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ISSN 1517-2449

Manejo de Plantas Daninhas em Seringais


de Cultivo na Amazônia

28 Introdução

A seringueira (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), espécie de ciclo de vida perene e de


porte arbóreo, é explorada comercialmente para a produção de borracha natural. Em
seringal de cultivo, adotam-se espaçamentos grandes entre as árvores, nos quais a
área disponível para cada planta é normalmente de 21 m2, no espaçamento de 7 m
x 3 m. Durante a fase inicial de crescimento das plantas, que dura cerca de 5 anos,
a superfície do solo fica exposta à insolação direta, situação que favorece a
germinação de sementes (espécies fotoblásticas positivas), a emergência e o pleno
crescimento e desenvolvimento de muitas espécies de plantas daninhas. Até o
encontro das copas das plantas, que ocorre após 5 anos de idade, poderão ocorrer
vários fluxos de germinação de sementes e de emergência de plantas daninhas.
Moraes (1970) verificou que a germinação de sementes de imbaúba (Cecropia spp.)
é estimulada pela radiação da região do vermelho, situação que ocorre a pleno sol.
Quando ocorreu o sombreamento, a radiação da região do vermelho distante inibiu a
germinação. A germinação de sementes de erva-de-touro (Tridax procumbens) só
ocorre quando elas ficam localizadas sobre a superfície do solo ou semi-enterradas.
Quando enterradas a 1 cm ou mais de profundidade, a germinação é drasticamente
Manaus, AM
reduzida (GUIMARÃES et al., 2002). Entretanto, há espécies cujas sementes
Novembro, 2007 germinam ou têm o crescimento das plantas indiferentemente da condição de
luminosidade. Moraes (1979) cita como exemplo o capim-gengibre (Paspalum
maritimum), que tem crescimento vigoroso a pleno sol ou mesmo quando
Autor sombreado por plantas de seringueira. Souza Filho et al. (2001) verificaram que
sementes de dormideira (Mimosa pudica) e de salsa (Ipomoea asarifolia) podem
José Roberto Antoniol Fontes germinar na presença ou na ausência de luz.
Engenheiro agrônomo,
D.Sc. em Fitotecnia,
pesquisador da Embrapa
Amazônia Ocidental, Interferência de Plantas Daninhas
Manaus-AM,
[email protected]
A interferência negativa das plantas daninhas sobre a seringueira dá-se,
principalmente, por meio da competição por água, nutrientes e luz. A intensidade da
interferência depende de fatores ligados às espécies daninhas e à cultura, do nível
de infestação (densidade), da distribuição espacial, do estádio de crescimento
(tamanho) das plantas e das condições ambientais. Espécies de crescimento rápido,
como as imbaúbas, localizadas próximas às fileiras de plantio, poderão sombrear as
seringueiras jovens e prejudicar seu crescimento (MORAES, 1970).

Nessa situação, é necessária a adoção de alguma prática de controle de plantas


daninhas para evitar os efeitos indesejáveis.

Estratégias de Controle

Controle mecânico
O controle mecânico por meio da capina com enxada ou da roçada com terçado é
muito praticado pelos agricultores familiares. Quando as plantas daninhas estão em
estádio inicial de crescimento, a eficácia de controle é alta, considerada a principal
vantagem da técnica. Em plantas crescidas, poderão ocorrer brotações que mantêm
as plantas vivas. Além disso, plantas maiores exigem emprego de mais força para o
corte do caule e, no caso da capina com enxada, da camada de solo, pois as raízes
crescem mais profundamente no solo. A capina deve ser feita com o solo mais
2 Manejo de Plantas Daninhas em Seringais de Cultivo na Amazônia

seco, pois dificulta a sobrevivência das plantas, para provocar o efeito desejado nas espécies
principalmente no caso daquelas que se reproduzem sensíveis (JAKELAITIS et al., 2001). A ocorrência de
por meios vegetativos (rizomas, estolões, chuva nesse intervalo pode reduzir a eficácia de
tubérculos). As desvantagens são a ausência de controle. A movimentação no interior da planta, ou
efeito residual (permitindo a germinação de translocação, é pelo tecido vivo (via simplástica), do
sementes, emergência e crescimento das plantas local de absorção até os meristemas da parte aérea e
daninhas quase que imediatamente após sua das raízes, e por isso considerado sistêmico. O
adoção) e o baixo rendimento operacional. Para mecanismo de ação é a inibição da enzima 5-
realizar a capina ou a roçada com terçado de uma enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPS),
faixa de dois metros de largura ao longo das fileiras presente numa etapa do processo de síntese dos
de plantio (um metro de cada lado dos troncos), são aminoácidos aromáticos triptofano, fenilalanina e
necessários 2 homens/dia. tirosina. É fortemente adsorvido aos colóides do solo,
e sua lixiviação é considerada muito pequena. A
O controle mecânico com roçadora mecânica degradação é essencialmente microbiana com
acoplada a trator, a exemplo da capina com enxada, persistência no solo (meia-vida) de 47 dias
tem alta eficácia de controle, mais a vantagem de (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005).
maior rendimento operacional. Contudo, necessita
de mais investimento financeiro para a aquisição do O paraquat pertence ao grupo dos bipiridilios,
implemento e do trator. A principal desvantagem é também indicado para aplicações em pós-emergência.
a ausência de controle das plantas daninhas A solubilidade em água é de 620 g/L (25 oC),
crescidas nas linhas de plantio, o que requer considerada elevada (DEUBER, 2003). Controla
repasses manuais. muitas espécies de plantas daninhas e também não é
seletivo à seringueira. A absorção foliar é rápida e a
Controle químico ocorrência de chuva 30 minutos após a aplicação não
O controle químico por meio da ação de herbicidas afeta a sua eficácia. A translocação é via apoplástica.
tem as vantagens da alta eficácia de controle, maior Quando aplicado na ausência de luz, ocorre
rendimento operacional, além de requerer menos translocação na planta. Na presença de luz, a sua
mão-de-obra em relação à capina ou roçada. Alguns translocação é muito reduzida e a sua ação no local
herbicidas têm ação residual no solo, inibindo a de absorção é muito rápida. O mecanismo de ação é
germinação de sementes e/ou a emergência das a interrupção do fluxo de elétrons no fotossistema I,
plantas daninhas posteriormente à aplicação. A uma das etapas do processo fotossintético. Ocorre
aplicação de herbicidas é uma operação que requer formação de radicais livres que promovem a
o treinamento da pessoa que irá realizar as peroxidação de lipídios e a desestruturação de
aplicações e a correta limpeza e manutenção do membranas celulares, no caso as dos cloroplastos. É
equipamento. Por ser um produto tóxico, a má fortemente adsorvido aos colóides do solo, e sua
utilização pode provocar intoxicação do aplicador. A lixiviação é considerada nula. A degradação é lenta e
contaminação ambiental também poderá ocorrer por meio de ação microbiana. É muito persistente no
caso não sejam obedecidas as recomendações solo, e a sua meia-vida estimada é de mil dias.
técnicas estabelecidas pelos fabricantes desses
produtos. O diuron pertence ao grupo químico das uréias
substituídas. A sua solubilidade em água é de 42
mg/L (25 oC), considerada baixa (DEUBER, 2003).
Herbicidas para Uso em Seringais Controla espécies monocotiledôneas e dicotiledôneas.
A principal via de absorção é pelas raízes, como
Existem herbicidas com registro de uso no Brasil movimentação acrópeta (de baixo para cima) pelo
para controle de plantas daninhas na cultura da xilema. A absorção pelas folhas é menos intensa. O
seringueira. mecanismo de ação é a inibição do fluxo de elétrons
no fotossitema II, resultando na mesma seqüência de
O glyphosate é um herbicida que pertence ao grupo eventos informada para o paraquat. É fortemente
das glicinas substituídas, indicado para aplicação adsorvido pelos colóides do solo, mas em solos
em pós-emergência. Sua solubilidade em água é arenosos e/ou com pouca matéria orgânica pode
estimada em 15.700 mg/L (25oC, pH 7,0), que lhe sofrer alguma lixiviação. A sua persistência (meia-
confere a classificação de extremamente solúvel vida) no solo é de até 90 dias, com degradação
(Deuber, 2003). É um herbicida que controla muitas essencialmente microbiana.
espécies de plantas daninhas e não é seletivo à
seringueira. A absorção é foliar, lenta, necessitando Em razão da possibilidade de uso desses herbicidas
de um período mínimo de seis horas entre a na cultura da seringueira, este trabalho teve dois
aplicação e a absorção de quantidade suficiente objetivos: 1) avaliar, nas condições ambientais de
Manejo de Plantas Daninhas em Seringais de Cultivo na Amazônia 3

Manaus, AM, a eficácia de controle de plantas cobertura e 100% para cobertura total. Essas
daninhas em seringal de cultivo por meio da avaliações foram realizadas em três momentos
aplicação de herbicidas; 2) comparar os custos de distintos: o primeiro um dia após a aplicação (DAA);
controle de diferentes métodos. o segundo aos 7 DAA; e o terceiro aos 21 DAA. De
acordo com os resultados das avaliações, os
Material e Métodos tratamentos foram classificados conforme a Tabela
1.
O trabalho foi conduzido entre fevereiro e março de
Tabela 1. Classes de controle e suas descrições em função
2007, no campo experimental da Embrapa
da eficácia.
Amazônia Ocidental, em Manaus, AM (02o53'48''
S, 59o59'08'' W, 102 m de elevação), em plantio Classe Eficácia de controle Descrição
de seringueira implantado em maio de 2002, em (%)
solo classificado como Latossolo Amarelo muito
A Acima de 90 Excelente
argiloso. O clima é do tipo Af, de acordo com a B Acima de 80 e até 90 Bom, aceitável para a
classificação de Köppen. O espaçamento infestação da área
empregado no plantio foi o de 7 m entre fileiras de C Acima de 50 e até 80 Moderado, insuficiente para a
infestação da área
plantio e de 3 m entre plantas na fileira. As parcelas
D Acima de zero a até 50 Deficiente
experimentais foram formadas por fileiras de plantio E Zero Ausência de controle
de 60 m de comprimento, dispostas num
Adaptado de SBCPD (1995).
delineamento em blocos casualizados, com cinco
repetições, num total de 25 fileiras. No dia 5 de
fevereiro, foi realizado um levantamento florístico
para caracterização da comunidade de plantas Os dados foram submetidos à análise de variância, e
daninhas. Para isso, foi adotado o método do as médias de tratamentos, comparadas pelo teste de
quadrado inventário (BRAUN BLANQUET, 1950), Tukey a 5% de probabilidade.
com lançamento aleatório de um quadrado de
madeira de 0,5 m de lado na área experimental, Resultados e Discussão
num total de 40 lançamentos. As espécies foram
identificadas, e os seguintes parâmetros
Na Tabela 2, estão apresentadas as espécies
fitossociológicos, estimados: freqüência, freqüência
daninhas identificadas na área experimental com seus
relativa, densidade, densidade relativa, abundância,
respectivos parâmetros fitossociológicos.
abundância relativa e índice de importância relativa.
No dia 6 de fevereiro, foram aplicados os seguintes
Foram identificadas dezenove espécies de plantas
tratamentos herbicidas: 1) glyphosate (suspensão
daninhas. As espécies mais importantes foram a
concentrada 360 g/L) – 720 g de ingrediente ativo
vassourinha-de-botão e o capim-sapé, com índice de
(IA)/ha; 2) glyphosate (suspensão concentrada 360
valor de importância superior a 40%.
g/L) – 1.080 g de IA/ha; 3) paraquat (concentrado
solúvel 200 g/L) – 300 g de IA/ha; 4) mistura em
A vassorinha-de-botão pertence à família Rubiaceae,
tanque de paraquat (concentrado solúvel 200 g/L) –
tem ciclo de vida perene, porte herbáceo, ereta, caule
240 g de IA/ha + diuron (suspensão concentrada
ramificado e de base lenhosa. É nativa do continente
500 g/L) – 750 g de IA/ha. Os herbicidas foram
americano e a reprodução é sexuada, por meio de
aplicados com pulverizador costal manual, equipado
sementes (LORENZI, 2000). Segundo Brighenti et al.
com uma ponta de pulverização tipo DEF-01,
(2006), é uma espécie cuja importância como planta
pressão de 1,05 kgf/cm2 e consumo de calda
daninha vem crescendo de modo preocupante,
equivalente a 200 l/ha. A temperatura e a umidade
principalmente devido à produção de grande número
relativa do ar, no momento da aplicação, eram de
de sementes e à tolerância a alguns herbicidas.
28,1 oC e 83 %, respectivamente. As plantas
daninhas estavam no estádio de crescimento adulto.
O capim-sapé pertence à família Poaceae, tem ciclo
Para estimativa da eficácia de controle, foi incluída
de vida perene, porte herbáceo, ereto, perfilhado,
uma testemunha sem aplicação de herbicida, ao
com rizomas-caules modificados subterrâneos. É
lado das faixas que foram pulverizadas. A eficácia
nativo do continente americano e a reprodução pode
de controle foi estimada por meio de avaliação
ser tanto sexuada como assexuada, esta por meio de
visual, atribuindo escala de 0% a 100%, onde 0%
rizomas e considerada a principal forma de
significa ausência de controle e 100 %, morte da
reprodução (LORENZI, 2000).
planta. Foi estimada também a porcentagem de
cobertura da superfície do solo, também atribuindo
escala percentual, com 0% para ausência de
4 Manejo de Plantas Daninhas em Seringais de Cultivo na Amazônia

Tabela 2. Freqüência (F), freqüência relativa (FR, %), densidade (D), densidade relativa (DR, %), abundância (A), abundância relativa (AR,
%) e índice de importância relativa (IIR, %) das espécies daninhas identificadas na área experimental. Manaus, 2007.

Espécies F FR D DR A AR IIR
Nome comum Nome científico

Vassourinha-de-botão Spermacoce verticillata 0,58 8,85 3,28 22,74 5,70 16,24 47,83
Capim-sapé Imperata brasiliensis 0,53 8,08 2,70 18,75 5,14 14,65 41,48
Chumbinho Lantana câmara 0,55 8,46 1,38 9,55 2,50 7,13 25,14
Erva-quente Spermacoce latifolia 0,43 6,54 1,03 7,12 2,41 6,88 20,53
Gervão Croton trinitatis 0,50 7,69 0,93 6,42 1,85 5,27 19,39
Café-bravo Croton lobatus 0,48 7,31 0,75 5,21 1,58 4,50 17,02
Dormideira Mimosa debilis 0,43 6,54 0,63 4,34 1,47 4,19 15,07
Capim-braquiária Brachiaria radicans 0,45 6,92 0,55 3,82 1,22 3,48 14,23
Puerária Pueraria phaseoloides 0,50 7,69 0,50 3,47 1,00 2,85 14,02
Capim-navalha Paspalum virgatum 0,28 4,23 0,53 3,65 1,91 5,44 13,32
Navalha-de-mico Scleria pterota 0,35 5,38 0,50 3,47 1,43 4,07 12,93
Seca-estrepe Turnera ulmifolia 0,38 5,77 0,45 3,13 1,20 3,42 12,31
Maria-mole Commelina diffusa 0,28 4,23 0,28 1,91 1,00 2,85 8,99
Guanxuma-de-chifre Sebastiana corniculata 0,23 3,46 0,28 1,91 1,22 3,48 8,86
Trapoeraba Commelina erecta 0,20 3,08 0,25 1,74 1,25 3,56 8,38
Samambaia Pteridium aquilinum 0,13 1,92 0,15 1,04 1,20 3,42 6,39
Taboca Guada angustifolia 0,13 1,92 0,13 0,87 1,00 2,85 5,64
Malistra Mimosa pudica 0,08 1,15 0,08 0,52 1,00 2,85 4,53
Jurubeba Solanum viarum 0,05 0,77 0,05 0,35 1,00 2,85 3,97

Recomenda-se, para ambas as espécies, que o quando o controle foi realizado por meio de capina
manejo, independentemente da estratégia escolhida, com enxada em comparação ao uso de glyphosate.
seja feito quando as plantas estiverem na fase Ademais, quando as plantas estão adultas, é
inicial de crescimento. Plantas adultas de necessário realizar o corte da camada de solo em
vassourinha-de-botão têm a capacidade de rebrotar maior profundidade, exigindo mais gasto de energia.
quando a ação de controle não promove a sua Plantas adultas também são mais tolerantes às doses
morte (Brighenti et al., 2006). No caso do capim- dos herbicidas usualmente recomendados para
sapé, por exemplo, a capina de plantas adultas pode controle dessas espécies.
resultar em aumento do número de plantas pela
secção (corte) dos rizomas. Chikoye et al. (2002) A eficácia de controle de plantas daninhas, nos três
verificaram que a massa seca de plantas de capim- momentos de avaliação, apresenta-se na Tabela 3.
sapé (I. cylindrica) foi quase oito vezes maior

Tabela 3. Eficácia de controle (%) de vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata) (BOIVE), de capim-sapé (Imperata
brasiliensis) (IMPBR) e de outras plantas daninhas (OUTRAS) aos 1, 7 e 21 dias após a aplicação (DAA) dos herbicidas.
Manaus, AM. 2007.

Eficácia de controle (%) nos três momentos de avaliação


Tratamentos 1 DAA 7 DAA 21 DAA
BOIVE IMPBR OUTRAS BOIVE IMPBR OUTRAS BOIVE IMPBR OUTRAS

Glyphosate – 2 L/ha 0c 0c 6,0 c 28,0 b 31,4 c 44,8 c 50,4 b 83,0 b 92,4 b


Glyphosate – 3 L/ha 0c 0c 6,0 c 29,4 b 42,0 b 59,0 b 51,4 b 87,4 c 94,0 ab
Paraquat 72,4 a 53,6 a 78,2 a 97,0 a 60,4 a 97,8 a 94,0 a 94,0 a 96,2 a
Paraquat + Diuron 67,0 b 40,4 b 60,8 b 92,8 a 43,2 b 94,4 a 92,8 a 90,4 ab 94,2 ab
Testemunha 0c 0c 0c 0c 0c 0c 0c 0d 0c
As médias de tratamentos seguidas por uma mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O controle da vassourinha-de-botão pelo vassourinha-de-botão por meio da aplicação de


glyphosate, com ambas as doses testadas, foi herbicidas quando as plantas estavam no estádio
ineficaz, mesmo aos 21 DAA, caracterizando a inicial de crescimento (cerca de 10 cm de altura), e
tolerância da espécie ao herbicida, provavelmente constataram que a aplicação do glyphosate (720 g de
devido ao seu estádio de crescimento no momento IA/ha) proporcionou bom nível de controle, mas
da aplicação, com altura maior que 30 cm. Brighenti houve rebrota das plantas. Aplicações de paraquat e
et al. (2006) avaliaram a eficácia de controle de de paraquat + diuron resultaram em controle
Manejo de Plantas Daninhas em Seringais de Cultivo na Amazônia 5

excelente da espécie, semelhante ao verificado por macaxeira e verificaram bom controle (86%) com
Brighenti et al. (2006), com a aplicação de paraquat doses acima de 1.800 g de IA/ha.
+ diuron com dose de 400+ 200 g de IA/ha,
respectivamente. O nível de controle de capim-sapé O controle das outras espécies daninhas,
variou de bom, com as aplicações do glyphosate, a proporcionado por todos os herbicidas avaliados foi
excelente, no caso do paraquat e do paraquat + excelente.
diuron. Chikoye et al. (2002), na Nigéria, avaliaram
o controle de I. cylindrica com o uso de glyphosate Na Tabela 4, apresentam-se os custos estimados,
(suspensão concentrada 360 g/L) em lavoura de por hectare, do controle de plantas daninhas em
seringal de cultivo.

Tabela 4. Custos estimados de diferentes ações de controle de plantas daninhas em seringal de cultivo referentes a uma
operação e para uma lavoura de um hectare. Manaus, AM. 20071.

Custo Custo
Ações de controle 4
Unid Quant unitário6
5
total7
(R$) (R$)
Capina - fileira de plantio – 2 m de largura até o 4o ano2 d/h 2 37,00 74,00
Capina - fileira de plantio – 2 m de largura após o 5o ano2 H/d 1,3 37,00 48,10
Capina - área entre as fileiras de plantio3 H/d 5 37,00 185,00
Roçada com terçado - fileiras de plantio - 2 m de largura2 H/d 1,5 37,00 55,50
Roçada com terçado - área entre as fileiras de plantio3 H/d 3,5 37,00 129,50
Corte com roçadora a trator- área entre as fileiras de plantio3 h/tr 2 100,00 200,00
Glyphosate (1.080 g IA/ha) - fileira de plantio - 2 m de largura2 H/d 0,5 - 33,10
Glyphosate (1.080 g IA/ha) - área ente fileiras de plantio3 H/d 1,2 - 58,60
Paraquat (300 g IA/ha) - fileira de plantio - 2 m de largura2 H/d 0,5 - 29,65
Paraquat (300 g IA/ha) - área ente fileiras de plantio3 H/d 1,2 - 50,00
Paraquat + diuron (240 + 750 g IA/ha) - fileira de plantio - 2 m de largura2 H/d 0,5 - 34,30
Paraquat + diuron (240 + 750 g IA/ha) - área ente fileiras de plantio3 H/d 1,2 - 62,60
1
Adaptado de Embrater/Embrapa, 1980.
2
0,2856 ha.
3
0,7144 ha.
4
d/H: dia/homem; h/tr: hora de serviço de trator.
5
A estimativa das quantidades foi baseada nas quantidades necessárias para o controle de um hectare.
6
O custo unitário da mão-de-obra inclui o valor da diária mais encargos contratuais. O custo unitário da h/tr: não inclui o custo de deslocamento do trator e da
roçadora até o local de execução do serviço.
7
O custo total do controle por meio da aplicação de herbicidas inclui o custo com mão-de-obra mais o custo dos herbicidas. Diuron (suspensão concentrada
500 g/L) - R$ 16,00/L; glyphosate (suspensão concentrada 360 g/L) - R$ 17,00/L; paraquat (concentrado solúvel 200 g/l) - R$ 26,00/L.

A quantidade de operações de controle de plantas Recomenda-se associar e/ou alternar estratégias de


daninhas poderá variar em função das condições controle de plantas daninhas na área de cultivo, para
ambientais, do estádio de crescimento das plantas evitar a seleção de espécies tolerantes a um ou mais
de seringueira e da comunidade de plantas daninhas métodos de controle. Em áreas com ocorrência de
do local. Entretanto, a realização de quatro vassourinha-de-botão, por exemplo, o uso contínuo
operações de controle em um ano poderá ser do glyphosate poderá resultar em elevada infestação
suficiente para evitar a interferência da comunidade dessa espécie, em razão de sua capacidade de tolerar
de plantas daninhas. esse herbicida (BRIGHENTI et al., 2006). Já espécies
que têm mecanismo de reprodução assexuada, como
O menor custo de controle de plantas daninhas, o capim-sapé, poderão ser mal controladas com o
considerando a área total de cultivo (fileira de emprego exclusivo de métodos mecânicos, pois o
plantio mais a área entre as fileiras), poderá ser número de propágulos vegetativos (rizomas, por
obtido com a aplicação do herbicida paraquat, exemplo) poderá aumentar, elevando ainda mais a
totalizando R$ 79,65/ha. A operação de maior infestação da área.
custo – R$ 261,00 – decorrerá do emprego de
roçadora na área entre as fileiras de plantio mais o
controle com capina nas fileiras de plantio.
6 Fotos: José Roberto Antonil Fontes Manejo de Plantas Daninhas em Seringais de Cultivo na Amazônia

A B

C D
Fig. 1. Aspecto visual das plantas daninhas controladas nas parcelas que receberam a aplicação dos herbicidas: glyphosate,
2 L/ha (A); glyphosate, 3 L/ha (B); paraquat, 1,5 L/ha (C); paraquat + diuron, 1,2 L/ha + 1,5 L/ha (D).

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Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Celso Paulo de Azevedo
Circular Embrapa Amazônia Ocidental Publicações Secretária: Gleise Maria Teles de Oliveira
Técnica, 28 Endereço: Rodovia AM 010, Km 29 - Estrada Membros: Carlos Eduardo Mesquita Magalhães, Cheila
Manaus/Itacoatiara de Lima Boijink, Cintia Rodrigues de Souza, José
Fone: (92) 3303-7800 Ricardo Pupo Gonçalves, Luis Antonio Kioshi Inoue,
Fax: (92) 3303-7820 Marcos Vinícius Bastos Garcia, Maria Augusta Abtibol
http://www.cpaa.embrapa.br Brito, Paula Cristina da Silva Ângelo, Paulo César
Teixeira, Regina Caetano Quisen.

1ª edição Revisão de texto: Carlos Eduardo M. Magalhães


1ª impressão (2007): 300 exemplares Expediente Normalização bibliográfica: Maria Augusta Abtibol Brito
Editoração eletrônica: Doralice Campos Castro e Gleise
Maria Teles de Oliveira

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