspectos Emocionais (RE) - 18% abaixo da média da


amostra geral da população; 18% na média e 64% acima da média.

• Saúde Mental (MH) - 16% abaixo da média da amostra


geral da população; 34% na média e 50% acima da média.

Gráfico 17 – Risco de Depressão do Hospital Colônia (HC) do Município de Rio


Bonito / RJ / BR

Primeiro Estágio Positivo


de Depressão: % de risco

100%

80%

60%

40%

20% 18 12

0%
Média Pop Relatório da
Geral Amostra

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

O Gráfico 17 revela que o risco de depressão para os profis-


sionais de saúde do HC é de 12%; ou seja, menor do que o risco de
depressão na amostra geral da população, que é de 18%.

155
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 18 – Risco de Depressão por gênero dos profissionais do Hospital Colônia


(HC) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Primeiro Estágio Positivo de Depressão: % de risco

Masculino

100%
80%
60%
40%
20% 15
0% 0
Média Pop Relatório da
Geral Amostra
Feminino

100%
80%
60%
40%
19 14
20%
0%
Média Pop Relatório da
Geral Amostra

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

Em comparação com a amostra geral da população, os


homens não apresentam risco de depressão (0%). Já as mulheres
apresentam 14% de risco de depressão, que é menor do que a
média da população geral (19%).

No que diz respeito ao risco de depressão por gênero (Gráfico


18), as mulheres profissionais de saúde do HC se mostram mais
vulneráveis do que os homens; contudo, menos vulneráveis do que
a população geral.

156
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O Gráfico 19 mostra um comparativo das dimensões do


SF-36v2 entre os gêneros masculino e feminino. Os dados encon-
trados para os profissionais de saúde do sexo masculino são os
seguintes: Sumário do Componente Físico (PCS) 51,86%, Sumário
do Componente Mental (MCS) 54,62%, Funcionamento Físico (PF)
52,86%, Aspectos Físicos (RP) 53,42%, Dor Física (BP) 50,67%,
Saúde Geral (GH) 51,13%, Vitalidade (VT) 59,2%, Funcionamento
Social (SF) 52,88%, Aspectos Emocionais (RE) 50,37% e Saúde
Mental (MH) 55,52%. Os homens tiveram resultados na média da
amostra geral da população, com destaque para a dimensão de
Vitalidade, na qual obtiveram melhores resultados.

Gráfico 19 – Dimensões da saúde física e mental por gênero dos profissionais do


Hospital Colônia (HC) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
Escores do Gênero: Masculino
Escores de Saúde Física Escores de Saúde Mental Melhor
80
Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
Amostra PCS MCS PF RP BP GH VT SF RE MH Saúde
Média 51,86 54,62 52,86 53,42 50,67 51,13 59,2 52,88 50,37 55,52
50,89 51,02 51,36 50,76 50,95 50,56 51,45 50,88 51,06 51
Escores do Gênero: Feminino
Escores de Saúde Física Escores de Saúde Mental Melhor
80
Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
Amostra PCS MCS PF RP BP GH VT SF RE MH Saúde
Média 50,61 53,36 49 52,61 50,09 54,43 55,79 48,17 52,01 53,69
49,19 49,06 48,74 49,29 49,12 49,48 48,66 49,19 49,02 49,07

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

157
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Os dados encontrados para os profissionais de saúde do


sexo feminino são os seguintes: Sumário do Componente Físico
(PCS) 50,61%, Sumário do Componente Mental (MCS) 53,36%,
Funcionamento Físico (PF) 49%, Aspectos Físicos (RP) 52,61%, Dor
Física (BP) 50,09%, Saúde Geral (GH) 54,43%, Vitalidade (VT) 55,79%,
Funcionamento Social (SF) 48,17%, Aspectos Emocionais (RE)
52,01% e Saúde Mental (MH) 53,68%. As mulheres tiveram resultados
na média amostra geral da população, com destaque para as dimen-
sões de Vitalidade e Saúde Geral, com resultados mais positivos.

Na comparação de gênero entre os profissionais de saúde


do HC, mesmo com diferenças discretas, os homens apresentam
melhor Vitalidade (VT) e Funcionamento Social (SF) do que as
mulheres, contudo, estas apresentam melhor Saúde Geral (GH) e
Aspectos Emocionais (RE).

Gráfico 20 – Sumário do Componente Físico (PCS) e Sumário do Componente


Mental (MCS) por gênero dos profissionais do Hospital Colônia (HC) do Município
de Rio Bonito / RJ / BR
PCS E MCS SUMÁRIO POR GÊNERO
% dos escores dos entrevistados com
pontuação Acima, na Média ou Abaixo
da faixa normal para o seu perfil.
% Acima % Média % Abaixo

11%
33% 44%
56%
56%

PCS - Masculino MCS - Masculino

20% 22% 20%


39%

41% 59%

PCS - Feminino MCS - Feminino

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

158
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Os dados do Gráfico 20 mostram que 11% dos homens


encontram-se abaixo da média da amostra geral da população no
Sumário do Componente Físico (PCS), 56% estão na média e 33%
acima da média. Quanto às mulheres, 20% estão abaixo da média,
41% na média e 39% acima da média.

Os homens exibem maior equilíbrio físico, embora as mulheres


apresentem um percentual um pouco maior acima da média, o que
denota que elas têm mais saúde física; contudo, elas também apre-
sentem um percentual abaixo da média maior do que os homens.

Quanto ao Sumário do Componente Mental (MCS), 44%


dos homens encontram-se acima da média da amostra geral da
população e 56% na média. Entre as mulheres, 22% estão abaixo
da média da amostra geral da população, 20% na média e 59%
acima da média. Os homens apresentam maior equilíbrio quanto à
saúde mental, pois não houve resultados abaixo da média. O grupo
de mulheres do HC expressa um número maior de indivíduos com
saúde mental acima da média da dos homens, em contrapartida,
mostrou resultados abaixo da média, neste item, o que não ocorreu
com os homens.

159
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 21 – PCS e MCS - Escores por grupo de idade dos profissionais do Hospital
Colônia (HC) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
PCS Escores por Grupo de Idade Melhor
80 Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75+
Amostra 0 50,92 51,78 51,41 47,84 41,91 0 Saúde
Média 54,81 54,02 52,59 48,55 46,1 45,6 43,11
# na Amostra 0 15 16 13 5 1 0

MCS Escores por Grupo de Idade Melhor


80 Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75+
Amostra 0 49,63 52,27 56,91 60,01 58,62 0 Saúde
Média 49 48,48 48,92 49,2 51,36 53,71 53,49
# na Amostra 0 15 16 13 5 1 0

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

Em relação ao Sumário do Componente Físico (PCS) por


grupo de idade do HC (Gráfico 21), os resultados foram os seguintes:
25-34 anos 50,92%; 35-44 anos 51,78%; 45-54 anos 51,41%; 55-64
anos 47,84%; 65-74 anos 41,91%.

Os profissionais de saúde do HC, entre 45 e 54 anos,


demonstram ter melhor saúde física do que todos os outros grupos,
enquanto os grupos de 25 a 34 anos e de 65 a 74 anos apresentam
pior saúde física em relação à média geral da população. O grupo
de 35 a 44 anos exibe resultado levemente abaixo da média da
população geral.

Quanto ao Sumário do Componente Mental (MCS) por grupo


de idade (Gráfico 21), os seguintes dados foram encontrados: 25-34
anos 49,63%; 35-44 anos 52,27%; 45-54 anos 56,91%; 55-64 anos
60,01%; 65-74 anos 58,62%.

160
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Todos os grupos de idade exibiram bons resultados quanto


à saúde mental, pois todos ficaram acima da média da população
geral. A melhor saúde mental é exibida pelo grupo de 55 a 64 anos.

Um único indivíduo analisado tinha mais de 65 anos e apre-


sentava mais saúde mental do que física. Os resultados mostraram
que, à medida que a idade aumenta, com ela a maturidade e a
experiência, maior a saúde mental. Contudo, os resultados para
saúde física mostram que os mais jovens e os mais velhos são os
que exibem pior saúde.

4.2.3 Escores ESF

Gráfico 22 – Escores Saúde Física e Saúde Mental dos profissionais da Estratégia


de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Escores para a Amostra Total Escores Saúde Física Escores Saúde Mental

Melhor
80
Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
PCS MCS PF RP BP GH VT SF RE MH Saúde
53,77 53,07 52,3 54,19 52,41 56,49 55,87 51,32 52,41 53,43

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

Entre os profissionais de saúde da ESF, todas as dimensões


encontram-se acima da média da amostra geral da população, o
que indica saúde física e mental medianas. Dentre os resultados
para a saúde mental, sobressai a dimensão vitalidade. Dentre os
resultados de saúde física, destacam-se a saúde geral e os aspectos
físicos e o Sumário do Componente Físico.

161
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 23 – Sumário do Componente Físico e Sumário do Componente Mental dos profis-


sionais da Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
% Da amostra cujo escolares estão Acima, na Média
ou Abaixo da Amostra da População Geral % Acima % Na Média % Abaixo

PCS ESCORES
24% 34% 28%
38% 48% 50%
8% 68% 8% 64%
14% 16%
40% 48% 42% 46% PF RP BP GH

MCS ESCORES
12% 12% 22% 24%
34% 44% 44%
12% 66% 50% 12% 64%
16%
PCS MCS 12%
VT SF RE MH

Nota: Este relatório utiliza dados normativos do QualityMetric 2009 da Amostra da População Geral.
Nota: Os totais podem não ser 100% iguais, devido ao arredondamento estatístico.

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

No que diz respeito ao Sumário do Componente Físico (PCS),


12% dos profissionais de saúde da ESF estão abaixo da média da
amostra geral da população, 48% encontram-se acima da média e
40% estão na média. Na avaliação de cada dimensão do compo-
nente físico os seguintes resultados foram encontrados:

• Funcionamento Físico (PF) – 14% abaixo da média da


amostra geral da população; 38% na média e 48% acima da média.

• Aspectos Físicos (RP) – 8% abaixo da média da amostra


geral da população; 24% na média e 68% acima da média.

• Dor física (BP) - 16% abaixo da média da amostra geral da


população; 34% na média e 50% acima da média.

• Saúde Geral (GH) - 8% abaixo da média da amostra geral


da população; 28% na média e 64% acima da média.

Quanto ao Sumário do Componente Mental (MCS), 12% dos


profissionais de saúde do HC estão abaixo da média da amostra
geral da população, 46% encontram-se acima da média e 42%
estão na média. Na avaliação de cada dimensão do componente
mental os seguintes resultados foram encontrados:

• Vitalidade (VT) - 12% abaixo da média da amostra geral da


população; 22% na média e 66% acima da média.

162
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Funcionamento Social (SF) - 16% abaixo da média da


amostra geral da população; 34% na média e 50% acima da média.

• Aspectos Emocionais (RE) - 12% abaixo da média da


amostra geral da população; 24% na média e 64% acima da média.

• Saúde Mental (MH) - 12% abaixo da média da amostra


geral da população; 44% na média e 44% acima da média.

O Gráfico 24 revela que o risco de depressão para os profis-


sionais de saúde da ESF é de 6%, ou seja, menor do que o risco de
depressão na amostra geral da população, que é de 18%.

Gráfico 24 – Risco de Depressão dos profissionais da Estratégia de Saúde da


Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Primeiro Estágio Positivo


de Depressão: % de risco

100%

80%

60%

40%
16
20%
6
0%
Média Pop Relatório da
Geral Amostra

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

163
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 25 – Risco de Depressão por gênero dos profissionais da Estratégia de


Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Primeiro Estágio Positivo


de Depressão: % de risco

Masculino

100%
80%
60%
40%
15
20%
0% 0
Média Pop Relatório da
Geral Amostra
Feminino

100%
80%
60%
40%
19
20%
6
0%
Média Pop Relatório da
Geral Amostra

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

Em comparação com a amostra geral da população, os


homens não apresentam risco de depressão (0%). Já as mulheres
apresentam 6% de risco de depressão, que é menor do que a média
da população geral (19%).

164
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

No que diz respeito ao risco de depressão por gênero (Gráfico


25), as mulheres profissionais de saúde da ESF se mostram mais
vulneráveis do que os homens, mas menos vulneráveis do que a
população geral.

Gráfico 26 – Dimensões da saúde física e mental por gênero dos profissionais da


Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
Escores do Gênero: Masculino
Escores de Saúde Física Escores de Saúde Mental Melhor
80
Saúde
70

60
50 Média

40
30
Pior
20
PCS MCS PF RP BP GH VT SF RE MH Saúde
Amostra
Média 51,76 50,47 52,43 54,91 50,04 51,01 51,61 45,64 52,69 52,61
50,89 51,02 51,36 50,76 50,95 50,56 51,45 50,88 51,06 51
Escores do Gênero: Feminino
Escores de Saúde Física Escores de Saúde Mental Melhor
80
Saúde
70
60
50 Média
40
30
Pior
20
PCS MCS PF RP BP GH VT SF RE MH Saúde
Amostra
53,9 53,23 52,29 54,15 52,56 56,9 56,14 51,69 52,39 53,48
Média
49,19 49,06 48,74 49,29 49,12 49,48 48,66 49,19 49,02 49,07

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

O Gráfico 26 mostra um comparativo das dimensões do


SF-36v2 entre os gêneros masculino e feminino da ESF. Os dados
encontrados para os profissionais de saúde do sexo masculino são
os seguintes: Sumário do Componente Físico (PCS) 51,76%, Sumário
do Componente Mental (MCS) 50,47%, Funcionamento Físico (PF)

165
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

52,43%, Aspectos Físicos (RP) 54,91%, Dor Física (BP) 50,04%,


Saúde Geral (GH) 50,01%, Vitalidade (VT) 51,61%, Funcionamento
Social (SF) 45,64%, Aspectos Emocionais (RE) 52,69% e Saúde
Mental (MH) 52,61%. Os homens tiveram resultados semelhantes
à média da amostra geral da população, com destaque para a
dimensão Aspectos Físicos (RP), na qual obtiveram melhores resul-
tados; para Funcionamento Social (SF), exibiram o pior resultado.

Os dados encontrados para os profissionais de saúde do


sexo feminino da ESF são os seguintes: Sumário do Componente
Físico (PCS) 53,9%, Sumário do Componente Mental (MCS) 53,23%,
Funcionamento Físico (PF) 52,29%, Aspectos Físicos (RP) 54,15%,
Dor Física (BP) 52,56%, Saúde Geral (GH) 56,9%, Vitalidade (VT)
56,14%, Funcionamento Social (SF) 51,69%, Aspectos Emocionais
(RE) 52,39% e Saúde Mental (MH) 53,48%. As mulheres tiveram
resultados na média ou levemente acima da amostra geral da popu-
lação, com destaque para as dimensões de Vitalidade (VT) e Saúde
Geral (GH), com resultados mais positivos.

Na comparação de gênero entre os profissionais de saúde


da ESF, encontra-se o seguinte: as mulheres tiveram melhores resul-
tados dos que os homens em todas as dimensões do SF-36, com
destaque para os percentis de Vitalidade (VT), Saúde Geral (GH) e
Funcionamento Social (SF).

166
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Gráfico 27 – Sumário do Componente Físico (PCS) e Sumário do Componente


Mental (MCS) por gênero dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família (PSF)
do Município de Rio Bonito / RJ / BR

PCS E MCS SUMÁRIO POR GÊNERO


% dos escores dos entrevistados com
pontuação Acima, na Média ou Abaixo
da faixa normal para o seu perfil.

% Acima % Média % Abaixo

33% 33%
100%
100%
33%

PCS - Masculino MCS - Masculino

6% 13%

43% 51% 36% 51%

PCS - Feminino MCS - Feminino

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

Os dados do Gráfico 27 mostram que 33% dos homens


encontram-se abaixo da média da amostra geral da população no
Sumário do Componente Físico (PCS), 33% estão na média e 33%
acima da média. Quanto às mulheres, 6% estão abaixo da média,
43% na média e 51% acima da média.

As mulheres profissionais de saúde da ESF exibem maior


saúde física do que os homens.

Quanto ao Sumário do Componente Mental (MCS), 100% dos


homens encontram-se na média da amostra geral da população.
Entre as mulheres 13% estão abaixo da média da amostra geral da
população, 36% na média e 51% acima da média.

167
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Os homens apresentam saúde mental mediana, pois não


houve resultados abaixo ou acima da média. As mulheres que
atuam na ESF expressam maior saúde mental que os homens, com
mais da metade delas acima da média da população geral. Ainda
assim, 13% delas exibiram baixos resultados para esta dimensão.

Gráfico 28 - PCS e MCS - Escores por grupo de idade dos profissionais da


Estratégia de Saúde da Família (PSF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR
PCS Escores por Grupo de Idade Melhor
80 Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75+
Amostra 0 54,94 54,35 51,21 53,36 0 0 Saúde
Média 54,81 54,02 52,59 48,55 46,1 45,6 43,11
# na Amostra 0 25 12 10 2 0 0

MCS Escores por Grupo de Idade Melhor


80 Saúde
70
60
50 Média
40
30
20 Pior
18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 75+
Amostra 0 52,2 55,79 52,99 49,07 0 0 Saúde
Média 49 48,48 48,92 49,2 51,36 53,71 53,49
# na Amostra 0 25 12 10 2 0 0

Fonte: OPTUM, QualityMetric Health Outcomes Scoring Software 4.5, Canadá, 2016.

Em relação ao Sumário do Componente Físico (PCS)


por grupo de idade da ESF (Gráfico 28), os resultados foram os
seguintes: 25-34 anos 54,94%; 35-44 anos 54,35%; 45-54 anos
51,21%; 55-64 anos 53,36%. Não houve trabalhadores com idades
entre 18-24 e 65-74 anos.

Todos os grupos de idade dos profissionais da ESF apresen-


taram resultados na média ou acima da média, em comparação

168
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

com a amostra geral da população para PCS. O grupo com idade


entre 55 e 64 anos demonstrou ter melhor saúde física do que todos
os outros grupos.

Quanto ao Sumário do Componente Mental (MCS) por grupo


de idade da ESF (Gráfico 28), os seguintes dados foram encon-
trados: 25-34 anos 52,2%; 35-44 anos 55,79%; 45-54 anos 52,99%;
56-64 anos 49,07%. Não houve trabalhadores com idades entre
18-24 e 65-74 anos.

O grupo de profissionais da ESF entre 55 e 64 anos exibiu


pior saúde mental que a média da amostra geral da população. Os
profissionais de saúde da ESF com idade entre 35 a 44 anos apre-
sentaram os melhores resultados em saúde mental.

4.2.4 Comparação dos dados das dimensões do SF-36v2 do HC e ESF

Os profissionais da ESF apresentam melhor saúde física (48%)


do que os profissionais do Hospital Colônia (38%), e estes apresentam
saúde mental um pouco melhor (48%) do que os trabalhadores da
ESF (46%), embora esta última diferença não seja significativa.

Quanto às dimensões específicas da escala de qualidade de


vida e saúde SF‑36v2:

169
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Tabela 11 – Dimensões SF-36v2 comparação resultados acima da média Etária dos


profissionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (ESF)
do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Dimensões SF-36v2 HC ESF


Resultados acima da média Resultados acima da média
Saúde Geral (GH) 50% 64%

Vitalidade (VT) 68% 66%

Funcionamento Social (SF) 44% 50%

Aspectos Emocionais (RE) 64% 64%

Saúde Mental (MH) 50% 44%

Funcionamento Físico (PF) 40% 48%

Aspectos Físicos (RP) 54% 68%

Dor Física (BP) 46% 50%

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Os profissionais de saúde da ESF apresentam melhor saúde


geral (GH), funcionamento social (SF), funcionamento físico (PF),
aspectos físicos (RP) do que os trabalhadores da saúde do HC;
contudo, também exibem mais dor física.

Em contrapartida, os trabalhadores do HC mostram melhores


resultados para vitalidade (VT), embora com diferença não significa-
tiva e saúde mental (MH). No que diz respeito aos aspectos emocio-
nais (RE), os resultados foram iguais para os dois grupos.

170
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Tabela 12 – Dimensões SF-36v2 comparação resultados abaixo da média dos


profissionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (ESF)
do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Dimensões SF-36v2 HC ESF


Resultados acima da média Resultados acima da média
Saúde Geral (GH) 18% 8%

Vitalidade (VT) 16% 12%

Funcionamento Social (SF) 28% 16%

Aspectos Emocionais (RE) 18% 12%

Saúde Mental (MH) 16% 12%

Funcionamento Físico (PF) 24% 14%

Aspectos Físicos (RP) 10% 8%

Dor Física (BP) 24% 16%

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Dentre os profissionais de saúde que obtiveram resul-


tados abaixo da média nas dimensões do SF-36v2, a comparação
dos grupos revela que os trabalhadores do HC têm mais prejuízo
em todas as dimensões avaliadas do que os que atuam na ESF,
sofrendo maior impacto na qualidade de vida e saúde.

No que diz respeito às diferenças relacionadas ao gênero,


a Tabela 13 traz os dados comparativos.

171
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Tabela 13 – Comparativo da saúde mental e saúde física por gênero dos profis-
sionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do
Município de Rio Bonito / RJ / BR
HC Homens ESF Homens HC Mulheres ESF Mulheres

Saúde Física Acima da Acima da Acima da Acima da


(PCS) média: 33% média: 33% média: 39% média: 51%

Média: 56% Média: 33% Média: 41% Média: 43%

Abaixo da Abaixo da Abaixo da Abaixo da


média: 11% média: 33% média: 20% média: 5%
Saúde Mental Acima da Acima da Acima da Acima da
(MCS) média: 44% média: 0% média: 59% média: 51%

Média: 56% Média: 100% Média: 20% Média: 36%

Abaixo da Abaixo da Abaixo da Abaixo da


média: 0% média: 0% média: 22% média: 13%
Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Os resultados mostram que a saúde física dos homens traba-


lhadores da saúde do HC e da ESF são semelhantes: ambos com
33% acima da média; contudo, os resultados abaixo da média para
este item são piores para os profissionais da ESF (33%). Já a saúde
física das mulheres que atuam na ESF (51%) é melhor do que as
que atuam no HC (39%), bem como os resultados abaixo da média
para esse item também são menores para as mulheres profissionais
de saúde da ESF (5%) do que as do HC (20%).

No que diz respeito à saúde mental, os dados revelam que os


homens que atuam no HC (44% acima da média) têm melhor saúde
mental do que os que atuam na ESF (0% acima da média), não
havendo resultados abaixo da média para nenhum dos dois grupos
neste item. Quanto às mulheres, a saúde mental das que atuam no
HC (59%) é melhor do que das que atuam na ESF (51%); contudo,
os resultados abaixo da média para as mulheres no quesito saúde

172
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

mental são maiores no grupo de trabalhadoras do HC (22%) do que


no grupo da ESF (13%).

O risco de depressão também é avaliado pelo SF-36v2 e os


dados comparativos por grupo e por gênero encontram-se na Tabela 14.
Tabela 14 – Comparação das Dimensões de Qualidade de Vida por gênero dos
profissionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (ESF)
do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Dimensões Gênero Gênero Média Gênero Gênero Gênero Média Gênero


SF-36v2 Feminino HC Feminino ESF Feminino Masculino HC Masculino ESF Masculino
Amostra geral Amostra geral

Saúde Geral 54,43% 56,9% 49,48% 51,13% 50,01% 50,56%


(GH)
Vitalidade (VT) 55,79% 56,14% 48,66% 59,2% 51,61% 51,45%

Funcionamento 48,17% 51,69% 49,19% 52,88% 45,64% 50,88%


Social (SF)

Aspectos 52,01% 52,39% 49,02% 50,37% 52,69% 51,06%


Emocionais
(RE)
Saúde Mental 53,68% 53,48% 49,07% 55,52% 52,61% 51%
(MH)
Funcionamento 49% 52,29% 48,74% 52,86% 52,43% 51,36%
Físico (PF)

Aspectos Físicos 52,61% 54,15% 49,29% 53,42% 54,91% 50,76%


(RP)
Dor Física (BP) 50,09% 52,56% 49,12% 50,67% 50,04% 50,95%

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Quanto à comparação por gênero das dimensões do


SF-36v2, dispostos na Tabela 14, os resultados encontrados foram
os seguintes:

• Saúde Geral (GH) – as mulheres possuem melhor saúde


geral que os homens e as mulheres que atuam na ESF são as que
apresentam melhores resultados neste item;

173
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• Vitalidade (VT) – mulheres e homens apresentam resultados


acima da média da amostra geral da população, mas os homens do
HC são os que possuem mais vitalidade.

• Funcionamento Social (SF) – as mulheres do HC apre-


sentam melhor funcionamento social do que as que atuam na ESF;
contudo, os homens que atuam no HC demonstram melhores resul-
tados para esse item do que os que trabalham na ESF (com resul-
tados abaixo da média).

• Aspectos Emocionais (RE) – os resultados foram muitos


semelhantes para mulheres e homens da ESF e HC, com destaque
apenas para os homens do HC que obtiveram escores levemente
abaixo da média.

• Saúde Mental (MH) – houve pouca diferença entre os


gêneros dos dois grupos: todos ficaram acima da média da amostra
geral da população, com destaque para os homens do HC que
tiveram os melhores resultados.

• Funcionamento Físico (PF) – os homens apresentam melhor


funcionamento físico que as mulheres e, entre estas, as que atuam
na ESF têm melhor PF do que as que trabalham no HC.

• Aspectos Físicos (RP) – os homens têm melhor desem-


penho quanto aos aspectos físicos do que as mulheres, embora as
diferenças não sejam significativas.

• Dor Física (BP) – As mulheres apresentam mais dor física


do que os homens. Ambos os grupos do gênero feminino ficaram
acima da média da amostra geral da população; já no que se refere
aos homens, apesar de eles terem ficado um pouco abaixo da
média na comparação com a população geral, mais da metade de
todo o grupo apresenta dor física.

174
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Tabela 15 – Risco de depressão – comparativo por grupo e por gênero dos profis-
sionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do
Município de Rio Bonito / RJ / BR

Risco de depressão HC ESF Média da população geral

Total por grupo 12% 6% 18%

Gênero feminino 14% 6% 19%

Gênero masculino 0% 0% 15%

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Os dados apresentados na tabela 15 mostram que todos os


resultados foram abaixo da amostra geral da população, ou seja, há
menor risco de depressão entre os profissionais de saúde do HC e
ESF do que na população geral. Ainda assim, os trabalhadores da
ESF exibem menos risco de depressão do que os que atuam no HC.

A tabela 16, a seguir, mostra os dados comparativos da saúde


física (PCS) e saúde mental (MCS) por grupo de idade no HC e ESF.

Tabela 16 – Comparativo da saúde física (PCS) e saúde mental (MCS) por grupos
de idade dos profissionais do Hospital Colônia (HC) e da Estratégia de Saúde da
Família (ESF) do Município de Rio Bonito / RJ / BR

Saúde Saúde Média da Saúde Saúde Média da


Grupos de Física Física amostra da Mental Mental amostra da
idade (PCS) (PCS) população (MCS) (MCS) população
HC ESF (PCS) HC ESF (MCS)
25-34 anos 50,92% 54,94% 54,02% 49,63% 52,2% 48,48%

35-44 anos 51,78% 54,35% 52,59% 52,27% 55,79% 48,92%

45-54 anos 51,41% 51,21% 48,55% 56,91% 52,99% 49,2%

55-64 anos 47,84% 53,36% 46,1% 60,01% 49,07% 51,36%


65-74 anos 41,91% - 45,6% 58,62% - 53,71%

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

175
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Ao analisarmos os dados percentis por faixa de idade


quanto à saúde física (PCS), os resultados que se revelam são os
seguintes: os profissionais da ESF apresentam percentis acima
da média da amostra geral da população em todos os grupos de
idade, enquanto os profissionais do HC exibem resultados abaixo
da média da amostra geral da população nos grupos de idade entre
25-34 anos, 35-44 anos e 65-74 anos. Isso implica afirmar que, de
um modo geral, os trabalhadores de saúde da ESF têm melhor
saúde física do que os que atuam no HC.

Quanto à saúde mental (MCS), a situação se inverte, e os


trabalhadores do HC têm percentis acima da média em todos os
grupos de idade; contudo, os trabalhadores da ESF dos grupos
de idade entre 25-34 anos e 35-44 anos apresentam melhor saúde
mental que os profissionais do HC com essas mesmas faixas etárias.
Em contrapartida, os profissionais do HC dos grupos de idade entre
45-54 anos e 55-64 anos têm melhor saúde mental que os traba-
lhadores da ESF com essas mesmas idades. Não é possível fazer
comparação para o grupo de 65-74 anos uma vez que nenhum
trabalhador de saúde da ESF se enquadrou nesta faixa etária.

4.3 Estudo de correlação - Autoestima e fatores da Qualidade


de Vida

Os fatores investigados e considerados como subdimensões do


conceito de qualidade de vida e saúde, propostos pelo SF-36v2, são:

• GH - General Health - Saúde Geral

• VT - Vitality - Vitalidade

• SF - Social Functioning - Funcionamento Social

176
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• RE - Role Emotional - Aspectos Emocionais

• MH - Mental Health - Saúde Mental

• PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico

• RP - Role Physical - Aspectos Físicos

• BP - Bodyly Pain - Dor Física

• PCS - Physical Component Summary - Sumário do


Componente Físico

• MCS - Mental Component Summary - Sumário do


Componente Mental

Assim, procedeu-se a avaliação da correlação entre a auto-


estima e cada uma das dimensões acima descritas, que são fatores
determinantes da qualidade de vida e percepção de bem-estar por
parte dos indivíduos.

Percebe-se, com a análise da Tabela 17, que a correlação é


muito baixa entre as variáveis determinantes da qualidade de vida
e autoestima. Entretanto, observa se que a correlação é extrema-
mente baixa se o grupo considerado é o de profissionais do PSF.
Para todas as dimensões da qualidade de vida, a correlação foi
menor no grupo PSF do que no grupo HC.

No conjunto dos profissionais do Hospital Colônia, a “vitali-


dade” (VT) foi a subdimensão que apresentou a maior correlação
com a autoestima. Ou seja, para os trabalhadores do HC, quanto
maior a vitalidade, maior a autoestima. Outra variável a apresentar
correlação superior a 50% com a autoestima foi “saúde mental”
(MH). Na amostra, como um todo, ou seja, desconsiderando-se
o local de trabalho do profissional de saúde, a saúde mental foi a
variável que teve maior correlação com a autoestima. Vale ressaltar

177
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

que uma das subdimensões da saúde mental, por sua vez, é a


depressão; ou seja, nessa análise preliminar, a depressão aparece
como um fator correlacionado com a autoestima.

Tabela 17 – Correlação entre Autoestima e as diversas dimensões da qualidade de vida

Grupo PF RP BP GH VT SF RE MH
Toda a amostra 0,21 0,25 0,25 O,26 0,46 0,40 0,32 0,58
HC 0,32 0,31 0,31 0,33 0,65 0,48 0,37 0,62
PSF 0,08 0,18 0,18 0,19 0,23 0,33 0,25 0,54

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Contudo, testes estatísticos a serem realizados na seção


4.4.1, bem como a estimação de um modelo de regressão para
avaliação mais apropriada de algumas observações verificadas de
forma preliminar nesta etapa descritiva são necessários para enri-
quecimento do trabalho. A seguir, apresenta-se a análise inferencial
dos dados.

4.3.1 Inferência

Visando a inferência e o estudo mais criterioso da relação entre


autoestima e qualidade de vida, optou-se, neste trabalho, pela mode-
lagem estatística dos dados. Os modelos estatísticos são técnicas
amplamente utilizadas para avaliar a relação entre variáveis e podem
auxiliar a verificar se as diversas subdimensões da qualidade de vida,
tais como funcionamento físico, aspectos emocionais, saúde mental,
etc. são capazes de explicar o nível de autoestima do indivíduo.

Os modelos de regressão linear múltipla são, geralmente,


estimados por mínimos quadrados ordinários (MQO – Mínimos
Quadrados Ordinários). Contudo, o método MQO pressupõe a acei-
tação de hipóteses muito restritivas a respeito da base de dados.

178
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O modelo aqui empregado será um modelo de mínimos


quadrados generalizados, estimado por máxima verossimilhança e
com auxílio do software estatístico R. Para uma leitura mais apro-
fundada sobre essa abordagem, suas especificidades, hipóteses
subjacentes, e metodologia de estimação, o leitor interessado pode
recorrer a inúmeros textos na literatura, dentre os quais pode-se
citar Gujarati (2000), Johnston (1977) e Singer e Wallet (2003).

4.3.2 Modelo estatístico

Um modelo para explicar a Autoestima do indivíduo i (AEi)


em função das variáveis que correspondem às subdimensões da
qualidade de vida pode ser formulado como a seguir:

AEi = β0 +β1GH i +β 2VTi +β3 SFi +β 4 REi +β5 MH i +β6 PFi +


β7 RPi +β8 BPi +β9 sexoi +β10 FEi +β11Qi +β12 Estressei +β13 Escoli +
β14 Doençai +β15 Re sidePLTi +ε i
(Mod. 1)

Onde, para o indivíduo i:

• AE representa o nível de Autoestima;

• GH - General Health é o nível de Saúde Geral;

• VT - Vitality – é o nível de Vitalidade;

• SF - Social Functioning - é o nível mensurado do


Funcionamento Social;

• RE - Role Emotional – é o nível estimado de Aspectos Emocionais;

179
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

• MH - Mental Health - é o nível de Saúde Mental;

• PF - Physical Functioning – representa o escore do


Funcionamento Físico;

• RP - Role Physical – é o nível observado de Aspectos Físicos;

• BP - Bodyly Pain - é a Dor Física, presente ou não;

• Sexo e FE, são o sexo e a faixa etária, respectivamente. A Faixa


Etária assume os níveis (1) até 40 anos e (0) para mais de 40 anos;

• Q é o questionário, com dois níveis, que na prática indica se


o indivíduo pertence ao HC ou ao PSF;

• Estresse é a variável dicotômica que indica se o indivíduo


se considera estressado (1) ou não (0);

• Doença é variável dicotômica e assume dois níveis: 1 indica


presença e 0 indica ausência;

• Reside PLT também tem dois níveis: 1 se mora perto do


local de trabalho e 0 em caso contrário;

• Os betas são os coeficientes das variáveis a serem esti-


mados, com β 0 representado o intercepto;


ε i é um erro aleatório.

4.3.3 Estimação do modelo completo e resultados

Com o auxílio da função gls da biblioteca nlme do software


R, o modelo completo, englobando todas as variáveis a acima
descritas, foi estimado.

180
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

De acordo com a metodologia estatística que baliza a esti-


mação do modelo, uma variável independente incluída no modelo deve
explicar parte da variável dependente se seu p-valor é inferior a 0,10.

O resultado do processo de estimação indicou, conforme


descrito na Tabela 25, que, além do intercepto, apenas a variável
que representa o nível de saúde mental (MH) apresentou signifi-
cância estatística. Conforme se observa, os valores p estimados das
demais variáveis (última coluna) foram todos elevados, superiores a
0,10. O resultado deste modelo está reproduzido na Tabela 18.

Tabela 18 – Estimação do Modelo Completo e Resultados


Variável Coeficiente p-valor
Intercepto 63,72873 0,00
PF 0,00538 0,91
RP -0,00118 0,98
BP -0,02498 0,56
GH 0,03689 0,48
VT 0,07481 0,24
SF 0,00855 0,86
RE 0,02851 0,69
MH 0,28448 0,00
Sexo (M) 0,52176 0,83
Questionário (PSF) 1,29004 0,47
Faixa etária (+ de 40) -0,16264 0,92
Escolaridade (s) 1,35615 0,45
Estresse (Sim) 1,22891 0,56
Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

O modelo cheio (ou completo) indicou que, dentre todas


as variáveis consideradas, apenas uma delas, a que representa a
saúde mental do indivíduo, foi importante na explicação do nível de
Autoestima do indivíduo.

181
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Logo, com o intuito de verificar forma mais rigorosa a relação


entre a Autoestima e os fatores ligados à saúde mental, buscou-se
modelar a Autoestima em função das variáveis do item 9 do ques-
tionário SF36.

4.3.4 Modelo para avaliar a relação entre autoestima e fatores de


saúde mental

Mais especificamente, de acordo com a metodologia do


questionário SF36, os itens candidatos a terem, teoricamente,
capacidade de explicar a Autoestima são os itens 9.b, 9.c, 9.d,
9.f e 9.h, relacionados às questões MH01, MH02, MH03, MH04 e
MH05 (conforme descrito no ANEXO C). Essas variáveis referem-se,
respectivamente a “nervosismo”, “depressão”, “calma”, “desânimo”
e “felicidade”16.

Como as variáveis MH01 e MH03 são teoricamente alta-


mente correlacionadas, optou-se por não incluir neste segundo
modelo de investigação a variável MH01. Logo, um segundo
modelo, denominado Modelo 2, foi especificado, considerando-se
a seguinte formulação:

AEi = β 0 +β1 MH 02 i +β 2 MH 03i +β3 MH 04 i +β 4 MH 05 i +ε i


(Modelo 2)

Onde

β1 , β 2 , β3 , e β 4 são coeficientes das variáveis indepen-


dentes MH02, MH03, MH04 e MH05, β 0 é o intercepto e ε é um
termo de erro aleatório com média 0 e variância σ i2

16. SF-36v2 – item 9 – Estas perguntas são sobre como você se sente e como as coisas aconte-
ceram com você nas últimas 4 semanas. Para cada pergunta, por favor, dê a resposta que mais
se aproxime da maneira como você tem se sentido. Item 9c (MH02) - Nas últimas 4 semanas,
durante quanto tempo você se sentiu deprimido?; Item 9d (MH 03) - Nas últimas 4 semanas,
durante quanto tempo você se sentiu calmo e tranquilo?; 9f (MH04) - Nas últimas 4 semanas,
durante quanto tempo você se sentiu desanimado e deprimido?; 9h (MH05) - Nas últimas 4
semanas, durante quanto tempo você se sentiu feliz?
182
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

4.3.5 Resultados do Modelo 2

Os resultados encontrados para o Modelo 2 estão sumari-


zados na Tabela 19. Recorrendo-se à observação da coluna refe-
rente ao p-valor, nota-se que as variáveis MH03 e MH05, referentes
a “tranquilidade” e “felicidade” apresentaram significância estatís-
tica relevante.

Tabela 19 – Resultados do Modelo 2

Variável Coeficiente p-valor

Intercepto 110,5392 0,00

MH02 1,11612 0,39

MH03 -2,67682 0,00

MH04 -0,67543 0,49

MH05 -5,11899 0,00

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Ou seja, pela estimação do Modelo 2, a percepção de tran-


quilidade e o sentimento de felicidade por parte do indivíduo estão
vinculados a sua Autoestima. Um modelo somente com estas variá-
veis foi então estimado: Modelo 3.

183
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

4.3.6 Especificação e resultados do Modelo 3

O Modelo 3 engloba somente as variáveis significativas


obtidas anteriormente:
AEi = β0 +β1 MH 03i +β 2 MH 05 i +ε i
(Modelo 3)

Onde

β1 , e β 2
são os coeficientes das variáveis independentes
MH03 e MH05, β 0 é o intercepto e ε é o termo de erro aleatório
com média 0 e variância σ i .
2

O resultado da estimação do Modelo 3 está na Tabela 20.


Percebe-se que, de acordo com a explicação anterior, as variáveis MH03
e MH05, referente a tranquilidade (calma) e percepção de felicidade,
são de fato estatisticamente significativas para explicar a Autoestima do
indivíduo para o grupo estudado de profissionais de saúde.

Tabela 20 – Especificação e Resultados do Modelo 3

Variável Coeficiente p-valor

Intercepto 112,77663 0,00

MH03 -2,65079 0,00

MH05 -5,06786 0,00

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

De acordo com a Tabela 20, os resultados de p-valor refe-


rente às variáveis MH03 e MH05 aponta para a significância estatís-
tica delas, já que são inferiores a 0,05.

184
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

4.4 Autoestima versus depressão, sensação de felicidade e tranquilidade

No Modelo 2, a variável MH02, que está vinculada ao estado de


depressão do indivíduo, foi analisada junto com as variáveis atreladas
a calma e percepção ou sensação de felicidade (MH03 e MH05).

Desse modo, o pesquisador pode suspeitar que a não signifi-


cância da variável MH02 (depressão) (vide Tabela 19) tenha ocorrido
em função de o modelo contar também com duas variáveis (tranqui-
lidade e felicidade) capazes de mascarar o resultado da depressão
na explicação da autoestima.

Logo, avaliou-se um quarto modelo, considerando-se a


depressão e a vitalidade (VT) na explicação da Autoestima. A vari-
ável MH02, relacionada a depressão, é então incluída na mode-
lagem a partir da suspeição teórica de que o estado de depressão
do indivíduo pode ser capaz de explicar sua Autoestima. A variável
VT entra no modelo 4 por ter sido a segunda subdimensão da quali-
dade de vida que apresentou maior proximidade de relação com
a Autoestima, como demonstrado na Tabela 18, embora o p-valor
fosse superior a 0,10.

4.4.1 Especificação e resultados do Modelo 4

A Formulação do Modelo 4 está a seguir:


AEi = β 0 +β1 MH 02 i +β 2VTi +ε i
(Modelo 4)

Onde

β1 , e β 2 são os coeficientes das variáveis independentes


MH02 e VT, β 0 é o intercepto e ε é o termo de erro aleatório com
média 0 e variância σ i2 .

185
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Os resultados estão na Tabela 21:

Tabela 21 – Especificação e Resultados do Modelo 4

Variável Coeficiente p-valor

Intercepto 69,62145 0,00

MH02 3,15122 0,02

VT 0,19559 0,00

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

Nota-se, com a análise da Tabela 21, que a depressão (MH02)


e a vitalidade (VT) foram significativas de acordo com os níveis
usuais empregados nos testes estatísticos, haja vista os resultados
para p-valor apresentados serem inferiores a 0,05.

Logo, tanto o Modelo 3, que considera as variáveis ligadas a


tranquilidade e felicidade, quanto o Modelo 4, que exclusivamente
engloba depressão e vitalidade, apresentaram significância estatís-
tica na explicação da Autoestima dos indivíduos.

Um teste comparativo entre os dois modelos, feitos a partir


da função ANOVA, do R, indica que o Modelo 3 explica a Autoestima
com maior precisão que o Modelo 4 (ver Tabela 22).

Tabela 22 – Comparativo entre os Modelos 3 e 4

Modelo Variáveis incluídas AIC BIC

3 MH03 e MH05 680,67 691,09

4 MH02 e VT 708,1 718,52

Fonte: OLIVEIRA, B. Rio de Janeiro, 2016.

186
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

O menor valor das estatísticas AIC (Akaike Information


Criterium) e BIC (Bayesian Information Criterium)17 para o Modelo 3,
com MH03 e MH05, indica que o Modelo 3 ajusta-se melhor aos
dados que o Modelo 4.

17. Referências para AIc e BIC

187
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os dados revelam que há uma predominância de mulheres que


atuam no trabalho em saúde tanto no HC quanto na ESF no Município
de Rio Bonito. Dos profissionais pesquisados, há relatos de enfermi-
dades entre as quais se destaca a hipertensão arterial sistêmica.

No que diz respeito ao absenteísmo no Hospital Colônia,


a maioria dos trabalhadores relatou que já faltou ao trabalho por
motivo de doença, enquanto nas unidades da ESF, 46% dos entre-
vistados se ausentaram do trabalho por alguma enfermidade.

Outros estudos também revelam que o absenteísmo entre


os profissionais de saúde pública é uma realidade no Brasil. Uma
pesquisa realizada em Manaus, acerca do absenteísmo dos traba-
lhadores de enfermagem de um centro psiquiátrico, analisou traba-
lhadores ausentes do trabalho por pelo menos um dia no período de
janeiro de 2004 a janeiro de 2005, os resultados encontrados foram:
415 registros de ausência por 74,29% dos profissionais de enfer-
magem, o que gera uma taxa de absenteísmo de 2,79 no período,
sendo o principal motivo a doença (BECKER; OLIVEIRA, 2008).

Ao compararmos os dados do Hospital Colônia do Município


de Rio Bonito / RJ com os dados do Centro Psiquiátrico de Manaus,
podemos apreender que os profissionais de saúde mental estão
sujeitos a adoecimento e ao absenteísmo.

Souza L. (2012), ao pesquisar o absenteísmo dos profissio-


nais de enfermagem de um hospital universitário no Rio Grande do
Sul durante o período de dois anos (entre 2009 e 2011), num total
de 254 entrevistados, encontrou os seguintes dados: 83,9% dos
trabalhadores faltaram pelo menos um dia ao trabalho; a taxa de
absenteísmo foi de 1,7%; 127 profissionais faltaram até 60,8 horas;
25% dos participantes do estudo faltaram mais de 139,6 horas; a
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

maior taxa de absenteísmo foi encontrada em profissionais de enfer-


magem com menos escolaridade; com filho(s); com doenças oste-
omusculares; com suspeição de distúrbios psiquiátricos menores;
com outro emprego; com insatisfação com o local de trabalho.

Quanto ao quesito distância do trabalho, os dados revelam


que a maioria dos profissionais do PSF reside longe do trabalho, o
que pode ser fator significante para a qualidade de vida em função
do tempo percorrido entre casa-trabalho-casa, embora esse não
tenha sido um fator analisado mais profundamente neste estudo.

O estresse no trabalho é um tema abordado em diversos


estudos que tratam da qualidade de vida no trabalho, conforme
vimos nos itens 2.4 e 2.5. Na população estudada, 27% dos entre-
vistados relataram sentir-se estressados. O que, apesar de ser uma
análise de relato do estresse, corrobora com a pesquisa de Gomes
et al. (2007) com profissionais de enfermagem de Portugal. A
pesquisa portuguesa analisou 286 profissionais de enfermagem em
hospitais e centros de saúde de Portugal, detectando que 30% dos
enfermeiros tinham experiências significativas com estresse, que se
relacionavam com a exaustão emocional, saúde física, satisfação e
realização profissional.

Pesquisadores de Taiwan (SHEN et al., 2005) avaliaram o


estresse ocupacional de profissionais de enfermagem que atuam
em instituições psiquiátricas através do Job Content Questionnaire
(JCQ) utilizaram o SF-36 para investigar também a qualidade de
vida destes trabalhadores. Os resultados apontaram que escores
baixos em saúde geral do SF-36 estavam associados a baixo
controle de trabalho, alta demanda psicológica, pouco apoio no
local de trabalho e estresse ocupacional percebido.

Os dados da pesquisa, relacionados à autoestima, revelam


que a maioria dos profissionais de saúde entrevistados apresentam

189
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

autoestima boa ou mediana, o que indica que os profissionais de


saúde estudados têm um autoconceito positivo e usam isso para
lidar com o trabalho e as exigências do dia a dia.

O autoconceito é um fator importante para a relação do indi-


víduo com o trabalho, conforme foi abordado no item 2.4. É a partir
do modo como o indivíduo se vê e se compreende que ele se rela-
ciona consigo e com as pessoas à sua volta, interpretando fatos
e se comportando de modo a se autovalorizar, se implicando e se
comprometendo com as atividades laborais.

Andrade, Sousa e Minayo (2009) afirmam que a autoestima tem


relação com a atribuição que o indivíduo faz com seu valor próprio,
com o sentimento de aprovação ou desaprovação, com a capacidade
de tomar decisões que são boas para si, de fazer escolhas respon-
sáveis, buscando um sentido para si mesmo, tudo o que o cerca de
forma a conseguir lidar com as pressões externas e o meio em que
vive, alcançando, assim, um sentimento de sucesso ou fracasso.

A qualidade de vida estudada nesta pesquisa teve como foco


as seguintes dimensões: saúde geral, vitalidade, funcionamento
social, aspectos emocionais, saúde mental, funcionamento físico,
aspectos físicos, dor física, conforme os critérios do questionário
SF-36v2 (CICONELLI, 1999). Os resultados encontrados revelam
que os profissionais que atuam na saúde mental sofrem mais
impacto na saúde geral (GH), funcionamento social (SF), funcio-
namento físico (PF), aspectos físicos (RP) e dor física (BP) do que
aqueles que trabalham na ESF.

O estudo de Musshauser et al. (2006) investigou a saúde física


e mental de 1.083 mulheres trabalhadoras da saúde na Áustria, utili-
zando uma escala que verifica variáveis relacionadas a aspectos de
trabalho e familiares e o SF-36. As médicas obtiveram os escores
mais altos para todas as dimensões relacionadas à saúde física,

190
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

menos em saúde geral. A população estudada apresentou boa


saúde mental, com exceção do pessoal administrativo. A idade teve
maior influência nas dimensões físicas e não teve qualquer relação
com a saúde mental. O tempo gasto em tarefas domésticas, horário
de trabalho e satisfação tiveram relação com a saúde mental.

Já em nosso estudo, as mulheres que atuam na saúde mental


têm pior saúde física do que as que atuam na saúde da família,
enquanto os homens apresentam resultados semelhantes nesse
quesito. Quanto à saúde mental, na análise de gênero, homens e
mulheres do Hospital Colônia apresentaram melhores resultados.
Quanto à comparação por idade, os trabalhadores da ESF tiveram
melhores resultados em saúde física e os trabalhadores de saúde
mental demonstraram saldos mais positivos em saúde mental.

Silva et al. (2010) avaliaram a qualidade de vida associada


às condições de trabalho de 696 profissionais de enfermagem de
um hospital universitário de São Paulo, utilizando uma escala de
estresse no trabalho e o SF-36. Os resultados apontaram que as
dimensões com piores resultados no SF-36 foram vitalidade, dor e
saúde mental. Alto desgaste no trabalho, desequilíbrio entre esfor-
ço-recompensa e ser profissional de enfermagem mulher tiveram
associação com baixos escores na dimensão de aspectos emocio-
nais do SF-36. Os fatores psicossociais do trabalho tiveram forte
influência sobre as dimensões relacionadas à saúde mental no
SF-36. O estudo ressalta que o desequilíbrio entre esforço-recom-
pensa no trabalho foi mais significativo para a qualidade de vida e
saúde do que o desgaste da atividade laboral.

Os dados da nossa pesquisa revelaram que ambos os grupos


de profissionais da saúde avaliados apresentam boa vitalidade (HC
68% e ESF 66%), a saúde mental foi na média ou acima da média
para ambos os grupos; contudo, a metade da população estudada
apresenta dor. Esse último item corrobora com os estudos de Silva

191
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

et al. Além disso, a cultura, as condições socioeconômicas, o tipo


de local de trabalho e o modelo de gestão também podem influen-
ciar em resultados distintos para grupos de trabalhadores da saúde
de diferentes cidades brasileiras e de outros países.

Laaksonen et al. (2011) pesquisaram 8.960 trabalhadores


entre 40 e 60 anos de Helsinque, Finlândia, no que diz respeito a dife-
rentes domínios do funcionamento da saúde e ausência ao trabalho
por doença. O SF-36 foi utilizado e os dados encontrados foram
os seguintes: todas as oito dimensões do SF-36 tinham relação
com ausência por doença; a dimensão dor no corpo foi o mais forte
preditor de ausência ao trabalho por doença entre as mulheres; as
dimensões dor corporal, saúde geral e funcionamento físico tiveram
mais relação com ausência por doença, enquanto as dimensões
saúde mental e limitação emocional tiveram pouca relação.

Peralta et al. (2012) investigaram 100 trabalhadores da


Atenção Primária à Saúde na Argentina, avaliando o índice de capa-
cidade para o trabalho (ICT) através de correlação com o SF-36. Os
autores destacam que o SF-36 é amplamente utilizado para avaliar a
saúde do ponto de vista da pessoa, sendo um instrumento validado
em diversos países. Os resultados encontrados foram: o ICT apre-
sentou correlação estatística com todas as dimensões do SF-36,
considerando que um melhor estado de saúde corresponde a um
maior ICT; contudo, houve uma correlação inversa com a dimensão
dor, o que implica que quanto menor a dor, maior o ICT.

De forma geral, mais da metade dos profissionais de saúde


do HC e ESF analisados na pesquisa apresentam boa saúde física
e mental em comparação com a amostra geral da população;
contudo, os resultados para dor física revelam que grande parte
dos trabalhadores demonstram dor na média ou acima da média a
da amostra geral da população.

192
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Kheiraoui et al. (2012) analisaram a qualidade de vida de


profissionais de saúde na Itália e os dados da investigação desta-
caram que, quanto maior o tempo de carreira, pior o escore geral
de saúde, e a menor qualidade de vida está entre os trabalhadores
de enfermagem. Na comparação com a população geral, os traba-
lhadores da saúde obtiveram baixos escores nas seguintes dimen-
sões: vitalidade, funcionamento social e aspectos emocionais. Os
que trabalham mais de 40 horas semanais apresentam os piores
escores de vitalidade e quanto maior a idade, maior o gerencia-
mento emocional. As mulheres têm escores de vitalidade e saúde
mental mais baixos que os homens.

Comparando nossa pesquisa com o estudo italiano, temos


que na ESF as mulheres apresentam mais vitalidade que os homens,
já no HC, os homens apresentam mais vitalidade que as mulheres.
Já na dimensão saúde mental, embora as diferenças percentuais
sejam pequenas, na ESF as mulheres tiveram melhores resultados
que os homens; contudo, no HC, os homens obtiveram melhores
resultados que as mulheres.

Tong et al. (2012) utilizaram o SF-36v2 para avaliar a quali-


dade de vida e saúde de 185 médicos, com idade média de 33,6
anos, de um grande hospital de Singapura. Os médicos iniciantes
tiveram escores mais baixos em todas as dimensões da escala do
que os médicos veteranos, com exceção da dimensão funciona-
mento físico. A saúde mental é pior entre os médicos iniciantes do
que entre os médicos veteranos. Os escores de baixa vitalidade são
sugestivos de maior propensão à fadiga em médicos iniciantes, o
que impacta na qualidade de vida deles.

Ao fazermos um paralelo entre o estudo de Singapura e a


pesquisa realizada em Rio Bonito/RJ para este estudo, é possível
apontar que no trabalho em saúde mental a idade e o amadure-
cimento fazem com que os trabalhadores lidem melhor com os

193
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

processos de trabalho e situações de vida, apresentando mais saúde


mental do que os que estão iniciando a vida profissional na área.

Joslin et al. (2014) usaram o SF-36 associado a um ques-


tionário para avaliação da dor no pescoço em profissionais de
enfermagem de Bristol, Reino Unido, e concluíram que sujeitos
que apresentam dor no pescoço têm menos saúde mental e saúde
física, o que ocorre em 1/3 dos indivíduos investigados.

Um estudo longitudinal realizado na Austrália por Milner,


Smith e LaMontagne (2015) analisou 18.420 pessoas, durante os
anos de 2001 a 2012, para investigar o impacto da quantidade de
horas trabalhadas na saúde mental dos indivíduos, tomando como
referência a carga horária integral: 35 a 40 horas semanais. O SF-36
foi o questionário utilizado, e a dimensão Componente Mental foi a
principal medida utilizada para avaliação dos resultados.

A pesquisa australiana mostrou que aqueles que trabalham


de 49 a 59 horas ou 60 horas ou mais semanalmente tem pior saúde
mental do que os que cumprem 35 a 40 horas, sendo as mulheres
as mais prejudicadas. Houve maior índice de diminuição da saúde
mental em situação de longas horas de trabalho em profissionais
que ocupam cargos mais altos e são mais qualificados. Nesse
sentido, o estudo aponta a necessidade de controle e regulação da
carga horária de trabalho em prol da redução de problemas relacio-
nados à saúde mental dos trabalhadores.

Em Londrina-PR, Brasil, Cattiari et al. (2013) avaliaram o


estado de saúde de trabalhadores de enfermagem em readequação
e readaptação funcional a partir dos resultados do SF-36, que
mostraram o seguinte: em 91,2% dos casos os problemas físicos
foram o motivo da readaptação funcional; dentre os domínios do
SF-36 dor corporal, vitalidade e saúde geral obtiveram os piores
resultados, enquanto os melhores escores estavam relacionados à

194
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

saúde mental; na comparação entre os trabalhadores readaptados


por problemas físicos e aqueles readaptados por problemas mentais,
os que tinham motivos físicos apresentaram escores mais baixos em
todos os domínios do SF-36, à exceção do desempenho emocional.

Borges e Ferreira (2015), ao estudarem o bullying no trabalho


de enfermeiros, para adaptação de um questionário português que
avalia o evento, compararam os resultados com as dimensões do
SF-36 e encontraram uma associação estatisticamente negativa
entre o bullying e a as medidas de qualidade de vida do SF-36,
sendo a associação negativa mais elevada entre “Qualidade/sobre-
carga de Trabalho” e a “Função Social” e a “Saúde Geral” do SF-36,
o que implica que enfermeiros que sofrem bullying tem uma dimi-
nuição da percepção da qualidade de vida.

Os resultados encontrados a partir do SF-36 nos dois grupos


de profissionais de saúde avaliados em nossa pesquisa revelam
que entre 08 e 24% dos indivíduos apresentam resultados abaixo
da média em todas as dimensões do questionário de qualidade de
vida, com destaque para Funcionamento Social (SF) – 28% no HC
e 16% na ESF e Funcionamento Físico (PF) – 24% no HC e 14% na
ESF. Os trabalhadores da saúde mental (HC) são os que têm maior
prejuízo em todas as dimensões analisadas.

Ao avaliarmos a correlação entre a autoestima e as dimen-


sões da qualidade de vida propostas pelo SF-36, os resultados
encontrados apontam uma relação importante entre autoestima e as
variáveis relacionadas à felicidade, tranquilidade, depressão e vita-
lidade, que fazem parte da dimensão saúde mental. Assim, temos
que a autoestima tem relação com a saúde mental do indivíduo.

Gouveia et al. (2009) afirmam que felicidade, tranquilidade,


prazer e satisfação são termos que fazem parte do bem-estar subje-
tivo (BES), este consiste em uma atitude com dois componentes:

195
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

o afeto e a cognição. A avaliação cognitiva e racional que os indi-


víduos fazem a respeito de suas vidas denomina-se componente
cognitivo. Já a avaliação afetiva tem relação com as emoções e
o humor, consistindo na capacidade de experimentar e avaliar os
afetos vivenciados em relação a si mesmo, aos outros e a diferentes
contextos da vida, como o trabalho. As pessoas percebem suas
emoções como positivas ou negativas.

Pérez-Ramos (1980 apud MARTINEZ, 2002) relacionam satis-


fação no trabalho com o conceito de felicidade, apreendida como uma
vivência afetiva na qual as pessoas sentem-se bem em relação à sua
existência, experimentando mais emoções positivas do que negativas.

A felicidade humana já vem sendo pesquisada há algum


tempo. Lyubomirsky e Lepper desenvolveram em 1999 a Subjective
Happiness Scale, Escala de Felicidade Subjetiva, traduzida e vali-
dada para a amostra brasileira, na Universidade Federal do Rio
grande do Sul, por Damásio (2013), que em seu estudo encontrou
correlações significativas entre a felicidade subjetiva, satisfação,
esperança e autoestima.

A qualidade de vida e a autoestima são autoavaliativas a partir


do aspecto cognitivo-afetivo, ou seja, o modo como as pessoas
percebem em si mesmas diante dos eventos cotidianos e como
indivíduos é subjetivo em função da razão e emoção.

A literatura já comprovou que pessoas que se autoavaliam


positivamente, sentem-se felizes e satisfeitas, apresentam maior
bem-estar (GOUVEIA et al., 2009). A correlação entre autoestima
e saúde mental, a partir da felicidade, tranquilidade e vitalidade,
mostra que os profissionais da saúde têm mais qualidade de vida e
saúde mental quando estes fatores são valorizados, tanto de forma
pessoal quanto no ambiente de trabalho.

196
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

A relação entre depressão e autoestima não é menos impor-


tante, pois o modelo 4, apresentado no capítulo 4, mostra que
também há significância estatística e essa deve ser considerada.
Assim, a depressão também este relacionada com a autoestima e
pode explicá-la.

Furegato, Santos e Silva (2008) investigaram 224 estudantes


de enfermagem, comparando depressão com a percepção de saúde
física, autoestima e o interesse por saúde mental. O estudo concluiu
que, dentre os sujeitos avaliados, 17% tinham alta autoestima e
63,4% apresentavam nível médio de estima pessoal; 12,5% tinham
depressão leve e 6,9% depressão moderada e grave. A pesquisa
detectou que todos os que demonstravam alta autoestima não apre-
sentavam depressão, enquanto os sujeitos que tinham depressão
moderada ou grave também tinham autoestima mediana.

É possível avaliar, então, que pessoas com alta autoestima


tendem a ser mais felizes, tranquilas, apresentam maior grau de
vitalidade e menor tendência à depressão. Esses fatores também
influenciam a autoestima, o que implica afirmar que a felicidade,
tranquilidade e a vitalidade fazem parte de um autoconceito posi-
tivo, enquanto que a depressão acarreta em prejuízos.

Na pesquisa bibliográfica efetivada, apenas um estudo


relacionando a autoconceito e qualidade de vida foi encontrado:
Intervenção visando a autoestima e qualidade de vida dos policiais
civis do Rio de Janeiro, dos autores Andrade, Sousa e Minayo,
publicado em 2009. O referido estudo prioriza os aspectos psico-
lógicos e relacionais da qualidade de vida e destaca que um poli-
cial civil antecipa as reações sociais que suas ações podem gerar,
reinterpretando fatos e avaliações dos outros a seu respeito em sua
atividade, o que denota a necessidade de um autoconceito positivo
e autoconfiança para lidar com as pressões do dia a dia e efetuar
avaliações dentro da realidade apresentada. Os autores concluem

197
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

que é possível relacionar autoestima e qualidade de vida e propor-


cionar intervenções que valorizem esses fatores.

Dessa forma, autoestima e qualidade de vida estão relacio-


nadas, principalmente no que diz respeito à dimensão saúde mental.
Os profissionais de saúde sofrem impactos na autoestima e na saúde
mental, o que pode acarretar prejuízos para a qualidade de vida.

198
6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

6.1 Conclusão

Nesta pesquisa, investigou-se a percepção da autoestima e


a qualidade de vida e saúde dos trabalhadores da saúde mental
do Hospital Colônia e das unidades da Estratégia de Saúde da
Família do Município de Rio Bonito/RJ/BR. Os objetivos especí-
ficos foram alcançados por meio de análise estatística e suporte da
revisão de literatura. Estes objetivos consistiram, resumidamente,
em identificar a percepção da autoestima, examinar a qualidade de
vida, comparar a autoestima e qualidade de vida nos dois grupos
e analisar a possível correlação entre autoestima e fatores da quali-
dade de vida.

Os principais resultados encontrados revelaram que cerca


de ¼ dos trabalhadores da ESF e 1/3 dos profissionais do HC
relataram apresentar algum tipo de enfermidade, o que não pode
ser desconsiderado pela gestão destas unidades. Um outro ponto
importante foi o absenteísmo por motivo de doença, que já afetou
mais da metade dos trabalhadores do HC e quase a metade dos
que atuam nas unidades da ESF.

Apesar de o estresse não ter sido o alvo principal deste


estudo, uma pergunta sobre o tema foi incluída no questionário
sociodemográfico do profissional de saúde e cerca de ¼ dos profis-
sionais afirmaram se sentir estressados, o que requer maior investi-
gação a favor de se tomar medidas para evitar o estresse.

A investigação da autoestima mostrou que a maioria dos


trabalhadores de ambos os grupos percebem sua autoestima como
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

boa. Isso se caracterizou como um fator independente da idade,


da escolaridade, do relato de doença, de falta ao trabalho ou de
estresse.

A qualidade de vida e sua relação com a saúde foi extensa-


mente debatida na revisão de literatura e os dados encontrados na
pesquisa mostram que os dois grupos de trabalhadores da saúde
avaliados apresentam, em sua maioria, aspectos medianos quanto
às dimensões avaliadas. Contudo, é preciso levar em consideração
os resultados para funcionamento físico e funcionamento social dos
trabalhadores do HC, uma vez que quase 1/3 deles tiveram resul-
tados negativos nessas dimensões.

A comparação dos resultados por grupo mostrou que os


trabalhadores da saúde mental sofrem mais impacto na qualidade
de vida e saúde em função dos processos de trabalho do que
aqueles que atuam na saúde da família. A saúde física dos homens
dos dois grupos não apresenta diferenças significativas, mas a
saúde mental é melhor nos trabalhadores do HC, o que pode indicar
que o trabalho com pacientes psiquiátricos e o desenvolvimento de
habilidades para atuar na área, faz com que eles criem estratégias
para o não adoecimento psíquico.

As mulheres apresentam melhor saúde mental e física que os


homens nos dois grupos; contudo, as trabalhadoras da ESF apre-
sentam melhor saúde física e as que atuam no HC melhor saúde
mental. A revisão de literatura mostrou que os trabalhadores da saúde
são mais suscetíveis ao impacto dos processos de trabalho e das
relações com os pacientes, com destaque para aqueles que atuam
com pacientes psiquiátricos, que também são vítimas de violência.

No quesito dor física, apesar de os resultados serem seme-


lhantes à amostra geral da população, é importante ressaltar que,
no trabalho em saúde, mais da metade da população estudada
apresenta dor física, com destaque para as mulheres que exibem

200
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

mais dor física que os homens estudados, um dado que precisa ter
um olhar atento para que não haja prejuízos de saúde para esses
profissionais, o que pode acarretar em absenteísmo e/ou dificul-
dades com o desempenho no trabalho.

Também foi avaliado o risco de depressão, e os resultados


revelaram que esse risco é pequeno, abaixo da média da amostra
geral da população, mas é maior para os que atuam na saúde
mental do que para os trabalhadores da ESF. Talvez isso ocorra em
função do tipo de paciente atendido e do processo de trabalho dife-
renciado, embora os trabalhadores do HC apresentem, no geral,
boa saúde mental.

No estudo de correlação entre autoestima e as dimensões da


qualidade de vida, os resultados da análise estatística mostraram
que a autoestima tem correlação significativa com a saúde mental,
principalmente com o estado de felicidade, tranquilidade, vitalidade
e, ainda, com a depressão. Dessa forma, um autoconceito posi-
tivo ou negativo tem relação com o nível de felicidade, tranquilidade
e vitalidade percebidas pelo indivíduo. O estado de depressão
também está associado à autoestima, impactando-a negativamente.

O objetivo geral desta pesquisa foi avaliar a qualidade de vida


e a percepção da autoestima dos profissionais de saúde mental e
da Estratégia de Saúde da Família do Município de Rio Bonito-RJ
/ Brasil, que foi cumprido através da revisão de literatura e análise
estatística, bem como os objetivos específicos.

Um dos objetivos específicos foi analisar a correlação entre


qualidade de vida e autoestima dos profissionais de saúde mental
e da Estratégia de Saúde da Família do Município de Rio Bonito-RJ/
BR. Embora não houvesse correlação da autoestima com outras
dimensões do SF-36v2, o estudo cumpriu o propósito de investigar
as possíveis correlações existentes entre a autoestima e a qualidade

201
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

de vida. Pode-se afirmar, a partir dos resultados encontrados, que a


autoestima e a saúde mental estão associadas e que índices baixos
em ambos os fatores podem acarretar em prejuízos para a quali-
dade de vida e saúde dos profissionais de saúde pública.

As hipóteses investigadas foram refutadas em função de


resultados encontrados que as contradizem. A hipótese afirma
que não existem diferenças significativas entre os trabalhadores
de saúde mental do Hospital Colônia e profissionais da ESF do
Município de Rio Bonito-RJ/BR no que se refere a autoestima e quali-
dade de vida, não havendo correlação entre autoestima e qualidade
de vida na população estudada. A hipótese alternativa afirma que
os trabalhadores de saúde mental do Hospital Colônia apresentam
menos prejuízo em relação à autoestima e qualidade de vida do que
os profissionais da ESF do Município de Rio Bonito-RJ/BR, havendo
correlação positiva entre autoestima e qualidade de vida na popu-
lação estudada.

Os resultados mostraram que não há diferenças significativas


em relação à percepção da autoestima nos dois grupos estudados,
mas há maior prejuízo da qualidade de vida e saúde para os traba-
lhadores de saúde mental do Hospital Colônia do que para os profis-
sionais da ESF, havendo correlação da autoestima apenas com
alguns itens relacionados à dimensão saúde mental da qualidade
de vida, a saber: felicidade, tranquilidade, vitalidade e depressão.

O problema norteador desta pesquisa foi “Como os processos


de trabalho nos contextos do Hospital Colônia e do PSF podem
consistir um fator de impacto na percepção da qualidade de vida e
autoestima?” A revisão de literatura, em concomitância com a análise
estatística, muito contribuiu para a resposta a esse problema e
conclui-se que os processos de trabalho em saúde são impactantes
em nível físico e mental dos profissionais, pois algumas dimensões
da qualidade de vida sofrem mais consequências do que outras,
como o funcionamento social, funcionamento físico e dor física.

202
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Destaca-se, ainda, que ao lidar com o sofrimento dos


pacientes, com sobrecarga de tarefas e outras dificuldades relacio-
nadas aos processos de trabalho, os profissionais de saúde podem
ter uma baixa da qualidade de vida e do autoconceito, com possí-
veis agravos na saúde física e mental. A partir do que foi exposto, é
preciso considerar que o profissional de saúde deve estar bem para
atender as pessoas que estão sob seus cuidados, com risco de
prejuízos na qualidade do atendimento, de erros, de falhas técnicas
e processuais que podem acarretar danos aos pacientes.

A qualidade de vida no trabalho dos profissionais de saúde


é um tema que necessita constante indagação e investigação, pois
muito precisa ainda ser feito para melhorias da qualidade de vida
deste público específico. Dependendo do tipo de local de trabalho, da
clientela atendida, do modelo de gestão, das relações interpessoais
estabelecidas, dos fluxos de trabalho, dentre outros fatores, a quali-
dade de vida, autoestima e saúde podem ser melhores ou piores. Em
função disso, não se pode generalizar dados da população investi-
gada neste estudo para todos os profissionais de saúde, senão apre-
endê-los como tendência a ser analisada em outras pesquisas.

6.2 Recomendações

Diante dos resultados encontrados e das limitações do


estudo, algumas recomendações são pertinentes:

Quanto ao Hospital Colônia e unidades da ESF:

Criar estratégias para ampliar o funcionamento social


dos trabalhadores, que incluam a socialização, o investimento

203
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

nas relações interpessoais, grupos para a realização de tarefas,


momentos para trocas de experiências e espaço para a expressão
emocional.

Investir em ações que possam diminuir o impacto da dor


física e as possíveis consequências no trabalho, contribuindo para
o autocuidado em saúde.

Incluir ações que visem melhorar o funcionamento físico


dos trabalhadores, incentivando a atividade física e a promoção
de saúde através de estratégias que possam abranger a alimen-
tação adequada, exercícios e práticas saudáveis dentro e fora do
ambiente de trabalho.

Quanto a novas pesquisas

A investigação da autoestima dos profissionais de saúde


e do autoconceito no trabalho deve ser tema de outros estudos,
pois ainda há poucas pesquisas que abordem estes assuntos, e a
ampliação de conteúdos pode contribuir para a criação de estraté-
gias que beneficiem estes trabalhadores.

Pesquisas em todo o mundo abordam a qualidade de vida


dos profissionais de saúde, mas apenas poucos relacionam a auto-
estima com a qualidade de vida e saúde, carecendo de maior inves-
tigação para futuras análises de correlações entre estes aspectos
que fazem parte da vida humana e podem predizer condutas e
possíveis impactos no trabalho.

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221
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

APÊNDICES

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO DO


PROFISSIONAL DE SAÚDE

Nome:
Idade: Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Local de trabalho: ( ) Hospital Colônia ( ) PSF
Reside próximo ao local de trabalho? ( )Sim ( ) Não
Se não, quanto tempo leva para se deslocar para o trabalho?

Profissão:
Há quantos anos exerce a profissão?
Carga horário de trabalho diária:
Carga horária de trabalho semanal:
Folgas na semana:
Turno de trabalho: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite
Problemas de saúde:
Medicamentos de que faz uso:

Já faltou o trabalho por motivo de doença? ( ) Sim ( ) Não
Se considera uma pessoa estressada? ( ) Sim ( ) Não

Data de participação na pesquisa: / /

222
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

APÊNDICE B - Questionário para avaliação da autoestima

O autoquestionário a seguir foi elaborado para ajudar você a identificar seu nível de
autoestima. Responda de acordo com a primeira identificação que vier à sua mente,
sem pensar muito. Assinale com um X a alternativa de resposta que mais se adequar
às suas crenças, sentimentos e atitudes.

Marque: sempre - quando representar algo muito recorrente


com frequência - quando representar algo que ocorre de forma mediana
às vezes - quando representar algo pouco recorrente
nunca - quando jamais ocorrer

1) Tenho dificuldades de expressar meus sentimentos.


( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
2) Acredito que sou feio ou inadequado.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
3) Gosto de me olhar no espelho.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
4) Eu me aceito do jeito que eu sou.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
5) Eu não sei me afirmar perante os outros.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
6) Eu acredito no meu potencial.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
7) Eu penso que ninguém gosta de mim.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
8) Tenho facilidade para me relacionar com as pessoas.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
9) Eu acredito que mereço ser feliz.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
10) Eu valorizo a minha própria opinião.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
11) Quando erro, penso que sou burro ou que não faço nada certo.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca

223
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

12) Fico muito triste ou zangado quando recebo críticas, mesmo fundamentadas.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
13) Me mantenho em relações difíceis porque tenho medo de perder as pessoas.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
14) Eu sei dizer não quando necessário.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
15) Quando erro, assumo a responsabilidade.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
16) Tenho vergonha da minha aparência física.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
17) Diante de uma dificuldade eu me justifico e me defendo.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
18) Eu sempre tento agradar a todos.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
19) Eu reservo um tempo para cuidar de mim mesmo.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
20) Tenho dificuldades de me perdoar quando erro.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
21) Quando tenho um problema penso logo que tudo vai dar errado:
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
22) A frase “não vou conseguir” vem à minha mente:
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
23) A opinião do outro a meu respeito é mais importante que a minha.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
24) Quando tenho um problema tento resolver sozinho.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
25) Quando estou em um grupo sei me posicionar.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
26) Para agradar meus amigos faço coisas contra a minha vontade.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
27) Quando tenho que realizar algo importante, tenho confiança em mim mesmo.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca

224
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

28) Estou sempre buscando aprender coisas novas e aprimorar meu conhecimento.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
29) Eu respeito os meus limites.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca
30) Eu estou no topo da minha lista de prioridades.
( ) sempre ( ) com frequência ( ) às vezes ( ) nunca

Correção:
Atribua pontuação, sinalizada na tabela abaixo, conforme a resposta dada a cada
item. Some os pontos das afirmativas positivas à autoestima e coloque em total
parcial. Some os pontos das afirmativas negativas à autoestima e coloque em total
parcial. Depois some os totais parciais e coloque o resultado em total geral de
pontos. A seguir, olhe a seção de resultados.

Afirmativas positivas à autoestima


Itens
3, 4, 6, 8, 9, 10, 14, 15, 19, 24, 25, 27, 28, 29 e 30
Sempre com às vezes nunca Total parcial:
4 frequência 2 1
3
Afirmativas negativas à autoestima
Itens
1, 2, 5, 7, 11, 12, 13, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 23 e 26
Sempre com às vezes nunca Total parcial:
1 frequência 3 4
2
Total geral de pontos:

Resultado:
30 a 49 - Baixa autoestima. Você precisa investir em si mesmo, valorizar sua própria
companhia, ultrapassar obstáculos e exercitar sua autoestima.
50 a 89 - Autoestima mediana. Você está indo na direção certa, mas ainda precisa
desenvolver pontos importantes relacionados ao autoconceito. Invista em você!
90 a 107 - Boa autoestima. Você acredita em si mesmo e sabe a importância da
autovalorização e da autoconfiança. Continue investindo em você!
108 a 120 - Excelente autoestima. Você se tem na mais alta prioridade e sabe se valo-
rizar. Você sabe investir em si mesmo e pode conviver com os outros em harmonia.

225
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

ANEXOS

ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE

Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido

Título “Autoestima e qualidade de vida: um estudo de correlação


e comparação entre os profissionais de saúde mental do
Hospital Colônia e os profissionais de saúde dos PSFs do
Município de Rio Bonito/RJ/BR
Coordenador Prof. Dra. Patrícia Constantino

Pesquisadores Prof. Beatriz Acampora e Silva de Oliveira


Responsáveis (e-mail) [email protected]

Prezado Senhor(a),

O(A) Doutorando(a) Beatriz Acampora e Silva de Oliveira do Programa IDEIA


de Pós-graduação Stricto Sensu em Saúde Pública, da Universidad Americana,
Assunción-Py, pretende realizar um estudo com as seguintes características:
Título do Projeto de Pesquisa: “Autoestima e qualidade de vida: um estudo de corre-
lação e comparação entre os profissionais de saúde mental do Hospital Colônia e os
profissionais de saúde dos PSFs do Município de Rio Bonito/RJ/BR”.
Objetivo do Estudo: investigar a relação entre autoestima e qualidade de vida dos
profissionais de saúde mental e do Programa de Saúde da Família do Município de
Rio Bonito/RJ/BR.
Descrição dos Procedimentos Metodológicos: os profissionais serão abordados
durante a entrada, período de intervalo ou saída do turno de serviço. Os questio-
nários utilizados serão: questionário de avaliação de autoestima (Apêndice A),
publicado em livro e SF-36 (Anexo B). O questionário de avaliação de autoestima é
composto por 30 questões fechadas e o SF-36 é composto por 36 questões também
fechadas. Os questionários serão aplicados de forma individual. Logo após a coleta
de dados com os dois questionários, será realizada a correlação entre autoestima e
qualidade de vida e a comparação dos resultados das duas amostras de profissio-
nais de saúde.

226
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Descrição de Riscos e Desconfortos: os riscos que a pesquisa pode causar aos


participantes são mínimos, sendo eles: possível incômodo ao responder aos ques-
tionários e possível introspecção e percepção de um determinado problema vivido,
não havendo comprometimento para o bem-estar.
Benefícios para os Participanetes: a partir da avalização da relação entre a auto-
estima e qualidade de vida dos profissionais de saúde de Rio Bonito/RJ/BR, se
pretende identificar possíveis problemas e recomendar estratégias de prevenção de
doenças e promoção de saúde para este público, de forma a ampliar a qualidade
de vida no trabalho e a criar melhores condições na realização das rotinas laborais.
Forma de Obtenção da Amostra: a pesquisa será realizada com 60 profissionais de
saúde mental do Hospital Colônia (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem
e outros) e 60 profissionais de saúde das unidades de PSF (médicos, enfermeiros,
técnicos de enfermagem e outros) do Município de Rio Bonito/RJ/BR, totalizando
120 profissionais de saúde que concordarem em participar da pesquisa, assinando
o Termo de Consentimento Livro e Esclarecido e preenchendo devidamente os dois
questionários utilizados.
Uso de Placebo: não há.
Garantia de Acesso: em qualquer fase do estudo você terá pleno acesso aos profis-
sionais responsáveis nos telefones indicados.
Garantia de Liberdade: Sua participação neste estudo é absolutamente voluntária.
Dentro desta premissa, todos os participantes são absolutamente livres para, a qual-
quer momento, negar o seu consentimento ou abandonar o programa se assim o
desejar, sem que isto provoque qualquer tipo de penalização.
Mediante a sua aceitação, espera-se que compareça nos dias e horários marcados
e, acima de tudo, siga as instruções determinadas pelo pesquisador responsável
durante a realização da pesquisa.
Direito de Confidencialidade: os dados colhidos na presente investigação serão
utilizados para subsidiar a confecção de artigos científicos, mas os responsáveis
garantem a total privacidade e estrito anonimato dos participantes, quer no tocante
aos dados, quer no caso de utilização de imagens, ou outras formas de aquisição de
informações. Garantindo, desde já a confidencialidade, a privacidade e a proteção
da imagem e a não estigmatização, escusando-se de utilizar as informações geradas
pelo estudo em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos
de autoestima, de prestígio ou de quaisquer outras formas de discriminação.

227
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Direito de Acessibilidade: os seus dados específicos colhidos no transcurso da


presente pesquisa ficarão total e absolutamente disponíveis para consulta, bem como
asseguramos a necessária interpretação e informações cabíveis sobre os mesmos.
Em caso de dúvidas ou perguntas, queira manifestar-se em qualquer momento, para
explicações adicionais, dirigindo-se a qualquer um dos pesquisadores.
Despesas e Compensações: as despesas porventura acarretadas pela pesquisa
serão de responsabilidade da equipe de pesquisas. Não havendo por outro lado
qualquer previsão de compensação financeira.
Em caso de dúvidas ou perguntas, queira manifestar-se em qualquer momento, para
explicações adicionais, dirigindo-se a qualquer um dos pesquisadores.

Após a leitura do presente Termo, e estando de posse de minha plenitude mental e lega,
ou da tutela legalmente estabelecida sobre o participante da pesquisa, declaro expressa-
mente que entendi o propósito do referido estudo e, estando em perfeitas condições de
participação, dou meu consentimento para participar livremente do mesmo.

Cidade, de de 201 .

Assinatura do Participante
ou Representante Legal
Nome Completo (legível)

Identidade n° CPF n°
Em atendimento à Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012, à Resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996,

do Conselho Nacional de Saúde e à Declaração de Helsinki de 1964, na 18° Assembléia Mundial de Medicina na

Finlandia 1964, do Conselho Médico Mundial, o presente Termo é confeccionado e assinado em duas vias, uma

de posse do avaliado e outra que será encaminhada ao Comite de Ética da Pesquisa (CEP), do

228
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

ANEXO B - Questionário de Qualidade de Vida e Saúde SF-36v2

2ª Versão Brasileira do
SF-36v2 Questionário de Qualidade de
vida SF-36

Versão brasileira do questionário de qualidade de vida SF-36 - da Mota Falcão D;


Ciconelli RM, Ferraz MB, 2003 - Tradução e Adaptação Cultural Brasileira

Sua saúde e Bem-Estar

Este questionário lhe pergunta sua opinião sobre sua saúde. Esta informação nos
ajudará a saber como você se sente, e como você é capaz de desempenhar suas
atividades usuais. Muito obrigado por responder a este questionário!
Por favor, para cada uma das perguntas a seguir marque com um X o quadrado que
melhor corresponder à sua resposta.

1. Em geral, você diria que sua saúde é:


Excelente Muito boa Boa Razoável Ruim

2. Comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
Muito melhor Um pouco Quase a Um pouco pior Muito pior agora
agora do que melhor agora mesma de um agora do que do que há um
há um ano do que há um ano atrás há um ano ano
ano

3. As seguintes perguntas são sobre atividades que você poderia fazer durante um
dia comum. A sua saúde limita você nestas atividades? Se for o caso, o quanto?

Sim, limita Sim, limita Não, não


muito um pouco limita nem
um pouco
Atividades vigorosas, tais como correr, levantar objetos
pesados, participar em esportes árduos
Atividades moderadas, tais como mover uma mesa,
passar aspirador de pó, dançar ou nadar
Levantar ou carregar compras de supermercado
Subir vários lances de escada
Subir um lance de escada
Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se
Andar mais de 1 quilômetro
Andar várias centenas de metros
Andar cem metros
Tomar banho ou vestir-se

229
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

4. Nas últimas 4 semanas, durante quanto tempo você teve algum dos problemas abaixo com
seu trabalho ou com alguma outra atividade diária, por causa de sua saúde física?

Uma
Alguma pequena
Sempre A maior parte Nunca
parte do parte do
do tempo
tempo tempo
Diminuiu o tempo em que você trabalhava ou fazia outras
atividades?
Realizou menos do que você gostaria?
Esteve limitado no tipo de trabalho ou em outras
atividades?
Teve dificuldade em fazer seu trabalho ou outras ativi-
dades (p. ex. necessitou de um esforço extra)?

5. Nas últimas 4 semanas, durante quanto tempo você teve algum dos problemas
abaixo com seu trabalho ou com alguma outra atividade diária, por causa de qualquer
problema emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)??
Uma
Alguma pequena
Sempre A maior parte Nunca
parte do parte do
do tempo
tempo tempo
Diminuiu o tempo em que você trabalhava ou fazia outras
atividades?
Realizou menos do que você gostaria?
Trabalhou ou fez qualquer outra atividade sem o cuidado
habitual?

6. Nas últimas 4 semanas, o quanto sua saúde física ou problemas emocionais interferiram em
suas atividades sociais normais, em relação a família, amigos, vizinhos ou em grupo?
De forma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente
nenhuma

7. Quanta dor no corpo você teve nas últimas 4 semanas?


Nenhuma Muito leve Leve Moderada Severa Muito severa

8. Nas últimas 4 semanas, o quanto a dor interferiu em seu trabalho normal (incluindo
tanto o trabalho fora de casa quanto dentro de casa)?

De forma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente


nenhuma

230
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

9. Estas perguntas são sobre como você se sente e como as coisas aconteceram com você nas
últimas 4 semanas. Para cada pergunta, por favor de a resposta que mais se aproxime da maneira
como você tem se sentido. Nas últimas 4 semanas, durante quanto tempo....
Uma
Alguma pequena
Sempre A maior parte Nunca
parte do parte do
do tempo
tempo tempo

você se sentiu cheio de vida?


você se sentiu muito nervoso?
você se sentiu tão deprimido que nada podia animá-lo?
você se sentiu calmo e tranquilo?
você se sentiu com muita energia?
você se sentiu desanimado e deprimido?
você se sentiu esgotado?
você se sentiu feliz?
você se sentiu cansado?

10. Nas últimas 4 semanas, durante quanto tempo sua saúde física ou seus problemas emocionais
interferiram em suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc.)?

A maior parte Alguma parte Uma pequena


Sempre Nunca
do tempo do tempo parte do tempo

11. O quão VERDADEIRA ou FALSA é cada uma das seguintes afirmações para você?
A maioria
Definitivamente A maioria das Definitivamente
das vezes Não sei
verdadeira vezes falsa falsa
verdadeira
Eu costumo adoecer um pouco mais facilmente do que
outras pessoas
Eu sou tão saudável quanto qualquer outra pessoa que
conheço
Eu acho que minha saúde vai piorar
Minha saúde é excelente

231
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

ANEXO C - Relação questão e dimensão SF-36v2

Item # 1 2 3a 3b 3c 3d 3e 3f 3g 3h
Label GH01 HT PF01 PF02 PF03 PF04 PF05 PF06 PF07 PF08
Range 1-5 1-5 1-3 1-3 1-3 1-3 1-3 1-3 1-3 1-3

Item # 3i 3j 4a 4b 4c 4d 5a 5b 5c 6
Label PF09 PF10 RP01 RP02 RP03 RP04 RE01 RE02 RE03 SF01
Range 1-3 1-3 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5

Item # 7 8 9a 9b 9c 9d 9e 9f 9g 9h
Label BP01 BP02 VT01 MH01 MH02 MH03 VT02 MH04 VT03 MH05
Range 1-6 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5

Item # 9i 10 11a 11b 11c 11d - - - -


Label VT04 SF02 GH02 GH03 GH04 GH05 - - - -
Range 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 - - - -

Questão 1 - GH01 - faz parte do critério de GH - General Heath - Saúde geral


Questão 2 - HT - faz parte do critério de Heath Transition (anexo)
Questão 3a - PF01 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3b - PF02 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3c - PF03 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3d - PF04 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3e - PF05 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3f - PF06 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3g - PF07 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3h - PF08 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3i - PF09 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 3j - PF10 - faz parte do critério de PF - Physical Functioning - Funcionamento Físico
Questão 4a - RP01 - faz parte do critério de RP - Role Physical - Aspectos físicos
Questão 4b - RP02 - faz parte do critério de RP - Role Physical - Aspectos físicos
Questão 4c - RP03 - faz parte do critério de RP - Role Physical - Aspectos físicos
Questão 4d - RP04 - faz parte do critério de RP - Role Physical - Aspectos físicos
Questão 5a - RE01 - faz parte do critério de Role Emotional - aspectos emocionais
Questão 5b - RE02 - faz parte do critério de Role Emotional - aspectos emocionais
Questão 5c - RE03 - faz parte do critério de Role Emotional - aspectos emocionais
Questão 6 - SF01 - faz parte do critério de Social Functioning - Funcionamento social
Questão 7 - BP01 - faz parte do critério de Bodyly Pain (Dor física)
Questão 8 - BP02 - faz parte do critério de Bodyly Pain (Dor física)
Questão 9a - VT01 - faz parte do critério de Vitality - Vitalidade
Questão 9b - MH01 - faz parte do critério de Mental Health - Saúde Mental
Questão 9c - MH02 - faz parte do critério de Mental Health - Saúde Mental
Questão 9d - MH03 - faz parte do critério de Mental Health - Saúde Mental

232
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Questão 9e - VT02 - faz parte do critério de Vitality - Vitalidade


Questão 9f - MH04 - faz parte do critério de Mental Health - Saúde Mental
Questão 9g - VT03 - faz parte do critério de Vitality - Vitalidade
Questão 9h - MH05 - faz parte do critério de Mental Health - Saúde Mental
Questão 9i - VT04 - faz parte do critério de Vitality - Vitalidade
Questão 10 - SF02 - faz parte do critério de Social Functioning - Funcionamento social
Questão 11a - GH02 - faz parte do critério de GH - General Heath - Saúde geral
Questão 11b - GH03 - faz parte do critério de GH - General Heath - Saúde geral
Questão 11c - GH04 - faz parte do critério de GH - General Heath - Saúde geral
Questão 11d - GH05 - faz parte do critério de GH - General Heath - Saúde geral

233
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

ANEXO D - Pesquisa bibliográfica para revisão de literatura não


sistemática

NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO CECÍLIA MINAYO


(NID/CLAVES) PESQUISA BIBLIOGRAFICA

Nome: Beatriz Acampora e Contato: beatriz.


Silva de Oliveira acampora@
gmail.com
Vínculo: Unidade/curso: Doutorado em
Saúde Pública
(Universidad
Americana - PY)
Responsável pela Adriano da Silva
busca:

Tema da busca: Autoestima e qualidade de vida no trabalho em saúde

Descritores e Trabalhador
termos utilizados Saúde dos Empregados
Saúde Ocupacional
Higiene do Trabalho
Saúde dos Trabalhadores
Autoconceito no trabalho
Autoestima no trabalho em saúde
Qualidade de vida do trabalhador
Saúde do trabalhador
SF-36 na Saúde
Saúde mental
Programa Saúde da Família
Saúde no trabalho
Autoimagem no trabalho
Pessoal de Saúde
Profissional da Saúde
Profissional de Saúde
Profissionais da Saúde
Trabalhador de Saúde
Trabalhador de Saúde
Trabalhadores da Saúde

234
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Descritores e Self Esteem in health work


termos utilizados Self Esteem
Self Perception
Self-Perception
Worker’s life quality
Worker’s health
SF-36
Mental health
Family health program
Health at work
Occupational Health
Employee Health
Occupational Safety
Safety, Occupational
Self concept at work
Self-concept at work
Self at work
Self Esteem in health work
Self Esteem
Self Perception
Self-Perception
Worker’s life quality
Worker’s health
SF-36
Mental health
Familu health program
Health at work
Health Personnel
Field Workers
Fieldworkers
Health Care Providers
Healthcare Providers
Estratégia(s) de (“Saúde do trabalhador” OR “Saúde dos Empregados”
Busca: OR “Saúde Ocupacional” OR “Hiegiene do Trabalho”
OR “Saúde dos Trabalhadores” OR “Saúde no trabalho”)
AND (Autoconceito OR Autoestima OR Autoimagem OR
“Qualidade de vida” OR SF-36) AND (“Pessoal de Saúde”
OR “Profissional da Saúde” OR “Profissional de Saúde”
OR “Profissionais da Saúde” Or “Trabalhador de Saúde”
OR “Trabalhador da Daúde” OR “Trabalhadores de Saúde”
OR “Trabalhadores da Saúde” OR “Programa Saúde da
Família” OR “Saúde mental”)
(“Occupational Health” OR “Employee Health” OR
“Occupational Safety”) AND (“Self-concept” OR “Self
Concept” OR “Self perception” OR “Self at work” OR “Self
esteem” OR SF-36 OR “quality of life” OR “Life quality”) OR
(“Health Personnel” OR “Field Workers” OR “Fieldworkers”
OR “Health Care Providers” OR “Healthcare Providers” OR
“Mental health” OR “Family health program”)

235
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

Bases utilizadas: Portal de pesquisa BVS; Scielo; Scopus; Web of science;


Pubmed/Medline

Recorte Temporal: 2005-2015

Recorte territorial: -

Resultado por
base:

1- Portal de 145
Pesquisa BVS

2- Scielo 3

3- PubMed 18

4- Scopus 368

Web of science 135

Observações:

Nível de ( ) Fácil (* ) Regular ( ) Difícil ( ) Negativa


complexidade:

236
AUTOESTIMA, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE

BEATRIZ ACAMPORA E SILVA DE OLIVEIRA

• Doutora em Saúde Pública


• Mestre em Cognição e
Linguagem
• Pós-Graduada em: MBA
Executivo em Coaching; MBA
Executivo em Gestão de Pessoas
e RH; Arteterapia em Educação
e Saúde; Hipnose Clínica,
Hospitalar e Organizacional;
Psicologia Existencial Humanista;
Comunicação, Cultura e
Linguagem.
• Psicóloga (CRP 05/32030)
/ Jornalista / Arteterapeuta
(AARJ 357/0208)
• Professora da Universidade
Estácio de Sá / RJ
• Diretora do ISEC – Instituto de
Psicologia Ser e Crescer
• Autora de livros sobre autoestima, arteterapia, psicopedagogia, hipnose,
gestão de pessoas e relacionamento humano pela WAK Editora.
• Autora de livros sobre relacionamentos e desenvolvimento pessoal pela
Amazon Editora.
• Autora de livro sobre análise comportamental pela Chiado Editora
• Atua com Psicologia Clínica e Organizacional, Consultoria de RH,
Desenvolvimento de Pessoas, Coaching, Mentoring, Cursos, Palestras e
Workshops
Facebook: https://www.facebook.com/beatriz.acampora.prof/
Instagram: beatrizacampora
Site: www.isec.psc.br
E-mail: [email protected]

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