CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
RESUMO – MANDADO DE SEGURANÇA
1- O conceito de direito líquido e certo não se relaciona com a facilidade da tese
jurídica desenvolvida. Tal conceito se refere à prova dos fatos. Se a prova for
exclusivamente documental, não havendo necessidade de dilação
probatória (audiências, testemunhas, perícias), podemos pensar em Mandado de
Segurança.
2- O Mandado de Segurança combate ato praticado com ilegalidade ou abuso de
poder por autoridade pública ou agente de pessoa de direito privado no exercício de
função delegada pelo Poder Público. (Exemplo: Agentes de concessionárias de
serviços públicos).
Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedades de economia mista e de
concessionários de serviços públicos (art. 1º, §2º, da Lei 12.016/09).
O Mandando de Segurança pode ser preventivo ou repressivo.
3- O Mandado de Segurança deve ser impetrado no prazo de 120 dias, a partir da
ciência do ato impugnado.
4- Não cabe Mandado de Segurança nos casos previstos pelo art. 5º da Lei 12.016/09.
Observe que em relação à vedação do art. 5º, I, não é necessário que a parte utilize o
recurso administrativo para, somente após, ingressar com o Mandado de Segurança.
Se a parte renunciou ao recurso administrativo ou deixou transcorrer o prazo poderá
propor diretamente o Mandado de Segurança.
5- É muito importante a identificação da autoridade tida como coatora. Nos termos
do artigo 6º, §3º da Lei 12.060/09 “considera-se autoridade coatora aquela que tenha
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para sua prática”. Por exemplo:
Não é coator quem apenas regulamentou abstratamente a matéria. Se o Presidente
da República editou um decreto, regulamentando determinada lei, ele não será o
coator e sim a autoridade administrativa que decidiu o caso concreto com base em
tal Decreto. Também não será coator o agente que apenas realizou a execução
material do ato. Se o ato for praticado por delegação, o coator será o delegatário e
não o delegante.
6- A identificação da autoridade coatora é também importante para definir-se a
competência do Juízo para Mandado de Segurança; ou seja, para que você saiba a
quem vai endereçar a peça.
7- Você deverá conhecer os artigos da CF que tratam da competência originária do
STF e do STJ para Mandado de Segurança, respectivamente, art. 102, I, “d” e art. 105,
I, “b”. Por exemplo: Mandado de Segurança contra ato do TCU é de competência
originária do STF.
Mandado de Segurança contra Ministro de Estado ou Comandantes Gerais da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica é de competência originária do STJ.
No entanto, o Mandado de Segurança contra ato de órgão colegiado (um Conselho,
por exemplo, apenas presidido por Ministro de Estado) será de competência do 1º
Grau.
A competência dos Tribunais de Justiça, em geral, é estabelecida nas constituições
estaduais (art. 125, §1º, da CF). Em geral, observa-se uma simetria em relação ao
modelo federal. Por exemplo: Mandado de Segurança contra ato de Governador de
Estado e Secretário de Estado, em regra, é de competência originária do Tribunal de
Justiça.
O Mandado de Segurança contra ato de Juiz Federal é de competência originária do
Tribunal Regional Federal (art. 108, I, “c”, da CF).
Muito importante: Mandado de Segurança contra ato de Tribunal é de competência
originária do próprio Tribunal. Assim, mandado de segurança contra ato do TRF é de
competência originária do próprio TRF e somente chegará ao STJ ou STF pela via
recursal. Se não houver previsão de competência originária de Tribunal, o Mandado
de Segurança deverá ser impetrado perante o Juízo de primeira instância. Em se
tratando de autoridade estadual ou municipal perante a Justiça Estadual. Em se
tratando de autoridade do Distrito Federal, perante a Justiça do DF. Em se tratando
de autoridade federal, perante o Juízo Federal. Nos termos do artigo 2º da Lei 12.016
“considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem
patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado tiverem de ser suportadas pela
União ou entidade por ela controlada”. Por exemplo: Todos sabem que uma ação
contra uma sociedade de economia mista federal será proposta na Justiça Estadual.
No entanto, se o ato praticado caracterizar ato de autoridade por delegação da União,
e for cabível Mandado de Segurança, a impetração será na Justiça Federal.
A competência territorial para o mandado de segurança observará a sede da
autoridade impetrada. Por exemplo, se você vai questionar o ato de uma autoridade
sediada em Brasília e que não tenha prerrogativa de foro o mandado de segurança
será proposto na seção judiciária do Distrito Federal e não na seção judiciária em que
seu cliente tiver domicílio. Esta competência territorial é de natureza absoluta, de
modo que o Juiz poderá declinar de ofício.
8- O Mandado de Segurança admite a medida liminar (art. 7º, III, da Lei 12.016/09). Se
for o caso, você deverá demonstrar a presença dos requisitos para concessão de
liminar: relevância do fundamento e risco de ineficácia da medida, caso seja
concedida a segurança. Por exemplo: seu cliente pretende obter a liminar para fazer
a prova de um concurso público que se realizará nos próximos dias. Observe que o
art. 7º, §2º, da Lei 12.016/09 prevê caso em que é vedada a concessão de liminar.
Nestes mesmos casos, a sentença somente será executada após o trânsito em
julgado.
9- Você deverá narrar os fatos e apresentar os fundamentos jurídicos do pedido. É
possível que você requeira incidentalmente a declaração de inconstitucionalidade
de uma lei que, no caso concreto, esteja prejudicando seu cliente. Lembre-se que
você estará atuando no âmbito do controle difuso e a declaração de
inconstitucionalidade será apresentada como causa de pedir e não como pedido.
10-Você deverá requerer notificação da autoridade apontada como coatora para
prestar as informações em dez dias (art. 7º, I, da Lei 12.016/09)
11- Deverá requerer a ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada (Procuradoria do Estado, AGU, por exemplo) para, querendo,
ingressar no feito.
12- Deverá pedir a concessão da liminar, conforme fundamentos já desenvolvidos.
13- Deverá pedir a concessão da segurança para os fins pretendidos.
14- Deverá pedir a intimação do Ministério Público.
15- Deverá atribuir valor à causa. Observe que, no Mandado de Segurança, não cabe
condenação em honorários advocatícios (art. 25 da lei 12.016/09).
16- Se o Mandado de Segurança for de competência originária de Tribunal, você
deverá dirigir a petição ao respectivo Presidente.
17- Peculiaridades do Mandado de Segurança Coletivo:
a) Fundamento constitucional: artigo 5º, LXX, da CF.
b) Fundamento legal: Art. 21 da Lei 12.016/09
c) Demonstrar a legitimidade de quem o contratou. Se for o caso, mencionar que a
exigência de constituição e funcionamento há pelo menos 1 ano não se aplica à
organização sindical e à entidade de classe.
d) Mencionar que o Mandado de Segurança coletivo é hipótese de substituição
processual e não de representação, não havendo necessidade de autorização dos
filiados ou associados.
e) Demonstrar que os direitos pleiteados são coletivos ou individuais homogêneos
(art. 21, parágrafo único, da Lei 12.016/09).
f) Observar que o MS Coletivo serve para a defesa tanto dos direitos de toda a
categoria, como dos direitos de parte da categoria (art. 21 da Lei 12.016/09).
18- Recursos no Mandado de Segurança:
a) Contra o indeferimento da inicial pelo Juiz de 1º grau: Apelação (art. 10, §1º, da Lei
12.16/09).
b) Contra a decisão de Juiz de 1º grau que conceder ou denegar a liminar: Agravo de
Instrumento (deverá ser interposto no Tribunal ao qual estiver vinculado o Juiz de 1º
grau e você deverá demonstrar a urgência na apreciação, o que impede a conversão
em agravo retido). Veja o que está previsto no art. 15 da Lei 12.016/09: Pedido de
suspensão de liminar ou da execução da sentença.
É ato de competência do Presidente do Tribunal ao qual couber o conhecimento do
respectivo recurso. Somente pode ser requerida pela pessoa jurídica interessada ou
pelo Ministério Público. O Presidente fundamenta o ato em motivos políticos: evitar
grave lesão à ordem, à saúde, a segurança, à economia pública. Cabe agravo interno
contra a decisão do Presidente.
c) Contra a sentença do Juiz de 1º grau caberá apelação. A sentença concessiva
poderá ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a
concessão de liminar (art. 7º, § 2º, da Lei 12.016/09). A sentença concessiva estará
sujeita ao duplo grau obrigatório de jurisdição (art. 14, §1º, da Lei 12.016/09)
d) Nos processos de competência originária de Tribunal, contra a decisão do relator
que conceder ou denegar medida liminar ou indeferir a inicial caberá agravo para o
órgão competente do Tribunal.
e) Contra o acórdão proferido pelo TJ ou pelo TRF em processo de competência
originária, caberá recurso ordinário para o STJ, se o acórdão for denegatório e recurso
especial para o STJ ou extraordinário para o STF, se o acórdão for concessivo. Contra
o acórdão do STJ denegatório em competência originária, caberá recurso ordinário
para o STF. Se for concessivo, recurso extraordinário para o STF.
f) Segundo a corrente dominante, a pessoa jurídica é o sujeito passivo no Mandado de
Segurança. No entanto, o direito de recorrer se estende à autoridade coatora.
g) Não cambem Embargos Infringentes no Mandado de Segurança (art. 25. Lei
12.016/09).
19- Formação da coisa julgada no Mandado de Segurança: Se a sentença denegar a
segurança sem apreciar o mérito, não impedirá a renovação da lide. Por exemplo: a
sentença que denega a segurança por entender que não existe o pressuposto do
direito líquido e certo, pois há necessidade de dilação probatória, não impede que a
parte proponha ação ordinária. Também a sentença que reconhecer a decadência
para o Mando de Segurança não impedirá a proposição de ação ordinária. No entanto,
se a sentença apreciou o próprio mérito, dizendo que o direito não existe, é inviável a
renovação da lide.
20- Relação entre Mandado de Segurança Coletivo e ações individuais:
Não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada
não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu
Mandado de Segurança no prazo de 30 dias, a contar da ciência comprovada da
impetração de segurança coletiva.
21- Súmulas do STF sobre Mandado de Segurança: 101, 248, 266, 267, 268, 269, 270,
271, 272, 294, 299, 304, 330, 405, 429, 433, 474, 510, 511, 512, 597.
Súmulas do STJ sobre Mandado de Segurança: 41, 105, 169, 177, 213, 333.