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Trabalho e A Sociedade ?

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Trabalho e a sociedade 🗺️

☞ O trabalho era essencialmente voltado para a subsistência, com


atividades de caça, coleta e pesca distribuídas entre os membros da
comunidade. Não havia uma clara divisão do trabalho ou hierarquia
social.

➱O desenvolvimento da agricultura trouxe mudanças radicais. A


sedentarização, o surgimento da propriedade privada da terra e a
produção de excedentes agrícolas levaram a uma maior divisão do
trabalho e ao aparecimento de hierarquias sociais. O trabalho agrícola
tornou-se a principal atividade econômica, exigindo esforço físico
intenso e longas jornadas.

➱ O trabalho era organizado de forma diferente em cada sociedade, mas


geralmente havia uma clara divisão entre aqueles que trabalhavam e
aqueles que detinham o poder. A escravidão foi uma característica
marcante em muitas dessas sociedades, com os escravos realizando o
trabalho mais árduo e desqualificado. Em sociedades como a grega, o
trabalho manual era frequentemente associado a uma posição social
inferior.

Idade média

➱O sistema feudal caracterizou-se pela relação senhor-servo, onde os


servos trabalhavam nas terras do senhor em troca de proteção e acesso a
uma parte da produção. O trabalho era predominantemente agrícola,
com longas jornadas e condições de vida precárias. As corporações de
ofício, que regulavam o trabalho artesanal nas cidades, representavam
uma forma de organização do trabalho mais especializada e com maior
autonomia dos trabalhadores.
➱O crescimento do comércio, a expansão marítima e o desenvolvimento
de novas rotas comerciais levaram ao surgimento de uma economia
mercantil, baseada na acumulação de capital e na busca pelo lucro. Isso
gerou novas formas de organização do trabalho e novas relações entre os
trabalhadores e os detentores dos meios de produção.

➱O crescimento das cidades atraiu trabalhadores do campo, buscando


novas oportunidades de emprego. As manufaturas, que produziam bens
em larga escala, começaram a se desenvolver, substituindo gradualmente
o trabalho artesanal individual. Essas manufaturas, muitas vezes
localizadas em oficinas ou em casas dos trabalhadores (putting-out
system), representavam uma forma de organização do trabalho mais
centralizada e com maior divisão de tarefas.

➱A relação de trabalho feudal, baseada na servidão, foi gradualmente


substituída pelo trabalho assalariado. Os trabalhadores passaram a
vender sua força de trabalho em troca de um salário, estabelecendo uma
nova relação de dependência econômica entre o trabalhador e o
empregador. No entanto, os salários eram frequentemente baixos, e as
condições de trabalho ainda eram precárias.

➱As políticas mercantilistas dos Estados europeus buscavam fortalecer


a economia nacional através do controle do comércio e da produção. O
protecionismo, com a imposição de tarifas e restrições às importações,
visava proteger as indústrias nacionais e estimular o desenvolvimento
econômico. Essas políticas influenciaram a organização do trabalho e a
distribuição da riqueza.

➱O capitalismo comercial, baseado no comércio de mercadorias e na


acumulação de capital, foi se consolidando. Os comerciantes e os
mercadores desempenhavam um papel central na economia,
controlando o fluxo de bens e acumulando riqueza. Essa nova estrutura
econômica gerou novas demandas por trabalho e novas formas de
organização da produção.
➱Apesar do crescimento das manufaturas, o trabalho artesanal
continuou a desempenhar um papel importante na economia. As
corporações de ofício, associações de artesãos que regulavam a produção
e a venda de bens, mantiveram sua influência em muitas cidades,
embora seu poder tenha sido gradualmente enfraquecido com o
desenvolvimento do capitalismo.

➱A Revolução Industrial, iniciada no final do século XVIII na


Grã-Bretanha e posteriormente se espalhando pela Europa e pelo
mundo, representou uma ruptura profunda na história do trabalho, com
consequências de longo alcance para a sociedade.

➱A invenção de novas máquinas, como a máquina a vapor e o tear


mecânico, revolucionou a produção de bens. O trabalho manual foi
substituído, em grande parte, por máquinas, aumentando
significativamente a produtividade e a escala de produção. Isso levou à
concentração da produção em fábricas e à formação de grandes centros
industriais.
As fábricas tornaram-se o novo local de trabalho, concentrando grandes
quantidades de trabalhadores em um único espaço. As condições de
trabalho nas fábricas eram frequentemente precárias, com longas
jornadas de trabalho, baixos salários, falta de segurança e higiene, e
trabalho infantil generalizado.

➱A mecanização da produção e a concentração do trabalho nas fábricas


levaram à formação de uma nova classe social: o proletariado, ou classe
trabalhadora. Os trabalhadores, desprovidos dos meios de produção,
passaram a vender sua força de trabalho em troca de um salário,
tornando-se dependentes dos empregadores.
As relações de trabalho na era industrial eram caracterizadas pela
hierarquia, pela disciplina e pelo controle rigoroso do tempo e do
movimento dos trabalhadores. Os empregadores buscavam maximizar a
produtividade, muitas vezes à custa do bem-estar dos trabalhadores. O
trabalho tornou-se repetitivo, monótono e alienante para muitos.
Modelos de produção

➱Modelos de produção industrial são conjuntos de técnicas de produção


e estratégias de gerência e de ordenamento do processo produtivo
desenvolvidos e adaptados ao longo da modernização da indústria em
harmonia com as demandas do período e ao aparato técnico então
disponível. O objetivo de tais modelos é tornar a produção mais eficaz e
garantir a dinamização do trabalho no interior das indústrias.

➱Os modelos começaram a ser desenvolvidos quando do princípio da


industrialização, e foram sendo gradativamente transformados e
adaptados ao contexto socioeconômico do período e do lugar onde
surgiram, avaliando o comportamento do mercado e as necessidades de
um ou mais ramos produtivos naquele dado momento.
São quatro os modelos de produção industrial que se tornaram
amplamente conhecidos e que foram difundidos para todo o mundo,
tendo sido empregados em diferentes setores produtivos em momentos
distintos do processo de evolução da indústria moderna. Esses modelos
são, do mais antigo ao mais recente:

-> Taylorismo
-> Fordismo
-> Toyotismo
-> Volvismo

Taylorismo
➱O taylorismo, também conhecido como organização científica do
trabalho (OST), foi um sistema de organização da produção industrial
desenvolvido por Frederick Winslow Taylor no final do século XIX e
início do século XX nos EUA.
➱O taylorismo floresceu durante a Segunda Revolução Industrial, um
período de intensa inovação tecnológica, particularmente nos Estados
Unidos. A introdução de novas máquinas, como a máquina elétrica e a
linha de montagem, aumentou a produtividade, mas também gerou
desafios na organização do trabalho. A necessidade de otimizar a
utilização dessas novas tecnologias e aumentar a eficiência da produção
impulsionou a busca por novas formas de organização do trabalho, das
quais o taylorismo se tornou uma resposta.
O crescimento acelerado da indústria e a consolidação do capitalismo
como sistema econômico dominante criaram uma demanda por maior
eficiência e produtividade. As empresas buscavam maximizar seus
lucros e competir em um mercado cada vez mais competitivo. A
imigração em massa para os Estados Unidos, principalmente da Europa,
forneceu uma grande reserva de mão de obra barata e pouco qualificada.
Essa abundância de trabalhadores contribuiu para a aceitação do
taylorismo, que se baseava na divisão do trabalho em tarefas simples e
repetitivas, que podiam ser executadas por trabalhadores com pouca
qualificação.

Características:

● Racionalização do trabalho (ou seja, cada um se aperfeiçoa no que


sabe fazer de melhor e vai realizar somente essa função).
● Divisão do trabalho e especialização do funcionário, tornando-o
alheio sobre todo o processo produtivo.
● Padronização de ferramentas e métodos.
● Produção em massa.
● Existência de grandes estoques.
● O controle de qualidade é realizado ao final do processo produtivo.
● A produção objetiva menor tempo e gastos possíveis.
● Seleção e treinamento de trabalhadores (base em testes e
avaliações, buscando aqueles mais aptos para cada tarefa
específica. A ideia era “O homem certo no lugar certo”.)
● Sistemas de pagamento por peça eram comuns, recompensando os
trabalhadores pelo aumento da produção.
● Eficiência da gerência: Os trabalhadores eram monitorados de
perto por supervisores, que garantiam a conformidade com os
métodos padronizados e o cumprimento das metas de produção. A
hierarquia era rígida, com uma clara separação entre gerência e
execução.

Fordismo
➱Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos experimentaram
um período de intenso crescimento econômico e industrial. A demanda
por bens de consumo aumentou significativamente, criando um mercado
consumidor em expansão. A indústria automobilística, em particular,
estava em plena expansão, e a necessidade de produzir automóveis em
larga escala e a baixo custo impulsionou a busca por novas formas de
organização da produção.
A linha de montagem móvel, inventada por Henry Ford, foi uma
inovação tecnológica crucial para o fordismo. Essa tecnologia permitiu a
produção em massa de automóveis de forma eficiente e a baixo custo.
Outras inovações tecnológicas, como a eletrificação das fábricas e a
melhoria dos processos de produção, também contribuíram para o
sucesso do fordismo.
A imigração em massa para os Estados Unidos, principalmente da
Europa, forneceu uma grande reserva de mão de obra barata e pouco
qualificada.
A demanda crescente por automóveis exigia a produção em massa para
atender ao mercado consumidor em expansão. O fordismo, com sua
ênfase na produção em larga escala e na padronização dos produtos, se
mostrou uma solução eficaz para atender a essa demanda.

➱O fordismo se inseriu em uma ideologia dominante do progresso e do


consumo, que permeava a sociedade americana da época. A crença no
poder da tecnologia para melhorar a vida das pessoas e a promoção do
consumo como motor do crescimento econômico contribuíram para a
aceitação e a popularização do fordismo.
As condições de trabalho no início do século XX eram frequentemente
precárias, com longas jornadas, baixos salários e falta de segurança. O
fordismo, embora não tenha resolvido esses problemas completamente,
ofereceu um sistema de produção mais eficiente, que, em tese, poderia
levar a melhores salários e condições de trabalho no futuro, através do
aumento da produtividade e da redução de custos. No entanto, a
realidade nem sempre se ajustou a essa expectativa.

Características

● A inovação mais significativa do fordismo foi a linha de montagem


móvel e a esteira rolantes. Em vez de os trabalhadores se
deslocarem para diferentes etapas da produção, as peças eram
transportadas em esteiras rolantes, e cada trabalhador realizava
uma tarefa específica e repetitiva. Isso aumentou drasticamente a
velocidade e a eficiência da produção.
● O fordismo visava a produção em massa de bens padronizados,
com foco na redução de custos e na ampliação da escala de
produção. A padronização dos produtos facilitava a produção em
larga escala e reduzia os custos unitários. O Modelo T da Ford é o
exemplo mais emblemático.
● As tarefas dos trabalhadores eram altamente simplificadas e
repetitivas, exigindo pouca qualificação e treinamento. Isso
permitia a contratação de uma grande força de trabalho com baixo
custo e fácil substituição. A desqualificação da mão de obra era
uma consequência direta.
● Para garantir uma força de trabalho estável e motivada, Ford
implementou um sistema de salários relativamente altos em
comparação com os padrões da época. Isso visava reduzir a
rotatividade de funcionários e aumentar a produtividade. Essa
política, porém, não foi universalmente adotada por outras
empresas e, com o tempo, a própria Ford revisou sua estratégia
salarial.
● O fordismo implicava um controle rigoroso do tempo e do
movimento dos trabalhadores na linha de montagem. O ritmo de
trabalho era ditado pela velocidade da esteira, e os trabalhadores
eram monitorados de perto para garantir a eficiência. A disciplina
e a padronização eram fundamentais.
● As empresas fordistas tendiam a controlar toda a cadeia produtiva,
desde a extração de matérias-primas até a distribuição do produto
final. Isso permitia maior controle sobre os custos e a qualidade.
A integração vertical reduzia a dependência de fornecedores
externos.
● O fordismo não se limitava à produção; ele também impulsionou o
consumo de massa. Os salários relativamente altos (inicialmente),
combinados com a produção em massa de bens acessíveis, criaram
um mercado consumidor em expansão. A produção em massa
necessitava de um consumo em massa para ser sustentável.

O modelo de Ford acumulava grandes estoques, em razão da produção


barata e em massa. Esse quesito trouxe um acúmulo de mercadorias, e
houve uma crise da superprodução.

Essa superprodução ocorreu porque grande parte dos produtos


estadunidenses era vendida para a Europa após a Primeira Guerra
Mundial (1914-18). Entretanto, no decorrer da década de 1920, a Europa
começou a se reestruturar, comprando menos dos Estados Unidos. No
entanto, as indústrias estadunidenses continuavam na produção
acelerada, o que fez aumentar os estoques, pois as vendas já não eram
como antes.

Toyotismo

➱O toyotismo é um sistema de produção que surgiu na empresa Toyota


Motor Corporation no Japão após a Segunda Guerra Mundial,
representando uma resposta às limitações do fordismo e às
características específicas da economia japonesa pós-guerra (± 1970). Ao
contrário do fordismo, que se baseava na produção em massa de
produtos padronizados, o toyotismo enfatiza a flexibilidade, a qualidade
e a adaptação às mudanças da demanda.

Características
● Produção Enxuta (Lean Manufacturing): O toyotismo busca a
eliminação de todos os tipos de desperdício (muda) na produção,
incluindo desperdícios de tempo, materiais, espaço, energia e mão
de obra. A eficiência é maximizada através da otimização de todos
os processos. Não existiam estoques, nem de matéria prima e nem
de produtos industrializados.
● Just-in-Time (JIT): O sistema JIT ("just in time" ou "apenas a
tempo") é um dos pilares do toyotismo. Os materiais e
componentes são entregues exatamente quando são necessários na
linha de produção, minimizando os custos de estocagem e
reduzindo o risco de obsolescência. Isso exige uma coordenação
precisa com os fornecedores.
● Kaizen (Melhoria Contínua): O kaizen é uma filosofia de melhoria
contínua que permeia todos os aspectos da produção toyotista. Os
trabalhadores são incentivados a identificar e propor melhorias
nos processos, contribuindo para a otimização da produção e a
redução de desperdícios. A melhoria é um processo constante e
incremental.
● Kanban (Sistema de Sinalização): O kanban é um sistema visual de
sinalização que controla o fluxo de materiais na linha de produção.
Cartões ou outros sinais indicam a necessidade de reposição de
materiais, garantindo que os componentes estejam disponíveis no
momento certo e na quantidade necessária.
● Jidoka (Automação com Toque Humano): O jidoka combina
automação com a capacidade dos trabalhadores de interromper a
linha de produção em caso de problemas. Isso permite a detecção
precoce de defeitos e a prevenção de erros, garantindo a alta
qualidade dos produtos.
● Multifuncionalidade da Mão de Obra: Ao contrário do fordismo,
que enfatizava a especialização em tarefas repetitivas, o toyotismo
valoriza a multifuncionalidade da mão de obra. Os trabalhadores
são treinados para realizar diversas tarefas, aumentando a
flexibilidade da produção e a capacidade de resposta a mudanças
na demanda. Além disso, os produtos não são produzidos na
mesma fábrica (fragmentação da produção).
● Relações de Longo Prazo com Fornecedores: O toyotismo enfatiza
a construção de relações de longo prazo com os fornecedores,
baseadas na confiança e na cooperação. Os fornecedores são
considerados parceiros estratégicos, e a qualidade de seus produtos
é crucial para o sucesso do sistema.
● Qualidade Total: A qualidade é um elemento central do toyotismo.
A busca pela perfeição e a prevenção de defeitos são priorizadas em
todos os estágios da produção. A responsabilidade pela qualidade
é compartilhada por todos os membros da equipe.

Volvismo

➱O volvismo é um modelo de produção que surgiu na empresa


automobilística sueca Volvo nos anos 1970 (1960-1970±), representando
uma alternativa tanto ao fordismo quanto ao toyotismo.

Características

● Envolvimento dos trabalhadores: Ao contrário dos modelos


anteriores que frequentemente tratavam os trabalhadores como
meros executores de tarefas, o volvismo enfatizava a participação
dos trabalhadores no processo de produção. Suas ideias e
sugestões eram valorizadas, e eles eram incentivados a contribuir
para a melhoria dos processos e da qualidade dos produtos. Isso
resultava em maior comprometimento e motivação.
● Trabalho em equipe: O trabalho era organizado em equipes
multifuncionais, onde os trabalhadores tinham maior autonomia e
responsabilidade. As equipes eram responsáveis por todo o
processo de produção de um determinado componente ou parte do
produto, promovendo a colaboração e o compartilhamento de
conhecimento.
● Rotação de tarefas: Para evitar a monotonia e a repetição excessiva
de tarefas, os trabalhadores eram incentivados a rotacionar entre
diferentes funções dentro da equipe. Isso aumentava a
versatilidade e a qualificação dos trabalhadores, além de reduzir o
estresse e a fadiga.
● Ergonomia e segurança: A Volvo sempre deu grande importância à
ergonomia e à segurança no trabalho. Os postos de trabalho eram
projetados para minimizar o esforço físico e os riscos de acidentes,
contribuindo para a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. A
prevenção de acidentes era prioritária.
● Qualidade total: Assim como no toyotismo, a qualidade era um
elemento central no volvismo. No entanto, a busca pela qualidade
não se limitava à produção em si, mas também abrangia as
condições de trabalho e o bem-estar dos trabalhadores. A
qualidade era vista como um processo holístico.
● Flexibilidade: O volvismo buscava flexibilidade na produção,
permitindo a adaptação a mudanças na demanda e a
personalização dos produtos. No entanto, essa flexibilidade era
diferente daquela do toyotismo, que priorizava a redução de
estoques. No volvismo, a flexibilidade estava mais relacionada à
capacidade de adaptar os processos de produção e as habilidades
dos trabalhadores.
● Relações trabalhistas: O volvismo se caracterizava por relações
trabalhistas mais colaborativas e participativas, com um forte
diálogo entre trabalhadores e gerência. A busca pelo consenso e a
resolução de conflitos eram priorizadas.

Taylorismo Fordismo Toyotismo

Produção Em massa, de bens Em massa, de bens Pequenos lotes,


homogêneos. homogêneos. produção
diversificada.

Ritmo de trabalho Baseado no Baseado no ritmo Baseada na


rendimento das máquinas e da demanda dos
individual. esteira. clientes e no
trabalho em
grupo.

Economia De escala De escala De escopo


Estoque Manutenção de Manutenção de Não fazem
grandes estoques. grandes estoques. estoque.

Objetivo de Voltada para Voltada para Voltada para a


produção recursos. recursos. demanda.

Controle de São feitos no final São feitos no final São feitos ao longo
qualidade da linha de da linha de do processo.
montagem. montagem.

Tarefas O trabalhador O trabalhador O trabalhador


realiza uma única realiza uma única realiza múltiplas
tarefa. tarefa. tarefas.

Autonomia de Alta subordinação Subordinação Exercida de forma


trabalho aos gerentes. levemente estrutural.
atenuada.

Espaço de trabalho Divisão espacial. Divisão espacial. Integração


espacial.

Ideias Estado de Estado de Estado Neoliberal


bem-estar social. bem-estar social.

Demandas Coletivas Coletivas Individuais

Poder Estado e sindicatos Estado e sindicatos Poder financeiro e


detém o poder. detém o poder. individual.

A questão do trabalho segundo Marx, Weber


e Durkheim

➱A questão do trabalho ocupa um lugar central na sociologia, sendo analisada sob


diversas perspectivas e abordagens teóricas. Não se trata apenas de uma atividade
econômica, mas de um fenômeno social complexo que molda e é moldado pelas
estruturas sociais, pelas relações de poder e pelas culturas.
➱A divisão do trabalho e a organização da produção geram diferentes posições
sociais e hierarquias. O acesso a diferentes tipos de trabalho, os níveis de
remuneração, as condições de trabalho e o prestígio associado a cada ocupação
contribuem para a estratificação social, criando desigualdades e hierarquias. Marx,
por exemplo, enfatizava a divisão entre burguesia (proprietários dos meios de
produção) e proletariado (trabalhadores). Weber, por sua vez, considerava a
estratificação social multidimensional, incluindo fatores como classe, status e poder.
O trabalho desempenha um papel fundamental na construção da identidade
individual e coletiva. A ocupação profissional muitas vezes define a posição social de
um indivíduo, influenciando suas relações sociais, seu estilo de vida e sua
autoestima. A perda do emprego pode ter consequências devastadoras para a
identidade e o bem-estar psicológico. Durkheim, por exemplo, analisou a
importância da divisão do trabalho na coesão social.
As relações de trabalho refletem as relações de poder na sociedade. O controle sobre
os meios de produção e a organização do trabalho estão intimamente ligados ao
poder. Grupos dominantes buscam controlar e explorar a força de trabalho,
enquanto os trabalhadores lutam por melhores condições de trabalho e maior justiça
social. A análise das relações de poder no trabalho é central em diversas abordagens
sociológicas, incluindo o marxismo e o funcionalismo.
A cultura influencia a forma como o trabalho é organizado, percebido e valorizado.
Diferentes culturas têm diferentes valores e atitudes em relação ao trabalho,
influenciando as relações de trabalho, a organização das empresas e as políticas
públicas. A sociologia do trabalho busca compreender como as normas, valores e
crenças culturais moldam as experiências e as percepções do trabalho.

Por isso, algumas figuras emblemáticas trazem à tona a relação do trabalho na


sociedade: Os principais são Marx, Weber e Durkheim.

Trabalho para Marx ☭


Para Karl Marx, o trabalho não é apenas uma atividade econômica, mas um elemento
fundamental que define a própria essência do ser humano e a estrutura da sociedade.
Sua análise do trabalho é central em sua crítica ao capitalismo e sua visão de uma
sociedade comunista.
Marx argumenta que o trabalho é uma atividade inerente à natureza humana,
distinguindo o ser humano dos animais. Através do trabalho, o ser humano
transforma a natureza, produz os meios para sua subsistência e cria o mundo
material que o cerca. Essa atividade criativa e transformadora é fundamental para a
realização humana. Ele chama isso de "espécie-ser".

Sob o capitalismo, Marx argumenta que o trabalho se torna uma fonte de alienação.
Essa alienação se manifesta em quatro dimensões principais:

Alienação do produto: O trabalhador não possui o produto de seu trabalho. Ele


produz bens para o capitalista, que se apropria do valor gerado pelo trabalho. O
trabalhador não tem controle sobre o que produz nem sobre o destino do produto.

Alienação do processo de trabalho: O trabalhador não controla o processo de


trabalho. Ele é submetido a um ritmo e a métodos de produção determinados pelo
capitalista, sem ter voz na organização do trabalho. O trabalho se torna repetitivo,
monótono e alienante.

Alienação de si mesmo: O trabalhador se torna alienado de sua própria essência


humana. Em vez de realizar sua capacidade criativa e transformadora, ele se torna
um mero instrumento de produção, reduzido a uma força de trabalho
intercambiável. Sua atividade perde o significado e o propósito. A consequência é
uma degeneração dos modos do comportamento humano.

Alienação dos outros trabalhadores: A competição entre os trabalhadores,


incentivada pelo sistema capitalista, gera alienação entre eles. A cooperação é
substituída pela competição individualista pela sobrevivência e pelo lucro.

Ou seja:
O trabalhador é estranho ao produto de sua atividade, que pertence a outro. Isto tem
como consequência que o produto se consolida, perante o trabalhador, como um
“poder independente”, e que, “quanto mais o operário se esgota no trabalho, tanto
mais poderoso se torna o mundo estranho, objetivo, que ele cria perante si, mais ele
se torna pobre e menos o mundo interior lhe pertence”;

A alienação do trabalhador relativamente ao produto da sua atividade surge, ao


mesmo tempo, vista do lado da atividade do trabalhador, como alienação da
atividade produtiva. Esta deixa de ser uma manifestação essencial do homem, para
ser um “trabalho forçado”, não voluntário, mas determinado pela necessidade
externa. Por isso, o trabalho deixa de ser a “satisfação de uma necessidade, mas
apenas um meio para satisfazer necessidades externas a ele”. O trabalho não é uma
feliz confirmação de si e desenvolvimento de uma livre energia física e espiritual, mas
antes sacrifício de si e mortificação. A consequência é uma profunda degeneração dos
modos do comportamento humano;
Com a alienação da atividade produtiva, o trabalhador aliena-se também do gênero
humano. A perversão que separa as funções animais do resto da atividade humana e
faz delas a finalidade da vida, implica a perda completa da humanidade. A livre
atividade consciente é o caráter específico do homem; a vida produtiva é vida
“genérica”. Mas a própria vida surge no trabalho alienado apenas como meio de vida.
Além disso, a vantagem do homem sobre o animal – isto é, o fato de o homem poder
fazer de toda natureza extra-humana o seu “corpo inorgânico” – transforma-se,
devido a esta alienação, numa desvantagem, uma vez que escapa cada vez mais ao
homem, ao operário, o seu “corpo inorgânico”, quer como alimento do trabalho, quer
como alimento imediato, físico;

A consequência imediata desta alienação do trabalhador da vida genérica, da


humanidade, é a alienação do homem pelo homem. “Em geral, a proposição de que o
homem se tornou estranho ao seu ser, enquanto pertencente a um gênero, significa
que um homem permaneceu estranho a outro homem e que, igualmente, cada um
deles se tornou estranho ao ser do homem”. Esta alienação recíproca dos homens
tem a manifestação mais tangível na relação operário-capitalista."

Mais valia - Marx argumenta que o capitalismo se baseia na exploração da força de


trabalho. O capitalista paga ao trabalhador um salário que corresponde apenas a
uma parte do valor que ele produz. A diferença entre o valor produzido pelo
trabalhador e o salário que ele recebe é a mais-valia, que é apropriada pelo capitalista
como lucro. Essa apropriação da mais-valia é a base da exploração capitalista.
Mais-valia é diferente do lucro: O lucro pode representar o valor resultante da venda
de um produto, após o pagamento do investimento relativo aos meios de produção.
Retirado o valor investido em salários (capital variável) do calor do produto, o que
resta é a mais-valia. Parte da mais valia serve para pagar outros investimentos
(capital constante), como: insumos usados para confecção de produtos, máquinas,
empréstimos, impostos, etc. O que resta dessa conta é o lucro.

Existem dois tipos de mais-valia:

Mais-valia absoluta: A mais-valia absoluta é gerada aumentando a jornada de


trabalho do operário, mantendo constante a intensidade do trabalho e o valor da
força de trabalho. O capitalista prolonga o tempo de trabalho além do necessário
para a reprodução da força de trabalho (o tempo que o trabalhador precisa para se
manter vivo e trabalhar novamente), apropriando-se do valor produzido nesse tempo
extra.

Ex.: Se um trabalhador precisa de 4 horas de trabalho para produzir o equivalente ao


seu salário (reprodução da força de trabalho) e trabalha 8 horas por dia, o capitalista
se apropria do valor produzido nas 4 horas restantes, que representa a mais-valia
absoluta.
Mais-valia relativa:
A mais-valia relativa é gerada aumentando a produtividade do trabalho, mantendo
constante a jornada de trabalho. Isso é conseguido através de inovações
tecnológicas, melhorias nos processos de produção, intensificação do trabalho e
aumento da eficiência. Com a mesma jornada de trabalho, o trabalhador produz
mais valor, e o capitalista se apropria de uma maior parte desse valor como
mais-valia.

Ex.: Se, através da introdução de novas máquinas, um trabalhador consegue produzir


o equivalente ao seu salário em 2 horas de trabalho, e continua trabalhando 8 horas
por dia, o capitalista se apropria do valor produzido nas 6 horas restantes, que
representa a mais-valia relativa.

Para Marx, a relação capitalista de produção gera uma luta de classes entre a
burguesia (proprietários dos meios de produção) e o proletariado (trabalhadores). O
proletariado, consciente de sua exploração, deve se organizar e lutar para superar a
alienação e a exploração, buscando a transformação da sociedade capitalista em uma
sociedade comunista.
Em uma sociedade comunista, Marx prevê a superação da alienação e da exploração
do trabalho. O trabalho deixaria de ser uma fonte de sofrimento e se tornaria uma
atividade livre e criativa, onde os indivíduos se realizariam através de sua
participação na produção social. A propriedade privada dos meios de produção seria
abolida, e os meios de produção seriam coletivizados.

Trabalho para Weber

Max Weber, ao contrário de Marx que focava na estrutura econômica como


determinante da sociedade, adotou uma perspectiva mais multidimensional para
analisar o trabalho, considerando fatores como a ação social, a racionalização e a
ética protestante. Sua análise não se limita à dimensão material da produção, mas
também engloba os aspectos culturais, religiosos e sociais do trabalho.
Weber define a ação social como uma conduta humana dotada de significado
subjetivo para o agente e orientada pela ação de outros. O trabalho, para Weber, é
uma forma de ação social, pois envolve a interação entre indivíduos e a busca por
objetivos específicos. Ele analisou como diferentes valores e motivações influenciam
a forma como as pessoas se engajam no trabalho.

Por tempos, o trabalho era visto como algo penoso e torturante, pensamento esse
influenciado principalmente pela Igreja Católica, que defendia que a busca pelo lucro
e riqueza era um pecado. Com a Reforma Protestante, no século XVI, a visão acerca
do trabalho é alterada drasticamente.
Em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", Weber argumenta que
a ética religiosa do protestantismo, particularmente o calvinismo, contribuiu para o
desenvolvimento do capitalismo. A ênfase na disciplina, na frugalidade, no trabalho
árduo e na busca pela acumulação de riqueza como sinal da graça divina criou um
ambiente cultural favorável ao desenvolvimento do capitalismo e de novas formas de
organização do trabalho. Essa não é uma relação de determinismo, mas de afinidade
eletiva. Essa mudança é muito importante para a classe burguesa, que necessitava
aprovação da sociedade para poder acumular patrimônio.

Ele identificou três tipos ideais de dominação: a tradicional, a carismática e a


racional-legal. Cada tipo de dominação se manifesta de forma diferente nas relações
de trabalho. Na dominação tradicional, a autoridade se baseia na tradição e na
hierarquia; na dominação carismática, na devoção a um líder; e na dominação
racional-legal, em regras e regulamentos formais. A burocracia, por exemplo, é uma
forma de organização do trabalho baseada na dominação racional-legal.

Weber reconhecia que o trabalho contribui para a definição do status social de um


indivíduo. O prestígio e o reconhecimento social associados a diferentes ocupações
variam de acordo com a cultura e a sociedade. O trabalho não apenas gera renda,
mas também influencia a posição social e o estilo de vida de um indivíduo. Ele
analisou a burocracia como uma forma de organização racional do trabalho,
caracterizada por hierarquia, regras formais, especialização de tarefas e
impessoalidade. Embora reconhecesse a eficiência da burocracia, ele também
alertou para seus potenciais efeitos negativos, como a desumanização do trabalho, a
rigidez e a falta de flexibilidade.
Trabalho para Durkheim

Para Émile Durkheim, o trabalho não é apenas uma atividade


econômica, mas um elemento fundamental da organização social e da
coesão social. Sua análise do trabalho se concentra na sua função na
integração social e na evolução das sociedades. Em graus diferentes,
produz especialização, uma divisão de tarefas entre os membros de uma
coletividade. Esse cenário gera laços solidariedade que são os laços
sociais, as formas de integração dos indivíduos.

A obra mais importante de Durkheim sobre o trabalho é "Da Divisão do


Trabalho Social" (1893). Nela, ele analisa a evolução da solidariedade
social, distinguindo entre a solidariedade mecânica e a solidariedade
orgânica.

Nas sociedades tradicionais, a solidariedade social é mecânica, baseada


na semelhança entre os indivíduos e na ausência de uma grande divisão
do trabalho. As pessoas compartilham as mesmas crenças, valores e
atividades, e a coesão social é forte. O trabalho é geralmente coletivo e
pouco especializado. Típico de sociedades pré-capitalistas.

Nas sociedades modernas, a solidariedade social é orgânica, baseada na


interdependência entre os indivíduos e na crescente divisão do trabalho.
A especialização das tarefas gera uma complexa rede de interações
sociais, onde cada indivíduo desempenha uma função específica e
contribui para o funcionamento do todo. A coesão social se baseia na
interdependência e na complementaridade das funções.
Durkheim argumenta que a divisão do trabalho não é apenas um
fenômeno econômico, mas um processo social que transforma as
relações sociais e a coesão social. Ele reconhece que a divisão do
trabalho pode levar a anomias (situações de desregulamentação social),
mas acredita que, quando bem regulada, ela contribui para a integração
social e para o progresso moral.

Durkheim destaca a importância do trabalho na coesão social. O


trabalho proporciona aos indivíduos um senso de pertencimento,
identidade e significado. A participação em atividades coletivas de
trabalho, mesmo em sociedades com alta divisão do trabalho, contribui
para a integração social e para a formação de laços sociais. As profissões,
por exemplo, podem funcionar como grupos sociais que promovem a
solidariedade e a cooperação entre seus membros.
Ele reconhece que a divisão do trabalho pode levar a anomias, ou seja,
situações de desregulamentação social. Quando a divisão do trabalho é
excessiva ou mal regulada, pode gerar conflitos, desigualdades e falta de
integração social. A anomia pode resultar em desorganização social,
falta de normas e valores compartilhados, e aumento da criminalidade.
A regulamentação do trabalho, através de leis, normas e instituições
sociais, é essencial para prevenir a anomia e garantir a coesão social.
Via o trabalho como uma fonte de moralidade. O trabalho disciplina os
indivíduos, impondo regras e limites, e contribui para a formação de
hábitos e valores sociais. A participação em atividades de trabalho
coletivo reforça a consciência coletiva e os valores compartilhados. O
trabalho, portanto, não é apenas uma atividade econômica, mas também
uma atividade moral.

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