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Evangelho de Marcos para Gentios Romanos

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ESCOLA VIVENCIAL

O EVANGELHO DE
MARCOS
1
O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS

Quem é o Evangelista Marcos?

O autor do primeiro Evangelho a aparecer por escrito chama-se João


Marcos. Costumou-se identifica-lo com João Marcos, filho de uma senhora
cristã de Jerusalém, chamada Maria, que reunia em sua casa um grupo de
oração. (Cf. At. 12). É o mesmo João Marcos que acompanhou Barnabé e
Paulo na primeira viagem (Cf. At 13,13). Ele foi um dos motivos da
separação de Paulo e Barnabé na segunda viagem, narrada em Atos dos
Apóstolos 15,39. Mais tarde, Paulo reconheceu a importância de Marcos no
trabalho de evangelização (Cf. Tm 4,11).
Podemos identificar Marcos com o personagem citado na primeira
carta de Pedro (5,13).

João Marcos discípulo e amigo de São Pedro


Na primeira carta de Pedro (5,13), Marcos é chamado de “meu filho”.
A ligação entre os dois deve ter sido muito estreita. Por volta do ano 130,
Pápias, bispo de Hierápolis, escreveu uma obra com este título:
“Interpretação dos Oráculos do Senhor”. De acordo com o historiador
chamado Eusébio de Cesaréia, nessa obra estava escrito o seguinte: “Marcos,
que foi o intérprete de Pedro, cuidadosamente escreveu tudo aquilo que se
lembrava...De fato, Marcos não tinha acompanhado Jesus, mas Pedro”. Essas
palavras encontram-se na obra de Eusébio de Cesaréia, chamada “História
Eclesiástica”.
Data
Dois fatores sugerem que Marcos terminou de escrever seu Evangelho
antes de 70 d.C; tendo decorrido o tempo de apenas uma geração entre a
narrativa e os eventos que nela se registra.
Em primeiro lugar, o próprio Evangelho nos aponta isso: em Mc 13,
Jesus profetiza a destruição iminente do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.
De fato, Marcos não faz nenhuma menção desse evento como sendo algo que
já havia acontecido e nem dá informações detalhadas a respeito desta
catástrofe, o que, caso fizesse, indicaria que sua escrita era posterior ao

2
evento. E em segundo lugar, as tradições mais proeminentes da Igreja antiga
datam o evangelho de marcos na década de 60 d.c; ou até antes disso.

DESTINATÁRIOS
Marcos escreveu o Evangelho principalmente para os fiéis gentios do
Império Romano. Isso é sugerido por diversas considerações.
1. Frequentemente, Marcos explica alguns costumes judaicos que
poderiam soar estranho e desconhecidos a seus leitores (Mc 7,3-4;14-
12).
2. Ele traduz algumas palavras e frases do aramaico (Mc. 3,17;
5,41;7,11.34;15,16);
3. Às vezes, ele usa termos latinizados ao invés de seus equivalentes
gregos (Mc 12,42;15,16);
4. Sua narrativa culmina na confissão de fé de um soldado romano
(15,39).
É também público alvo de Marcos em Roma fosse também alvo de
perseguições violentas àquela época (a perseguição romana neroniana se deu
por volta de 64 a 68 d.C). Seu evangelho, portanto, pode ter sido escrito com
o objetivo de recordar os fiéis romanos dos sofrimentos suportados por seu
Senhor e encorajá-los a se manter fiéis durante o seu próprio período de
provação.

3
ESQUEMA DO EVANGELHO

Antes de falarmos da Teologia de Mc, é bom termos uma visão panorâmica


da obra: 1,1: Título do escrito: “Início do Evangelho de Jesus Cristo,
Filho de Deus.”

Apresentação do personagem principal: Jesus de Nazaré, que deve ter sua


competência duplamente reconhecida: primeiro por João Batista (batismo),
depois, pelo Espírito Santo (tentação no deserto)

1,1-13 — Introdução ou Prólogo

 1,14–8,30 — Primeira parte: Quem é Jesus?


• 1,14–3,6 — A. Jesus e os adversários
• 3,7–6,6a — B. Jesus e o povo
• 6,6b–8,30 — C. Jesus e os discípulos

A cento judaico: Ele é o Messias que anuncia o Reino de Deus. A primeira


parte é um itinerário para se responder a esta questão. Os discípulos de
Jesus são apenas símbolo dos discípulos da comunidade de Marcos e de
todos os tempos, aos quais se quer levar à profissão de fé. Por isso, em
8,26-30 temos a profissão de Pedro: “Tu és o Messias”.

 8,31–16,8 — Segunda parte: Que tipo de Messias é Jesus?


• 8,31–10,52 — A. Jesus a caminho de Jerusalém
• 11,1–13,37 — B. Jesus em Jerusalém
• 14,1–16,8 — C. Paixão, morte e ressurreição
Acento cristão: Um Messias Sofredor e Filho de Deus. Jesus, conhecendo
a vontade de seu Pai, identifica-se com ela e a realiza. Também aqui alguém
responde à pergunta que norteia esta parte: o centurião, ao pé da cruz,
reconhece: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”(15,39).
16,9-20: Conclusão do Evangelho: Aparições de Jesus ressuscitado
 Como sabemos, trata-se de uma adição posterior, que nada tem a ver
com o resto do livro. É um resumo do que aparece nos outros evangelhos.

4
PISTAS PARA A LEITURA DO EVANGELHO DE
MARCOS

O contexto do Evangelho comporta em si a


diversidade de elementos e injunções que conferem esta
ou aquela tonalidade aos fatos, e forjam este ou aquele tipo
de pergunta ou encaminhamento. Nessa perspectiva,
parece oportuno delinear traços e alcances do contexto no qual o ministério
de Jesus vem realizado. Ora, o ministério de Jesus vem realizado e atuado
como um modelo de ação. Trata-se de um evento, e com fortes incidências
nas circunstâncias concretas da história de um tempo e de um lugar, de
pessoas e da comunidade.
As referencias de sua narração são carregadas de simbolismos, em
função, naturalmente, de seus propósitos religiosos e em razão do grande
interesse catequético e missionário da obra. As referências geográficas
trabalham e evocam certas situações históricas, sociais e religiosas. O redator
transmite, portanto, sua mensagem por intermédio de uma geografia
significante. Desse modo, os dados geográficos são usados para expressar e
c compor um discurso significante no Evangelho.

5
a) Galiléia/ Mar da Galiléia

A primeira grande perspectiva importante aberta está nas referências à


Galiléia, onde Jesus exerce seu ministério. As ocorrências são em número de
12: 1,9.14.16.28.39; 3,7; 6,21; 7,31; 9,30; 15,41; 14,28; 16,7. As duas
últimas aparecem no contexto em que Jesus mesmo fala e onde sua fala vem
recordada, respectivamente.

6
A primeira referência aparece já no capítulo 1, 9 no contexto da narrativa do
Batismo de Jesus. Na Galiléia Jesus realiza muitos milagres. A Galiléia é o
lugar da manifestação do Evangelho de Deus.

b) Jerusalém
Em contraposição ao quadro global da Galiléia aparece Jerusalém. Enquanto
na Galileia vem apresentada a missão de Jesus e dos discípulos , em
Jerusalém, numa colocação antitética, apresenta-se sua paixão e morte. Toda
a atividade de Jesus em Jerusalém vem marcada pelos encontros e
desencontros com os líderes e chefes dos grupos mais influentes. Jesus
profere acercas de cada um deles um firme juízo de valor, evidenciando, pela
revelação de sua identidade messiânica e de sua missão, a qualidade de suas
ações e sua conduta diante de Deus.
c) Deserto
A referência toponímica “deserto” aparece como substantivo, sempre no
singular, em Mc 1,3.412.12, e como adjetivo em Mc 1,35.45 e 6,31.32.33,
unido ao substantivo lugar.
Por vezes pensa-se o deserto no contexto do Evangelho de Marcos, o Deserto
apenas como referência geográfica onde acontece o batismo de Jesus. Ou
como um lugar indefinido no Jordão chamado deserto por antonomásia.
Interpreta-se também o deserto como lugar da morte e do desenvolvimento
dos espíritos maus. Daí a razão do aparecimento de uma palavre de anuncio.
É o lugar do acontecimento do Evangelho. É o lugar da Revelação, o lugar
onde se experimenta a proximidade de Deus. É o lugar da preparação.
Também o Messias lá se prepara.

7
Imagem do deserto do Jordão

d) Casa
A casa também é uma localização importante no Evangelho de Marcos. A
referência “casa” aparece 13 vezes no Evangelho de Marcos: 2,1; 3,20; 7,17;
9,29 e 11,17 em posição predicativa. Sem o artigo, é sempre uma referência
a Jesus.
Designa um ambiente de relacionamento pessoal, onde se compõe a família.
Assim, tem o sentido de propriedade, como se pode verificar na expressão
usada por Jesus ao criticar as atitudes dos fariseus em 12,40: “devorar as
casas das viúvas”. São bastante sugestivos o significado e a referencia a um
ambiente onde se estabelece e se experimenta a fraternidade numa linha de
compromisso pessoal.

Modelo de uma casa popular no


tempo de Jesus em Israel.

8
e) Barco

O Vocábulo “barco” ocorre 16 vezes no Evangelho de Marcos, sempre com


o artigo e no singular. No singular sem o artigo ocorre em 4,1, numa situação
semelhante a 3,9. A única ocorrência no plural sem o artigo. A ocorrência no
plural sem o artigo é a do diminutivo “barquinho”. Ocorrências do termo
“barco” mostram uma articulação formidável dos deslocamentos de Jesus, e
sugere algo bastante significativo compondo o pano de fundo daquilo que
vem realizado por Ele, envolvendo muito de perto os discípulos e a gente da
Galiléia.

Embarcação
encontrada no mar da
Galiléia datado da
época de Jesus.

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PONTOS PARA REFLEXÃO E DIÁLOGO
por Dom Evaristo Arns

1. Para que possamos acolher a mensagem de


Jesus em seu verdadeiro espírito, é
necessário que despertemos em nós a graça
que nos foi dada no batismo. Somos filhos
de Deus e o Pai nos fala.

2. Ler o Evangelho significa encher-se de


esperança e força nova. A grande descoberta
que devemos comunicar a todos os outros é
que Deus não quer o mal, e sim, a libertação
de todo sofrimento.

Pergunta:
- Qual o significado de Jesus ter vindo de
Nazaré da Galiléia?
- Por que Jesus realizou grande parte da sua
missão nesta região chamada de Galiléia?

10
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ARNS, CARDEAL PAULO EVARISTO. O Evangelho de


Marcos na vida do povo. São Paulo: Paulus, 1987.

AZEVEDO, DOM WALMOR OLIVEIRA DE. Comunidade e


Missão no Evangelho de Marcos. São Paulo: Loyola, 2002.

BALANCIN, EUCLIDES MARTINS. Como Ler o Evangelho


de Marcos. Quem é Jesus? Col. Como ler. São Paulo: Paulinas,
1991.
BRAVO. CARLOS. Galiléia Ano 30. Para ler o Evangelho de
Marcos. São Paulo: Paulinas, 1991.

BORTOLINI, JOSÉ. Evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos.


Marcos, Mateus, Lucas -Atos dos Apóstolos. Coleção conheça a
Bíblia: estudo popular. Aparecida/SP: Editora Santuário, 2018.

HAHN, SCOTT. MITCH, CURTIS. O Evangelho de São


Marcos. Cadernos de estudos bíblicos. São Paulo: Ecclesiae, 2014.

MARTINEZ A. HUGO O. O discipulado no Evangelho de


Marcos. Col. Quinta Conferência. CNBB/ Celam. São Paulo:
Paulus/ Paulinas, 2005.

MESTERS, CARLOS. Caminhando com Jesus. Círculos


Bíblicos do Evangelho de Marcos. São Paulo: CEBI, 2003.

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