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Ebook Dida-Tica e Pra-Ticas Inclusivas - RENAFOR

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CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA PROFESSORES DO

ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO (AEE) E DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA O ENSINO DE
ESTUDANTES COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) NA PERSPECTIVA DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

DIDÁTICA E PRÁTICAS
EDUCATIVAS
INCLUSIVAS

Prof. Ma. Joane Ribeiro da Paz

2024
SUMÁRIO
4 MÓDULO I - DIDÁTICA E FORMAÇÃO DO PROFESSOR

4 O QUE É A DIDÁTICA ?

6 DIDÁTICA CRÍTICA E MODELOS DA DEFICIÊNCIA

29 NEUROPEDAGOGIA

34 MÓDULO II - PRÁTICAS EDUCATIVAS INCLUSIVAS

34 CICLO DE POLÍTICAS DE STEFAN BALL E BOWE (1992)

35 CULTURA INCLUSIVA NO CHÃO DA ESCOLA

37 RECURSOS ADAPTADOS
Apresentação

A disciplina de Didática e Práticas Educativas Inclusivas é


fundamental na formação de educadores comprometidos
com a construção de um ambiente escolar que respeite e
valorize a diversidade. A inclusão educacional é um direito
de todos os estudantes, e a escola deve ser um espaço onde
cada indivíduo, independentemente de suas características
pessoais, possa aprender e se desenvolver plenamente. Nos
últimos anos, a sociedade tem avançado em discussões sobre
inclusão e diversidade, refletindo a necessidade de uma
educação que atenda a todos os alunos, especialmente
aqueles com necessidades especiais. A legislação brasileira,
como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) e a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), reforçam a
importância de práticas pedagógicas que promovam a
inclusão. Portanto, a disciplina de Didática e Práticas
Educativas Inclusivas é uma etapa crucial na formação de
educadores que desejam atuar de forma ética e responsável,
contribuindo para a construção de uma educação que
respeite e valorize a diversidade. Através de uma abordagem
teórica e prática, os alunos serão preparados para enfrentar
os desafios da inclusão, promovendo uma educação de
qualidade para todos.
SOBRE A
AUTORA

Mestre em Educação (UFPI /2019-2021). Graduação


Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade
Federal do Piauí (2014). Especialista em Educação
Infantil pela Universidade Estadual do Piauí (2016);
Especialista em Atendimento Educacional Especializado
pela Faculdade Evangélica do Meio Norte (2017),
Especialista em Libras com docência pela Faculdade
Evangélica do Meio Norte (2017). Membro do Núcleo
de Estudos em Educação Especial e Inclusiva da UFPI.
Atuação como professora na UFPI/ DMTE/CMPP, na
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA/CESTI e
atuação como professora de Atendimento Educacional
Especializado na rede estadual de ensino do Centro
Integrado de Educação Especial – CIES.

3
MÓDULO 1: DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

A Didática é o campo de estudo que investiga os


métodos e processos de ensino, com o objetivo de
facilitar o aprendizado e promover o desenvolvimento
de competências e habilidades nos estudantes.
Tradicionalmente, a didática tem suas raízes na Grécia
Antiga, onde filósofos como Sócrates e Platão refletiram
sobre os métodos de ensino e a natureza do
aprendizado. No entanto, o conceito moderno de
didática, tal como o conhecemos hoje, começou a se
formar no século XVII, com a obra de Comenius,
considerado o "pai da didática moderna". Em sua obra
"Didática Magna", Comenius defendia a ideia de que o
ensino deveria ser universal e acessível a todos,
utilizando métodos que levassem em consideração a
natureza dos alunos e a organização progressiva do
conhecimento. Ao longo dos séculos, a didática foi se
transformando, acompanhando as mudanças culturais,
sociais e tecnológicas. No século XIX, com a Revolução
Industrial e o surgimento da escola como um sistema
formal, houve uma ênfase maior em métodos que
estruturassem o conhecimento de maneira linear e
padronizada, refletindo as necessidades da sociedade
industrial.

4
Contudo, ao longo do século XX, educadores como
John Dewey e Paulo Freire começaram a desafiar esses
modelos, propondo abordagens mais centradas no
aluno, nas experiências individuais e nas relações sociais
dentro do processo de ensino-aprendizagem. Dewey,
por exemplo, defendia uma educação baseada na
experiência e na resolução de problemas, enquanto
Freire enfatizava a importância da educação como um
ato político e libertador. Atualmente, a didática continua
a evoluir, sendo influenciada por diversas teorias
pedagógicas e pela incorporação de tecnologias digitais.
O foco tem se deslocado cada vez mais para uma
abordagem inclusiva e personalizada, que reconhece as
diferenças individuais dos alunos, suas culturas,
interesses e estilos de aprendizagem. A didática
contemporânea também se preocupa em promover a
educação inclusiva, integrando todos os alunos,
independentemente de suas condições físicas, sociais ou
cognitivas, de modo a criar um ambiente de
aprendizagem equitativo.
5
“"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção." – Paulo Freire.”

Neste sentido, a didática atual busca não apenas


transmitir conhecimentos, mas também desenvolver o
pensamento crítico, a colaboração e a capacidade de
resolução de problemas. Ela está em constante diálogo
com a psicologia educacional, a neurociência e a
sociologia da educação, integrando novas descobertas e
práticas que visam a um ensino mais eficaz, dinâmico e
inclusivo.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB), Lei 9.394 de 1996, é um marco legal que
estabelece os direitos e deveres no âmbito educacional
no Brasil, promovendo a democratização do ensino e a
garantia do acesso à educação para todos. No contexto
atual, a LDB desempenha um papel crucial na
construção de uma educação inclusiva, assegurando não
apenas o ingresso, mas também a permanência dos
estudantes na escola, independentemente de suas
condições sociais, físicas ou cognitivas.

6
“"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção." – Paulo Freire.”

Estabelecimento de Direitos
A LDB garante o direito à educação de qualidade para
todos, comprometendo-se com o acesso e a
permanência dos alunos nas instituições de ensino. Além
disso, complementa-se por outras normativas que
abordam a educação inclusiva de maneira mais
específica, como as diretrizes curriculares e as políticas
para a educação especial, que visam atender as
necessidades de todos os estudantes, promovendo a
igualdade de oportunidades. Essa legislação é
fundamental para assegurar que os alunos,
independentemente de suas condições, tenham acesso a
uma educação que os integre e respeite suas
particularidades.Definição de Deveres
Além de garantir direitos, a LDB também define os
deveres tanto das instituições de ensino quanto dos
educadores, orientando-os em suas práticas pedagógicas.
O cumprimento desses deveres visa promover uma
educação equitativa e inclusiva, onde os princípios da
diversidade e do respeito às diferenças sejam aplicados
no cotidiano escolar. Assim, cabe às instituições garantir
que o ambiente escolar seja preparado para receber
todos os estudantes, implementando práticas que
favoreçam o aprendizado e o desenvolvimento integral,
e aos educadores, cabe a responsabilidade de adaptar
suas práticas pedagógicas às diversas necessidades dos
alunos, conforme orientado pela legislação.
7
“"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção." – Paulo Freire.”

Alinhamento Didático
As práticas pedagógicas, conforme estabelecido pela
LDB, devem estar alinhadas às necessidades atuais dos
estudantes e às exigências legais. A didática utilizada nas
escolas precisa estar em sintonia com as diretrizes
educacionais, como a LDB, para garantir que o processo
de ensino-aprendizagem seja inclusivo e eficaz. Isso
implica na adoção de metodologias e recursos que
respeitem as particularidades de cada aluno,
promovendo um ambiente de ensino que valorize as
diferenças e favoreça o desenvolvimento de todos.
Dessa forma, o planejamento e a prática pedagógica
precisam ser dinâmicos e flexíveis, permitindo ajustes e
adaptações que atendam às necessidades específicas de
cada estudante.
Cultura Inclusiva
Um dos grandes desafios da educação contemporânea,
conforme previsto pela LDB, é a criação de uma cultura
inclusiva nas escolas. Isso envolve não apenas a
presença física de alunos com diferentes necessidades,
mas a real implementação de práticas educativas
inclusivas que garantam a sua participação efetiva. A
cultura inclusiva exige que as metodologias aplicadas em
sala de aula sejam adequadas às características
individuais de cada educando, promovendo uma
educação que não segrega, mas que integra e valoriza as
diferenças. A escola, portanto, deve ser um espaço onde
todos os estudantes se sintam pertencentes e onde suas
singularidades sejam respeitadas e atendidas.
8
DIDÁTICA CRÍTICA E MODELOS DA DEFICIÊNCIA

A Didática crítica, baseada em autores como Paulo


Freire, propõe uma abordagem pedagógica que vai além
da simples transmissão de conhecimento. Ela busca
desenvolver nos educandos uma consciência crítica
sobre o mundo ao seu redor, incentivando-os a serem
sujeitos ativos no processo de ensino-aprendizagem e a
questionar as estruturas sociais e educacionais que
moldam suas vidas. No contexto da educação inclusiva,
essa visão crítica é essencial para repensar como a
deficiência é abordada nas escolas e como os modelos
tradicionais de ensino podem perpetuar a exclusão.
Modelo Médico da Deficiência
Historicamente, a deficiência foi compreendida
principalmente pelo modelo médico. Nesse modelo, a
deficiência é vista como um problema intrínseco ao
indivíduo, caracterizado por alguma patologia física,
sensorial ou cognitiva. O foco está em tratar ou corrigir
a condição, muitas vezes deslocando a atenção para as
limitações do indivíduo em vez de suas capacidades.
9
Na prática educativa, esse modelo leva à implementação
de intervenções que visam "normalizar" o aluno, com
pouca ênfase na transformação do ambiente escolar para
acomodar a diversidade. Isso cria barreiras e reforça a
visão de que os alunos com deficiência precisam ser
"ajustados" ao sistema, o que frequentemente os coloca
em situações de desvantagem ou segregação.
Modelo Social
O modelo social da deficiência, que emerge em resposta
às limitações do modelo médico, desloca o foco da
deficiência para a sociedade e suas barreiras. Nesse
modelo, a deficiência não é uma característica intrínseca
do indivíduo, mas uma condição criada pelas barreiras
arquitetônicas, atitudinais e de comunicação impostas
pela sociedade

10
A deficiência, portanto, é um produto de um ambiente
que não acomoda adequadamente as necessidades de
todas as pessoas. No campo da educação, o modelo
social exige que as escolas repensem suas práticas,
estruturas e currículos para se tornarem verdadeiramente
inclusivas. Aqui, o objetivo é remover as barreiras, não
“corrigir” o aluno, mas sim transformar a escola em um
espaço acessível, acolhedor e adaptável para todos.
Modelo Inclusivo
O modelo inclusivo, por sua vez, vai além do modelo
social ao promover uma visão de inclusão plena. Ele
reconhece que todos os alunos, independentemente de
suas habilidades ou limitações, têm o direito de
participar ativamente e em igualdade de condições no
ambiente escolar.

11
A educação inclusiva, dentro desse modelo, busca
eliminar qualquer tipo de segregação e garantir que as
práticas pedagógicas, currículos e interações escolares
sejam adaptados às necessidades de cada aluno,
valorizando suas diferenças. O foco deixa de ser apenas
na inclusão física e se estende para a participação efetiva
e significativa, onde a aprendizagem é centrada no
aluno, e a escola se ajusta às suas especificidades, e não
o contrário. Nesse contexto, a didática crítica
desempenha um papel fundamental ao desafiar as
práticas pedagógicas tradicionais e propor metodologias
que promovam a reflexão, a transformação social e a
valorização da diversidade. A didática alinhada ao
modelo inclusivo não apenas prepara o ambiente escolar
para acolher alunos com deficiência, mas também engaja
todos os estudantes em um processo educativo que
promove a equidade e o respeito pelas diferenças.
12
Política Nacional de Educação Especial de 2020

Um tema importante e atual no debate sobre educação


inclusiva no Brasil é a Política Nacional de Educação
Especial de 2020. Essa política gerou discussões intensas
ao propor uma reorganização das formas de
atendimento educacional especializado. Embora traga a
promessa de ampliar o acesso a diferentes modalidades
de ensino para alunos com deficiência, alguns críticos
afirmam que ela pode representar um retrocesso ao
possibilitar a criação de espaços segregados, como
classes e escolas especiais. Isso vai de encontro à
perspectiva defendida pelo modelo inclusivo, que preza
pela integração dos alunos em classes regulares, onde
possam aprender e conviver com todos os demais
estudantes, conforme estabelecido na Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU) e nas
diretrizes da Educação Inclusiva.
A Política de 2020 busca flexibilizar o atendimento às
diversas necessidades dos alunos com deficiência, mas é
fundamental que sua implementação seja cuidadosa para
que não reforce práticas segregadoras. Em vez disso,
deve garantir o pleno acesso ao currículo comum,
oferecendo o suporte necessário para que todos os
alunos possam aprender juntos, em um ambiente que
valorize suas diferenças e promova uma educação
inclusiva de verdade.
13
Formação Emancipatória: O Professor como
Facilitador
No contexto da formação emancipatória, o papel do
professor vai muito além do de um mero transmissor de
conhecimento. Inspirado em autores como Paulo Freire,
o professor é visto como um facilitador da
aprendizagem, alguém que cria condições para que o
aluno desenvolva seu potencial crítico e se torne agente
de sua própria formação. Essa abordagem, centrada no
aluno, promove uma educação que valoriza a
autonomia, a reflexão e a participação ativa dos
estudantes, permitindo que eles se envolvam
diretamente no processo de construção do
conhecimento.
Mediador do Aprendizado
Nesse cenário, o professor se transforma em um
mediador do aprendizado, guiando os estudantes por
meio de questionamentos e atividades que estimulam a
curiosidade e o pensamento crítico. Ele oferece suporte,
mas não entrega respostas prontas. Em vez disso, o
mediador desafia os alunos a buscar soluções e a refletir
sobre as informações, promovendo uma aprendizagem
ativa e envolvente. Esse papel de mediação é
fundamental para criar um ambiente onde o erro é visto
como parte natural do processo de aprendizado, e onde
o aluno se sente encorajado a explorar, experimentar e
questionar.
14
Avaliação Formativa
A avaliação formativa se encaixa perfeitamente nessa
perspectiva, pois ela tem como foco acompanhar o
progresso dos alunos ao longo do processo de ensino-
aprendizagem, em vez de se concentrar apenas no
resultado final. Diferente das avaliações tradicionais, que
medem o desempenho com base em provas e exames
pontuais, a avaliação formativa envolve feedback
constante e ajustado às necessidades de cada aluno,
ajudando-os a refletir sobre suas aprendizagens,
identificar suas dificuldades e aprimorar suas
competências. Esse tipo de avaliação não é punitiva, mas
sim um instrumento de apoio, que possibilita o
crescimento e a melhoria contínua.
Didática Crítica
A didática crítica, por sua vez, propõe uma educação
comprometida com a transformação social. Ela desafia
as práticas pedagógicas tradicionais e sugere que o
ensino deve ser um processo de reflexão e ação. Com
base em uma visão crítica da realidade, a didática crítica
incentiva os alunos a questionar as estruturas de poder e
as normas estabelecidas, promovendo uma educação
que prepara os estudantes para agir como cidadãos
conscientes e transformadores em suas comunidades e
no mundo.

15
Aprendizagem Significativa
Um dos princípios centrais da aprendizagem
significativa é a conexão entre o conteúdo escolar e a
realidade vivida pelos alunos. A partir do momento em
que o conhecimento se relaciona com a vida cotidiana e
as experiências pessoais dos estudantes, ele se torna
mais relevante e memorável. A aprendizagem
significativa não se limita à memorização de fatos ou
conceitos, mas busca entender como esses
conhecimentos podem ser aplicados em situações reais,
levando o aluno a compreender de forma profunda e
duradoura o que está sendo aprendido.
Desenvolvimento de Competências
O desenvolvimento de competências também é um dos
pilares da educação moderna, que valoriza não apenas o
acúmulo de informações, mas o desenvolvimento de
habilidades práticas e cognitivas que os alunos possam
utilizar em diversas situações de suas vidas pessoais e
profissionais. Competências como a capacidade de
resolver problemas, trabalhar em equipe, se comunicar
de maneira eficaz e pensar criticamente são tão
importantes quanto o domínio do conteúdo disciplinar,
pois são essenciais para o exercício pleno da cidadania e
para o sucesso em um mundo em constante
transformação.

16
Prática Ativa e as Ideias de Luckesi
De acordo com as ideias de Cipriano Luckesi, a
avaliação deve ser vista como um processo contínuo e
construtivo, no qual o aluno é estimulado a refletir sobre
seu próprio desenvolvimento e a buscar maneiras de
melhorar. Além disso, metodologias ativas têm ganhado
destaque como estratégias eficazes para envolver os
alunos diretamente no processo de aprendizagem.
Nessas metodologias, como a aprendizagem baseada em
projetos ou resolução de problemas, o estudante assume
um papel central, e o aprendizado acontece por meio de
atividades práticas, em que o aluno explora, investiga e
aplica seus conhecimentos em situações reais,
desenvolvendo habilidades e competências de forma
concreta.
Construção do Conhecimento
A construção do conhecimento é um processo contínuo
e dinâmico, que se desenvolve por meio de atividades
práticas e experiências concretas. Quando os alunos são
incentivados a pesquisar, analisar e resolver problemas,
eles passam a ser protagonistas de sua própria
aprendizagem. Nesse contexto, o papel do professor é
criar situações desafiadoras que permitam aos alunos
experimentar e testar hipóteses, promovendo um
aprendizado significativo e duradouro.

17
As atividades práticas, aliadas ao pensamento crítico,
tornam a experiência de aprendizagem enriquecedora e
relevante, ao mesmo tempo em que desenvolvem a
autonomia e a capacidade de reflexão dos alunos.
Protagonismo Discente
O futuro da educação aponta cada vez mais para o
protagonismo discente, em que o ensino é centrado no
aluno. Nessa abordagem, os estudantes não são vistos
como receptores passivos de informações, mas como
agentes ativos e criativos que participam da construção
de seu próprio aprendizado. O professor, atuando como
mediador e facilitador, cria um ambiente de ensino
flexível e adaptável, que respeita as diferenças e
promove a inclusão. Esse paradigma requer que os
profissionais da educação sejam dinâmicos, criativos e
comprometidos com a diversidade, reconhecendo que
cada aluno é único e tem diferentes formas de aprender.
Em suma, a formação emancipatória, quando integrada
com uma prática pedagógica crítica, metodologias ativas
e uma abordagem inclusiva, permite a construção de um
ensino transformador, que capacita os alunos a serem
protagonistas de suas vidas e agentes de mudança na
sociedade.

18
Repensando a Didática
O debate sobre a didática tem evoluído constantemente,
principalmente quando se trata de práticas educativas
inclusivas. Conforme as ideias de Lustosa e Mendes
(2020), repensar a didática significa reconhecer que o
processo de ensino-aprendizagem não pode ser tratado
de forma homogênea, mas deve ser adaptado às diversas
necessidades dos educandos. Nesse sentido, a didática
tradicional, focada na transmissão de conteúdo e na
centralidade do professor, precisa ser questionada e
transformada.
A proposta de Lustosa e Mendes sugere uma didática
que privilegie o diálogo, a reflexão crítica e a co-
construção do conhecimento entre professores e alunos.
Ao repensar a didática, os autores defendem uma prática
que leve em consideração a diversidade da sala de aula,
incluindo alunos com e sem deficiência, e que tenha
como eixo central a inclusão. Nesse contexto, o
professor não é apenas um transmissor de informações,
mas um mediador, que deve atuar de maneira flexível e
criativa para atender às diferentes formas de aprender.
Isso implica, entre outras coisas, na adoção de
metodologias mais participativas, onde o aluno é
incentivado a ser protagonista de seu processo de
aprendizado, sendo esse um movimento essencial para a
construção de uma educação inclusiva e transformadora.
Possibilidades Didáticas: Tutoria por Pares
Uma das práticas que têm se mostrado eficaz na
promoção de uma educação inclusiva é a tutoria por
pares, conforme sugerido por Arguis (2002).

19
Essa abordagem didática propõe que os alunos
aprendam uns com os outros, através de uma relação de
cooperação e ajuda mútua. A tutoria por pares é
particularmente potente em contextos inclusivos, pois
possibilita que os estudantes com e sem deficiência
trabalhem juntos, promovendo o desenvolvimento
acadêmico e social de ambos.
Essa metodologia possibilita uma troca rica de
conhecimentos, onde os tutores (alunos que possuem
maior domínio sobre o conteúdo) atuam como
mediadores no processo de aprendizagem de seus
colegas. Ao mesmo tempo, os alunos tutelados são
incentivados a participar ativamente, o que fortalece sua
autonomia e confiança. Para alunos com deficiência,
essa prática pode significar uma inclusão mais efetiva, já
que a interação direta com os colegas contribui para a
superação de barreiras atitudinais e sociais. O professor,
nesse contexto, assume um papel de facilitador,
organizando o ambiente de aprendizagem e
monitorando o progresso dos alunos. A tutoria por
pares, portanto, é uma poderosa possibilidade didática
para fortalecer a inclusão, pois valoriza a cooperação, o
respeito à diversidade e o protagonismo estudantil. Ela
cria um ambiente de aprendizagem colaborativo, onde
todos os alunos se sentem parte do processo educativo.

20
O modelo tradicional de formação de professores é
fortemente baseado em teorias pedagógicas e
psicológicas, com pouca ênfase em situações práticas e
vivências reais de sala de aula. Nesse modelo, os
professores são preparados a partir de uma perspectiva
teórica e normativa, em que aprendem sobre as
especificidades das deficiências, os direitos dos alunos e
os métodos de ensino adequados para diferentes tipos
de necessidade educacional. Embora o modelo
tradicional ofereça uma base sólida de conhecimento
teórico, ele pode carecer de um foco mais prático,
dificultando que os futuros professores enfrentem os
desafios reais que encontrarão nas escolas,
especialmente no que diz respeito à inclusão de alunos
com deficiência.
Por outro lado, o modelo prático de formação de
professores de educação especial tem ganhado destaque
nas últimas décadas. Ele enfatiza o aprendizado por
meio da experiência prática, em que os futuros docentes
são imersos em contextos escolares reais durante sua
formação, seja através de estágios, observações ou
participação ativa em práticas pedagógicas inclusivas. O
modelo prático valoriza o desenvolvimento de
competências voltadas para a resolução de problemas e
a adaptação de estratégias didáticas às necessidades de
cada aluno, algo fundamental para garantir a inclusão
efetiva.

21
Esse modelo de formação reflete uma mudança de
paradigma na educação especial, pois reconhece que o
professor deve estar preparado para lidar com a
diversidade em sala de aula de maneira flexível e
dinâmica. Além disso, ao se envolverem diretamente
com o cotidiano escolar, os professores em formação
conseguem compreender melhor as especificidades de
seus alunos e, consequentemente, construir práticas
pedagógicas mais inclusivas e eficazes. O modelo prático
também está alinhado com a ideia de uma didática
crítica, pois promove uma formação que não se limita a
uma visão técnica e linear, mas que considera o contexto
social e cultural dos alunos, preparando os educadores
para serem agentes transformadores em suas escolas e
comunidades.
Reflexão Final
Diante dessas possibilidades didáticas, é evidente que
repensar a formação de professores e as práticas
educativas inclusivas exige uma abordagem
multifacetada e inovadora. A tutoria por pares, como
sugerido por Arguis, e a adoção de modelos práticos de
formação de professores, são caminhos que se mostram
promissores para a construção de uma escola mais
inclusiva e equitativa. Professores preparados para atuar
como mediadores e facilitadores da aprendizagem
inclusiva, capacitados a utilizar metodologias que
promovam o protagonismo dos alunos, têm a
oportunidade de transformar o ambiente escolar em um
espaço verdadeiramente acolhedor e respeitoso para
todos.

22
Tendências Atuais na Formação de Professores e a
Perspectiva de Inclusão Escolar
A formação de professores, especialmente no contexto
da educação inclusiva, tem passado por profundas
transformações nas últimas décadas. Essas mudanças
refletem uma crescente preocupação em preparar os
educadores para lidar com a diversidade presente nas
salas de aula contemporâneas, assegurando que todos os
alunos, independentemente de suas necessidades ou
características, tenham acesso a uma educação de
qualidade. Dentro dessa perspectiva, algumas tendências
atuais merecem destaque, especialmente no que diz
respeito à inclusão escolar.
Formação Centrada na Prática
Uma das tendências mais significativas na formação de
professores é o movimento em direção a uma formação
centrada na prática. A educação teórica, embora ainda
essencial, está sendo complementada por uma maior
ênfase em experiências práticas e vivências diretas em
sala de aula.

23
Cursos de formação, atualmente, têm integrado práticas
pedagógicas inclusivas desde o início, permitindo que os
futuros professores tenham contato com a realidade da
diversidade escolar e possam, ao longo do tempo,
desenvolver estratégias eficazes para lidar com diferentes
situações.
Esse enfoque prático responde à necessidade de os
professores adquirirem competências que vão além do
conhecimento teórico. A vivência cotidiana com alunos
de diferentes contextos, inclusive aqueles com
deficiência, permite que os educadores desenvolvam
empatia, sensibilidade e uma visão mais clara sobre as
especificidades do processo de ensino-aprendizagem.
Assim, essa formação baseada na prática favorece a
construção de professores mais preparados para
promover uma educação que seja verdadeiramente
inclusiva.
Educação Inclusiva no Currículo de Formação
A inclusão escolar tem se tornado um dos pilares nos
currículos de formação de professores. Cada vez mais,
os programas de formação incluem disciplinas
específicas sobre educação inclusiva, cobrindo tópicos
como legislação, políticas públicas, práticas pedagógicas
adaptativas e o desenvolvimento de planos de ensino
que contemplem alunos com deficiências e outras
necessidades educacionais especiais.
Esse movimento reflete a importância de formar
professores conscientes de seu papel na promoção de
uma educação que respeite as diferenças e as transforme
em oportunidades de aprendizagem para todos.

24
A inclusão não é vista apenas como uma questão de
cumprir uma exigência legal, mas como uma postura
ética e pedagógica que valoriza a diversidade e o respeito
às necessidades de cada aluno.
Valorização das Competências Emocionais e
Sociais
Outro aspecto importante das tendências atuais na
formação de professores é a valorização das
competências emocionais e sociais dos educadores. A
inclusão escolar não se limita a adaptar o currículo ou os
materiais didáticos; ela exige que o professor desenvolva
uma série de habilidades socioemocionais, como a
empatia, a paciência e a capacidade de se comunicar de
maneira eficaz com alunos que possuem diferentes
formas de interação e de aprendizagem.
Nesse sentido, os cursos de formação têm dado mais
ênfase ao desenvolvimento das competências relacionais
dos professores, pois um ambiente escolar inclusivo
depende muito da forma como o educador interage com
seus alunos, gerencia conflitos e cria uma atmosfera
acolhedora e participativa. Professores emocionalmente
preparados tendem a ser mais eficazes na promoção da
inclusão, pois conseguem criar vínculos positivos e
motivar todos os alunos, independentemente de suas
características individuais.
Tecnologia Assistiva e Inovação Digital
A incorporação de tecnologia assistiva na educação
inclusiva também tem se mostrado uma tendência atual
na formação de professores.

25
Com o avanço das tecnologias digitais, os professores
precisam estar aptos a utilizar ferramentas que
possibilitem a inclusão de alunos com deficiência, como
softwares específicos, dispositivos de acessibilidade e
plataformas educacionais adaptadas. Além disso, o uso
de metodologias ativas em ambientes digitais, como a
aprendizagem baseada em projetos e a gamificação,
também está sendo integrada às práticas inclusivas.
Essas metodologias incentivam o engajamento dos
alunos e permitem que o ensino seja personalizado,
atendendo de maneira mais adequada às diferentes
formas de aprender. A formação de professores, então,
passa a contemplar o domínio dessas novas ferramentas
tecnológicas, que facilitam o acesso e a participação de
todos os alunos no ambiente de aprendizagem. Esse
movimento acompanha as demandas contemporâneas
por uma educação mais digital e inclusiva, que valoriza o
uso de recursos inovadores para garantir que todos
possam participar de maneira equitativa.
Reflexão Crítica e Colaborativa
A reflexão crítica é uma tendência fundamental no
contexto atual da formação de professores. A prática
reflexiva permite que os educadores questionem suas
próprias atitudes, preconceitos e estratégias pedagógicas,
promovendo uma educação inclusiva que vá além da
simples adaptação curricular. Professores são
incentivados a refletir sobre o impacto de suas ações no
processo de inclusão e a buscar continuamente o
aprimoramento de suas práticas.

26
Além disso, a colaboração entre profissionais tem se
tornado cada vez mais valorizada. As equipes
multidisciplinares, que incluem professores regulares,
educadores especializados, psicólogos e outros
profissionais, são vistas como essenciais para o sucesso
da inclusão. O trabalho colaborativo possibilita uma
visão mais abrangente das necessidades dos alunos e
facilita a construção de estratégias conjuntas que
favoreçam a aprendizagem inclusiva.
Formação Contínua e Desenvolvimento
Profissional
Por fim, uma das tendências mais significativas é a
ênfase na formação contínua dos professores. A
educação inclusiva exige que os educadores estejam
sempre atualizados em relação às novas práticas
pedagógicas, às inovações tecnológicas e às políticas
públicas voltadas para a inclusão. A formação inicial, por
si só, não é suficiente para dar conta da complexidade da
realidade educacional atual. Programas de
desenvolvimento profissional contínuo, cursos de
especialização e formações complementares têm se
tornado cada vez mais comuns e necessários. Esses
processos formativos ajudam os professores a
acompanhar as mudanças no campo educacional e a
melhorar suas práticas, garantindo que estejam
preparados para oferecer uma educação inclusiva e de
qualidade.

27
As tendências atuais na formação de professores
evidenciam um movimento claro em direção à
construção de uma escola mais inclusiva e equitativa. A
formação prática, a incorporação das tecnologias
assistivas, o desenvolvimento de competências
socioemocionais e a reflexão crítica são componentes
essenciais dessa nova perspectiva, que visa preparar os
educadores para os desafios da diversidade nas salas de
aula. Dessa forma, a educação inclusiva não se limita a
um conjunto de normas e adaptações, mas é vista como
um processo transformador que valoriza a diversidade e
promove o desenvolvimento de todos os estudantes.

28
Níveis de Suporte para o autismo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma
condição caracterizada por desafios na comunicação, na
interação social e por comportamentos repetitivos ou
restritos. No contexto educacional inclusivo, é essencial
que os professores compreendam as diferentes
necessidades de apoio que os alunos com TEA podem
apresentar, de acordo com o grau de comprometimento
em suas habilidades sociais e comportamentais. O
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-5) classifica o TEA em três níveis de
suporte, que variam conforme a intensidade de apoio
necessário para o desenvolvimento e a inclusão do
indivíduo. Esses níveis são fundamentais para orientar a
prática pedagógica e garantir uma inclusão eficaz. A
seguir, são descritos os três níveis de suporte para o
TEA.
Nível 1: Necessidade de Suporte
O Nível 1 é o nível menos intensivo de suporte e
caracteriza-se por indivíduos que conseguem funcionar
com certo grau de independência, mas que ainda
necessitam de apoio em situações sociais ou
educacionais específicas.
29
Características principais: Pessoas com TEA de nível 1
podem ter dificuldade em iniciar e manter conversas, o
que pode afetar suas interações sociais. Elas geralmente
conseguem participar de atividades em sala de aula, mas
podem apresentar comportamentos inflexíveis ou
dificuldades em lidar com mudanças na rotina.
Necessidade de apoio: Para alunos com nível 1 de TEA,
a prática pedagógica pode focar em intervenções leves,
como ajustes na comunicação (uso de instruções claras e
simples), suporte social, mediação de conflitos sociais e
a criação de um ambiente educacional mais estruturado,
sem grandes alterações. Estratégias como o ensino de
habilidades sociais e o reforço positivo são úteis para
garantir que esses alunos se sintam incluídos e bem-
sucedidos.
Nível 2: Necessidade de Suporte Substancial
O Nível 2 envolve indivíduos que necessitam de suporte
mais substancial em suas interações sociais e
comportamentais.
Características principais: Pessoas nesse nível têm mais
dificuldades em estabelecer interações sociais
apropriadas e podem demonstrar comportamentos
repetitivos ou interesses restritos que interferem no
aprendizado e nas interações cotidianas. Elas podem
reagir com estresse ou ansiedade em situações novas e
apresentar desafios em ambientes pouco estruturados.
Necessidade de apoio: Alunos com nível 2 de TEA
requerem intervenções pedagógicas mais significativas,
como a presença de um mediador ou um tutor que os
auxilie na interação social e na organização de tarefas.

30
Adaptações no ambiente de aprendizagem, como a
implementação de rotinas mais rígidas e atividades
individualizadas, são fundamentais. Além disso, o uso de
tecnologias assistivas e ferramentas visuais pode ser
essencial para facilitar a compreensão e a participação do
aluno em sala de aula. A colaboração com especialistas,
como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos,
também pode ser necessária para garantir que o suporte
seja integral.
Nível 3: Necessidade de Suporte Muito Substancial
O Nível 3 representa o grau mais alto de necessidade de
suporte e inclui indivíduos que enfrentam dificuldades
severas em suas habilidades de comunicação e
comportamento adaptativo.
Características principais: Alunos com nível 3 de TEA
têm grande dificuldade em iniciar ou responder a
interações sociais e podem depender de comunicação
assistiva, como o uso de tablets ou dispositivos que
auxiliem na fala. Eles apresentam comportamentos
extremamente restritivos ou repetitivos que podem
interferir significativamente em suas atividades diárias,
além de dificuldades acentuadas em se adaptar a
mudanças no ambiente ou nas rotinas.
Necessidade de apoio: O suporte para alunos com TEA
de nível 3 é altamente individualizado e pode exigir a
presença constante de um profissional de apoio em sala
de aula. O desenvolvimento de planos educacionais
personalizados (PEI) é essencial, com objetivos
específicos para cada aluno, focados no
desenvolvimento de habilidades de comunicação,
adaptação comportamental e participação social.
31
Estruturas visuais detalhadas, como cronogramas
ilustrados e sistemas de Comunicação Aumentativa e
Alternativa (CAA), são amplamente utilizados. Além
disso, a equipe escolar pode trabalhar em colaboração
estreita com profissionais especializados, como
psicólogos e terapeutas comportamentais, para garantir
que as necessidades complexas desse aluno sejam
atendidas de maneira integrada.
Compreender os níveis de suporte para o TEA permite
que os professores adaptem suas práticas pedagógicas de
maneira mais eficaz e inclusiva. O reconhecimento de
que diferentes alunos com TEA possuem necessidades
distintas de apoio é fundamental para a promoção de
uma educação equitativa. Independentemente do nível
de suporte necessário, o objetivo central é garantir que
cada aluno tenha acesso a um ambiente de
aprendizagem que respeite suas particularidades,
promova seu desenvolvimento pleno e possibilite a
participação ativa em todas as atividades escolares.

32
Neuropedagogia no Contexto da Didática e
Práticas Educativas Inclusivas
A Neuropedagogia é um campo interdisciplinar que
combina descobertas das neurociências com práticas
pedagógicas, promovendo um ensino mais eficaz e
alinhado ao funcionamento do cérebro. Para os
professores em formação, refletir sobre a
neuropedagogia é fundamental, especialmente no
contexto das práticas educativas inclusivas, onde a
diversidade dos processos de aprendizagem deve ser
respeitada e atendida. A integração desses dois campos
tem revolucionado a maneira como entendemos o
aprendizado e a didática, oferecendo insights preciosos
sobre como as estruturas cognitivas e cerebrais
influenciam o modo como cada aluno processa e retém
informações.
A neuropedagogia se baseia em avanços das
neurociências que estudam o cérebro em atividades
como a aquisição de conhecimento, memorização,
resolução de problemas e processamento de
informações.
33
Um dos princípios-chave desse campo é que cada
cérebro é único e, portanto, cada aluno possui uma
forma específica de aprender. Isso dialoga diretamente
com o conceito de inclusão, pois reforça a ideia de que
as práticas pedagógicas devem ser diversificadas para
atender aos diferentes estilos de aprendizagem presentes
em uma sala de aula inclusiva.
Essas descobertas ajudam a repensar estratégias
didáticas, como a maneira de apresentar o conteúdo, a
frequência de repetições, a utilização de múltiplos
estímulos (visuais, auditivos, sinestésicos) e a
necessidade de períodos de descanso e reflexão para
consolidar o aprendizado. Para alunos com necessidades
educacionais especiais, como aqueles no espectro autista
ou com TDAH, as práticas pedagógicas informadas
pelas neurociências podem fazer uma diferença
significativa, uma vez que proporcionam uma educação
mais personalizada e ajustada às suas particularidades
cognitivas.
Didática Inclusiva e Neuroplasticidade
Um dos conceitos mais importantes que a
neuropedagogia trouxe para o campo da educação é a
neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se
reorganizar e formar novas conexões ao longo da vida,
especialmente quando estimulado corretamente. Isso
significa que, independentemente dos desafios ou
deficiências cognitivas que um aluno possa ter, sempre
há potencial de desenvolvimento quando são aplicadas
estratégias adequadas de ensino.

34
Para o professor, essa informação é transformadora. Ela
possibilita a criação de práticas inclusivas baseadas na
compreensão de que todos os alunos, mesmo aqueles
com dificuldades significativas de aprendizado, podem
evoluir em suas competências cognitivas. Estruturar
aulas que favoreçam essa plasticidade é, portanto, uma
maneira de promover a inclusão real no ambiente
escolar.
A inclusão não se limita apenas a garantir que alunos
com necessidades educacionais especiais participem das
aulas. Ela exige que o processo de ensino-aprendizagem
seja adaptado para garantir que todos tenham
oportunidades iguais de desenvolver suas habilidades
cognitivas. A neuropedagogia, nesse sentido, fornece um
arcabouço científico que pode ajudar os professores a
compreenderem melhor como esses processos ocorrem
e como devem ser ajustados para cada aluno.
Neuropedagogia e a Avaliação Formativa
A neuropedagogia também oferece uma nova
perspectiva sobre a avaliação formativa, que é central
para a didática inclusiva. Em vez de focar apenas em
resultados finais, esse tipo de avaliação valoriza o
processo contínuo de aprendizagem, levando em
consideração o ritmo e o desenvolvimento de cada
aluno.
Com base no entendimento das diferentes formas como
o cérebro aprende, os professores podem adotar
avaliações personalizadas, ajustando as expectativas de
acordo com o estágio de desenvolvimento e as
habilidades individuais dos alunos.

35
O foco deixa de ser apenas o desempenho acadêmico
padronizado, passando a ser a evolução cognitiva e o
desenvolvimento de competências em níveis mais
profundos.
Essa abordagem favorece uma educação inclusiva que
reconhece e valoriza os avanços de cada aluno,
independentemente de suas limitações. Para tanto, a
neuropedagogia oferece ferramentas para os professores
identificarem os pontos fortes e áreas de melhoria de
seus alunos, de forma a direcionar intervenções
pedagógicas mais eficazes.
Neuropedagogia e Emoções na Aprendizagem
Outro ponto de convergência entre a neuropedagogia e
a inclusão está na relação entre o cérebro, emoções e
aprendizagem. As neurociências mostram que as
emoções desempenham um papel crucial no processo
de aprendizado. A motivação, por exemplo, está
diretamente ligada a circuitos cerebrais específicos que,
quando ativados, facilitam a absorção de novas
informações.
Na prática educativa inclusiva, a capacidade de
compreender como as emoções afetam o aprendizado é
essencial. Alunos com dificuldades emocionais, como
ansiedade ou problemas de comportamento, muitas
vezes necessitam de abordagens diferenciadas para que
possam aprender de forma eficiente. A criação de um
ambiente seguro, acolhedor e que promova a autoestima
dos alunos é fundamental para que o cérebro se
mantenha aberto e receptivo à aprendizagem.

36
Formação de Professores e Neuropedagogia

A formação de professores deve, então, incluir uma


compreensão básica dos princípios neuropedagógicos
para que os educadores possam diferenciar suas práticas
e promover uma educação realmente inclusiva. Ao
integrar a neuropedagogia aos cursos de formação, os
futuros educadores terão mais ferramentas para atender
à diversidade cognitiva de seus alunos, utilizando
estratégias baseadas no funcionamento cerebral e que
favoreçam o aprendizado para todos.
Além disso, compreender como o cérebro aprende
também ajuda os professores a refletirem criticamente
sobre suas metodologias, buscando sempre novas
formas de engajar os alunos e promover uma
aprendizagem significativa.
A neuropedagogia, ao iluminar os processos
neurológicos que sustentam o aprendizado, oferece uma
base científica sólida para as práticas educativas
inclusivas. Ao entender as especificidades de como cada
aluno aprende, os professores podem adotar uma
didática mais flexível, individualizada e centrada nas
necessidades de seus alunos. Para que a educação
inclusiva seja efetiva, é necessário que os educadores
sejam formados com uma visão ampla que inclua tanto
as dimensões cognitivas quanto as emocionais do
aprendizado. Nesse sentido, a neuropedagogia se
posiciona como uma aliada importante no caminho para
a construção de uma escola que valorize e promova a
diversidade e a inclusão em todos os níveis.

37
MÓDULO II: PRÁTICAS EDUCATIVAS INCLUSIVAS

O Módulo II do ebook focado em Didática e Práticas


Educativas Inclusivas abordará as bases e os desafios da
inclusão escolar no cotidiano educacional, oferecendo
ferramentas teóricas e práticas para promover uma
educação que respeite a diversidade. Vamos explorar
como construir uma cultura inclusiva, analisar o Ciclo de
Políticas e refletir sobre o uso de recursos adaptados
para garantir a participação efetiva de todos os alunos.
Cultura Inclusiva no Chão da Escola
A construção de uma cultura inclusiva vai além da
implementação de políticas ou adaptações curriculares;
trata-se de uma transformação estrutural e cultural
dentro do ambiente escolar, onde todos os indivíduos,
independentemente de suas diferenças, sejam
respeitados e tenham suas necessidades educacionais
atendidas. No "chão da escola", essa cultura se
manifesta em ações concretas que promovem o
envolvimento ativo de todos os alunos, criando um
espaço de aprendizagem onde a diversidade é valorizada
e a equidade se torna um princípio norteador.

38
Uma cultura inclusiva começa com a consciência e o
compromisso dos professores, gestores e demais
profissionais da escola em promover práticas que
favoreçam a participação de alunos com diferentes
habilidades e condições de aprendizado. Isso exige não
apenas a preparação técnica dos profissionais, mas
também a sensibilização de toda a comunidade escolar
para acolher e respeitar a singularidade de cada aluno.
Envolvimento de todos: Na prática, construir essa
cultura significa assegurar que todos os alunos tenham
voz e espaço para expressar suas necessidades e
potencialidades. Desde a gestão de sala de aula até as
atividades coletivas, cada ação educativa deve ser
pensada de forma inclusiva.
Desafios e superação: O professor, como mediador
desse processo, deve buscar estratégias que garantam a
acessibilidade e a participação de todos os estudantes,
transformando os desafios da inclusão em
oportunidades de crescimento e desenvolvimento, tanto
para os alunos quanto para a própria prática docente.
O Ciclo de Políticas proposto por Stefan Ball e Bowe
(1992) oferece uma importante ferramenta para
compreender a implementação e os desafios das
políticas educacionais inclusivas. Eles sugerem que as
políticas não são estáticas, mas sim processos contínuos
que envolvem diferentes fases e atores. Segundo os
autores, as políticas educacionais passam por três
momentos principais:

39
Contexto da Influência: Onde as políticas são
formuladas e influenciadas por uma variedade de
agentes, como políticos, especialistas e grupos de
interesse. No caso da inclusão escolar, esse contexto
envolve legislações, como a Lei Brasileira de Inclusão
(2015) e as diretrizes estabelecidas pela LDB 9394/96,
que destacam a importância de um ensino acessível e
equitativo para todos.
Contexto da Produção do Texto: Nessa fase, as políticas
ganham forma mediante documentos oficiais e
normativos. As políticas de inclusão são traduzidas em
orientações que determinam como as escolas devem agir
para assegurar a presença, a participação e o sucesso de
todos os estudantes, independentemente de suas
condições.
Contexto da Prática: Esse é o momento mais crítico
para a inclusão, pois é onde as políticas são realmente
aplicadas no cotidiano escolar. Muitas vezes, a distância
entre o que está previsto nas leis e a realidade das
escolas é significativa, especialmente em escolas públicas
com poucos recursos. Nesse ponto, cabe aos
professores interpretar e adaptar essas políticas às suas
realidades de ensino, o que pode gerar discrepâncias
entre o que foi inicialmente planejado e o que realmente
ocorre.
O Ciclo de Políticas permite que os educadores reflitam
sobre a prática inclusiva, entendendo que as políticas são
reinterpretadas e renegociadas em cada contexto escolar,
sendo fundamental que a escola promova uma cultura
que facilite a concretização dessas políticas de maneira
eficaz.
40
Recursos Adaptados

Um dos principais desafios da inclusão é garantir que


todos os alunos tenham acesso aos conteúdos e às
atividades propostas em sala de aula. Para isso, é
necessário o uso de recursos adaptados, que são
ferramentas, tecnologias e estratégias que possibilitam o
acesso de alunos com deficiência ou com dificuldades de
aprendizagem ao currículo escolar.
Os recursos adaptados podem ser de diversas naturezas:
Materiais didáticos adaptados: Estes incluem livros em
braille, textos ampliados, audiolivros e materiais visuais
de fácil compreensão, que permitem que os alunos com
deficiência visual, auditiva ou intelectual acessem o
conteúdo pedagógico.
41
Recursos Adaptados

Um dos principais desafios da inclusão é garantir que


todos os alunos tenham acesso aos conteúdos e às
atividades propostas em sala de aula. Para isso, é
necessário o uso de recursos adaptados, que são
ferramentas, tecnologias e estratégias que possibilitam o
acesso de alunos com deficiência ou com dificuldades de
aprendizagem ao currículo escolar.
Os recursos adaptados podem ser de diversas naturezas:
Materiais didáticos adaptados: Estes incluem livros em
braille, textos ampliados, audiolivros e materiais visuais
de fácil compreensão, que permitem que os alunos com
deficiência visual, auditiva ou intelectual acessem o
conteúdo pedagógico.
É importante que o professor esteja atento às
necessidades específicas de cada aluno e que desenvolva
ou adapte os materiais necessários para facilitar seu
aprendizado.
Tecnologias assistivas: Essas tecnologias desempenham
um papel vital na educação inclusiva, como softwares de
leitura de tela, teclados adaptados e aplicativos de
comunicação alternativa. As tecnologias assistivas
permitem que alunos com limitações motoras ou
dificuldades de comunicação possam interagir de
maneira mais autônoma e eficaz no ambiente escolar.
Além dos materiais e das tecnologias, o ambiente escolar
também precisa ser acessível, com rampas, mobiliário
adequado, sinalizações, entre outros recursos que
garantam a plena participação de alunos com mobilidade
reduzida ou outras limitações físicas.
42
Adaptações curriculares: Para garantir que todos os
alunos possam acompanhar as atividades da sala de aula,
muitas vezes é necessário realizar ajustes no currículo,
como a flexibilização de conteúdos, modificações na
avaliação ou a introdução de novas formas de mediação
do conhecimento.
É importante que os professores, ao utilizar esses
recursos, pensem em uma prática pedagógica inclusiva
que não segregue os alunos, mas que os integre de
maneira efetiva ao processo educacional, assegurando
que as adaptações não signifiquem uma limitação, mas
uma oportunidade de crescimento e participação.
O desenvolvimento de práticas educativas inclusivas é
um processo contínuo que exige reflexão, inovação e
compromisso por parte de todos os profissionais da
educação. Desde a construção de uma cultura inclusiva
no cotidiano escolar, passando pela compreensão do
Ciclo de Políticas e a aplicação de recursos adaptados, é
fundamental que os professores estejam preparados para
lidar com a diversidade de suas salas de aula,
promovendo uma educação acessível e significativa para
todos os alunos.
Essas estratégias e conceitos discutidos no Módulo II
formam a base para uma prática pedagógica inclusiva
que, ao mesmo tempo em que respeita as diferenças,
busca valorizar as potencialidades de cada aluno,
garantindo uma educação de qualidade para todos.

43
Alguns recursos adaptados:

44
Alguns recursos adaptados:

45
Alguns recursos adaptados:

46
MÓDULO 1: DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Para saber mais sobre o Plano de AEE leia o texto:

INSTITUTO DIVERSA. Relatório de Inclusão Escolar.


2024. Disponível em: Plano de AEE, PEI ou PDI?
Entenda a diferença entre eles – DIVERSA. Acesso em
out. 2024.
Acesse diretamente o link:
https://diversa.org.br/noticias/plano-de-aee-pei-ou-
pdi-entenda-a-diferenca-entre-eles/

Para saber mais sobre o PARECER 50/2024 , leia:

https://www.andifes.org.br/2024/11/06/conselho-
aprova-diretriz-para-educacao-de-autista-veja-o-que-
muda-e-por-que-proposta-teve-polemica/
Boas reflexões epistemológicas!!

47
MÓDULO II: PRÁTICAS EDUCATIVAS INCLUSIVAS

48
MÓDULO II: PRÁTICAS EDUCATIVAS INCLUSIVAS

49
Referências Bibliográficas

AUSUBEL, David. A aprendizagem significativa.


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ARGUIS, R. et al. Tutoria: com a palavra, o aluno.


Tradução Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20


de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, 1996.

BRASIL . Ministério da Educação. Lei nº 12.764, de 27


de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista,2012.

CANDAU, Vera Lúcia. Didática: uma abordagem


crítica. São Paulo: Cortez, 1984. p. 14.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50. ed. Rio


de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

INSTITUTO DIVERSA. Relatório de Inclusão


Escolar. 2024. Disponível em: Plano de AEE, PEI ou
PDI? Entenda a diferença entre eles – DIVERSA.
Acesso em out. 2024.

50
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 1990.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da


aprendizagem. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1990.

LUSTOSA, A. V. M. F.; MENDES, E. G. A formação


inicial em Licenciatura em Educação Especial na
perspectiva dos egressos. Educação, v. 43, n. 1, p.
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https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/faced/ar
ticle/view/30964. Acesso em: 25 de mai. 2020.

MENDES, E. G. : Tendências atuais na área de


formação do professor e a perspectiva de inclusão
escolar. Inclusão marco zeroomeçando pelas creches.
Araraquara, SP: Junqueira&Marin, 2010.

PAIXÃO, M do S. S. L. Práticas docentes em classe


comum de escolas regulares de Teresina para
alunos com deficiência intelectual. 2019. 189 f. Tese
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Piauí, Teresina, 2019.

51
PAIXÃO, M do S. S. L. Práticas docentes em classe
comum de escolas regulares de Teresina para
alunos com deficiência intelectual. 2019. 189 f. Tese
(Doutorado em Educação). Universidade Federal do
Piauí, Teresina, 2019.

PIMENTEL, J. L. SOUZA, S. V. de. Prática


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VEIGA, Ilma Passos. A escola que queremos. São


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LARROSA, Jorge. A experiência educativa. São


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Deficiência. Brasília: Senado Federal, 2015.

LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional. Brasília: Senado Federal, 1996.

53
Editora Paz

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