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Psicologia Hospitalar: Papel e Importância

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Instituição hospitalar e suas especificidades

Profa. Denize Mascarenhas

Descrição

Você vai entender a importância da atuação do psicólogo no


atendimento terapêutico das demandas psíquicas de pacientes
assistidos nas instituições hospitalares.

Propósito

Conhecer as possibilidades de atuação do psicólogo durante o processo


de internação de um paciente no hospital permite que as ações sejam
focadas para promover tanto o equilíbrio emocional fundamental para o
reestabelecimento da saúde como a adaptação a esse meio.

Objetivos

Módulo 1

Conceito de instituição em psicologia

Reconhecer os conceitos e a história das instituições hospitalares.


Módulo 2

Características gerais do hospital

Identificar as diversas características dos tipos de hospitais.

Módulo 3

As diferentes clínicas e o trabalho


multiprofissional

Descrever a atuação terapêutica nas diferentes clínicas e no trabalho


multidisciplinar.

Módulo 4

A relevância do papel do psicólogo no


processo de internação
Identificar a importância do papel do psicólogo nas unidades de
internação.

meeting_room
Introdução
A internação hospitalar é um momento crítico na vida das
pessoas. Significa que algo está fora do padrão de normalidade e
não pode ser dominado. Medo, apreensão, incertezas e muitas
dúvidas são experimentados de forma incontrolável.

Tais experiências podem ser pessoais ou referentes a algum


familiar ou amigo. Entender como a assistência terapêutica faz
diferença no enfrentamento desse momento angustiante da vida
dá ao psicólogo a dimensão da importância da sua atuação.

Para isso, deve-se entender o funcionamento das instituições


hospitalares, seus objetivos, suas características, suas demandas
e suas limitações. É preciso atuar de forma integral, entendendo
as dimensões físicas, mentais e sociais dos pacientes como
inerentes ao conceito de saúde preconizado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).

Para que esses aspectos sejam compreendidos e assimilados,


elaboramos este estudo em quatro módulos nos quais
abordaremos os aspectos das instituições hospitalares, sua
criação ao longo da história, a importância do trabalho
multiprofissional e a atuação do psicólogo nas diversas clínicas
de atendimento hospitalar.

Material para download


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1 - Conceito de instituição em psicologia
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos e a história das
instituições hospitalares.

Estabelecendo relações entre


conceitos
Neste vídeo, falaremos sobre instituições de saúde, abordando as
diferentes dimensões da saúde e como elas influenciam a prática
médica.

Para começarmos o nosso estudo sobre a instituição hospitalar,


devemos entender, em primeiro lugar, o conceito de instituição e nos
aprofundarmos sobre o conceito de saúde.

Instituição é um conjunto de regras e normas que são


estabelecidas para satisfazer interesses coletivos e
que procura resolver as necessidades de uma
determinada comunidade ou sociedade. Pode ser
pública ou privada.

Uma instituição de saúde é um estabelecimento que visa prestar


assistência de saúde e bem-estar, voltando seus cuidados para a
promoção da saúde e prevenção de doenças a uma população
específica, em uma área geográfica determinada. Assim, encontramos
diversos modelos de estabelecimentos que se configuram como
instituições de saúde, cada um com sua especificidade.
Edifício moderno de uma instituição hospitalar.

São, então, considerados instituições de saúde:

Clínicas médicas

Consultórios de enfermagem

Clínicas de nutrição

Clínicas de psicologia

Unidades básicas de saúde (UBS)

Ambulatórios

Unidades mistas

Hospitais gerais ou especializados

Se quisermos nos aprofundar um pouco no tema para pensarmos além


da dimensão clínica e discutirmos a saúde a partir do conceito da
Organização Mundial da Saúde (OMS), podemos perceber que outras
instituições são importantes na manutenção da saúde. Vejamos: a OMS
entende que saúde não é apenas a ausência de doenças.

Para que se possa considerar uma pessoa saudável é


necessário que ela esteja usufruindo de um estado de
completo bem-estar físico, mental e social. Essas três
vertentes citadas pela OMS (física, mental e social)
estão diretamente interligadas entre si na
conceituação de saúde.

A partir do conceito de bem-estar completo, alguns autores vão listar as


diferentes dimensões da saúde. Certamente, já conhecemos todos os
elementos relacionados a elas, mas vamos, como profissionais da
saúde, voltar nosso olhar de maneira integral para esse assunto e
entender um pouco mais sobre cada uma delas. Confira!

sprint Dimensão da saúde física

É a promoção da saúde clínica e a prevenção de


doenças a partir de alimentação equilibrada, prática
regular de atividades físicas, rotina de sono
adequada, não uso de tabaco, pouca ingestão de
álcool, não uso de drogas que causem dependência
química e a realização de consultas médicas
regulares.

self_improvement Dimensão da saúde espiritual

É ter fé e crenças que deem sentido à vida e poder


praticar a espiritualidade. Esses aspectos
impactam positivamente a saúde.

handshake Dimensão da saúde social

É a manutenção de relações saudáveis com


amigos, colegas de trabalho, família, comunidade.

psychology Dimensão da saúde mental

É o equilíbrio das emoções no enfrentamento de


desafios, conflitos e mudanças que a vida traz. Para
a manutenção da saúde mental, é recomendado
que se exerçam atividades de autoconhecimento,
relações sociais saudáveis, equilíbrio entre a vida
profissional e a pessoal, cultivo de hobbies e
psicoterapia.
engineering Dimensão da saúde ocupacional

Está diretamente ligada ao trabalho, precisa


proporcionar bem-estar e realização profissional e
pessoal.

tips_and_updates Dimensão da saúde intelectual

É o desenvolvimento da criatividade e do
aprendizado para aumentar o conhecimento e a
satisfação pessoal. Ler, assistir a filmes, fazer
cursos e outras atividades que ampliam o
conhecimento são importantes para o crescimento
pessoal nessa área.

savings Dimensão da saúde financeira

Está relacionada à organização e ao controle sobre


as finanças, e não significa necessariamente ter
muito dinheiro.

A partir de todo o conteúdo exposto até agora, vimos que é muito difícil
ter o tão sonhado completo bem-estar físico, mental e social
preconizado pela OMS. Ninguém em sã consciência pode dizer que tem
contempladas todas essas dimensões de saúde.

E o que tudo isso tem a ver com o estudo de instituição hospitalar? A


pessoa que se encontra dentro de uma instituição hospitalar,
necessitando de cuidados para a falta (mesmo que momentânea) da
saúde física, precisa ter avaliadas as demais dimensões que
contemplam o espectro de sua saúde. O psicólogo que vai cuidar dessa
pessoa precisa olhar para ela de maneira completa, fornecendo o apoio
emocional necessário para o tratamento psicoterapêutico.
Passeando pela história dos hospitais
Neste vídeo, falaremos sobre como surgiu o conceito de hospital como
lugar de tratamento ao longo da história.

A palavra “hospital” é originada do latim hospitalis e seu significado tem


relação com ser hospitaleiro, acolhedor, muito ligado à prática antiga de
cuidar de pobres, peregrinos, doentes e órfãos em suas necessidades.

Podemos perceber a influência dos aspectos religiosos/espirituais no


cuidado aos doentes ou aos necessitados realizando uma breve análise
sobre o surgimento de instituições hospitalares ao longo da história.
Veja a seguir.

sick Na Antiguidade

Nesse período, praticava-se a medicina teúrgica,


uma ciência em que se evocavam forças dos
mundos sutis ou a arte de manifestar o espiritual.
Na Índia, na Mesopotâmia, no Egito, na Assíria e na
Babilônia, a atividade dessa medicina dos milagres
e encantamentos contra demônios e forças do mal
que causavam as doenças era uma prática comum.
Não havia um local específico para pessoas
doentes, elas eram misturadas com miseráveis,
órfãos e viajantes (Lisboa, 2021).

add_location Em 431 AEC

Existem informações sobre a construção de um


local para a internação e para os cuidados dos
doentes no Ceilão (atualmente Sri Lanka). Dois
séculos depois, na Índia, houve a criação de

i tit i õ i li d t t t
instituições especializadas para tratamento nos
moldes hospitalares como conhecemos
atualmente, com a atuação de profissionais
médicos e de enfermagem.

night_shelter Em 100 AEC

Na Europa, os romanos construíram locais


específicos para os cuidados aos soldados feridos
nas guerras e se destacaram pelas obras de
saneamento, como drenagem de áreas pantanosas
para combater a malária, redes de esgotos,
canalização de água pura, escoamento de águas
contaminadas, limpeza das ruas, construção de
casas mais ventiladas, construção de banheiros
privativos, vigilância de alimentos e de
sepultamentos fora das cidades (Lisboa, 2021).

signal_cellular_alt A partir do século IV

Com o crescimento do cristianismo, a expansão


dos hospitais se tornou mais consistente, uma vez
que sacerdotes e religiosos passaram a acolher
viajantes, peregrinos e doentes pobres nos
monastérios, onde eram tratados de forma mais
humana e com a utilização de medicação à base de
folhas medicinais.

Medication A partir do século IV

A partir dos modelos de assistência, da evolução da


medicina e de práticas das reformas sanitárias, os
hospitais se desenvolveram mais rapidamente e de
forma mais eficaz. Por exemplo, o Hospital do
Cairo, criado em terras islâmicas, possuía
enfermarias divididas em alas para feridos,
convalescentes, mulheres com problemas de visão

d t t f b H i
e para doentes que apresentavam febre. Havia
farmácia, cozinha, médicos e pessoal de
enfermagem (Lisboa, 2021).

settings Final do século XVIII e início do século XIX

A Revolução Industrial na Inglaterra aumentou as


necessidades sociais e econômicas, o que
impulsionou avanços na assistência médica,
higiene e saúde pública. Foi assim que os hospitais
modernos começaram a surgir, com a ideia de que
os pacientes eram isolados de suas famílias e da
sociedade, criando a sensação de que o hospital
era um lugar para os doentes irem morrer.

AEC
O uso das siglas AEC (antes da Era Comum) e EC (Era Comum) tem como
objetivo uma escrita EC Era Comum inclusiva, sem distinção de crença ou
cultura. São equivalentes aos termos antes de Cristo (a.C.) e depois de
Cristo (d.C.).

A ideia do hospital como “lugar de cura”, de prática multiprofissional, de


ensino e pesquisa para a aprendizagem dos profissionais da saúde só
surgiu na Idade Contemporânea.

O surgimento dos hospitais no Brasil


Neste vídeo, falaremos sobre a evolução dos hospitais e da medicina no
Brasil, desde a época dos pajés até a Reforma Sanitária, em 1970, e a
criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988.
Segundo alguns historiadores, foram os jesuítas os precursores da
assistência médica no Brasil. Baseados na visão cristã do cuidado
humanizado aos pobres e necessitados e na ideia de cura ligada à
conexão com Deus e, portanto, com a religiosidade, a concepção das
Santas Casas acaba por fortalecer essa missão dos religiosos.

A assistência à saúde baseada nas ervas e nos cantos dos pajés foi
substituída pela assistência das Santas Casas de Misericórdia.

A primeira inaugurada no Brasil foi a Santa Casa de Misericórdia de


Olinda, em 1540, para atender doentes dos navios que chegavam ao
porto da cidade e os moradores das vilas e povoados. A outra de grande
importância foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos, criada em 1543
pelo português Brás Cubas e reinaugurada em 2 de julho de 1945 pelo
então presidente Getúlio Vargas com o nome Hospital de Santos.

Fachada da Santa Casa da Misericórdia, na cidade de Santos-SP, Brasil.

A partir do século XVIII, os primeiros hospitais militares, que atendiam


apenas militares, foram abertos. Eles não eram administrados por
religiosos, mas sim por poucos médicos que havia na época.

A chegada da família real portuguesa, em 1808, início do século XIX, foi


marcada pela criação das primeiras escolas de medicina no Brasil: a
Escola de Cirurgia da Bahia e a Escola de Medicina e Cirurgia no Rio de
Janeiro. As únicas criadas até a República.

Até o final do século XIX, as maiores ameaças à saúde pública eram as


doenças infecciosas, como varíola, cólera e febre amarela.

De acordo com Moraes (2005), não existia uma


organização eficiente dos serviços de saúde e a
compreensão científica das doenças era limitada,
baseada na ideia de que as condições ambientais eram
as causas das doenças. Por esse motivo, a
preocupação das autoridades era com o espaço
urbano e a circulação de água e ar.

Havia uma grande demanda por atendimento médico na população, e o


Império não tinha leitos hospitalares suficientes. Os hospitais
filantrópicos estavam lotados e, a partir de 1850, o Estado Imperial abriu
os primeiros hospitais de isolamento para tratar pessoas durante as
epidemias. Muitos desses hospitais eram temporários, mas alguns
continuaram funcionando mesmo depois das epidemias terem passado.

Em 1852, foi aberto o primeiro hospício do Brasil, o Hospício Pedro II,


para abrigar pessoas consideradas alienadas pela sociedade da época.

Ilustração do Hospício Pedro II, atual Palácio Universitário (UFRJ) na Praia Vermelha.

Até 1912, o país tinha 32 hospitais para alienados, 16 deles eram


financiados pelo governo. Nessa época, praticamente não existiam
leitos hospitalares públicos para a população em geral, sendo a maior
parte do atendimento feita por hospitais privados, as casas de saúde,
que podiam ser lucrativos ou filantrópicos com apoio do governo
(Moraes, 2005).

Só em 1920 foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública


(DNSP) com o objetivo de aumentar a ação pública sobre os problemas
sanitários e de saúde, vinculando a assistência hospitalar no Brasil às
políticas de Previdência Social.

Na década de 1970, ocorreu no país um movimento social intitulado


Reforma Sanitária. Formado por médicos, estudantes e intelectuais, a
proposta do movimento era a discussão da necessidade de construção
de uma saúde pública que atendesse a toda a população brasileira. Na
época tinhamos a seguinte situação:

Os brasileiros que tinham boas condições financeiras pagavam pelo


atendimento de saúde em instituições privadas.

Os trabalhadores que possuíam carteira de trabalho assinada eram


atendidos nos serviços públicos.
Os que não tinham dinheiro nem eram trabalhadores formais só
podiam ser atendidos em serviços de saúde filantrópicos.
As discussões desse movimento resultaram na criação do Sistema
Único de Saúde (SUS), em 1988, que se tornou um dos maiores
sistemas públicos de saúde do mundo. O SUS oferece desde consultas
simples para verificar a pressão arterial até transplantes de órgãos,
garantindo acesso completo, universal e gratuito para toda a população
do Brasil (Bertolozzi; Greco, 2016).

Representação da bandeira do Brasil, utilizando uma máscara e a sigla do SUS.

Atualmente, o SUS beneficia mais de 190 milhões de brasileiros, com


uma rede de atendimento de saúde que conta com mais de 6.518
hospitais (públicos e conveniados) e 38 mil unidades básicas de saúde
em todo o país.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que saúde não é só não


estar doente, mas também se sentir bem física, mental e
socialmente. Embora seja difícil alcançar isso totalmente, como
psicólogo que cuida de pacientes hospitalizados, você deve

procurar equilibrar as diversas dimensões de saúde


mental do paciente internado como uma prioridade
A
de seu atendimento, uma vez que o equilíbrio
emocional impacta positivamente na saúde física.
se preocupar em atender o paciente naquela
emergência clínica, já que o pouco tempo de
B
internação não permite uma intervenção
psicoterapêutica mais aprofundada.

dar ênfase a um atendimento pontual, emergencial e


específico para a demanda clínica que o paciente
C apresente. O importante é que ele permaneça o
menor tempo possível internado e que a intervenção
seja objetivamente voltada para a alta hospitalar.

procurar encaminhar as demandas emocionais que


o paciente apresentar durante a internação para
D
serviços ambulatoriais que possam contemplar
tanto as dimensões sociais como mentais.

ter sempre em mente que não é possível ter saúde


de forma plena. Assim, o importante é reduzir os
E danos emocionais daquela internação de forma
objetiva, levando o paciente a aceitar suas
limitações físicas e mentais.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O psicólogo em hospital lida com emergências e doenças crônicas


que levam a internações longas. O objetivo é cuidar das emoções
do paciente, mesmo em internações curtas, pois a saúde mental é
importante para a recuperação. O foco não deve ser apenas a
saúde física, mas também o equilíbrio emocional para a alta
hospitalar.

Questão 2

Durante muitos anos, a assistência médica no Brasil foi prestada


por hospitais particulares lucrativos ou pelas Santas Casas de
Misericórdia de forma filantrópica. A oferta de leitos hospitalares
pelo Estado para a população em geral era quase inexistente, com
algumas casas de saúde recebendo subsídio do Estado. A Reforma
Sanitária veio propondo mudanças nesse panorama. Sua proposta
era basicamente que

fosse oferecido atendimento médico aos


A trabalhadores formais, que tinham a carteira de
trabalho assinada, sem burocracias.

o governo subsidiasse os atendimentos


B emergenciais da população em geral nas casas de
saúde particulares.

só houvesse atendimento público para os brasileiros


C desempregados. Os trabalhadores formais deviam
ser atendidos nas clínicas de saúde conveniadas.

houvesse atendimento público para todos os


brasileiros, sem distinção, de forma descentralizada,
D
regionalizada e hierarquizada, que são os princípios
do SUS.

os atendimentos médicos para a população em


E geral pudessem ser realizados nos setores privados,
com o subsídio do Estado.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O movimento da Reforma Sanitária, ocorrido na década de 1970,


propunha a discussão sobre a necessidade de construir na saúde
pública condições de atender de forma igualitária toda a população
brasileira, sem distinção entre os trabalhadores formais e os
informais. A população de renda podia arcar com as despesas
médicas em hospitais particulares, os trabalhadores formais
podiam recorrer aos hospitais públicos e os trabalhadores
informais recorriam à filantropia. Essas ideias resultaram na criação
do SUS, a partir da Constituição de 1988.
2 - Características gerais do hospital
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as diversas características dos tipos de
hospitais.

As instituições de saúde
Neste vídeo, falaremos sobre as principais características que definem
uma instituição de saúde, destacando suas funções/atividades e
tipologias.

Uma instituição de saúde é importante na promoção do bem-estar, da


saúde, na prevenção de doenças e na reabilitação. Dentro do ambiente
de atendimento, estão as consultas médicas, de enfermagem, de
psicologia, de fisioterapia, de nutrição; as intervenções cirúrgicas; os
cuidados preventivos; e o atendimento de urgência e emergência e,
ainda, de reabilitação.

O atendimento deve ser sempre oferecido por equipes


multidisciplinares, com profissionais de várias áreas de assistência:
médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais, nutricionistas,
técnicos de saúde, técnicos de laboratório, administradores, entre outros
e incluem:
health_and_safety Assistência médica

Consultas, diagnósticos, tratamento, intervenções


cirúrgicas feitas especificamente por médicos.

emergency Atendimento de urgência e emergência

Crises clínicas, acidentes, situações de crise


agudas, com riscos de morte ou sequelas graves,
que precisam de intervenção multiprofissional.

medication_liquid Prevenção de doenças

Vacinação, exames de rastreamento para doenças,


orientação de hábitos saudáveis de vida. Também
aqui a intervenção é multiprofissional.
personal_injury Reabilitação e recuperação

Após cirurgias, lesões crônicas, acidentes que


necessitem de reabilitação física. Geralmente, os
profissionais que prestam esses serviços são os
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e, para as
intervenções psíquicas, os psicólogos.

school Educação em saúde

Capacitação para enfrentamento e tomada de


decisões sobre as situações que afetam a saúde
individual ou da comunidade. Esse serviço é
prestado por todos os profissionais de saúde que
compõem a equipe multiprofissional.
troubleshoot Assistência preventiva

Identificação precoce de situações que afetem a


saúde para intervenção antes que se torne
problema crônico. Geralmente, essas ações são
mais diretamente ligadas à assistência de médicos
e enfermeiros.

vaccines Tratamento de condições clínicas e


crônicas

Apoio e acompanhamento de portadores de


doenças crônicas, como diabetes, hipertensão,
doenças cardíacas, reumáticas, renais, entre outras.

science Estudo e pesquisa

Ações que contribuem para o avanço da


assistência em saúde por meio de estudos clínicos
para novas abordagens de tratamento.
spa Promoção do bem-estar

O conceito de saúde abrange o bem-estar físico,


mental e social. Dessa forma, atividades que
promovam hábitos de vida saudáveis e equilíbrio
emocional, físico, religioso e financeiro são
essenciais.

Cada atividade hospitalar exercida no ambiente de atendimento deve


envolver a comunidade para que as ações profissionais atendam às
necessidades de saúde e bem-estar específicas daquela região.

Podemos listar algumas instituições que fazem parte desse conjunto de


práticas voltadas para a saúde:

Clínicas médicas: consultas médicas e atendimento ambulatorial


multiprofissional.

Consultórios médicos: consultas especificamente com o médico,


seja ele especialista ou generalista.

Consultórios de enfermagem: consultas de acompanhamento de


quadros clínicos crônicos ou de curativos que são realizados
especificamente por enfermeiros.

Consultórios de psicologia: acompanhamento psicoterápico


realizado por psicólogos.
Centros de reabilitação: recuperação de pessoas após sofrerem
lesões, cirurgias ou condições médicas ou neurológicas. Em geral,
são os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que atuam nesses
centros.

Laboratórios para diagnóstico: realização de exames de análise


clínicas e de imagem.

Farmácias: orientação e dispensação de medicamentos. O


farmacêutico é o profissional que deve orientar sobre o uso
adequado das medicações nesse ambiente.

Casas de repouso e asilos: cuidados de longo prazo para idosos e


pessoas que necessitam de assistência contínua. Profissionais
como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos,
nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, além de
cuidadores são essenciais nessa abordagem à saúde.

Hospitais: oferta de uma variedade de serviços, como emergências,


cirurgias, internações e tratamento de condições complexas.

Entender como as instituições de saúde funcionam nos dá a dimensão


da assistência clínica a uma população. Dessa forma, é importante
conversarmos sobre a assistência de saúde pública no Brasil.

Atendimento em saúde no Brasil


Neste vídeo, falaremos sobre o sistema único de saúde (SUS), incluindo
seus níveis de assistência, caracterizando os hospitais nesse sistema.

A Constituição Federal Brasileira de 1988 implementou em todo o país o


Sistema Único de Saúde (SUS), que tem suas ações regulamentadas
pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 e pela Lei nº 8.142, de 28
de dezembro de 1990 e, ainda, pelo Decreto nº 7.508, de 28 de junho de
2011.
Com quase 36 anos de existência, o SUS é considerado
o maior sistema público de saúde do mundo. Atende
mais de 190 milhões de pessoas todos os anos de
forma integral e gratuita.

O SUS é um sistema de saúde complexo, com referência global em


diversas ações (vacinação, transplantes, doações de órgãos, de sangue
e de leite materno) e organizado em diferentes níveis de atenção e
assistência à saúde. A Portaria nº 4.279/2010 estabelece três níveis de
assistência distribuídos de acordo com a complexidade das
necessidades da população. Vamos entender cada um deles:

local_pharmacy Atenção primária

É o primeiro nível de acesso da população ao


sistema de saúde. Constituída pelas unidades
básicas de saúde (UBS), caracteriza-se por um
conjunto de ações individuais e coletivas, prestando
serviço de prevenção de doenças, promoção
integral à saúde, diagnóstico, tratamento e
reabilitação. As UBS têm como característica
estarem próximas às famílias e à comunidade do
seu território. Segundo dados do Ministério de
Saúde (MS), em março de 2022, havia em todo o
país 48.161 UBS, ofertando atendimento para cerca
de 564.232 pessoas por dia.

medical_services Atenção secundária

É uma atenção especializada de média


complexidade e de complexidade intermediária.
Fazem parte da atenção secundária: os hospitais e
ambulatórios de várias especialidades, as unidades
de pronto atendimento (UPAs) e o serviço de
atendimento móvel de urgência (SAMU) que atende
urgências e emergências em residências, locais de
trabalho e vias públicas.
local_hospital Atenção terciária

É a atenção especializada de alta complexidade.


São os hospitais gerais de grande porte, os
hospitais universitários e as santas casas que
dispõem de leitos de UTI, os centros cirúrgicos
grandes e complexos que realizam procedimentos
de alta tecnologia e custos maiores (Rocha; Alpino,
2016).

A OMS determina que os hospitais devem fazer parte do sistema de


saúde e devem prestar assistência à comunidade de acordo com sua
especificidade. Assim, os hospitais são considerados como um dos
organizadores de caráter médico-social, garantindo assistência tanto
curativa como preventiva.

Corredor de hospital com alguns médicos e enfermeiros.

Dessa forma, os hospitais podem ser classificados como: hospitais


gerais, realizando atendimentos de quaisquer tipos; especializados,
tendo como objetivo atender especificamente uma determinada área da
saúde, como ortopedia, cardiologia, pediatria, obstetrícia; e centros de
pesquisa.

Os hospitais podem ser de natureza jurídica privada, que prestam


assistência mediante pagamento do usuário ou por meio de planos de
saúde; públicos, o que significa que prestam assistência de forma
gratuita; e privados, que possuem leitos financiados pelo poder público.

Quanto à capacidade de atendimento, os hospitais podem ser de


pequeno porte (quando atendem de 5 a 50 leitos); de médio porte
(quando atendem de 51 a 150 leitos), de grande porte (quando atendem
de 151 a 500 leitos) e de porte especial (quando possui mais de 500
leitos). Uma unidade de saúde com menos de 5 leitos não é considerada
um hospital.
Hospital: características e
especificidades
Neste vídeo, falaremos sobre a complexidade que o setor de saúde
assumiu a partir da modernidade tecnológica e da globalização de
conhecimentos. Abordaremos também o impacto dessas mudanças na
organização e caracterização dos hospitais na atualidade.

Um hospital é uma instituição de saúde cujos cuidados se dão em


diferentes níveis de complexidade, tais como:

Casos de emergência e urgência.

Tratamentos especializados.

Cuidados de rotinas.

Procedimentos cirúrgicos.

Situações de alta complexidade.

Tratamento de situações crônicas de saúde etc.

Atualmente, os hospitais não são mais instituições de caridade. Eles se


tornaram complexos e poderosos economicamente devido à
necessidade de melhorar a qualidade e a quantidade do atendimento.
Por isso, é essencial organizar bem os recursos humanos, técnicos e
financeiros para garantir um atendimento eficaz (Arruda; Freitas;
Carvalho, 2021).

Esses mesmos autores, citando Fernandes (1993), descrevem os


hospitais da seguinte maneira:
Uma instituição destinada ao
diagnóstico e tratamento de
doentes internos e externos;
planejada e construída ou
modernizada com orientação
técnica; bem organizada e
convenientemente administrada
consoante padrões e normas
estabelecidas, oficial ou particular,
com finalidades diversas; grande ou
pequena; custosa ou modesta para
atender os ricos, os menos
afortunados, os indigentes e
necessitados, recebendo doentes
gratuitos ou contribuintes; servindo
ao mesmo tempo para prevenir
contra a doença e promover a
saúde, a prática, a pesquisa e o
ensino da medicina e da cirurgia, da
enfermagem e da dietética, e das
demais especialidades afins.

(Arruda; Freitas; Carvalho, 2021, p. 2)

A organização hospitalar sempre existiu, mas, com a tecnologia e a


globalização de conhecimento e pesquisa, ela se tornou fundamental
para que o hospital funcione bem e ofereça serviços de saúde de
qualidade (Arruda; Freitas; Carvalho, 2021).

Independentemente de serpúblico ou privado (com ou sem fins


lucrativos), o hospital precisa ser visto como uma empresa hospitalar.

Na realidade, a eficácia do atendimento centrado nos pacientes depende


de uma administração que demonstre a coordenação dos
departamentos, a integração entre os profissionais, o conhecimento de
tecnologias, um ambiente de trabalho saudável e um atendimento às
necessidades das pessoas. Ou seja, todas as pessoas que trabalham
em hospitais são importantes para que os pacientes sejam tratados de
forma eficaz. Alguns autores descrevem os principais componentes que
fazem parte da organização hospitalar da seguinte forma:
manage_accounts Administração hospitalar

Diretores e cargos executivos para a gestão


estratégica, financeira e operacional.

supervisor_account Corpo clínico

Médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes


sociais, fisioterapeutas, farmacêuticos e outros
profissionais de saúde responsáveis pelo
atendimento aos pacientes.

groups Direção de enfermagem

Coordenação da equipe de enfermagem para


garantia de cuidados de enfermagem de alta
qualidade. Dentro dessa área, está também a
gestão da comissão de controle de infecção
hospitalar (CCIH).

paid Departamento administrativo

Recursos humanos, finanças, contabilidade e


compras.

psychology Departamento de psicologia

Coordenação das atividades dos psicólogos,


responsável pelo direcionamento dos atendimentos
prioritários.
manage_search Apoio diagnóstico

Diagnóstico e monitoramento por meio dos


laboratórios e serviços de imagem.

medication_liquid Farmácia

Armazenamento, distribuição e controle de


medicamentos pelos farmacêuticos.

diversity_1 Serviço social

Suporte social e orientações aos pacientes e às


suas famílias.

wifi TI

Sistemas de informação e registros eletrônicos,


como suporte à administração e prestação de
cuidados.

enhanced_encryption Departamento de qualidade e segurança

Garantia de padrões de qualidade, segurança e


cumprimento de regulamentações que atendam às
demandas dos pacientes.
clean_hands Serviços de apoio

Limpeza, manutenção, segurança.

As instituições hospitalares precisam de potentes ações gerenciais,


portanto, cada um dos componentes precisa ser capaz de encontrar
estratégias mais efetivas para integrarem suas atividades às dos
demais profissionais.

Uma boa gestão hospitalar incentiva o desenvolvimento acadêmico dos


profissionais, promove discussões clínicas, valoriza cada profissional e
evita competições entre eles.

O trabalho de cada um precisa ser pautado nos conceitos de gestão


humanizada, competente e ética, em que as ações construtivas e a
vontade coletiva sejam estimuladas. No ambiente de trabalho, é
importante que todos os profissionais participem ativamente. Eles
devem se sentir valorizados e entender como são importantes para
alcançar o objetivo de fornecer um atendimento de qualidade que
promova o bem-estar dos usuários do serviço de saúde (Arruda; Freitas;
Carvalho, 2021).

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é considerado o maior


sistema público de saúde do mundo. Atualmente, após 36 anos de
sua implementação, promove mais de 190 milhões de
atendimentos ao ano e possui três níveis de assistência: primária,
secundária e terciária. A atenção primária é caracterizada por
prestar

A atenção de média complexidade, como os hospitais.


B atenção de complexidade intermediária, como os
ambulatórios.

atenção de baixa complexidade, como prevenção e


C
promoção da saúde.

D atenção de alta complexidade com alta tecnologia.

atenção de baixa complexidade, como os


E
atendimentos de UPAs.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A atenção primária é o primeiro nível de acesso ao SUS. Inclui


prevenção, tratamento e reabilitação para indivíduos e
comunidades. A atenção secundária, de média complexidade e
intermediária, envolve hospitais, ambulatórios, UPAs e SAMU. Por
último, a atenção terciária, de alta complexidade, abrange grandes
hospitais gerais, focando casos mais especializados e complexos.

Questão 2

As instituições de saúde cuidam de uma população em uma


determinada área geográfica. Entre elas, os hospitais são
responsáveis por diagnosticar e tratar pacientes internos e
externos. Quando classificamos um hospital pelo seu porte,
estamos avaliando

a complexidade do atendimento que presta à


A
população.

se ele presta atendimento especializado ou


B
atendimento geral.

se ele é de alta tecnologia, com atendimento


C
modernizado.
D se realiza cirurgia com alta tecnologia e tem UTIs.

a quantidade de leitos que o hospital disponibiliza


E
para atendimento à população.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Quando classificamos um hospital pelo seu porte, estamos falando


do número de leitos disponíveis para a população: pequeno, médio
ou grande porte. A complexidade e o uso de alta tecnologia, como
UTIs, classificam os hospitais quanto à atenção terciária. Se o
hospital é especializado ou geral, isso se refere ao tipo de
atendimento oferecido.

3 - As diferentes clínicas e o trabalho multiprofissional


Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a atuação terapêutica nas diferentes
clínicas e no trabalho multidisciplinar.

Tipos de hospitais
Neste vídeo, falaremos sobre o surgimento da saúde suplementar, a
regulamentação da Lei nº 9.656 no sistema nacional de saúde e a
tipologia de hospitais, destacando o atendimento de urgências e
emergências e outros critérios importantes para a classificação das
instituições.

Antes da Constituição de 1988 e da criação do SUS, o atendimento de


saúde não era integral e não estava disponível para toda a população. O
setor público não conseguia atender com qualidade a todas as pessoas
que precisavam de assistência médica.

A partir da década de 1960, com o crescimento econômico do país e o


aumento dos empregos formais, as empresas começaram a oferecer
planos de saúde aos trabalhadores, criando a saúde suplementar.

Essa atividade só foi regulamentada em 1988, pela Lei nº 9.656, de 3 de


junho de 1998, que estabeleceu os principais requisitos e as diretrizes
para o melhor funcionamento dos planos de saúde fiscalizados pela
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Atualmente, alguns consideram que a saúde


suplementar representa uma importante sustentação
do sistema nacional de saúde, com o oferecimento de
atendimento ambulatorial e hospitalar.

Os hospitais podem ser classificados como gerais ou especializados


com base no tipo de atendimento que oferecem. Vamos agora explorar
mais detalhes sobre essas classificações.

Hospitais gerais
Oferecem diferentes tipos de atendimento, incluindo várias
especialidades médicas e cirurgias. Podem ser especializados em
determinados grupos, como crianças, adultos ou idosos, e podem
oferecer também diagnóstico e tratamento, com equipe especializada
disponível 24 horas por dia, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos,
nutricionistas, laboratório e radiologia.

Hospitais especializados
Dedicam-se a uma única área da saúde, como tratamento de câncer,
doenças cardíacas, ortopedia, entre outras. No Rio de Janeiro, por
exemplo, há o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Instituto de
Traumatologia e Ortopedia (Into), o Instituto Estadual do Cérebro, a
Maternidade Fernando Magalhães e o Instituto Fernandes Figueira, além
de haver outros pelo Brasil.

Existe uma classificação para definir os hospitais para atendimento de


urgências e emergências, legalizado pela Portaria nº 479, de 15 de abril
de 1999. Essa classificação se dá da seguinte maneira:

Tipo I: hospitais especializados em pediatria, traumato-ortopedia ou


cardiologia, por exemplo, com recursos adequados para
atendimento de urgências clínicas e cirúrgicas.

Tipo II: hospitais gerais com unidades de urgência/emergência e de


recursos para atendimento geral de urgências clínicas e cirúrgicas.

Tipo III: hospitais gerais com recursos para atendimento geral de


urgências clínicas, cirúrgicas e traumatológicas, com foco na
capacitação dos profissionais envolvidos.

Em termos legais, os hospitais podem ser públicos, pertencendo a


União, estados e municípios; privados, de propriedade de pessoas ou
grupos; ou privados conveniados, que têm leitos contratados pelo SUS
para atender pacientes do sistema público.

Leito de hospital com camas e equipamentos.

Segundo dados da Confederação Nacional de Saúde, em 2021, havia


8.870 hospitais públicos e 51 hospitais universitários no país, com a
disponibilidade de 490.397 leitos. Em relação aos hospitais privados,
havia 4.466 distribuídos pelas regiões Sudeste (1.837), Nordeste (1.007)
e Sul (858).

Características do trabalho
multiprofissional
Neste vídeo, falaremos sobre as características, funções, relevância,
composição e demandas de uma equipe multiprofissional dentro do
hospital.

Uma equipe multiprofissional é um grupo de profissionais que trabalham


juntos, cada um com sua especialidade, seus perfis comportamentais,
suas habilidades, vivências e experiências diferentes para resolver um
problema ou atender a uma necessidade. Esses profissionais combinam
diferentes áreas de conhecimento e formas de pensar para encontrar as
melhores soluções.

Equipe de médicos analisando resultado de exame.

No atendimento hospitalar, o cuidado multiprofissional é uma


metodologia de trabalho que envolve profissionais com experiências e
habilidades complementares para avaliação, planejamento e
atendimento ao paciente.

Segundo Fernandes e Farias (2021), a colaboração é


interdependente, praticada por meio da comunicação
aberta e tomada de decisões compartilhadas,
produzindo resultados de valor agregado para o
paciente, para a instituição e para a equipe.

Existem algumas vantagens do trabalho de uma equipe


multiprofissional. Veja a seguir algumas delas (Nicolescu et al., 2000):
Troca de experiências entre os profissionais que proporciona a
expansão dos conhecimentos.

Maior produtividade do trabalho e resultados alcançados de


maneira mais efetiva e rápida.

Modalidade de trabalho coletiva na qual deve imperar uma relação


recíproca entre seus membros.

Ações profissionais orientadas poruma comunicação eficaz.

Troca entre as múltiplas intervenções técnicas dos diferentes


saberes profissionais.

Na área da saúde, quando uma equipe multiprofissional cuida de um


paciente, o tratamento é mais completo e integrado, o que significa que
a pessoa não é tratada como se cada parte do corpo fosse separada,
mas sim como um todo, com a colaboração de vários profissionais.

Os serviços de saúde têm muitas necessidades diferentes que não


podem ser atendidas por apenas um profissional. Por isso, é importante
ter uma equipe com diversos especialistas para lidar com essas
demandas.

A assistência em hospitais envolve uma complexidade de profissionais e funcionários.

Trabalhar em equipe na área da saúde significa que as relações de


poder devem ser equilibradas, sem hierarquias rígidas. É importante que
todos os membros da equipe sejam solidários e confiem uns nos outros
no dia a dia, para que seja possível um diagnóstico diferencial e para
estudos de casos clínicos.

A equipe passa a atender as necessidades integrais e busca soluções


que se complementem e sejam efetivas. Essa estratégia torna o
atendimento mais qualificado e seguro e traz melhores resultados para
o paciente (Fernandes; Farias, 2021).
A atuação do psicólogo na equipe
multidisciplinar
Neste vídeo, falaremos sobre a visão multiprofissional e o papel do
psicólogo dentro da equipe de atendimento hospitalar.

Em um hospital geral, várias especialidades são atendidas pela equipe


multiprofissional. Ele é chamado de polivalente porque oferece
atendimento em diversas áreas da saúde.

Nesse contexto, é importante que a equipe valorize o conhecimento de


todos, pois a tecnologia e a complexidade dos casos exigem um
trabalho em equipe com diferentes especialidades.

O atendimento em saúde não é exclusivo de um único


profissional, é uma prática em que todos os
profissionais então envolvidos e deve ser voltada para
as interações psicossociais com enfoque nos aspectos
que relacionam saúde e doença (Ribeiro, 2018).

É importante garantir a qualidade de vida do paciente e entender como a


doença afeta sua vida como um todo. Doenças como diabetes,
hipertensão, acidente vascular cerebral, cirurgias cardíacas, renais,
amputações e outros eventos, como acidentes ou abortos, podem ter
um grande impacto na vida do paciente após a internação. Por isso, é
essencial uma abordagem multiprofissional para lidar com essas
situações.
Acompanhamento psicológico realizado na paciente durante sua internação hospitalar.

No contexto hospitalar, o psicólogo precisa ampliar seu conhecimento


para além da psicologia e melhorar sua capacidade de observação
clínica. É importante identificar as demandas clínicas dos pacientes e
compreender como a doença afeta seu comportamento. Entender as
consequências reais da doença é importante para a intervenção clínica,
e isso deve ser discutido entre os profissionais da equipe.

Segundo Costa et al. (2009), o psicólogo, ao atuar na equipe


multiprofissional hospitalar, mantém seu foco de intervenção no
sofrimento e nas consequências emocionais que a doença e a
internação causam ao paciente, considerando sua história de vida, sua
maneira de lidar com a doença e sua personalidade.

Quando um paciente está internado, os profissionais de saúde lidam


com seu sofrimento físico e emocional. É importante perceber a
necessidade do atendimento psicológico, mesmo que o paciente não a
reconheça, uma vez que está preocupado com o corpo doente, a dor, o
mal-estar e o sofrimento físico (Ribeiro, 2018).

Resumindo

É importante entender que a atuação do psicólogo em quaisquer das


unidades de saúde, sejam hospitais, clínicas, ambulatórios, públicos ou
privados, é de extrema importância e não deve ser negligenciada. A
saúde mental permeia toda e qualquer intercorrência clínica e é
essencial para a recuperação da saúde física em qualquer situação
clínica.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Em um hospital geral do Rio de Janeiro, chega para atendimento de


emergência uma mulher de 45 anos apresentando a seguinte
queixa “me ajudem que estou infartando”. A equipe de atendimento
inicial e triagem, composta de enfermeiros, a recebe e faz um eletro
observando um resultado normal. Diante da situação, uma
psicóloga de plantão é chamada e junto com o médico
cardiologista identificam que o caso é condizente com um ataque
de pânico. Esse caso destaca que a equipe multiprofissional é
fundamental nos hospitais porque

cada profissional pode atuar de forma


A independente, dando o seu parecer e deixando o
paciente decidir qual é a melhor conclusão.

o conhecimento dos diferentes profissionais permite


B uma organização do conhecimento e do pensar
buscando o melhor atendimento.

todos os pacientes são atendidos pelos mesmos


profissionais, de maneira que o conhecimento
C técnico, o perfil comportamental, as habilidades e as
experiências dos profissionais são sempre os
mesmos.

os saberes técnicos dos diferentes profissionais são


voltados para atender várias demandas que podem
D acontecer simultaneamente, de maneira que todos
os pacientes recebem atenção imediata por um
profissional de saúde.

o médico sempre determina o planejamento do


atendimento, e os demais profissionais seguem
E esse planejamento adicionando as suas
especificidades e experiência particular, sem se
comunicar entre eles.
Parabéns! A alternativa B está correta.

A equipe multiprofissional é formada por profissionais de diferentes


áreas que colaboram entre si para cuidar de um paciente. Cada
membro contribui com seu conhecimento e habilidades para
abordar a mesma questão de saúde. Eles se unem em torno do
conhecimento e da abordagem conjunta para alcançar um objetivo
comum. Apesar de terem diferentes conhecimentos e experiências,
trabalham juntos para oferecer assistência ao paciente. O cuidado
multiprofissional é uma maneira de trabalhar que aproveita a
diversidade de experiências e habilidades dos profissionais para
planejar o tratamento do paciente.

Questão 2

Quando um paciente sem recursos financeiros ou plano de saúde


chega a um hospital privado apresentando um infarto, ele pode ser
atendido de acordo com a legislação brasileira, que determina o
atendimento de urgência e emergência pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). Mesmo hospitais privados têm a obrigação legal de
prestar atendimento inicial a pacientes em emergência,
estabilizando seu quadro de saúde. No entanto, após a
estabilização inicial, o que deve ser feito com o paciente?

Ele pode continuar no hospital particular em que se


A
encontra.

Ele deve ser transferido a um hospital privado que


B atenda casos de caridade, como hospitais
religiosos.

Ele deve ser mantido no setor de emergência do


C
hospital que o recebeu.

Ele deve ser transferido a um hospital público que


D
faz parte do patrimônio da União.
E Ele deve ser mandado para casa, e deixar que ele
mesmo decida o que fazer.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Mesmo hospitais privados têm a obrigação legal de prestar


atendimento inicial a pacientes em situação de emergência,
estabilizando seu quadro de saúde. Após a estabilização inicial, o
paciente pode ser encaminhado para um hospital público que
disponha de serviços especializados para o tratamento do infarto,
no qual receberá o atendimento necessário pelo SUS. Esse
encaminhamento deve ser feito de forma a garantir que o paciente
receba o tratamento adequado, mesmo que ele inicialmente tenha
sido atendido em um hospital privado.

4 - A relevância do papel do psicólogo no processo de


internação
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a importância do papel do psicólogo nas
unidades de internação.

Início da psicologia hospitalar


Neste vídeo, falaremos sobre como surge a psicologia hospitalar no
Brasil e no mundo, apresentando a importância do psicólogo hospitalar
no processo de tratamento dos pacientes internados, destacando as
intervenções humanizadas.
A primeira atuação de psicólogos em uma instituição hospitalar ocorreu
em 1818, na cidade de Belmont, no estado norte-americano de
Massachussets, quando o hospital McLean formou a primeira equipe
multiprofissional. Esse mesmo hospital também foi pioneiro em
pesquisas sobre a psicologia hospitalar. Ainda nos Estados Unidos,
após a Segunda Guerra Mundial, os psicólogos começaram a trabalhar
em hospitais gerais para ajudar os militares que apresentavam sintomas
de estresse pós-traumático, como mudanças na forma como percebem
o mundo, alterações de humor e agitação (Schefer et al., 2022).

Psicólogo realizando atendimento à oficial militar.

No Brasil, na década de 1970, em São Paulo, a psicologia hospitalar foi


solicitada pela primeira vez para atender um paciente internado na
ortopedia. Nas décadas seguintes, 1980 e 1990, foram implantados os
serviços de psicologia hospitalar em alguns hospitais pelo país, como o
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - USP; o Instituto do Coração da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; a Unidade de
Pediatria do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa
Catarina; o Hospital de Base de São José do Rio Preto; o Hospital do
Brigadeiro (SP); o Hospital das Clínicas de Porto Alegre (para
atendimento infantil) e a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
(Azevedo; Crepalti, 2022).

Outras demandas para o atendimento psicológico foram surgindo nos


hospitais, e o crescimento dessa área levou à necessidade de
estabelecer diretrizes para a atuação profissional. O Conselho Federal
de Psicologia (CFP), em 2019, fundamenta a inserção do psicólogo no
contexto hospitalar baseado na premissa de que a subjetividade e o
sofrimento psíquico podem estar associados a um sofrimento orgânico.

Adoecer desorganiza a vida da pessoa, provoca mudanças significativas


em seus hábitos e até em sua identidade, resultando, algumas vezes, em
despersonalização, que interfere em sua subjetividade.

O psicólogo é, então, o profissional que, dentro da


equipe multidisciplinar, tem como preocupação
fundamental escutar e acolher o sofrimento da pessoa
adoecida, direcionando sua atenção especificamente
para as questões emocionais e a subjetividade que a
doença, o diagnóstico, o tratamento, as possíveis
sequelas e até a morte fazem surgir nesse momento
da vida (Lara; Kurogi, 2022).

O trabalho do psicólogo hospitalar é muito variado. Ele ajuda com


problemas simples, com doenças graves e debilitantes, bem como
tratamentos que deixam os pacientes mais frágeis. O objetivo é ajudar o
paciente e a sua família a vivenciar o processo de adoecimento e
diminuir o sofrimento provocado pela hospitalização e pelas
decorrências da vivência da doença (Ribeiro, 2018).

É importante entendermos como os processos biológicos e psíquicos


interagem na saúde e na doença e desenvolvermos capacidades de
descrever as condições em que uma determinada doença é adquirida e
o comportamento da pessoa depois de ficar doente.
Psicóloga explicando particularidades da hospitalização e internação a uma paciente
oncológica.

O olhar profissional do psicólogo diante do paciente em internação


hospitalar deve considerar seus traços de personalidade, suas atitudes
diante da vida, sua maturidade, seu grau de integração psíquica, suas
crenças diante da doença, suas vivências de crises ou perdas
significativas, se apresenta sinais de alterações do humor (como
sintomas depressivos) e como lida com a ansiedade diante da doença e
da hospitalização para que sua intervenção psicoterapêutica possa ser
traçada (Chiattone, 2003, apud Ribeiro, 2018).

Portanto, a intervenção deve ser humanizada, de forma que o paciente e


sua família se sintam apoiados para o enfrentamento do processo da
doença, que pode ser a cura, uma readaptação física ou psíquica ou
mesmo a morte.

A psicologia hospitalar pode ser desenvolvida por meio do atendimento


psicoterapêutico individual ou em grupos, atendimentos em
ambulatórios, unidades de terapia intensiva, atendimento nas situações
de urgências e emergências, enfermarias em geral, avaliação
diagnóstica, psicodiagnóstico, consultoria e interconsulta.

Atuação do psicólogo na unidade


hospitalar
Neste vídeo, falaremos sobre as diferentes funções e demandas do
psicólogo hospitalar, ilustrando com exemplos práticos.
O trabalho em equipe multiprofissional dentro da instituição hospitalar
tem sido o principal destaque do tratamento biopsicossocial,
entendendo a saúde como uma integração do físico, do mental e do
social. Assim, o papel do psicólogo ganha importância e permite que
esse espaço de atuação seja reconhecido por toda a equipe, pelo
paciente, pela família e, principalmente, pelo próprio psicólogo.

Psicólogo realizando atendimento ao paciente e seus familiares.

Schneider e Moreira (2017) apud Lara e Kurogi (2022) identificam que há


ainda alguma dificuldade do próprio psicólogo hospitalar em relação à
sua prática e à falta de clareza sobre quais são as suas atribuições.
Dessa forma, entender esse processo terapêutico é fundamental para
uma atuação eficaz.

É comum, na prática hospitalar, o atendimento de psicologia ser


realizado por meio de pedidos de consulta pela equipe de saúde
(enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
nutricionistas, serviço social), tanto para atendimento ao paciente como
para os familiares e acompanhantes.

De maneira geral, podemos identificar algumas das principais demandas


do atendimento psicológico da seguinte forma:

Avaliação psíquica expand_more

Essa atividade é de fundamental importância no contexto da


internação. Em uma situação de atendimento de
urgência/emergência, avaliar as condições psíquicas em que o
paciente dá entrada no hospital ajuda na elaboração do
diagnóstico pela equipe multiprofissional. Dessa forma, precisa
haver a descrição das principais funções psíquicas: nível de
consciência, capacidade atencional, alterações de
sensopercepção, memória, alterações de conteúdo do
pensamento, orientação temporoespacial, alterações da
psicomotricidade tanto no momento da internação como na
sequência do atendimento do paciente em caso de internação
mais prolongada.

Avaliação da presença de psicopatologia expand_more

Esse tipo de avaliação considera alterações do humor, sintomas


ansiosos, psicóticos, de despersonalização etc. durante o
processo da internação.

Dificuldades decorrentes de perdas expand_more

As experiências de perdas são manifestadas pelo processo de


luto. O paciente e a família podem vivenciar o luto devido a
diversas situações decorrentes da internação: uma amputação,
perda de um órgão, alterações físicas ocasionadas pela
irreversibilidade da doença, enfrentamento de tratamentos
longos e dolorosos e a própria morte (Lara; Kurogi, 2022).

Consequências da internação expand_more

As internações, especialmente as prolongadas, provocam


afastamento da vida habitual, alterações nos projetos de vida,
distanciamento dos familiares e amigos, medo do desconhecido,
dependência da equipe ou de cuidadores. As crianças e os
adolescentes merecem uma atenção especial pelo afastamento
também da escola que pode impactar no desempenho escolar.
Tais experiências podem gerar sofrimento, ansiedade, angústia e
aparecimento de sintomas depressivos. Cabe ao psicólogo
intervir e articular com a equipe, com os familiares e mesmo
com o paciente, um tratamento adequado e integral a tais
condições (Lara; Kurogi, 2022).
Adesão ao tratamento expand_more

A preparação emocional e psíquica de um paciente e sua família


para a adesão ao tratamento decorrente de uma determinada
doença é fundamental para a manutenção da saúde. Essa
preparação pode ocorrer e, muitas vezes, ocorre no âmbito
ambulatorial, após a alta hospitalar do paciente.

Atendimento ao familiar ou acompanhante expand_more

Para que o tratamento de um paciente internado seja mais


eficaz, a família precisa ser acompanhada em suas angústias,
suas ansiedades, seus medos, suas incertezas e suas
impotências.

Cuidados paliativos expand_more

Esse tipo de cuidado é definido pela OMS (1990) como cuidados


ativos e totais quando uma determinada doença não responde
ao tratamento que promova a cura ao paciente. O controle da dor
e de demais sintomas físicos são os cuidados médicos e de
enfermagem; os cuidados psíquicos são de responsabilidade do
psicólogo, que deve conhecer as fases do processo de morte e
morrer (negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e
aceitação) para que suas intervenções promovam o máximo de
alívio para o paciente e a família.

A experiência com a proximidade da morte é vivenciada de modo


diferente por cada pessoa porque é influenciada por idade, cultura,
crenças religiosas, rapidez da instalação da doença e personalidade do
paciente e da família. A participação do psicólogo no enfrentamento da
progressão da doença e da proximidade da morte pode ir além de
paciente e familiares e se estender à própria equipe de saúde na ajuda
do preparo prévio, da comunicação do diagnóstico e do plano
terapêutico ao paciente.

Podemos perceber que as solicitações são muitas, e o psicólogo só vai


conseguir manejar bem sua atuação se souber diferenciar as reais
demandas a partir de sua habilidade de escutar e estabelecer
prioridades.

Os desafios da psicologia hospitalar


Neste vídeo, falaremos sobre os desafios de promover um atendimento
terapêutico adequado às necessidades dos pacientes e familiares,
apresentando ações, áreas e modalidades de atuação desse
profissional da psicologia hospitalar.

A psicologia hospitalar é, segundo Rodrígues e Marín (2003) apud


Ribeiro (2018), um conjunto de estudos científicos, educativos e
profissionais da psicologia que visam oferecer assistência de maior
qualidade aos pacientes hospitalizados. É uma área de atuação
reconhecida pela Resolução nº 014/2000 do Conselho Federal de
Psicologia e destaca os diversos tipos de intervenções que podem ser
desenvolvidos por psicólogos especialistas em vários ambientes
hospitalares, como as unidades de terapia intensiva, enfermarias,
ambulatórios.
O psicólogo hospitalar oferecendo conforto e cuidado ao paciente internado.

O atendimento psicológico nos hospitais refere-se ao entendimento e


tratamento dos aspectos psicológicos em torno da doença, logo,
abrange mais do que atendimento aos aspectos psicossomáticos, mas
também aos aspectos psicológicos e subjetivos que acompanham toda
e qualquer doença. A grande demanda desse tipo de atendimento tem
levantado a necessidade de preparação de mais profissionais para
atuação na área.

O desafio é promover atendimento terapêutico adequado às


necessidades dos pacientes e familiares, uma vez que é o psicólogo o
profissional conhecedor do saber e das técnicas que propiciam a
assistência integral ao paciente hospitalizado e contribuem para
melhorar seu bem-estar.

Cabe ao psicólogo:

O acolhimento e suporte emocional aos pacientes, familiares e


acompanhantes.

A identificação de possíveis dificuldades no tratamento médico.

A identificação dos recursos subjetivos e emocionais do paciente e


da família para enfrentamento da doença e suas consequências.
A preparação emocional e psicológica para cirurgias, em especial
aquelas que resultam em mudanças do corpo.

O auxílio integral no processo de cuidados paliativos e na


preparação psicológica para alta hospitalar.

Existem ainda outras áreas de atuação do psicólogo hospitalar, tais


como:

Apoio emocional

Coordenação de funcionários do hospital, podendo estar


também associado aos aspectos emocionais da demanda
profissional.

Apoio aos pacientes em domicilio

Ajuda à adaptação e recuperação nas demandas dos pacientes


que possam ter qualquer alteração da vida causada pela
doença.
Apoio à equipe

Realização de interconsulta, ajudando os profissionais da


equipe a lidarem com as dificuldades dos pacientes.

Planejamento

Execução do planejamento de comportamentos adequados


dos pacientes, tais como adesão ao tratamento médico,
autocuidado, participação em atividades terapêuticas etc.

Apoio direto

Função assistencial direta aos pacientes com quadros


psíquicos mais graves.

Apoio à gestão de recursos humanos

Aprimoramento da atuação profissional do hospital.


Podemos ainda incluir entre as atribuições do psicólogo o atendimento
aos profissionais da saúde que sofrem impactos do trabalho em sua
saúde mental. Para a cultura ocidental, a doença é permeada pela ideia
de fracasso, afastamento das questões espirituais, perdas e sofrimento.
A morte é um assunto evitado até entre os profissionais da saúde que
não conseguem admitir sua impotência diante dessa realidade e
acabam experimentando estresse, ansiedade e até frustração diante da
morte de um paciente. A discussão desses assuntosno âmbito
multiprofissional diminui as angústias geradas na equipe no
atendimento ao paciente terminal, aumentando a resiliência e o
autoconhecimento.

Como modalidades de intervenção no hospital, o psicólogo está sujeito


às demandas de atendimento e rotinas estabelecidas pela unidade
hospitalar, mas podemos destacar em linhas gerais:

Atendimento psicoterapêutico individual ou em grupo.

Ações de psicoprofilaxia individuais ou em grupo.

Atendimento em ambulatório, UTI, enfermarias e emergências.

Psicomotricidade e psicodiagnóstico.

Avaliação diagnóstica.

Avaliação psicológica.

Avaliação neuropsicológica.

Consultoria e interconsultoria.

O Conselho Federal de Psicologia reconhece a psicologia hospitalar


como área de atuação do psicólogo no território nacional e inclui
especialidades na Resolução CFP nº 013/2007. O Conselho também
estabelece, no Art. 12 do Código de Ética Profissional, o registro no
prontuário do paciente de apenas informações que sejam necessárias
para esclarecimento do quadro clínico, além disso, a Resolução CFP nº
06/2019 reconhece a atuação do psicólogo em relatórios
multiprofissionais.

A atuação do psicólogo no hospital demanda desafios


como uma rotina intensa, atendimento a vários tipos
de patologias, atendimento simultâneo ao paciente e
ao familiar, registro em prontuários privativos e
multiprofissionais, e a necessidade de manter sua
própria saúde mental.

Em uma instituição hospitalar, a atuação do psicólogo permite uma


melhor integração entre as diferentes práticas profissionais e teóricas,
diminui as distâncias entre os vários saberes, melhora o cuidado à
saúde de forma mais integrativa e atua na prevenção de doenças,
especialmente as mentais. Pacientes, familiares e a própria equipe de
saúde são favorecidos com a atuação do psicólogo hospitalar, uma vez
que os diferentes saberes se unem para formar um suporte
biopsicossocial ao paciente (Ribeiro, 2018).

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A psicologia hospitalar pode ser entendida como um conjunto de


estudos científicos que têm como objetivo melhorar a qualidade de
vida dos pacientes internados. No que diz respeito à sua atuação, é
correto afirmar que

ainda não foi reconhecida pelo Conselho Federal de


A
Psicologia como área de atuação do psicólogo.

seus diversos tipos de intervenção clínica são


B
reconhecidos na Resolução nº 14/2000 do CFP.

a atuação do psicólogo hospitalar está reconhecida


C desde os anos 1970, quando houve a primeira
demanda de atendimento.

o CFP publicou a Resolução nº 013/2007 para


D
chancelar a atuação do psicólogo hospitalar.
os Conselhos Regionais de Psicologia em todo o
E país são os responsáveis por autorizar a atuação do
psicólogo hospitalar.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A psicologia hospitalar foi reconhecida pelo CFP por meio da


Resolução nº 14/2000, que descreve os tipos de intervenção
desenvolvidos pelos profissionais no âmbito hospitalar. O CFP é o
órgão responsável pela atuação do psicólogo hospitalar, e não os
conselhos regionais.

Questão 2

Na maioria dos hospitais gerais, o atendimento do psicólogo é


estabelecido por demanda dos atendimentos de outros
profissionais da saúde. Uma das atribuições do psicólogo é
proceder à avaliação psíquica, que consiste em

avaliação clínica do paciente depois do diagnóstico


A
médico.

avaliação do nível de consciência, memória,


B
orientação de tempo e espaço.

avaliação dos principais sintomas clínicos de


C
depressão ou ansiedade.

avaliação neuropsicológica com aplicação de testes


D
psicológicos.

avaliação do impacto da internação na vida do


E
paciente.

Parabéns! A alternativa B está correta.


A avaliação psíquica envolve examinar as principais funções
mentais, como nível de consciência, capacidade de atenção,
alterações na percepção sensorial, memória, mudanças no
conteúdo do pensamento, orientação no tempo e no espaço, e
alterações na psicomotricidade.

Considerações finais
Neste conteúdo, estudamos as diversas classificações dos hospitais
assim como os atendimentos prestados que podem variar desde
cuidados primários, como prevenção de doenças e promoção da saúde,
até cuidados de média e alta complexidade, como diagnóstico,
tratamento cirúrgico, cuidados intensivos e reabilitação. Os profissionais
envolvidos no atendimento hospitalar incluem médicos de diversas
especialidades, compondo assim as equipes multiprofissionais que são
de grande valia. A equipe multidisciplinar trabalha em conjunto para
oferecer cuidados completos e integrados aos pacientes, com o objetivo
de promover a recuperação e o bem-estar deles.

A psicologia hospitalar é uma área da psicologia que se concentra em


ajudar os pacientes e suas famílias durante a internação. Quando
alguém fica doente e precisa ser internado, é normal sentir medo,
insegurança e angústia. Esses sentimentos geralmente vêm
acompanhados de sintomas ansiosos que podem ser emocionalmente
desgastantes.

O psicólogo que trabalha em hospital não pode focar apenas a doença e


o diagnóstico, ele precisa considerar a subjetividade de cada paciente. É
fundamental que ele trabalhe em conjunto com a equipe de saúde para
garantir que o tratamento seja eficaz.

Ao longo deste estudo, aprendemos sobre a importância de abordar a


saúde como um estado de bem-estar físico, mental e social, que nos
leva a adotar uma abordagem biopsicossocial no atendimento
hospitalar.

O desafio do psicólogo é preparar o paciente e sua família para lidar


com as consequências de uma determinada doença, que pode ser a
remissão total do quadro clínico, uma sequela limitante, a necessidade
de refazer objetivos na vida para lidar com o pós-alta ou mesmo a
experiência da vivência de uma doença terminal e a morte.
Explore +
Veja como Tatiana Hoffmann Palmieri e Vera Engler Cury abordam o
papel e a importância do plantão psicológico dentro do contexto de um
hospital geral, oferecendo suporte emocional, orientação e intervenção
terapêutica em momentos de crise ou dificuldade emocional no artigo
Plantão psicológico em hospital geral: um estudo fenomenológico,
publicado em Psicologia: reflexão e crítica, v. 20, n. 3, 2007.

Saiba mais sobre diferentes aspectos da atuação do psicólogo no


contexto hospitalar no documento Caderno de psicologia hospitalar:
considerações sobre assistência, ensino, pesquisa e gestão, de Bruno
Jardini Mäder (org.), publicado em 2016. O documento tem o objetivo de
apresentar a caracterização da psicologia hospitalar, seu panorama na
atualidade e abordar assuntos emergentes da especialidade.

Referências
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ambiente hospitalar. Revistas Unilago, 2021.

AZEVÊDO, A. V. dos S.; CREPALDI, M. A. A psicologia no hospital geral:


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