Manejo clínico de
Sífilis Adquirida
PARA A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Definição e etiologia da Sífilis
► Infecção bacteriana sistêmica, crônica, curável e exclusiva do ser
humano.
► Se não tratada pode evoluir com gravidade variada.
► Agente etiológico é o Treponema pallidum (1905).
► Transmissão sexual ou vertical.
► Maioria assintomática ou com poucos sintomas.
► Ocorrência de formas graves (sistema nervoso e cardiovascular).
► Consequências severas na gestação (30 a 50%)
► Abortamento, prematuridade, alterações congênitas e morte do RN.
► Doença reemergente no Brasil e no mundo.
Transmissão da Sífilis
► Transmissibilidade maior nos estágios iniciais da doença
► Sífilis Primária (cancro duro) e Secundária (lesões muco-cutâneas)
► Maior riqueza de Treponemas
► Penetram em mucosas ou abrasões na pele
► 20% de recrudescimento do Secundarismo no 1º ano de latência
► Lesões raras ou inexistentes à partir do segundo ano
► Taxa de transmissão vertical de 80% (mais intra-útero)
► Transmissão no parto se houver lesões na mãe
► A infecção fetal depende do estágio da doença da mãe e tempo
de exposição do feto.
Classificação clínica da Sífilis
► Sífilis Recente: até 1 ano
► Primária, Secundária e Latente Recente
► Sífilis Tardia: mais de 1 ano
► Latente Tardia e Terciária
Sífilis Primária
► Tempo de incubação: 10 a 90 dias (média: 3 sem)
► Primeira manifestação: “cancro duro”
► Úlcera rica em Treponemas
► Geralmente única e indolor
► Borda bem definida e regular
► Base endurecida e fundo limpo
► Surge no local de entrada da bactéria
► Pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, etc
► Duração de 3 a 8 sem e desaparece c/ ou s/ tratamento
► Linfadenopatia regional
Sífilis Primária
Sífilis Secundária I
► Ocorre entre 6 sem e 6 meses após o cancro
► Manifestações muito variáveis
► Cronologia habitual
► Podem ser concomitantes com o cancro
► Recorrentes ou subentrantes até 1 ano
► Inicialmente: erupção maculo-eritematosa pouco visível (Roséola)
► Tronco e raízes dos membros
► Placas e lesões acinzentadas em mucosas
► Lesões de pele ficam evidentes, papulosas/eritemato-acastanhadas
► Podem atingir todo o tegumento, genitais, região plantar e palmar
► Colarinho de escamação característico e não pruriginoso
Sífilis Secundária
Sífilis Secundária II
► Podem evoluir para condilomas planos em dobras mucosas
► Lesões úmidas e vegetantes (mais anogenitais)
► Alopécia em clareira e madarose
► Micropoliadenopatia / epitrocleares
► Sintomas gerais (febre baixa, mal estar, cefaléia e adinamia)
► Desaparecimento dos sintomas em poucas semanas
► Menos comuns: lesões oculares (uveítes), meníngeas,
meningovasculares, pares cranianos e isquêmicas
► Doença neurológica não é exclusiva da Sífilis Tardia.
► Considerar imunodepressão.
► Toda erupção de pele s/ causa evidente deve ser testada p/ Sífilis.
Sífilis Secundária
Sífilis Latente
► Período sem sinais ou sintomas
► Maioria dos diagnósticos
► Diagnóstico apenas pelos testes treponêmicos e não
treponêmicos
► Latente Recente: até 1 ano de infecção
► Latente Tardia: mais de 1 ano de infecção
► 25% dos não tratados intercalam secundarismo na latência
Sífilis Terciária
► Ocorre em 15% a 25% das infecções não tratadas
► Após período variável de 1 a 40 anos do início da infecção
► Ocorre destruição tecidual
► Mais comuns em Sistema Nervoso e Cardiovascular
► Gomas sifilíticas (Tumorações c/tendência a liquefação)
► Podem ocorrer em pele, mucosas, ossos e outros tecidos
► Desfiguração, incapacidade e morte.
Sífilis Terciária
Manifestações clínicas
e Estágios da Sífilis Adquirida
Métodos diagnósticos de Sífilis:
Exames diretos
Métodos diagnósticos de Sífilis:
Testes Imunológicos
Estágios Clínicos e Diagnóstico
Testes imunológicos para diagnóstico
► Pesquisa de anticorpos
► Utilizam sangue total, soro ou plasma
► Podem ser Treponêmicos ou Não Treponêmicos
► Treponêmicos: detectam anticorpos específicos contra T. pallidum
► Estes são os primeiros a se tornarem reagentes
► 85% serão sempre positivos: úteis apenas para diagnóstico
► Os antígenos podem ser naturais: TPAH, TPPA e FTA-abs
► Ou antígenos sintéticos (mais baratos): ELISA, CMIA e Testes
Rápidos
Testes Imunológicos para diagnóstico
► Não Treponêmicos: detectam anticorpos anti-cardiolipina
► Não específicos para antígenos do T. pallidum
► Análise qualitativa e quantitativa (diluições / títulos (1:1, 1:2, 1:4, 1:8, etc)
► Úteis para diagnóstico e monitoramento.
► Queda de títulos: sucesso do tratamento
► Mais comuns no Brasil: VDRL (Venereal Disease Research Laboratory),
RPR (Rapid Plasma Reagin) e USR (Unheated-Serum Reagin)
► Raros Falso-reagentes (Existem Ac anti-cardiolipinas em outras doenças)
► Ficam reagentes 1 a 3 semanas após início do cancro duro
► Títulos muito baixos em fases tardias
► Considerar sempre Sífilis Latente Tardia e tratar (exceto cicatriz)
► Cicatriz sorológica: tratamento correto e ausência de nova infecção
Testes imunológicos para diagnóstico
Testes: interpretação e conduta
Testes: interpretação e conduta
História natural da Neurossífilis
Quem deve ser tratado
para Neurossífilis?
Tratamento e monitoramento
Tratamento da Neurossífilis
Tratamento de Sífilis
► Medicamento de escolha: Benzilpenicilina Benzatina ou
Potássica/Cristalina
► Única opção na gestação
► Alternativas: Doxiciclina e Ceftriaxona
► Não há resistência do T.pallidum à Penicilina no Brasil ou no mundo
► Após um único teste treponêmico ou n/treponêmico reagente
para sífilis exige-se tratamento imediato em caso de:
1) gestação,
2) vítima de violência sexual,
3) risco de perda do paciente,
4) pessoas com sinais/sintomas de sífilis ou
5) pessoas sem diagnóstico prévio de sífilis.
Tratamento e monitoramento
► Sempre que possível realizar o segundo teste
► Tratar empiricamente paciente e parceiros na ausência de testes
► Intervalo de doses de 7 dias
► Máximo de 7 dias em gestantes e 14 dias em não gestantes
► Como resposta à terapia observar melhora de sinais e sintomas
► E monitorar resposta imunológica com testes não treponêmicos
► Reação de Jarisch-Herxheimer: primeiras 24h após 1ª dose
► Ocorre piora das lesões, mal estar, febre, cefaleia e artralgia, com
melhora em 12 a 24h.
► Anafilaxia à Penicilina é raríssima: 0,002%.
Mandala da Prevenção Combinada
Muito Obrigado!
RUFINO FERNANDES
@RUFINOFERNANDES