Tese de Mestrado
Tese de Mestrado
Portugal
Barreiras, Desafios e Práticas
setembro de 2022
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Declaração de Integridade
Eu, Etelvina Maria Esteves Nabais, que abaixo assino, estudante com o número de inscrição
M11415 do Mestrado de Gestão da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, declaro ter
desenvolvido o presente trabalho e elaborado o presente texto em total consonância com o
Código de Integridades da Universidade da Beira Interior.
Mais concretamente afirmo não ter incorrido em qualquer das variedades de Fraude
Académica, e que aqui declaro conhecer, que em particular atendi à exigida referenciação
de frases, extratos, imagens e outras formas de trabalho intelectual, e assumindo assim na
íntegra as responsabilidades da autoria.
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Dedicatória
Aos meus pais, ao meu marido e ao meu filho que são os pilares da minha vida, dedico este
trabalho, pela motivação que me deram para abraçar este desafio, ultrapassar os obstáculos
e concretizar o meu objetivo.
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Agradecimentos
Este trabalho representa mais uma etapa da minha vida e um enorme desafio que me propus
concretizar, numa fase de maturidade da minha carreira profissional.
Agradeço a todos os que me apoiaram neste percurso, porque só com o seu contributo foi
possível chegar aqui.
Ao meu orientador, Prof. Doutor Mário Franco, o meu muito obrigado por todo o apoio,
disponibilidade e orientação na concretização deste árduo trabalho. Agradeço-lhe também
a oportunidade de voltar à sala de aulas da UBI, 28 anos depois de concluída a minha
licenciatura.
Aos meus pais agradeço a orientação e o empenho que me deram para seguir um percurso
académico quando era jovem e ao meu marido e ao meu filho um agradecimento especial
pela motivação e força para a concretização de mais uma etapa numa fase mais adulta da
minha vida.
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Resumo
Atendendo aos problemas ambientais com que o mundo se depara ao nível das alterações
climáticas e dos seus impactos, bem com, ao nível do aumento do consumo de recursos à
escala global, assistimos nos últimos anos ao surgimento de um conjunto de agendas de
sustentabilidade a nível mundial e a uma mobilização transversal em torno das mesmas
(e.g., Agenda 2030; Objetivos de desenvolvimento Sustentável (ODS); Pacto Ecológico
Europeu).
Neste contexto, este estudo visa compreender o desenvolvimento sustentável das pequenas
e médias empresas (PMEs) em Portugal, analisando as barreiras com que se deparam, os
desafios que se lhe impõem e as práticas em curso nas mesmas (sociais, ambientais e
económicas). Para alcançar este objetivo, adotou-se uma abordagem qualitativa
exploratória, utilizando-se o método de estudo de casos múltiplos. Foram selecionados 8
casos (PMEs) e como fonte de recolha de dados, foi escolhida a entrevista, uma vez que esta
técnica proporciona proximidade e interação com os decisores e responsáveis pela
sustentabilidade das empresas.
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As evidências empíricas mostram ainda que estas PMEs têm, em curso, várias práticas de
carácter social, ambiental e económico, assumindo particular destaque as práticas de
âmbito ambiental. O consumo eficiente de recursos, a utilização de recursos mais
sustentáveis, o reaproveitamento dos desperdícios e a gestão dos resíduos, no domínio
ambiental; a promoção de emprego digno e a sensibilização dos colaboradores para a
sustentabilidade, no domínio social; a gestão eficiente dos recursos financeiros, a
rentabilidade do negócio, o investimento nas oportunidades de negócio que a
sustentabilidade lhes poderá proporcionar, nomeadamente por meio da produção de bens
e serviços mais sustentáveis, em termos económicos, são as práticas que assumem maior
proeminência.
Finalmente, este estudo contribui para conhecer de forma mais profunda o fenómeno do
desenvolvimento sustentável das PMEs, em Portugal, partindo de uma visão mais integrada
e apresentando contribuições práticas para o aumento da consciencialização deste
segmento de empresas, no que diz respeito à importância das suas práticas de
sustentabilidade. Este estudo fornece também informações úteis sobre práticas de
sustentabilidade, que podem incentivar outras PMEs a segui-las no futuro.
Palavras-chave
Desenvolvimento sustentável; Sustentabilidade; Pequenas e Médias Empresas; PME;
Barreiras; Desafios; Práticas empresarias sustentáveis.
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Abstract
Considering the environmental issues that the world faces in terms of climate change and
its impacts, as well as the increase in resource consumption on a global scale, we have
witnessed in the past few years the emergence of a set of sustainability agendas at the global
level and a transversal mobilization around them (e.g., The 2030 Agenda; The sustainable
development goals (SDGs); European Green Deal).
In this sense, we are witnessing a growing environmental awareness on a global scale and
the convergence of efforts towards a more sustainable world and, consequently, sustainable
development has become an important mission to the companies since they are pressured
and evaluated not only on the basis of economic benefits creation, but also on the basis of
their ability to address environmental and social issues and to create sustainable value in
collaboration with their stakeholders.
In this context, this study aims to understand the sustainable development of small and
medium enterprises (SMEs) in Portugal by analyzing the barriers faced, the challenges
imposed and their current practices (social, environmental and economic). To achieve this
objective, an exploratory qualitative approach was adopted by using the multiple case study
method. 8 cases (SMEs) were selected and interviews were the chosen source of data
collection since this technique provides proximity and interaction with decision-makers and
those responsible for the sustainability of the companies.
Based on a content analysis of the interviews carried out, results show that there is
awareness and commitment of SMEs to sustainability, and that the external context and
some of its particularities have impact on their sustainable development. The cost, the
recognition, the State intervention and the economic context, together with the scarcity of
resources and the lack of knowledge about the financial return on investments associated
with sustainability, appear to be the most mentioned barriers by the SMEs studied.
Nevertheless, these SMEs feel challenged to respect, respond to and take advantage of the
opportunities that the emergence of sustainability dictates and to adapt to the economic and
social adversities that the current situation imposes on them.
Empirical evidence also shows that these SMEs have several social, environmental and
economic practices in progress, with particular emphasis on environmental practices. The
efficient consumption of resources, the use of more sustainable resources, the reuse of waste
xii
and waste management, in the environmental domain; promoting decent employment and
raising awareness among employees of sustainability in the social field; the efficient
management of financial resources, the profitability of the business, the investment in
business opportunities that sustainability can provide them, namely through the production
of more sustainable goods and services, in economic terms, are the practices that assume
greater prominence.
Keywords
Sustainable development; Sustainability; SME; Small and Medium Enterprises; Barriers;
Challenges; Sustainable business practices.
xiii
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Índice
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4.2.2. Desafios da sustentabilidade para as PMEs ....................................................... 41
4.2.3. Práticas de sustentabilidade nas PMEs ............................................................. 43
Capítulo 5 ............................................................................................................................ 50
Conclusões e Implicações .................................................................................................... 50
5.1. Conclusões Gerais ..................................................................................................... 50
5.2. Contribuições do Estudo ........................................................................................... 51
5.3. Limitações da Investigação e Agenda Futura ........................................................... 52
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 54
Apêndices .............................................................................................................................67
Apêndice 1 – Guião de entrevista .........................................................................................67
xvi
xvii
Lista de Figuras
xviii
xix
Lista de Tabelas
xx
xxi
Lista de Acrónimos
EC European Comission
ECCC Environment and Climate Change Canada
EMAS Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria
EU European Union
I&D Investigação e Desenvolvimento
ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OECD Organisation for Economic Co-operation and Development
ONU Organização das Nações Unidas
PMEs Micro, pequenas e médias empresas
SGA Sistema de Gestão Ambiental
SMEs Small and medium enterprises
UE União Europeia
WCDE Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
WSF World Sustainability Forum
xxii
xxiii
Capítulo 1
Introdução
1.1 Enquadramento geral
O desenvolvimento sustentável é, nos dias de hoje, um imperativo à escala global, que obriga a uma
intervenção mundial concertada e dinâmica, de modo a não condenarmos de forma irreversível a
vida no nosso planeta. Os desafios são grandes, multidisciplinares e uma causa de todos: governos;
sociedade em geral; empresas; academia e outras entidades.
Existe uma mobilização mundial em torno do desenvolvimento sustentável desde há alguns anos,
destacando-se, a aprovação da Declaração do Milénio pela Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU) em setembro de 2000 (United Nations, 2000), a qual deu origem ao
surgimento dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) que orientaram a agenda
internacional durante 15 anos (2000-2015). Em setembro de 2015, na Cimeira da ONU, em Nova
Iorque, foram aprovados os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), herdeiros dos
resultados alcançados pelos 8 ODM, que constituem a nova Agenda 2030 (United Nations, 2015) que
vigorará também por 15 anos (2015-2030).
A Agenda 2030 traduz-se num plano de ação internacional, aborda as três dimensões do
desenvolvimento sustentável (económica, social e ambiental) de forma interligada, considerando
novos domínios não contemplados nos ODM, como a paz e a segurança; o combate às alterações
climáticas; a promoção do crescimento económico inclusivo e a adoção de padrões de consumo
sustentáveis. Este plano assenta em objetivos e metas universais a serem implementados por todos
os países, incluindo as nações desenvolvidas, ao contrário dos ODM, que se focavam nos países em
desenvolvimento; destaca o combate às desigualdades e a promoção dos Direitos Humanos que
assumem uma maior dimensão enquanto preocupação transversal a todos os ODS; envolve a
participação e a conjugação de esforços de uma multiplicidade de atores, designadamente países
desenvolvidos e em desenvolvimento, setor público, setor privado, terceiro setor e restante sociedade
civil.
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De acordo com Fidlerová et al. (2022), os ODS podem ser os principais impulsionadores da
competitividade empresarial e uma oportunidade reconhecida por todos, contudo, segundo alguns
investigadores (e.g., Martins et al., 2022), os impactos do COVID 19, na economia global,
representam uma séria ameaça à realização dos ODS até 2030, dado que esta pandemia representa
um choque externo sem precedentes.
Por outro lado, a Comissão Europeia, com o Pacto Ecológico Europeu, “European Green Deal”,
(European Commission, 2019), adotou um conjunto de propostas legislativas com o objetivo de
tornar as políticas da União Europeia (UE) em matéria de clima, energia, transportes e fiscalidade
xmais adequadas para alcançar uma redução das emissões líquidas de gases com efeito de estufa de,
em pelo menos, 55 % até 2030, em comparação com os níveis de 1990. A finalidade é tornar as
economias mais sustentáveis e garantir uma neutralidade carbónica na Europa, até 2050, e tornar a
Europa no primeiro continente neutro em termos climáticos do mundo.
Em 2020, as PMEs representavam na UE, 99,8% das empresas, 65% do emprego e 53% do VAB (EU
27 - SME Fact Sheet, EC 2021) e, em Portugal, 99,9% das empresas, 76,2% do emprego e 67,4% do
VAB (Portugal - SME Fact Sheet, EC 2021). Mais de 20 milhões de PMEs estão localizadas na UE e
são um motor essencial para o crescimento económico, a inovação, o emprego e a integração social
(Viesi et al., 2017).
2
Por conseguinte, globalmente, o potencial impacto coletivo das PMEs sobre o meio ambiente é
grande, sendo especialmente crítico, a adoção e manutenção de práticas ambientalmente
responsáveis pelas mesmas (Lewis et al.,2015).
A este respeito, a Comissão Europeia, no seu Relatório “Annual Report on European SME 2020-
2021- Digitalisation of SMEs” (European Comission, 2021), sublinha que o atual contexto de
mudança pós pandemia, em que a digitalização das PMEs assume grande preponderância, trará às
mesmas importantes oportunidades ao nível da sustentabilidade. Aquele relatório sublinha ainda
que, a procura de maiores fatores de sustentabilidade nos negócios pelas PMEs, terá impactos
positivos ao nível do aumento de valor para os investidores; capacidade de criar uma rede de PMEs
sustentáveis ao longo da cadeia de valor e o consequente ganho de vantagens competitivas; criação
de valor para o cliente e aumento de fidelização; aumento da motivação dos colaboradores e atração
de novos talentos e melhoria da performance financeira.
Apesar da crescente consciencialização para o atual desafio ambiental e para as novas oportunidades
de negócios geradas pelo empreendedorismo e desenvolvimento sustentável (Zeng, 2018), as PMEs
enfrentam barreiras internas e insuficiências de recursos (Franco e Rodrigues, 2021) e uma
estagnação no seu progresso para a transição verde (EU 27 - SME Fact Sheet, EC 2021). Neste
sentido, o World Economic Forum, no seu relatório “Future Readness of SME: Mobilizing The SME
Setor to Drive Widespread Sustainability and Prosperity” afirma que, no que respeita questões
sociais e ambientais, as PMEs precisam de encarar as preocupações com os seus impactos de forma
mais consciente e como uma estratégia diferenciadora e competitiva (World Economic Forum, 2021).
Pese embora o facto das PMEs terem uma grande responsabilidade no que diz respeito à
sustentabilidade do planeta e de existirem estratégias e planos para se tornem mais sustentáveis, a
redução do seu impacto ambiental é diminuta (Nulkar, 2017). De acordo com a Comissão Europeia,
no “The Eurobarometer on small and medium enterprises (SMEs), resource efficiency and green
markets,” apenas 24% das PMEs estão a tentar reduzir efetivamente o seu impacto ambiental
(European Commission, 2022). Contudo, Portugal tem tido um bom desempenho na área da
sustentabilidade, sendo que 96% das PMEs adaptaram medidas de eficiência energética, ainda que
em 2020, apenas 3 em cada 10 PMEs declararam estar a desenvolver produtos e serviços
sustentáveis, proporção igual à registada em 2015 (Portugal - SME Fact Sheet, EC 2021). Assim, a
eficiência energética é considerada a forma mais eficaz de responder ao aumento dos preços da
energia (Viesi et al., 2017).
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1.3 Lacunas na investigação
No que diz respeito à pesquisa científica sobre a temática da sustentabilidade no domínio
empresarial, alguns investigadores (Casalino et al., 2014; Tsalis et al., 2013) referem que a mesma
tem dado origem a um grande investimento de pesquisa, mas, para Martins et al. (2022), grande
parte da mesma é baseada na implementação de práticas de sustentabilidade em empresas de maior
dimensão. Segundo estes investigadores, embora o papel das PMEs para as economias e estruturas
sociais seja reconhecido, na esfera política, académica e noutros contextos profissionais, a pesquisa
académica sobre a sustentabilidade das PMEs é escassa.
Destaca-se neste contexto, que o resultado da investigação aponta que, apesar das multinacionais
sofrerem frequentes pressões por parte dos seus stakeholders para integrar a sustentabilidade no
desenvolvimento da sua atividade (Martins et al., 2022) e da sua escala, esta não se mostra suficiente
para enfrentar os desafios de hoje (He et al., 2014) e que as pequenas empresas tendem a enfrentar
menos pressão por parte dos seus stakeholders (Dressen, 2009) e que o seu reduzido ritmo
desenvolvimento sustentável deve-se à existência de um conjunto de fatores que as afetam e as
caraterizam (Journeault et al., 2021).
Segundo Musa e Chinniah (2015), embora o foco principal de pesquisa anteriores se centre no
impacto das grandes empresas no meio ambiente, Hillary (2000) refere que o impacto coletivo das
PMEs no meio ambiente é substancial e pode superar o impacto ambiental combinado das grandes
empresas, já que estas só contribuem com cerca de 30% da poluição do mundo (Bakos et al., 2020).
Na UE, cerca de 64% da poluição industrial tem origem nas PMEs (Koirala, 2019).
Não obstante a sinalização das pesquisas supra referenciadas e a omissão de outras relacionadas com
a sustentabilidade das PMEs (e.g., as vantagens competitivas associadas à sustentabilidade; a gestão
ambiental e o desempenho financeiro dos negócios; o empreendedorismo sustentável; parcerias para
a sustentabilidade; sistemas de gestão ambiental; ferramentas de gestão de sustentabilidade na
gestão de cadeias de abastecimento verdes; políticas públicas associadas à sustentabilidade), alguns
investigadores consideram que o interesse pelas questões de desenvolvimento sustentável das
empresas é recente e que assume especial destaque a partir de 2016 (Prashar e Sunder, 2020).
Contudo, apesar de um grande número de estudos realizados, existem lacunas na literatura atual
sobre a compreensão integrada e holística do que inibe e impulsiona as práticas de gestão ambiental
das PMEs (Dasanayaka et al., 2022).
4
Esta investigação visa analisar o nível de maturidade das PMEs em matéria de sustentabilidade,
através da identificação das principais barreiras com que muitas se confrontam neste domínio; da
avaliação da sua perceção e apropriação dos desafios que o desenvolvimento sustentável lhes coloca;
e da verificação da implementação de práticas empresariais sustentáveis pelas mesmas. Deste modo,
pretende-se que este estudo contribua para aprofundar e disseminar o conhecimento sobre a
sustentabilidade das PMEs, em Portugal, e colmatar algumas lacunas de pesquisa e investigação
nesta área. Releva compreender com maior exatidão, quais as principais barreiras com que se
deparam, em que medida os desafios associados ao desenvolvimento sustentável se transformaram
em oportunidades de negócio e valor para as PMEs em Portugal, bem como as principais práticas de
sustentabilidade que estão a ser adotadas por este segmento de empresas, recorrendo-se para o efeito
a uma abordagem qualitativa, exploratória, utilizando a metodologia de estudo de casos múltiplos,
composta por 8 casos (PMEs).
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Capítulo 2
Revisão da literatura
Neste Capítulo foi realizada a revisão da literatura com recurso a algumas bases de dados científicas,
designadamente, Web of Science (WoS), Scopus e Google Académico. O objetivo foi dispor de uma
visão genérica sobre o conhecimento científico existente acerca do tema e da sua evolução. Numa
primeira fase, a pesquisa centrou-se nos conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade
empresarial para dar suporte ao estudo, seguindo-se uma pesquisa focada no desenvolvimento
sustentável das PMEs, em especial no que diz respeito às barreiras, desafios e práticas associadas à
sua sustentabilidade.
Hopwood et al. (2005) destacam na sua investigação, que embora o desenvolvimento sustentável
seja, um conceito amplamente utilizado, o mesmo tem muitos significados diferentes e, em
consequência, dá origem a respostas diferentes. Estes autores defendem que não existe uma filosofia
unificada e consideram que, genericamente, o conceito de desenvolvimento sustentável é uma
tentativa de combinar preocupações crescentes sobre um conjunto de questões ambientais com
questões socioeconómicas e que este tem potencial para enfrentar desafios fundamentais para a
humanidade no presente e no futuro.
Bolis et al. (2014) referiram que o conceito de desenvolvimento sustentável, foi formalmente
adotado, em 1972, na 1ª conferência mundial sobre o homem e o ambiente (Conferência das Nações
Unidas realizada em Estocolmo) e que estiveram na sua origem questões científicas relacionadas com
a sustentabilidade. Estes investigadores mencionam que às definições de desenvolvimento
sustentável associadas às questões ambientais, surgem outras definições, que colocam a humanidade
no centro das suas preocupações. Assinalam, também, a existência de muitas definições e visões de
desenvolvimento sustentável, associadas a diferentes disciplinas, interesses e perspetivas, cuja
convergência assenta, na visão do desenvolvimento sustentável, como um elo que associa aspetos
ambientais, sociais e económicos simultaneamente no curto, médio e longo prazo. Estes
investigadores complementam que esta visão, alinha com o conceito The Triple Bottom Line
(também denominado comummente como a “tripla abordagem da sustentabilidade”) introduzido,
por Elkington, em 1998, que se suporta na inexistência de prosperidade sem um destes aspetos
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considerar os outros e com o conceito The Two Tiered Sustainability Equilibria, que Lozano (2008)
introduziu 10 anos depois e que assenta no equilíbrio complexo e dinâmico entre os aspetos
económicos, ambientais e sociais e as perspetivas de curto, médio e longo prazo. Concluem na sua
investigação que o desenvolvimento sustentável, pode ser visto como o tipo de desenvolvimento que
visa satisfazer as necessidades humanas de toda a sociedade (também das gerações futuras) além de
um nível mínimo, o que é possibilitado por uma perspetiva axiológica na tomada de decisão,
considerando as limitações dos recursos.
Waas et al. (2011) relatam na sua investigação sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, que
existem vários modelos de sustentabilidade, sendo a prática mais comum, operacionalizar e entender
o desenvolvimento sustentável através de três pilares (ambiente, social e económica). A relação entre
estas dimensões foi demostrada através do diagrama de Venn (Lozano, 2008), dando origem a outras
representações, nomeadamente, através do modelo Triple Bottom Line, em que os três pilares da
sustentabilidade, são representados por “people-planet-profit” (Waas et al.,2011).
Existem, segundo estes autores, outros modelos assentes noutros pilares (e.g., institucional; cultura),
não existindo convergência entre os investigadores quanto o número certo de dimensões de análise,
sendo que o mais importante, é que cada abordagem inclua os aspetos essenciais ao desenvolvimento
sustentável. Referem também a existência de modelos que adicionam uma dimensão temporal no
modelo, representando a equidade intergeracional e demostrando a dinâmica do processo de
sustentabilidade ao longo do tempo.
Lozano (2018) propõe uma nova forma de retratar a sustentabilidade (Two Tiered Sustainability
Equilibria), onde as questões em cada dimensão (económica, ambiental e social), interagem entre si,
com questões de outras dimensões e ao longo do tempo. Pretendendo com e mesma, ajudar a
entender de forma mais eficaz que para alcançarmos a sustentabilidade devemos usar fenómenos
holísticos, contínuos e inter-relacionados entre aspetos económicos, ambientais e sociais e que cada
uma das nossas decisões tem implicações para todos os aspetos de hoje e no futuro.
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Vários autores (e.g., Lozano, 2008; Moir e Carter, 2012) afirmam que modelos e, em particular
diagramas, são frequentemente usados para simplificar conceitos complexos, como a
sustentabilidade.
De acordo com Álvarez Jaramillo et al. (2019), a definição mais recente de sustentabilidade refere-
se, ainda, à definição de desenvolvimento sustentável adotada em 1987 pela Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCDE) criada pela ONU, sendo exemplo disto, a definição de
sustentabilidade da University of Alberta (Canadá) datada de 2013, que define sustentabilidade como
“o processo de viver dentro dos limites dos recursos físicos, naturais e sociais disponíveis de forma a
permitir que os sistemas vivos nos quais os seres humanos estão inseridos prosperem
perpetuamente” (University of Alberta, 2013).
Para efeitos deste estudo, adotou-se o conceito usado por WCDE, em 1987, onde se definiu que
desenvolvimento sustentável “significa satisfazer as necessidades do presente, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades” (Report of the World
Commission on Environment and development: Our Common Future). Segundo vários autores (e.g.,
Lozano, 2008; Loucks et al., 2010), este conceito continua a ser um dos conceitos mais utilizado ao
longo dos tempos e amplamente citado em todo mundo.
Dyllick e Hockerts (2002) argumentaram que os principais atores da sustentabilidade, até meados
da década de 90, eram as entidades locais, tendo o foco mudado, posteriormente, para as empresas.
De acordo com Das et al.(2020b), esta evolução deve-se aos impactos da liberalização económica
iniciada nos anos 90, à globalização do comércio e à intervenção dos governos ao nível dos impactos
sociais e ambientais das empresas. Em resultado destes fatores, vários conceitos, tais como a
“cidadania empresarial”, “responsabilidade empresarial”, “responsabilidade social corporativa”,
“comportamento empresarial responsável” e “sustentabilidade empresarial”, emergiram.
8
Estudos mais recentes, usam o conceito de “sustentabilidade empresarial”, dado que tem um âmbito
mais amplo e o objetivo de incluir todos os conceitos anteriores de considerações socioeconómicas,
éticas e de governança como parte integrante da estratégia geral de negócios (Das et al., 2020a). Para
Montiel e Delgado-Ceballos (2014), trata-se de um dos conceitos mais recente em gestão.
Dyllick e Muff (2016) defendem que numa época em que cada vez mais as empresas afirmam gerir
os seus negócios de forma sustentável, importa distinguir aquelas que o fazem efetivamente e as que
não o fazem. Neste sentido, apresentam um conceito de sustentabilidade empresarial centrado no
contributo efetivo das empresas para o desenvolvimento sustentável. Este conceito engloba, a
sustentabilidade empresarial 1.0 (gestão orientada para o valor dos acionistas); sustentabilidade
empresarial 2.0 (gestão orientada para o Triple Bottom Line) e a sustentabilidade empresarial 3.0
(verdadeira sustentabilidade, suportada em negócios realmente sustentáveis). Para estes autores, a
sustentabilidade exige a integração das questões sociais e ambientais com as questões económicas e
a contribuição positiva das empresas para a sociedade e o planeta, através do seu contributo para a
resolução de questões de sustentabilidade.
De uma forma geral, a sustentabilidade surge associada a um conceito muito amplo e multifacetado
que tem fomentado, recentemente, um significativo debate científico e gerado grande interesse no
contexto académico, social e empresarial (Bartolacci et al., 2020), no entanto, apesar de todos os
esforços, não existe uma definição genérica aceite na literatura (Martins. et al., 2022).
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Estes investigadores assinalam, ainda, que as questões de desenvolvimento sustentável mudaram o
cenário empresarial e surgiram como uma determinante chave para o sucesso empresarial.
O impacto dos negócios no meio ambiente tornou-se uma preocupação crescente, desde o final dos
anos 80, particularmente nas economias ocidentais (Gadenne et al., 2009), sendo a Europa uma das
geografias que mais se preocupa com a sustentabilidade ambiental (Bakos et al., 2020).
Perante este contexto, vários países desenvolveram políticas de desenvolvimento sustentável para
fazer face a estes problemas (Journeault et al., 2021). Assim, um dos principais objetivos das políticas
de sustentabilidade, visa garantir que as empresas integram preocupações sociais e ambientais no
desenvolvimento da sua atividade (OECD, 2015; Environment and Climate Change Canada (ECCC),
2019). Deste modo, o compromisso com a sustentabilidade tem importância estratégica no atual
cenário competitivo (Goyal et al., 2015).
Das et al. (2020a) indicam que, em resultado da pesquisa empírica sobre a perceção dos conceitos
de sustentabilidade empresarial ou responsabilidade social corporativa pelas PMEs em várias
geografias do mundo, é possível concluir que o conceito de sustentabilidade empresarial ainda não é
muito familiar nas pequenas empresas e que existe, entre elas, uma compreensão conceitual de
responsabilidade social corporativa ou sustentabilidade. Segundos estes autores, em geral, as PMEs
consideram a sustentabilidade como um meio de manter o equilíbrio das solicitações sociais,
económicas e ambientais.
Tem existido uma crescente preocupação por parte dos governos de todo o mundo em melhorar o
desempenho ambiental e social das PMEs (Journeault et al., 2021), dado serem responsáveis por
uma parcela significativa da carga ambiental global, pois produzem cerca de 70% da poluição total
(Hillary, 2000), 60% do carbono total (Aragón Correa et al., 2008), e representarem 64% do impacto
ambiental global da UE (Calogirou et al., 2010).
Outros investigadores (e.g., Hillary, 2004; Horisch et al., 2015) sinalizam ainda que o impacto
ambiental coletivo das PMEs é superior aos das grandes empresas, uma vez que estas, representam
três quartos da economia global. As PMEs terão assim um relevante impacto no futuro dos negócios
e do planeta (Loucks et al., 2010).
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Bakos et al. (2020), nos resultados da sua investigação, frisam a importância do papel dos governos
no fomento da sustentabilidade das PMEs, indicando as regulamentações governamentais como um
dos principais impulsionadores e a falta de apoio governamental como uma das principais barreiras
estudadas. Alguns investigadores (Lamoureux et al., 2019; Bakos et al.,2020), argumentam que os
decisores públicos precisam de se esforçar na criação de legislação apropriada para impulsionar a
implementação de soluções mais sustentáveis pelas PMEs. Outros investigadores (e.g., Tyler et
al.,2020; Wiesner et al., 2018) defendem que os governos devem disponibilizar às PMEs mais
incentivos fiscais e empréstimos com custos reduzidos, dada a sua fragilidade financeira.
Segundo um estudo promovido, em 2021, pelo World Economic Forum, sobre as PMEs europeias e
o seu papel para um futuro mais sustentável e próspero, muitas PMEs ainda não incluem no seu
modelo de negócio estratégias focadas na sustentabilidade ambiental e social (World Economic
Forum, 2021). De acordo com o mesmo estudo, a grande maioria das PMEs vive atualmente uma
época de recuperação da crise COVID 19 e muitas estão sob intensa pressão para sobreviver, não
conseguindo dar o salto para o desenvolvimento sustentável. Nestas circunstâncias, consideram que
a “triple bottom line- People, Profit and Planet” continua a ser uma aspiração futura das PMEs e
impõe-se que a necessidade de alcançar a sustentabilidade combinada com a criação de um ambiente
de negócios favorável à criação de riqueza para todas as partes interessadas que só será possível por
via de um desempenho financeiro adequado (Bartolacci et al., 2020). De acordo com Martins et al.
(2022), as PMEs têm muitas formas e tamanhos diferentes, ou seja, são um mix variado de empresas
que apresentam diferentes desafios e oportunidades na implementação de práticas orientadas para
a sustentabilidade.
Para muitas PMEs, a pressão para a sobrevivência do negócio devido à escassez de recursos
(financeiros, humanos e de tempo) não lhes permitem muitas vezes dar relevância às questões
ambientais e à necessidade de serem ambientalmente mais sustentáveis (World Economic Forum,
2021).
Gadenne et al. (2009) dizem que as PMEs possuem por definição operações mais limitadas e com
um potencial de impacto no meio ambiente menor do que as empresas de grande dimensão. Muitos
proprietários de empresas de pequena dimensão acreditam que a sua atividade tem pouco impacto
no ambiente (Williams e Schaefer, 2013; Gadenne et al., 2009; Revell e Blackburn, 2007; Hillary,
2000), apesar de há muito se estudar e argumentar que o seu impacto ambiental é elevado (Bakos,
et al., 2020; klewitz e Hansen, 2014), cifrando-se este na ordem dos 70%.
11
2.3.1 Barreiras à sustentabilidade das PMEs
Foram alguns os investigadores que até à data, estudaram e identificaram as principais barreiras que
as PMEs possuem na implementação de iniciativas e práticas ambientais (e.g., Lewis et al., 2015;
Álvarez Jaramillo et al., 2019; Bakos et al., 2020), verificando-se que convergem, na sua grande
maioria para idênticos fatores. Estas barreiras são várias e representam um significativo
impedimento para a introdução e integração de iniciativas e práticas de sustentabilidade nas mesmas
(Journeault et al., 2021). O ritmo lento na implementação das mesmas deve-se à existência de fatores
que afetam as PMEs e a sua sustentabilidade (Álvarez Jaramillo et al., 2019).
Segundo Moorthy e Yacob (2013), na perspetiva de proprietários e gestores das PMEs, existem três
barreiras principais, que condicionam o desenvolvimento de boas práticas ambientais, sendo elas:
(1) as características das PMEs em geral;(2) o acesso a recursos financeiros, humanos e tempo; e (3)
a falta de conhecimento e interesse pela gestão ambiental.
No que respeita às características das PMEs, em geral, klewitz e Hansen (2014) afirmam que estas
empresas são um grupo heterogéneo em termos de dimensão e diversidade de setores e que não são
versões menores das suas contrapartes maiores, isto é, têm características especificas que as
diferenciam (Martins et al., 2022). klewitz e Hansen (2014) assinalam que as PMEs são consideradas,
pela maioria dos investigadores, como tendo um comportamento “reativo” em relação a questões
ambientais e sociais. Bakos et al. (2020) referem que alguns autores (e.g., Parker et al. 2009)
argumentam que as PMEs variam muito em função das características do seu negócio, do contexto e
exigências ambientais do país em que estão inseridas e no seu compromisso para se tornarem verdes.
Estes autores destacam, igualmente, que o tamanho ou a composição das PMEs não são os únicos
fatores a afetar a implementação de um bom plano no domínio ambiental, uma vez que este depende,
também, de fatores externos como a economia, as políticas e as regulamentações governamentais.
Quanto à falta de conhecimento e interesse pela gestão ambiental, vários investigadores (e.g.,
Condon, 2004; Revell e Blackburn, 2007; Studer et al., 2006) salientam que muitos proprietários e
gestores de PMEs não dão a devida relevância às questões ambientais e à necessidade de ser
ambientalmente sustentável porque têm falta de conhecimento sobre as questões ambientais e a
eficácia da sustentabilidade (Tilbury et al., 2005). Também outros autores (e.g., Goddard et al., 2016)
referem que a falta de conhecimento por parte dos proprietários e gestores, de muitas PMEs, sobre
os benefícios das práticas de sustentabilidade, dá origem a que estas, sejam muitas vezes empurradas
para segundo plano e que não exista interesse na sua adoção, porque estes não conseguem visualizar
o retorno financeiro imediato nas mesmas.
Álvarez Jaramillo et al. (2019) argumentaram que, em resultado de uma revisão da literatura, foram
identificadas 175 barreiras ao desenvolvimento sustentável das PMEs, sendo a falta de recursos, o
custo inicial na implementação de medidas de sustentabilidade e a falta de conhecimento,
competência e experiência - “expertise”, as barreiras que surgem com maior frequência. Segundo
12
estes autores, as barreiras para a sustentabilidade das PMEs podem ter origem dentro da empresa
ou no negócio (barreiras internas) ou não dependerem da mesma (barreiras externas).
De acordo com Dasanayaka et al. (2022), as barreiras organizacionais internas são as mais citadas
nos estudos de investigação e a barreira mais significativa, diz respeito à falta de disponibilidade de
recursos. Estes investigadores referem ainda, a falta de envolvimento dos colaboradores devido ao
seu baixo nível de conhecimento, questões culturais, disponibilidade limitada de tecnologia,
dimensão do negócio, fraca orientação estratégica da gestão por falta de conhecimento e benefícios
insuficientes, como outras barreiras internas. No que diz respeito, às barreiras organizacionais
externas, estes autores indicam como as mais citadas, o elevado custo da certificação ambiental, os
baixos níveis de apoio e orientação dos governos e das consultoras, as barreiras industriais e as
barreiras locais, sendo os elevados custos de encaminhamento dos resíduos, o custo das matérias-
primas e o tipo de indústria os mais comuns nesta dimensão local/regional. Salientam ainda, que de
acordo com a investigação realizada, a pressão regulamentar, ou seja, a pressão ambiental externa,
como sendo a barreira mais citada no domínio dos impulsionadores para a sustentabilidade das
PMEs, seguindo-se a pressão dos clientes, a consciência e atitudes dos proprietários e gerentes em
relação às questões do meio ambiente e a sua capacidade de resposta, estando esta, associada à
disponibilidade de recursos internos.
Bakos et al. (2020) salientam que as principais barreiras, para a sustentabilidade das PMEs,
apontadas por diversos autores (Gupta, 2017; Doluca et al., 2018; Yacob et al., 2019) respeitam à
pequena dimensão, aos recursos limitados, ao tempo de retorno do seu investimento, bem como, à
falta de conhecimento e consciencialização, e falta de apoio e legislação governamental. Estes
investigadores, sublinham também, a existência de sistemas criados para as empresas de maior
dimensão e a inexistência de ferramentas adaptadas às PMEs, falta de procura e apoio dos
stakeholders, dificuldades na obtenção de tecnologias e falta de apoio do ensino superior, conforme
podemos visualizar na figura apresentada em seguida.
13
Ainda no que respeita às barreiras, a maioria das PMEs, ao contrário do que acontece em muitas
empresas de grande dimensão, registam um baixo nível de utilização de ferramentas de gestão da
sustentabilidade (Martins et al., 2022; Das et al., 2020b). Segundo vários investigadores (e.g.,
Martins,et al., 2022; Rutherfoord et al., 2000; Spence e Schimdpeter, 2003; Hillary, 2004; Jenkins,
2004; Fassin, 2008; Bradford e Fraser, 2008; Perrini et al., 2007), esta situação deve-se ao facto
destas ferramentas de desenvolvimento sustentável serem criadas tendo em mente as grandes
empresas e serem de difícil aplicação nas PMEs. Segundo Lund-Thomsen et al. (2014), a fraca
utilização destas ferramentas deve-se, também, à falta de consciencialização sobre a sua existência e
o seu uso, por parte dos proprietários e gestores das PMEs.
Particularizando, segundo Viesi et al. (2017), as principais barreiras das PMEs à sua eficiência
energética estão relacionadas com a falta de conscientização e comprometimento da administração
das mesmas. A eficiência energética não é uma prioridade, como maximizar os resultados e o volume
de negócios.
Franco e Rodrigues (2021) afirmam que alguns investigadores (e.g., Sen et al., 2006; Koppina e
Blewitt, 2018) constatam que as ações orientadas para a sustentabilidade, podem ter um efeito
positivo no desempenho social e financeiro das PMEs, assim como, no reforço da sua reputação,
imagem de marca e valor financeiro das mesmas.
Não obstante o referido no ponto anterior, de acordo com Tonello (2012), as PMEs em consequência
do quadro legal que atualmente lhes é imposto no domínio ambiental e do crescente escrutínio
público sobre as práticas de sustentabilidade associadas ao desenvolvimento da sua atividade, estão
a tornar-se mais conscientes, sobre o impacto que a sustentabilidade tem na sua reputação, na sua
marca e no seu relacionamento com seus stakeholders a vários níveis.
14
Aliás, Nunes et al. (2019) argumentam que as PMEs passaram a prestar mais atenção à energia, água
e substâncias perigosas, prevenindo poluição e alinhando estratégias de negócio com práticas
empreendedoras sustentáveis (Franco e Rodrigues, 2021).
Bakos et al. (2020) concluem que existem drivers internos e externos, associados à implementação
de práticas ambientais sustentáveis, sendo os mais apontados em diversas investigações (Huang et
al., 2015; Sajan et al., 2017; Gandhi et al., 2018; Thanki e Thakkar, 2018), os benefícios económicos,
a procura e apoio dos stakeholders, o cumprimento da legislação, o suporte da direção de topo, a
imagem positiva, a vantagem competitiva, a melhor performance, os fatores comportamentais e a
ética, e a redução do desperdício, como podemos observar na seguinte figura.
Williams e Schaefer (2013) concluíram num estudo, sobre o que motiva os gestores das PMEs a serem
mais pró-ativos ambientalmente e a envolverem-se com questões ambientais, em geral, e mudanças
climáticas, em particular, que existe uma ampla gama de motivações, assumindo particular
importância, a responsabilidade pessoal que deriva dos valores e crenças pessoais, a necessidade de
cumprir a legislação ambiental, a eficiência de custos, os benefícios mútuos (win win) e os benefícios
percebidos no investimento a longo prazo que resultariam numa melhor sustentabilidade da empresa
e em melhores relações com o público.
Atendendo a que muitos dos desafios das PMEs para impulsionar o seu desenvolvimento sustentável
passam por ultrapassar muitas das barreiras, inumeradas no ponto anterior, Santos (2011) afirmou
que as restrições de recursos podem ser superadas por meio da cooperação empresarial. Também
Franco e Rodrigues (2021) assinalam que a colaboração das PMEs com outras entidades, pode ser
uma das suas opões para superar os desafios e as barreiras com que se confrontam estas empresas,
na transição para a sustentabilidade. Lewis et al. (2015) destacaram igualmente que a ligação das
PMEs com outras empresas poderá ser um fator impulsionador da implementação de práticas de
sustentabilidade.
15
Neste sentido, Das et al. (2020b) apontam que a literatura tem sugerido que as parcerias e a
colaboração entre as PMEs e outras empresas, bem como uma comunicação eficaz das suas práticas
de sustentabilidade, com os seus stakeholders, influenciam positivamente o seu desempenho
sustentável. Estes autores sublinham também a importância da intervenção governamental no
fomento de uma cultura de sustentabilidade e a dinamização práticas de sustentabilidade dentro das
PMEs.
Bakos et al. (2020) e Triguero et al. (2013) afirmaram que as empresas inovam mais facilmente em
soluções sustentáveis, quando trabalham em estreita colaboração com faculdades, instituições e com
o governo. Salientam ainda que outros investigadores encontraram motores idênticos: colaboração;
inovação; visão contínua e fatores externos às empresas (Raar, 2015; Lewis et al., 2015).
Complementarmente, Pinget et al. (2015) sugeriram que a regulamentação governamental tem um
efeito positivo sobre a probabilidade de adoção de práticas de impacto ambiental, não deixando de
referenciar que Ashton et al. (2017), na investigação levada a cabo nos EUA junto de PMEs, obtiveram
resultados diferentes, dado que referem que a maioria das empresas parece estar motivada
internamente para a implementação de práticas verdes impulsionadas, principalmente, por
preocupações com custos e competitividade, mais do que com preocupações de responsabilidade
social. Concluíram ainda que a pressão externa e coerciva dos governos ou dos seus cliente não
pareceu ser motivação significativa para as PMEs em estudo. Contudo, a pressão informal, por meio
de incentivos governamentais e programas de apoio e pressão de replicação através da aprendizagem
entre pares, parece ser mais eficaz no estímulo e no apoio à adoção de práticas de sustentabilidade
para estas PMEs.
16
Outros investigadores sublinham que a adoção de práticas de desenvolvimento sustentável, pelas
PMEs, traz benefícios para a sociedade, bem como, vantagens competitivas na sua abordagem ao
mercado e na criação do valor produzido (Gomes et al., 2015). Franco e Rodrigues (2021) salientam
também que as empresas que ambicionam ser bem-sucedidas e apresentar propostas de valor aos
seus clientes, adotam práticas de desenvolvimento sustentável, com o objetivo reduzir o impacto
ambiental da sua atividade e contribuir para o desenvolvimento da sociedade.
Bakos et al. (2020) indicam que PMEs que implementam práticas sustentáveis têm vantagens sobre
aquelas que não o fazem, porque estão a contribuir para a preservação do meio ambiente, dos seus
recursos e a criar uma imagem que os seus clientes vão querer apoiar. Dasanayaka et al. (2022)
alegam que pressão ambiental externa e interna, são cruciais para a adoção de práticas de gestão
ambiental por parte das PMEs.
Segundo Tura et al. (2019), as práticas de negócio sustentáveis são geralmente definidas como
atividades, iniciativas ou políticas que visam resolver problemas ambientais e sociais mantendo o
lucro e as PMEs ao adotarem estas práticas visam criar benefícios económicos para os negócios,
reduzir impactos ambientais, abordar questões sociais e exibir responsabilidade corporativa aos seus
clientes e outros stakeholders. Estes investigadores assinalam também que à medida que as
empresas começam a despender de quantias significativas e a apostar em investimentos ambientais
e atividades de investigação e desenvolvimento (I&D) sustentáveis, a sua atitude começou a mudar
lentamente, considerando-as como potenciais oportunidades de negócios em vez de custos
regulamentares extras.
Contudo, segundo Preuss e Perschke (2010), as práticas de sustentabilidade na maioria das PMEs
são informais, pouco estruturadas e de âmbito local, e não são geridas como parte da sua estratégia
de negócio (Martins et al., 2022). Assim, Das et al. (2020b) e Preuss e Perschke (2010) referem que
as práticas de sustentabilidade informais e desorganizadas das PMEs devem evoluir para uma
abordagem estratégica de práticas empresariais responsáveis.
Neste sentido, Bradford e Fraser (2008) argumentaram que as PMEs precisam de aconselhamento e
apoio na definição de estratégias de sustentabilidade adaptadas aos seus negócios e Horisch et al.
(2015) afirmaram que a aprendizagem e o reforço de conhecimento são necessários para facilitar uma
maior utilização de ferramentas de sustentabilidade. Das et al. (2020b) destacam também que é
importante ter consciência da gestão sustentável e da efetiva adoção de práticas de sustentabilidade
empresariais e que grandes empresas adotaram estas práticas como parte da sua estratégia.
Nulkar (2017) afirmou que as PMEs, em geral, seguem os instintos do negócio, reduzindo a utilização
e o desperdício de recursos procurando economizar custos. Todavia, as práticas geradoras de novos
investimentos ou associadas a algum tipo de custo, não são populares entre as mesmas. De acordo
com Esty e Winston (2006), as PMEs tendem a considerar as despesas relacionadas com a melhoria
ambiental como não prioritárias.
17
Não obstante, Franco e Rodrigues (2021) expressam que os proprietários e os gestores das PMEs
incluem, cada vez mais preocupações ambientais e sociais no dia a dia dos seus negócios e práticas
de gestão mais direcionadas para o empreendedorismo sustentável, entendido por estes como o
objetivo das empresas promoverem mudanças ambientais e sociais positivas e associado a novas
oportunidades de negócio, em detrimento do lucro económico. Observaram ainda, que alguns
autores (Zen, 2017; Lans et al., 2014), argumentam que empreendedorismo sustentável resulta do
desenvolvimento de novos produtos, de novos métodos de produção e de formas de organizar os
processos de negócio mais sustentáveis, sendo este, uma forma de gerar vantagens competitivas para
as empresas.
Numa outra perspetiva, Nulkar (2017) sublinha que a taxa e a escala de degradação ambiental por
via das atividades económicas, surge associada ao facto, de muitas PMEs integrarem as cadeias de
abastecimentos globais de grandes empresas e de realizarem algumas das suas operações de
fabricação e serviços, verificando-se uma transferência da carga ambiental das grandes empresas
para as PMEs suas fornecedoras. As grandes empresas exigem cada vez mais que os seus
fornecedores adotem sistemas de gestão ambiental, para garantir a sua integração em cadeias de
abastecimento verdes, bem como, certificações de gestão ambiental nos critérios de qualificação dos
seus fornecedores.
Assim, algumas das práticas, adotadas pelas PMEs no domínio da sustentabilidade, contemplam
predominantemente, práticas de responsabilidade social e práticas ambientais, já que a
sustentabilidade económica é considerada condição intrínseca de qualquer negócio e condição
necessária para que seja possível abraçar a dimensão social e ambiental da sustentabilidade.
No que respeita às práticas de responsabilidade social, Russel e Millar (2014) defendem que se tratam
de práticas que olham para o dever corporativo e traduzem a forma como a empresa trata os seus
funcionários e a sua comunidade. Foot e Ross (2014) afirmam que, embora a sustentabilidade esteja
fundamentalmente associada à sustentabilidade ambiental, as práticas sociais são um elemento-
chave.
Russel e Millar (2014) salientam igualmente que a responsabilidade social, tem como foco a
incorporação de práticas e políticas conscientes dos impactos sociais do dia a dia da empresa e
assinalam que, algumas destas incluem práticas relacionadas com as necessidades básicas e a
qualidade de vida dos seus funcionários, o seu envolvimento em atividade de voluntariado, a sua
integração na sociedade, a igualdade de género (Littig e Grieÿler, 2005), os direitos humanos e as
práticas trabalhistas (Lankoski, 2008) e a divulgação, educação, formação dos funcionários para a
sustentabilidade (Rusinko, 2007).
López Pérez et al. (2017) argumentam também que existe uma crescente pressão da sociedade, para
que as PMEs adotem práticas empresariais sustentáveis e socialmente responsáveis, demonstrando
que as práticas de responsabilidade social, associadas à gestão empresarial podem aumentar o valor
da empresa. De acordo com estes autores, as práticas de responsabilidade social podem considerar-
18
se um investimento que fomenta, a reputação corporativa, a diferenciação das marcas da
concorrência e a eficiência da gestão, com um impacto positivo no valor financeiro das empresas.
Estes investigadores alegam, que é possível às empresas adotarem práticas empresariais que tenham
em conta os objetivos dos acionistas e da sociedade (ou sejam lucros e sustentabilidade) e que as
PMEs apresentam caraterísticas organizacionais que favorecem a sua implementação, tais como:
estruturas simples e flexíveis que podem contribuir para que sejam mais dinâmicas e eficazes;
relações pessoais mais próximas; maior peso dos valores dos seus proprietários; rapidez de
implementação, apesar de, possuírem recursos limitados; terem maiores dificuldades na sua
implementação que as grandes empresas e de estas práticas não gerarem muitas vezes um retorno
imediato (Martins et al.,2022).
No que respeita às práticas ambientais, estas surgem relacionadas com práticas de produção mais
limpa e de ecoeficiência, de ecoinovação, e de inovação orientadas para a sustentabilidade, entre
outras.
Segundo klewitz e Hansen (2014), as práticas de produção mais limpa definem-se como uma
“aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada e aplicada a processos,
produtos e serviços para aumentar a eficiência, em geral, e reduzir os riscos para os seres humanos e
para o ambiente”. De acordo com os mesmos, esta definição contempla produtos e serviços e está
historicamente enraizada em processos e produção, e que o envolvimento das PMEs nas mesmas
pretende acelerar os seus processos de produção e aumentar a sua produtividade por meio de
tecnologias mais limpas. Este tipo de produção, surge associado, ao manuseamento dos resíduos
relacionados com as operações dentro da cadeia de valor, à reciclagem, ao descarte de material que
já não tem utilidade para a atividade, redução de águas residuais, descargas e controlo dos esgotos e
que está fortemente relacionado com a ecoeficiência No que concerne à ecoeficiência, esta é
entendida pelos mesmos, de forma mais ampla que a produção mais limpa porque coloca um enfâse
mais forte na obtenção de benefícios económicos, dado que envolve medidas de poupança de energia,
de redução de uso de materiais ou outros recursos, substituição de equipamentos pouco eficientes e
alteração de procedimentos. Trata-se de dois conceitos, que embora distintos, foram desenvolvidos
em paralelo e que se sobrepõem fortemente, ainda que a produção mais limpa enfatize minimização
dos impactos ambientais e a ecoeficiência enfatize os ganhos económicos, o resultado da sua
aplicação nos processos de negócio pode ser idêntico.
19
ecológicos, sejam integrados no design de novos produtos, nos processos e em estruturas
organizacionais e que embora grandes e pequenas empresas se possam envolver com as mesmas, as
PMEs inovarão de forma diferente, porque possuem estruturas organizacionais e capacidades
distintas na sua implementação.
No que diz respeito às práticas sustentabilidade relacionadas com a inovação organizacional, estas
surgem muitas vezes associadas, à adoção de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), como meio para
gerir as questões ambientais destacando-se neste domínio a Norma de Certificação Ambiental ISO
14001 e o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS), bem como, às políticas de gestão
ambiental, à contabilidade ambiental e à gestão da cadeia de abastecimento. As PMEs no seu papel
de fornecedores podem utilizar a Certificação ISO 14001 e EMAS como um meio para garantir
vantagens competitivas no mercado e responder às pressões da cadeia de abastecimento a jusante e
integrar questões ambientais e sociais na gestão da sua cadeia de abastecimentos. A opção por
cadeias de abastecimento próprias (integração vertical) e por fornecedores regionais podem diminuir
significativamente as emissões e eliminar problemas sociais nas cadeias de abastecimento (questões
laborais em países em desenvolvimento). O abastecimento local pode ser particularmente
importante para as PMEs tendo em conta os custos ambientais e sociais e os efeitos ao nível da marca
do produto. Outras práticas a considerar no domínio organizacional, são: criação da visão de
sustentabilidade da empresa e de um código de conduta; desenvolvimento de competências;
formação dos funcionários e o seu envolvimento em atividades de responsabilidade social; criação
de uma área ou de um departamento ambiental; interação com stakeholders externos, ou seja, com
clientes e fornecedores (rede da cadeia de valor), governos ou autoridades (rede reguladora), bem
como com universidades e centros de investigação (rede de conhecimento).
20
De acordo com Dyllick e Muff (2016), a gestão da sustentabilidade no mundo dos negócios, inclui,
estratégias, sistemas de gestão, ferramentas e medidas de desempenho. Assim, a emergência de
práticas associadas a estratégias de comunicação das empresas no que respeita à sua
sustentabilidade, à publicação de relatórios de sustentabilidade (Evans et al., 2017) e à integração de
indicadores de gestão associados à sustentabilidade, são relevantes e surgem associadas às empresas
de maior dimensão.
Assistimos, ao longo do tempo, a uma evolução das práticas de sustentabilidade nas PMEs, em
especial no setor da indústria, o que é compreensível, uma vez que se trata de um setor intensivo em
energia, cujos processos contribuem para aumentar a pegada de carbono fóssil e onde têm sido
sinalizadas práticas de trabalho problemáticas e anti-éticas (Martins et al., 2022), assim como, à
emergência de um conjunto de novos conceitos que têm sido estudados por vários investigadores
associados à sustentabilidade, às práticas sustentáveis e ao desenvolvimento sustentável das
organizações, que se sobrepõem nalguns casos e se complementam noutros (e.g., responsabilidade
social corporativa ou empresarial; excelência ambiental; eco indústria; ecodesign; economia circular;
economia verde; cadeias de abastecimento verdes; inovação sustentável; ecoeficiência; tecnologias
mais limpas e sustentáveis; produtos, práticas e consumidores verdes; descarbonização da
indústria), representando muitos dos conceitos associados à sustentabilidade.
De acordo com Despeisse et al. (2012), as empresas têm um grande contributo a dar para uma
sociedade mais saudável, tendo aqui os seus proprietários como principais motivações a necessidade
de redução de custos (energia, matérias-primas e resíduos) que aumentaram drasticamente na
última década e, mais recentemente, por via dos impactos da pandemia COVID 19 e da guerra na
Ucrânia. A par desta necessidade, as PMEs deparam-se com outros imperativos, nomeadamente,
com uma legislação rigorosa sob o ponto de vista ambiental que tem associada um quadro de fortes
penalizações para as não conformidades com a mesma. A somar, o crescente interesse do mercado
por produtos e práticas mais limpas e pela ética empresarial, dando origem à fabricação sustentável.
Este modo de fabrico exige uma maior aposta em recursos naturais (matérias e fontes de energia), a
substituição de consumos de recursos não renováveis por renováveis e de recursos tóxicos por não
tóxicos, modelos de produção mais biológicos, assentes na redução de resíduos e no
reaproveitamento de desperdícios (produção mais limpa, reciclagem, e simbioses industriais),
modelos de negócios suportados em sistemas e ferramentas de produção e estruturas de serviços e
cadeias de abastecimento mais sustentáveis.
21
Tabela 1 – Práticas de Sustentabilidade
Práticas Autores
Responsabilidade Social
− Respeito pelos direitos humanos e dos seus trabalhadores Russel e Millar (2014); Lankoski
(2008)
− Sensibilização, educação e formação dos trabalhadores para Russel e Millar (2014); klewitz e
a sustentabilidade Hansen (2014); Rusinko (2007)
Ambientais
− Consumo mais eficiente dos recursos (redução do consumo Viesi et al. (2017); klewitz e Hansen
de energia, matérias-primas e outros materiais) (2014); Despeisse, et al, (2012)
22
Práticas Autores
− Adoção de sistemas e ferramentas de gestão ambiental (e.g., Nulkar (2017); klewitz e Hansen
Certificações ISO 14001 e EMAS) (2014); Despeisse et al. (2012)
− Aposta soluções logísticas com menor impacto sobre o meio klewitz e Hansen (2014)
ambiente (meios de transporte, gestão de frotas e canais de
distribuição)
Económicas
Por fim, importa assinalar que os resultados das investigações que estudaram a relação entre o
desempenho económico e as práticas relacionadas com a sustentabilidade das PMEs são
contraditórios e inconclusivos (Martins et al., 2022) e que, apesar de muitos apontarem para uma
relação positiva (e.g., Bartolacci et al., 2020), outros há que apontam que apenas práticas e
desempenhos específicos focados na sustentabilidade ambiental, operacional e social parecem
beneficiar o desempenho económico das PMEs (Malesios et al., 2018).
23
Capítulo 3
Metodologia de investigação
Neste capítulo é apesentada a abordagem metodológica seguida na realização do presente estudo,
enumerando o método de investigação escolhido, a abordagem usada, assim como, os instrumentos
de recolha dos dados e a forma como os mesmos foram tratados. Assim, é descrita a estruturação das
atividades realizadas com vista à concretização dos objetivos da presente investigação.
Dentro deste tipo de investigação, optou-se ainda pelo método de estudo de caso, definido por
Creswell (2007), como uma estratégia de investigação no qual o investigador explora um caso ou
vários casos ao longo do tempo, por meio da recolha de dados detalhada e de várias fontes de
informações (por exemplo, observações, entrevistas, material audiovisual e documentos e relatórios)
e relata a descrição de casos e temas baseados nos mesmos.
No que diz respeito à tipologia do estudo de caso, esta investigação, assume a tipologia de um estudo
de casos múltiplos (Yin, 2015), dado que a mesma se suporta em vários casos: PME.
24
Mais precisamente foram selecionadas 8 PMEs, tendo por base os seguintes critérios:
− Âmbito geográfico: empresas sediadas em Portugal continental (região norte, centro e sul);
− Dimensão: empresas que garantissem o cumprimento dos critérios estabelecidos na
Recomendação da Comissão Europeia n.º 2003/361/CE2 de 6 de maio de 2003 (European
Commission, 2003), associados à definição de micro, pequenas e médias empresas;
− Atividade económica: diversidade, contemplando empresas extrativas (rochas ornamentais);
produtoras de vários tipos de bens (máquinas e equipamentos; alimentos; vestuário; têxteis;
equipamentos hospitalares; pedras para a construção); comerciais (artigos para estofos e
decoração) e de serviços (área da engenharia e energia);
− Desempenho económico-financeiro: em mais de 75% das PMEs selecionadas a autonomia
financeira é superior a 30%;
− Presença em mercados externos: em mais de 75% das PMEs selecionadas, as quotas de
exportação são superiores a 30% do volume de negócios;
− Preocupações ambientais e sociais: mais de 30% das PMEs selecionadas possuem certificações
ambientais e prémios de boas práticas ambientais ao nível dos ODS.
Por conseguinte, a seleção destas PMEs teve por base uma amostragem de conveniência (Yin, 2015).
Além disso, de acordo com Patton (2002), a presunção da investigação qualitativa, tem sido de que,
a privacidade dos sujeitos da pesquisa deve ser sempre protegida. Neste sentido, para garantir o
anonimato das empresas que aceitaram participar nesta investigação, estas foram referidas como
caso 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 e caracterizadas de forma sumária, tal como evidenciado, na tabela seguinte.
25
Tabela 2 – Caracterização dos Casos (PMEs)
Atividade principal Confeção de Fabricação de Fabricação de Fabricação de Fabricação de Fabricação de Desenvolvimento Extração e
vestuário de queijos de vaca máquinas e máquinas e produtos para o têxteis implementação transformação de
homem e equipamentos de acessórios para sector hospitalar de projetos e rochas
senhora enchimento, máquinas, para e hoteleiro e à prestação de ornamentais
capsulagem e trabalhar a pedra indústria de serviços na área para construção
rotulagem (extração e estofos e da energia.
transformação) decorações
Dimensão Média Média Média Média Pequena Média Média Média
Forma jurídica Sociedade por Sociedade por Sociedade por Sociedade Sociedade por Sociedade Sociedade Sociedade
quotas quotas quotas anónima quotas anónima anónima anónima
Capital Social 300.000,00 € 1.040.000,00€ 500.000,00 € 750.000,00 € 49.879,78 € 2.214.605,00€ 78.500,00 € 361.435,00 €
Volume de negócios 6.202.412,81€ 5.937.550,41€ 6.888.259,45€ 6.892.011,60€ 5.666.007,83€ 10.315.854,29€ 5.675.683,06€ 10.042.650,93€
(2020)
Resultados líquidos -450.594,41€ 80.903,70€ 1.219.259,06€ 1.240.012,17€ 681.928,10€ 195.207,99€ 483.413,36€ 150.477,51€
(2020)
Quota de exportação 98,4% 0,0% 28,0% 25,0% 0,2% 19,4% 0,0% 89,9%
(2020)
26
3.2 Recolha e Análise de Dados
Tendo por base que no âmbito deste estudo, o fundamental será compreender as barreiras, desafios
e práticas com que as PMEs se confrontam no domínio do seu desenvolvimento sustentável, elegeu-
se como principal instrumento de recolha de dados a entrevista a empresários e gestores das PMEs
selecionadas, dado o seu papel estratégico e a sua influência no desenvolvimento da atividade das
mesmas.
Todas as empresas foram contactadas via telefone, para explicar o objetivo do estudo e o propósito
da entrevista, aferir da sua disponibilidade para serem entrevistados e identificar o canal que
privilegiavam para a realização das mesmas (presencial; digital; telefónico). Duas das PMEs, foram
selecionadas para a pré-validação do guião da entrevista e aceitaram dar esse contributo inicial de
forma presencial. Por conseguinte, as entrevistas foram escolhidas como fonte primária de recolha
de dados e basearam-se no método de conversação semiformal. Estas focaram-se nos tópicos do
estudo e foram guiadas a partir de questões (ver Guião em Apêndice) que suportaram a conversação
estabelecida com os 8 empresários e gestores das PMEs, procurando garantir uma recolha de dados
suficiente para a compreensão do fenómeno aqui estudado (Marshall et al., 2013). A opção pelas
entrevistas, enquanto fontes de evidência empírica, deveu-se também ao facto de serem um meio que
permite ao investigador compreender melhor as interpretações que os entrevistados têm sobre o
fenómeno em estudo e as variáveis em análise (Walsham, 1995).
As entrevistas às PMEs foram realizadas entre os dias 7 e 22 de março de 2022, através da plataforma
de comunicação Microsoft Teams, devido à prevalência da Pandemia COVID 19. Existiam ainda, à
data, um conjunto de limitações associadas à presença física nas empresas, optando-se pelo canal
digital, dado ser o que estas privilegiaram para o efeito.
Todas as entrevistas foram gravadas com permissão dos entrevistados e transcritas no presente
documento, com respeito fiel às intervenções proferidas. Estas permitiram ao
entrevistador/investigadora obter, na primeira pessoa, as opiniões e respostas dos empresários e
dirigentes dos casos de estudo selecionados.
Como referido, o guião utilizado foi sujeito a um pré-teste, de forma presencial, junto de duas das
empresas que vieram a constituir-se como casos de estudo (caso 1 e caso 5) no período compreendido
entre 2 e 4 de março de 2022. Este pré-teste teve por propósito validar o número de questões a incluir
no questionário, a apropriação dos conceitos e a interpretação dada às questões apresentadas para
garantir a recolha objetiva da informação pretendida tendo em conta os resultados esperados.
Os entrevistados são na grande maioria sócios ou acionistas e gozam de uma experiência robusta na
gestão do negócio, globalmente de cariz familiar. Na tabela seguinte apresenta-se, de forma sumária,
as características sociodemográficas dos entrevistados, identificados por Empresários (E1, 2, 3, 4, 5,
6, 7 e 8).
27
Tabela 3 – Características sociodemográficas dos entrevistados
Entrevistado
Género Idade Formação Cargo
(Caso)
E 1 (Caso 1) Masculino 58 Licenciatura em gestão Diretor financeiro
De acordo com Eisenhardt (1989), os estudos de caso, geralmente combinam vários métodos de
recolha de dados como arquivos, entrevistas, questionários e observações. Segundo este autor, as
entrevistas, observações e fontes de arquivo são particularmente comuns e os investigadores
indutivos não se limitam a essas escolhas. Segundo Stauss (1987), muitos cientistas sociais geram os
seus dados, por meio de observação de campo, entrevistas, produção de vídeos, gravação de reuniões,
entre muitos outros meios, como os documentos públicos de todos os tipos e documentos
particulares. Bowen (2009) enumera que os documentos organizacionais e institucionais têm sido
um marco na pesquisa qualitativa ao longo dos anos. Assim, de forma a reforçar a informação
considerada relevante, bem como, a qualidade da análise dos dados, para além das entrevistas, foram
ainda usadas como fontes de informação: bases de dados sobre as PMEs selecionadas; relatórios da
Informa D&B; websites e páginas nas redes sociais; artigos de imprensa e documentos
disponibilizados pelas PMEs inquiridas (certificados das várias certificações obtidas; princípios de
responsabilidade social; princípios e política de qualidade; política de qualidade e ambiente; política
de qualidade, ambiente e segurança; guia de boas práticas ambientais; relatórios de sustentabilidade;
registos de imprensa relativos à obtenção de prémios designadamente no âmbito dos ODS).
28
No que diz respeito à análise de dados, optou-se por seguir a orientação científica de vários
investigadores (Bardin 1977; Patton, 1990) que consideram que a informação qualitativa deve ser
tratada usando uma análise de conteúdo. Bardin (1977) descreve esse tipo de análise por um conjunto
de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos
a descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a
inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção destas mensagens. Segundo
o mesmo autor, pertencem ao domínio da análise de conteúdo todas as iniciativas que consistam na
explicitação e sistematização do conteúdo das mensagem e expressão desse conteúdo.
Procurando limitar a subjetividade dos dados recolhidos, foi ainda realizada a sua triangulação com
fontes de informação secundárias. Posteriormente, procedeu-se a uma comparação e discussão dos
resultados apurados à luz da literatura, com vista a confrontar a teoria com a prática.
29
Capítulo 4
Caso 1
O Caso 1 é uma média empresa, sediada no concelho de Pombal, com atividade na confeção de
vestuário há 32 anos. Trata-se de uma sociedade por quotas, com capital social de 300.000€ e que
contou no ano de 2020 com cerca de 250 trabalhadores e um volume de negócio a rondar os
6.200.000€.
Esta PME industrial dedicada à confeção de vestuário de homem e senhora, produz, fatos,
sobretudos, smokings, fraques, casacos, calças, coletes e saias, maioritariamente para marcas
internacionais. A sua quota de exportação rondou os 99%, em 2020. A empresa desenvolve a sua
atividade, maioritariamente, através de produção de grandes séries, dispondo, no entanto, de uma
grande flexibilidade de fabrico e de adaptação a vários tipos de encomendas. A par desta flexibilidade
de produção, esta possui um forte know-how de modelação e CAD que lhe permite desenvolver e
produzir vários tipos de coleções de vestuário.
A empresa tem investido ao longo dos tempos em máquinas e equipamentos, tecnologicamente mais
evoluídos, o que lhe tem proporcionado uma maior eficiência nos recursos consumidos e um
acréscimo da sua capacidade produtiva. Com o objetivo de cumprir as exigências dos seus clientes,
tem apostado em certificações internacionais associadas ao fabrico sustentável, de que são exemplo,
as seguintes: European Flax – Premuium line fibre; Organic Blended- Content starded; Reycled
Blended – Claim Standard.
30
E1: “A sustentabilidade faz parte da estratégia da empresa em todas as suas vertentes. Na vertente
social, a empresa é uma das maiores empregadoras da região, portanto, tem uma grande
responsabilidade social e, para isso, tentamos dar as melhores condições de trabalho às pessoas;
em termos ambientais, apesar de ser uma indústria muito pouco poluidora fazemos tudo para
reduzir o pouco impacto ambiental que temos e, em termos económicos, também porque não se
consegue a sustentabilidade social e ambiental sem uma boa sustentabilidade financeira …”.
Caso 2
O Caso 2 é uma PME familiar de média dimensão que se dedica à produção de queijos de vaca, para
o mercado nacional, há mais de 50 anos. Trata-se de uma sociedade por quotas com um capital social
de cerca de 1.000.000€, com estabelecimento industrial no concelho de Loures e que registou, no
ano de 2020, um volume de negócios a rondar os 6.000.000€ e 50 colaboradores ao seu serviço.
A empresa é especializada na produção de queijo fresco, requeijão e queijo curado de vaca. Esta PME
investiu na verticalização do seu negócio, de modo a produzir queijos desde a sua origem, possuindo
para o efeito, uma empresa que produz os cereais para alimentação das vacas e o leite que necessita
para a fabricação dos queijos que coloca no mercado nacional.
Em resposta às exigências dos seus clientes e aos desafios imposto pelo mercado, esta tem investido
num conjunto de tecnologias que, aliadas aos métodos de produção tradicionais, lhe garantem
reconhecimento de qualidade dos seus produtos e sustentabilidade do seu negócio.
A empresa tem obtido vários prémios e distinções, dos quais se destacam, o reconhecimento do
queijo fresco como produto tradicional português pela Direção-Geral de Agricultura e
Desenvolvimento Rural e o reconhecimento de empresa Eco-Friendly pela APEE - Associação
Portuguesa de Ética Empresarial por vários anos consecutivos.
Ao nível dos vários certificados de produção que possui, realce para a certificação IFS Food -
International Featured Standards, que lhe garantem qualidade e segurança nos produtos que oferece
ao mercado.
E2: “A sustentabilidade faz parte do nosso ADN, …, esta exige uma estratégia permanente que tem
de ser alimentada e, para que possa ser alimentada, tem que ser cultivada e isso traz-nos alguns
encargos e responsabilidades, …, existe uma estratégia a médio e longo prazo com provas dadas,
…, temos desde há muito tempo dinamizado práticas de responsabilidade social e implementado
medidas para reduzir o impacto da nossa atividade no ambiente e procuramos utilizar os recursos
de forma eficiente assumindo uma responsabilidade socioambiental cada vez mais relevante, …”.
31
Caso 3
O Caso 3 é uma empresa familiar, com estabelecimento industrial no concelho de Loures, que se
dedica à fabricação de máquinas e equipamentos de enchimento, capsulagem e rotulagem e ao
desenvolvimento de soluções, que podem passar pela conceção e fabricação de uma linha de
produção completa com recurso à robotização.
Esta empresa de média dimensão assume a forma jurídica de sociedades por quotas, possui um
capital social na ordem dos 500.000€ e registou, em 2020, um volume de faturação próximo dos
7.000.000€, cerca de 50 trabalhadores e uma quota de exportação próxima dos 30%.
Esta PME trabalha para a indústria em geral, e nos últimos anos desenvolve cada vez mais, projetos
de construção de novas fábricas destacando-se, como principais clientes, a indústria alimentar de
bebidas (água, vinhos, bebidas destiladas), iogurtes, gelados, molhos (ketchup, maionese), azeite e
outros óleos alimentares e a indústria não alimentar (detergentes, cosmética, farmacêutica, tintas,
entre outras). A empresa tem trabalhado com várias marcas nacionais e internacionais com presença
no mercado português.
E3: “Tentamos olhar para a sustentabilidade de forma muito assertiva, … tentamos de facto fazer
o que estiver dentro das nossas possibilidades, …, tentamos olhar para a questão ambiental de
forma muito comprometida e muito séria…. a sustentabilidade sempre foi um desígnio nosso, …”.
Caso 4
O Caso 4 é uma empresa familiar de média dimensão, sediada no concelho de Santarém, que
desenvolve atividades na área da engenharia e metalomecânica para o setor da rocha natural,
construção civil, obras públicas, minas, portuário, indústria e floresta.
Esta PME, com mais de 20 anos de existência, assume a formação jurídica de sociedade anónima e
possui um capital social na ordem os 800.000,00€ e, em 2020, faturou cerca de 7.000.000€,
contando com cerca de 90 trabalhadores no seu quadro de pessoal. Trata-se de uma empresa
exportadora, com presença em várias geografias do mundo, que registou em 202o uma quota de
exportação na ordem dos 30%.
32
A empresa dedica-se ao fabrico de vários tipos de máquinas e acessórios, de que são exemplo:
máquinas de perfuração; vira blocos e vira chapas; prensas de pedra; máquinas de transformação de
pedras; carrega blocos e chapas; movimentação de carga; braços hidráulicos e acessórios para as
escavadoras, dumpers, buldozers, pás carregadoras e telescópicas.
Esta PME investiu de forma intensa nos últimos anos em I&D, inovação e tecnologia, garantindo-
lhe, atualmente, este investimento uma oferta de soluções tecnologicamente avançadas e
sustentáveis. A existência de competências internas de I&D permitem-lhe customizar produtos e
desenvolver soluções à medida das necessidades dos seus clientes.
Caso 5
O Caso 5 é uma empresa familiar de pequena dimensão da Região Norte, com estabelecimento
industrial no concelho de Paredes, há mais de 40 anos. Esta empresa iniciou a sua atividade em nome
individual e evoluiu mais tarde para uma sociedade comercial, sob a forma jurídica de sociedade por
quotas, possuindo hoje um capital social na ordem dos 50.000€.
Esta pequena empresa, com cerca de 25 trabalhadores, desenvolve a sua atividade essencialmente no
mercado nacional e faturou, no ano de 2020, aproximadamente 5.600.00o€.
A empresa teve a sua origem na comercialização de produtos para a indústria de estofos e decoração,
evoluindo para a transformação de espumas e produção de colchões e almofadas, alargando, assim,
a sua oferta para o setor dos artigos têxteis-lar, hospitalar e hoteleiro.
No segmento do setor hospitalar, com forte peso para a atividade da empresa, destaca-se a produção
de colchões hospitalares; colchões anti escaras, colchões de sobreposição; almofadas de
posicionamento e apoio; esponjas de higiene oral; esponjas de lavagem de doentes; placas de
espuma; lonas para macas; roupas de cama e banho; descartáveis de papel e plástico; mobiliário
hospitalar e fardamento. Para o setor hoteleiro, a oferta centra-se na produção de almofadas de
conforto; colchões descanso e roupas de cama e banho.
33
A empresa detém uma vasta experiência no fornecimento de produtos para o setor hospitalar, que
tem permitido o desenvolvimento de novos produtos em resposta a problemas e necessidades na área
da saúde e bem-estar.
E5: “O tema da sustentabilidade não é estranho, não existe uma estratégia com objetivos concretos,
somos uma empresa pequena e familiar onde o planeamento passa por ir fazendo, mas vão-se
desenvolvendo ações, dou dois exemplos do passado, e depois do presente e também do futuro, …”.
Caso 6
O Caso 6 é uma empresa familiar de média dimensão, sedeada na Região Norte, que iniciou a sua
atividade há mais de 25 anos na área do tingimento e acabamento de tecidos.
Esta PME assume atualmente a forma jurídica de sociedade anónima, conta com um capital social
na ordem dos 2.200.000€ e registou, em 2020, uma faturação na ordem dos 10.000.000€ e
aproximadamente 130 trabalhadores.
Trata-se de uma empresa de produção de têxteis, que tem investido ao longo dos tempos na inovação
do seu negócio e no desenvolvimento de novos produtos, suportados em processos de fabrico e
tecnologias inovadoras. A empresa especializou-se no tingimento e acabamento de malhas circulares
e desenvolveu tecidos inteligentes que lhe permitiram ganhar clientes na área da moda associados a
marcas internacionais conceituadas.
E6: “O desenvolvimento sustentável para nós, nos três pilares, são críticos e sempre relevantes, a
nível económico somos uma empresa privada e temos que gerar lucro e manter atividade, do ponto
de vista ecológico e ambiental é transparente através do tipo de fibras que usamos desde há muito
tempo, fibras naturais e lyocell, … fomos pioneiros a processá-la em 2002, …, os nossos clientes são
orientados para as questões ambientais e também sociais e, por isso do ponto de vista estratégico
e corporativo, temos que fazer esse tipo de coisas, que estão na nossa maneira de ser, … “.
34
Caso 7
O Caso 7 é uma média empresa, sedeada no concelho das Caldas da Rainha, que exerce a sua atividade
na área dos serviços energéticos, nomeadamente, no desenvolvimento de projetos de instalações
elétricas com soluções ajustadas às necessidades dos seus clientes. Esta empresa assume,
atualmente, a forma jurídica de sociedade anónima e conta com um capital social na ordem dos
80.000€, tendo registado, em 2020, um volume de faturação próximo dos 6.000,000€ e cerca de 70
trabalhadores ao seu serviço.
Esta PME opera no mercado nacional há mais de 20 anos e tem investido ao longo dos anos no
desenvolvimento das suas competências técnicas e, mais recentemente, na verticalização do seu
negócio, na diversificação dos seus mercados e da sua oferta, que contempla atualmente a área dos
painéis fotovoltaicos, da mobilidade elétrica, dos postos de transformação e quadros elétricos. Para
o efeito, integrou um grupo económico com 30 anos no mercado, presente em mais de 10 setores de
atividade, ao qual pertencem um conjunto de empresas.
A empresa tem apostado também na digitalização do seu negócio, dispondo de uma loja online, com
oferta de produtos na área da energia, do solar e da mobilidade elétrica.
Esta PME dispõe de várias qualificações atribuídas por diversos organismos públicos e grandes
empresas na área da energia e encontra-se certificada no âmbito da norma ISO 14001|2015.
E7: “A sustentabilidade faz parte da empresa desde o início, 5 meses depois de ser criada já estava
certificada e esta parte da sustentabilidade que não fosse só a criação de riqueza está consagrada
desde sempre, porque acaba por estar tudo envolvido, …, somos certificados para a qualidade,
ambiente e segurança, …, hoje nas normas acaba por estar tudo incluído, …, todas as práticas
associadas às normas envolvem a empresa em tudo o que tem a ver com a sua sustentabilidade
(colaboradores; fornecedores, clientes, …)…., a sustentabilidade faz parte do nosso ADN e tem que
estar todos os dias presente nas nossas rotinas de trabalho e de negócio para ser efetiva, …”.
Caso 8
O Caso 8 é uma PME fundada há mais de 50 anos na região de Alcobaça, especializada na extração e
transformação de pedra calcária. Esta empresa assume, atualmente, a forma jurídica de sociedade
anónima e possui um capital social a rondar os 350.000€, que em 2020 registou cerca de 130
trabalhadores ao seu serviço e um volume de faturação na ordem dos 10.000.000€.
35
Trata-se de uma empresa de pedra calcária, com um modelo de negócio verticalizado, dispondo de
várias pedreiras e de um moderno estabelecimento industrial. A sua atividade centra-se na extração,
transformação e desenho de rochas ornamentais para construção, destacando-se no seu portefólio
de produtos e soluções em pedra; fachadas ventiladas e revestimentos de fachada; pavimentos e
ladrilhos; muros; degraus; cornijas; balustres; capeamentos e peças 3D.
A empresa tem investido continuamente em novos equipamentos e em tecnologias que lhe tem
permitido a oferta de produtos e soluções de grande valor acrescentado para os seus clientes. Esta
PME tem apostado também em parcerias externas que lhe permitiram reforçar as suas competências
técnicas ao nível da otimização da extração de matérias-primas e aumentar a sua produção com
recurso a processos de fabrico mais eficientes.
Esta empresa detém uma quota de exportação na ordem dos 90% e está presente em várias geografias
do mundo, dispondo de uma vasta carteira de clientes e de obras de grande vulto.
E8: “A sustentabilidade é um dos focos da empresa, desde há uns anos para cá … todos querem
conhecer a nossa cadeia de valor, então ao longo do tempo percebemos que isso é um ponto
fundamental e até anunciamos na semana passada nas nossas redes sociais que conseguimos obter
a Declaração Ambiental de produto e olhamos para isso como uma realidade tanto na exploração,
… como na transformação, … estamos sempre à procura de melhorar os impactos negativos, … a
sustentabilidade está presente e tudo isto é uma preocupação para nós … já temos muita coisa feita,
…”.
Em suma, as PME alvo deste estudo localizam-se em diferentes regiões de Portugal continental, são
maioritariamente do setor da indústria, mas desenvolvem atividades muito distintas, a sua grande
maioria está presente no mercado há mais de 20 anos e apresenta uma boa solidez financeira.
Face a estes testemunhos e segundo Jansson et al. (2017), as empresas comprometidas com a
sustentabilidade percecionam vantagens de mercado e empresariais associadas à mesma. Todavia as
PMEs para implementar atividades ligadas à sustentabilidade enfrentam várias barreiras.
4.2.1 Barreiras
Quando as PMEs aqui estudadas foram questionadas sobre as barreiras que enfrentam para serem
mais sustentáveis, os empresários e dirigentes inquiridos assinalaram um conjunto de dificuldades
que podem impactar nas suas práticas de sustentabilidade. Aliás, estas barreiras já foram estudadas
por vários investigadores (e.g., Lewis, et al., 2015; Álvarez Jaramillo, et al, 2019; Bakos et al., 2020;
Journeault, et al., 2019).
36
Atendendo a que a maioria dos entrevistados assinalou logo à partida que muitas das barreiras não
dependem de si, optou-se por realizar a sua apresentação de forma segmentada: Barreiras externas
e internas (Álvarez Jaramillo, et al, 2019).
i) Barreiras Externas
(3) falta de reconhecimento e de valorização da sustentabilidade por parte do Estado. Esta falta
de reconhecimento para com as PMEs que investem no seu desenvolvimento sustentável, ao
colocá-las em pé de igualdade com as demais, foi sublinhado por E2 e E4. Por outro lado
foram ainda apontadas como barreiras : o baixo nível de apoios e de benefícios fiscais
disponibilizados às PMEs para investirem na sua sustentabilidade (casos 2, 3 e 4), os critérios
de adjudicação e o acesso a concursos e nos requisitos de qualificação de fornecedor do
Estado (casos 5 e 7), destacando um dos entrevistados, que “na contratação pública, a
sustentabilidade não é um fator diferenciador quando as empresas se querem qualificar
como fornecedoras do Estado” (E5) e que as opções de compra do setor público, por
produtos de empresas estrangeiras presentes em áreas geográficas economicamente menos
desenvolvidas e outras onde não existem condições dignas de trabalho e exigências ao nível
do desenvolvimento sustentável das empresas é uma situação frequente. “Por exemplo, no
domínio social, porque não escolher fornecedores que promovem emprego” (E 5); “em
termos institucionais tratam-nos da mesma forma que todos os outros, não há uma
valorização da parte das instituições, ainda que exista um histórico e provas dadas” (E2);
“a empresa que é certificada deveria ter uma majoração, mas depois constata-se que nos
concursos não são tidas em conta“ (E 7);
37
(4) retorno financeiro do investimento em matéria de sustentabilidade (casos 1, 2 e 5), que para
alguns ainda é pouco evidente: “se fosse um fator diferenciador teria retorno, não sendo,
vai-se fazendo o que é prioritário” (E5); as dificuldades associadas à dinamização de
processos eficientes ao longo da cadeia, de que é exemplo a burocracia (casos 4, 6 e 7) é
considerada “uma das maiores barreiras” (E6), com forte impacto na sustentabilidade,
“uma vez que lhe retira eficiência e é muitas vezes mais impeditiva do que impulsionadora
do desenvolvimento sustentável das PMEs” (E6) originando a que “tudo isto leve muito
tempo” (E6);
(5) atual contexto económico a nível mundial, europeu e nacional, pós-pandemia COVID 19 e a
guerra na Ucrânia. A este nível, “todos os custos de produção estão a aumentar
(eletricidade; tecidos e mão-de obra)” (E1), com “dificuldade de acesso a matérias-primas
em termos de custo, tempo de entrega e com elevados custos dos transportes” (E4), a par,
da falta de mão de obra, uma vez que “a população está a diminuir” (E8), levantando
dificuldades associadas “à disponibilidade de mão de obra” (E1), que carecem de “políticas
concertadas entre as autarquias e as empresas” (E8), bem como, um contexto fiscal pouco
favorável com “impostos à segurança social muito elevados“ (E1), com necessidade de
existirem “taxas reduzidas para empresas fortemente empregadoras” (E1) e, finalmente,
de um quadro legal, em algumas domínios, em constante atualização, dado que “a nível da
legislação têm existido muitas alterações nos últimos 10 anos e essas alterações acabam
por nos trazer algumas dificuldades” (E7);
Face ao exposto e quando comparadas as evidências empíricas com os resultados dos estudos de
investigação de suporte ao tema, releva sublinhar que, apesar de Dasanayaka et al. (2022) afirmarem
que as barreiras organizacionais internas são as mais citadas nos estudos de investigação, as PMEs
aqui estudadas priorizaram transversalmente, as barreiras externas.
38
Neste contexto e quando comparamos as barreiras externas apontadas pelas PMEs, com as
identificadas na literatura, podemos verificar que todas elas foram objeto de sinalização por vários
investigadores (e,g., Dasanayaka et al., 2022; Bakos et al., 2020; Lamoureux et al., 2019; Álvarez
Jamillo et al. 2019; Tyler et al., 2020; Yocob e Moorthy, 2013), ainda que nem todos as tenham
segmentado como barreiras internas e externas. De forma mais detalhada e a título de exemplo,
releva destacar que Dasanayaka et al. (2022), identificaram a pressão ambiental externa e os baixos
níveis de apoio e orientação do Estado e de outros stakehoders, como algumas das barreiras as
organizacionais externas mais citadas.
De salientar ainda, a ausência de referências de forma explicita por parte dos entrevistados, às
exigências da legislação ambiental (Willians e Schaefer, 2013), à existência de sistemas concebidos
para grandes empresas e à inexistência de ferramentas de suporte à gestão da sustentabilidade
adaptadas às PMEs (Martins, et al., 2022; Das et al.,2020b; Bakos, et al., 2020).
(1) escassez de tempo e de recursos que assumiu transversalmente uma grande importância
para a maioria dos casos aqui estudados (casos 1, 2, 3, 5, 6 e 8), podendo ser evidenciada
por três testemunhos ilustrativos: “demora muito tempo” (E6), “o investimento ainda é
grande exige parcerias” (E5) e “não podemos oferecer melhores condições às pessoas em
função das margens que atualmente estão a ser praticadas pelos nossos clientes” (E1);
(3) falta motivação para investir no desenvolvimento sustentável (caso 2 e 5) tendo em conta
o baixo nível de reconhecimento do mesmo por parte dos alguns clientes, consumidores e
Estado, assume também particular relevância neste capítulo (casos 1, 2 e 5) e
considerando-se que “muitas vezes se torna desmotivante” (E2);
39
para o lucro e a rentabilidade do negócio“ (E5); a dificuldade de comunicar o nível de
sustentabilidade da empresa e dos seus produtos junto do mercado, quando estão em
causa bens intermédios de produção em que a venda do produto final ao consumidor é
realizada por outros (caso 6); as dificuldades de resposta às condições de adjudicação de
muitos concursos públicos (caso 7).
Face ao exposto e quando comparadas as barreiras internas apontadas pelas PME, podemos verificar
igualmente que todas elas foram apontadas por vários investigadores (e,g., Dasanayaka et al., 2022;
Bakos et al.,2020; Yacob et al. 2019; Álvarez Jamillo et al. ,2019; Doluca et al, 2018 ; Gupta , 2017;
Yocob e Moorthy , 2013). De destacar a título de exemplo, Dasanayaka et al. (2022), ao assinalarem
a falta de disponibilidade de recursos como a barreira organizacional interna mais significativa. A
falta de conhecimento e os insuficientes benefícios, foram outras das barreiras internas apontadas
por estes investigadores.
De salientar ainda, a ausência de referência de forma explicita por parte dos entrevistados, à
dimensão do negócio (Dasanayaka et al., 2022; Bakos et al.,2020; Yacob et al., 2019; Doluca et al.,
2018; Gupta, 2017).
Em suma e de forma global, as evidências empíricas, resultantes da análise qualitativa das entrevistas
realizadas, permitem-nos argumentar que as PMEs enfrentam, um conjunto de barreiras para serem
sustentáveis, tais com: custo; reconhecimento por parte de alguns dos seus principais stakeholders;
falta de apoios do Estado; contexto político e económico; escassez de recursos (humanos, tempo e
financeiros) e o conhecimento sobre o retorno financeiro. E concluir que estas barreiras, em termos
genéricos, estão alinhadas com investigações realizadas sobre as mesmas, como podemos constatar
na tabela seguinte.
Falta de apoios do Estado Dasanayaka et al. (2022); Bakos et al. (2020); Lamoureux et al. (2019);
Tyler et al. (2020); Wiesner et al. (2018)
Contexto económico Martins et al. (2022); Bakos, et al. (2020); Parker et al. (2009)
Falta conhecimento Dasanayaka et al. (2022); Álvarez Jamillo et al. (2019), Goddard et al.
(2016); Yocob e Moorthy (2013); Tilbury et al. (2005).
Escassez de recursos Dasanayakaet al. (2022); Bakos et al. (2020); Yacob et al (2019);
(humanos; tempo; Doluca et al. (2018); Álvarez Jamillo et al. (2019); Gupta (2017); Yocob
financeiros) e Moorthy (2013).
40
4.2.2. Desafios da sustentabilidade para as PMEs
As PMEs podem ver os desafios da sustentabilidade como uma oportunidade de negócio e menos
como uma pressão externa (Jansson et al, 2017). Assim, quando questionadas sobre os desafios que
a sustentabilidade lhe traz ou poderá vir a trazer para os seus negócios e as motivações associadas à
sua concretização, os empresários e dirigentes das PMEs estudadas, entendem genericamente que
muito já foi feito, mas que muito haverá a fazer, designadamente ao nível do desenvolvimento de
estratégias e práticas com impactos positivos no seu desenvolvimento sustentável.
Alguns dos desafios sublinhados surgem associados ao combate de certas barreiras anteriormente
identificadas e a um conjunto de motivações que visam impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Genericamente, os desafios enumerados pelos entrevistados passam, globalmente, por dispor de
recursos financeiros, humanos e de infraestrutura física e tecnológica que lhe permita alcançar níveis
de sustentabilidade mais elevados (casos 1, 2, 4, 6 e 8); continuar a investir na sustentabilidade
optando cada vez mais por uma utilização mais eficiente de recursos e por consumos mais
sustentáveis (casos 1,2, 3, 4, 6 e 8); dar resposta a novas oportunidades de negócio no domínio da
sustentabilidade e retirar benefícios económicos das mesmas (casos 5, 6 e 7), de que são exemplo: “a
sustentabilidade traz-nos muitos desafios e oportunidade de negócio” (E6), que importa “estar
atento a novas oportunidades e ao que possa surgir no mercado que nos possa ajudar a todos a ser
mais eficientes” (E3) e que “sempre que vimos uma oportunidade estamos lá a trabalhar” (E2”)
relevando explorar várias linhas de investigação com recurso diferentes soluções, “vamos começar a
fazer tingimentos com bactérias para produzir e criar pigmentos para usar em processos de
tingimento, com claras vantagens quando comparados com corantes sintéticos” (E6).
De uma forma geral as PMEs sentem-se desafiadas a desenvolver produtos e serviços mais
sustentáveis e, nos casos concretos 6 e 7, a fazê-lo suportados em atividades de I&D, com recursos
próprios e em parceria com entidades do ensino superior ou centros de investigação. Alguns dos
entrevistados sublinham: “temos uma área de I&D e estamos a desenvolver produtos para a
eficiência energética” (E7); “estamos a testar a utilização de resíduos e a aproveitar desperdícios
de outros setores (cortiça, serrim,, casca de pinheiro, mosto da uva , borras de café) e a utilizar
esses desperdícios que tinham pouco ou nenhum valor e incorpora-los no nosso clothing e aí tem
valor funcional e estético e trazem novos produtos diferenciados que substituem o couro com claras
vantagens e utilização” (E6). Tirar partido das suas certificações obtidas (casos 1, 5 e 6). e do nível
sustentabilidade alcançado (casos 2,4, 6 e 8), foram outros dos desafios assinalados.
De uma forma mais particular, outros desafios prendem-se em responder às exigências do mercado
cada vez mais orientado para a proteção do planeta e “ser uma alternativa ao abastecimento de
produtos por parte dos mercados asiáticos” (E1), tendo capacidade de resposta para novas
oportunidades de negócio decorrentes da atual tendência de alteração das geografias de
abastecimento originadas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Estes fenómenos deram origem
a uma maior procura de clientes alternativos pelas grandes marcas de moda mundiais muito
exigentes em matéria de sustentabilidade. Esta situação é materializada na afirmação: “estamos a
41
ter uma procura muito maior pela Europa e até do E.U.A “(E1); dar resposta aos desafios de ordem
social, que a pandemia e a guerra da Ucrânia têm imposto à sociedade e às empresas, para o qual o
E2 refere: “que se tratam desafios de responsabilidade social para o qual tentamos dar o nosso
apoio e a nossa colaboração”. Outro desafio é responder, no imediato, às exigências da
sustentabilidade com empenho, sem deixar de ter uma visão e uma estratégia de médio e longo prazo,
desafio é evidenciado pelo E4 ao afirmar a importância de “agir com rapidez perante as
adversidades emergentes da sustentabilidade, …, respeitar a sustentabilidade do planeta e dos seus
stakeholders, …, aprender, crer fazer melhor e de forma diferentes para avançar no caminho da
sustentabilidade, …, ter uma visão de médio e longo prazo no domínio da sustentabilidade,
definindo estratégias, planeando e concretizando a sua atividade em conformidade com a mesma”;
criar uma nova área de negócio como a “fabricação de um novo produto a partir de um desperdício
gerado no desenvolvimento da nossa atividade” (E5). “Melhorar as condições de trabalho”,
promover “um bom ambiente”, “o trabalho em equipa” e “combater o absentismo”, assim como
“promover ações para que as pessoas se sentiam melhor”, foram outros desafios enumeradas pelo
E5; “investir em processos produtivos inovadores e disruptivos com base no conhecimento e nossa
atividade de I&D” e “alavancar negócio” (E6) com a entrada da empresa na fase cruzeiro da sua
sustentabilidade; dar resposta às “necessidades dos nossos clientes em matéria de sustentabilidade”,
nomeadamente no “domínio energético” e aceder a “mão de obra qualificada” foram também
desafios assinalados pelo E7; “melhorar o processo para nos permitir pensar mais nas pessoas”,
“melhorar a eficiência das pessoas” e “garantir no futuro o retorno atual que a sustentabilidade traz
à empresa”, são ainda outros desafios também apontados pelo E8.
Face ao exposto, releva sublinhar que os desafios apontados pelas PMEs estudadas são coincidentes
com os resultados das investigações já realizadas (e.g., Franco e Rodrigues, 2021; Bakos et al., 2020;
Nunes et al., 2019; Santos, 2011; Williams e Schaefer, 2013; Tonello, 2012; Loucks et al., 2010). De
destacar, no entanto, que as parcerias empresariais e a colaboração entre empresas como desafios
para ultrapassar algumas das barreiras enumeradas (Franco e Rodrigues, 2021; Das et al., 202ob;
Santos, 2011); a melhoria do relacionamento com os seus stakeholders na procura e disponibilização
de um maior apoio por parte destes (Bakos et al., 2020 e Tonello, 2012) e melhoria da comunicação
com os mesmos em matéria de sustentabilidade (Das et al., 202ob; Tonello 2012), com vista ao
reforço da sua reputação e marca (Franco e Rodrigues, 2021; Bakos et al., 2020; Tonello, 2012), não
foram enumerados como desafios a abraçar por parte destas PMEs.
Em suma, as evidências empíricas mostram que os principais desafios para as empresas se tornarem
mais sustentáveis, concretamente as PMEs, passam por dispor de recursos financeiros, humanos e
de infraestrutura física e tecnológica; obter benefícios económicos, com a redução de custos por via
da utilização de forma mais eficiente de recursos; melhorar a sua performance no domínio da
sustentabilidade, através da aposta em consumos mais sustentáveis; dispor de certificações que
impõem orientações de gestão e práticas mais sustentáveis; obter benefícios associados à sua
capacidade empreendedora e dispor de condições de investimento e resposta a oportunidades de
negócio mais sustentáveis.
42
Concluindo que alguns dos principais desafios assinalados pelas PMEs vão de encontro aos
apresentados por alguns estudos previamente realizados, tal como se pode visualizar na tabela
seguinte:
Obter benefícios económicos Franco e Rodrigues (2021); Bakos et al. (2020); Williams e
Schaefer (2013); Loucks et al. (2010)
Melhorar a sua performance no Franco e Rodrigues (2021); Bakos et al. (2020); Nunes et
domínio da sustentabilidade al. (2019); Loucks et al. (2010); Tonello (2012)
(1) promoção de emprego digno, do bem-estar e da saúde dos seus colaboradores (casos 1 a 8).
Por exemplo, o E2 afirma que “não sabemos viver sem estar dentro desta filosofia”;
(2) disponibilização de boas condições de trabalho aos trabalhadores (casos 1, 2, 4, 5, 7 e 8),
complementadas por medidas de proteção, segurança e saúde no trabalho (casos 1, 7 e 8);
(3) criação de emprego na região em que se inserem, contribuindo para a riqueza da mesma e
para combater a taxa de desemprego enquanto flagelo social (casos 1 e 8);
(4) dinamização de ações de sensibilização para a sustentabilidade da empresa e do planeta
levadas a cabo junto dos trabalhadores (casos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7), procurando o envolvimento
de todos os colaboradores neste desígnio (casos 2 e 6) e na implementação da sua estratégia
de sustentabilidade (caso 6);
43
(5) valorização do capital humano, através do estímulo e da motivação dada aos colaboradores,
para completarem e reforçarem a sua formação (casos 1, 2, 3, 6 e 8) e para darem o seu
contributo em matéria de sustentabilidade, exemplificada no caso E2 da seguinte forma: “se
conseguirmos envolver as pessoas para cada uma dar um bocadinho, todos temos a
ganhar”;
(6) participação em ações de carácter social e humanitário na comunidade onde se inserem,
nomeadamente, em ações solidárias, de que são exemplo a angariação de fundos para as
necessidades da comunidade, as doações, a promoção de produtos regionais e a divulgação
da oferta de produtos e serviços sustentáveis, promovendo o crescimento económico regional
(casos 1, 2, 3, 6, 7 e 8). Como nos relata o E2, “temos muitas iniciativas aqui localmente
associadas à divulgação dos produtos da região, ..., fazemos atividades com o objetivo de
angariar benefícios solidários e fundos para reverter numa das necessidades da freguesia,
…, levamos a cultura da nossa região ao nível nacional“ e o E6 ao afirmar “que temos ações
sociais aqui na região“;
(7) consciencialização dos colaboradores, das suas famílias e da comunidade para as questões
ambientais, através de ações de formação em gestão ambiental; campanhas de sensibilização
para a adoção de boas práticas ambientais; difusão de informação sobre aos resíduos gerados
pela empresa (tipo, quantidade geradas e o seu ciclo de vida: reutilização, recuperação,
reciclagem ou eliminação); inclusão de preocupações ambientais em iniciativas lúdicas;
produção de conteúdos disponibilizados em vários canais (caso 4);
(8) promoção da adoção de atitudes coletivas mais ecológicas no dia a dia de trabalho
(poupança; reciclagem; separação de resíduos; doações; redução do desperdício alimentar).
Como relatou o E4, “tivemos uma ação que visou a plantação de árvores para reduzir as
emissões da empresa e proteger o planeta”;
(9) “ações de “create to make” para atrair jovens para a indústria, garantir força de trabalho e
talento, a médio e longo prazo” (caso 4).
Quando comparadas estas práticas de âmbito social com as práticas assinaladas nos estudos de
investigação prévios, importa destacar que estas são, globalmente, coincidentes (e.g., Russel e Millar,
2014; Klewitz e Hansen, 2014; Lankoski, 2008; Rusinko, 2007; Littig e Grieÿler, 2005). Releva neste
domínio salientar apenas, a ausência de referência por parte da maioria dos entrevistados a práticas
de igualdade de género (Russel e Millar, 2014 e Littig e Grieÿler, 2005).
(1) consumo eficiente dos recursos, nomeadamente, de matérias-primas; água, energia fóssil;
combustíveis, entre outros (casos 1 a 8);
44
(2) eficiência energética (e.g., instalação de painéis solares fotovoltaicos para produção de
energia; aquisição de equipamentos mais eficientes; recurso a equipamentos híbridos;
reutilização da energia que estava a ser desperdiçada no processo de fabrico; mudança para
soluções de baixo consumo, com a instalação de iluminação led; introdução de sensores de
movimento com arranque automático de luz; desligar as luzes, o computador e o ar
condicionado quando saem do local de trabalho; melhor utilização da luz natural;
climatização das instalações; utilização de secadores de mãos que desligam
automaticamente, entre outros) (caso 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 8);
(3) utilização de recursos mais sustentáveis (processos de fabrico sem recurso a conservantes;
tecidos; fibras naturais; fibras recicláveis e biodegradáveis; substâncias de tingimento
naturais; substituição do consumo de gás por biomassa; fertilizantes orgânicos em
detrimento dos químicos matérias-primas naturais; substituição de corantes químicos
matérias poluentes por matérias não poluentes; energias renováveis) (caso 1, 2, 5 e 6). A
título exemplificativo, o E2 afirma que “conseguimos colocar o nosso produto na rua sem
qualquer tipo de conservantes” e o E6 “ao nível das nossas práticas no recurso às fibras
naturais, quando estas não podem ser naturais, recorremos às recicladas, recicláveis ou
biodegradáveis”.
(4) gestão e valorização de resíduos, através da separação, recolha, armazenagem e
encaminhamento dos resíduos para operadores licenciados, para reciclagem, reutilização
ou eliminação quando não exista nenhuma alternativa de reaproveitamento (casos 1 a 8);
(5) gestão e minimização de produção de efluentes líquidos, como sejam, gestão das águas
residuais (casos 4, 6 e 8);
(6) obtenção de certificações de sistemas de qualidade, ambiente, higiene e segurança no
trabalho: ISO 9001 2015; ISO 14001:2015 (casos 4, 6,7 e 8); ISO 45001: 2018 (caso 8);
BS OHSAS 18001:2007 e NP4457 (caso 6); de fabricação mais sustentável (caso 1) e de
produtos e serviços sustentáveis (casos 6, 7 e 8);
(7) utilização de standards internacionais de qualidade, ambiente e segurança ao nível dos
processos de fabrico e dos bens e serviços produzidos (casos 1 e 6);
(8) desenvolvimento de produtos, serviços, tecnologias, soluções mais sustentáveis,
ecológicas, biodegradáveis e amigos do ambiente (caso 1, 2, 3, 4, 5 e 6);
(9) reutilização de materiais (caso 2), promoção de desperdício zero, com aproveitamento de
todos os desperdícios da atividade (casos 3, 4 e 5), exemplificada, pelo E3 ao afirmar que
“sempre nos caracterizou a tentativa de desperdício zero, …, o aproveitamento dos
nossos materiais é feito à exaustão desde sempre”;
(10) redução do uso de materiais de uso comum: papel e plástico (casos 1, 2. 3, 4, 7 e 8);
(11) investimento em frotas automóveis sustentáveis, por via da aquisição de veículos elétricos
(Casos 3, 6 e 8), nomeadamente, “na recente aquisição de 3 veículos elétricos para a
nossa área de serviços de assistência“, como referiu E3;
45
(12) investimento em equipamentos produtivos mais eficientes, referido pela globalidade dos
casos e exemplificado nas seguintes afirmações: “temos investido com os nossos recursos,
em novos equipamentos, temos máquinas que inclusivamente permitem uma oferta
mais eficiente para o cliente porque permitem cortes à medida das suas necessidades
eliminando o seu desperdício” (E5) e “temos investido em processos de digitalização dos
blocos de pedra que nos trazem mais eficiência e melhorias no processo todo” (E 8);
(13) recurso a tecnologias associadas à digitalização de processos de trabalho, nomeadamente,
ao nível da gestão e do controle de obras (caso 7) e aos registos da atividade em chão de
fábrica em tablets que permitiram reduzir de forma considerável o consumo de papel
(caso 8);
(14) recurso a tecnologias de machine learning e de inteligência artificial que possibilitam a
implementação de processos de fabrico mais sustentáveis (caso 6);
(15) eliminação do consumo de matérias pouco sustentáveis de que é exemplo o Caso 2 que,
ao eliminar o plástico na comercialização dos seus produtos, obteve uma redução em mais
de 50 toneladas ano;
(16) dinamização de práticas de segurança ambiental e alimentar (caso 2);
(17) proteção e preservação dos recursos naturais, com uma utilização responsável dos
recursos minerais através de uma gestão eficiente das pedreiras, garantindo o acesso a
uma maior quantidade de recursos e ao prolongamento da sua vida útil (casos 4 e 8).
Neste domínio, E8 refere que “temos práticas de sustentabilidade associados à gestão
das pedreiras”;
(18) proteção e preservação animal através da fabricação de produtos alternativos ao couro
(caso 6);
(19) reciclagem e reutilização da água, eliminando totalmente o seu desperdício (caso 6);
(20) aposta na transformação das matérias-primas de proximidade, reduzindo os custos e o
impacto associado a grandes deslocações das mesmas (caso 8);
(21) definição de metas ambientais a alcançar até 2030 (caso 6), para redução da pegada de
carbono da empresa (casos 4, 6 e 8);
(22) afetação de colaboradores dedicados à sustentabilidade da empresa. Nesta matéria, E6
evidência: “temos um de departamento de sustentabilidade que foi criado em 2017, com
2 pessoas dedicadas a 100%”;
(23) elaboração de relatório de sustentabilidade – 2020 (Caso 6) e de guia de boas práticas
ambientais - 2017 (caso 4);
(24) aposta em cadeias de abastecimento mais curtas, que a título de exemplo, podem ser
materializadas na afirmação do E8, quando relata que “as matérias-primas
transformamo-las o mais perto possível de onde elas saem, para não as deslocarmos e
não gastarmos energia”;
(25) seleção de “fornecedores que estejam alinhados com as nossas preocupações de
consumos mais baixos” (E2) e “exigir também deles boas práticas” (E6).
46
Quando comparadas estas práticas no domínio ambiental com as práticas mencionadas na literatura,
releva destacar que estas práticas são genericamente coincidentes com os resultados das
investigações realizadas (e.g., Franco e Rodrigues, 2021; Nulkar, 2017; Viesi et al., 2017); Zeng, 2018;
Lans et al., 2014; Klewitz e Hansen, 2014; Despeisse et al., 2012). Importa, no entanto, sublinhar, a
fraca relevância dada pelos entrevistados a práticas de I&D e inovação e às parcerias com
universidades e centros de investigação (klewitz e Hansen, 2014).
(1) produção de bens e serviços com baixo impacto ambiental que garantam, em simultâneo,
competitividade, criação de emprego e riqueza (casos 1 a 8), de que é exemplo a menção do
E3 ao relatar que “a criação de riqueza e emprego digno já faz parte daquilo que
protagonizamos para a nossa empresa e não sabemos viver sem estar dentro desta
filosofia especialmente no que diz respeito ao emprego digno”;
(2) gestão eficiente dos recursos financeiros, com foco nos resultados e na saúde financeira da
empresa (casos 1, 3, 5 e 7);
(3) aposta em novas áreas com boas perspetivas de negócio no domínio da sustentabilidade
(casos 5 e 7) e em canais de venda alternativos (To Good to Go) que lhes permitam reduzir
os desperdícios e aumentar as vendas (caso 2);
(4) dinamização de projetos de I&D e de inovação na área da sustentabilidade, em parceria com
centros de investigação universitários nacionais (casos 6 e 7) e centros de investigação
internacionais na procura de novo conhecimento para aplicação na área da sustentabilidade
(caso 6), com vista ao reforço de competitividade e inovação, e capacidade de geração de
valor para o mercado;
(5) implementação de uma estratégia de negócio eco-sustentável, geradora de bons resultados
financeiros e de uma oferta de nova geração no setor têxtil, com uma procura promissora
(caso 6);
(6) práticas transversais e integradas, impostas pelas certificações com claros benefícios para a
gestão do negócio e para a estruturação de todas as áreas da empresa (caso 6);
(7) comunicação da sustentabilidade da empresa e dos seus produtos em vários canais,
incluindo o digital, com vista aumentar a confiança dos seus clientes, promover as vendas,
reforçar a imagem e a reputação da empresa (casos 6 e 8);
(8) ética empresarial na relação com os fornecedores e clientes e concretização dos
compromissos assumidos com os mesmos (caso 7);
(9) reputação ambiental da empresa e dos seus produtos por via das suas certificações e da
obtenção de uma Declaração Ambiental (caso 8).
47
Face ao apresentado, estas práticas no domínio económico são globalmente concordantes com os
resultados das investigações realizadas (e.g., Bartolacci et al., 2020; Dyllick e Muff, 2016; klewitz e
Hansen, 2014). De salientar neste capítulo, a fraca relevância dada pelos entrevistados a práticas
associadas à comunicação das ações de sustentabilidade levadas a cabo pelas mesmas com vista ao
reforço da sua reputação no mercado e à valorização da sua relação com os stakeholders (Evans et
al., 2017; klewitz e Hansen, 2014).
Investigadores
Principais práticas
Sociais
− Promoção de emprego digno: boas condições de Russel e Millar (2014); Lankoski (2008);
trabalho, do bem-estar pessoal e social Littig e Grieÿler (2005);
Ambientais
− Consumo eficiente dos recursos (Eficiência Viesi et al. (2017); Klewitz e Hansen
energética e redução de vários consumos) (2014); Despeisse et al. (2011)
− Produção de bens e serviços baixo impacto Franco e Rodrigues (2021); Zeng (2018);
ambiental Lans et al. (2014); klewitz e Hansen (2014)
48
Económicas
− Gestão eficiente dos recursos financeiros com foco Dyllick e Muff (2016)
nos resultados e na saúde financeira da empresa
(rentabilidade do negócio)
Finalmente, podemos concluir que todas as PMEs estudadas estão sensibilizadas e orientadas para a
redução da pegada de carbono no desenvolvimento da sua atividade, ainda que de diferentes formas
e intensidades distintas. E8 menciona que “temos vindo ao longo dos anos a fazer a redução da
pegada ecológica e de carbono da empresa, já não é de agora” e E6 relata que “nós em 2018 fizemos
um compromisso com a Global Contact das Nações Unidas que se dedica a estas questões da
sustentabilidade, em baixar as nossas emissões gasosas até 2030, em metade do tempo vamos
conseguir fazê-lo e muito mais, vamos fazer o dobro”. É possível também concluir-se que a empresa
de menor dimensão (pequena), regista um posicionamento mais frágil em matéria de
sustentabilidade, nomeadamente a nível ambiental, encontrando-se ainda muito focada no seu
desempenho financeiro e nos seus resultados.
49
Capítulo 5
Conclusões e Implicações
5.1. Conclusões Gerais
À luz da investigação realizada, é possível afirmar que as PMEs são um dos principais atores para se
alcançar a sustentabilidade do planetaC sendo o estudo do seu desenvolvimento sustentável muito
relevante, para avaliar o seu nível de maturidade atual, perspetivar a sua evolução num futuro
próximo e equacionar a definição de métricas que permitam avaliar objetivamente a sua evolução e
impacto.
Neste contexto e tendo presente o tema deste estudo, “O desenvolvimento sustentável nas PMEs em
Portugal ” e os seus objetivos, “investigar e compreender a realidade portuguesa neste domínio, mais
concretamente, o desenvolvimento sustentável nas PMEs, tendo por base as suas barreiras, desafios
e práticas de sustentabilidade”, podemos concluir da análise de conteúdo efetuada a partir dos dados
recolhidos junto de 8 PMEs portuguesas (método de casos múltiplos), que os empresários,
globalmente, demostraram preocupação e empenho com os desígnios da sustentabilidade. A maioria
das PMEs manifestou uma boa compreensão sobre as questões ambientais e, em particular, sobre as
questões climáticas.
A partir dos resultados obtidos, concluiu-se ainda que as principais barreiras enfrentadas pelas PMEs
no domínio externo para a sustentabilidade, respeitam fundamentalmente, ao custo, à falta de
reconhecimento por parte de alguns dos seus principais stakeholders e à falta de apoios por parte do
Estado. No domínio das barreiras internas, foram identificadas a escassez de recursos,
designadamente de tempo, financeiros e algum desconhecimento sobre o retorno dos investimentos
no domínio da sustentabilidade. O atual contexto económico, onde a imprevisibilidade e os impactos
da Pandemia COVID 19 e de guerra na Ucrânia se fazem sentir, nomeadamente ao nível dos custos
de produção, onde o custo da energia assume especial destaque, foi outra das barreiras assinaladas.
No que diz respeito aos desafios, as PMEs apontam maioritariamente para o reforço da sua
competitividade no que diz respeito aos desígnios da sustentabilidade, para as oportunidades de
negócio que a mesma lhes possa gerar, traduzindo-se, no detalhe, em melhorar o seu desempenho,
obter benefícios económicos, melhorar a sua performance no domínio da sustentabilidade e obter
benefícios associados à sua capacidade empreendedora.
50
carbono elevada, o reaproveitamento dos desperdícios e a gestão dos resíduos, as certificações
ambientais da empresa, dos seus processos de fabricação e dos seus produtos que atestam a
implementação de práticas sustentáveis por parte da mesma; ao nível económico: práticas associadas
à gestão eficiente dos recursos financeiros e à rentabilidade do negócio, assim como, às
oportunidades que a sustentabilidade lhes poderá proporcionar.
De salientar que os intervenientes nos casos de estudo, não referiram a dimensão do negócio, as
exigências da legislação ambiental, a existência de sistemas concebidos para grandes empresas e
inexistência de ferramentas de suporte à gestão da sustentabilidade adaptadas às PMEs, como
barreiras para a sua sustentabilidade.
Já no que respeita aos desafios, as parcerias empresariais e a colaboração entre empresas, a melhoria
do relacionamento com os seus stakeholders e a comunicação com os mesmos, em matéria de
sustentabilidade com vista ao reforço da sua reputação e marca, não foram, genericamente,
enumerados como desafios a abraçar por parte das PMEs aqui estudadas.
Este estudo contribui para a teoria, já que acrescenta conhecimento sobre o desenvolvimento
sustentável no contexto das PMEs e aprofunda conhecimento nesta área científica, que poderá ser
disseminado, quer junto da comunidade científica quer das PMEs. Por outro lado, este estudo
responde a algumas lacunas que alguns investigadores assinalaram nos estudos de sustentabilidade
realizados sobre PMEs, onde dizem haver falta de pesquisa académica sobre o tema. (e.g., Martins,
et al.2022 e Bakos, et al, 2020) e de compreensão integrada e holística sobre o que inibe e impulsiona
as práticas de gestão ambiental nas PMEs (Dasanayaka, et al. 2022).
Em termos práticos, este estudo vem mostrar a necessidade de existir consciencialização por parte
das PMEs para a implementação de práticas de sustentabilidade nos seus negócios e mostrar aos seus
responsáveis quais os desafios e obstáculos a enfrentar para definir estratégias de sustentabilidade,
nos seus diferentes pilares (social, ambiental e económico).
51
Outra descoberta, ainda que pouco surpreendente, prende-se com uma perceção do desenvolvimento
sustentável, por parte das PMEs portuguesas, muito suportada na dimensão ambiental. Assim,
espera-se que esta pesquisa e descobertas facilitem a disseminação e implementação de práticas de
sustentabilidade nas PMEs e contribuam para um conhecimento científico mais vasto sobre o tema.
Decorre também desta investigação, a necessidade das PMEs investirem de forma mais significativa,
no empreendedorismo sustentável, na cooperação com outras PMEs e empresas de maior dimensão
no domínio da sustentabilidade, na sua interação com centros de I&D do Sistema Cientifico e
Tecnológico para o desenvolvimento de soluções de maior valor acrescentado, assim como, no
recurso a ferramentas de gestão que lhe permitam medir o impacto das suas práticas e monitorizar
o seu contributo para a sustentabilidade do planeta e numa comunicação estruturada junto dos seus
principais stakeholders.
Não obstante, os resultados apresentados e os contributos assinalados neste estudo, existem algumas
limitações que importa sublinhar.
Outra das limitações deste estudo, prende-se com o facto da investigação, de natureza qualitativa,
estar associada à obtenção de resultados parcialmente satisfatórios e das entrevistas realizadas,
enquanto instrumento de recolha de dados, estarem dependentes de uma complexa interação entre
o tema a investigar, o entrevistador e o entrevistado. Assim neste tipo de abordagem, os valores
pessoais do entrevistador podem influenciar a interpretação dos dados recolhidos e comprometer a
validação dos resultados. Assim, recomenda-se ainda investigações com um maior número de casos
52
(PMEs) que permitam uma maior validação e generalização dos resultados (aumentar a robustez das
descobertas aqui apresentadas).
Também poderá ser interessante estudar especificamente outro escalão dimensional de empresas,
nomeadamente, as micro e pequenas empresas com caraterísticas e limitações muito próprias e
outros setores de atividade, como o comércio e os serviços, dado que representam tipicamente
atividades geradoras de um menor impacto ambiental. Alguns investigadores sublinham que as
PMEs variam significativamente entre o setor e a localização e que estes fatores podem influenciar o
seu desenvolvimento sustentável ambiental (Bakos et al., 2020) e que a pesquisa em setores não
industriais e em empresas familiares ainda estão pouco exploradas (Martins et al., 2022).
53
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Apêndice
1. Quais as barreiras com que se deparam para tornar a empresa mais sustentável?
2. Que desafios a sustentabilidade traz ou poderá vir a trazer para o negócio?
3. Que tipo de práticas de sustentabilidade têm em curso?
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