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RESUMO - Direito Processo Penal Comum e Militar

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PROCESSO PENAL MILITAR

UNIDADE II
UNIDADE I
SUJEITOS E ÓRGÃOS DA RELAÇÃO JURÍDICA E SUAS
Conceito: PRERROGATIVAS DE FUNÇÃO
 É o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação
jurisdicional do Direito Penal. Regulam ainda as atividades RAMOS DA JUSTIÇA
preliminares da Polícia Judiciária. (ASSIS, 2020, p. 29).
 Assim, toda vez que alguém pratica um ilícito penal (crime ou
contravenção), surge para o Estado o direito de punir através de
sanções previamente estabelecidas.

Finalidade:
Há duas finalidades, ditas como clássicas, do Direito Processual
Penal:
 Finalidade Imediata ou Direta - Fazer valer o direito de punir do
Estado (jus puniendi).
 Finalidade Mediata ou Indireta - Promover proteção da sociedade,
da paz social e a defesa dos interesses da coletividade JUSTIÇA ESTADUAL
Em suma: Propiciar a adequada solução jurisdicional do conflito de A Justiça Estadual é responsável por julgar matérias que não sejam
interesses entre o Estado-Administração e o infrator, através de da competência dos demais segmentos do Judiciário - Federal, do
uma sequência de atos que compreendam a formulação da Trabalho, Eleitoral e Militar, o que significa que sua competência é
acusação, a produção das provas, o exercício da defesa e o residual, apesar de englobar o maior volume de processos judiciais.
julgamento da lide.
JUIZES ESTADUAIS
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL  Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos na CF/88.
 DEVIDO PROCESSO LEGAL (ART. 5º, LIV, CR/88) - A competência dos tribunais será definida na Constituição do
PLENITUDE DE DEFESA: Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do
*Direito de ser ouvido, informado dos atos processuais, acesso à Tribunal de Justiça.
defesa técnica, manifestar depois da acusação, julgado perante  MG: Lei complementar n. 59/01
juízo competente, duplo grau de jurisdição, imutabilidade da
sentença transitada em julgado; JUSTIÇA MILITAR JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL
*Ampla Defesa (art. 5º, XXXVIII, LV, LXXIV, CR/88): Defesa técnica
e autodefesa (interrogatório); Art. 125, §§ 3º ao 5º da CF, arts. 109 à 111 da CE e arts. 184 à
*Contraditório (art. 5º, LV, CR/88): Ciência e participação efetiva no 220 da LC n. 59/01
processo + a paridade de armas “par conditio” - participação em 1.Processar e julgar os militares dos estados nos crimes militares
simétrica paridade; definidos em lei (PM e BM).
2.Decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DAAMPLA DEFESA graduação das praças.
OBS.: A Lei n. 13.245/16, que alterou o art. 7º da Lei n. 8.906/94, 3.Processar e jugar as ações judiciais contra atos disciplinares.
Estatuto da OAB, não estabeleceu que o inquérito policial deve ser 4.1ª grau: auditorias de justiça militar estadual (AJME) 2ª grau: TJM
regido pelo princípio do contraditório e ampla defesa, mas apenas ou TJ
garantiu assistência de advogados para os investigados.
Assim, a Justiça Militar Estadual de Minas Gerais, com jurisdição
 Oficialidade: Órgão oficial, MP é o exclusivo titular da ação penal em todo o território do Estado, é constituída, em primeiro grau,
militar, que é sempre pública, ressalvada a possibilidade da ação pelos Juízes de Direito do Juízo Militar e pelos Conselhos de
privada subsidiária da pública. Justiça, Permanente e Especial, e, em segundo grau, pelo Tribunal
de Justiça Militar, com sede na Capital do Estado.
 Contraditório: Ciência e participação efetiva no processo + a
paridade de armas “par conditio” - participação em simétrica AUDITORIAS DE JUSTIÇA MILITAR - 1ª INSTÂNCIA JME
paridade;

 Publicidade: Restrita no IP/IPM (art. 20 CPP e art. 16 CPPM) e


ampla no processo;
A publicidade dos atos processuais integra o devido processo legal.
No Direito pátrio vigora o princípio da publicidade absoluta, como
regra. As audiências, as sessões e a realização de outros atos
processuais são franqueadas ao público em geral, ressalvados os
casos específicos em lei.

 Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos (art.


5º, LVI, CR/88, art. 157 CPP):
Conforme Capez (1998), as provas ilícitas constituem-se uma
violação ao direito material e ocorrem no instante de sua colheita. AUDITORIAS DE JUSTIÇA MILITAR - 1ª INSTÂNCIA JME
As provas ilegítimas, por sua vez, infringem normas de direito
processual e a violação se dá no exato momento em que são
introduzidas ao processo.

 Imparcialidade do Juiz (art. 95 CR/88; arts. 112, 252, 253, 254


CPP; art. 37 a 41 CPPM);

 Brevidade do Processo / Economia Processual (art. 5º,


LXXVIII, CR/88);

 Juiz Natural (art. 5º, LIII e XXXVII, CR/88); CONSELHOS DE JUSTIÇA - SUPORTE CONSTITUCIONAL

 Não autoincriminação (art. 5º, LXIII, CR/88; art. 296, § 2º e 308 CONSTITUIÇÃO FEDERAL - (art. 125, § 3º)
CPPM, 186e 198CPP): direito de ficar calado e não produzir prova A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de
contrária ao seu interesse. Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau,
pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e...

1
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL - art. 109. UNIDADE III
Art. 109 – A Justiça Militar é constituída, em primeiro grau, pelos
Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, DA COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÕES DE POLÍCIA JUDICIÁRIA
pelo Tribunal de Justiça Militar. MILITAR.

LEI COMPLEMENTAR n. 59/2001 (MG) Atribuições de Polícia Judiciária Militar


Art. 184. A Justiça Militar Estadual, com jurisdição no território do
Estado de Minas Gerais, é constituída, em 1º grau, pelos Juízes de  Fundamento Constitucional
Direito do Juízo Militar e pelos Conselhos de Justiça, e, em 2º grau, O art. 144 da CF/88 trata, em capítulo específico, da Segurança
pelo Tribunal de Justiça Militar. Pública e da relação dos órgãos que a exercem.
(...)
CONSELHOS DE JUSTIÇA § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de
COMPETÊNCIA - art. 213, LC 59/01 polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
- Processar e julgar os crimes previstos na leg. penal militar... militares.
- Decretar a prisão preventiva.
- Conceder a menagem e a liberdade provisória. Fundamentação Legal
- Declarar a inimputabilidade do acusado ou indiciado. Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:
- Decretar medidas assecuratórias e preventivas. a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei
- Decidir questões de direito ou de fato suscitadas durante a especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria;
instrução criminal ou durante o julgamento. b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos
- Outras decorrentes. membros do Ministério Público as informações necessárias à
instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as
FUNCIONAMENTO diligências que por eles lhe forem requisitadas;
SORTEIO: O sorteio dos membros dos Conselhos de Justiça será c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça
feito pelo Juiz de Direito do Juízo Militar em audiência pública, Militar;
estando presente o Promotor de Justiça (art. 208, LC n. 59/01). d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da
QUEM CONCORRE: Oficial da ativa, lotado na RMBH do Estado. prisão preventiva e da insanidade mental do indiciado;
DISPONIBILIDADE: Integral - o Oficial fica dispensado do serviço e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos
na Unidade (se for Conselho Permanente) - art. 209, LC n. 59/01. presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais
DRH: trimestralmente encaminha a lista de Oficiais em condições. prescrições deste Código, nesse sentido;
Obs: No Conselho Especial, o Oficial transferido da Capital, f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas
continuará no conselho (art. 210, § 2º, LC n. 59/01). que julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu
cargo;
QUORUM - Funcionamento: g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis
1) maioria dos membros. as pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de
2) Desde que presente o juiz de direito + um Oficial superior. inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a
QUORUM - Audiência de julgamento: pedido de apresentação de militar ou funcionário de repartição
1) exige-se a totalidade dos membros. (art. 206, LC n. 59/01) militar à autoridade civil competente, desde que legal e
fundamentado o pedido.
AUDIÊNCIAS
➢ Presididas pelo juiz de direito. Fundamentação Legal
➢Interrogatório/audições: primeiro o Juiz togado e, Art. 9º, do CPM:
posteriormente, os juízes militares (por intermédio daquele). Consideram-se crimes militares em tempo de paz:...
➢ Julgamento: voto do juiz togado e depois dos juízes militares.
➢ Sequência entre os juízes militares: mais moderno para o mais Exercício da Polícia Judiciária Militar
antigo.  COMANDANTES DE FORÇA (art. 7º, "h, do CPPM) – Dentro do
➢ Voto: fundamentado (oralmente). conceito genérico de Comandante de Força estão o Cmt-Geral, o
CHEM, os Cmts Regionais, Diretores, Chefes de Centros e os Cmts
de Unidades, tanto da PMMG quanto do BMMG.
 PODE SER DELEGADA: (art.7º, § 1º, DO CPPM) - A OFICIAIS
DA ATIVA PARA FINS ESPECIFICADOS E POR TEMPO
LIMITADO.
 DELEGAÇÃO PARA INSTAURAÇÃO DE IPM - (art. 7º, §§ 2º ao
5º, e art. 10, do CPPM).
O encarregado deve ser de posto SUPERIOR ao
indiciado/investigado.
Pode ser designado um MAIS ANTIGO.
Indiciado/Investigado oficial da reserva - não prevalece a
antiguidade no posto.
Delegação para instauração de IPM - (art. 7º, §§ 2º ao 5º, e art.
10, do CPPM).
PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES MILITARES - DEFINIDOS Durante o IPM, surgindo indícios contra Oficial Superior ou mais
EM LEI. antigo - encarregado deve relatar o fato.
O AUTOR PODE SER: Se o infrator for de mesmo posto ou mais antigo Comandante,
a) MILITAR DAS FORÇAS ARMADAS. este não pode instaurar IPM.
b) MILITAR ESTADUAL (figurará como civil).
c) CIVIL. Competência da Polícia Judiciária Militar – PJM (art. 8º, do
CPPM)
a) apurar o crime militar e sua autoria:
 Auto de Prisão em Flagrante (APF).
 Inquérito Policial Militar (IPM).
 Instrução Provisória de Deserção (IPD).

Em 13 de outubro de 2017, foi editada a Lei n. 13.491, que ampliou


o rol (conceito) de crime militar, permitindo que crimes não previstos
no CPM sejam considerados crimes militares, se o fato se
enquadrar numa das situações previstas no art. 9º do CPM.

- Ampliação do conceito de crime militar.


- Crimes previstos no CPM e na legislação penal (comum).

2
Exemplos: Tortura (Lei 9.455/97), Abuso de Autoridade (Lei Afastando a tese da autora de que a apuração dos referidos crime
13.869/19 deveriam ser feita em inquérito policial civil e não em inquérito
policial militar. O Tribunal, por maioria, indeferiu a liminar por
Competência para apuração dos crimes dolosos contra a vida ausência de relevância na arguição de ofensa ao inc. IV, do § 1º, e
ao § 4º do art. 144 da CF, que atribuem à Polícia Federal e Civil, o
Quais são os crimes dolosos contra a vida no CPM? exercício das funções de polícia judiciária e a apuração das
 Homicídio simples infrações penais, exceto as militares. Considerou-se que o
Art. 205. Matar alguém: dispositivo impugnado não impede a instauração paralela de
Pena - reclusão, de 6 a 20 anos [...] inquérito policial civil [...]

 Provocação direta ou auxílio a suicídio Art. 32 ICCPM/BM n. 02/2014


Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suicidar-se, ou prestar-lhe Art. 32. A notícia de fato previsto como crime doloso contra a vida
auxílio para que o faça, vindo o suicídio consumar-se: (crimes contra a pessoa tipificados no CPM: art. 205 -homicídio
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos. consumado e tentado; art. 207 – provocação direta, indireta e auxílio
Obs: Com o advento da Lei n. 13.491/17, os crimes de infanticídio e a suicídio), praticado por militar em serviço ou agindo em razão da
aborto, também, podem ser considerados crimes militares, caso se função, contra civil, nos termos do § 2º do art. 82 do CPPM, será
enquadrarem em uma das hipóteses previstas no art. 9º do COM investigada pela Polícia Judiciária Militar, por intermédio de
Inquérito Policial Militar ou Auto de Prisão em Flagrante.
CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA DE CIVIL É CRIME
MILITAR??? § 1º - Deverão ser observados na PMMG, em todos os
DEVE SER INVESTIGADO PELA POLÍCIA JUDICIÁRIA casos, as orientações específicas desta instrução, que
MILITAR??? regulamentam as Comissões de Acompanhamento e Controle da
“Disso decorre que se um militar da Polícia Militar matar Letalidade e do Uso da Força na Unidade.
dolosamente, em serviço, um civil, haverá subsunção do fato ao art. § 2º - Os militares envolvidos diretamente em ocorrências
205, combinado com a alínea “c” do inciso II do art. 9º, tudo do com resultado letal deverão ser afastados temporariamente do
CPM. Embora deva ser feito o inquérito policial militar - justamente serviço operacional e encaminhados, de imediato, ao serviço
porque o crime é militar (se praticado em hipótese do art. 9º do CPM psicológico.
e por imposição do § 2º do art. 82 do CPPM), o processo e o
julgamento seguirão pelo Tribunal do Júri, com respaldo do art. 125, Competência da Polícia Judiciária Militar – PJM (art. 8º, do
§ 4º, da Constituição Federal de 1988.” CPPM)
b) Prestar informações aos juízes e promotores (Justiça Militar)
Crimes dolosos contra a vida de civil  Necessárias à instrução e julgamento. Exemplo: escalas de
§2° Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a serviço, extratos de registros funcionais, credenciamento etc.
Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à  Cumprir as diligências requisitadas - cumprir os MBA, realizar
justiça comum. (Parágrafo incluído pela Lei n. 9.299, de 7.8.1996) interceptação telefônica.

OBS.: a lei n. 13.491/17 não revogou o preceito acima trazido pela c) Cumprir os mandados de prisão expedidos pela justiça militar.
lei n. 9.299/96.  Envolvendo prática de crime militar.

STF ADI 1494 MC / DF – DISTRITO FEDERAL d) Representar as autoridades judiciárias militares acerca da:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE –  Prisão preventiva -(art. 254-CPPM).
CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA, PRATICADOS CONTRA Insanidade mental do indiciado - (art. 156, § 2º - CPPM).
CIVIL, POR MILITARES E POLICIAIS MILITARES - CPPM, ART.
82, § 2º, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9299/96 - e) Cumprir as determinações da justiça militar relativas aos presos
INVESTIGAÇÃO PENAL EM SEDE DE I.P.M. - APARENTE sob sua guarda.
VALIDADE CONSTITUCIONAL DA NORMA LEGAL - VOTOS  Resolução n. 4092/10-CG.
VENCIDOS - MEDIDA LIMINAR INDEFERIDA. O Pleno do  O Comandante da Unidade militar prisional é o diretor do presídio.
Supremo Tribunal Federal - vencidos os Ministros CELSO DE
MELLO (Relator), MAURÍCIO CORRÊA, ILMAR GALVÃO e f) Solicitar das autoridades civis as informações e medidas que
SEPÚLVEDA PERTENCE - entendeu que a norma inscrita no art. julgar úteis à elucidação dos crime militares:
82, § 2º, do CPPM, na redação dada pela Lei nº 9299/96, reveste-se  Certidões.
de aparente validade constitucional.  Imagens.
Decisão  Dados Bancários.
Por maioria de votos, o Tribunal indeferiu o pedido de medida
liminar, vencidos os Ministros Celso de Mello (Relator), Maurício g) Requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as
Corrêa, Ilmar Galvão e Presidente (Min. Sepúlveda Pertence). pesquisas e exames necessárias ao IPM:
Plenário, 09.4.97.  Vistorias.
 Exame de Corpo de delito.
Posição do TJMMG HC 1299 2001 - o feito trata-se de HC
impetrado pela PCMG para trancar o IPM h) Atender a pedido de apresentação de militar ou funcionário de
Habeas corpus. Trancamento de IPM. Pedido de concessão de repartição militar à autoridade civil competente.
liminar. Nega-se a concessão de liminar quando o pedido é  Com observância dos regulamentos militares, e desde que:
destituído de fundamentação. A notícia de um fato de homicídio não a) pedidos fundamentados.
pode, tecnicamente, ser predefinido como criminoso, como doloso b) e com amparo legal.
ou culposo. Daí, ocorrido o fato que, em tese, seja crime militar,
cabe à Polícia Militar instaurar IPM, nos termos do art. 82, § 2º, do Unidade IV
CPPM, com a redação dada pela lei n. 9299/96. O IPM será
encaminhando à justiça Militar, que o remeterá à Justiça Comum DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
quando o fato apurado constituir, em tese, o crime de que trata o art.
81,§ 2º, do CPPM. Decisão preliminar unânime. E, no mérito, O IPM é um procedimento administrativo que se destina à apuração
majoritária. de fatos que possam constituir crimes militares, previstos no art.
Código de Processo Penal Militar Anotado. Jorge César de Assis, 9°do Código Penal Militar (CPM), bem como as suas autorias.
Editora Juruá, 2020, paginas 215/216
No inquérito são obtidos os elementos que servirão de base para a
Então, por que é comum a instauração de IPM e IP (comum) promoção adequada do Ministério Público, a exemplo do
paralelamente? oferecimento de denúncia e da promoção de arquivamento.
Vide posição do STF na citada ADIN . 1494-MC/DF
Crimes dolosos contra a vida. Inquérito. Julgada medida cautelar em Conceito
ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Associação dos (art. 9º - CPPM) É a apuração sumária de fato que, nos termos
Delegados de Polícia do Brasil – ADEPOL, contra a lei 9299/96, que legais, configure crime militar e de sua autoria.
ao dar nova redação ao art. 82 do CPPM, determina que “nos
crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Finalidade (art. 9º - CPPM)
Militar, encaminhará os autos de inquérito policial à justiça comum”.

3
É uma instrução provisória, com a finalidade de colher os elementos inqualificada sejam, ao menos parcialmente procedentes, instaura-
necessários à propositura da ação penal, fornecendo ao titular da se inquérito.
ação penal – o Ministério Público Militar – elementos seguros para o O mesmo ocorre no direito processual penal militar (LI, RIP).
oferecimento da denúncia.
INDICIADO OU INVESTIGADO?
Investigado: é o militar em relação ao qual há frágeis indícios, ou
Conceito seja, há mero juízo de possibilidade de autoria. Não foi indiciado,
Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, formalmente, no IPM, por meio do respectivo termo de indiciamento
nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o ou no próprio Relatório do IPM.
caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de Indiciado: é o militar que tem contra si indícios convergentes que o
ministrar elementos necessários à propositura da ação penal. apontam como provável autor da infração penal militar, isto é, há
O IPM visa apurar qualquer crime militar, exceto deserção e juízo de probabilidade de autoria.
insubmissão, desde que não tenha havido prisão em flagrante. Indiciamento: é o juízo de valor da Autoridade de Polícia Judiciária
Militar sobre determinada infração penal militar atribuindo-a ao
Destinatário do IPM investigado que, a partir desse momento, passa a figurar a condição
Como instrução provisória, preparatória e informativa, sua finalidade de indiciado.
precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da
ação penal. (art. 9º - CPPM). DESIGNAÇÃO DO ENCARREGADO
Destinatário IMEDIATO: Ministério Público. A designação de Encarregado do IPM será feita na “Portaria de
Destinatário MEDIATO: O juiz (juiz-auditor - juiz de direito do juízo Instauração” da autoridade nomeante, recaindo, sempre que
militar ou Conselho de Justiça Permanente ou Especial). possível, sobre Oficial de posto não inferior a Capitão ou Capitão-
Tenente, observando-se o contido no art. 15 do CPPM.
SUFICIÊNCIA DO APF Havendo necessidade de substituição do Encarregado, no curso
Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o das investigações, esta será feita por meio de nova portaria da
auto de prisão em flagrante delito (APF) substituirá o inquérito, autoridade nomeante, na qual deverá conter a motivação do ato.
dispensando outras diligências, salvo o exame de corpo de delito no
crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e sua avaliação, Se, durante as investigações, o Encarregado verificar a existência
quando o seu valor influir na aplicação da pena, conforme art. 27 do de indícios contra Oficial mais antigo, emitirá um relatório parcial,
CPPM. apontando os fatos e documentos que apresentam indícios de ilícito
penal, bem como os envolvidos, sem realizar juízo de valor quanto à
DISPENSABILIDADE DO APF ação do mais antigo e remeterá os autos à autoridade originária, de
Assim como no inquérito policial do direito processual penal comum, acordo com art. 10, § 5°, do CPPM.
o inquérito militar poderá ser dispensado, e o artigo 28 do CPPM A autoridade originária, caso entenda não proceder o alegado
traz os três casos em que isso ocorrerá: indício, restituirá os autos por meio de despacho fundamentado,
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de determinando o prosseguimento do IPM ou nomeará outro
diligência requisitada pelo Ministério Público: Encarregado, se considerar conveniente.
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por
documentos ou outras provas materiais; DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou A designação do escrivão, caberá ao respectivo Encarregado do
publicação, cujo autor esteja identificado; IPM, caso não tenha sido efetuada pela autoridade originária na
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.” “Portaria de Instauração”, sendo a função exercida por um Oficial
(Desacato - Desobediência a decisão judicial) Subalterno, quando houver Oficial como indiciado, ou por Suboficial
ou Sargento nos demais casos (art. 11 do CPPM).
INÍCIO DO IPM: O escrivão designado prestará o compromisso legal, de acordo com
O IPM é iniciado mediante “Portaria de Instauração”, por uma das o art. 11, parágrafo único do CPPM, e lavrará o competente “Termo
situações mencionadas no art. 10 do CPPM, tão logo tenha de Compromisso”.
conhecimento do fato a ser apurado, que deva ser esclarecido.
CARÁTER SIGILOSO DO IPM
Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria: O IPM tem caráter sigiloso, nos termos do art. 16 do CPPM. Este
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou sigilo não poderá ser oposto ao advogado do indiciado, salvo no que
comando haja ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do concerne aos elementos de prova ainda não documentados no
infrator; procedimento, de acordo com o enunciado da Súmula Vinculante n.
b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, 14, do Supremo Tribunal Federal e do inciso XIV do art. 7º da Lei n.
que, em caso de urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou 8.906/94 (Estatuto da OAB).
radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público; A nova Lei dos Crimes de ABUSO DE AUTORIDADE, Lei
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25; 13.869/19, NÃO possui mais previsão de responsabilização da
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a autoridade militar que deixar de cumprir o disposto na Lei 8.906/94
represente, ou em virtude de representação devidamente autorizada (Estatuto da OAB), contudo, a Lei 13.869/19 acrescentou, em seu
de quem tenha conhecimento de infração penal, cuja repressão art. 43, o art. 7º-B à Lei 8.906/94, criminalizando a violação de
caiba à Justiça Militar; direito ou prerrogativa do advogado.
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado
resulte indício da existência de infração penal militar. previstos nos incisos II, III,IV e V do caput do art. 7º desta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
NOTÍCIA-CRIME (Notitia Criminis):
a) Notitia Criminis de Cognição: imediata, mediata ou ORDEM DE OITIVAS
coercitiva. O Encarregado deverá, preferencialmente, ouvir a(s) testemunha(s),
A notitia criminis será imediata (ou Espontânea) quando a própria em seguida, o(s) ofendido(s), e, por último, o(s) indiciado(s).
instituição militar toma conhecimento do crime militar e instaura a
inquisa. Por outro lado, será mediata quando alguém, fora da TERMO DA OITIVA
instituição militar comunica à instituição a ocorrência de um crime a) O ofendido ouvido em “Termo de Inquirição”.
militar. A notitia criminis coercitiva, que se dará quando alguém for b) O indiciado ouvido em “Termo de Interrogatório”.
preso em flagrante. c) A testemunha ouvida em “Termo de Inquirição”.
Obs: A requisição de instauração do IPM se dará pelo MPM. Já
quanto a Justiça Militar, esta não poderá requisitar a instauração de AUDIÇÃO DE TESTEMUNHAS
IPM, ou seja, nem o juiz e nem o STM poderão requisitar a Deveres das Testemunhas:
instauração de IPM. a) Comparecer para depor (art. 350 do CPPM).
b) prestar depoimento (art. 354 do CPPM).
b) Notitia Criminis Inqualificada (“Denúncia Anônima”): c) Prestar o compromisso de dizer a verdade (art. 352 do
No direito processual penal comum não se permite a instauração CPPM). Se mentir – calar – ou negar a verdade, comete crime (art.
mediata de inquérito, mas permite-se em primeiro a VPI (verificação 346 do CPM).
da procedência das informações), e caso as informações da notitia
Dispensadas de comparecer em juízo:

4
AUTORIDADES: senador, deputado, juiz, deputado e, também, o No que se refere aos prazos, em tempos de paz, se o indiciado
militar superior/mais antigo que o Encarregado do IPM (art. 149 do estiver preso, o IPM deve durar no máximo 20 (vinte) dias, e se
MAPPA). estando solto, 40 (quarenta) dias, prorrogáveis uma vez por mais 20
(vinte) dias, decisão esta que será tomada pelo próprio comandante
Proibidas de depor: militar (CPPM, art. 20).
a) Pessoas que devem guardar segredo, em razão de Função Outras prorrogações podem ser efetuadas, desde que por ordem
/Ministério / Ofício / Profissão. EXCEPCIONALMENTE, poderão judicial.
depor se desobrigadas pela parte interessada e quiserem dar o seu O Encarregado de IPM, ao solicitar prorrogação de prazo para
testemunho. conclusão, deve fazer constar na solicitação um ligeiro histórico do
fato que motivou a abertura do inquérito, das diligências
Desobrigadas de depor: empreendidas e da necessidade de prorrogação, para
a) Ascendente/descendente, afim em linha reta, cônjuge, ainda que conhecimento da autoridade nomeante.
desquitado, irmão do acusado, bem como, pessoa que, com ele, Essas informações constituem-se em elementos essenciais à
tenha vínculo de adoção. justificação prevista no § 2° do art. 20 do CPPM.

Descompromissadas: Se o militar investigado/indiciado for preso no curso do IPM, sendo o


a) CADI - Se não houver outra opção, (excepcionalmente, devem prazo restante superior a 20 dias, prevalecerá o prazo contido no
depor ); parágrafo anterior, se inferior, conta-se o prazo restante.
b) doentes ou deficientes mentais; No IPM em que seja necessário proceder a exames e perícias,
c) menor de 14 anos. especialmente, o de corpo de delito complementar, a fim de
caracterizar a gravidade do crime, o Encarregado deverá finalizar a
As testemunhas deverão ser ouvidas no período compreendido investigação com as respectivas provas periciais.
entre 07h00min e 18h00min (art. 19 do CPPM). Salvo, em caso
urgência inadiável (constar no termo). Não sendo possível a juntada dos exames até o encerramento do
prazo estabelecido art. 20, § 1º, do CPPM, deverá ser solicitada a
 Não poderá ser ouvida por mais de quatro horas consecutivas, dilação do prazo junto à JME.
sendo-lhe facultado descanso de meia hora. Idêntica providência deverá ser observada, quando for necessário
realizar a busca de outras provas e oitivas importantes para a
 A expressão “aos costumes disse nada”. correta e segura elucidação do fato, que, por motivo justo, não
puderam ser coletadas dentro do prazo legal.
 Selecionar as testemunhas que, efetivamente, conheçam
sobre o fato. DEVOLUÇÃO DE AUTOS
Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a
 No IPM não há limite no número de testemunhas. autoridade policial militar, a não ser:
I. mediante requisição do Ministério Público (art. 129, inciso
 Não será permitida a manifestação de suas apreciações VIII, da CF/88), para diligências por ele consideradas
pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato (art. 357 imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
do CPPM). II. por determinação do juiz, antes da denúncia, para o
preenchimento de formalidades previstas neste Código, ou para
 Constar no termo da maneira mais semelhante possível à forma complemento de prova que julgue necessária.
verbalizada pelo depoente (art. 154 do MAPPA). Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não
excedente de 20 dias, para a restituição dos autos.
 Informações comprometedoras, deverá o Encarregado, após
certificar-se com o depoente se confirma os dizeres, chamar duas RELATÓRIO
testemunhas que ouvirão a leitura do ato e o assinarão (art. 155 do Terminado o IPM, o Encarregado, autoridade originária ou
MAPPA). delegado, emitirá um “Relatório” constituído de três partes:
• Primeira conterá o objetivo do IPM com pequeno histórico dos
 São numeradas pela ordem das oitivas (Primeira Testemunha, fatos;
Segunda Testemunha). • Segunda terá um capítulo destinado às diligências realizadas e
aos resultados obtidos e um capítulo destinado a elencar as provas
INTERROGATÓRIO DO INVESTIGADO/INDICIADO que fundamentam a análise dos fatos;
 É um ato individual. • Terceira parte em que, com base nas provas elencadas, e citando-
 É dividido em duas partes: as concluirá sobre como se deram os fatos investigados,
1) Qualificação. respondendo:
2) Sobre o fato (direito ao silêncio – art. 305 CPPM). O CPPM
apresenta um rol exemplificativo de perguntas (art. 306) 1. o que aconteceu?
Obs: se o interrogado ficar calado, deve-se fazer e registrar todas as 2. quem participou ou presenciou?
perguntas. Vide art. 15, Parágrafo único, incisos I e II, da Lei 3. contra quem foi feito?
13869/19, que versa sobre os Crimes de Abuso de Autoridade. 4. quando ocorreu?
5. onde ocorreu?
CONFISSÃO DO INVESTIGADO/INDICIADO 6. como ocorreu?
Requisitos da confissão. 7. por qual razão ocorreu?
a) ser feita perante autoridade competente. 8. com auxílio de quem?
b) ser livre, espontânea e expressa. 9. quais as normas não penais eventualmente violadas.
c) versar sobre o fato principal.
d) ser verossímil. Deverá também concluir sobre ter havido ou não crime militar, ou
e) ter compatibilidade e concordância com as demais provas do transgressão/contravenção disciplinar, não havendo necessidade de
processo. tipificar a conduta, nem havendo óbice a que o faça.
f) Não encerre sua apuração, porque houve uma confissão. A Ainda, se manifestará sobre a necessidade de ser decretada a
confissão é retratável e divisível (art. 309 – CPPM). prisão preventiva, conforme o arts. 22 do CPPM e art, 254 e 255 do
mesmo diploma legal.
LEI 13869/19 - CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE: Os autos do IPM serão remetidos à autoridade originária por meio
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, de ofício de remessa.
em razão de função, ministério, ofício ou profissão (pessoas
proibidas de depor), deva guardar segredo ou resguardar sigilo: SOLUÇÃO
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. A autoridade originária examinará as conclusões expostas
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o no “Relatório”, pelo Encarregado, e decidirá, por meio de “Solução”.
interrogatório: Ou seja, a autoridade de polícia judiciária militar que instaurou o
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou IPM, enviará o IPM para a autoridade delegante, para que
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou homologue ou não a solução apresentada, para que adote as
defensor público, sem a presença de seu patrono. providências necessárias para a instauração de processo
administrativo disciplinar militar, na hipótese de restarem indícios de
PRAZOS PARA CONCLUSÃO E PRORROGAÇÃO

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transgressão disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar Ou seja, o início da ação penal depende da sua classificação,
necessárias. podendo ser iniciada pelo Ministério Público ou pelo particular, por
A autoridade delegante poderá, nos termos do §2º do art. meio de advogado ou da Defensoria Pública.
22 do CPPM, em discordando da solução dada ao IPM pela
autoridade delegada, avocar para dar solução diversa.
A avocação é providência extraordinária, só se
justificando quando se fizer de forma fundamentada, não devendo
ser suprimida dos autos nem modificada a solução de que se
discorde.
Quando ficar constatado que o fato apurado constitui
transgressão/contravenção disciplinar, não tipificada como crime
militar, ou que, além da conduta considerada crime militar, foi
constatada a existência de transgressão/contravenção disciplinar, a
autoridade nomeante fará constar tal circunstância na Solução do
IPM e deverá adotar as providências necessárias para apuração do
fato. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
A solução de IPM é ato privativo da autoridade policial Ação Penal Pública incondicionada é aquela na qual o Ministério
judiciária militar, não se atendo à pessoa ocupante do cargo, mas Público não precisa de autorização de ninguém para oferecer a
sim à autoridade que dele advém. denúncia. Ou seja, na ação penal pública incondicionada não é
Quando a instauração decorrer de determinação de necessário que a vítima se manifeste no processo.
autoridade superior, caberá a esta homologar a “Solução” ou avocá- De modo que se o Ministério Público tiver conhecimento do delito e
la, dando outra diferente. elementos suficientes, poderá dar início à ação penal pública
A “Solução” dada por outrem, no impedimento, só é incondicionada desde já. Isso acontece porque os crimes sobre os
admitida em caso plenamente justificável, que, nela, deverá estar quais recaem a ação penal pública incondicionada têm, em regra,
explicado. como vítima a própria sociedade.
REMESSA DE IPM AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
Solucionado o IPM, a autoridade originária remeterá imediatamente Como saber se o crime é de ação penal pública incondicionada?
os autos do inquérito diretamente à AJME, acompanhados dos De acordo com o art. 100 do Código Penal, a ação penal pública
instrumentos desta, bem como todos os objetos que interessem à incondicionada é a regra no nosso ordenamento jurídico. Vejamos o
sua prova, informando, ainda, acerca das diligências que não dispositivo mencionado:
puderam ser concluídas. Art. 100 – A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente
Mesmo quando ficar constatado que o fato, não caracteriza crime a declara privativa do ofendido.
militar, a autoridade nomeante deverá encaminhar o IPM à AJME,
pois o arquivamento só poderá ser feito judicialmente, mediante Como saber se o crime é de ação penal pública incondicionada?
pedido do MP (art. 24 do CPPM). Quando o dispositivo penal que prevê o crime não constar
expressamente que o crime é de ação penal pública condicionada à
Unidade V representação da vítima ou que é de ação penal privada, estaremos
diante de um crime que será processado por uma ação penal
DA AÇÃO PENAL pública incondicionada à representação da vítima.
CONCEITO
Ação penal consiste no direito de se exigir ou pedir a tutela Princípios da Ação Penal Pública Incondicionada:
jurisdicional do Estado, tendo como objetivo a resolução de um  Princípio da Oficialidade = consiste na atribuição de promover a
conflito decorrente de um fato concreto. ação penal às instituições estatais (Ministério Público).
É o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do Direito Penal  Princípio da Obrigatoriedade = traz o dever (obrigatoriedade) ao
Militar objetivo. É o direito de invocar-se o Poder Judiciário para Ministério Público de promover a ação penal pública incondicionada
aplicar o Direito Pena objetivo ao caso concreto” (ASSIS, pág. 85). à representação da vítima.
 Princípio da Indisponibilidade = uma vez oferecida a ação penal
De maneira resumida, a ação penal é um direito autônomo, pública incondicionada, o Ministério Público não poderá desistir
abstrato, subjetivo e público. (dispor) dela.
 AUTÔNOMO = Pois o autor satisfaz sua pretensão.  Princípio da Intranscendência = A ação penal só pode ser
 ABSTRATO = Pois independe do resultado do processo. proposta contra o autor do delito.
 SUBJETIVO = Porque o titular do direito pode ou não exigir do  Princípio da Indivisibilidade (divisibilidade) = A ação pública
Estado a prestação de sua função jurisdicional. incondicionada não poderia ser dividida e proposta contra apenas
 PÚBLICO = Porque a prestação jurisdicional é de natureza um ou parte dos autores do delito.
pública.
Ação Penal Pública Condicionada à Representação:
Ação Penal é dividida em pública ou privada. Diferente da ação penal pública incondicionada, a condicionada
 Privada quando é promovida pela pessoa que foi precisa da participação da vítima para sua proposição da Ação
ofendida, que pede a punição do ofensor, porque o bem violado é Penal pelo Ministério Público. Essa participação da vítima é
exclusivamente dela. chamada de representação, a qual uma vez dada, será irretratável.
 Pública quando os crimes têm reflexos na sociedade, por Observe que a representação nada mais é do que uma
isso o próprio Estado tem interesse na sua punição e repressão. “autorização” da vítima ao Ministério Público para que o autor do
delito seja processado.
Classificação da ação penal: Observação: A legitimidade da ação penal continua sendo do MP,
Como mencionado, ela pode ser pública e privada, dependendo de tanto é que seu nome continua sendo Ação Penal Pública. Ela é
como a infração foi cometida. Mas, além desses dois modelos de apenas condicionada à representação da vítima.
base, existem os seguintes tipos: RETRATAÇÃO: a representação é retratável até a apresentação da
 Ação Penal Pública Incondicionada; denúncia - Dentro do prazo decadencial, a representação pode ser
 Pública Condicionada à Representação; novamente oferecida (retratação da retratação).
 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição;
 Privada Exclusiva; Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do MJ:
 Privada Subsidiária da Pública; Analisada a conveniência política da ação penal. Ocorre quando
 Ação Penal Privada Personalíssima. estrangeiro comete crime contra brasileiro fora do país (CP, 7º §3º
b), ou quando cometido crime contra a honra do Presidente da
Quem pode propor uma ação penal: República ou chefe de governo estrangeiro - Não vincula o
Pode ser iniciada pelo Ministério Público ou pelo particular. São, Ministério Público.
portanto, peças fundamentais para a deflagração de um processo e
o cumprimento do dever do Estado, em analisar e punir Ação Penal Privada
corretamente as infrações cometidas aos setores públicos e Inicialmente, cabe ressaltar que os crimes que comportam
privados. a ação penal privada são de interesse eminentemente particular,
não existindo motivos para que o Estado tome para si o dever de
processar o criminoso.

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O motivo da existência desse instituto é para que se evite  Oficialidade: a ação se rege por impulso oficial do MP, que é um
o chamado escândalo do processo (streptus judicii), o qual pode órgão público, oficial.
causar à vítima um mal maior que o próprio delito.  Individualidade: havendo “vários” indiciados, o MP terá de
O ofendido quem decide se o criminoso será processado denunciar todos aqueles em relação aos quais se convenceu da
ou não. Portanto, ao invés da ação penal ser proposta pelo autoria.
ministério público, ela o será pelo ofendido por meio de um  Legalidade: a ação penal militar se desenvolve com base na lei, e
advogado. independe da vontade das partes.
A vítima deverá buscar um advogado para que ele  Indisponibilidade: o MP não pode transigir nem desistir da ação
proponha a ação penal privada por meio de uma queixa-crime, que penal ajuizada (art. 32 do CPPM). Exceção: suspensão condicional
é o equivalente à denúncia proposta pelo Ministério Público nas do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95).
ações penais públicas. Depois de proposta a queixa-crime, se inicia  Obrigatoriedade: existindo prova do fato criminoso e indícios de
a ação penal privada. autoria, o MP é obrigado a oferecer a denúncia (art. 30 do CPPM).
 Exceção: transação penal (art. 76 da lei n.9.099/95). Se, depois
Espécies de ação penal privada: de oferecida a denúncia, o promotor entender que não existem
Ação Penal Privada Exclusiva = É a ação que pode ser elementos suficientes para pedir a condenação, ele pode opinar
proposta pela vítima ou seu representante legal. pela absolvição do acusado (art. 54. Parágrafo único, do CPPM)
Ação Penal Privada Personalíssima = Na personalíssima, Espécies de Ação Penal no Processo Penal Militar
a ação só pode ser movida pela vítima, sendo que, caso venha a Ação Penal Pública Condicionada À Requisição Do Ministro - art.
óbito, outros não poderão exercê-lo em seu lugar. O único exemplo 122 do CPM e art. 31 do CPPM.
é o art. 236 do CPP: Induzimento a erro essencial e ocultação de Crimes contra a segurança externa do Brasil.
impedimento.
art. 236 – Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento  É um direito fundamental - art. 5, inciso LIX, da CF/88.
anterior:  Só é cabível se o MP não oferece a denúncia no prazo legal, ou
Parágrafo único – A ação penal depende de queixa do contraente seja, a ação penal pública não foi intentada no prazo legal.
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em  O CPPM não dispõe de dispositivos que regulam a ação penal
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o privada subsidiária da pública. Neste caso, aplica-se o art. 3º, letra
casamento. “a” do CPPM (suprimento dos casos omissos).

Ação Penal Privada Subsidiária da Pública = Essa é a possibilidade Prescrição da Ação Penal Militar:
de o ofendido tomar o lugar do Ministério Público quando a Conceito:
instituição se demonstrar inerte. No Direito Penal Militar, a prescrição é a perda do direito de punir do
Em sua origem tratava-se de uma ação penal pública, no entanto, Estado pelo seu não exercício em determinado lapso de tempo.
ocorrendo a inércia do Ministério Público (cinco dias para acusado O Estado perde o "jus puniendi" (direito de punir) antes de transitar
preso ou quinze dias para acusado solto), Art. 5º, LIX, CF/88, a em julgado a sentença, em decorrência do decurso de tempo, entre
vítima poderá contratar um advogado e propor uma ação penal a prática do crime e a sentença penal condenatória transitada em
privada subsidiária da pública. julgado.

A ação penal privada subsidiária pública é proposta pelo titular da Regulação:


ação penal privada exclusiva, através de uma queixa – crime Art. 125 (do CPM). A prescrição da ação penal, salvo o disposto no
subsidiária, ocorrendo a inércia do direito de ação do Ministério § 1º deste artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de
Público (cinco dias para acusado preso ou quinze dias para liberdade cominada ao crime, verificando-se:
acusado solto), Art. 5º, LIX, CF/88. I.- 30 anos, se a pena é de morte;
Prazo decadencial de seis meses, a serem contados a partir do dia II.- 20 anos, se é superior a 12;
posterior ao término do prazo para o Ministério Público apresentar a III.- 16 anos, se é superior a 8 e não excede a 12; IV - 12 anos, se é
denúncia. superior a 4 e não excede a 8;
V - 8 anos, se é superior a 2 e não excede a 4;
Princípios da Ação Penal Privada: VI.- 4 anos, se é igual a 1 ano ou, sendo superior, não excede 2;
Princípio da disponibilidade: Este princípio dá ao querelante a VII.- 2, se o máximo da pena é inferior a 1 ano.
possibilidade de dispor da ação penal privada que propôs, podendo
desistir dela por dois meios, são eles: Termo inicial da prescrição da ação penal:
 O perdão Art. 125, § 2º, do CPM – A prescrição da ação penal começa a
 Abandono (perempção) correr:
a) do dia em que o crime se consumou;
Princípio da Indivisibilidade: Este princípio norteia que a vítima não b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
pode dividir a ação penal e oferecê-la contra apenas um dos autores c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
do delito. Se oferecer a ação penal privada contra um, esta engloba d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se tornou
todos. O mesmo ocorrendo com o perdão. conhecido.

Princípio da Conveniência: Esse princípio norteia que a vítima não é Termo inicial da prescrição da ação penal:
obrigada a oferecer a ação penal privada contra os autores do Caso de concurso de crimes ou de crime continuado
delito. Sendo uma questão de conveniência se o faz ou não. O que § 3º No caso de concurso de crimes ou de crime continuado, a
difere do princípio da ação penal pública, onde o promotor é prescrição é referida, não à pena unificada, mas à de cada crime
obrigado a oferecer a denúncia. considerado isoladamente.

Princípio da Intranscendência: A ação penal privada é proposta Unidade VI


apenas contra o autor do delito, não podendo seus recair sobre
ascendentes, descendentes ou pessoas que não tiveram DOS ATOS PROBATÓRIOS
participação no delito.
PROVA
Espécies de Ação Penal no Processo Penal Militar: Conceito: Nos dizeres de Grinover, Cintra e Dinamarco, PROVA, no
 Pública Incondicionada (art. 121 do CPM e art. 29 do CPM). sentido processual, constitui o “instrumento por meio do qual se
 Pública Condicionada à Requisição do Ministro (art. 122 do CPM forma a convicção do juiz a respeito da ocorrência ou inocorrência
e art. 31 do CPPM). dos fatos controvertidos no processo”, é, como diziam as
 Privada Subsidiária da Pública - art. 5º, LIX, CF/88. Ordenações Filipinas “o farol que deve guiar o juiz nas suas
decisões”.
Ação Penal Pública Incondicionada (Regra): É o conjunto de atos praticados pelas partes, pelo juiz e por
 A ação penal militar somente pode ser intentada pelo MP (CF, art. terceiros, destinados a levar ao magistrado a convicção acerca da
129, I), ressalvada a hipótese de ação privada subsidiária da pública existência ou inexistência de um fato, da falsidade ou veracidade de
(CF, art. 5º, LIX). uma afirmação.
 Titular: MP
Finalidade: A finalidade da prova é a demonstração lógica da
Princípios que Regem a Ação Penal Militar: realidade com único objetivo de gerar, no magistrado, a certeza em

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relação aos fatos discorridos e alegados, fazendo o seu fim ser a
produção do convencimento do juiz no que diz respeito à verdade
processual, sendo a verdade tangível de ser alcançada no
processo, conforme a realidade ou não.

DOS ATOS PROBATÓRIOS NO CPPM (Arts. 294-384 do CPPM)

Observância no inquérito policial militar.


Antes do estudo dos atos probatórios em espécie, deve-se ter em
mente que, por expressa previsão do art. 301 do CPPM, serão
observadas no inquérito as disposições referentes às testemunhas e
sua acareação, ao reconhecimento de pessoas e coisas, aos atos
periciais e a documentos, previstas neste Título, bem como
quaisquer outras que tenham pertinência com a apuração do fato
delituoso e sua autoria.

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Admissibilidade do tipo de prova - art. 295 do CPPM. - provar que 22 horas é noite.
Admite-se qualquer espécie de prova. Exceto prova que atente
contra a: b) Presunções legais absolutas:
1) Moral. - a menoridade penal.
2) Saúde. - a idade da vítima (menor de 14 anos).
3) Segurança individual ou coletiva. - o parentesco na escusa absolutória.
4) Hierarquia ou disciplina.
c) os fatos impossíveis:
Para verificar a possibilidade de haver sido a infração praticada de - A arma no coldre disparou sozinha.
determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder à - o réu foi abduzido no momento do crime.
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a d) fatos irrelevantes ou impertinentes:
disciplina militar. (art. 13, P. único - Reconstituição dos fatos) - desertor nos EUA.
- os antecedentes da vítima de furto
Admissibilidade do tipo de prova
Art. 5º, LVI (CF) – são inadmissíveis, no processo, as Inversão do ônus da prova - art. 296, §1º, do CPPM.
provas obtidas por meios ilícitos. Nesse sentido, também, prevê o § 1º Inverte-se o ônus de provar se a lei presume o fato até prova
art. art. 157 do Código de Processo Penal (CPP). em contrário.
Não há, no CPPM, a mesma previsão, contudo, POR SE
TRATAR DE UM DIREITO FUNDAMENTAL, APLICA-SE NO Princípio da não auto-incriminação - art. 296, §2º
PROCESSO PENAL MILITAR. § 2º Ninguém está obrigado a produzir prova que o incrimine, ou ao
A doutrina brasileira dominante sustenta a ADMISSÃO DA seu cônjuge, descendente, ascendente ou irmão.
PROVA ILÍCITA PRÓ RÉU, levando-se em consideração a
valorização da liberdade e da inocência do acusado, que poderá ser Meios de prova e Meios de obtenção de prova:
provada a qualquer custo, ainda que diante de prova ilícita e desde Meios de prova são as formas utilizadas pelas partes no
que o julgador avalie a necessidade, a adequação e a processo para o convencimento do juiz, que remontam à formação
proporcionalidade da aceitação da prova ilícita . do fato criminoso, isto é, à sucessão de acontecimentos,
(VIDE:https://mandi2005.jusbrasil.com.br/artigos/327692730/hipoteses-de-admissibilidade- demonstrada dentro uma linha cronológica, referente ao delito
das-provas-ilicitas-segundo-a-doutrina-brasileira).
cometido.
- PROVA ILÍCITA: são aquelas obtidas com infringência ao direito Esses elementos probatórios servirão de base para a
material, seja constitucional ou legal, no momento da sua obtenção decisão que será tomada pelo magistrado, podendo citar como
(confissão mediante tortura). Impõe-se observar que a noção de exemplos a prova testemunhal, documental, pericial, etc
prova ilícita está diretamente vinculada com o momento da Desta forma, os meios de prova são considerados como a
obtenção da prova (não com o momento da sua produção, dentro prova em si, aquela produzida para remontar a dinâmica de
do processo). determinada infração penal.
Ex: interceptação telefônica clandestina, apreender uma Meios de obtenção de prova são aqueles que objetivam
correspondência no interior de um domicílio, com entrada ilegal. adquirir a prova em si, servindo de instrumentos para o alcance da
mesma.
- PROVA ILEGÍTIMA: são as obtidas com desrespeito ao direito São exemplos de meios de prova a busca e apreensão,
processual, que viola regra de direito processual no momento de interceptação telefônica, etc.
sua produção em juízo (ou seja: no momento em que é produzida
no BUSCA DOMICILIAR – ART. 170 A 184 DO CPPM
processo). Conforme Eugênio Pacelli (2004, p. 431)
Ex: ouvir uma testemunha proibida de depor, inobservando o art. “trata-se, por certo, de medida de natureza eminentemente cautelar,
355 do CPPM. para acautelamento de material probatório, de coisa, de animais e
até de pessoas, que não estejam ao alcance, espontâneo, da
- PROVA ILÍCITA DERIVADA justiça”.
Teoria dos frutos da árvore envenenada - Origem - Suprema Corte
Americana - O vício da planta se estende a seus frutos. Art. 170 do CPPM – A busca poderá ser domiciliar ou pessoal.
Ex: A confissão obtida por tortura se estende (contamina) o material Art. 171 do CPPM - A busca domiciliar consistirá na procura
apreendido com base na informação do torturado. material portas adentro da casa (art. 5º, inciso XI, da CF/88).

Teoria dos frutos da árvore envenenada - Origem - Suprema Corte XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
Americana - O vício da planta se estende a seus frutos. penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
Ex: A confissão obtida por tortura se estende (contamina) o material flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
apreendido com base na informação do torturado. dia, por determinação judicial;
Art. 157 do CPP
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, Art. 172. Quando será realizada: - Fundadas razões a autorizarem,
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e para (finalidade):
outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte Prender criminosos: - flagrante – desertor – insubmisso –
independente das primeiras. mandado.
Apreender coisas obtidas por meios criminosos ou guardadas
ÔNUS DA PROVA - ART. 296 DO CPPM ilicitamente: - produto de crime – bens de receptação.
Art. 296. O ônus da prova compete a quem alegar o fato, mas o juiz Apreender documentos de falsificação ou contrafação: -
poderá, no curso da instrução criminal ou antes de proferir Falsificação: cria algo novo. - contrafação: faz imitação.
sentença, determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre Apreender armas e munições e instrumentos utilizados na prática
ponto relevante. Realizada a diligência, sobre ela serão ouvidas as de crime ou destinados a fim delituoso: - revólver – pistola –chave
partes, para dizerem nos autos, dentro em quarenta e oito horas, mixa – machado – martelo – munição – etc.
contadas da intimação, por despacho do juiz. Descobrir objetos necessários à prova da infração ou à defesa do
acusado: - roupa suja de sangue – computador – caderno do tráfico
Quando o CPPM refere que o ônus da prova cabe a quem alega, – etc.
dirige-se às parte do processo penal militar, ou seja, MP e réu. Apreender correspondência destinada ao acusado ou em seu
MP - caberá provar o que foi alegado na denúncia/acusação – a poder.
autoria, a materialidade, o elemento subjetivo (dolo/culpa), etc. Apreender pessoas vítimas de crime: - Vítima de sequestro ou
Réu - caberá provar (ou gerar dúvida razoável que o beneficie) cárcere privado.
que não foi o autor do fato criminoso, ou que agiu amparado por Colher elemento de convicção: - serve para formar o juízo acerca
uma excludente de ilicitude ou de culpabilidade, etc. do fato. Um fio de cabelo, uma mancha de sangue, etc.
OBS.: Prova de acusação - deve ser robusta. A dúvida favorece o
réu - “In dúbio pró réu” BUSCA PESSOAL – ART. 180 DO CPPM Art. 180.
A busca pessoal consistirá na procura material feita nas
Fatos que não necessitam de prova: vestes, pastas, malas e outros objetos que estejam com a pessoa
a) Fatos notórios revistada e, quando necessário, no próprio corpo.
- o desfile militar de 07 de setembro.

9
Assim como a busca domiciliar será feita portas adentro
da casa, a busca pessoal será realizada diretamente nas pessoas,
verificando-se suas vestes, pastas, malas, e outros objetos que
estejam como revistado, como exemplo, uma caixa ou uma sacola.

10
REVISTA PESSOAL – ART. 181 DO CPPM Prisão preventiva = é uma outra modalidade de prisão
Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fundado suspeita cautelar, que apesar de possuir o mesmo efeito prático da prisão
de que alguém oculte consigo: temporária, guarda poucas semelhanças com o instituto que
a) instrumento ou produto de crime; estudamos anteriormente.
b) elemento de prova..  A prisão preventiva não possui uma lei específica que a regule,
Observa-se que há uma distinção entre Busca Pessoal e Revista apenas o próprio CPP.
Pessoal, sendo esta uma atividade mais restrita, limitando-se à  A prisão preventiva pode ser decretada a qualquer tempo (ou
pessoa e as suas vestes e àquela é mais ampla e envolve, além da seja, tanto na fase investigativa quanto na fase processual).
pessoa e suas vestes, também, pastas, malas, caixas ou sacolas
que carregue consigo. Prisão domiciliar = incluída no CPP após a reforma
ocorrida em 2011, não se confunde com a medida cautelar de
UNIDADE VII recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga
quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixo.
DA PRISÃO E DA LIBERDADE PROVISÓRIA São institutos diferentes!
 Na prisão domiciliar, o indivíduo está apenas preso em um local
Requisitos Básicos diferente, só podendo ausentar-se de sua casa com autorização
Em primeiro lugar, é importante ressaltar o que fora os casos de judicial.
flagrante delito, uma prisão só pode ser realizada por ordem judicial  Note que a prisão domiciliar é uma espécie da prisão preventiva,
escrita e fundamentada. não sendo considerada uma nova modalidade de prisão cautelar,
Ou seja, para que alguém seja preso preventivamente, como ensina AURY LOPES JÚNIOR.
temporariamente, ou em decorrência do trânsito em julgado de sua
sentença condenatória (prisão pena), será absolutamente Prisão em Flagrante
necessária a apresentação de mandado de prisão emanado por  A prisão em flagrante é uma modalidade de prisão cautelar, de
autoridade judiciária competente. natureza administrativa, realizada no instante em que se desenvolve
ou que se termina de concluir a infração penal.(Guilherme Nucci).
Horário: a prisão em flagrante delito pode ser realizada a qualquer  O conceito acima é uma das mais conhecidas definições sobre o
momento (seja do dia ou da noite), afinal de contas, o poder público que é uma prisão em flagrante. Temos ainda o que diz o CPP:
deve atuar para cessar a conduta delitiva do agente. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
Já nos casos que necessitam de mandado de prisão, existem I – está cometendo a infração penal;
algumas limitações. Em regra, se o agente público se deparar com II – acaba de cometê-la;
um indivíduo para o qual existe mandado de prisão em aberto, III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
poderá proceder à sua prisão a qualquer hora do dia. qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
Se o indivíduo estiver em sua casa, temos as restrições relativas à infração;
inviolabilidade de domicílio. IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos
ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
MEDIDAS CAUTELARES X PRISÃO
Segundo o STF, medida cautelar é um procedimento que Natureza da prisão em flagrante = segundo a doutrina,
visa prevenir, conservar ou defender direitos. O nome, obviamente, tem uma natureza administrativa e de ato complexo.
deriva do termo cautela, e caracteriza um ato PREVENTIVO  Administrativa = visto que dispensa ordem judicial expressa e
decretado pelo Judiciário. fundamentada para sua efetivação.
A medida cautelar, portanto, é um gênero que abrange  Ato complexo = tendo em vista ser um ato administrativo na
diversas medidas diferentes a serem decretadas pelo poder origem mas que vem a ser judicializado.
Judiciário na defesa de determinados direitos.  Flagrante próprio, perfeito ou real = indivíduo está cometendo a
A prisão cautelar, portanto, é apenas uma de diversas infração penal ou acaba de cometê-la.
outras medidas que integram esse rol, sendo classificada como  Flagrante impróprio, imperfeito ou quase flagrante = indivíduo é
medida cautelar de natureza pessoal. perseguido em situação que faça presumir que ele é o autor do
Para o nosso legislador, encarcerar um indivíduo nem delito.
sempre é a solução necessária ou adequada para resguardar um  Flagrante ficto ou presumido = indivíduo é encontrado, logo
determinado bem jurídico, de modo que outras medidas cautelares depois, com instrumentos que façam presumir que ele é o autor da
podem ser tão ou mais eficientes do que a prisão. infração penal.
Esclarecido isso, vamos seguir em frente, agora
apresentando o conceito doutrinário de prisão: Flagrante preparado = ocorre quando o agente
Segundo Nucci, Prisão é a privação da liberdade, provocador induzo indivíduo a cometer uma infração penal, para
tolhendo-se o direito de ir e vir, através do recolhimento da pessoa depois prender.(crime impossível - Súmula 145/STF).
humana ao cárcere. - Ressalte-se ainda que, segundo o STJ, em sua súmula
567, a existência de sistema de vigilância composto por seguranças
Espécies de prisão ou por câmeras não torna impossível a configuração do crime de
1. Prisão Cautelar = Espécie de medida cautelar, e pode ser furto.
decretada antes do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. Também chamada de prisão provisória, processual ou Flagrante forjado = é aquele cuja materialidade foi
mesmo de prisão sem pena. inteiramente composta por terceiros. É um flagrante totalmente
2. Prisão Pena = Decretada ao condenado, após o trânsito artificial, uma verdadeira armação.
em julgado da sentença penal condenatória. Ou seja, não há mais
recurso, e só resta ao Estado submeter o indivíduo à execução da Flagrante esperado = também chamado de intervenção
pena cominada. predisposta da autoridade policial, diferentemente das duas
modalidades anteriores, é uma modalidade válida de flagrante.
Prisões Cautelares:
Os bens jurídicos estão em risco, e as medidas cautelares Flagrante diferido = também chamado de flagrante
diversas da prisão não são suficientes para que o Estado ofereça prorrogado, postergado ou de ação controlada. Nesse caso a
uma tutela adequada no caso concreto. infração penal está em andamento, e a polícia retarda a realização
Não resta alternativa senão privar o acusado de sua liberdade, da prisão,
antes mesmo da conclusão do processo. pois considera que há um momento melhor para obter mais
Existem três principais hipóteses legais que permitem informações sobre a prática delituosa. Este tipo de flagrante possui
essa privação de liberdade antecipa da: a prisão temporária, a previsão na Lei de drogas (n. 11.343) e na Lei de organizações
prisão em flagrante e a prisão preventiva. criminosas (n. 12.850). Na lei de drogas, exige-se a autorização
judicial prévia e a oitiva do MP para autorizar a realização do
Prisão Temporária = uma espécie de prisão cautelar, flagrante diferido. Já no caso da Lei n. 12.850, basta prévia
prevista na Lei n. 7.960/1989. Sua peculiaridade é a seguinte: A comunicação ao magistrado.
prisão temporária tem um vínculo com a INVESTIGAÇÃO realizada
pela polícia e por outros órgãos (como o MP, por exemplo). A regra, Prisão Pena
nas prisões temporárias, é que tal prisão tenha a duração de 5 dias,  A prisão pena é uma modalidade de sanção penal, e o início de
prorrogável por mais 5 dias, respeitados os ditames do art. 2º da lei. seu cumprimento está relacionado com a mudança do processo
para a sua fase de execução.

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 o STF entende que NÃO é possível o cumprimento antecipado da No Processo Penal Militar (CPPM, Art. 254), ela pode ser decretada
chamada prisão-pena (ou seja, da prisão em razão da condenação). pelo juiz de Direito Militar ou pelo Conselho de Justiça, de ofício, a
Liberdade Provisória requerimento do Ministério Público ou por representação do
 A liberdade provisória NÃO pode ser utilizada como argumento encarregado do IPM, dês que presentes os pressupostos e
para combater prisões ilegais e sim prisões LEGAIS consideradas requisitos exigidos pela lei processual penal militar.
DESNECESSÁRIAS.
 Quando presentes os pressupostos para a prisão preventiva ou  Concorrendo os requisitos seguintes:
temporária, o juiz poderá converter a prisão em flagrante em uma a) prova do fato delituoso;
dessas duas modalidades. Entretanto, via de regra o que deve ser b) indícios suficientes de autoria.
feito é conceder a liberdade provisória ao acusado!
 Casos de decretação.
PRISÕES PROVISÓRIAS NO CPPM a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
Prisão Provisória c) periculosidade do indiciado ou acusado;
Art. 220. Prisão provisória é a que ocorre durante o inquérito, ou no d) segurança da aplicação da lei penal militar;
curso do processo, antes da condenação definitiva. e) exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia
Espécies de prisão provisórias previstas no CPPM: e disciplina militares, quando ficarem ameaçados ou atingidos com
1) Prisão em flagrante - arts. 243-253. a
2) Prisão preventiva - arts. 254-261. liberdade do indiciado ou acusado.
3) Detenção do indiciado - art. 18.
4) Menagem - arts. 263-269. Desnecessidade da prisão.
5) Prisão do desertor - arts. 243 e 452. Art. 257. O juiz deixará de decretar a prisão preventiva, quando, por
6) Prisão do insubmisso - arts. 243 e 463, § 1º. qualquer circunstância evidente dos autos, ou pela profissão,
condições de vida ou interesse do indiciado ou acusado, presumir
Prisão em Flagrante que este não fuja, nem exerça influência em testemunha ou perito,
 A prisão em flagrante é uma prisão processual, cautelar, prisão nem impeça ou perturbe, de qualquer modo, a ação da justiça.
provisória, ou seja, não há sentença definitiva condenando o Modificação de condições
indivíduo ao cárcere ou a outra pena. Parágrafo único. Essa decisão poderá ser revogada a todo o tempo,
 Encontra amparo no próprio texto constitucional, especificamente desde que se modifique qualquer das condições previstas neste
no inciso LXI do art. 5º, mas deve sempre partir da ideia de que se artigo.
constitui em medida excepcional (Coimbra Neves, 2018).
Proibição
 SUPORTE LEGAL da prisão em flagrante: art. 243 do CPPM e Art. 258. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o
301 do CPP: Qualquer pessoa poderá e os militares deverão juiz verificar, pelas provas constantes dos autos, ter o agente
prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em praticado o fato nas condições dos arts. 35, 38, observado o
flagrante delito. disposto no art. 40, e dos arts. 39 e 42 do CPM.
 O art. 243 do CPPM evidencia, então, 03 (três) hipóteses de • Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade;
prisão sem ordem judicial em crimes militares: a do insubmisso (183 • Coação física ou material,
do CPM), a do desertor (187, ss, do CPM) e a decorrente do • Exclusão de crime:
flagrante delito.  Estado de necessidade;
 Legítima defesa;
Quem executa a PRISÃO EM FLAGRANTE DE MILITAR - art. 243  Estrito cumprimento do dever legal;
do CPPM:  Exercício regular de direito.
- Qualquer pessoa PODE...
- Os militares DEVEM... Detenção do Indiciado
EXECUTOR SUBORDINADO do PRESO: O art. 18 do CPPM, que possibilita a detenção do
1º) dá a voz de prisão. indiciado pelo encarregado de inquérito policial militar, sem a
2º) retém o superior (preso) no local. necessidade de ordem judicial e mesmo fora das situações de
3º) aciona um superior/mais antigo que o militar preso para fazer flagrante delito.
sua condução. Com natureza de prisão provisória (cautelar), o
dispositivo, datado da edição do Código de 1969, sofreu uma
Na ótica de Lima, 2020, na sistemática do CPPM/CPP, o flagrante redução considerável de sua aplicabilidade, em face do que dispõe
se divide em quatro momentos distintos: captura, condução o inciso LXI do art. 5º da Constituição Federal.
coercitiva, lavratura do APF e recolhimento à prisão. Diante desse cenário, segundo Jorge César de Assis, a
No primeiro momento, o agente encontrado em situação de detenção aqui explanada somente pode ser efetuada nos crimes
flagrância (CPPM, art. 244) é capturado, de forma a evitar que propriamente militares (ASSIS, 2020, p. 93).
continue a praticar o ato delituoso. A captura tem por função A mencionada detenção/prisão, como anteriormente
precípua resguardar a ordem pública, fazendo cessar a lesão que falado, é uma espécie de prisão provisória (cautelar) decretada pelo
estava sendo cometida ao bem jurídico pelo impedimento da encarregado do IPM, independentemente de flagrante delito ou
conduta ilícita. ordem de juiz, cujo prazo de duração é de 30 (trinta) dias, podendo
este ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias a critério da autoridade
 ESPÉCIES DE FLAGRANTE detentora das atribuições de Polícia Judiciária Militar.
1º) FLAGRANTE FACULTATIVO - art. 243, 1ª PARTE. = Qualquer Essa detenção pode ser decretada analogicamente nas seguintes
PESSOA e Não gera responsabilidade a omissão. situações (BRASILEIRO, 2013, p.863):
2º) FLAGRANTE COMPULSÓRIO OU OBRIGATÓRIO - art. 243, 2ª • Evitar a fuga do infrator;
PARTE. • Auxiliar na colheita de elementos informativos,
- Militares (e autoridades policiais – art. 301 do CPP). • Impedir a consumação do delito e para preservar a integridade
- Pode gerar responsabilidade ao omisso. física do preso.
- Dever legal.
ATENÇÃO!
O QUE FAZER APÓS A PRISÃO? Uma vez decretada a detenção, o encarregado do Inquérito Policial
Efetuada a prisão em flagrante, o militar preso deverá ser Militar deverá comunicar o fato imediatamente ao juiz a quem
imediatamente apresentado pelo condutor ao Comandante, ou ao caberá decidir acerca da manutenção ou não da prisão.
Oficial de Dia, ou à autoridade correspondente - art. 14 da ICC e art.
245 do CPPM. Diante o exposto, é cabível no ordenamento jurídico
Em regra, o condutor será quem deu a voz de prisão - art. 14,§ 1º, nacional a decretação da prisão na fase de Inquérito Policial pelo
da ICC. encarregado do IPM, desde que observados os limites
OBS: o REDS do crime militar é endereçado ao à Autoridade de constitucionais, fundamentando o ato, e respeitados os requisitos
Polícia Judiciária Militar competente para a lavratura do APF - art. inerentes a toda e qualquer decisão que objetive liberdade a
14, § 3º, da ICC. liberdade do militar/cidadão.

Prisão Preventiva ANOTE:


 Competência e requisitos para a decretação.

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Na legislação comum, atualmente, somente as Leis nº 7.960/89 e “Trata-se da apresentação do autuado preso em flagrante delito
12.850/2013 determinam o tempo de duração da prisão. perante um juiz, permitindo-lhes o contato pessoal, de modo a
A prisão temporária, por exemplo, deve durar até 5 dias, assegurar o respeito aos direitos fundamentais da pessoa
prorrogáveis por igual período. Nos delitos hediondos, esse prazo é submetida à prisão. Decorre da aplicação dos Tratados de Direitos
dilatado para 30 dias, também prorrogáveis pelo mesmo tempo. Humanos ratificados pelo Brasil”. (CNJ)
Menagem
 Competência e requisitos para a concessão RESOLUÇÃO n. 168 de 05/05/16 – TJMMG
Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes 1º) FUNDAMENTOS (considerandos):
cujo máximo da pena privativa da liberdade não exceda a quatro - Art. 7º, item 5, da Convenção Americana Sobre DUDH (Pacto de
anos, tendo-se, porém, em atenção a natureza do crime e os São José da Costa Rica), de 22/11/69:
antecedentes do acusado. “toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à
 Lugar da menagem. presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a
Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que exercer funções judiciais...”
residia quando ocorreu o crime ou seja sede do juízo que o estiver - O Brasil se submete à jurisdição da Corte Interamericana de
apurando, ou, atendido o seu posto ou graduação, em quartel, DUDH (Decreto n. 678, de 06/11/92)
navio, - A prisão é medida extrema e quando não comportar as medidas
acampamento, ou em estabelecimento ou sede de órgão militar. A cautelares diversas
menagem a civil (...). - A Resolução n. 213/15-CNJ

A menagem está prevista no Título XIII do CPPM, que 2º) APLICAÇÃO:


trata das medidas preventivas e assecuratórias, e se encontra - A resolução somente no âmbito da Justiça Militar de MG - art. 1º.
elencada juntamente com medidas cautelares (prisão em flagrante e
prisão preventiva) e de contracautela (liberdade provisória e 3º) COMUNICAÇÃO DA PRISÃO - art. 2º, §1º.
comparecimento espontâneo). - Em até 24 horas, contados DA PRIVAÇÃO DA LIBERDADE.
Vista, a princípio, como uma espécie de prisão provisória, - AO JUIZ.
a natureza jurídica da menagem não se exaure nessa acepção. - Como comunicar ?
Esse instituto ostenta outros contornos que levam a crer que ele  Encaminhando o APF - art. 2º, §1º, salvo, se for relaxada a prisão
também consiste em uma modalidade de liberdade provisória e, - art. 247, § 2º, CPPM.
como tal, configuraria um benefício processual.  Lavrado o APF, art. 2º, §2º, o preso passa à disposição do juiz,
Constitui uma providência de natureza cautelar alternativa que pode: relaxar a prisão ou conceder liberdade provisória.
à prisão provisória, isto é, aquela que ocorre durante o inquérito, ou
no curso do processo, antes da condenação definitiva (a prisão em 4º) PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DO PRESO AO JUIZ: art. 3º
flagrante, a prisão preventiva ou a detenção do indiciado por crime - Em até 24 horas, contados da COMUNICAÇÃO DA PRISÃO.
propriamente militar.) - Ao juiz competente - art. 7º:
Diante das peculiaridades que defluem daquela medida, a) o mesmo que conheceu o APF.
entendo, todavia, que a menagem é um instituto de direito b) fora do horário de expediente forense – juiz de plantão.
processual de dupla natureza jurídica: a uma, é prisão Obs: realizada a audiência pelo juiz de plantão, o feito (expediente)
provisória, sem os rigores do cárcere, que se assemelha a será encaminhado ao juiz que conheceu o APF (por distribuição).
prisão especial e que prefiro denominar menagem-prisão;
a duas, é modalidade de liberdade provisória que guarda 5º) SE O PRESO CONSTITUIR ADVOGADO (até o término do
estreita relação com a fiança do direito comum e que, por APF) art. 4º:
isso, prefiro denominar menagem-liberdade. (ROTH, - A autoridade de Polícia Judiciária militar NOTIFICA o advogado.
2004, grifo nosso) - Sobre a audiência.
- E consigna nos autos.
Casos de liberdade provisória
Art. 270. O indiciado ou acusado livrar-se-á solto no caso de 6º) MOTIVO (Por quê) - art. 3º:
infração - Para o preso ser ouvido sobre as circunstâncias em que se
a que não for cominada pena privativa de liberdade. realizou sua prisão.
 Parágrafo único. Poderá livrar-se solto: - Quais presos - art. 3º e art. 18): Em flagrante e os Decorrente de
a) no caso de infração culposa, salvo se compreendida entre as prisão cautelar ou definitiva.
previstas no Livro I, Título I, da Parte Especial, do Código Penal
Militar; 7º) Quem estará PRESENTE na AC - art. 12:
b) no caso de infração punida com pena de detenção não superior a - O juiz.
dois anos, salvo as previstas nos arts. 157, 160, 161, 162, 163, 164, - O MP.
166, 173, 176, 177, 178, 187, 192, 235, 299 e 302, do Código Penal - O defensor.
Militar. - O preso.
Obs: é vedada a presença dos responsáveis pela PRISÃO e
A concessão da Liberdade Provisória no Direito INVESTIGAÇÃO.
Processual Penal comum sempre obedeceu a dois critérios: “com
ou sem fiança”. Mas como no Direito Processual Penal militar 8º) Na AC, O JUIZ DEVE - Art. 13:
inexiste o instituto da fiança, ficou ela condicionada a um único - Esclarecer o que é a audiência de custódia.
critério: decisão da Justiça Militar, ou até de um Tribunal. - Assegurar que o preso esteja sem algema (salvo, ...).
Alguns doutrinadores do direito processual criminal, em - Informar ao preso o direito ao silêncio.
razão da hipótese de omissão, defendem a aplicação da fiança no -Questionar se foi dado ciência e efetiva oportunidade dos direitos
processo penal militar de forma subsidiária, isso em função do constitucionais.
quanto dispõe o Art. 3º do CPPM. - Indagar sobre as circunstancias da prisão ou apreensão.
Contudo, outros doutrinadores e operadores do direito - Perguntar sobre: tratamento recebido, tortura e maus tratos.
judiciário militar combatem tal aplicação analógica, e o fazem por - Verificar se foi feito o ECD.
verem o instituto da fiança como medida altamente prejudicial à - Adotar providencias para sanar possíveis irregularidades.
natureza do processo penal militar, considerando que visa a norma - Averiguar (por perguntas e visivelmente): gravidez, doenças
processual castrense a instrumentalização do direito penal militar. graves, filhos e dependentes.
Portanto, uma vez preso em flagrante por prática de crime
militar, o autor somente se livrará solto se viciado o ato da prisão, se 9º) AS PARTES (MP e defesa) podem requerer: (Art. 13, §1º)
ao delito pelo qual foi preso não cominar em pena privativa de – o relaxamento da prisão em flagrante;
liberdade ou se ausentes ao fato quaisquer dos requisitos que – a concessão da liberdade provisória sem ou com aplicação de
justificariam a decretação da sua prisão preventiva, análise essa medida cautelar diversa da prisão.
que somente poderá ser feita nos delitos que o próprio CPPM não – a decretação de prisão preventiva;
considerar insusceptíveis de concessão de liberdade provisória. – a adoção de outras medidas necessárias à preservação de
Pode, ainda, o conduzido, livrar-se solto sem fiança logo direitos do Militar preso.
após a lavratura do APF.
10º) RESULTADO - art. 13, § 1º:
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA Relaxamento da prisão / concessão de liberdade provisória /
imediato

13
arquivamento do inquérito / decretação da prisão preventiva / a
adoção de outras medidas necessárias à preservação de direitos do
militar preso / etc.

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