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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

NÍVEL TECNOLÓGICO DO SECTOR PRODUTIVO

EM MOÇAMBIQUE

Estudo baseado em documentos desde 1995

VOLUME I: TEXTO PRINCIPAL DO RELATÓRIO

(versão final)

Elaborado para: Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia (MESCT)

Por: Grupo de Gestão de Recursos Naturais e Biodiversidade (GRNB) da Faculdade de


Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) da Universidade Eduardo Mondlane
(UEM)
Centro de Estudos de Engenharia - Unidade de Produção (CEE-UP) da Faculdade
de Engenharia (FE) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM)
Sociedade de Indústria, Comércio e Serviços (SICS).

Maputo, Janeiro de 2003


ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DO VOLUME I

ABREVIATURAS........................................................................................................... viii
SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................. 1
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11
1.1 Metodologia ...................................................................................................... 11
1.2 Situação Geral de Moçambique ........................................................................ 13
1.2.2 Programa do Governo 2000-2004......................................................................................... 14
1.3 Breve Historial sobre o Desenvolvimento das Tecnologias em Moçambique . 14
1.3.1 Sector da Agricultura: produção agro-industrial................................................................... 14
1.3.2 Sector da Agricultura: indústria madeireira.......................................................................... 16
1.3.3 Sector de Recursos Minerais: minerais e produtos diversos................................................. 17
1.3.4 Sector de Indústria Transformadora: indústrias têxteis, de vestuário e couro ...................... 18
1.3.5 Sector da Indústria Transformadora: indústria química, de derivados de petróleo, carvão,
produtos de borracha e de plásticos................................................................................................ 19
1.3.6. Sector da Indústria Transformadora: indústria de produtos minerais não metálicos............ 19
1.3.7 Sector da Indústria Transformadora: indústria metalúrgica de base..................................... 21
1.3.8 Sector da Indústria Transformadora: indústria de produtos metálicos, máquinas,
equipamentos e materiais de transporte.......................................................................................... 21
2. O SECTOR TECNOLÓGICO EM MOÇAMBIQUE ............................................... 23
2.1 Generalidades.......................................................................................................... 23
2.2 Conceitos de Tecnologia......................................................................................... 24
2.3 Enquadramento do Sector Tecnológico em Moçambique ...................................... 25
2.4 Avaliação do Nível das Tecnologias....................................................................... 27
2.5 Descrição dos Sectores Económicos Primário e Secundário em Moçambique...... 31
2.6 Identificação e Classificação dos Sectores Operacionais em Moçambique, segundo
o INE............................................................................................................................. 31
2.7 Caracterização e Problemas .................................................................................... 34
3. SECTOR DA AGRICULTURA: PRODUÇÃO AGRÍCOLA, PECUÁRIA E
SILVICULTURA ............................................................................................................. 36
3.1 Descrição do Sector ............................................................................................... 36
3.1.1 Produção agrícola.................................................................................................................. 37
3.1.2 Pecuária ................................................................................................................................. 39
3.1.3 Silvicultura e exploração florestal ........................................................................................ 40
3.2 Documentos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo ...................................... 41
3.3 Descrição das Tecnologias...................................................................................... 43
3.3.1 Produção agrícola e pecuária................................................................................................ 43
3.3.2 Silvicultura ........................................................................................................................... 45
3.3.2.1 Reflorestamento .................................................................................... 45
3.3.3 Exploração florestal.............................................................................................................. 45
3.3.3.1 Lenha e carvão .................................................................................... 47
3.4. Avaliação do Nível de Tecnologias em Padrões Regionais e Internacionais. ....... 48
3.4.1 Produção agrícola e pecuária ............................................................................................... 48
3.4.2. Exploração florestal.............................................................................................................. 48
3.4.2.1. Lenha e carvão ......................................................................................... 49

ii
3.5. Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Sector 49
3.5.1 Produção agrícola e pecuária ............................................................................................... 49
3.5.2 Exploração florestal............................................................................................................. 50
3.6. Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ................................ 50
3.7. Conclusões Gerais para o Sector da Agricultura: Produção Agrícola, Pecuária e
Silvicultura.................................................................................................................... 51
3.8 Recomendações Gerais para Sector da Agricultura: Produção Agrícola, Pecuária e
Silvicultura.................................................................................................................... 51
4. SECTOR DAS PESCAS: CRUSTÁCEOS, PEIXES E OUTROS PRODUTOS
DO MAR........................................................................................................................... 53
4.1 Descrição do Sector .......................................................................................... 53
4.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Sector ........................................ 54
5. SECTOR DOS RECURSOS MINERAIS: MINERAIS E PRODUTOS DIVERSOS 57
5.1 Descrição do Sector ................................................................................................ 57
5.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Sector .............................................. 57
5.2.1 Estudos existentes ................................................................................................................. 57
5.2.2 Tecnologias usadas no sector ................................................................................................ 57
5.3 Descrição da Tecnologia........................................................................................ 58
5.3.1 Mineração.............................................................................................................................. 58
5.3.2 Extracção de mármore.......................................................................................................... 58
5.4 Avaliação da Tecnologia em relação aos Padrões Regionais e Internacionais....... 58
5.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Sector ............................................................................................................................ 59
5.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ................................. 59
6. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
ALIMENTAÇÃO, BEBIDAS E TABACO ..................................................................... 60
6.1 Descrição do Ramo ................................................................................................ 60
6.1.1 Abate de animais, preparação e conservação de carne e de produtos à base de carne.......... 60
6.1.2 Transformação e conservação de peixe e de outros produtos da pesca e da aquacultura ..... 61
6.1.3 Indústria de conservação de frutos e de produtos hortícolas ................................................ 62
6.1.4 Produção e Refinação de Óleos e Gorduras ......................................................................... 64
6.1.5 Indústria de lacticínios e fabricação de margarinas e de gorduras alimentares similares...... 65
6.1.6 Transformação de cereais..................................................................................................... 66
6.1.7 Descasque, branqueamento e glaciagem de arroz ................................................................ 67
6.1.8 Fabricação de alimentos compostos para animais ................................................................ 67
6.1.9 Panificação e pastelaria ........................................................................................................ 67
6.1.10 Indústria do açúcar ............................................................................................................ 68
6.1.11 Fabricação de massas alimentícias, cuscus e similares ...................................................... 68
6.1.12 Indústria do café e do chá................................................................................................... 68
6.1.13 Fabricação de bebidas alcoólicas destiladas....................................................................... 68
6.1.14 Produção de vinhos e de bebidas fermentadas de frutos .................................................... 69
6.1.15 Fabricação de cerveja e malte ............................................................................................ 69
6.1.16 Produção de águas minerais e de bebidas refrescantes não alcoólicas ............................... 69
6.1.17 Indústria do tabaco ............................................................................................................. 70
6.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo .............................................. 70
6.3 Descrição das Tecnologias..................................................................................... 70
6.3.1 Abate de animais, preparação e conservação de carne e de produtos à base de carne......... 70
6.3.2 Transformação e conservação de peixe e de outros produtos da pesca e da aquacultura ..... 71
6.3.3 Indústria de conservação de frutos e de produtos hortícolas ................................................ 71
6.3.4 Produção e refinação de óleos e gorduras ............................................................................ 72

iii
6.3.5 Indústria de lacticínios e fabricação de margarinas e de gorduras alimentares similares...... 73
6.3.6 Transformação de cereais..................................................................................................... 73
6.3.7 Descasque, branqueamento e glaciagem de arroz ................................................................ 73
6.3.8 Indústria do açúcar ............................................................................................................... 73
6.3.9 Fabricação de cerveja e malte .............................................................................................. 74
6.3.10 Produção de águas minerais e de bebidas refrescantes não alcoólicas ............................... 74
6.3.11 Indústria do tabaco ............................................................................................................. 74
6.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação a Padrões Regionais e
Internacionais................................................................................................................ 74
6.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo ............................................................................................................................. 76
6.6 Indicação das áreas que necessitam de estudos adicionais .................................... 77
7 SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DAS
INDÚSTRIAS TÊXTEIS, DO VESTUÁRIO E COURO................................................ 79
7.1 Descrição do Ramo ................................................................................................. 79
7.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo ............................................... 80
7.2.1 Estudos existentes no ramo ................................................................................................... 80
7.2.2 Tecnologias usadas no ramo.................................................................................................. 80
7.2.2.1 Tecnologias usadas na indústria têxtil ...................................................... 80
7.2.2.2 Tecnologias usadas na indústria de vestuário ........................................... 83
7.2.2.3 Tecnologias usadas na indústria de couro................................................. 83
7.3 Avaliação da Tecnologia em Relação aos Padrões Regionais e Internacionais .... 84
7.4 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo ............................................................................................................................. 84
7.5 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ................................ 84
8. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA INDÚSTRIA
DA MADEIRA E CORTIÇA ........................................................................................... 85
8.1 Descrição do Ramo ........................................................................................... 85
8.1.1 Produtos florestais não madeireiros...................................................................................... 85
8.1.2 Produtos florestais madeireiros............................................................................................. 85
8.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo ............................................. 87
8.3 Descrição das Tecnologias................................................................................ 88
8.3.1 Produtos florestais não madeireiros ...................................................................................... 88
8.3.2 Produtos florestais madeireiros ............................................................................................ 88
8.4. Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões Regionais e
Internacionais................................................................................................................ 89
8.4.1 Produtos florestais não madeireiros ..................................................................................... 89
8.4.2 Produtos florestais madeireiros ............................................................................................ 90
8.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo 90
8.5.1 Produtos florestais não madeireiros ..................................................................................... 90
8.5.2 Produtos florestais madeireiros ............................................................................................ 91
8.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ........................... 91
8.6.1 Produtos florestais não madeireiros..................................................................................... 91
8.6.2 Produtos florestais madeireiros............................................................................................. 92
9. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA INDÚSTRIA
DE PAPEL, ARTES GRÁFICAS, EDIÇÃO E PUBLICAÇÃO ..................................... 93
9.1 Descrição do Ramo ........................................................................................... 93
9.2.1 Fabricação de pasta, de papel e de cartão ............................................................................. 93
9.2.2 Fabricação de papel e cartão canelados e embalagens de papel e cartão .............................. 93

iv
9.2.2.1 Fabricação de artigos de papel para uso doméstico e sanitário ............ 93
9.2.2.2 Fabricação de artigos de pasta de papel e de cartão.............................. 93
9.2.2.3 Edição, impressão e reprodução de suportes de informação, gravados 93
9.2.2.4 Edição de livros, brochuras, partituras e outras publicações. ............... 94
9.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo ......................................... 94
9.3 Descrição das Tecnologias................................................................................ 94
9.3.1 Pré – impressão..................................................................................................................... 95
9.3.2 Secção de impressão off-set.................................................................................................. 95
9.3.3 Secção de acabamento .......................................................................................................... 95
9.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões Regionais e
Internacionais................................................................................................................ 95
9.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica.................................... 96
9.6 Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais .................................................. 96
10. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA INDÚSTRIA
QUÍMICA, DE DERIVADOS DE PETRÓLEO, CARVÃO, PRODUTOS DE
BORRACHA E DE PLÁSTICOS .................................................................................... 97
10.1 Descrição do Ramo ............................................................................................... 97
10.1.1 Fabricação de produtos químicos de base e outros produtos químicos .............................. 98
10.1.2 Fabricação de produtos petrolíferos refinados.................................................................. 100
10.1.3 Fabricação de coque e tratamento de combustível nuclear.............................................. 101
10.1.4 Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas............................................... 102
10.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo ................................... 102
10.3 Descrição das Tecnologias.............................................................................. 103
10.3.1 Tecnologia para a produção de sabões ...................................................................... 103
10.3.2 Tecnologia para a produção de detergentes............................................................... 103
10.3.3 Tecnologia para a produção de tintas ........................................................................ 104
10.3.5 Tecnologia para a produção de Produtos farmacêuticos ........................................... 104
10.3.6 Tecnologia para a produção de gases ........................................................................ 105
10.3.7 Tecnologia para a produção de compostos químicos ................................................ 105
10.3.8 Tecnologia para a produção de pneus ....................................................................... 105
10.3.9 Tecnologia para a produção de botas, solas, tubos, e diversos produtos de borracha
105
10.3.10 Tecnologia usada para a mistura dos óleos (“blending”) ............................................... 105
10.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões Regionais e
Internacionais.............................................................................................................. 105
10.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo ........................................................................................................................... 106
10.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ........................ 107
10.6.1 Indústria química de base ................................................................................................ 108
10.6.2 Indústria farmacêutica ..................................................................................................... 108
10.6.3 Indústria dos sabões ........................................................................................................ 108
10.6.4 Produtos de borracha e de matérias plásticas, fertilizantes e pesticidas .......................... 108
10.6.5 Hidrocarbonetos .............................................................................................................. 108
11. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS ....................................................... 109
11.1 Descrição do Ramo ............................................................................................ 109
11.1.1 Fabricação de tijolo ......................................................................................................... 110
11.1.2 Fabricação de cal............................................................................................................. 110
11.1.3 Fabricação de cimento..................................................................................................... 110
11.1.4 Fabricação de blocos ....................................................................................................... 110
11.1.5 Fabricação de telhas ........................................................................................................ 111

v
11.1.6 Fabricação de outros produtos de cimento ...................................................................... 111
11.1.7 Fabricação de vidrados.................................................................................................... 111
11.1.8 Produção de pedra e areia................................................................................................ 111
11.1.9 Fabricação de vidro ......................................................................................................... 111
11.2 Estudos Existentes e Tecnologias usadas no Ramo........................................ 112
11.3 Descrição das Tecnologias.............................................................................. 112
11.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões Regionais e
Internacionais.............................................................................................................. 112
11.4.1 Fabricação de tijolo ......................................................................................................... 113
11.4.2 Fabricação de cal............................................................................................................. 113
11.4.3 Fabricação de cimento Portland e pozolânico ................................................................. 113
11.4.4 Fabricação de blocos ....................................................................................................... 113
11.4.5 Fabricação de artigos de fibrocimento ............................................................................ 114
11.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo ........................................................................................................................... 114
11.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ......................... 114
12. Sector da Indústria Transformadora: Ramo da Indústria Metalúrgica de Base ........ 116
12.1 Descrição do Ramo ............................................................................................ 116
12.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo da Indústria Metalúrgica de
Base............................................................................................................................. 116
12.3 Descrição das Tecnologias................................................................................. 117
12.3.1 Produção de lingotes de alumínio ............................................................................. 117
12.3.2 Preparação de sucata ................................................................................................. 117
12.3.3 Produção de chapas galvanizadas ............................................................................. 118
12.3.4 Produção de tubos ..................................................................................................... 118
12.3.5 Galvanização de tubos............................................................................................... 118
12.4 Avaliação da Tecnologia em Relação aos Padrões Regionais e Internacionais . 118
12.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo ........................................................................................................................... 118
12.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ............................. 119
13. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS METÁLICOS, MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E MATERIAIS DE
TRANSPORTE............................................................................................................... 120
13.1 Descrição do Ramo ............................................................................................ 120
13.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo .......................................... 122
13.3 Descrição das Tecnologias................................................................................. 123
13.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões Regionais e
Internacionais.............................................................................................................. 123
13.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo ........................................................................................................................... 124
13.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ............................ 125
14. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DE OUTRAS
INDÚSTRIAS TRANSFORMADORAS....................................................................... 126
14.1 Descrição do Ramo ..................................................................................... 126
14.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo ................................... 126
14.3 Descrição das Tecnologias.......................................................................... 127
14.4 Avaliação da Tecnologia em Relação aos Padrões Regionais e Internacionais . 127
14.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas Envolvidas no
Ramo ........................................................................................................................... 127

vi
14.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais ..................... 127
15. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES GERAIS DO ESTUDO ........................ 128
16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 132

ÍNDICE DO VOLUME II

ANEXO 1: TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O ESTUDO SOBRE O


NÍVEL TECNOLÓGICO DO SECTOR PRODUTIVO EM MOÇAMBIQUE
........................................................................................................................................2
ANEXO 2: FICHA-MODELO PARA A RECOLHA DE DADOS .................5
ANEXO 3: INSTITUIÇÕES CONTACTADAS...................................................8
ANEXO 4 RESUMOS DOS DOCUMENTOS CONSULTADOS ................11
I. SECTORES DA AGRICULTURA (PRODUÇÃO AGRÍCOLA, PECUÁRIA,
SILVICULTURA E EXPLORAÇÃO FLORESTAL) E DA INDÚSTRIA DE
PRODUTOS FLORESTAIS....................................................................................11
II. SECTOR DOS RECURSOS MINERAIS: MINERAIS E PRODUTOS
DIVERSOS ..............................................................................................................30
III. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA INDÚSTRIA
DE ALIMENTAÇÃO, BEBIDAS E TABACO......................................................35
IV. INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: INDÚSTRIAS TÊXTEIS, DO
VESTUÁRIO E COURO ........................................................................................56
V. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA RAMO DA INDÚSTRIA
QUÍMICA, DE DERIVADOS DE PETRÓLEO, CARVÃO, PRODUTOS DE
BORRACHA E DE PLÁSTICOS ...........................................................................62
VI. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA RAMO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS ................................................70
VII. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA RAMO DA INDÚSTRIA
METALÚRGICA DE BASE...................................................................................74
VIII. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA RAMO DA INDÚSTRIA
DE PRODUTOS METÁLICOS, MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E MATERIAIS
DE TRANSPORTE .................................................................................................77
IX. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA RAMO DE OUTRAS
INDÚSTRIAS TRANSFORMADORAS................................................................83

vii
ABREVIATURAS

ACP Austral Consultoria e Projectos Lda


AGOA Programa de Promoção de Exportação de Produtos Agrários (African
Growth and Opportunity Act - USAID)
AIM Agência de Informação de Moçambique
AIMO Associação Industrial de Moçambique
ANEMM Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Metalomecânicas
ATNESA Animal Traction Network for Eastern and Southern Africa
BIM Banco Internacional de Moçambique
BIP Bureau de Informação Pública
BM Banco de Moçambique
CAE Classificação das Actividades Económicas de Moçambique
CDR Campo de Demonstração – DNER - MADER
CEE-UP Centro de Estudos de Engenharia - Unidade de Produção – FE - UEM
CEF Centro de Experimentação Florestal - MADER
CEISA Centro de Estudos Industriais, Segurança e Ambiente- UEM
CFA Centro de Documentação Agrária- MADER
CFI Centro de Formação Industrial
CIM Companhia Industrial da Matola
CIMPOR Cimentos de Portugal
CIRAD Centro de Cooperação Internacional de Investigação Agronómica para o
Desenvolvimento (Centre de Cooperation Internationale en Recherche
Agronomique pour le Developement (França)
CNSL Cashew Nut Shell Liquid
CPI Centro de Promoção de Investimentos
CTA Confederação de Associações Económicas de Moçambique
CVRD Companhia Vale do Rio Doce-Brasil
DAP Departamento de Aviso Prévio- DINA-MADER
DE Direcção de Economia- MADER
DINA Direcção Nacional da Agricultura - MADER
DINAP Direcção Nacional de Pecuária - MADER
DNCH Direcção Nacional do Carvão e Hidrocarbonetos- MIREME
DNCI Direcção Nacional de Comércio Interno- MIC
DNE Direcção Nacional de Energia - MIREME
DNER Direcção Nacional de Extensão Rural-MADER
DNET Direcção Nacional doEnsino Técnico- MINED
DNFFB Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia-MADER
DNG Direcção Nacional de Geologia- MIREME
DNI Direcção nacional de Indústria- MIC
DNM Direcção Nacional de Minas- MIREME
DNU Direção Nacional de Urbanismo-MOPH
ECA Economic Commission for Africa

viii
EMOFAR E. E ex Empresa Moçambicana de Farmácias
ENH Empresa Nacional de Hidrocarbonetos
ESCAP Economic and Social Commission for Asia and the Pacific
EU União Europeia (European Union)
FAEF Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal - UEM
FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
FE Faculdade de Engenharia - UEM
GAPI Gabinete de Promoção de Investimentos
GIS Sistema de Informação Geográfica
GMP Good Manufacturing Practice
GPC Gabinete do Programa de Carvão -MIREME
GPL Gemas e Pedras Lapidadas
GRNB Grupo de Gestão de Recursos Naturais e Biodiversidade – FAEF - UEM
HACCP Hazard Analysis and Critical Control Points
HIV/SIDA Virus de Imunodeficiência Humana/ Sindroma de Imunodeficiência
Adquirida
HKI Helen Keller International (ONG)
I&D Investigação e Desenvolvimento
ICEP Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal
ICRISAT Instituto Internacional de Investigação de Culturas para os Trópicos
Semiáridos
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDPPE Instituto de Desenvolvimento de Pescas de Pequena Escala
IFLOMA Indústrias Florestais de Moçambique
IFPRI Instituto Internacional de Pesquisa em Políticas Alimentares (International
Food Policy Research Institute)
IITA Instituto Internacional de Agricultura Tropical (International Institute of
Tropical Agriculture- Nigeria
IMA Indústria Moçambicana de Aço
INA Instituto Nacional do Açúcar - MADER
INCAJU Instituto Nacional do Cajú - MADER
INE Instituto Nacional de Estatística
INIA Instituto Nacional de Investigação Agronómica- MADER
INIVE Instituto Nacional de Investigação Veterinária- MADER
INNOQ Instituto Nacional de Normalização e Qualidade
INP Instituto Nacional de Pescas
IPA Instituto de Produção Animal- MADER
ISIC International Standard Industrial Calssification
LDC Países menos Desenvolvidos (Least Developed Countries)
MACOL Manana Consultores Lda
MADEMO, E.E. Madeiras de Moçambique, Empresa Estatal
MADER Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural
MAP ex Ministério de Agricultura e Pescas
MECANAGRO Empresa de Mecanização agrícola
MESCT Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia
MIC Ministério de Indústria e Comércio

ix
MICTUR ex Ministério de Indústria, Comércio e Turismo
MINED Ministério da Educação
MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia
MOPH Ministério das Obras Públicas e Habitação
MOZAL Fundição de Alumínio MOZAL
MPF Ministério do Plano e Finanças
NTNU Norwegian University of Science and Technology
OECD Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento
(Organization for Economic Cooperation and Development)
ONG Organização Não Governamental
OSCAL Office of the Special Coordinator for Africa and the Least Developed
Countries
PARPA Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta
PEI Política e Estratégia Industrial
PIB Produto Interno Bruto
PNA Programa Nacional de Apicultura – DNFFB - MADER
PNUD (UNDP) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PODE Projecto de Desenvolvimento de Empresas
PRE Programa de Reabilitação Económica
PROAGRI Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário - MADER
PRODER Programa de Desenvolvimento Rural (GTZ)
PVC Polivinyl-cloro
RDA ex-República Democrática Alemã
RDC República Democrática do Congo
REPETE Revisão Periódica de Tecnologias – DNER - MADER
RPM República Popular de Moçambique
RSA República da África do Sul
SAB South African Breweries
SADC Southern African Development Community
SAREC Swedish Agency for Research and Cooperation
SARRNET Southern African Root Crops Network
SEC ex Secretaria de Estado do Cajú
SEP ex - Secretaria de Estado das Pescas
SG Sassakawa – Projecto
SICS Sociedade de Indústria, Comércio e Serviços
SINTEF Industrial Management Innovation and Industrial Development
SOVIM Sociedade Vinícola de Moçambique
SPFFB Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia
TAC Total Admissível de Capturas
TBARN Tecnologias Básicas do Aproveitamento Racional da Natureza
TN Trans-Natal Coal Corporation - África do Sul
TOR Termos de Referência
UEM Universidade Eduardo Mondlane
UFA União Fabril de Moçambique
UGC União Geral de Cooperativas
UHT Pasteurização a altas temperaturas

x
UNCTAD Organização das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
(United Nation Conference on Trade and Development)
UNDESA United Nations Department of Economic and Social Affairs
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
UNIDO (ONUDI) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
URSS ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
USA Estados Unidos da América (United States of America)
USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional
VIDA Programa Viable Initiatives for the Development of Agriculture- USAID
VIMOC Empresa Vinhos de Moçambique
VINICALA Sociedade de Vinhos de Nacala
WB Banco Mundial (World Bank)

xi
SUMÁRIO EXECUTIVO

Enquadramento

No âmbito da implantação e desenvolvimento do MESCT pretende-se dar um impulso à


investigação orientada para o desenvolvimento nacional de Moçambique. Para orientar os
trabalhos de investigação de acordo com as necessidades locais e o potencial produtivo
nacional é necessário que se conheça o actual estado tecnológico do sector produtivo.

De acordo com os Termos de Referência, o presente trabalho, sobre o nível tecnológico


do sector produtivo em Moçambique, é um dos constituintes da informação de base para
a elaboração da Política de Ciência e Tecnologia em Moçambique. Os outros
constituintes da mesma informação de base são os estudos sobre a preparação do
Moçambicano para a actualidade científica e tecnológica através do ensino superior e
sobre o sistema de investigação científica em Moçambique. A actividade de preparação
da Política de Ciências e Tecnologia é desenvolvida pelo MESCT.

O sector de serviços, que abrange energia eléctrica, construção e montagem, transportes e


comunicações e ainda outros serviços, não faz parte deste estudo documental.

Objectivos do Trabalho

O trabalho tem como objectivos a recolha de informação documental sobre tecnologias


aplicadas nos sectores económico primário e secundário, destacando-se as seguintes
actividades:

• levantamento e categorização dos estudos recentes sobre indústrias e tecnologias


usadas;

• resumo das tecnologias utilizadas com base nos estudos existentes;

• identificação de lacunas na informação existente, de modo a indicar áreas que


necessitam de estudos adicionais;

• comparação das tecnologias utilizadas a nível de Moçambique com as tecnologias


utilizadas a nível regional e mundial, para efeitos de pré-identificação das deficiências
tecnológicas nas áreas estudadas;

• elaboração de recomendações sobre trabalhos adicionais.

Metodologia Utilizada

Composição da equipe de trabalho: foi formada uma equipe multidisciplinar, englobando


técnicos superiores que lidam com informação sobre diversas áreas do sector produtivo.
A equipe foi composta por técnicos superiores de três organismos associados, sendo o
primeiro a entidade responsável pela coordenação do estudo:

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 1


Janeiro de 2003
Grupo de Gestão de Recursos Naturais e Biodiversidade (GRNB) da Faculdade de
Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) da Universidade Eduardo Mondlane
(UEM)

Centro de Estudos de Engenharia – Unidade de Produção (CEE-UP), da Faculdade de


Engenharia (FE) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), e

Sociedade de Indústria, Comércio e Serviços (SICS)

As entidades que formam a equipe de trabalhos têm experiência de trabalho em vários


estudos, tendo tomado parte em actividades de docência, investigação, planificação,
levantamento, discussão e outras actividades relacionadas com tecnologias.

A execução do trabalho teve uma fase de preparação do trabalho, que incluiu a


participação em encontros de trabalho, seminário, elaboração de fichas para recolha de
informação, elaboração da estrutura do relatório final e elaboração de cartas de
apresentação às entidades, para recolha de informação. Uma das actividades mais difíceis
foi a discussão para a escolha de indicadores a utilizar na avaliação do nível de
tecnologias e sua adequação. A dificuldade esteve associada à carência de dados
estatísticos actualizados e indicadores confiáveis, para além da discrepância entre dados
de diferentes fontes e falta de registo sistemático sobre tecnologias aplicadas em
Moçambique. Após a fase preparatória foram feitos contactos com várias entidades:
indústria, organismos governamentais, ONGs, técnicos/consultores, instituições
detentoras de informação e instituições que recolhem e processam informação, e ainda
outros intervenientes no desenvolvimento económico Estes contactos incluiram visitas
para consultas a documentos e entrevistas, e foram complementados por procuras de
informação a nível mundial.

A última fase foi a elaboração de resumos de estudos e tecnologias utilizadas e


compilação do relatório final. Realizou-se, a 13 de Novembro de 2002, nas instalações do
Centro de Formação Agrária (CFA), um seminário de meio dia destinado a disseminar o
estudo documental sobre o Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique e
recolher proposta de melhoria do relatório sobre o mesmo. O seminário foi organizado
pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia (MESCT), entidade que
solicitou o estudo a uma equipa de consultores do GRNB (Faculdade de Agronomia),
CEE-UP (Faculdade de Engenharia) e SICS. As críticas e sugestões feitas à apresentação
do trabalho e ao sumário executivo durante o seminário foram consideradas para
melhorar a presente versão deste documento. Dada a sua relevância, conclusões e
recomendações apresentadas no seminário serão acrescentadas no devido capítulo do
relatório.

Apresentação dos Capítulos do Relatório Final

A composição do relatório foi feita de modo a conferir um grau de informação adequada


aos propósitos finais do conjunto de estudos. Por isso, retrata-se o cenário nacional, a
situação industrial em geral e depois descreve-se a informação existente sobre os
sectores.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 2


Janeiro de 2003
O Capítulo 1 é o capítulo introdutório, onde se descreve a metodologia de trabalho e
alguns constrangimentos, as generalidades sobre Moçambique no contexto Africano e
mundial. Também se descreve, em breve, a senda histórica de cada sector, para facilitar o
enquadramento. Esta descrição ilustra, a grosso modo, um declínio de actividades
económicas no período pós-independência, a influência da situação política na economia,
a existência de muitas instalações sub-aproveitadas, a falta de recursos financeiros,
humanos e meios tecnológicos, e a tendência de desenvolvimento rápido dos últimos
anos. Também se abordam assuntos de natureza sócio-económica e de enquadramento na
economia mundial, tais como legislação e tributação, concorrência com os produtos
externos, a impacto de doenças, serviços auxiliares à produção, entre outros.

O capítulo 2 descreve o sector tecnológico em Moçambique. Neste capítulo, ilustra-se o


mau desempenho da Indústria na África em geral (cerca de 10% para a economia). Cita-
se como um país de muitas potencialidades económicas graças à sua riqueza em minerais,
a longa extensão da costa marítima, os recursos hídricos e energéticos, o potencial agro-
florestal e a localização estratégica em relação a vários países vizinhos. Também se refere
que apesar do enorme potencial, Moçambique tem uma das 10 economias mais débeis do
mundo, com um rendimento per capita apenas pouco acima de 225 dólares americanos.

Neste capítulo reconhece-se que as deficiências tecnológicas constituem parte dos


contribuintes para os problemas económicos. O recente desenvolvimento económico
indica que é possível utilizar o potencial de Moçambique por meio da implantação de
actividades e tecnologias adequadas, mas o quadro de desenvolvimento tecnológico de
Moçambique ilustrado neste capítulo mostra que, segundo os indicadores:

a) o número de cientistas e engenheiros em Investigação e Desenvolvimento, por cada


milhão de habitantes;

b) o número de técnicos em Investigação e Desenvolvimento, por cada milhão de


habitantes;

c) a fracção percentual de estudantes de Ciência e Engenharia no ensino terciário;

d) as despesas em Investigação e Desenvolvimento, como fracção das receitas nacionais


brutas;

e) o número de artigos científicos e técnicos em publicações periódicas;

f) as exportações de bens de alta tecnologia, tanto em milhões de dólares americanos


como em valores relativos ao total de exportações de bens fabricados;

g) os pagamentos e receitas de direitos autorais e taxas de licenciamento, em milhões de


dólares americanos;

h) o número de patentes registadas

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 3


Janeiro de 2003
Moçambique é um dos países com os menores resultados no domínio da tecnologia, em
todo o mundo. Exceptua-se a percentagem de estudantes do ensino terciário que
frequentam cursos de Ciência e Engenharia (42% no decénio ´87-´97), que supera
largamente a de muitos países desenvolvidos.

Na tabela a seguir, que serve apenas para ilustrar, escolhe-se um país grande e
desenvolvido (Estado Unidos da América), e dois países vizinhos, para referência
(República da África do Sul e Zimbabwe) [fonte: The World Bank, 2001]:

Tabela 0.1 – Indicadores para comparação do desempenho tecnológico de alguns países

País a) b) c) d) e) f) g) h{*}

EUA 3676 - 19 2,63 166829 184.239 36467 / 262787


/35 13275

RAS 1031 315 29 0,70 1927 1055 / 8 71/ 162 -

Zimbabwe - - 24 - 100 10 / 2 - 66272

Moçambique - - 42 - 9 - - -

{*} - valor calculado

A conclusão a que se chega é que Moçambique tem um desempenho extremamente baixo


em comparação com quase todos os outros países do mundo. No mesmo capítulo
descreve-se a composição dos sectores primário e secundário em Moçambique,
mencionando-se que os principais produtos destes sectores são milho, feijão, castanha de
cajú, tabaco, amendoim, mandioca, hortícolas, algodão caroço, copra, camarão, gamba,
peixe, alimentos processados, bebidas, tabacos e, ultimamente, o alumínio, que tem um
enorme peso não só na indústria mas também no total de exportações, das quais
representou 16% em 2001. Apresenta-se a descrição dos sectores de interesse por
Divisões, Grupos, Classes e Subclasses, com identificação numérica, segundo os critérios
do Instituto Nacional de Estatística (CAE-Rev. 1). No mesmo capítulo, faz-se uma
caracterização geral e identificam-se os problemas como sendo de:

Infraestruturas e fornecimentos (custos de transporte, longos tempos de envio de


artigos, estrutura de preços desajustada, materiais escassos e caros, equipamentos
velhos e deficientes)

Procura e competição (mercado pequeno e com baixo poder de compra, competição


com produtos de países vizinhos, limitações nas políticas de protecção)

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 4


Janeiro de 2003
Mão-de-obra e Ensino Técnico Profissional (falta de técnicos especializados tanto em
quantidade como em qualidade)

Apoio financeiro e empresarial (difícil acesso ao crédito, taxas de juro elevadíssimas)

Políticas e Regulamentação (insuficiência de normas para estabilizar o sector


produtivo, desequilíbrios na estrutura de preços e tributação, processos inadequados de
privatização, corrupção, crime, insegurança física e proliferação de negócios
informais)

O capítulo 3 é dedicado ao Sector da Agricultura (Produção Agrícola, Pecuária e


Silvicultura), que representa cerca de 30% do PIB e 60% das exportações de
Moçambique. Neste capítulo descreve-se a importância da agricultura na economia
Moçambicana e cita-se a exploração de apenas 5 milhões dos 36 milhões de hectares de
terras aráveis. Apenas 1% das terras cultivadas são irrigadas. Aqui denota-se a existência
de potencial inutilizado, tendo em vista que cerca de 2/3 da população de Moçambique
vive em condições de pobreza absoluta e que as actividades agrícolas podem ser
desenvolvidas com uso intensivo de mão-de-obra sem qualificações especiais. Dos
problemas relacionados com tecnologias apontam-se o uso de princípios de trabalho
rudimentares, a falta de meios para estabilizar ou aumentar os rendimentos da produção e
perdas pós-colheita, tanto durante o processamento inadequado como por pragas. Nota-se
que na agricultura há uma importante contribuição do sector familiar. A produção
agrícola global é considerada crescente nos últimos anos, apesar de problemas em
culturas específicas. O mesmo acontece em relação a espécies pecuárias, das quais só o
gado suíno retrocedeu devido à Peste Suína Africana. Neste capítulo também se versa
sobre a influência das condições conjunturais e infra-estruturas na agricultura. No
domínio da silvicultura aponta-se que perto de 58% dos exploradores florestais não
possuem indústrias de transformação, segundo dados de 2001. Há muita produção do tipo
artesanal. Um dos problemas apontados é que algumas tecnologias não são facilmente
disseminadas, incluindo a lentidão na mecanização agrícola. As tecnologias utilizadas na
agricultura e pecuária são comparáveis aos padrões regionais e internacionais mas na
silvicultura usam-se tecnologias consideradas de baixo rendimento.

No capítulo 4 relata-se a situação do sector das pescas, compreendendo crustáceos,


peixes e outros produtos do mar. Este sector teve o maior contributo para as exportações,
situado em 27% no ano 2000. Dos produtos pesqueiros o de maior valor económico é o
camarão, capturado quase totalmente em moldes industriais (80%) ou semi-industriais
(18%). Existem 33.000 hectares com condições para a prática de aquacultura marinha e
piscicultura (em água doce) mas esta actividade não se desenvolve.

O capítulo 5 é dedicado a Recursos Minerais, especificamente minerais e produtos


diversos, um sector que não tem muito significado económico em Moçambique, apesar
do enorme potencial. Este sector representa apenas 0,1% do PIB e 1,4% das exportações.
Apesar da tendência crescente da actividade formal, uma das características do sector é a
abundância de exploradores informais (cerca de 95%) que usam métodos artesanais. As
tecnologias são baseadas em trabalho manual e artesanal, estando abaixo de
procedimentos análogos em uso para mineração noutros países do mundo. A mineração

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 5


Janeiro de 2003
tem um enorme potencial de beneficiar de actividades não só de fomento como também
de desenvolvimento tecnológico, uma vez que alguns minerais necessitam de
desenvolvimento de processos especiais para as características concretas do material a ser
extraido.

O capítulo 6 versa sobre a Indústria Transformadora, ramo da Alimentação, Bebidas e


Tabaco, cuja contribuição para a produção industrial de Moçambique é estimada em
cerca de 63 e 70% nos anos 2000 e 2001, se se excluir a produção de alumínio. Os
produtos mais importantes são as bebidas (28% para a cerveja e 14,8% para
refrigerantes), farinha de trigo (15,5%). As características da indústria são comuns a
outros ramos de actividade, mencionando-se a obsolescência do equipamento, baixa
utilização da capacidade instalada, fraca competitividade, declínio da economia nas
décadas passadas e outros problemas gerais relatados no capítulo 2. Há poucos estudos
gerais recentes, no ramo. Há unidades industriais (sub-utilizados) para diversos
processamentos, mas também se usam meios artesanais e semi-industriais. Também
existem vários programas de utilização de maquinetas em zonas rurais. Um dos maiores
destaques neste ramo é a renovação da actividade açucareira, mas nesta ainda se usam
procedimentos que requerem muita mão-de-obra. Porém, nalguns casos (e.g., indústria de
bebidas, indústria açucareira) usam-se dispositivos electrónicos e computorizados para
auxiliar os processos de produção. Um facto particular na indústria é que alguns
procedimentos automatizados para caju encarecem a produção e são inviáveis. Este facto
reforça a necessidade de aplicação de tecnologias apropriadas. A indústria de caju usa
tecnologias mais modernas que vários países vizinhos, mas isso não a torna
necessariamente mais competitiva.

No capítulo 7 faz-se uma análise do Sector da Indústria Transformadora, ramo das


Indústrias Têxteis, de Vestuário e de Couro, que representa cerca de 12% do volume de
produção da indústria transformadora em Moçambique. Deste grupo de indústrias, a de
Couro tem pequena dimensão, representando apenas cerca de 5% do volume de
produção. A indústria têxtil está a ultrapassar uma fase crítica com muitas das 20
empresas encerradas e uma parte marginal a funcionar muito abaixo das capacidades
instaladas. Para além dos problemas gerais apontados no capítulo 2, este ramo da
indústria, em particular, não consegue competir com produtos importados. O ramo da
indústria de vestuário tem sido melhor sucedido, mesmo na competição no mercado
internacional. O uso de mão-de-obra tem certa intensidade e os equipamentos utilizados
são de pequena potência, o que é comum a outros países. A Indústria de couro, que tem
cerca de 10 empresas mecanizadas, também está em situação crítica, tendo enfraquecido
com o declínio da população de bovinos. Há relativamente poucos estudos sobre o ramo,
mas os processos produtivos são considerados clássicos excepto alguns produtos (por
exemplo, colchões e almofadas) que ainda usam procedimentos artesanais. Os estudos
que ramo requer não são necessariamente do tipo tecnológico.

O capítulo 8 versa sobre a Indústria Transformadora, ramo da Indústria de Madeira e


Cortiça. O ramo também contempla actividades artesanais de apicultura, artesanato e
fauna. A obsolescência do equipamento afecta uma grande parte das 133 unidades
industriais de processamento de madeira. A qualidade dos produtos é fraca e há grandes
desperdícios de material. Existe actividade no ramo das madeiras mas, durante muito

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 6


Janeiro de 2003
tempo, exportou-se madeira não processada (toros), com grandes perdas de receitas. Há
regulamentos novos que melhorarão o desempenho do ramo. Também é possível investir
em equipamentos para gerar mais sub-produtos da madeira, reduzindo os 70% de
desperdícios na transformação da madeira. A apicultura é uma actividade artesanal, quase
na sua globalidade. Com melhores estudos poderia ter muito maior impacto comercial.

O capítulo 9 é dedicado à Indústria Transformadora, Ramo da Indústria de Papel, Artes


Gráficas, Edição e Publicação. Neste ramo, existem oportunidades de empregar
tecnologias novas, o que está a acontecer em certa escala. As tecnologias em introdução
correspondem a padrões internacionais. Algumas unidades usam procedimentos
informatizados na sua produção. Há pouca informação sobre este ramo, não tendo sido
localizados estudos relevantes. Porém, sabe-se que este ramo da indústria desempenha
um papel social importante no desenvolvimento de Moçambique.

No capítulo 10 aborda-se a Indústria Transformadora, Ramo da Indústria Química, de


Derivados de Petróleo, Carvão, Produtos de Borracha e de Plásticos, que fornece matéria-
prima, produtos intermediários e produtos acabados à economia nacional. Neste ramo
também se sentem os problemas de equipamentos e instalações tecnologicamente
antiquados, deficiências e atraso nas tecnologias de processo e produção, baixa difusão
dos sistemas de gestão de qualidade de produtos e processos e, ainda, lentidão na adopção
de inovações. Algumas empresas do ramo possuem equipamentos e/ou tecnologia
moderna mas, em geral, as empresas nacionais têm níveis de produtividade deficientes e
custos elevados, o que reduz a competitividade em preços. A descoberta de grandes
reservas de gás natural em Pande, Temane e Búzi traz boas perspectivas económicas na
área dos hidrocarbonetos. São também de destacar o projecto do Complexo Petroquímico
da Beira, que pretende transformar o gás natural na Baía de Sofala em “Diesel”, amónia
e metanol, e o projecto de Substituição de Combustíveis Líquidos que visa avaliar a
viabilidade técnico-económica da utilização do gás natural em veículos, em Moçambique.
Há poucos estudos recentes sobre as tecnologias actualmente usadas no país. Os estudos
consultados datam dos anos 80 e princípios dos anos 90, pelo que, a informação
apresentada no documento, contou com a colaboração de fontes contactadas para o efeito.

O capítulo 11 descreve o Sector da Indústria Transformadora, Ramo da Indústria de


produto Minerais Não Metálicos. Este ramo contempla produtos como o vidro, cerâmica,
cimento, cal, produtos de rochas e outros. O ramo representa cerca de 15% da produção
industrial nacional, existindo uma parte considerável de produção no sector informal. Os
problemas do ramo são os mesmos que para outras indústrias, conforme se relata no
capítulo 2. Muitos produtos deste ramo caracterizam-se pelo uso intensivo de energia na
forma de electricidade ou calor. Muitos produtos são obtidos por procedimentos
artesanais. Existe grande potencial para o ramo beneficiar da implementação de novas
tecnologias, pois há grande divulgação de produtos importados do ramo, especialmente
como materiais de construção. Para além disso, a existência de recursos minerais em
grande quantidade em Moçambique poderia promover o ramo no mercado internacional.
Houve investimentos mal aproveitados, o que requer uma ponderação cuidada dos tipos
de tecnologias a aplicar para cada caso, incluindo o uso de produtos de baixo custo.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 7


Janeiro de 2003
No capítulo 12 aborda-se o Sector da Indústria Transformadora, Ramo da Indústria
Metalúrgica de Base, que se dedica à produção de peças fundidas, laminadas ou
trefiladas, tubos, chapas, sucata e outros. Os problemas gerais apontados no capítulo 2
são, também, característicos neste ramo. A excepção à inoperância geral é a recente
implantação da fábrica de alumínio MOZAL, que está na vanguarda tecnológica de
produção de alumínio, a nível mundial. Os procedimentos utilizados no ramo podem ser
facilmente melhorados com a introdução tecnologias actualizadas, que permitiriam um
melhor posicionamento de Moçambique no mercado internacional, do qual já faz parte. A
forte interacção entre este ramo e outros sectores de produção e o recente impacto
positivo da implantação do projecto MOZAL associado ao enorme potencial mineiro
denotam a necessidade de estudos mais abrangentes e investimentos. Por exemplo,
Moçambique tem minério que poderia ser processado para abastecer a fábrica de
alumínio, que agora importa os insumos.

O capítulo 13 é dedicado ao Sector da Indústria Transformadora, Ramo da Indústria de


Produtos Metálicos, Máquinas, Equipamentos e Materiais de Transporte, que representa
cerca de 3% do volume da produção da indústria transformadora de Moçambique. Este
ramo é de extrema importância para o desenvolvimento de muitos países pois produz
bens para produzir outros bens, ou seja, tem um factor multiplicador na economia. O
ramo tem denotado problemas comuns aos outros ramos da indústria, especialmente a
falta de actividade devida à letargia económica e a falta de técnicos superiores e meios
especializados em certas áreas. Existem poucos estudos sectoriais abrangentes. O
relançamento da economia Moçambicana tem feito transformações recentes no ramo, que
não estão devidamente documentadas. Por exemplo, o projecto MOZAL deu um novo
impulso a este ramo e tem necessidades que não são inteiramente satisfeitas a nível local.
Por estas razões, esta área requer estudos mais actualizados.

O capítulo 14 é dedicado ao ramo de Outras Indústrias Transformadoras, que compreende


a produção de artigos como botões, guarda-chuvas, carimbos, linóleo, baloiços e outras
utilidades para diversão em parques, pentes, velas, diversos artigos decorativos e outros
produtos não inclusos nas outras indústrias transformadoras. A contribuição deste ramo
de actividades na indústria transformadora é quase nula. Dada a diversidade de produtos e
processos, não se pode descrever a tecnologia com precisão. Ademais, muitos dos artigos
desta indústria são produzidos em instalações de outras indústrias. Porém, para alguns
artigos menciona-se o uso de processos tecnológicos simples e com uso intensivo de
mão-de-obra, sendo pouco apropriados para automatização. Só foi localizado um estudo
para o ramo, o que indica que há muita falta de informação. Por isso, não é possível tirar
conclusões precisas sobre o estado tecnológico.

O capítulo 15 versa sobre as conclusões e recomendações do estudo e do seminário final.

O capítulo 16 contém as referências bilbiográficas.

Em anexo, apresentam-se os termos de referência, o guião de recolha de informação


documental, a lista das instituições contactadas e resumos de documentos consultados.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 8


Janeiro de 2003
Conclusões e Recomendações

No desenvolvimento do trabalho em referência foi identificada uma grande falta de


informação actualizada sobre a situação tecnológica presente. Várias actividades que são
do conhecimento dos consultores não estão documentadas. Os estudos sectoriais
existentes são, na sua maioria, de há cerca de dez ou mais anos atrás. A introdução de
novos procedimentos tecnológicos e a actividade científica não estão bem registadas. A
introdução de novos equipamentos não é acompanhada de registos adequados. Por isso,
propõe-se os projectos novos sejam acompanhados de descrições dos processos,
incluindo as características técnicas do equipamento e o impacto dos processos no
ambiente. A precariedade da informação existente é ilustrada na tabela a seguir.

Mesmo com a falta de informação, foi possível concluir que, no domínio das tecnologias,
Moçambique tem um desempenho extremamente baixo em comparação com quase todos
os países do mundo.

A dependência da situação tecnológica actual em relação a factores endógenos (visão


empresarial e estratégica, tipo de gestão, capacidade produtiva e inovativa,
disponibilidade de recursos humanos) e factores externos às empresas (demanda e
estabilidade do mercado, estrutura industrial e concorrência, desenvolvimento nacional
global, aspectos legais e regulamentares, aspectos financeiros e fiscais, políticas
governamentais, situação político-social, situação económica mundial) torna necessária a
adopção de medidas de desenvolvimento tecnológico que são ponderadas e adequadas às
condições reais de Moçambique, para evitar a repetição de fracassos nos projectos. Estas
medidas incluem a revisão de estratégias como a Política Industrial do Governo de
Moçambique.

Existem experiências de desenvolvimento acelerado em algumas partes do mundo que


poderão ser adaptadas. Por exemplo, na Ásia existem vários países [e.g., China (incluindo
Taiwan), Índia, Japão e alguns outros como a Malásia, Coreia] que evoluiram os seus
índices tecnológicos a ponto de competirem com as potências industriais ocidentais, em
certas áreas.

Os estudos que devem ser feitos são de duas categorias:

- estudos para complementar a informação sectorial;

- estudos para desenvolver tecnologias apropriadas à realidade de Moçambique.

Quase todas as áreas precisam de informação adicional, mas foram mais sentidas as faltas
de informação para o Sector da Indústria Transformadora, Ramo da Indústria de Papel,
Artes Gráficas, Edição e Publicação (pois não há nenhum estudo), Ramo da Indústria de
Produtos Minerais Não Metálicos (há pouca informação e há muito potencial para
desenvolvimento) e ramo das Outras Indústrias. Porém, este último ramo tem pouca
relevância para a economia nacional.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 9


Janeiro de 2003
Tabela 0.2 - Resumo do número de documentos encontrados, relevantes ao estudo
Sector No de estudos Notas/Grau de
recentes e Relevância
Relevantes
Agricultura: Produção Agrária, Pecuária e 29 Em vários ramos
Silvicultura
Pescas: Crustáceos, Peixes e Outros Produtos do 2 Relevantes
Mar
Recursos Minerais: Minerais e Produtos 2 Relevantes
Diversos
Indústria Transformadora: Alimentação, 12 Em vários ramos
Bebidas e Tabaco
Indústria Transformadora: Indústrias Têxteis, do 3 Relevantes
Vestuário e de Couro 3 Relacionados
Indústria Transformadora: Ramo da Indústria de 5 Relevantes
Madeira e Cortiça
Indústria Transformadora: Ramo da Indústria de 0 Relevante
Papel, Artes Gráficas, Edição e Publicação
Indústria Transformadora: Indústria Química, 6 Relevantes
de derivados de Petróleo, Carvão, Produtos de
Borracha e Plásticos
Indústria Transformadora: Ramo da Indústria de 1 Relevante
Produtos Minerais não Metálicos 1 Antigo
Indústria Transformadora: Ramo da Indústria 2 Relevantes
Metalúrgica de Base 2 Relacionados
Indústria Transformadora: Ramo da Indústria de 2 Relevantes
Produtos Metálicos, Máquinas, Equipamentos e 1 Antigo
Materiais de Transporte
Indústria Transformadora: Ramo de Outras 0 Relevante
Indústrias Transformadoras

As áreas com grande potencial por explorar são diversas. Pela sua magnitude actual e
possibilidade de impacto da implementação de novas tecnologias destacam-se o Sector da
Agricultura, o sector dos Recursos Minerais (Minerais e Produtos Diversos), e o Sector
da Indústria Transformadora (Ramo da Alimentação, Bebidas e Tabaco). Devido ao
efeito multiplicador na economia, deve-se prestar atenção também aos Ramos da
Indústria de Produtos Metálicos, Máquinas, Equipamentos e Materiais de Transporte e da
Indústria Química, de derivados de Petróleo, Carvão, Produtos de Borracha e Plásticos,
especialmente nas vertentes de hidrocarbonetos (gás natural e carvão).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 10


Janeiro de 2003
1. INTRODUÇÃO

1.1 Metodologia

O presente documento é o relatório do estudo sobre o nível tecnológico do sector


produtivo em Moçambique promovido pelo MESCT, elaborado pela equipa conjunta do
Grupo de Gestão de Recursos Naturais e Biodiversidade (GRNB) da Faculdade de
Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) e do Centro de Estudos de Engenharia -
Unidade de Produção (CEE-UP) da Faculdade de Engenharia (FE), ambas da
Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e da empresa Sociedade de Indústria, Comércio
e Serviços (SICS).

De acordo com os Termos de Referência este estudo de base visa providenciar dados
sobre o nível das tecnologias actualmente aplicadas pelas unidades de produção em
Moçambique e enquadra-se na formulação da Política de Ciência e Tecnologia,
juntamente com outros estudos de base sobre o ensino não superior e o sistema de
investigação científica no País.

O sector de serviços, que abrange energia eléctrica, construção e montagem, transportes e


comunicações e ainda outros serviços, não faz parte deste estudo documental.

O trabalho consistiu na recolha de estudos sobre as tecnologias aplicadas nos sectores


económicos primário e secundário do país, nomeadamente Agricultura, Pescas, Recursos
Minerais, Indústria Transformadora e seus subsectores e ramos, e com base nos estudos
consultados, na avaliação do nível tecnológico em relação aos padrões internacionais e na
identificação de subsectores que carecem de estudos actualizados sobre tecnologias de
produção.

O relatório é composto por dois volumes. O volume I contém o texto principal e o


volume II contém os anexos. A estrutura do relatório segue a classificação do INE. A
primeira parte do volume I inclui a informação geral sobre Moçambique, a identificação,
classificação e descrição dos sectores económicos primário e secundário em Moçambique
e das tecnologias usadas, um breve historial sobre o desenvolvimento de tecnologias em
Moçambique. Seguem-se os capítulos referentes a cada um dos sectores e subsectores,
em que é feita a sua descrição geral e das tecnologias, a avaliação das tecnologias em
relação aos padrões regionais e/ou internacionais, a avaliação sobre a deficiência
tecnológica nas áreas envolvidas dentro do sector e a indicação das áreas que necessitam
de estudos adicionais, conclusões e recomendações gerais e específicas e as referências
bibliográficas. O volume II inclui os termos de referência deste estudo, o guião para a
recolha de informação, a lista das instituições contactadas e os resumos dos documentos
consultados principalmente datados a partir de 1995.

As diferenças na estrutura de cada sector e subsectores são principalmente devido ao


volume de informação encontrada em cada sector e subsector, o que condicionou o
desenvolvimento dos temas. As variações entre sectores e subsectores parecem depender

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 11


Janeiro de 2003
da prioridade na economia do país, orientação ( mercado interno ou exportação),
interesses interno e externo , financiamentos e assistência técnica, dimensão, organização,
tipo e volume de actividade e da operacionalidade das unidades de produção. Por isso há
sectores com vários estudos, detalhados, antigos e recentes, e outros que embora sejam
muito referidos eles foram pouco e há muito estudados. Estas diferenças dificultaram a
harmonização da informação obtida para todos os sectores e subsectores, tendo havido a
preocupação de não retirar informações consideradas úteis para os objectivos
pretendidos.

As informações e dados estatísticos contidos neste relatório foram obtidos de


documentos oficiais, de relatórios e informes específicos dos sectores e subsectores, de
relatórios de estudos feitos por instituições internacionais, da Internet, e processados
pelos membros da equipa do estudo. Apenas algumas informações incluídas neste
relatório foram obtidas verbalmente de técnicos das instituições contactadas.

Os Termos de Referência (TOR) previam como um dos resultados do estudo uma


colectânea ou “dossier” dos estudos consultados, o que se constatou não ser possível e
prático. Muitos documentos consultados são de dezenas a mais de uma centena de
páginas mas poucas eram as páginas referentes a tecnologia. Em geral as instituições não
tinham condições de fotocopiar os documentos nem permitiam a requisição dos mesmos
para fotocopiá-los fora delas. Alguns documentos facilitados são confidenciais razão pela
qual não puderam ser referidos e fotocopiá-los. Por outro lado os membros da equipa
ocupavam no início grande parte do seu tempo a pedir autorização para sair com os
documentos, esperar que os mesmos fossem fotocopiados e depois voltar à instituição
para devolvê-los. Sendo assim, a equipa do estudo sugeriu à Comissão Central para que
deixasse de ter a preocupação principal de fotocopiar os documentos, e sempre que
possível fotocopiar apenas a capa, o índice e as páginas que fizessem referência à
tecnologia.

A equipa do estudo foi composta por Lara da Silva Carrilho e Mário Alberto Michaque,
do Grupo de Gestão de recursos Naturais e Biodiversidade (GRNB) da Faculdade de
Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM),
Rui Vasco Sitoe, Fabião M. A. Cumbe, Isabel R. Guiamba e Maida Khan do Centro de
Estudos de Engenharia - Unidade de Produção (CEE-UP) da Faculdade de Engenharia
(FE) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e Cardoso Muendane da empresa
Sociedade de Indústria, Comércio e Serviços (SICS). O GRNB foi a instituição que
coordenou o processo do estudo e fez a ligação entre a equipa do estudo e a Comissão
Central para a Política de Ciência e Tecnologia do Ministério do Ensino Superior,
Ciência e Tecnologia (MESCT). A coordenação do trabalho sectorial coube a cada
instituição.

O trabalho foi realizado em tempo parcial, isto é, enquanto desempenhavam as suas


tarefas nos seus sectores de trabalho. Os membros da equipa foram responsabilizados
para trabalhar em diferentes sectores e subsectores.

Desde o início do processo a contar a partir da elaboração da proposta a submeter ao


MESCT, a equipa reuniu-se semanalmente, primeiramente para os seus membros se

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 12


Janeiro de 2003
conhecerem e criar espírito de grupo, discutir os temas e âmbito do estudo, dividir o
trabalho e posteriormente para avaliar as actividades realizadas, definir as acções
seguintes, analisar situações específicas e propor alternativas para dificuldades
encontradas. Depois da apresentação da proposta e a pedido da Comissão Central a
equipa submeteu um documento adicional sobre comentários aos TOR, o conceito
fundamental de tecnologia e o orçamento detalhado do estudo. A equipa apenas elaborou
um relatório de progresso em Maio de 2002 que submeteu à Comissão Central.

Este estudo contou com o apoio da Comissão Central e particularmente do Prof. Tim
Turpin que orientou na definição de indicadores de tecnologia, teve encontros e forneceu
documentos sobre tecnologias no Brasil e outros documentos. Houve também
disponibilidade do seu colega, Prof. Gustavo Guzman, para apoiar a equipa. Para
facilitar o contacto com as instituições o MESCT entregou credenciais nominais aos
membros da equipa e o GRNB preparou cartas individuais que enviava antecipadamente
às instituições a contactar explicando o âmbito do estudo e a informação requerida. A
maioria das instituições facilitaram o acesso à informação tendo sido muito mais fácil
onde as pessoas a contactar conheciam os membros da equipa de trabalho ou os seus
dirigentes entenderam a importância do estudo. Membros da equipa participaram no
seminário da Política de Ciência e Tecnologia realizado em Março de 2002 , cujas
apresentações e trabalhos em grupo foram bastante úteis para treinar e orientar os
membros da equipa de trabalho. A equipa, representada por um dos seus membros, foi
contactada em Abril de 2002 pela missão Norueguesa da Norwegian University of
Science and Technology (NTNU) e da SINTEF, que procurou informar-se sobre o estudo
em curso, sobre as prioridades dos sectores, e razões e perspectivas sobre a
operacionalidade das unidades industriais.

O sumário executivo e um resumo em Power Point deste relatório foram apresentados


num seminário realizado em 13 de Novembro de 2002 para disseminar e discutir o
presente estudo documental. As críticas e sugestões feitas foram consideradas para
melhorar o presente documento. Dada a sua relevância, as conclusões e recomendações
apresentadas no seminário foram incluídas no devido capítulo do relatório.

1.2 Situação Geral de Moçambique

Moçambique é o país menos desenvolvido da SADC com o IDH de 0,350 em 1998,


contra a média da região de 0,504. Outros países que apresentam IDH abaixo da média da
SADC são o Malawi, Angola, Tanzânia, Zâmbia e República Democrática do Congo. Os
restantes países registam IDH superior à media da SADC, onde se destaca a República
das Seychelles com um IDH de 0,808. Moçambique apresenta menor abertura ao nível da
SADC, com 11,5% das exportações e 8,2% das importações, ambas sobre o PIB, contra
29,3% e 27%, médias da SADC, respectivamente. Ao nível da região, sobre o PIB,
Moçambique é o país com maior percentagem de ajuda recebida e é o segundo país com
maior dívida. Sobre a dívida é superado somente por Angola que até 1998, ano de base
das estatísticas utilizadas, estava em guerra. Em termos de ajuda Moçambique é seguido
por Malawi. Apesar de registar o nível de desenvolvimento económico mais baixo da
SADC, Moçambique, de 1991 a 1998, apresentou um ritmo médio de crescimento

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 13


Janeiro de 2003
económico mais alto da região: 7,6%, contra 2,2% da taxa média da SADC. Durante este
período, todos os países da região apresentaram uma taxa de crescimento positiva
excluindo a República Democrática do Congo que registou uma taxa de –6%. Em relação
a taxa de crescimento económico, Moçambique é seguido por Maurícias com 5,5% e por
Botswana com 5% (SADC 2000).

1.2.2 Programa do Governo 2000-2004

O Programa do Governo para o período 2000-2004 considera a agricultura como base de


desenvolvimento económico e social do país e a indústria como um dos factores
determinantes para o crescimento económico. De acordo com a Política do Governo, as
várias acções a desenvolver no sector da Agricultura devem visar alcançar um
desenvolvimento agrário sustentável para atingir os objectivos de 1) alívio à pobreza, 2)
auto-suficiência e segurança alimentar em produtos básicos, 3) fornecimento de matérias
primas à indústria nacional, 4) desenvolvimento do sector familiar, cooperativo e privado
e criação de emprego e, 5) melhoria da balança de pagamentos. Para o desenvolvimento
da Indústria o Governo definiu como objectivos a 1) promoção da valorização dos
recursos agrários, pecuários, florestais, minerais e energéticos, 2) redução do
desequilíbrio das trocas com o exterior, 3) aumento da oferta de bens de consumo
essenciais à vida das populações, 4) contribuição para a oferta de emprego. Considerando
o Comércio fundamental no relacionamento entre o campo e a cidade, e entre o nosso
país e o exterior, as acções visam contribuir para o crescimento da produção agrícola e
industrial orientada para o abastecimento interno, aumento das exportações e redução das
importações. Mais definiu que o desenvolvimento de um sistema de geração e
divulgação da ciência e tecnologia deve ser acompanhado pela expansão e melhoria de
ensino visando incutir na sociedade a cultura científica, uma mentalidade pró-
desenvolvimento e pela participação directa na produção, divulgação e utilização do
conhecimento.

Planos quinquenais anteriores especificavam também acções prioritárias para o combate à


pobreza.

1.3 Breve Historial sobre o Desenvolvimento das Tecnologias em


Moçambique
1.3.1 Sector da Agricultura: produção agro-industrial

O sector agro-industrial, que representa cerca de 90% da indústria ligeira e alimentar,


nasceu nas décadas 50-70 e desenvolveu-se em 3 sentidos- indústria de processamento de
produtos agrícolas para exportação (cana do açúcar, chá, copra, algodão, sisal, cajú,
tabaco e citrinos) localizadas, com excepção do cajú, nas zonas de produção agrícola, a
média e grande indústria para produção de bens de consumo (frutas e vegetais,
oleaginosas, trigo, milho e arroz, leite e lacticínios, carnes e salsicharias e outras
indústrias alimentares) localizadas nos centros urbanos e suburbanos e a pequena e micro
indústria ( moinhos para milho e prensas de óleo) principalmente localizada nas zonas
rurais. Portanto, as indústrias de exportação localizam-se nas zonas de produção e
afastadas das unidades de transformação e dos portos de embarque, as outras médias e

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 14


Janeiro de 2003
grandes indústrias estão longe das áreas de produção de matéria prima, onde as
infraestruturas para armazenagem e transporte são bastante limitadas.

A maioria das unidades industriais têm equipamento obsoleto, alguns dos quais já não
eram novos quando foram adquiridos, com diferentes origens o que dificulta a
manutenção e aquisição de sobressalentes. O deficiente funcionamento das máquinas
resulta em deficiente aproveitamento da matéria prima com produção mais alta de
subprodutos e de significativas perdas de produção. Os subprodutos das agro-indústrias
não são bem aproveitados.

O Ministério da Agricultura tutela as indústrias de beneficiamento como do algodão, chá,


copra, açúcar, sisal, citrinos, tabaco, arroz e as indústrias de leite e lacticínios, carnes e
salsicharias, , frutas e vegetais quando estas estivessem ligadas aos produtores da
respectiva matéria prima e da madeira. Até inícios de 80 havia uma Unidade de Direcção
de Agro-Indústrias subordinada ao Ministério de Agricultura que dirigia estas indústrias.
Havia também as Secretarias de Estado do Algodão e do Cajú que foram extintas
havendo actualmente o Instituto do Algodão e o Instituto do Cajú, o Instituto Nacional
do Açúcar e o Instituto de Cereais (mais virado para a comercialização de cereais) além
dos institutos virados para a produção pecuária e os institutos de investigação.

As produções das agro-indústrias foram decrescendo a partir dos anos 80 principalmente


por causa da guerra porque as produções de matérias primas agrícolas baixaram e
algumas fábricas ficaram seriamente danificadas e algumas destruídas. Verificam-se
também matéria prima de baixa qualidade, avarias das unidades fabris, problemas de
aquisição de matéria prima (nacional e importação), falta ou insuficiência de capital para
manter as unidades a funcionar. Outras causas ainda são os preços elevados de algumas
matérias primas que inviabilizam a produção industrial e problemas de gestão e de
manutenção das fábricas, agravados pelo sistema fiscal e sistema de créditos bancários
que torna o produto nacional muito mais caro e incapaz de competir com a oferta de
produtos similares importados mais baratos. Há que referir ainda aos problemas de
abastecimento irregular de água e aos frequentes cortes de energia que páram e danificam
as linhas de produção e do custo exageradamente alto das embalagens.

A maioria das fábricas de beneficiamento estão localizadas nas zonas de produção como
as fábricas de descaroçamento de algodão, açucareiras, de chá ,de óleos, de descasque de
arroz e as serrações. Muitas delas foram seriamente danificadas ou mesmo destruídas
durante as guerras até 1992, e as localizadas no Sul e Centro do País foram também
atingidas pelas cheias e ciclones. A maioria das fábricas tem equipamento obsoleto e usa
tecnologias antigas, o que contribui para o fraco rendimento e altos custos de produção e
até mesmo à paralisação de linhas de produção.

A redução da produção ou a paralisação das fábricas têm causado o aumento do


desemprego no país. Os ramos de descasque de castanha de cajú e têxtil são os casos
mais acentuados de desemprego. Outro problema para as agro-indústrias e a indústria
alimentar é a falta de embalagens e as que existem têm custos muito elevados,
encarecendo demasiadamente o produto acabado. Os custos de produção são agravados
pelos valores elevados de juros bancários, taxas aduaneiras, impostos fiscais e custos de

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 15


Janeiro de 2003
energia, combustíveis, transporte e armazenagem. O mau estado das vias de acesso
dificulta o escoamento da matéria prima e a distribuição do produto acabado e devido à
falta de meios de transporte e de armazéns rurais, o risco de deterioração dos produtos é
maior. Devido ao custo elevado das matérias primas, muitas empresas moçambicanas
passaram a produzir com produtos semi processados ou a embalar produtos importados a
grosso (sumos de fruta, leite, vinhos) e alguns passaram a ser importadores de produtos
alimentares.

A indústria nacional não consegue competir com as grandes quantidades de produtos


similares provenientes de outros países vizinhos e asiáticos que têm sido vendidos a
preços muito mais baixos que o produto nacional. Muitos dos produtos importados
entram ilegalmente em Moçambique, portanto, sem pagamento de taxas aduaneiras e
outras obrigações. Estes produtos são também uma ameaça à saúde do consumidor
porque não passam pelo controle sanitário.

A privatização de empresas, especialmente as que foram adquiridas ou têm participações


de capitais externos conseguiram relançar a produção de certos produtos a níveis que
abastecem o mercado nacional a preços inferiores aos produtos importados como as
fábricas de cerveja e de refrigerantes.

Para a indústria e comércio em geral os problemas identificados são a actual política


industrial que não favorece o desenvolvimento e consolidação da indústria nacional, a
pauta aduaneira que não distingue as matérias primas e os produtos acabados, as
oportunidades e benefícios do protocolo comercial do SADC que foram pouco
divulgados, a competitividade da indústria nacional dificultada pelos custos elevados de
combustíveis, energia, telecomunicações, tarifas de transportes, tarifas portuárias e de
manuseamento e armazenagem, o mecanismo de financiamento do projecto PODE que
não beneficia directamente o sector, a ausência de certificação das indústrias e a
inexistência de mecanismos consultivos entre o Governo e o sector privado. Outros
problemas apresentados são o HIV/SIDA e outras doenças, a oferta limitada de
operários qualificados, as vias de acesso em más condições, os encargos fiscais e
aduaneiros, o acesso aos financiamentos e as barreiras administrativas ao negócio.

Quanto aos recursos humanos os industriais optam por técnicos médios para
supervisarem a fábrica e trabalharem na produção e manutenção por serem mais práticos
e mais baratos, técnicos estes com formação geral, isto é, não têm especialidade em
produção de alimentos. Alguns dos técnicos fizeram estágios e cursos de formação
específica nas escolas dos fornecedores dos equipamentos e noutras instituições,
principalmente os da área de cereais e derivados. Dados de 1988 indicam que de 3258
trabalhadores das empresas do ramo alimentar e tabacos, 35 eram técnicos de nível médio
e os restantes de nível elementar, básico e secundário. Havia 11 técnicos de nível superior
na respectiva Unidade de Direcção.

1.3.2 Sector da Agricultura: indústria madeireira

Um breve historial sobre a indústria madeireira é apresentada por Dombo et al. 1994. Até
à Independência Nacional, a indústria florestal era pertença de pequenos empresários

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 16


Janeiro de 2003
portugueses, os quais, além de proprietários, também faziam a gestão e assistência
técnica das actividades de exploração das unidades de processamento de madeira.

O desenvolvimento do sector até à altura baseava-se no estabelecimento de pequenas


unidades de transformação, para a satisfação das necessidades locais em madeira. Mais
tarde, esta indústria foi fortemente motivada pela procura elevada dos países vizinhos de
madeira serrada nativa e travessas para linhas férreas.

Isto causou uma rápida expansão das serrações e resultou na criação de unidades
industriais de transformação de madeira relativamente grandes, orientadas principalmente
para exportação, principalmente perto dos portos e das principais linhas' férreas
conectadas às, áreas de maior potencial florestal.

Pouco depois da independência nacional os proprietários das' unidades de transformação


de madeira abandonaram o País deixando a maioria das serrações nas mãos dos operários
que até então não possuíam experiência suficiente de gestão. Esta situação obrigou,
Estado a assumir a responsabilidade do sector, através da: nacionalização da totalidade de
unidades de produção na altura abandonadas. Com este acontecimento a indústria
Florestal conheceu não só um retrocesso organizacional como também uma deterioração
de condições de operação de maquinaria e de equipamento que por sua vez resultou na
queda do ritmo e qualidade de produção.

Assim, constituiu-se pelo governo em 1980 a MADEMO, E.E., em resposta as Directivas


do III congresso da Frelimo na tentativa de reorganizar a indústria madeireira. Com vista
a obtenção de informação básica para o início da elaboração de uma estratégia de,
desenvolvimento industrial, a MADEMO fez o primeiro inquérito na área de indústria
Florestal em 1980, do qual se obteve a lista de todas as unidades de processamento tanto
privada como mista e estatais como as respectivas capacidades instaladas.

A redução substancial em números de unidades de laboração e mudança, da estrutura


orgânica do sector industrial, foram os dois fenómenos característicos da indústria em
Moçambique, até em 1983, altura em que a MADEMO, E. E., foi extinta, para dar maior
ênfase a unidades de menor escala e aumentar a sua eficiência.

1.3.3 Sector de Recursos Minerais: minerais e produtos diversos

A extracção de recursos minerais, é uma actividade já bastante antiga do Homem. Desde


a idade do ferro, 2000 AC, que se vem reportando actividade humana neste domínio. Em
Moçambique a mineração é uma actividade tradicional, tendo atraído estrangeiros desde
os anos 212 DC. O ouro foi extraído pelos Ziwa e mais tarde pelos Shonas (DNMinas,
1999a).

Moçambique tem uma geologia favorável para a exploração e a mineração. O


levantamento geológico do país foi feito em 1928. Nos últimos vinte anos, trabalhos de
prospecção e pesquisa geológica permitiram uma melhor definição de geologia e a
descoberta de vários jazigos minerais importantes desde os de ouro, carvão, pedras
preciosas e semipreciosas, fosfatos, fluorites, mármores, minerais pesados, bem como
outros minerais básicos e industriais.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 17


Janeiro de 2003
Antes da independência, a actividade mineira era relativamente fraca. Este cenário
mudou, logo após a independência, com o aumento gradual e significativo de produção
mineira. No entanto, a partir do início dos anos oitenta a produção mineira do sector
formal começou a decrescer drasticamente, contrastando com o sector informal que ia
conhecendo um significativo crescimento, ajudando a aliviar a falta de emprego e a
pobreza (DNMinas, 1992).

A exploração mineira em Moçambique, tem atraído pouco investimento tanto nacional


como estrangeiro. Grande parte da actividade mineira, ainda acontece no sector informal
da economia, executada por milhares de pequenos artesãos (DNMinas, 1999a). Esta
situação, aliada á tecnologia rudimentar em uso, tem ditado a fraca contribuição deste
sector na economia nacional

1.3.4 Sector de Indústria Transformadora: indústrias têxteis, de vestuário e couro

Desde os anos 8000 a.C. que o Homem vem tecendo fibras naturais para produzir fios,
com os quais produzia vestuário através da tecelagem ou tricotagem (Kindersley, 1993).
Estas técnicas rudimentais, foram sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas, ao longo dos
tempos, mantendo-se contudo os seus princípio básicos.

Grande parte da industria têxtil, em Moçambique, foi desenvolvida, entre 1971 e 1982,
com excepção de uma empresa (Textáfrica) constituída em 1950 (Seres, 2000). Nos anos
pós-independência a indústria têxtil foi tutelada pela SEILA através da Unidade de
Direcção Têxtil, contando com cerca de 18 empresas, entre estatais, mistas e privadas,
maioritariamente sediadas na cidade e província de Maputo.

Neste momento, com quase todas as empresas têxteis do país privatizadas, este ramo
encontra-se mergulhado numa greve crise que teve o seu início nos anos oitenta com a
persistente tendência decrescente da produção que se verifica desde então. Muitas
unidades de produção estão encerradas ou a funcionar muito abaixo das suas capacidades
instaladas

Durante a vigência da economia centralizada no país, o ramo da indústria de vestuário foi


tutelado pela SEILA, através da Unidade de Direcção do Vestuário. Esta unidade de
Direcção coordenava apenas empresas com mais de 25 máquinas de costura, estando, por
isso, fora da sua alçada as restantes, assim como as cooperativas que chegaram a atingir
cerca de 50 (UNIDO, 1987). Actualmente a actividade de produção de vestuário em
Moçambique é exercida por empresas formalmente constituídas, cooperativas e pelo
sector informal.

A produção de calçado, componentes para calçado e de malas em Moçambique é feita


pelo sector industrial do ramo e por pequenas unidades informais e artesanais. A indústria
de couro e calçado foi, igualmente, tutelada pela SEILA, neste caso através da Unidade
de Direcção de Calçado. A drástica redução da população bovina, afectou o
processamento local de peles o que teve como consequência a falta de matéria prima para
a produção de artigos de couro e a sua dependência nas importações.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 18


Janeiro de 2003
1.3.5 Sector da Indústria Transformadora: indústria química, de derivados de
petróleo, carvão, produtos de borracha e de plásticos

O Sector da Indústria Transformadora Ramo da Indústria Química, de Derivados de


Petróleo, Carvão, Produtos de Borracha e de Plásticos é um dos ramos mais importantes
fornecendo matéria-prima, produtos intermediários e produtos acabados à economia
nacional. Os subsectores da Indústria Química, produtos de borracha e de plásticos são
tutelados pelo Ministério da Indústria e Energia, e os subsectores dos derivados de
petróleo e Carvão pelo Ministério dos Recursos Minerais.

O desmantelamento do sistema colonial e a criação do novo sistema político-económico,


a seguir à independência, acompanhado do abandono do país pelos colonos, técnicos e da
quase totalidade da mão de obra qualificada, originaram entraves fortes ao
desenvolvimento da actividade económica no país (UNIDO, 1987). Este sector sofreu
também as consequências desta situação.

A inexistência de preços de reserva e/ou não reposição de equipamentos, desde 1975,


conduziram ao seu envelhecimento, tornando-se deste modo antiquados. A qualidade
passou também a ser problema, dado que na maior parte dos casos deixou de haver
controle de materiais e do produto final, o que levou, consequentemente, a redução da
competitividade.

Por outro lado, o conflito armado, aliado às calamidades naturais e alguns erros de
política económica afectaram seriamente o sector. A produção tornou-se nos anos 80,
insuficiente para o consumo interno devido entre outros, a baixa utilização das
capacidades instaladas, razão pela qual as exportações eram inexistentes. Em
contrapartida, as importações de produtos químicos, particularmente as matérias primas,
eram avultadas. As explorações mineiras como as do carvão, reduziram drasticamente e
instalou-se a crise petrolífera com o encerramento da refinaria da Petromoc e o país
passou a ser dependente da importação de produtos petrolíferos.

Actualmente, a maioria das instalações neste sector de actividade, opera em Moçambique


com equipamentos e instalações tecnologicamente antiquados, apresenta deficiências nas
tecnologias de processo e exibe atraso quanto às tecnologias de produção. Demonstra,
ainda, limitada difusão dos sistemas de gestão de qualidade, tanto dos produtos como dos
processos de fabricação, e apresenta relativa lentidão na adopção das inovações. Os
processos baseiam-se no processamento de produtos semi-acabados, que são importados.
Esta é uma estratégia de sobrevivência, adoptada pelas empresas do sector, como
consequência da estagnação.

1.3.6. Sector da Indústria Transformadora: indústria de produtos minerais não


metálicos

O uso de produtos de materiais não minerais é muito antigo. O uso de minerais como
argilas é testemunhado por vários objectos antigos encontrados em várias partes do
mundo. Em especial, o uso do vidro é relatado desde a civilização egípcia.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 19


Janeiro de 2003
Moçambique possui abundantes reservas de matérias-primas para produtos de minerais
não metálicos. Estas reservas estão espalhadas por vários pontos do país (COSSA et al.,
1996), (COSSA, 1992). A sua transformação é feita tanto em moldes artesanais como
industriais.

A indústria de materiais de construção, que representa uma grande porção dos produtos
minerais não metálicos, já esteve bem equipada mas houve degradação dos equipamentos
por diversas razões sócio-económicas e organizacionais (UNIDO, 1989).

Vários lotes de equipamento para materiais de construção foram importados e só


operaram durante pouco tempo ou deterioraram mesmo antes de serem devidamente
instalados. Também houve muitos projectos de implementação de indústrias de materiais
de construção que foram sub-aproveitados ou não foram implementados, estando na
posse do Ministério da Obras Públicas e Habitação. É urgente a adopção de actividades
de relançamento dos projectos de materiais de construção, se se tiver em vista a
quantidade de estudos já realizados e o potencial de matérias-primas de que Moçambique
dispõe (argila comuns, caulino, calcário, gesso, diatomite, bentonite, perlite e outros)
(UNIDO, 1989).

Houve cooperativas de materiais de construção em vários pontos de Moçambique, das


quais se destacam as de cerâmica, que contavam com o apoio do governo. Alguns dos
produtos destas cooperativas são a cal, tijolos e telhas. Este modelo de organização da
produção tinha problemas relacionados com o uso de tecnológicos e de escala de
produção e o uso intensivo de material lenhoso, num total equivalente a quase 2000
quilómetros quadrados de floresta, na década 80 (COSSA, 1989).

Até perto de 1990 havia perto de 90% de empresas estatais a produzir materiais de
construção. Com o processo de privatizações, esta situação ficou praticamente invertida
desde meados da década 90 (COSSA et al., 1996). Das empresas estatais operando na
altura destacam-se a PROSUL e a PROMAC, para o sul e o centro de Moçambique,
respectivamente.

A guerra e o declínio económico de Moçambique afectaram a produção de materiais do


ramo. Por exemplo, o declínio da indústria de cajú prejudicou significativamente a
indústria de produtos cerâmicos que usava a casca da castanha como fonte de energia.
Por outro lado, o clínquer para a produção de cimento foi importado durante um certo
tempo. As fábricas beneficiaram de obras de reabilitação na segunda metade da década
90 (COSSA et al., 1996), (UNIDO, 1989). A produção de cimento tem denotado alguns
problemas de emissões de partículas para a atmosfera. Esta é a razão apontada para o
encerramento de uma fábrica de cimento em Tete (Facite) montada em inícios da década
de 90. A produção de cimento em Moçambique iniciou em 1923, passando a ter
relevância a partir de 1945. A primeira fábrica foi instalada na Matola e outras foram
instaladas no Dondo (a partir de 1955) e em Nacala, em 1963. Houve várias etapas de
modificações das linha tecnológicas destas fábricas, que foram privatizadas pelo grupo
Português CIMPOR em 1997.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 20


Janeiro de 2003
Actualmente a indústria está em evolução tecnológica, com o surgimento de novas
tecnologias, algumas das quais de difícil implantação no mercado. Citam-se, a título
ilustrativo, os casos de construções de pré-fabricados para paredes e coberturas de
edifício em betão, que não conseguem concorrer com a construção usando tecnologias
mais tradicionalmente utilizadas, tais como blocos, tijolos e cobertura em telhas,
fibrocimento ou outro material mais leve. Porém, no ramo de produtos minerais não-
metálicos, existem muitas instalações degradadas, inutilizadas ou sub-aproveitadas
(COSSA et al., 1996). A produção ainda está muita abaixo das capacidades instaladas.

1.3.7 Sector da Indústria Transformadora: indústria metalúrgica de base

Há cerca de 3500 anos atrás, os Hittites da Turquia descobriram como extrair o ferro. No
entanto só em 1742, graças ao inventor Inglês Benjamin Huntsman, começou-se a
produzir a liga ferro-carbono conhecida como aço (Kindersley, 1993) .

Em Moçambique a produção de peças fundidas vem sendo desenvolvida há já vários


anos, por empresas, sector informal e no artesanato. As principais unidades produtivas
deste ramo estão localizadas nas principais cidades do país, Maputo, Beira e Nampula,
que se abastecem de matérias primas importadas, apesar de serem conhecidas importantes
reservas nacionais de minério de ferro e carvão siderúrgico. A fundição da CIFEL é a
mais importante do país, pois para além de ser a única que produz aço, pode ainda fundir
peças até 10 toneladas (Austral Consultoria e Projectos, 1992).

A partir do início dos anos oitenta, verifica-se uma tendência de redução dos níveis de
produção da indústria em geral e da indústria metalúrgica em particular. É assim que
vários projectos são desenhados com vista a reverter a situação. Por exemplo foi lançado
o “Projecto de Vazamento de Lingotes para Laminagem”que pressupunha a
modernização e ampliação da fundição existente na CIFEL. Outro exemplo é o projecto
de criação de uma mini-acearia em Tete, com objectivo de utilizar os recursos existentes
na região do mesmo nome. Muitos destes projectos não tiveram sucesso ou foram
abandonados por falta de capacidade técnica e de financiamento de entre outras razões.

Neste momento a produção do ramo da industria metalúrgica de base, do país, encontra-


se num nível bastante baixo, com grande parte das unidades produtivas do ramo a
funcionar muito abaixo da sua capacidade instalada.

1.3.8 Sector da Indústria Transformadora: indústria de produtos metálicos,


máquinas, equipamentos e materiais de transporte

A actividade ramo da Indústria de Produtos Metálicos, Máquinas, Equipamentos e


Materiais de Transporte já conheceu níveis competitivos a na região da África Austral,
nomeadamente no equipamento ferroviário circulante, carroçarias, instrumentos
agrícolas, indústria de frio, e outros. Porém, no fim da década 80 e início da década 90
havia uma clara tendência de declínio. Neste período a quantidade de grandes, médias e
pequenas empresas a operar era cerca de 60 (Uamusse et al., 1993), das quais cerca de
metade se dedicava ao fabrico de produtos metálicos, 12 à fabricação de máquinas não

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 21


Janeiro de 2003
eléctricas e 14 dedicadas a equipamentos e material de transporte (Uamusse et al., 1993).
A grande maioria das empresas encontra-se no Maputo (cidade e província).

O êxodo de portugueses após a independência também afectou a produção de artigos


metálicos. Várias empresas foram encerradas ou intervencionadas e outras foram
fundidas para formar empresas estatais. A guerra fria trouxe o auxílio insuficiente dos
países do bloco do Leste. O mau relacionamento com alguns países vizinhos associado à
guerra civil pioraram o estado produtivo de Moçambique, em geral, e da indústria em
particular. A demanda de produtos metálicos decresceu grandemente, até ao fim da
guerra e a abertura do mercado Moçambicano aos operadores estrangeiros. Assim, o
processo de conversão das empresas então privadas em empresas intervencionadas ou
estatais foi revertido e muitas empresas são, agora, privadas (Reis et al., 1996), com
notória presença de capitais estrangeiros ou mistos.

A produção do ramo da Ramo da Indústria de Produtos Metálicos, Máquinas,


equipamentos e materiais de transporte é muito diversificada. Muitas das matérias-primas
são importadas.

Os problemas do ramo são comuns a outros ramo da indústria. Citam-se a dificuldade de


abastecimento de matérias-primas a preços competitivos, elevada idade do equipamento,
fraca qualificação dos técnicos, baixa procura de produtos no mercado local, controlo de
qualidade deficiente o que reduz a competitividade a nível internacional (o que resulta na
baixa utilização da capacidade instalada), necessidade de investimentos elevados e falta
de liquidez ou assistência bancária e problemas de gestão.

Os sectores beneficiários constituem uma grande gama de indústrias, serviços e sociedade


em geral. É por esta razão que o desempenho do ramo depende da situação económica
nos outros ramos de actividade. A pequena dimensão do mercado Moçambicano é um
entrave à evolução de empresas que se dediquem à produção especializada, favorecendo
empresas que desenvolvem actividades consoante as encomendas.

O recente sucesso no desempenho económico de Moçambique teve um impacto positivo


nas actividades de produção do ramo de produtos metálicos. Em especial, a implantação
do projecto da fundição de alumínio (MOZAL) provocou profundas mudanças, incluindo
a criação de novos empreendimentos (tais como o surgimento de joint-ventures),
mudanças de constituição de empresas (exemplificadas pela associação a ou aquisição
por empresas estrangeiras especializadas) e também mudanças na estratégias de produção
(tal como a mudança de produtos ou a passagem para os serviços de manutenção). Em
resumo, o Ramo da Indústria de Produtos Metálicos, Máquinas, Equipamentos e
Materiais de Transporte está a ser relançado devido ao súbito aumento da demanda e
efeitos colaterais do desenvolvimento económico de Moçambique. Porém, a falta de
estudos sobre o recente desempenho do sector impede a ilustração adequada da situação
actual.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 22


Janeiro de 2003
2. O SECTOR TECNOLÓGICO EM MOÇAMBIQUE

2.1 Generalidades

A descrição que se segue procura realçar a importância que o Governo Moçambicano dá


à Tecnologia, sua influência no desenvolvimento e economia de um país, conceitos
restrito (componente material) e abrangente (componentes material, humano, estrutural e
organizacional) de Tecnologia e indicadores a serem usados para sua avaliação, a
importância do conhecimento de aptidões tecnológicas, o papel da cooperação
internacional para a transferência de tecnologia e desenvolvimento tecnológico. Por
último se indica a componente específica que o presente estudo irá focar:

A tecnologia e o capital humano constituem variáveis fundamentais para o crescimento


económico (Mucumbi, P. 2001. 1º Seminário Nacional sobre Ciência e Tecnologia ).

São várias as actividades que têm sido desenvolvidas em Moçambique para estudar e
aplicar novas tecnologias e para incentivar o uso e disseminação das já conhecidas, quer a
nível de institutos de investigação e de ensino e empresas quer a nível das comunidades
rurais, com participação e apoio de entidades governamentais, Organizações
Internacionais e ONGs.

A tecnologia tem sido o centro de desenvolvimento económico e de redução da pobreza.


As novas tecnologias têm beneficiado a integração e o crescimento económico,
aumentando a competitividade e a produtividade, reduzindo preços, criando emprego e
produzindo riqueza. Mas muitos países não são capazes de desenvolver novas tecnologias
nem têm acesso a elas (Hamdi, M, 2001).

A aplicação de tecnologias como por exemplo a automatização de processos, reduz a


intensidade do trabalho físico e mental dos trabalhadores e constitui um meio para
aumento da produção e de rendimentos por unidade de tempo.

É importante conhecer as aptidões tecnológicas e seu desenvolvimento em novas


tecnologias pois ajudam a obter novos factores de competitividade e a reforçar as
vantagens comparativas existentes, tendo em conta que a emergência e difusão rápida de
novas tecnologias têm causado enormes mudanças na indústria, na economia, na
sociedade e na competitividade de empresas e países. De acordo com a OECD, 1992
(Organization for Economic Cooperation and Development) a noção de aptidões
tecnológicas tenta abranger a grande variedade de conhecimento e habilidade
necessárias para adquirir, assimilar, usar, adaptar, mudar e criar tecnologia. Ela vai
além da engenharia e conhecimento técnico e inclui o conhecimento das estruturas e
procedimentos organizacionais e de modelos de comportamento de trabalhadores e dos
clientes. As empresas precisam de bens e aptidões para criar, mobilizar e melhorar as
suas aptidões tecnológicas tais como flexibilidade organizacional, finanças, qualidade
dos recursos humanos, sofisticação dos serviços de apoio e da gestão da informação e
coordenação das aptidões. Para o desenvolvimento tecnológico, há que considerar que
em certas áreas poderá haver formas de cooperação entre empresas e agências

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 23


Janeiro de 2003
governamentais. A transferência de tecnologia delas resultante poderá contribui para o
aumento da eficácia de custos, uso eficiente de recursos naturais e participação
competitiva no mercado internacional (Bischoff, J, 2001).

2.2 Conceitos de Tecnologia


Os conceitos sobre o termo "tecnologia" são diversificados. Por isso, é necessário
especificar a utilização do termo no contexto restrito do presente documento, como sendo
relacionado com a aplicação de conhecimento que é gerado tanto por via de inferência
científica como por via experimental na produção de bens materiais ou imateriais. A
tecnologia é expressa, na vida real, por meio de métodos e processos. O produto da
aplicação desse conhecimento é, usualmente, utilizado para avaliar a tecnologia. Este
produto também é popular e imprecisamente designado "tecnologia". Por exemplo, o
termo "tecnologia de ponta" tem sido utilizado para designar equipamento que opera
segundo princípios inovadores ou actualizados. "Tecnologia pode ser definida como a
aplicação da ciência através da utilização prática no desenvolvimento de produtos e
serviços, que podem criar riqueza e melhorar o nível de vida" (Botswana Technology
Centre, 1998)..

Segundo algumas fontes, a palavra “tecnologia” deriva do Grego tekhnologia e é a


ciência das artes e ofícios em geral. Também é conhecida como “Explicação dos termos
técnicos. Conjunto dos termos técnicos, particulares a uma arte, a uma ciência: cada
ciência tem a sua tecnologia própria" (Lello Editores, 1999).

A definição de “tecnologia” varia conforme o autor e a época. Proveniente da palavra


grega tekhnologia, foi traduzida para “tratado sobre uma arte” ou “tratamento
sistemático”. Antigamente entendia-se por tecnologia o estudo e aplicação sistemática do
conhecimento científico, técnicas e métodos principalmente na indústria e noutras
actividades recorrentes. O conceito passou posteriormente a ser mais abrangente,
significando o seguimento de resultados, especialmente os resultados úteis da
investigação científica não só relativos a produtos palpáveis da ciência como também às
atitudes, processos, artefactos e suas consequências. Portanto a tecnologia refere-se
também à aplicação da ciência para objectivos práticos da vida humana e para a
mudança e manipulação do ambiente humano. (The New Encyclopaedia Britannica;
McMgraw-Hill Encyclopedia of Science & Technology; Dicionário da Língua
Portuguesa -6ª edição- Porto Editora; Dictionary of American English Longman 1983;
Oxford Advanced Learner´s Dictionary of Current English,1974; The Concise Oxford
Dictionary of Current English – 8th edition 1990).

A tecnologia está relacionada com a engenharia e a ciência, pois trata de instrumentos e


técnicas para executar planos, desenhos e meios criados pela engenharia para aplicação
de conhecimento objectivo da ciência que lida com a compreensão humana sobre o
mundo real, suas propriedades e interacções (McMgraw-Hill Encyclopedia of Science &
Technology).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 24


Janeiro de 2003
Seguem outras definições de tecnologia:

• Ramo do conhecimento que lida com a criação e a utilização de meios técnicos e a


sua inter-relação com a vida, a sociedade e o ambiente, abarcando disciplinas tais
como artes industriais, engenharia, ciências aplicadas e ciências puras.

• Conjunto dos termos técnicos, peculiares a uma arte, a uma ciência (Lello Editores,
1999) ou Terminologia de uma arte, ciência, etc.; nomenclatura técnica.

• Processo tecnológico, invenção, método, etc.

• Alguns dos modos como os grupos sociais se provêm de objectos materiais para a sua
civilização.

2.3 Enquadramento do Sector Tecnológico em Moçambique

Um estudo adequado do sector industrial comporta a análise das ligações entre técnicas
de produção disponíveis, a dimensão do mercado para o qual a indústria produz e a
concorrência potencial nesses mercados. Desta interacção pode-se programar com maior
eficiência a dimensão das empresas produtivas, os seus programas de produção e
enquadramento na economia nacional e internacional (ARAÚJO Jr. et al.).

O mercado Moçambicano é pequeno demais para o desempenho adequado de algumas


indústrias (Edição e Comunicação Lda., 2000). O desempenho económico de muitas
empresas industriais existentes não é bom, apesar da tendência actual para o crescimento
industrial. Por isso, Moçambique tem que importar a maioria dos bens e serviços, criando
problemas na balança comercial (Edição e Comunicação Lda., 2000).

A evolução dos sistemas de transportes, comunicações e informática, conjugada com as


tendências globalizantes do mercado mundial actual, impõem condições novas na
planificação de actividades económicas nacionais centrada na elaboração de algumas
políticas nacionais protectoras ou a formação de blocos económicos, também com efeito
protector. Este posicionamento é conveniente para países cujo nível de competitividade
esteja muito abaixo dos níveis de desempenho de países bem posicionados na economia
mundial, mas é universalmente empregue em várias variantes de protecção. Em vários
países, o Estado tem desempenhado um papel importante na protecção do sector
industrial, não só através de políticas mas também, em alguns casos, com incentivos
financeiros diversos. Assim, pode usar o seu poder de compra, apoiar as actividades de
investigação tecnológica e proteger empresas com baixa competitividade. Estes
objectivos protectores também podem ser alcançados se a estrutura do mercado for
estrategicamente planificada.

A capacidade do Governo no investimento para Investigação é limitada. Por outro lado,


os modelos desenvolvimento da tecnologia baseados na demanda da indústria ou na
pressão científica não são adequados para expressar o actual processo de acumulação de
capacidades tecnológicas das empresas da actualidade (Kojima et al. 1997). Na actual
dinâmica dos mercados, em que se registam rápidas mudanças tecnológicas, é preciso

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 25


Janeiro de 2003
haver capacidade para produzir, avaliar e seleccionar tecnologias (HOLM-NIELSEN,
1996). Porém, as empresas não podem limitar-se a aprender fazendo para desenvolver
tecnologias. Os conhecimentos sobre tecnologias devem ser adquiridos de fontes
nacionais e estrangeiras credíveis e experientes. Esta aquisição pode ser cara e por isso é
preciso usar uma abordagem em que os conhecimentos obtidos podem ser divulgados.
Tais são os exemplos de formação de cooperativas industriais e redes empresariais. Estas,
podem facilitar a divulgação de informação, cooperar no treinamento de técnicos e
solução de outros problemas, fazer aquisições em massa (com todos os benefícios da
escala), beneficiar de consultorias técnicas e investigação conjunta. O Governo, de
acordo com a sua função reguladora, deve formar um ambiente em que as empresas
operam com políticas apropriadas, incentivos fiscais e outros que possibilitem o seu
desenvolvimento tecnológico.

Para países em desenvolvimento, a transferência e o desenvolvimento de tecnologia é um


processo especialmente importante (Kojima et al. 1997), que requer uma gestão e
regulamentação. O complexo de acções relacionadas com a gestão de tecnologia estende-
se a várias actividades, tais como a gestão de actividades de Investigação e
Desenvolvimento (I&D), a aplicação da tecnologia nas instalações, para além da própria
formulação da política de tecnologia e serviços de informação, cooperação institucional,
consultaria, educação e treinamento (UNCTAD, 1993).

A Indústria tem contribuido com relativamente pouco (perto de 10%) para a economia
dos países africanos. As razões para o desequilíbrio da estrutura produtiva em África
estão associadas a factores de vária ordem, tais como factores climatéricos adversos,
políticas económicas e gestão inadequadas, dificuldades financeiras de vários países, falta
de investimentos estrangeiros, fraco dinamismo e baixa competitividade em relação a
outras regiões do mundo com desenvolvimento tecnológico bastante acelerado (UNIDO,
1994), sustentado por uma estrutura forte de investigação e desenvolvimento de produtos.

O desempenho económico de África reduziu nos primeiros anos da década passada,


enquanto que a população de África aumentou a uma razão constante de cera de 3% ao
ano (UNIDO, 1994). Muitas das fábricas em África operam abaixo das suas capacidades
instaladas (UNIDO, 1994), denotando problemas de gestão, reabilitação, modernização e
manutenção industrial.

Moçambique começou a ter algumas indústrias de pequena escala desde 1930 e foi o
oitavo maior produtor industrial em África até à altura da Independência (BIGGS et al.,
1999). A independência, em 1975, acompanhada do desmantelamento do sistema
colonial e criação de um novo sistema político, causou o êxodo de técnicos e muita mão-
de-obra qualificada. Estes factores contribuiram para o declínio acentuado do
desempenho da Indústria no período pós-independência, posteriormente agravado pela
guerra e boicotes da República da África do Sul (d’Oliveira, 1987). O Programa de
Reabilitação Económica (PRE) iniciado em 1987 não teve sucesso por causas diversas
como o colapso do Bloco Socialista, um dos intervenientes principais na economia, a
perda de mercado da indústria têxtil, a guerra e a pior seca do século em 1992 (BIGGS et
al., 1999).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 26


Janeiro de 2003
Há muitos outros factores internos e externos que influenciam negativamente no
desempenho da indústria, como sejam, políticas industriais inadequadas, dívida externa,
políticas financeiras inconvenientes, contratos desvantajosos, dinamismo da competição,
dependência tecnológica e outros.

Em meados da década 90 a Indústria voltou a registar uma elevação de desempenho,


depois de um período de estagnação que a caracterizava nos inícios da mesma década
(Boletim da República nº 33). Apesar do crescimento económico excepcional, a uma
média de cerca de 7,5% ao ano entre 1992 e 1997 (COOK, 2000 e algo acima ou abaixo
de 10% ao ano em anos consecutivos últimos anos da década 90, o desempenho da
economia Moçambicana enquadra-se nos padrões das economias Africanas. Porém,
Moçambique tem enormes potencialidades económicas. Possui recursos naturais tais
como minérios de ouro, tântalo, Ferro, grafite, bentonite, urânio, pedras preciosas e semi-
preciosas, e também possui recursos energéticos como gás natural, carvão mineral e
energia hídrica (Reis et al., 1996). A localização de Moçambique relativamente a alguns
países vizinhos como Zâmbia, Malawi, Zimbabwe, Swazilândia e República da África do
Sul é estratégica, no referente ao acesso a transportes marítimos. Os corredores de
transporte para os países vizinhos são vectores de desenvolvimento e também constituem
meios de acesso a comunidades rurais, o que contribui para o desenvolvimento de
actividades económicas nas respectivas zonas. O potencial agro-florestal de Moçambique
é considerável e a longa extensão da costa Moçambicana provê o país de significantes
receitas resultantes da pesca.

Mesmo possuindo um enorme potencial económico, Moçambique tem uma das 10


economias mais débeis do mundo. O seu Produto Nacional Bruto per capita, embora
tenha valor médio crescente, está apenas ligeiramente acima de 225 dólares americanos
(Instituto Nacional de Estatística, 2001). Por exemplo, a indústria extractiva tem pouca
relevância para a economia devido a problemas tecnológicos, tais como equipamento
antigo e deficiente, mão-de-obra mal qualificada e problemas de transporte de minérios
(Reis et al., 1996).

As boas perspectivas de investimento e desenvolvimento em Moçambique são


testemunhadas pela recente elaboração e implantação parcial de projectos de
desenvolvimento industrial de alto valor, nomeadamente os projectos de fundição de
alumínio, projecto de extracção de gás, projecto de ferro e aço, e também projectos de
areias pesadas. Estes projectos actuam como impulsionador da revitalização tecnológica
de alguns sectores de actividades económicas relacionadas.

2.4 Avaliação do Nível das Tecnologias

Há vários indicadores utilizados para avaliar sistemas de tecnologias. Alguns são


bibliométricos, outros são serviços de apoio a Ciência e Tecnologia e registo de patentes
(HOLM-NIELSEN, 1996). Os indicadores medem tanto inputs como outputs do sistema.
Os últimos são os mais importantes para a economia de um país. Para a avaliação de
sistemas de tecnologias é preciso ter informação completa, actualizada e devidamente
seleccionada e ajustada para os diversos aspectos do sistema. Alguns exemplos de

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 27


Janeiro de 2003
medidas para avaliar a inovação tecnológica incluem o aumento do esforço industrial e
Investigação e Desenvolvimento (I&D), as interacções entre os diversos intervenientes do
sistema de inovação (empresas, laboratórios, etc.), novos produtos ou processos
desenvolvidos e divulgados, novas empresas, empregos criados e/ou mantidos, números
de estudantes em formação tecnológica, receitas de licenças, medidas macroeconómicas
(tais como receitas, quota do mercado, empresas criadas, emprego, volumes de
exportações, e outros) (HOLM-NIELSEN, 1996), (The World Bank, 2001), (UNESCO;
Garrett, S. 2001. 1º Seminário Nacional sobre Ciência e Tecnologia).

A OECD classifica os indicadores em grupos sendo, por exemplo, considerados inputs os


recursos financeiros e humanos em I&D a níveis nacional, empresarial, e no ensino
superior e também a fracção do orçamento do Estado destinado a I&D; como outputs as
patentes registadas por cidadãos nacionais e estrangeiros residentes; como relação
outputs/inputs a relação entre a balança de pagamentos em tecnologias (importações e
exportações de bens tecnológicos materiais, bens imateriais e serviços); como Inovação
tecnológica os índices quantitativos e qualitativos da inovação industrial, incluindo
custos e benefícios, obstáculos à inovação, fontes de conhecimento, o uso de tecnologias
avançadas de produção na indústria, o uso de equipamento baseado em controle
electrónico e computorizado nas diferentes fases do ciclo de produção; há outras mais
com indicadores bibliométricos, de desenvolvimentos de recursos humanos (existência
e/ou demanda cientistas, engenheiros, tecnólogos e estudantes, especialmente no nível
superior) e outros.

A avaliação do sistema de tecnologias não é sempre feita usando o desempenho


económico ou social pois as ligações entre estes e o sistema podem ser difíceis de
estabelecer. É por essa razão que no início da implantação de um sistema de tecnologias
se usam indicadores que reflectem as mudanças no ambiente inovativo, tais como as
despesas em Investigação e Desenvolvimento, interacção entre os intervenientes, ou outra
(HOLM-NIELSEN, 1996). A informação existente sobre tecnologias em Moçambique é
insatisfatória tanto em quantidade como em qualidade. Por isso, não é possível fazer uma
avaliação exacta do nível tecnológico em todos os sectores de actividade. Na falta de
informação completa e segura, a abordagem feita no presente documento para a
avaliação comparativa é apenas uma ilustração baseada nos dados produzidos pelo Banco
Mundial. Nesta, usa-se um conjunto de indicadores comuns a diversos países do mundo,
por ser a única maneira de usar dados com os mesmos critérios de amostragem. Muitos
indicadores utilizados noutras abordagens são pouco adequados e por isso mesmo a
ilustração é um pequeno excerto.

Segundo os dados do Banco Mundial (The World Bank, 2001) o desempenho de


Moçambique no domínio da Ciência e Tecnologia é um dos piores do mundo. Os
indicadores utilizados para fazer esta inferência são, nomeadamente:

a) o número de cientistas e engenheiros em Investigação e Desenvolvimento, por cada


milhão de habitantes;

b) o número de técnicos em Investigação e Desenvolvimento, por cada milhão de


habitantes;

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 28


Janeiro de 2003
c) a percentagem de estudantes de Ciência e Engenharia no ensino terciário (estes estão
relacionados com tecnologia);

d) as despesas em Investigação e Desenvolvimento, como percentagem das receitas


nacionais brutas;

e) o número de artigos científicos e técnicos em publicações periódicas;

f) as exportações de bens de alta tecnologia, tanto em milhões de dólares americanos


como em valores relativos ao total de exportações de bens fabricados;

g) direitos autorais e taxas de licenciamento, pagamentos e receitas, em milhões de


dólares americanos;

h) número de patentes registadas

Uma análise dos dados relativos ao decénio 1987-1997 (para os primeiros quatro
indicadores), ao ano 1997 (para artigos científicos e técnicos em publicações), ao ano
1998 (para patentes registadas) e ao ano 1999 (para exportações de alta tecnologia e para
direitos autorais e taxas de licenciamento) mostra que são muito poucos os países do
mundo com os quais se pode fazer uma comparação do desempenho Moçambicano.
Embora os indicadores utilizados constituam apenas uma amostra e apesar de se
considerar que os dados do Banco Mundial são incompletos, de acordo com o
conhecimento que os autores têm de Moçambique, pode-se afirmar que o desempenho de
Moçambique em Ciência e Tecnologia, comparado com o desempenho de outros países
do Mundo e da Região da África Meridional está muito abaixo da média. Os poucos
países do mundo cujo desempenho é inferior ou comparável ao de Moçambique são
Angola, Zâmbia, República do Congo, República Democrática do Congo, Costa do
Marfim, Guiné Bissau, Guiné, Gâmbia, Chade, Camarões, Mauritânia, Serra Leoa,
Líbano, Eritreia, Nepal, República do Yemen, Turkmenistão, Haiti, Cambodja, Bósnia e,
em certa medida, Namíbia e Myanmar. Na fonte consultada (The World Bank, 2001),
para Moçambique só constam dois valores de entre os indicadores formulados. Estes são:

c) - 42% de estudantes do ensino terciário que frequentam cursos de Ciência e


Engenharia;

e) - um total de 9 artigos publicados em 1997.

A tabela 2.1 é dada apenas para fins ilustrativos, uma vez que os autores, que têm algum
envolvimento em áreas abordados por parte dos indicadores, têm reservas sobre o grau de
exactidão dos dados relativos a Moçambique. Para a ilustração e como pontos de
referência, escolhem-se um país grande e desenvolvido (Estado Unidos da América), um
país intermédio (Grécia) e alguns países vizinhos (República da África do Sul, Zimbabwe
e Zâmbia) [fonte: (The World Bank, 2001).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 29


Janeiro de 2003
Tabela 2.1 – Comparação do desempenho tecnológico de alguns países

a) b) c) d) e) f) g) h)

Nº de Nº de Fracçã Despe- númer exportações de direitos autorais númer


cientis- técnico o de sas em o de bens de alta e taxas de o de
País tas e s em estuda I&D, artigos tecnologia licenciamentos patente
Enge- I&D ntes de como científi s
nheiros por Ciência fracção - cos e regista-
em milhão e Enge- das técnico em 106 Fracçã Pagam Receita das {*}
I&D de nharia receita s em dólares o das entos, s, em
por habita no s publica ameri- expor- em milhõe
milhão n- tes ensino nacio- -ções canos tações milhõe s de
de terciá- nais perió- de bens s de dólares
habita rio brutas dicas fabrica dólares ameri-
ntes -dos ameri- canos
canos
EUA
3.676 - 19% 2,63 166.82 184.23 35% 36.467 13.275 262.78
9 9 7

Grécia 773 314 26% 0,47 2123 484 10% 0 58 111339

RAS 1.031 315 29% 0,70 1927 1055 8% 71 162 -

Zimbabwe - - 24% - 100 10 2% - - 66272

Zâmbia - - 16% - 23 - - - - 95

Moçambiq - - 42% - 9 - - - - -
ue

(I&D – Investigação e Desenvolvimento); {*} - valor calculado

Sendo a escolha acertada de indicadores e a obtenção de informação em quantidade e


qualidade suficientes das maiores dificuldades enfrentadas na avaliação de um sistema de
tecnologias, neste estudo faz-se uma abordagem tendente a descrever a situação real, ao
invés de aferir o nível tecnológico utilizando medidas parciais e inexactas. Em várias
porções do documento abordam-se questões como idade do equipamento, grau de
utilização da força humana, grau de complexidade dos processos, grau de automatização
do equipamento laboral, grau de divulgação e actualidade em países regionais ou noutros,
e ainda outros parâmetros que podem ser usados como medidas para ilustrar o nível real
de desenvolvimento sectorial. Assim, usam-se temos como “equipamento antigo” (que
significa que a idade física do equipamento é de muitos anos, mas não necessariamente
que o equipamento é obsoleto ou que funciona sem eficiência), “processos modernos” ou
“convencionais” (que indica que os procedimentos são largamente utilizados, mas não
são necessariamente recentes ou actuais em países com grande dinamismo económico),
“tecnologia simples” (que implica processos elementares como, por exemplo, uma
simples mistura de reagentes). Identicamente, o uso de algumas tecnologias em

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 30


Janeiro de 2003
determinados processos não é reflexo exacto do mais alto nível de desenvolvimento dos
mesmos processos em Moçambique. Ao invés de tecnologias modernas de alta
produtividade, às vezes é conveniente utilizar procedimentos rudimentares ou artesanais
que empregam muita mão-de-obra e resultam em produtos mais baratos, ou de melhor
qualidade, ou apenas produtos disponíveis nos locais em que são necessários.

2.5 Descrição dos Sectores Económicos Primário e Secundário em


Moçambique

O sector primário em Moçambique, é composto pelas secções A e B ou divisões 01 - 02


(agricultura, produção animal, caça, silvicultura) e 05 (pesca), respectivamente, segundo
a Classificação Das Actividades Económicas De Moçambique (CAE-Rev. 1) (Instituto
Nacional de Estatística, 1998 ) do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O sector secundário (Indústria Extractiva/Mineira, Indústria Transformadora, Energia


Eléctrica, Construção e Montagem), composto pelas secções C, D, E e F, correspondentes
às divisões 10…14, 15 … 37 , 40-41 e 45 (Instituto Nacional de Estatística, 1998 ).

O contributo do sector primário desde os anos 1996 tem sido de cerca de um terço do
Produto Interno Bruto, com tendência decrescente. O sector secundário tem contribuido
com cerca de um quinto do Produto Interno Bruto (PIB). Porém, a implementação do
projecto de fundição de alumínio (MOZAL) e início da laboração tem efeitos numéricos
significativos na distribuição dos contributos dos sectores primário e secundário, embora
não esteja quantificado porque a produção de alumínio não consta no relatório da
indústria transformadora, nos dados oficiais do ano 2000 sobre a produção por ramo de
actividade (Instituto Nacional de Estatística, 2001). A inclusão da produção de alumínio
alterou o volume de exportações em cerca de 16%, no ano 2000 (Instituto Nacional de
Estatística, 2001). Segundo a mesma fonte, Os principais produtos são milho, feijão,
castanha de cajú, tabaco, amendoim, mandioca, hortícolas, algodão caroço e copra. Os
produtos pesqueiros de maior importância económica são: camarão, gamba e peixe. Do
sector secundário destaca-se a indústria alimentar, de bebidas e tabacos, com cerca de
70% de contribuição para as receitas da indústria transformadora no ano 2000, excluindo
o alumínio.

2.6 Identificação e Classificação dos Sectores Operacionais em


Moçambique, segundo o INE
A Classificação das Actividades Económicas de Moçambique, CAE-Rev1., publicada
pelo Instituto Nacional de Estatística em 1998, contém um sistema de codificação que
pode dividir-se em duas partes: uma alfabética com um nível, que é a Secção, e outra
numérica, que tem quatro níveis, nomeadamente a Divisão, o Grupo, a Classe e a
Subclasse.

A Divisão pode ser variar de 01 até 99, sendo expressa por 1 ou 2 dígitos.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 31


Janeiro de 2003
A designação do Grupo provém da divisão e tem 3 dígitos. Os primeiros dígitos do Grupo
são os dígitos da classe. Quando a Divisão não está subdividida em grupos o último
dígito do Grupo é 0 e a seu âmbito é igual ao da Divisão.

A Classe é designada partindo do Grupo e tem 4 dígitos. A subclasse é designada


partindo da Classe e tem 5 dígitos.

Por exemplo, a Agricultura constitui a Secção A, as Pescas constituem a Secção B, a


Indústria Extractiva constitui a Secção C e a Indústria Transformadora constitui a Secção
D.

A Agricultura contém as Divisões 01 e 02. Estas são:

01 - agricultura, produção animal, caça e actividades dos serviços relacionados;

02 - silvicultura, exploração florestal e actividades dos serviços relacionados.

As Pescas contêm a divisão 05 que é:

05 - pesca, aquacultura e actividades dos serviços relacionados.

A Indústria Extractiva contém as divisões 11, 12, 13 e 14:

11 - extracção do petróleo bruto, gás natural e actividades dos serviços


relacionados, excepto a prospecção;

12 - extracção de minérios de urânio e tório;

13 - extracção e preparação de minérios metálicos;

14 - outras indústrias extractivas.

A Indústria Transformadora contém as divisões de 15 a 37:

15 - indústrias alimentares e das bebidas;

16 - indústria do tabaco;

17 - indústria de têxteis;

18 - indústria do vestuário: preparação, tingimento e fabricação de artigos de


peles com pelo;

19 - curtimenta e acabamento de peles sem pelo; fabricação de artigos de viagem,


marroquinaria, artigos de correio, seleiro e calçado;

20 - indústrias da madeira e cortiça e suas obras, excepto mobiliário; fabricação


de obras de cestaria e espartaria;

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 32


Janeiro de 2003
21 - fabricação de pasta, de papel e cartão e seus artigos;

22 - edição, impressão e reprodução de suportes de informação gravados;

23 - fabricação de coque, produtos petrolíferos refinados e tratamento de


combustível nuclear;

24 - fabricação de produtos químicos;

25 - fabricação de artigos de borracha e de materiais plásticos;

26 - fabricação de outros produtos minerais não metálicos

27 - indústrias metalúrgicas de base

28 - fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamento;

29 - fabricação de máquinas e equipamentos não especificados;

30 - fabricação de máquinas de escritório e de equipamento para tratamento da


informação;

31 - fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos não especificados;

32 - fabricação de equipamento e aparelhos de rádio, televisão e de comunicação;

33 - fabricação de aparelhos e instrumentos de médico-cirúrgicos, ortopédicos, de


precisão, de óptica e de relojoaria;

34 - fabricação de veículos automóveis, reboques e semi-reboques;

35 - fabricação de outro material de transporte;

36 - indústria de mobiliário; outras indústrias transformadoras não especificadas;

37 - reciclagem.

Dada a sua extensão, a exposição das subdivisão por grupos não é apresentada. Apenas se
inserem exemplos ilustrativos para auxílio à interpretação da informação subsequente.

Para ilustrar a estrutura da classificação toma-se como exemplo a Secção A que é


Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura. Esta tem as Divisões 01 e 02. Dentro
destas podem ser distinguidos os Grupos 011 (agricultura), 012 (produção animal), 013
(produção agrícola e animal associados) e 014 (actividades dos serviços relacionados
com a agricultura e com a produção animal, excepto serviços de veterinária). A divisão
02 tem, apenas, o Grupo 020 (silvicultura, exploração florestal e actividades dos serviços
relacionados). Este grupo tem âmbito da Divisão e por isso termina por um 0. Dentro, do
Grupo 012 (produção animal), por exemplo, existem as Classes 0121 (bovinicultura),
0122 (criação de gado ovino, caprino, cavalar, asinino e muar), 0123 (suinicultura), 0124

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 33


Janeiro de 2003
(avicultura), 0125 (outra produção animal). Esta última Classe subdivide-se nas
Subclasses 01251 (apicultura) e 1252 (outra produção animal não especificada).

Existem outros métodos de classificação também usados neste documento, que não
coincidem inteiramente com as designações do CAE-Rev.1, embora sejam compatíveis.
Por exemplo, para as actividades industriais às vezes se faz referência a designações do
ISIC, por compatibilidade com os documentos originais.

2.7 Caracterização e Problemas

a) Infra-estrutura e fornecimentos

O sector produtivo enfrenta muitos problemas de infra-estruturas, que encarecem ou


inviabilizam a produção. Os custos de transporte, a deficiente estrutura de abastecimento
de artigos, os longos tempos de envio de artigos e a estrutura desajustada de preços têm
efeito negativo na produção. Os materiais importados são escassos e os locais são caros
(BIGGS et al., 1999). Os equipamentos são velhos e deficientes (Uamusse et al., 1993).

b) Procura e competição

O mercado Moçambicano é pequeno demais para que a produção de certas indústrias seja
eficiente. A procura é baixa e isso força algumas entidades a produzir muito abaixo das
capacidades instaladas. A competição com produtos de outros países nos mercados
nacional e internacional é cerrada, tanto por problemas qualitativos como por causa dos
preços. As políticas de protecção dos produtores nacionais e os subsídios governamentais
a sectores são limitados, quando existem (BIGGS et al., 1999), (Uamusse et al., 1993).

c) Mão-de-obra e Ensino Técnico-profissional

A qualidade dos técnicos de muitas empresas é deficiente (BIGGS et al., 1999),


(Uamusse et al., 1993). Não há técnicos especializados em muitas áreas e a formação
profissional que as empresas desenvolvem é limitada. Para os níveis Elementar, Básico e
Médio reporta-se a existência de 6, 23 e 7 escolas técnicas, respectivamente, no ano 2000.
Os respectivos totais de estudantes matriculados são 771, 15.732 e 3.633 (Instituto
Nacional de Estatística, 2001). Mesmo considerando que o ensino superior também
forma técnicos, é notório que este número pouco significa para uma população de mais
de 17.242 mil habitantes.

d) Apoio financeiro e empresarial

O acesso ao crédito é difícil e as taxas de juro são extremamente elevadas. O apoio na


promoção de empresas e seus produtos não é suficiente. A promoção de exportações,
embora existente, não é suficiente para garantir facilidades na penetração de empresas
nacionais em mercados estrangeiros, em associação com a fraca capacidade que os
produtos Moçambicanos têm para competir. Não existem tradições profundas de crédito
ao consumidor. Também não existem subsídios a sectores produtivos específicos, tal
como acontece nalguns países desenvolvidos.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 34


Janeiro de 2003
e) Políticas e regulamentação

As acções de regulamentação e implementação de regulamentos existentes por parte do


governo, visando a estabilização económica e social, ainda não são suficientes para
garantir um funcionamento estável do sector produtivo. Por exemplo, existem muitos
problemas de desequilíbrio nas estruturas de preços, desajustes nas taxas e impostos para
matéria-prima e produtos acabados, problemas de segurança contra tráfico ilegal trans-
fronteiriço, problemas de regulamentação laboral, regulamentação para novas licenças de
actividades económicas e privatizações, falta de segurança física de pessoas e bens,
crime, corrupção e negócios informais (BIGGS et al., 1999).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 35


Janeiro de 2003
3. SECTOR DA AGRICULTURA: PRODUÇÃO AGRÍCOLA,
PECUÁRIA E SILVICULTURA

3.1 Descrição do Sector

A classificação das actividades económicas de Moçambique considera que a agricultura,


produção animal, caça e silvicultura são da Secção A, com 2 divisões, designadamente
(01) Agricultura, Produção animal, caça e actividades dos serviços relacionados e (02)
Silvicultura, exploração florestal e actividades dos serviços relacionados (INE, 1998).

A agricultura é considerada a base de desenvolvimento económico e social do país,


tendo comparticipado com cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) e com cerca de
60% da receita das exportações. Moçambique tem uma área de 36 milhões de ha de terras
aráveis sendo apenas 5 milhões actualmente cultivadas dos quais 50.000 ha são áreas
irrigadas. De 46,4 milhões de ha de formações florestais, 20 milhões de ha são florestas
produtivas e 8,8 milhões ha são parques nacionais e áreas de reservas de fauna bravia
(Política Agrária e Estratégias de Implementação, 1995).

Em Moçambique a produção agrícola é fundamentalmente representada pelo sector


familiar devido ao número de produtores (3 milhões famílias) e volumes totais de áreas
de produção (3,5 milhões de hectares, sendo cerca de 90% da área actualmente cultivada)
e por empresas de pequena e média escala, sendo algumas destas produtoras de culturas
específicas como a cana do açúcar, chá e algodão. Cerca de 90% das mulheres dedica-se
à agricultura, representando mais de 60% da força de trabalho deste sector. Contudo
constata-se que cerca de 41% de agregados familiares chefiados por mulheres possuem
machambas com áreas inferiores a 1ha, enquanto que apenas 26% de agregados
familiares chefiados por homens possuem áreas inferiores a 1 ha (PROAGRI, 1998;
Política Agrária e Estratégias de Implementação, 1995; Estratégia de Segurança
Alimentar e Nutricional, 1998).

O índice de incidência de pobreza absoluta em Moçambique é de 69,4% o que significa


que mais de 2/3 da população Moçambicana está abaixo da linha de pobreza. A pobreza
apresenta-se com níveis mais elevados nas zonas rurais (71,2%), onde vive cerca de 80%
da população, que nas zonas urbanas (62,0%). A zona centro tem o índice mais elevado
de pobreza (PARPA, 1999).

A produção agrícola, pecuária e silvícula é executada por grandes, médios e pequenos


agricultores. De acordo com o nível de tecnologia, gestão da exploração, mão-de-obra
utilizada, áreas exploradas e destino da produção, os agricultores são classificados em
empresas, cooperativas e camponeses, que constituem os sectores comercial e familiar.

A produtividade na produção agrícola e pecuária é baixa e limitada pela disponibilidade e


aplicabilidade de tecnologias que possam ajudar os camponeses e criadores a aumentar os
rendimentos. A grande maioria dos camponeses usa a sua própria semente, não utiliza
insumos agrícolas e processa e armazena os seus produtos baseado em tecnologias locais.
É considerado que o baixo nível de produtividade da agricultura familiar e

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 36


Janeiro de 2003
consequentemente dos rendimentos necessários para o acesso aos alimentos é
influenciada pelo baixo nível de escolarização da população rural, em que cerca de 56%
dos homens e 80% das mulheres ainda não sabem ler nem escrever (MPF/UEM, 1998).

Outro grande problema do sector familiar são as elevadas perdas pós-colheita. As perdas
ocorrem no campo, nas operações pós-colheita (secagem, moenda, prensagem, transporte,
outros) e nas estruturas de armazenamento (celeiros e armazéns) sendo as principais
causas de perdas e danos os roedores (em proporções que dependem da localização e das
condições do local e da estrutura utilizada) e técnicas utilizadas.

O desenvolvimento agrário tem sido fortemente prejudicado pelas calamidades naturais


(cheias, secas e ciclones) que têm assolado anualmente o país, em elevadas proporções, e
têm causado a destruição de áreas agrícolas, morte de animais e danos nas unidades
industriais das zonas afectadas, agravando a situação de insegurança alimentar, crónica e
transitória, que se verifica em certas zonas do país. Nas zonas de secas prolongadas, as
populações alimentam-se recorrendo a frutos, folhas e raízes de plantas silvestres
tolerantes à seca e a animais selvagens, para a sua sobrevivência.

No período 1975-90, após a independência Nacional e até os primeiros anos do Programa


de Reabilitação Económica, o sector agrícola foi marcado por uma concentração de
máquinas agrícolas, através de grandes projectos agrícolas e integrados com a cooperação
dos países do leste, nomeadamente ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), ex-República Democrática Alemã (RDA), Roménia e Bulgária. Através destes
grandes projectos foram importados desde máquinas de destronca com correntes,
tractores, semeadores, combinadas, escavadoras e meios de transporte ligeiro e pesado. A
manutenção destes equipamentos foi extremamente difícil porque os equipamentos eram
fabricados nestes países, mas sendo da linha de fabricantes da Europa Ocidental, partes
essenciais como componentes eléctricas tinham que ser do fabricante original, a quem
Moçambique não podia comprar por falta de fundos. Esta pode ser considerada a razão
principal porque essas máquinas foram-se avariando e tido um período curto de serviço.
Outros factores foram os custos insustentáveis das operações feitas que muitas vezes não
eram pagas. Na altura tinha sido constituída a Mecanagro, empresa estatal para gerir toda
a maquinaria agrícola do país, e centralizava o processo de importação e distribuição de
máquinas e peças sobressalentes. A Mecanagro reactivou e abriu parques de máquinas
em centros urbanos e unidades de produção agrícola de empresas estatais. Estes parques
de máquinas prestavam serviços ao sector estatal em primeiro lugar e aos sectores
cooperativo, privado e familiar, a este principalmente em áreas de produção de culturas
promovidas e assistidas pelo sector estatal tal como o algodão e arroz.

3.1.1 Produção agrícola

A produção agrícola abrange as culturas alimentares e de rendimento. As culturas


tradicionais de exportação são a cana do açúcar, cajú, algodão, coco, chá, tabaco, citrinos,
madeiras, tabaco e nos últimos anos tem havido exportação de feijão boer (pigean pea) e
paprika. Os volumes de produção agrícola têm aumentado de ano para ano. As produções
na campanha agrícola 1998/99 incluem a cana do açúcar ( 496 x103 ton.), milho ( 304
x103 ton.), algodão caroço (107 x103 ton.). Outras culturas produzidas no país incluem

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 37


Janeiro de 2003
mandioca (84 x103 ton.), hortícolas (72 x103 ton.), feijões (67 x103 ton.), copra ( 63 x103
ton.), castanha de cajú (59 x103 ton.), arroz (29 x103 ton.), amendoim (26 x103 ton.),
citrinos (10 x103 ton.), mapira (6 x103 ton.), chá folha ( 5 x103 ton.), tabaco (0,7 x103
ton.), mafurra (Trichilea emetica) (0,7 x103 ton.) e girassol (0,6 x103 ton.) (INE, 1999).

A cana-do-açúcar em Moçambique ocupa cerca de 52.800 ha localizadas no Sul (2


unidades) e centro (4 unidades), com áreas entre 5000 ha (Búzi) a 13.000 ha em
Marromeu. Em todas as plantações estão instalados sistemas de rega, principalmente por
aspersão, que cobrem cerca de 60 % da área total. Existem seis unidades açucareiras com
respectivas plantações. As fábricas têm capacidade total de moenda/ dia de 23.760 ton. de
cana , representando a capacidade máxima anual de 428.000 ton. de açúcar. O
processamento da cana em Moçambique iniciou em 1908 (Búzi) até 1972. A guerra civil
que terminou em 1992 provocou a paralisação da produção agrícola e industrial de 4
unidades açucareiras e redução das produções das outras 2 unidades. Por isso a produção
de açúcar que tinha atingido 325.051 ton. em 1972 baixou para 16.289 ton. em 1986.
Devido a apoio de financiamentos externo, a produção cresceu para 31.700 ton. em 1990
mas voltou a baixar para 13.224 ton. devido à seca e à paralisação de uma fábrica. Outra
consequência da paralisação e redução das actividades do sector foi a redução de 45.000
trabalhadores no início dos anos 70 para 17.377 em 1999 dos quais 5859 permanentes e
11.518 sazonais (INA, 2000; INA, 2001; INA, 2002).

O cajueiro é considerado uma cultura de rendimento e Moçambique foi dos maiores


produtores mundiais de castanha de cajú, tendo atingido o 1º lugar em 1972, quando a
comercialização atingiu as 220.000 toneladas. O cajueiro encontra-se distribuído em
Moçambique ao longo da faixa costeira, concentrando-se nas províncias de Nampula,
Inhambane e Zambézia, sendo principalmente produzido dentro do sistema de produção
agroflorestal dos camponeses, no qual se encontra misturado com outras árvores e com as
culturas anuais cultivadas para a subsistência dos agricultores. Estimativas indicam haver
cerca de 27,5 milhões de cajueiros, a maioria dos quais dispersos, havendo poucas
plantações organizadas. Entre 1984 e 1992, a produção média anual de castanha foi de
54.000 ton. Apesar da redução drástica da produção, que em 1984 baixou para as 35.000
ton., ela voltou a aumentar e em 1991 atingiu 54.000 ton. Em 1994 a castanha de cajú
voltou a baixar para cerca de 22.000 ton. Mesmo assim, a castanha de caju continua a ser
um dos principais produtos agrícolas de exportação. Desde a década de 80 que se tem
vindo a registar um decréscimo na produção dos cajueiros devido ao envelhecimento dos
cajueiros, ocorrência de doenças (Oidium anacardii Noach) e pragas (Helopeltis spp.)
que atacam os novos rebentos folheares e florais impedindo o vingamento da
inflorescência, tornando os cajueiros atacados improdutivos. Desde meados dos anos 90
que estão sendo desenvolvidas algumas actividades com vista a aumentar a produção de
cajú através de programas fitossanitários de tratamento dos cajueiros, da renovação dos
cajueiros e produção de plantas enxertadas resistentes ao oídio (INCAJU, 2002 ;
INCAJU, 2002b).

O algodão é a única cultura para fibra produzida em Moçambique e a semente é utilizada


para óleos e sabões. Esta cultura é produzida por cerca de 250.000 agregados familiares e
por 10 grandes empresas privadas, estas sob regime de concessões. A produção de
algodão caroço chegou a ser de 144.000 ton. em 1973 e baixou para 5.000 ton. em 1985

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 38


Janeiro de 2003
devido à guerra, tendo subido até cerca 116.000 ton. em 1998/99 e nestes dois últimos
anos a produção foi de cerca de 70.000 ton. (DINA- MAP, 1998).

A comercialização de produtos agrícolas é garantida por comerciantes locais e empresas.


O mau estado das estradas dificulta a circulação de viaturas para a comercialização,
preferindo os intervenientes procurarem zonas de melhor acesso. A compra e venda de
produtos em mercados agrícolas rurais estão mais organizados para a cultura do algodão.
O milho tem sido nos últimos anos um produto de exportação por causa da procura deste
nos países vizinhos. As províncias com maiores volumes de produtos na comercialização
são Nampula seguida de Zambézia, Manica e Cabo Delgado. São estas as províncias que
também contribuem com maiores produções agrícolas. Alguns produtos são apenas
comercializados nalgumas províncias como é o caso da mafurra que é apenas
comercializada em Inhambane, Gaza e um pouco em Maputo, a copra na Zambézia e
Inhambane e o girassol em Cabo Delgado e Niassa. Nas províncias de Cabo Delgado,
Nampula, Zambézia há comercialização de quase todos os produtos. Outras províncias
podem produzir outras culturas mas não entram nos circuitos da comercialização formal,
os produtos são também vendidos por comerciantes informais que não entram nos
registos de dados estatísticos. Verifica-se que as zonas de maior consumo não são as que
mais produzem. É o caso específico do milho que é maioritariamente produzido no norte
do país mas mais procurado para consumo no sul. O seu escoamento para o sul é
extremamente caro devido aos elevados custos de transporte terrestre, escassez de
transporte marítimo e ausência de transporte ferroviário de norte a sul (as linhas férreas
ligam apenas zonas do interior para os principais portos).

As exportações que se têm verificado nos últimos anos são da castanha de cajú
principalmente para a Índia, do milho para o Malawi e Zâmbia, do arroz para a África do
Sul, do feijão boer para o Malawi, Zimbabwe e Índia e citrinos para a Swazilândia.

3.1.2 Pecuária

A produção animal em Moçambique caracteriza-se pelo aumento do efectivo em quase


todas as espécies com excepção dos suínos devido à Peste Suína Africana, conforme
Relatório Anual da DINAP 2000. Contribuiu para este aumento o fomento pecuário,
principalmente a nível do sector familiar, apesar das cheias ter provocado a morte de
muitos animais. O arrolamento de 2000 apurou um total de 519.778 cabeças de gado
bovino contra 292.826 em 1995, 1.655 vacas leiteiras contra 1753 em 1995, 758.011
caprinos contra 392.781 em 1995, 188.462 suínos contra 203.750 em 1995 (DINAP,
2001).

A produção de carnes em 2000 totalizou 1.554 ton. de carne de vaca; 250, 4 ton. de carne
de porco; 302,2 ton. de carne de pequenos ruminantes; 4.506,1 ton. de frango. Estas
produções representam um aumento de cerca de 15% nas carnes de vaca e pequenos
ruminantes e na redução de cerca da 13-24% nas carnes de frango e porco,
respectivamente, em comparação com as produções de 1999. A produção de leite e ovos
continuou bastante baixa em 2000, sendo um total de 1.303.000 litros e 299.127 dúzias,
respectivamente, representando cerca de 30% e 45% das produções de 1995 (DINAP,
2001).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 39


Janeiro de 2003
No que diz respeito à sanidade animal, há ocorrência de surtos de febre aftosa nos países
vizinhos mas esta doença não propagou-se no país devido às campanhas de vacinação ao
longo das fronteiras e ao uso do Sistema de Informação Geográfica (GIS) que ajuda a
analisar a situação de áreas seleccionadas para a sua aplicação.

Em 2000 foram importadas carne de vaca, porco, carneiro, frango e perú, peixe, leites e
derivados, ovos e rações e componentes para o seu fabrico.

Está em curso a revisão da Política e Estratégia Pecuária, através de um processo


participativo envolvendo profissionais da área a todos os níveis, através de grupos de
trabalho e encontros provinciais, interprovinciais e nacionais. Neste âmbito estão sendo
analisados e debatidos diferentes temas de pecuária incluindo a pecuária do sector
camponês/familiar, tracção animal, alimentação animal, saúde pública veterinária,
sistema de informação pecuária/veterinária, controlo veterinário da fauna bravia
vigilância epidemiológica, controlo de doenças, diagnóstico, profilaxia e tratamento de
doenças de animais, uso da terra pela pecuária, comercialização pecuária, formação e
treino de técnicos de pecuária e criadores, importação de animais, investigação
veterinária, água e aproveitamento de recursos hídricos para pecuária, roubo de gado,
privatização dos serviços de assistência técnica veterinária, pecuária e questões de
género.

3.1.3 Silvicultura e exploração florestal

A silvicultura, compreende as actividades de : recolha, preparação e conservação de


sementes florestais; exploração de viveiros florestais; operações de sementeira e
plantação; operação de produção de árvores, povoamentos florestais (ex: desbastes e
desrames) e de ordenamento florestal

A exploração florestal, compreende as actividades de : abate de árvores e operações


complementares (ex: corte de ramos em troncos abatidos, toragem, descasque, extracção
– rechega e transporte no interior da mata – e carregamento); extracção de resina e gomas
e respectivas operações complementares; apanha de outras partes de árvores florestais
(ex: ramos, cascas, folhas, frutos e raízes) e respectivas operações complementares;
produção de lenha; e produção de carvão vegetal. Inclui fases de transformação
efectuadas pelo responsável pela exploração florestal e cultura de materiais de
entrançar(INE, 1998)..

A exploração florestal no país é realizada por “madeireiros”, que operam em regime de


licença simples. A Tabela 3.1 apresenta cerca de 226 operadores inventariados e de
acordo com o inquérito realizado pelo Eureka (2001), 58 % é formado por operadores
sem indústria de transformação.

A produção de lenha e carvão no país é feita com base em licença, emitida pelos Serviços
Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB) com duração de três meses renováveis
por um período de um ano (Dombo et al. 1994) . A lenha é cortada por singulares, e em
alguns casos por associações de cortadores; eles, portanto, trazem-na aos pontos de
armazenagem no campo onde os negociantes de lenha, maioritariamente, donos de

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 40


Janeiro de 2003
camiões ou barcos, apanham a lenha e carvão e transportam-nos para os mercados das
cidades. A lenha é comprada na forma de grandes molhos, e o carvão é fornecido em
sacos de milho de 50 kg (capacidade 25 - 30 kg de carvão). O carvão é produzido por
singulares e, em larga escala, por unidades comerciais (Alface, 1994).

Tabela 3.1. Operadores na exploração Florestal por Província


Província Empresas c/ Madeireiros Total
Exploração Simples
Maputo 0 19 19
Gaza 4 5 9
Inhambane 0 0 0
Sofala 14 58 72
Manica 11 10 21
Tete 5 0 5
Zambézia 14 5 19
Nampula 17 12 29
Niassa 6 0 6
Cabo Delgado 11 22 33
Total 82 131 213

Fonte: Eureka 2001

3.2 Documentos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo

O levantamento feito em instituições permitiu que, quer os membros desta equipa de


estudo quer os técnicos e dirigentes contactados, dessem conta que pouco se escreve e se
divulga sobre tecnologias usadas no país. Muitos trabalhos têm sido feitos na aplicação e
desenvolvimento de tecnologias mas os registos são limitados e não estão facilmente
disponíveis.

Os documentos consultados apresentam-se no anexo 4.

As propostas de projectos submetidos às instituições por investidores nacionais e


internacionais são documentos de uso restrito, carecendo de autorização do seu
proprietário a sua consulta e divulgação do seu conteúdo. Esses documentos têm
informação sobre processos e tecnologias relacionados com os investimentos que os

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 41


Janeiro de 2003
interessados pretendem fazer. Alguns destes investimentos não são realizados e alguns
fazem alterações durante a sua implementação, particularmente no tipo e capacidade das
máquinas e nas tecnologias aplicadas.

Nos documentos base e relatórios de estudos e projectos elaborados a nível das


instituições os conteúdos descrevem mais a situação do sector específico do que as
tecnologias que se pretendem ou são usadas. O mesmo se verifica em artigos e textos, e
nalguns casos o título realça a tecnologia mas o conteúdo não é correspondente.

Nos documentos em geral há referências de tecnologias de outros países mas pouco se


descreve sobre o que é usado em Moçambique.

As informações encontradas não evidenciam e dão dados sobre vantagens das novas
tecnologias aplicadas numa zona ou sector em relação às anteriormente usadas ou
testadas nem há descrição sobre tipos e condições de operações, máquinas e
instrumentos, matérias primas e ingredientes.

Documentos oficiais como leis, regulamentos técnicos, normas e outros incluem


definições técnicas de produtos e técnicas que devem ser conhecidas e observadas na sua
utilização. São exemplos da Lista Nacional de Variedades, algumas das quais produzidas
por instituições Moçambicanas, nomeadamente INIA e FAEF, nomeadamente milho,
feijão nhemba e amendoim; Procedimentos para avaliação e registo de variedades na lista
oficial e; regulamentos sobre a produção, comércio, controlo de qualidade e certificação
de sementes, as especificações do produto que determinam o nível de qualidade e o preço
dos produtos.

Os relatórios anuais das direcções nacionais e de outros órgãos (institutos) do MADER


indicam as actividades desenvolvidas, incluindo as componentes de introdução e
disseminação de tecnologias, e sintetizam as estatísticas sectoriais.

Os Relatórios anuais das instituições de investigação (INIA, INIVE, IPA) contêm


informação detalhada sobre os programas que desenvolvem. É de realçar que embora
sejam considerados trabalhos de investigação, algumas variedades ou raças ensaiadas
com produtores e criadores rurais passam a ser praticadas por estes, mesmo que a
instituição não tenha libertado o material ou técnica ensaiada. São os casos das vacinas
produzidas pelo INIVE que têm contribuído para a redução da doença, com destaque
para a vacina contra a Newcastle; a produção de mudas de cajueiros pelo INIA; e a
produção de feno pelo IPA. Por outro lado, alguns trabalhos desenvolvidos são de
manutenção dos materiais como as colecções de clones, cajuais, pomares de fruteiras
várias e outros.

Nos proceedings das reuniões anuais sectoriais são compilados relatórios do sector,
relatórios de actividades de produção, indústria, extensão, investigação e formação
desenvolvidas por diferentes intervenientes como os institutos, estações de investigação e
ONGs.

As estratégias definidas para a agricultura para a produção agrícola e para


desenvolvimento de culturas específicas como o algodão, cajú, tabaco e citrinos, incluem

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 42


Janeiro de 2003
a respectiva caracterização, as limitantes e oportunidades, as políticas e as estratégias de
implementação. os intervenientes e as implicações.

Os manuais técnicos elaborados pelas instituições Moçambicanas tais como pelo DNER e
INIA do MADER, têm em consideração o que existe e é praticado em Moçambique além
de indicar as melhores práticas para produção, processamento e comercialização de
produtos agrícolas, pecuários e florestais.

As teses ou trabalhos de licenciatura fazem referências na revisão bibliográfica a algumas


tecnologias em estudo ou já em aplicação, no entanto o trabalho propriamente dito feito
pelo estudante pode ser considerado de investigação. Estes trabalhos podem contribuir
para estudos adicionais sobre os temas estudados que podem conduzir à aplicação de
tecnologias pelos interessados.

Em termos de reforma organizacional do MADER, foi aberto o posto de oficial de


tecnologias a nível nacional e provincial. A nível da DNER há encontros anuais para
revisão periódica de tecnologias (REPETE), durante as quais são avaliadas as tecnologias
divulgadas pelo DNER / serviços provinciais de extensão, com a colaboração das
estações provinciais de investigação, através de campos de demonstração (CDRs) abertos
em áreas de produção.

3.3 Descrição das Tecnologias

A produção agrícola, pecuária e silvícula baseia-se no uso de diferentes tecnologias


dependendo do nível de desenvolvimento e das condições dos produtores e criadores.

3.3.1 Produção agrícola e pecuária

Pode-se considerar que em Moçambique a maioria dos camponeses usam a tecnologia


manual. A aplicação da tracção animal e da mecanização ou tecnologias mistas também
podem ser encontradas em todo o país, dependendo do nível do produtor ( micro,
pequena, média e grande empresa).

De acordo com Primeira Avaliação Nacional da Pobreza e Bem-estar em Moçambique


1996-97, foi considerado que os moçambicanos utilizam relativamente pouca tecnologia,
incluindo equipamento agrícola, sementes de boa qualidade ou fertilizantes. Muito
poucos agricultores das zonas rural e urbana (5%) utilizam equipamento mecânico, dos
agricultores rurais apenas 4% utilizam equipamento agrícola, 22% usam sementes
melhoradas e 1% aplica fertilizantes. Significativamente uma maior percentagem de
agricultores do sul e das cidades usa equipamento mecanizado, compra sementes e
fertilizantes, o que provavelmente resulta do acesso mais fácil a meios fornecidos por
melhores estradas e por uma melhor infraestrutura de comunicações. O baixo uso da
tecnologia influencia a baixa taxa de produtividade em Moçambique comparativamente à
do Zimbabwe e de outros países da África Sub-Sahariana (MPF/UEM/IFPRI, 1998).

Programas nacionais e específicos e iniciativas várias têm procurado melhorar as


produções e rendimentos com alterações de métodos e tecnologias tradicionais e através

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 43


Janeiro de 2003
da introdução de novas tecnologias. Vários intervenientes têm testado e divulgado
variedades e raças que dão mais rendimentos, produtos de melhor qualidade e que
melhoram a dieta alimentar. Algumas actividades realizadas por instituições do estado, de
ensino e de investigação, por empresas, ONGs e pelas comunidades rurais demonstram
que a introdução e tecnologias adequadas aumentam os rendimentos e o aproveitamento
de produtos e melhoram as condições de vida das comunidades.

Infelizmente muitas destas actividades iniciam-se e desenvolvem-se enquanto há recursos


e assistência técnica disponíveis mas quando estes escasseiam ou deixam de existir, elas
são interrompidas ou mesmo páram. Por isso várias iniciativas, muitas delas avaliadas
como positivas, não tiveram continuidade. Máquinas e alfaias agrícolas foram
distribuídas em comunidades rurais como moinhos para cereais, prensas de óleo, bombas
de água, fogões, fornos, instrumento de fiação e alfaias agrícolas. Outros casos foram
apenas testes e demonstrações de tecnologias que não foram posteriormente disseminadas
como as máquinas de extracção de sumo de cajú e o método de aproveitamento do falso
fruto do cajú, a máquina para extracção de sumo de cana do açúcar, os métodos de
preparação de mandioca, variedades de culturas, químicos e produtos para controlo
biológico, cultura de tecidos, técnicas de produção e conservação de sementes.

Em 1975 foi criado na Universidade Eduardo Mondlane ( na altura Universidade de


Lourenço Marques) o Centro de estudos de Tecnologias Básicas do Aproveitamento
Racional da Natureza (TBARN), localizado no campus universitário principal da UEM.
Esta iniciativa, de um grupo de universitários, tinha por objectivo fazer a recolha,
desenvolvimento e disseminação de tecnologias básicas e tradicionais melhoradas das
áreas de agricultura, águas, energia, transportes, etc . No recinto tinham sido construídas
exemplos de infraestruturas como forno, celeiro e outros para servir de demonstração e
divulgação destas técnicas. As actividades do centro pararam não só porque o seu mentor/
responsável e sua equipa desligaram-se da actividade mas porque muitos não entenderam
nem deram importância e prioridade a essa iniciativa. Este centro, conforme Forjaz, 2000
“o TBARN era mais que um centro de investigação tecnológica, era sobretudo um centro
de comunicação de ideias e de promoção de ideias ... no TBARN não se fazia a apologia
das tecnologias “pobres”, ou “doces” ou “intermédias”. Fazia-se a promoção das
tecnologias “racionais”, tendo-se definido como racional o que não destruísse a natureza,
fosse realizável com as capacidades locais e tivesse objectivos claramente percebidos de
melhoramento da qualidade de vida das pessoas... O fracasso do TBARN foi de ter
começado por cima. E foi no topo, nos donos da ciência e da técnica que encontrou a
incompreensão...” Houveram outras razões políticas e económicas que afectaram o
TBARN.

No sector familiar as tecnologias de produção e processamento usadas pelos camponeses


e criadores de animais dependem no geral da força humana, usando instrumentos
manuais ou as próprias mãos. Em certas zonas tem sido aplicada a força animal para
determinadas operações culturais e de transporte. Poucos usam máquinas para a sua
produção.

A mecanização das operações na agricultura em Moçambique tem sido considerado como


uma das áreas a desenvolver mas na prática a um ritmo bastante lento e descontínuo.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 44


Janeiro de 2003
Actualmente as operações mecanizadas são poucas e aplicadas por poucos intervenientes,
se se comparar com o nível de mecanização usada nos anos 80.

Alguns projectos têm introduzido máquinas de processamento a nível das comunidades


onde têm desenvolvido as suas actividades, e têm procurado incluir a formação e
acompanhamento dos seus utilizadores. Um dos exemplos é a distribuição de prensas de
óleo pela ONG Care Moçambique através do projecto VIDA, para relançar a produção e
capacitar os produtores para o processamento local de oleaginosas e promoção de outras
culturas para consumo e exportação na província de Nampula e Zambézia. O Projecto
iniciou em 1996 com o relançamento da cultura do girassol tendo sido estendido para as
culturas de gergelim, feijão boer, cajú e paprika. A produção de sementes tem permitido
que esta esteja disponível atempadamente na zona. As actividades da CARE têm sido
combinadas com o envolvimento de produtores e organizações locais. Verificou-se um
aumento da produção de girassol e nas zonas abrangidas pelo projecto passou a haver
disponibilidade de óleo de girassol. A maioria do gergelim produzido foi exportado, e o
que ficou para o consumo local é processado para produção de óleo e guardado para
semente. O projecto tem a participação de uma empresa nacional de sementes e de um
dos fabricantes nacionais de prensas de óleo, com vista à produção nacional desses
produtos para substituição das importações.

A partir de 1997 foram introduzidas e disseminadas variedades de batata doce ((Ipomoea


batatas) de polpa alaranjada, de 38 ensaiadas, bem como testadas e promovidas
máquinas manuais para cortar batata doce e mandioca e para ralar a mandioca. O projecto
tem envolvido estruturas de investigação agronómica, da saúde, organizações
internacionais e ONGs, para testar, multiplicar e distribuir as variedades em vários pontos
do país visando promover a utilização da batata doce alaranjada na dieta. O Instituto
Nacional de Investigação Agronómica (INIA) em colaboração com o Departamento de
Nutrição do Ministério da Saúde, tem recebido assistência técnica e financeira da
Southern African Root Crops Network (SARRNET- USAID) e de várias ONGs.

3.3.2 Silvicultura

3.3.2.1 Reflorestamento

A tecnologia de reflorestamento no país processa-se a partir da produção, por sementes,


de mudas em raízes embaladas. Salvo raras excepções, o preparo do terreno é manual,
com pouca ou nenhuma destronca (DNFFB, 1987).

3.3.3 Exploração florestal

A Tabela 3.2, apresenta o equipamento utilizado na exploração florestal em cada


província.

O estudo feito por Fath (2002), apresenta as diferentes tecnologias de abate, toragem,
extracção, primeiro carregamento, primeiro transporte, segundo carregamento e segundo
transporte em cinco empresas florestais.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 45


Janeiro de 2003
Tabela 3.2. Equipamento de exploração florestal por província.

Província Serrões Motosserras Tractores Camiões Outros

Maputo 7 0 4 2 7
Gaza 6 0 4 0 6
Inhambane 43 10 9 20 80
Sofala 16 48 22 88 84
Manica 2 78 49 42 80
Tete 1 2 1 1 3
Zambeze 20 141 108 69 200
Nampula 227 20 54 29 408
Niassa 13 5 5 7 18
C.Delgado 34 63 40 39 155

Total 369 367 296 297 1041

Fonte: Eureka 2001.

Tabela 3.3 - Actividades e tecnologias de 5 empresas florestais de Moçambique


EMPRESA
Actividade ECOSEMA ÁLVARO MITI SOMANOL ARCA/SRZ
(Sofala) DECASTRO (Cabo (Nampula) (Zambézia)
(Gaza) Delgado)
Abate Motosserra Serra manual Motoserra Serra manual Motosserra
e Toragem
Extracção Tractor Tractor Tractor Tractor Tractor
1oCarregamento Tractor+cabo Manual Tractor+cabo Tractor+cabo Tractor
Transporte Tractor + Tractor + Camião (8t) Tractor+ Tractor +
Primário 2reboques (6t) Reboque (5t) 14.5rkm reboque(3t) reboque (3t)
23.4 km 23.5 Km 49 km 2.5km

2oCarregamento Tractor+cabo Tractor+cabo Carregador


frontal
Transporte Camião (25t) Camião (25t) Camião(25t)
secundário 130 km 279km 252km

Fonte: Fath, 2002

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 46


Janeiro de 2003
Tecnologia do abate, desrame e toragem

Estas operações são feitas com serras manuais ou com motosserra; o arraste faz-se com
um tractor agrícola, munido de um guincho ou com um dispositivo para acoplar e arrastar
os troncos com o uso da corda.

Tecnologias de carregamento de toros

Zacarias (1992), identificou 3 tecnologias de carregamento de madeira, do local onde


estiver empilhada, para o meio de transporte secundário, nas florestas plantadas de
Penhalonga-Manica. carregamento manual, carregamento mecanizado utilizando uma
carregadora frontal e carregamento mecanizado utilizando uma grua. Para além destas
tecnologias, Fath (2002), identificou também o carregamento constituído por uma
combinação entre o tractor e um cabo, como é reportado na Tabela 3.3.

Transporte de toros

O transporte primário na floresta, dos locais de concentração de toros após o arraste até
ao pátio principal, é feito usando tractores com reboque ou por camiões de pouca
tonelagem, geralmente de 5 a 10 toneladas, enquanto que, o transporte de longo curso,

da floresta para a serração, porto ou destino final da madeira é feita com camiões de
média ou grande tonelagem, com capacidade de carga superior a 10 toneladas.

3.3.3.1 Lenha e carvão

A produção de lenha, consiste no abate e traçagem, através de um machado ou mesmo de


serrões ou de moto-serras (Dombo et al. 1994; DNE-UEM, 1997). O tipo de corte varia
conforme a dimensão, finalidade e ainda a região ecológica em que se localiza o
empreendimento. Assim, enquanto nas regiões com aptidão agrícola a população executa
um corte raso, para permitir a penetração da luz, deixando, quando muito, apenas
algumas árvores fruteiras, nas regiões onde a única fonte de subsistência é o carvão e
lenha o corte tem sido selectivo, com base no tamanho e espécie (Dombo et al., 1994).

A produção de carvão vegetal é feita geralmente por fornos tradicionais, também


conhecidos como “Earth Mound”. Os arbustos ou árvores são cortados até dimensões
variáveis de 1 a 1,5 metros de comprimento e são depois transportados à mão até o local
escolhido para a construção do forno. BTG (1990), num levantamento feito na região de
Changalane-Província de Maputo, identificou que o número total de dias para uma
completa operação de produção de carvão para um forno, pode variar entre 9 e 22 dias. A
preparação da madeira pode requerer entre 2 a 14 dias, dependendo do uso de motosserra
ou uma simples serra (bow saw). A construção do forno pode variar de 1 a 3 dias
dependendo do número de pessoas envolvidas na construção. O tempo de carbonização
foi registado entre 3 a 5 dias e finalmente o tempo de resfriamento entre 2 a 3 dias. Para a
DNE-UEM (1997), este processo pode durar cerca de 7 a 10 dias e a queima
(carbonização) pode levar 2 a 5 dias para fornos pequenos, enquanto nos fornos grandes a
preparação vai de 10 a 15 dias e a queima leva 15 a 20 dias

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 47


Janeiro de 2003
O forno tem geralmente a configuração rectangular ou triangular e é constituído da
seguinte maneira: o fundo da base é coberto por vigas formando uma grade ou cama, na
qual bocados de lenha são radialmente amontoados. A grade forma um pequeno espaço
livre entre o fundo e a lenha, através do qual passa o ar necessário para a carbonização. A
lenha depois de ser empilhada é envolvida com capim ou folhas e ramos finos para
facilitar a cobertura feita, regra geral com terra até 20 cm de espessura, deixando uma
pequena abertura para fazer a ignição, no cimo projectada para o centro da base. Depois
de 15 a 20 minutos do fogo ter começado fecha-se o buraco central e abrem-se na parede
lateral do forno buracos separados entre si por alguns 30 a 50 cm dependendo do fluxo de
vapores que se libertam (BTG, 1990; Alface, 1994; Joaquim, 2001). O tamanho do forno
é variável, os fornos de configuração triangular, que são os maiores, têm geralmente uma
base de 4m e um comprimento de 7 a 8 m, e um volume de 14 m-esteres (9 m3 sólidos)
(BTG, 1990), enquanto os rectangulares variam de 3 a 20 m de comprimento (Zacarias,
1993). Na região de Nampula, a produção de carvão pelos queimadores locais é também
obtida a partir de fornos circulares “dome-shaped earth mounds”, medindo 2m em
diâmetro e 1 metro de altura (BTG, 1990).

Fornos metálicos tipo “Mark V” foram introduzidos em 1989, mais precisamente no


antigo Projecto FO-2 em Michafutene-Maputo. Os mesmos apresentaram bons resultados
de ponto de vista de eficiência em comparação com os fornos tradicionais. O forno
consiste de duas secções cilíndricas interligadas e uma cobertura cónica. A cobertura tem
quatro furos de libertação de vapores igualmente espaçadas que podem ser fechadas com
tampas. O forno é suportado por 8 canais de entrada/saída de ar, radialmente
posicionados à volta da base. Durante a operação podem ser fixadas 4 chaminés nos
canais de ar alternados. O forno pode ser fabricado localmente em chapa de aço simples.

3.4. Avaliação do Nível de Tecnologias em Padrões Regionais e


Internacionais.
3.4.1 Produção agrícola e pecuária

As tecnologias aplicadas em Moçambique são comparáveis com os padrões regionais e


internacionais. Embora não tenham sido consultados documentos que descrevem todas
as tecnologias, sabe-se que elas existem e são usadas. Muitas foram já usadas mas
actualmente as unidades de produção estão paralisadas principalmente por razões
financeiras.

Nem sempre as máquinas significam que a tecnologia é mais avançada. O exemplo desta
afirmação é o caso do descasque da castanha de cajú. Moçambique é dos poucos países
que faz o descasque mecânico da castanha de cajú, tornando as unidades de produção
inviáveis. Experiências da Índia e Brasil mostram que o descasque manual resulta em
actividade mais económica e com um produto de maior qualidade.

3.4.2. Exploração florestal

As tecnologias usadas em Moçambique, são consideradas serem de baixo rendimento


(EUREKA, 2001) e poucos operadores, possuem equipamentos próprios, maquinaria para

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 48


Janeiro de 2003
arraste e transporte da madeira são alugadas de terceiros. As empresas com licenças de
corte geralmente possuem maquinaria própria, se bem que, para o transporte secundário
utilizem também viaturas alugadas. De um modo geral, a exploração florestal é
considerada semi-mecanizada, com algumas operações feitas manualmente,
nomeadamente o abate, desrame e toragem, e outras feitas com ajuda de maquinaria.
como nos casos do abate com motosserra, arraste, carregamento e manuseamento de toros
nos pátios. No geral estas actividades congregam o maior número de trabalhadores, cerca
de 42% sem nenhuma formação específica. O número de técnicos básicos, médios ou
superior nas empresas é insignificante. Contudo, nos outros países mais avançados, os
métodos de exploração tradicional vem evoluindo para método modernos, com a
mecanização dos trabalhos que mal feitos podem às vezes provocar problemas
ambientais na floresta, como é o caso da compactação do solo, injúrias nas árvores em pé,
assim como a poluição provocada pelas máquinas .

Tendo em conta a tecnologia de exploração no país, o tipo de floresta e as espécies a


explorar o rendimento diário de uma equipe de abate, com serra manual e motosserra é
muito baixo, varia de 1 a 4 m3 e 3 a 10 m3, respectivamente. O rendimento da equipe
convencional de arraste para distâncias de arraste médias de 500 metros, com tractor
agrícola e cordas, varia de 10 a 40 m3 por dia. A produtividade no transporte primário,
com tractor e atrelado ou por camião de pequena tonelagem, para distâncias não
superiores a 40 km vai de 5 a 15m3 por dia.

3.4.2.1. Lenha e carvão

O rendimento obtido em peso do processo tradicional de produção de carvão vegetal está


entre 8 e 12%. A produção varia de 35 a 45 sacos, de 45 kg cada, perfazendo uma média
de 1800kg por tiragem, uma média de 16% de rendimento, ou seja, cerca de 128kg de
carvão por metro estere na região de Changalane e de aproximadamente 10 sacos, de 60
kg cada, na região de Marracuene (BTG, 1990) e cerca de 100 a 150 sacos, nos fornos
maiores de 7 a 15 nos fornos menores em Nampula (Zacarias, 1994).

Nos ensaios efectuados por Mabonga (1981), citado por BTG (1990), os fornos de metal
apresentaram rendimentos acima de 50% em comparação com os fornos “Casamance”.

3.5. Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Sector
3.5.1 Produção agrícola e pecuária

A análise feita sobre a situação da tecnologia do sector da agricultura, produção pecuária


e silvícula indica que tem sido desenvolvidos trabalhos para introdução e disseminação
de tecnologias melhoradas que aumentem os rendimentos e as condições de vida dos
produtores.

A deficiência tecnológica não é grande limitante no sector produtivo da agricultura.


Embora a tecnologia possa ser sempre melhorada ou substituída por outras mais
avançadas, elas só são viáveis se adequadamente escolhidas e bem aproveitadas.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 49


Janeiro de 2003
No caso de Moçambique, onde se podem encontrar todos os tipos de tecnologia, o
problema parece estar no seu melhor aproveitamento óptimo, como é o caso da não
utilização das capacidades disponíveis dos equipamentos e dificuldades da sua
manutenção.

3.5.2 Exploração florestal

De acordo com os dados fornecidos pelo Eureka, 2001, a capacidade actual de exploração
florestal é de aproximadamente 78% e a de transporte de toros cerca de 42%, portanto
abaixo do valor estimado com base no equipamento existente nas empresas.

A comparação do valor estimado com o valor obtido nos inquéritos, indica a existência
de uma capacidade ociosa no abate e arraste. Por outro lado os níveis de produtividade
real dos equipamentos são baixos considerando limitantes de manutenção deficiente,
qualidade de estradas, qualificação da forca de trabalho etc.

3.6. Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais

Produção agrícola e pecuária

Se fosse possível todos os subsectores mereciam ser melhor analisados para se encontrar
melhores alternativas tecnológicas para o seu desenvolvimento. Em termos de
priorização, o sub- sector com menos desenvolvimento é o de processamento de frutas e
vegetais, cujo volume de produção agrícola é elevado mas com grandes dificuldades de
conservação e processamento em produtos que possam ser consumidos fora da época de
produção.

Outro sub-sector relacionado com a agricultura que merece ser estudado é o de


embalagens, principalmente para a produção rural. As embalagens existentes são na sua
maioria importadas. O seu preço elevado encarece o produto final. Possivelmente há
alternativas de embalagens produzidos com materiais disponíveis localmente e que sejam
mais úteis principalmente para os produtores rurais.

O sub-sector do cajú merece ser melhor analisado devido à substituição da tecnologia


mecânica pela tecnologia manual ou mista que torna esta indústria mais viável e com
produtos de melhor qualidade.

O subsector do algodão requer ter maior empenho na substituição de variedades mais


rentáveis e que produzam fibra de mais alta qualidade. Por outro lado, as fábricas de
descaroçamento necessitam de ter sistemas de controlo de qualidade que permitam
avaliar a qualidade da fibra no processo de produção.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 50


Janeiro de 2003
3.7. Conclusões Gerais para o Sector da Agricultura: Produção
Agrícola, Pecuária e Silvicultura
O desenvolvimento da agricultura e indústria em Moçambique é favorecido por
condições naturais, como terra disponível, características geográficas e climáticas, mão
de obra disponível e barata e algumas infraestruturas para produção e processamento de
matéria prima. Contudo as elevadas obrigações fiscais e juros bancários e mecanismos
de pagamento são os principais constrangimentos do desenvolvimento agro industrial nas
zonas rurais que quase impedem o investimento de empresários nacionais. Outros
problemas são a falta, irregularidade e/ou custos elevados do abastecimento de água e de
energia eléctrica, a deficiência das vias de acesso e de meios de transporte, a dependência
da produção das condições ambientais, assistência técnica muito cara e por vezes de
baixa qualidade para manter e reparar as fábricas, índice elevado de analfabetismo,
reduzido número de pessoas na região com conhecimentos e acesso a computadores e
sistemas de informação e comunicação, embalagens muito caras e falta de serviços de
apoio à indústria. Os custos de produção altos dificultam a concorrência com produtos
similares importados, provenientes de países com agricultura ou indústria subsidiada e os
que entram ilegalmente no país.

Dos documentos lidos sobre a situação dos sectores produtivos realça a grande
preocupação das dificuldades financeiras constituírem o principal impedimento do
desenvolvimento tecnológico e produtivo do país. Há limitantes de conhecimento e
aplicação de tecnologias mas a componente financeira é o principal nó de
estrangulamento.

Ainda é muito fraca a colaboração entre instituições e técnicos que têm estudado e
desenvolvido trabalhos na área de tecnologias. Apesar de algumas tecnologias não terem
sido libertadas por ainda estarem a ser ensaiadas, elas estão já a ser aplicadas por quem
teve acesso a elas na fase experimental com resultados positivos como é o caso do
aproveitamento de pastagens para alimentação animal.

Por outro lado algumas tecnologias introduzidas são disseminadas no país sem terem sido
devidamente testadas, baseando-se nas experiências e resultados positivos que as
instituições que as introduzem obtiveram em outros países. A maioria das tecnologias que
requerem equipamento de fora do local onde são introduzidas, testadas e divulgadas têm
a duração ou um pouco mais que os programas ou projectos responsáveis porque o
financiamento e assistência técnica respectivas cessam. Esta pode ser uma das razões
porque as tecnologias ou ficam na fase experimental e não chegam a ser libertadas ou são
insustentáveis.

3.8 Recomendações Gerais para Sector da Agricultura: Produção


Agrícola, Pecuária e Silvicultura
Responsabilizar um sector nos ministérios responsáveis pelo sector produtivo que
centralize num arquivo o registo com datas de tecnologias, com memória descritiva e
imagens, catálogos e projecto técnico das máquinas, linhas de produção, operações,
matérias primas, produtos acabados e força de trabalho requerida. Os custos,

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 51


Janeiro de 2003
proveniência e tipo de assistência são dados a incluir. Este sector poderá inicialmente
fazer a compilação do que foi e/ou está sendo feito sobre tecnologias pelas diferentes
instituições, diferenciando tecnologias as que estão em teste e as usadas por rotina, no
sector familiar ou comercial. Já existe obrigatoriedade de registo de alguns produtos, que
é regularmente actualizado como os casos das viaturas pelo Instituto de Viação e dos
químicos para a agricultura pelo Serviço de Sanidade Vegetal do MADER.

Elaborar /actualizar regulamentos para registo de tecnologias.

Avaliar os mecanismos financeiros que dificultam o investimento nacional e propor


medidas correctivas que agilizem o processo de financiamento e permitam maior
envolvimento no desenvolvimento agro industrial.

Desenvolver mecanismos para assegurar que tecnologias novas sejam mais amplamente
divulgadas e fiquem disponíveis para os agricultores e criadores de animais,
especialmente em áreas ainda pouco trabalhadas como a utilização e aproveitamento de
plantas silvestres para alimentação, fins medicinais, cosméticos e ornamentação.

Conhecer e divulgar os problemas que os produtores encontram com algumas tecnologias


introduzidas, para que os mesmos não sejam replicados ou sejam criadas condições para
que elas sejam normalmente aplicadas.

Incluir actividades de divulgação e de treinamento de técnicas e tecnologias de produção


e transformação de alimentos.

Apoiar e incentivar o desenvolvimento de pequenas e micro empresas que parece ser a


alternativa mais rápida e mais sustentável para aproveitar melhor os produtos agrícolas e
melhorar o acesso a estes produtos face às exigências e dificuldades da média e grande
indústria de produtos agrícolas. O processamento a nível rural provocará o aumento da
produção e comercialização agrícola e contribuirá para o aumento do rendimento
familiar. O desenvolvimento da pequena indústria rural deve ser acompanhada pela
criação e melhoria de infraestruturas (estradas, água, energia) para que a matéria prima
possa ser transportada e o produto processado escoado para os mercados com o mínimo
de perdas e custos.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 52


Janeiro de 2003
4. SECTOR DAS PESCAS: CRUSTÁCEOS, PEIXES E OUTROS
PRODUTOS DO MAR

4.1 Descrição do Sector

O sector das pescas desempenha um papel de destaque na economia nacional, com uma
contribuição de 3% do PIB. Em 2000 o sector das pescas liderava as exportações do país
com cerca de 27 % do volume total (INE, 2000). De acordo com o classificador, a
indústria de produção pesqueira compreende as actividades de pesca nas águas marinhas
e interiores incluindo a pesca por navios – fábricas que pescam e submetem os produtos
da pesca a uma ou varias operações de preparação e/ou transformação.

Os produtos pesqueiros mais importantes no país são no geral classificados em três


categorias a saber; crustáceos, peixes marinhos, moluscos e outros recursos. O grupo dos
crustáceos engloba a gamba, o caranguejo e o camarão, sendo este último, o recurso
pesqueiro de maior valor económico para o país.

A captura global de camarão em 2001 foi de 9 488 toneladas, sendo 80% pela frota
industrial, 18% pela semi-industrial e os restantes 2% pertencendo á pesca artesanal.
Segundo a mesma fonte, a pescaria de camarão no ano 2001, envolveu 144 embarcações,
das quais 66 industriais (pertencentes a 23 empresas) e 78 semi industriais (pertencentes a
44 empresas). Não se conhece o número exacto das embarcações artesanais envolvidas
nesta pescaria.

A exploração de gamba, camarão de profundidade, é realizada exclusivamente pela pesca


industrial, tendo sido licenciadas 32 embarcações. Contudo, só 16 embarcações operaram
em 2001, tendo capturado 1.666 toneladas desta pescaria.

Para além do potencial natural em recursos pesqueiros, Moçambique dispõe-se duma


extensão de 33.000 ha com condições favoráveis para o desenvolvimento da aquacultura
marinha (Maputo, Beira e Quelimane) e de piscicultura (água doce). Contudo, para alem
de algumas experiências de fomento e extensão da piscicultura no centro do país, não
regista nenhuma produção substancial de aquacultura.

Com base na escala de produção, bem como da tecnologia de captura usado e baseado em
características específicas do barco e do equipamento utilizado, o sector de produção
pesqueira em Moçambique é classificado em três níveis da actividade definidos no
regulamento da pesca marítima a saber: Pesca Industrial, Semi - industrial e Artesanal.
Sob ponto de vista comercial os sector da pesca industrial e semi-industrial desempenham
um papel de destaque na economia nacional.

De modo a regular e garantir uma gestão para uma exploração sustentável dos produtos
pesqueiros mais importantes no país, instituiu-se o sistema de licenciamento e de
estabelecimento de quotas anuais ou seja Total Admissível de Capturas (TAC’s).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 53


Janeiro de 2003
4.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Sector

Existem essencialmente três níveis de tecnologia de produção da indústria pesqueira em


Moçambique que se distinguem com base na natureza da frota ou embarcação (tamanho,
potência, propulsão). A pesca industrial, semi-industrial e artesanal. Dependendo do
tipo/espécie e comportamento do recurso e com vista a garantir uma eficiência de captura
e boa gestão dos recursos, recorrem à várias artes ou técnicas de pesca. A tecnologia de
pesca industrial e semi-industrial é essencialmente mecanizada com recurso às
embarcações com autonomia providas de meios de comunicação e com uma capacidade
de permanecer no mar por muito tempo.

Foram licenciadas para o exercício da actividade de pesca no ano 2001, 428


embarcações, das quais 234 (54%) são Industriais e 194 (46%) semi – industriais. Do
total de embarcações licenciadas, 169 são de bandeira estrangeira. Desta frota licenciada
34% dedica-se à captura de camarão, enquanto que 25% à pescaria de Kapenta.

O sector produtivo de pescas é dominado pela pesca industrial que está virada para o
mercado internacional. Da produção global de cerca de 33 mil toneladas de pescado
diverso, em 2001 a pesca industrial teve uma contribuição na ordem de 45%, e as pescas
semi-industrial e artesanal contribuíram para a produção nacional com 27% e 24%
respectivamente. A pesca artesanal está a registar uma contribuição substancial nos
últimos 5 anos .

A pesca industrial é efectuada em águas marítimas do país, ou fora delas, com


embarcações de mais de vinte metros de comprimento total, propulsionadas a motor,
utilizando em geral métodos de congelação a bordo e fazendo uso de meios mecânicos de
pesca (Plano Director, 1998 e Regulamento da Pesca Marítima, 1996). O camarão é um
dos recursos mais importantes na pesca industrial em Moçambique estando concentrado
nos centros de pesca de Maputo, Beira e Quelimane. O camarão é apanhado por arrastões
que dispõem duma capacidade para processamento a bordo permanecendo no mar
semanas antes de voltar ao porto.

Com 152 embarcações actualmente registadas na categoria da pesca industrial, 39%


dedica-se à pescaria camaroneira de arrasto. Todavia, o subsector é dominado pela
pescaria de peixe com palangre usando exclusivamente embarcações estrangeiras (29%),
seguida das pescarias de camarão de arrasto com embarcações nacionais (25%), peixe de
cerco com embarcações estrangeiras (17%), camarão e gamba de arrasto com
embarcações estrangeiras (14 e 10.5% respectivamente). Apenas 2% da frota industrial
encontra-se a praticar a pescaria de linha.

A pesca semi-industrial trata-se da pesca efectuada em zonas costeiras com embarcações


de 10 até 20 metros de cumprimento total, propulsionadas a motor e utilizando gelo ou
refrigeração mecânica para conservação das capturas a bordo, fazendo uso ou não de
meios mecânicos de pesca (Regulamento da Pesca Marítima, 1996).

Encontram-se actualmente licenciadas para a prática da pesca semi-industrial cerca de


172 embarcações das quais 56% praticam a pescaria de peixe kapenda com 11,5m de

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 54


Janeiro de 2003
comprimento médio, 7,6 TAB de arqueação e 68,5 HP de potência. Cerca de 35% das
embarcações está envolvida na captura de camarão de arrasto e caracterizam por um
comprimento médio de 18 n, arqueação média de 64 TAB e potência média de 250 HP.
Apenas cerca de 9% da frota dedica-se à pesca de linha cujo comprimento, arqueação e
potência médios são de 14m, 32 TAB e 225 HP respectivamente.

As embarcações mais compridas são as que se dedicam á pesca de camarão de arrasto


com destaque para as estrangeiras com o casco de plástico medindo pouco mais de 22
metros As embarcações envolvidas na pesca semi-industrial de camarão de arrasto são as
que também dispõem-se de maior potência e arqueação.

Considerando a natureza do casco, a pesca de kapenta com embarcações de aço (40%)


seguida de camarão de arrasto com embarcações de madeira (22%), peixe-kapenda com
embarcações de ferro (14,5%) e camarão arrasto com embarcações de aço (8%) são as
combinações mais proeminente nesta pesca semi-industrial.

A pesca artesanal é efectuada com carácter local, produzindo excedentes para


comercialização, sem embarcação ou com embarcação que não excede os 10 metros de
comprimento total, propulsionadas a remos, á vela ou por motores fora de borda ou
interiores de pequena potência, utilizando raramente gelo para a conservação do pescado
a bordo e fazendo uso de artes de pesca tradicionais (Regulamento da Pesca marítima,
1996). O plano director de pescas definiu como objectivo da pesca artesanal dentre outros
a melhoria do abastecimento do mercado interno em pescado bem como das condições de
vida das comunidades pesqueiras através do aumento duma base sustentável de
exploração dos recursos pesqueiros acessíveis à pesca artesanal.

A pesca artesanal encontra-se geograficamente distribuída ao longo da costa marítima e


com uma concentração substancial de águas interiores do país. É tipicamente de baixo
rendimento com recurso à diversas tecnologias de baixo custo e com um envolvimento
intensivo da mão de obra. Entre 1990 e 1995, estimava-se que haviam no país cerca de
786 centros de pesca, 13.500 embarcações envolvidas na pesca artesanal com pouco mais
de 100.000 pessoas envolvidas nas actividades de pesca artesanal como pescadores e
recolectores (IDPPE, 1998).

O país tem uma longa tradição de construção local de embarcações de pesca artesanal. As
embarcações são maioritariamente construídas localmente com base na madeira e troncos
e são no geral propulsionadas à vela ou remo. Outras são de origem industrial cuja
propulsão é motorizada. Todavia, apenas 3% das embarcações que operam na pesca
artesanal são propulsionadas à motor sendo no geral de baixa potência, o qual pode ser a
bordo ou localizado exteriormente.

As embarcações de pesca artesanal mais dominantes são as seguintes: Barcos de fundo


em V, canoas, casquinha, chata, lancha e barcos de fibra de vidro de natureza variada
construídas pela NAVIPESCA. A construção e a importância relativa destas embarcações
varia de acordo com a zona geográfica e o centro de pescas. No geral as embarcações de
construção naval doméstica como a canoa, casquinha, chata e lancha empregando as
redes de arrasto de praia, emalhe de superfície, linha de mão e rede de cerco com equipes

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 55


Janeiro de 2003
de manobra constituídas entre pouco menos de 2 a 12 homens mas também por vezes até
25 homens constituem as tecnologias de captura mais prevalecentes na pesca artesanal
(IDPPE, 1998).

A prevalência dum determinado tipo de embarcação e arte de pescas são bastante


variáveis. Por exemplo, a pesca artesanal em Inhambane é dominada pelo uso da linha de
mão seguida de arrasto de praia e a rede de cerco (IDPPE, 2000). A combinação da
embarcação e arte de pesca mais prevalecente nesta província é a lancha e o arrasto. Em
Palma na Província de Cabo Delgado, a pesca artesanal é efectuada com recurso à frota
maioritariamente constituída por canoas de troco escavado, casquinhas e lanchas com 4 a
8 metros de comprimento, construídas de madeira e propulsionadas à remo ou à vela e
usando redes de arrasto manual, redes de emalhe, gaiolas, caça submarina, linha de mão,
palangre e um número insignificante de gamboas.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 56


Janeiro de 2003
5. SECTOR DOS RECURSOS MINERAIS: MINERAIS E PRODUTOS
DIVERSOS

5.1 Descrição do Sector

Moçambique é um país com um ambiente geológico favorável para a exploração e


actividades mineiras. Contudo, apesar de do seu potencial, o impacto da mineração na
economia nacional continua sem grande expressão. Com efeito, o nível de exploração
mineira é considerado bastante baixo, considerando a sua contribuição na economia
nacional de cerca de 0.1% do PIB e 1.4% das exportações [Direcção Nacional de Minas
b)].

Estudos indicam a existência de vários jazigos minerais desde os de ouro, tântalo-nióbio,


minerais pesados, fosfatos, fluorites, mármores, pedras preciosas e semi-preciosas, bem
como outros minerais básicos e industriais (caulino, argila, bentonite, diatomites, rochas
ornamentais e materiais de construção – calcário, pedra de construção, guano, areia e
outros subprodutos dos pegmatitos como sejam berilo industrial, feldspato, quartzo entre
outros). Contudo, apenas estão em exploração, com certa intensidade, o carvão, minérios
de tântalo, ouro, cobre, rochas ornamentais e outros minerais industriais.

Actualmente grande parte da actividade mineira, em Moçambique, acontece no sector


informal da economia, executado por milhares de pequenos mineiros artesãos que se
mantém fora das estatísticas governamentais. Mais de 95% dos 52000 mineiros
actualmente activos no país são artesãos, extraindo ouro, prata e pedras preciosas de
Manica, Zambézia, Tete e Niassa [Direcção Nacional de Minas b)]. Contudo o sector
formal tem vindo a crescer. Até 1991 havia apenas 4 licenças de exploração mineira e em
1998 as licenças tinham aumento para mais de 150.

5.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Sector

5.2.1 Estudos existentes

No ramo minerais e produtos diversos, foram identificados oito estudos, que contêm
informação relevante, sobre algumas tecnologias em uso no país. Dos estudos
identificados, o mais antigo é de 1989 e o mais recente de 1999. Os estudos identificados,
dão uma indicação sobre a tecnologia usada, descrevendo o processo tecnológico e/ou
equipamento instalado nas unidades produtivas do ramo. O anexo 4 apresenta resumos e
outros detalhes sobre os estudos identificados.
5.2.2 Tecnologias usadas no sector

Apresenta-se, a seguir a descrição das tecnologias usadas neste sector. Esta descrição é
baseada na informação obtida nos estudos recolhidos. Assim, é apresentada a seguir a
descrição das tecnologias usadas na extracção do mármore e na actividade de mineração

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 57


Janeiro de 2003
5.3 Descrição da Tecnologia
5.3.1 Mineração

Conforme foi dito acima, a actividade de mineração, em Moçambique, é, em geral de


pequena escala. Embora haja muitas definições sobre mineração de pequena escala,
variando por vezes de país para país, ela pode ser definida como uma actividade
artesanal, sem mecanização ou mecanização reduzida, com grande percentagem de
trabalho manual pesado, baixo nível de segurança no trabalho, deficiente grau de
conhecimentos técnicos do pessoal envolvido. Este tipo de mineração é caracterizada por
ausência de técnicos nas operações mineiras o que origina como consequência uma
deficiente utilização dos recursos e a exploração selectiva de minerais ricos ou zonas
ricas das jazidas, obtendo-se baixa recuperação no processamento, com a exploração na
maior parte de recursos marginais, e quase sempre com baixo rendimento no trabalho e
consequentemente baixo nível salarial (Direcção Nacional de Minas, 1999 b))

5.3.2 Extracção de mármore

O processo de extracção de mármore, pode ser dividido em três fases: Preparação,


extracção e transporte.

A preparação consiste na remoção da cobertura e construção de trincheiras necessárias.

A extracção consiste no corte primário horizontal e vertical com fios helicoidais paralelos
a um dos sistemas de fracturação e utilização de martelos pneumáticos, fios diamantados
e cunhas para a separação dos blocos. Para maciços com um grau de fracturação elevado
o método usado é de perfuração e rebentamento.

O transporte do estéril e dos resíduos de produção realiza-se através de uma combinação


de pás carregadoras e camiões basculantes. Os blocos rentáveis são carregados em
camiões cavalos.

5.4 Avaliação da Tecnologia em relação aos Padrões Regionais e


Internacionais

A tecnologia usada é muito elementar e do tipo artesanal, não podendo, assim, ser
comparada com a mineração baseada em tecnologias modernas, mais produtivas e menos
prejudiciais ao ambiente, usadas a nível regional e internacional. Estas tecnologias
comportam elevado grau de mecanização com utilização de equipamento e/ou
ferramentas especializadas.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 58


Janeiro de 2003
5.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas
Envolvidas no Sector

A actividade de mineração no país é descrita como sendo de pequena escala, que pode ser
definida como artesanal, sem mecanização ou mecanização reduzida e com grande
percentagem de trabalho manual e pesado.

5.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais

Apesar de Moçambique ser um país com um ambiente geológico favorável para a


exploração e actividades mineiras, o impacto da mineração na economia nacional é quase
insignificante. Isto deve-se em grande medida ao recurso ás tecnologias artesanais. Por
isso recomendam-se estudos orientados no sentido de um aproveitamento cada vez
melhor deste potencial, através da introdução de tecnologias mais produtivas, menos
prejudicais ao ambiente e que garantam melhor qualidade do produto.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 59


Janeiro de 2003
6. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
ALIMENTAÇÃO, BEBIDAS E TABACO

6.1 Descrição do Ramo

De acordo com a classificação do INE (1998), o ramo da Indústria de alimentação,


bebidas e tabaco pertencem a secção D das indústrias transformadoras e divide-se em :
Indústria de alimentação e bebidas na divisão 15 e o tabaco, divisão 16.

Este ramo é caracterizado por uma vasta diversidade e composição, com o domínio da
produção de cerveja, farinha de trigo, amêndoa de caju, refrigerantes, açúcar amarelo,
cigarros com filtro e óleo de girassol refinado.

As maiores unidades fabris concentram-se na província de Maputo, onde se encontram


mais de 72 % do total das indústrias.

Com base na classificação das actividades económicas do INE, em seguida procurar-se


dar uma breve descrição das tecnologias de produção nas respectivas indústrias

6.1.1 Abate de animais, preparação e conservação de carne e de produtos à base de


carne

Esta área compreende o abate de gado (produção de carne), de aves e de coelhos


(produção de carne) e fabricação de produtos à base de carne.

Abate de gado

O sistema de controlo e registos dos abates é bastante deficiente principalmente aqueles


ligados ao sector familiar. Os Matadouros municipais e casas de matanças encontram-se
em condições deploráveis com instalações em degradação acentuada (TSI, 1994). Em
1994 estavam em funcionamento 47 matadouros e casa de matança para abate de
bovinos, pequenos ruminantes e suínos, 3 matadouros para suínos com industria anexa de
salsicharia e 2 casas de matança para pequenos ruminantes e suínos. Todos os
matadouros foram construídos na época colonial, tendo mais de 40 anos de existência na
excepção do da Beira construído na década de 60. O equipamento obsoleto e o estado
avançado de degradação das instalações onde as carcaças e miudezas são preparadas
degradam as condições higiénicas e sanitárias. O estudo da TSI (1994) aponta diversos
problemas que a indústria enfrenta sendo de destacar as condições precárias das
instalações de abate. Em todos os matadouros os edifícios e a infra-estruturas não se
encontravam vedados sem separação entre as zonas de descarga do gado e da saída de
rejeitados, couros e peles (zona suja) e a zona de carga e saída de carne (zona limpa); a
sangria é feita horizontalmente para o pavimento, a esfola dos bovinos é horizontal por
falta de via aérea; falta de dispositivos para lavagem e desinfecção de mãos e utensílios,
falta de circuitos de agua quente e de tomadas d agua fria para lavagens; ausência de
estações de tratamento de águas residuais.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 60


Janeiro de 2003
Abate de aves e de coelhos (produção de carne)

O abate e preparação de carcaças de aves e coelhos para obtenção de carne em peças ou


pedaços (por corte e desmancha) e de miudezas comestíveis, refrigeradas ou congeladas,
embaladas ou não é efectuada principalmente pelo sector cooperativo. Existem no país
duas unidades à escala industrial localizadas nas cidades da Beira e Maputo. A unidade
de Beira após a sua privatização a uns anos atras beneficiou-se duma remodelação com
instalação duma linha moderna apetrechada com equipamento relativamente moderno. A
unidade de matança de Maputo apresenta uma linha semi-mecanizada sedo todavia
dominada pelo uso intensivo da mão-de-obra. Entretanto, existem pequenas unidades
industriais espalhadas nos arredores das cidades de Maputo e Matola

Fabricação de produtos à base de carne

Quanto ao processamento da carne, apenas duas unidades a Bonsuino e a INCOL. Destas,


a primeira está operacional ( a INCOL está encerrada)com deficiências, apenas limita-se
à produção de Salsicharia com métodos tradicionais de fumaça, operando com
dificuldades.. De acordo com a DINAP (2000), a produção industrial de salsicharia
encontra-se quase paralisada na sequência da fraca produção da industria suína que foi
recentemente abalada pela peste suína africana. Em quantidades ínfimas, verifica-se a
produção de salsicharias na província de Maputo em forma de enchidos, fumados,
cozidos e banhas-torresmos enquanto que as províncias de Sofala e Manica com uma
longa tradição nesta indústria não registam nenhuma produção (DINAP, 2000).

6.1.2 Transformação e conservação de peixe e de outros produtos da pesca e da


aquacultura

Esta área compreende a preparação e congelação de produtos da pesca e da aquacultura


bem como a secagem, salga e outras actividades de conservação de produtos de pesca e da
aquacultura.

Encontram-se registados nesta área cerca de 48 estabelecimentos de dimensão média


pequena encontrando-se concentrados principalmente na província de Sofala. Destes,
apenas 6 exportam para o mercado Europeu e os restantes tem como mercado potencial os
países de África ( África do Sul, Malawi, RDC, Zâmbia, Zimbabwe, Namíbia, Maurícias e
Seychelles) e da Ásia (Japão).

A principal matéria prima desta indústria é o camarão de superfície proveniente da pesca


semi-industrial e artesanal, o caranguejo de mangal e o peixe. Actualmente, a área não
dispõe de dados registados sobre a produção final e o seu valor.

Para outros destinos, como o mercado Sul Africano, o procedimento de controle de


qualidade através de boas práticas “Good Management Practices” acompanhado de
análises laboratoriais é suficiente.

A salga-secagem e a fumaça com recursos locais são actualmente as formas mais


dominantes de processamento do pescado artesanal.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 61


Janeiro de 2003
6.1.3 Indústria de conservação de frutos e de produtos hortícolas

A Indústria de Conservação de Frutos e Produtos Hortícolas é da classe 1513, de acordo


com a classificação do INE (1998), compreende as actividades de preparação,
transformação e conservação de frutos, batata e outros produtos hortícolas. A
conservação de tais alimentos pode ser feita por congelação, desidratação e em
recipientes hermeticamente fechados e também pela utilização de sal, salmoura, gases
sulfurosos, vinagre e outros conservantes.

Para além das actividades acima enumeradas, a indústria inclui, ainda, o fabrico de
polpas, pastas, doces, compotas, geleias e marmelada, secagem de frutos, produção de
molhos e de pratos preparados à base de frutos e hortícolas.

Embora esta classe esteja dividida em várias subclasses, a descrição desta será feita
associando a fabricação de sumos de fruta e de produtos hortícolas com as de doces,
compotas, geleias e marmeladas e ainda a preparação e conservação de frutos e de
produtos hortícolas. O descasque e conservação de amêndoa de cajú será tratado
separadamente.

Conservação e processamento de frutos e hortícolas

No passado estiveram algumas unidades envolvidas na produção de Jam, compotas,


conservas de tomate, sumos de concentrados de frutos especialmente citrinos, tomate
pelado e concentrado, rebuçados. Em 1987 operavam 7 unidades – Somopal, Palmar,
Jacarandá, H. Jones Y Sopal, Sumovit, Liquari e a Cita. Estas unidades já em tempos
caracterizavam-se pela carência de matéria prima a partir do mercado nacional e
operavam com instalações bastante velhas e equipamento obsoleto, na excepção duma
que era considerada de boa dotação tecnológica (UNIDO 1982).

Em 1982 foi concebido um plano de reabilitação, modernização e expansão agro-


industrial sob forma dum projecto de desenvolvimento integrado da produção e
transformação das frutas e vegetais na província de Maputo e haviam sido contempladas
as unidades da SOMOPAL, LOUMAR e da H. JONES (UNIDO, 1983). Foram propostas
várias linhas de produção e avaliadas as necessidades de diverso equipamento e
máquinas. Em 1987, o estudo sobre a situação da indústria no país (UNIDO, 1987)
revelou que as unidades fabris debatiam-se com uma série de dificuldades como a
escassez da matéria-prima, instalações péssimas, carência de materiais de qualidade
(nomeadamente embalagens) e escassez de técnicos qualificados e de laboratórios de
apoio para estudo das condições de processamento de matérias-primas locais e controlo
de qualidade das matérias-primas e subsidiárias e dos produtos acabados.

A Palmar uma empresa que devia produzir xaropes de citrinos e conservas de frutos e
vegetais actualmente produz apenas compota de frutos. As suas instalações são precárias
com péssimas condições de higiene, sem controle de qualidade, e muito baixa
produtividade. Os seus produtos são de péssima qualidade constituindo um risco à saúde
pública. Como resultado da má qualidade dos seus produtos é a dificuldade de colocação
dos mesmos no mercado.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 62


Janeiro de 2003
A Somopal outrora produtora de calda de tomate, compotas de frutos tropicais, tomate
pelado e conservas de ananás hoje praticamente já não labora. O equipamento está
bastante degradado, como resultado da sua longa vida e deficiente manutenção.

A H Jones & Sopal, uma empresa privada que produzia de compota de ananás, tomate
pelado e calda de tomate, conservas de feijão e ervilha é também uma das fábricas que
não sobreviveu. As suas instalações fabris e serviços funcionavam até 1985 em
condições muito deficientes, predominando as operações manuais. A capacidade de
produção utilizada em 1985 rondava os 5%, quer por falta de matéria prima, quer por
avaria dos equipamentos ou ainda por falta de latas (UNIDO 1987).

As unidades como a Loumar e a Pilivi que em tempos detinha a maior contribuição da


produção nacional de sumos no país. A Loumar, detentora de uma instalação de
processamento de citrinos datada dos anos 70, hoje já não produz sumos nesta instalação.
Após um estudo de viabilidade feito para utilização de parte do equipamento dessa
instalação para uma fábrica de citrinos em Manica, o processamento de fruta parou de
funcionar. A Loumar processa fruta em pequena escala, doces e fruta cristalizada usando
tecnologias simples e sem um sistema de controle de qualidade adequado. No que
concerne aos sumos, a empresa importa produtos concentrados que depois de diluídos são
embalados e colocados no mercado. Referir que esta empresa tem uma instalação para
processamento de sumos com embalagem asséptica bastante moderna, mas a sua
utilização não é feita em pleno devido aos problemas económicos que a empresa enfrenta.
A existência de produtos importados a custos baixos dificulta a colocação dos produtos
da Loumar no mercado, inviabilizando a utilização da infra-estrutura em causa.

Em 1994 foi elaborado um estudo com vista à industrialização da pêra de caju com uma
elaboração detalhada de técnicas e processos de produção bem como fluxogramas de
produção e os equipamentos e a maquinaria (UNIDO 1994).

A indústria de sumos é portanto dominada actualmente pela produção de sumos naturais


e sintéticos/concentrados em novas unidades fabris. Todavia, a produção nestes
estabelecimento baseia-se invariavelmente no recurso à matéria prima essencial em
forma de concentrados importada de países como África do Sul e Portugal, cabendo
apenas a realização do processo final de diluição e engarrafamento ao nível nacional.

Descasque e conservação da amêndoa da castanha de cajú

Com uma longa tradição de produção da castanha no país, actualmente, a indústria de


processamento da castanha de caju está a atravessar algumas dificuldades associadas a
política económica de desenvolvimento desta. A província de Nampula detinha o maior
parque da indústria de processamento de caju, mas 97 % estão fechadas e a 3 %
operacionais funcionam a baixo de 40 % das suas capacidades instaladas. Dentre várias
razões que contribuíram para a paralisação dessas unidade destacam o baixo desempenho
associado à falta de acesso da matéria prima após a liberalização do sector, elevados
custo de produção associados à tecnologia de baixa eficiência de produção usada e a
menor escala de produção bem como o uso intensivo da mão-de-obra (AIM, 1998).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 63


Janeiro de 2003
Até os finais de 1999 a indústria do processamento de castanha de cajú era constituída
por 15 fábricas com uma capacidade de 62.000 toneladas de castanha, empregando 8.500
trabalhadores, dos quais 5.700 eram trabalhadores permanentes e os restantes eram
trabalhadores temporários. De acordo com estudos anteriormente realizados (INCAJU
1999), previa-se o desenvolvimento de mais 10 unidades fabris, baseando-se em métodos
produtivos manuais que resultariam no melhoramento da qualidade. Pretendia-se
estabelecer unidades de processamento mini modular utilizando processos de produção
essencialmente semi-mecanizados através de aquecimento por vapor e humidifição à
semelhança das técnicas empregues na Índia (UNIDO 1994). A premissa básica era que
os sistemas de processamento mecanizados tradicionalmente encontrados nas unidades
industriais são menos competitivos dada a elevada percentagem da castanha partida que
produzem. Nos últimos anos têm se verificado uma proliferação de pequenas e médias
unidades de processamento moderadamente mecanizadas e com baixos custos de
produção. Apenas 3 novas fábricas foram desenvolvidas (2 em Nampula e 1 em Maputo),
e das unidades existentes, cerca de 10 encerraram as suas actividades até 2001, após a
sua privatização. De realçar que grande parte das indústrias de processamento de
castanha pertenciam a Cajú de Moçambique tendo sido privatizadas em meados dos anos
90.

Em geral, as características das fábricas de Cajú em Moçambique diferem umas das


outras em muitos aspectos significativos tais como diferentes tecnologias usadas (forma
de aquecimento da castanha e do descasque da amêndoa comestível), a história, o direito
a propriedade e a localização (INCAJU 1999). As fábricas que estão operacionais
utilizam diferentes tipos de tecnologias variando desde as artesanais até aos mais
sofisticados complexos industriais.

6.1.4 Produção e Refinação de Óleos e Gorduras

Esta indústria compreende a produção de óleos e de gorduras animais e de vegetais em


bruto (milho, palma, soja, girassol, etc.) e a refinação, hidrogenação e outros tratamentos
de óleos e gorduras animais e vegetais destinadas ao consumo. Fazem parte a produção
de farinhas e de outros produtos residuais. Os produtos principais da indústria de óleos
são os óleos refinados de copra, girassol, palma e algodão sendo os subprodutos o
Bagaço, margarinas e sabões.

O subsector de óleos comestíveis ocupa uma posição estratégica na indústria alimentar


moçambicana. Do total das empresas, 54% são classificadas como grandes (com mais de
100 trabalhadores), 31% como médias e os restantes 15% como micro empregando
menos de 10 trabalhadores (ACP 1992).

Em 1987, o país contava com cerca de oito empresas do ramo de óleos alimentares.
Actualmente existem grandes unidades industriais que se dedicam à refinação de óleo a
partir de óleo cru importado e ocasionalmente a partir de matéria prima local como
algodão e copra. Estas unidades estão distribuídas pelas Províncias do Maputo (Ginwala
e Filhos e Fasol), Sofala (Moçambique Industrial) e Nampula (Companhia Industrial de
Monapo). Em 1986 estimava-se que o país tinha uma capacidade instalada de 179800
toneladas para a prensagem e 50600 toneladas para a refinação (UNIDO 1987).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 64


Janeiro de 2003
O parque industrial do subsector encontrava-se em 1992 num estado avançado de
obsolescência e recomendava-se uma reabilitação com vista a produção, produtividade e
qualidade (ACP 1992). O subsector dominado pela produção de óleos refinados, o óleo
refinado de girassol é o mais comum ocupando a terceira posição com 8% do valor da
produção na indústria alimentar a qual é liderada pela produção da farinha de trigo e
açúcar amarelo.

As pequenas e médias unidades operam com uma capacidade que varia entre 160 a 7 000
toneladas de processamento da semente. Na maior parte dos casos, estas pequenas
unidades fabris operam distante das grandes empresas bem como dos mercados com óleo
importado ao mesmo tempo que se localizam perto da fonte de matéria prima.

As pequenas e médias unidades recorrem ao uso de prensas accionadas à motor em seus


pequenos estabelecimentos fabris para a produção do óleo alimentar.

Estima-se que cerca de 1500 prensas manuais foram vendidas no centro e norte do país,
com uma capacidade de processamento de semente até 10 toneladas anualmente.
Todavia, não se sabe ao certo do número que está operacional (Technoserve 2002).

As prensas manuais de pequena escala estão sendo promovidas para a produção de óleo
artesanal a partir do girassol e de gergelim. Com o apoio do GAPI foram instaladas em
diversas localidades do país 12 prensas de óleo de copra, em virtude da carência de óleos
e sabões em todo o país, embora em muitos locais existam matérias primas básicas para o
seu fabrico.

Estas prensas têm uma capacidade técnica para processar 200 litros de óleo de compra
por dia. Estas características são no entanto teóricas e o seu aproveitamento depende
muito de condicionalismos locais. O grau de extracção de óleo é de 45 % relativamente
ao preço da matéria prima. É de salientar, que estas permitem a transformação de matéria
prima no seu local de produção evitando-se assim custos de transporte.

6.1.5 Indústria de lacticínios e fabricação de margarinas e de gorduras alimentares


similares

Compreende as actividades de recolha e concentração, preparação (clarificação,


normalização, terminação, homogeneização), tratamento (pasteurização, esterilização,
ultrapasteurização) e embalagem de leite e de natas, produção de manteiga e derivados da
manteiga, de queijo (incluindo queijo fundido), de leites fermentados 9incluindo iogurte),
leites parcial e totalmente desidratados (leites evaporados, condensados e leites em pó),
leites gelificados, farinhas lácteas, soro em pó, gelados, sorvetes e caseína.

Leite

Até muito recentemente a produção nacional do leite decorria em duas unidades de


media escala, a Lactogal e a Parmalat na cidade de Maputo. A Lactogal, uma empresa
usado tecnologias de processamento modernas de leite, particularmente a pasteurização a
altas temperaturas (UHT), foi recentemente encerrada. Esta empresa produzia leite fresco
a partir do leite em pó importado de Portugal. Com uma capacidade de 120 000 litros/dia

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 65


Janeiro de 2003
explorava apenas 58% da sua capacidade instalada com a produção do leite
ultrapasteurizado (UHT).

A Parmalat, a única em funcionamento com uma capacidade instalada de 60 000l/dia


recorre à importação de leite fresco crú adquirido às cooperativas da RSA para a
produção do leite UHT. Possui instalações modernas e faz a formulação, tratamento
térmico e empacotamento em embalagens Tetrapack. Nesta empresa o sistema de
controle de qualidade ao longo do processamento é actualizado existindo ainda um
laboratório onde se fazem as análises das matérias prima e das amostras ao longo do
processo. Os concentrados para as formulações são importados.

O leite condensado, leite fresco, queijo e iogurte são os principais produtos em que o pais
já esteve envolvido na sua transformação industrial nesta categoria. No passado as
empresas envolvidas na produção tinham a sua produção própria de leite fresco na
excepção duma empresa que se dedicava à produção de leite condensado com base na
matéria prima importada. Ainda hoje se produz leite condensado e queijo na Protal
embora a custos relativamente altos.

Iogurte

A Parmalat e outras unidades de pequena escala como Indeco, Family Fun, Cowbell,
Bom Dia localizadas em Maputo e Matola estabelecidas nos últimos 5 anos dedicam-se
ao recondicionamento e engarrafamento do leite em pó para produção de iogurte, e
algumas dedicam também à produção de sorvetes.

Queijo e manteiga

Em relação ao queijo e manteiga pouco se pode dizer, pois não foi possível quer
encontrar estudos na área quer colher informação sobre a sua produção em
Moçambique. Sabe-se entretanto que existia em Maputo uma empresa de margarinas e
que a Madal em Quelimane também se dedicava a produção deste tipo de produto. È
necessário realizar mais investigações no campo para recolha de informação. Em
relação ao Queijo a Protal vem produzindo queijo processado de boa qualidade a
elevados custos, que entretanto encontra competitividade com os queijos importados.

De uma forma geral a área de lacticínios é de pequena/média dimensão empregando,


portanto, poucas pessoas e usando tecnologias rudimentares.

6.1.6 Transformação de cereais

A transformação da moagem de cereais compreende a produção de farinhas (simples ou


compostas) e de sêmola de cereais.

A transformação industrial com vista a produção da farinha de trigo e de milho é baseada


no trigo essencialmente importado e no milho quer importado quer produzido localmente.
A produção da farinha de trigo representa cerca de 22% dos principais produtos da
indústria de transformação (INE 2000).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 66


Janeiro de 2003
A área de moagem contava com cinco unidades de grande escala distribuídas em três
províncias (Maputo, Sofala e Nampula) estabelecidas entre os anos 1950 e 1970. Dado o
nível de obsolescência do equipamento existente, foi adiantada uma proposta da
necessidade de reinvestimento em algumas unidades com vista a reabilitação e
“upgrading” de alguns sectores (UNIDO 1991). Actualmente operam quatro unidades:
Companhia Industrial da Matola, Socimol, Mobeira e Moagens de Moçambique
(Relatório do balanço da produção industrial 2002). Existem ainda algumas unidades de
moagem de pequena, média e grande capacidade que se dedicam exclusivamente à
produção da farinha de milho e que se encontram-se distribuídas em todo o país com
maior concentração nas cidades e vilas mais desenvolvidas. As pequenas unidades são de
baixa eficiência e capacidade e baixo rendimento industrial produzindo produtos
essencialmente de baixa qualidade e na maior parte dos casos são operadas por
indivíduos com um nível de formação escolar e empresarial baixo (UNIDO 2001)

6.1.7 Descasque, branqueamento e glaciagem de arroz

O subsector orizícola está igualmente a braços com problemas de ineficiência associados


com o uso de técnicas de produção de baixo rendimento industrial.

Existem 4 estabelecimentos fabris que se dedicam ao descasque na escala industrial


distribuídos pelas províncias de Maputo (Palmeiras), Gaza (Chokwe e Xai-Xai), Sofala
(Beira) e Zambézia (Quelimane). Uma parte destas unidades encontra-se paralisada
enquanto que a outra está presentemente a laborar a 10% da sua capacidade dada a baixa
produção nacional (MIC/DNCI 2000). Esta baixa eficiência de processamento acarreta
elevados custos contribuindo para que os preços do arroz a nível nacional sejam elevados
comparativamente aos do arroz importado.

6.1.8 Fabricação de alimentos compostos para animais

Existem algumas unidades que se dedicam a produção de rações com base em


concentrados importados: Higest, UGC, CIM.

6.1.9 Panificação e pastelaria

Compreende as actividades de fabricação de pão de todos os tipos, produtos afins do pão


e pastelarias frescas de caracter industrial ou artesanal, associada ou não à venda a
retalho. Existem algumas unidades envolvidas na produção de massas alimentícias e
bolachas.

Não foi possível encontrar informação a respeito de aspectos tecnológicos de produção.

A matéria prima base usada na produção de massas e bolachas é o trigo proveniente das
moageiras locais. Durante o processo, a pasta é forçada a passar por um mecanismo que o
confere a forma antes de passar por um sistema de secagem. A fase de secagem é
normalmente automatizada embora o equipamento disponível date de alguns anos.

O pão é produzido em pequenas unidades distribuídas por quase todo o pais. A matéria
prima usada é a farinha de trigo adquirida das várias moageiras existentes no país. Nas

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 67


Janeiro de 2003
cidades é um dos produtos mais consumidos e a sua qualidade varia de unidade para
unidade. O principal equipamento é a massadeira e o forno. Algumas unidades usam
massadeira e fornos eléctricos. Todavia, muitas unidades usam fornos à lenha e
massagem manual.

Para além da panificação, algumas unidades dedicam-se também ao fabrico de bolos cujo
mercado tem mostrado um crescimento significativo nos últimos anos.

6.1.10 Indústria do açúcar

Compreende as actividades de fabricação de açúcar em rama, açúcares de consumo e


melaços a partir da cana-de-açúcar, assim como a refinação do açúcar.

Moçambique conta com 6 unidades açucareiras para a moenda da cana estabelecidas no


tempo colonial – Xinavane, Maragra (na província de Maputo), a companhia do Búzi e
Mafambisse (na província de Sofala), Marromeu e Luabo na província de Zambézia).
Com uma capacidade de produção anual em todo o pais calculada em 428 000 toneladas,
estas unidades são consideradas de pequena escala com uma capacidade que varia entre
47 000 a 116 000 tons de açúcar por ano (INA 2000).

Actualmente o açúcar é produzido em 4 unidades açucareiras (Mafambisse, Maragra,


Marromeu, Xinavane) com uma produção estimada para 2000 de 204 159 toneladas (INA
2002).

Depois de muitos anos de paralisação da indústria de açúcar no país, na sequência da


destruição massiva das infra-estruturas de produção e transporte, verifica-se actualmente
a reabilitação progressiva e célere da indústria. e reabilitadas e restruturadas após anos de
paralisação, operam no país quatro unidades de processamento industrial duas no sul do
país e duas no centro, sendo o açúcar amarelo o principal produto e com uma produção
marginal do açúcar refinado.

6.1.11 Fabricação de massas alimentícias, cuscus e similares

Compreende a fabricação de massas alimentícias, frescas ou secas, cozidas ou não e


incluem-se também massas alimentícias recheadas.

6.1.12 Indústria do café e do chá

Compreende actividades tais como: torrefacção de café e sucedâneos; moagem;


descafeinação; fabricação de café solúvel e de misturas solúveis; preparação,
transformação e misturas de chá. Inclui o empacotamento associado às actividades de
transformação do café e do chá.

6.1.13 Fabricação de bebidas alcoólicas destiladas

Compreende a produção e acondicionamento de aguardentes, brandies, aguardentes


vínicas velhas, whisky, rum, genebra, licores e outras bebidas espirituosas.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 68


Janeiro de 2003
6.1.14 Produção de vinhos e de bebidas fermentadas de frutos

Compreende a produção de vinhos de mesa a partir de uvas adquiridas a terceiros, de


vinhos licorosos, de vinhos espumantes e espumosos, de vermutes, de cidra e de outras
bebidas de fermentação de frutos.

O país conta com algumas unidades produtoras de vinhos, licores e outras bebidas
espirituosas. Em 1987 haviam seis unidades nesta categoria – A. Dias Coelho, VIMOC,
SOVIM (Maputo e Beira), Licores de Moçambique (Maputo e Beira). Actualmente
verifica-se uma proliferação de mais unidades como Quinta de Couço, Vimbeira, Cabeça
de Velho, Sociedade de vinhos de Nacala (VINICALA), Fabrica de Carrupeia, Damasco
do Espírito Santo e Destilaria de agua de Bengo. Esta é uma das áreas que menos
recursos humanos emprega. O processo consiste basicamente no tratamento de água e
posterior adição de álcool até uma percentagem de 40%. O álcool é normalmente
produzido localmente a partir de laranja, banana e papaia e, nalguns casos, importado dos
países vizinhos. Tratando-se de pequenas fábricas, o processo é completamente manual
e a capacidade de produção é de algumas centenas de garrafas por dia. Estas empresas
trabalham normalmente mediante encomenda. Envolve muito pouco equipamento
destacando-se o sistema de purificação da agua – o purificador.

Estas empresas a pesar de serem consideradas destiladoras, não tem unidades de


destilação funcionais (UNIDO 2000)

6.1.15 Fabricação de cerveja e malte

Compreende a produção de cerveja com e sem álcool.

A produção da cerveja no país era garantida por três unidades fabris estabelecidas entre
1932 e 1965. Após a independência as três unidades fabris estiveram sob gestão do
estado e foram reabilitadas em 1986 antes de em 1995 passarem à gestão privada. Devido
à necessidade de aumentar o volume de produção e devido ao estado avançado de
obsolescência, novas linhas de produção foram adquiridas e instaladas.

Das três unidades, actualmente duas continuam operacionais uma no Maputo e a outra em
Sofala (Beira) sob gestão comum da SAB, uma multinacional sul africana. A matéria
prima usada na produção de cerveja (malte, lúpulo e açúcar) é essencialmente importada
da Europa e de alguns países vizinhos.

6.1.16 Produção de águas minerais e de bebidas refrescantes não alcoólicas

Compreende a exploração e engarrafamento de aguas de mesa (águas de nascente


natural), de agua mineral natural (gaseificada ou não), de agua mineral artificial
(enriquecida com anidrido carbónico) e a fabricação de bebidas refrescantes não
alcoólicas aromatizadas e ou adicionadas de edulcolorantes (refrigerantes como a
laranjada, limonadas e colas) de extractos naturais (aguas tónicas, etc) incluindo a
produção de bebidas à base de frutos bem como xaropes e de produtos em pó para a pós
para bebidas.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 69


Janeiro de 2003
O país conta com quatro unidades de produção de refrigerantes localizadas nas províncias
de Maputo, Manica e Nampula.

6.1.17 Indústria do tabaco

A industria de tabaco compreende a fabricação de cigarros, cigarrilhas, charutos, tabaco

de cachimbo e rapé.

No país não existe nenhum estabelecimento fabril de processamento do tabaco. O tabaco


usado no fabrico de cigarros é de origem importada. Em 1987 o país contava com 4
unidades de produção de tabaco produzindo cigarros com e sem filtro, destinados
essencialmente para o consumo nacional, baseando-se essencialmente na matéria prima
importada (tabaco, papel para o cigarro e matéria prima para a produção dos filtros). O
equipamento reportado em 1987 era bastante velho construído entre 1939 e 1958 com
uma produção à 50% da capacidade nominal instalada. Não obstante as necessidades em
novos equipamentos, aquisição em segunda mão era a opção pois o equipamento
internacional é de alto volume e muito sofisticado.

Não foram encontrados estudos feitos no subsector da indústria de tabaco sobretudo nos
aspectos da tecnologia de produção. Sabe-se entretanto, que as 4 unidades existentes
foram privatizadas, pertencendo actualmente à “British Tobacco International”.

6.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo

Os estudos identificados referem-se a tecnologias usadas e equipamentos de algumas


unidades industriais. A descrição dessas tecnologias é apresentada no anexo 4.

6.3 Descrição das Tecnologias

6.3.1 Abate de animais, preparação e conservação de carne e de produtos à base de


carne

Nos matadouros e casas de matanças aqui referenciados em todas as linhas de suínos,


bovinos, ovinos/caprinos as operações que compreendem a sangria, esfola, evisceração,
limpeza e acabamento, inspecção, laminas de serra e correntes de sangria são manuais
com uso de equipamento (máquinas e facas) bastante obsoleto.

No abate de animais de pequena espécie existe apenas uma unidade industrial semi-
mecanizada. Ao longo da linha é notável o uso intensivo da mão-de-obra em diversas
operações como a degolação, evisceração e outras. Os pequenos avicultores processam
domesticamente com recurso aos métodos tradicionais.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 70


Janeiro de 2003
6.3.2 Transformação e conservação de peixe e de outros produtos da pesca e da
aquacultura

A Tecnologia de processamento do pescado está intimamente ligada à de captura.


Actualmente o processamento do pescado nacional esta virado ao processamento
primário em fresco de modo a garantir a qualidade desejada e exigida pelos mercados
exteriores destinatários. Grande parte da produção industrial de camarão é exportada
como congelados á bordo e o peixe é exportado em fresco com recurso á técnicas de
conservação modernas. O manuseamento e processamento em fresco até ao
empacotamento decorre na sua totalidade a bordo no caso das embarcações industriais e
em alguns casos nas embarcações semi-industriais as quais recorrem também aos
estabelecimentos em terra. Para os mercados europeus os quais se destacam pelas
elevadas exigências de qualidade o sistema rigoroso de controle de qualidade preventivo
designado “Hazard Analysis Critical Control Point” (HACCP) bem como as análises
laboratoriais sensoriais e químicas são de importância crítica

6.3.3 Indústria de conservação de frutos e de produtos hortícolas

Conservação e processamento de frutos e hortícolas

A preservação e o enlatamento é baseado em técnicas simples recorrendo-se ao


processamento térmico e preservação química. Os equipamentos usados nos
estabelecimentos fabris no país são bastante obsoletos proporcionando baixo rendimento
industrial. Grande parte das empresas é tida como operando em condições inadequadas
para o processamento de produtos alimentares, devido a equipamentos obsoletos, assim
como os processos na generalidade são manuais e efectuados em instalações deficientes.
Consequentemente, para além de uma baixa qualidade do produto, as condições
higiénicas em que o mesmo é processado ficam muito aquém do desejável.

Descasque e conservação da amêndoa da castanha de cajú

A produção da amêndoa a partir da castanha bruta é primariamente um processo de dois


estágios. O primeiro estágio consiste em aquecer a castanha de modo a que se torne
quebradiça. Este processo pode ser feito por fritura da castanha no líquido da própria
casca (CNSL), ou usando vapor para conseguir alcançar o mesmo objectivo. Após o
tratamento térmico, há quatro processos tecnológicos usados para o descasque da
amêndoa. Dois métodos são de trabalho puramente manual e intensivo, e outros dois são
altamente automatizados. Os métodos de descasque incluem martelada (para quebrar),
corte a pedal, corte mecânico e o descasque por impacto mecânico.

A tecnologia de impacto, em relação às tecnologias de corte mecânico e semi-mecânico,


é considerada pouco competitiva uma vez que não permite a obtenção em grande escala
da amêndoa inteira. Um dos factores de maior importância no estabelecimento de preços,
e que dita posteriormente a colocação do produto acabado no mercado, nacional, ou
internacional, é o tipo de tecnologia utilizada no manuseamento da matéria prima. Das
tecnologias acima expostas, dá-se o maior incentivo a utilização de tecnologias de corte
mecânico e semi-mecânico porque resultam num maior rendimento de amêndoa inteira.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 71


Janeiro de 2003
No quadro 6.1 estão apresentados dados comparativos dos tipos de tecnologia usadas em
Moçambique (TECHNOSERVE 2001).

Quadro 6.1 - Dados comparativos dos tipos de tecnologia


Tipo de processo Capacidade Média Homens/dia Possível
de de (processar 1 %
processamento rendimento tonelada) de inteiras
1996/98 (%) embalagens
Manual/ Martelo 900 21 140 65
Semi-mecânico 9 350 21 90 70
Impacto 20 250 20 50 55
Mecânico 18 600 20 25 60

6.3.4 Produção e refinação de óleos e gorduras

No geral a produção de óleo envolve três fases principais a saber, extracção, refinação e
enchimento (ACP 1992 e Magenge 2000). A extracção é a operação através da qual a
gordura contida na semente (oleaginosa) é separada usando sistemas mecânicos
(prensagem) e processos químicos (uso de solventes orgânicos). O equipamento usado na
extracção são as prensas geralmente de parafuso de até 12 toneladas/hora. As sementes
podem ser submetidas a uma única prensagem, dupla ou a uma prensagem ligeira e
seguida de extracção por solventes.

A refinação de óleos vegetais processa-se em três fases; neutralização, descoloração e a


desodorização. Estas fases podem ser contínuas, descontínuas ou ainda semi-contínua. A
refinação é tida como a fase mais importante durante o processo pois é nesta que o óleo
bruto é tratado até adquirir características adequadas ao consumo humano. A
transformação do óleo bruto envolve vários processos químicos, onde a cor e o cheiro
são regulados. A descoloração e a desodorização envolvem elevadas quantidades de
calor, sendo, esta fase no geral automatizada para reduzir acidentes. O equipamento
fundamental nesta fase são os separadores centrífugos, o descolorador, o desodorizador e
os filtros. Segue-se depois a fase do enchimento na qual são observados todos os
cuidados para evitar a perda das características adquiridas no processo de produção. O
equipamento principal nesta etapa do processo é a enchedora que é um dispositivo dotado
de um conjunto de válvulas calibradas mediante a embalagem. Depois de enchidas são
capsuladas, rotuladas e finalmente embaladas. Esta fase é normalmente automática sendo,
portanto, reduzido o envolvimento do homem

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 72


Janeiro de 2003
6.3.5 Indústria de lacticínios e fabricação de margarinas e de gorduras alimentares
similares

Leite condensado

A produção de leite condensado é um processo completamente descontínuo envolvendo,


como é óbvio, muita intervenção humana. Consiste fundamentalmente na dissolução do
leite em pó e adição de açúcar de modo a atingir o nível de concentração desejada. A
produção de leite fresco consiste basicamente no tratamento do leite crú usando calor
(pasteurização) com o objectivo de eliminar prováveis contaminações e inactivar
algumas enzimas que contribuem para a deterioração posterior do mesmo. A
pasteurização pode decorrer a diferentes temperaturas, resultando assim o leite chamado
pasteurizado (temperaturas baixas) e o leite UHT, temperaturas muito altas. O produto
é tratado assépticamente e depois embalado em garrafas ou em embalagens Tetrapack
(leite UHT).

6.3.6 Transformação de cereais

A produção envolve as operações de preparação da semente (onde as impurezas


eventualmente existentes são separadas e a humidade controlada), moagem propriamente
dita em que o grão é forçado a passar por entre dois rolos separados de forma que o grão
seja triturado, classificação (onde a granulometria é fixada mediante as especificações) e
finalmente o sector de empacotamento ou ensacagem dependendo do tipo de embalagem.

6.3.7 Descasque, branqueamento e glaciagem de arroz

Grande parte do arroz produzido e consumido pelo sector familiar é basicamente


processado com meios tradicionais como o pilão. Estima-se que cerca de 80% do arroz
produzido é processado nestas condições (MIC/DNCI 2000).

O país está a registar uma proliferação de maquinetas de escala média de processamento


de arroz, sobretudo, nas províncias de Sofala e Zambézia (MIC/DNCI 2000). São
essencialmente maquinetas compactas processando o arroz mecanicamente sem
capacidade de separar o arroz do resto dos resíduos (Muendane, 2001). Com uma
capacidade que varia entre 600 a 800 kg/h, estas unidades de descasque de pequena
escala prestam serviços aos produtores do sector familiar.

6.3.8 Indústria do açúcar

A produção de açúcar é um conjunto de operações unitárias, envolvendo a transferência


de massa, calor, transporte de fluídos e algumas operações unitárias mecânicas de
separação.

Para a extracção de sumo, usam-se moinhos de rolos, entrando a cana e adicionando água
de embebimento. Resulta daqui o sumo misto e o Bagaço que serve de fonte de
combustível para as caldeira na produção de Vapor. O tratamento de sumo misto até a
clarificação, envolve transferência de calor, reacções químicas e sedimentação para além
da filtração. Este processo é todo automatizado, bastando para tal inserir os “set points”.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 73


Janeiro de 2003
A concentração do sumo clarificado é feita em evaporadores de múltiplos efeitos (ex: 4
efeitos na Maragra). Segue-se depois a cristalização, um processo que resulta na
obtenção de cristais de açúcar a partir do sumo concentrado podem decorrer tanto por
aquecimento ou por arrefecimento. Obtidos os cristais faz-se depois a centrifugação
separando-se assim o açúcar do melaço.

A secagem é a fase final de processamento. Usam-se secadores rotativos e em


contracorrente e semi-automáticos, dependendo do - “inputs”/velocidade de rotação e
tempo residência.

O ensacamento, a operação de embalar o açúcar em sacos, é semi-automatizado. Como se


pode depreender, este sector de actividade tem maior parte das suas actividades
dependentes dos recursos humanos e é uma das áreas que mais mão de obra não
qualificada usa.

6.3.9 Fabricação de cerveja e malte

A cerveja é essencialmente produzida por métodos tradicionais. Nas etapas envolvidas


na produção de cerveja – moagem do malte, extracção e filtração, vaporização,
fermentação, filtração e enchimento, o equipamento é velho e obsoleto e o controlo e
coordenação é completamente humano e não automatizado. Maior parte do equipamento
usado foi adquirido em segunda mão durante a fase de reabilitação e restruturação das
fábricas

6.3.10 Produção de águas minerais e de bebidas refrescantes não alcoólicas

A produção de refrigerantes é baseada nos concentrados importados sob licença dos


detentores das marcas. O processo de produção consiste basicamente na dissolução dos
concentrados aos níveis desejados e posterior enchimento/embalamento. Tal como no
ramo cervejeiro, a inspecção de garrafas é através de detectores electrónicos.

Sabe-se que existem algumas unidades de produção de água mineral, todavia, não há
nenhuma literatura a respeito dos métodos de produção empregues.

6.3.11 Indústria do tabaco

O tabaco é adquirido em folhas secas e tratadas/curadas e em pedaços. É seco ainda mais


na fábrica e depois é enrolado e posteriormente se adiciona o filtro

6.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação a Padrões Regionais


e Internacionais
A indústria de transformação de alimentos, bebidas e tabaco dispõe-se duma ampla
diversidade de tecnologias de produção, contudo é fundamentalmente caracterizada por
fraco desempenho, baixa capacidade de utilização (inferior a 30%), baixa produtividade
e uso de equipamento obsoleto (UNIDO 2001). Altos custos de produção associados com
baixos rendimentos industriais, uso intensivo da mão-de-obra associado com uso de
equipamento ineficiente e importação de material de embalagem, baixa capacidade

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 74


Janeiro de 2003
técnica e de gestão bem como meios financeiros para aquisição de equipamentos
modernos são apontados como os principais factores que caracterizam a baixa
produtividade da indústria (UNIDO 2001).

Muitas unidades operam com equipamento depreciado e ou obsoleto, com idade média de
25 anos, manutenção industrial e os serviços de controle de qualidade bastante precários e
as tecnologia de informática são maioritariamente usadas na área administrativa como
ferramenta de apoio, não estando integrado num sistema de gestão da produção (AIMO,
1998).

Faz-se a seguir a avaliação de algumas áreas específicas.

O processamento do pescado em estabelecimentos terrestres em Moçambique revela-se


bastante subdesenvolvido. No que concerne ao processamento do pescado em fresco, que
decorre a bordo em embarcações industriais, a utilização de técnicas modernas de
controle de qualidade coloca esta indústria a um nível que se compara aos padrões
internacionais.

Na área dos frutos e produtos hortícolas no geral, é difícil fazer-se uma avaliação mais
profunda mesmo a nível da região e a nível internacional . Esta indústria encontra-se
bastante debilitada situando-se longe daquilo que seria o nível desejado. As tecnologias
são ultrapassadas, podendo-se considerar inapropriadas, sem controle de qualidade
aceitável para competir com os padrões internacionais. A nível da região da SADC, a
África do Sul domina o mercado de sumos e outros produtos à base de frutas produzidos
em instalações com tecnologias modernas com um nível de controle de qualidade
bastante avançado e eficiente

A nível regional, a Indústria do Cajú moçambicana apresenta uma tecnologia mais


avançada apesar dos problemas que esta indústria atravessa. Embora limitando-se ao
processamento da castanha, em Moçambique pode-se dizer que a Indústria de Cajú
existe.

Em geral, pode-se considerar que a tecnologia de processamento de castanha de cajú de


Moçambique situa-se na primeira posição, comparativamente a outros países como
Malawi, Madagáscar, Uganda, Nigéria e Tanzânia.

No Malawi o processamento da amêndoa é ainda artesanal.. O tratamento térmico é feito


por fritura e o descasque é manual. Não existe ainda uma Indústria do Cajú desenvolvida
e a sua produção anual foi de 44,3 toneladas em 2001 (INCAJU, 2001). Na Nigéria a
produção é maior que a do Malawi. Entretanto das 170.000 toneladas produzidas por ano,
90.000 toneladas são vendidas e exportadas em bruto. Existem, apenas, pequenas
unidades de processamento da castanha. Na Tanzânia nos anos 60 a 80 existiam 12
fábricas de larga escala com capacidade instalada de 115.000 toneladas de castanha bruta.
Actualmente, tal como aconteceu em Moçambique, 11 destas fábricas encontram-se
encerradas. O negócio da castanha de cajú na Tanzânia está actualmente virado para a
exportação em bruto. Desde então, foram desenvolvidas apenas duas unidades de
processamento de 1.500 e 4.000 toneladas por ano. Para além destas fábricas, existe um

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 75


Janeiro de 2003
grupo de pequenos processadores formalmente conhecidos que produzem cerca de 1% do
total da castanha produzida no país. Este tipo de pequenas unidades de processamento
constitui vantagem devido ao baixo custo de instalação (86% da castanha obtida é inteira)
e a utilização de mulheres como principal mão-de-obra. Porém, estes pequenos
produtores enfrentam problemas que se relacionam com a habilidade na fritura,
empacotamento, falta de capital, armazenamento e baixa qualidade dos produtos obtidos.

No Uganda, a Indústria do Cajú é ainda rudimentar onde a fritura é feita de uma forma
artesanal. Neste país, existem apenas dois pequenos equipamentos, adquiridos por
privados, utilizados para a fritura da castanha de cajú.

Na indústria de óleos e sabões embora algumas melhorias se tenham introduzido nas


empresa nacionais a capacidade instalada das mesmas e a utilização de processos
descontínuos em algumas fases do processamento, como é o caso da refinação, torna a
classificação do tipo de tecnologia usada de baixo nível compara as tecnologias usadas na
região. Enquanto em Moçambique uma fábrica de óleos produz 20 toneladas de óleo por
mês, No Zimbabwe as fábricas produzem por dia entre 60 a 100 toneladas por dia. O
mesmo se pode dizer em relação à África do sul onde a tecnologia usada é das mais
avançadas incluindo a utilização de refinação física em substituição da refinação química.

6.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
No geral o estado de conservação e das condições de funcionamento dos matadouros é
lastimável. A localização e Implantação, o estado exterior dos edifícios, as abegoarias
(currais), as naves de abate e preparação das carcaças, a triparia, e instalações de
frigoríficos são inadequados.

O manuseamento e processamento do pescado artesanal é essencialmente feito através de


métodos e técnicas tradicionais. A utilização de gelo e técnicas de armazenagem
refrigerada para os produtos comercializados em fresco é limitada apenas às zonas
urbanas relativamente desenvolvidas. As instalações de processamento são precárias.
Actualmente não há investimentos quer na modernização quer na construção de
estabelecimentos de processamento de produtos pesqueiros ao nível artesanal.

O desenvolvimento da classe dos frutos e produtos hortícolas é bastante problemático:


instalações péssimas, falta de matéria prima (produção e transporte), escassez de técnicos
qualificados e de laboratórios de apoio para as condições de processamento de matérias
primas locais e controlo de qualidade das matérias primas e subsidiárias e dos produtos
acabados.

A reabilitação técnica do equipamento existente de modo a adequá-lo as novas


tecnologias ou introdução de novas tecnologias é urgente, assim como a formação
profissional do corpo técnico no contexto das actuais tecnologias e com um maior ênfase
na consciência sobre o factor qualidade e higiene no trabalho. Por outro lado ainda no
que concerne a qualidade a introdução de HACCP (Hazard Analysis and Critical Control
Points) e do GMP (Good Manufacturing Practice) é um aspecto a considerar neste tipo de

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 76


Janeiro de 2003
indústria, sem as quais não se pode pensar em produzir produtos de qualidade para o
consumo interno e nem mesmo competir para a exportação dos produtos.

A área do cajú (processamento da castanha) é o único que ainda procura se manter activo,
embora as grandes fábricas tenham encerrado acima de tudo devido ao tipo de tecnologia
que estas apresentam: processamento mecanizado que se refere ser menos competitiva
(WHOLPE 1994). As unidades de processamento desta área de produção enfrentam
vários tipos de problemas como os relacionados com a tecnologia (por esta ser
inadequada) e, simultaneamente, com uma mistura de tecnologias - manual a martelo,
mecânica por corte, mecânica por impacto e semi-mecânica e, ainda, fritura e injecção de
vapor A introdução de tecnologias simples e instalações semi-mecanizadas parece ser a
alternativa para esta área. Devido aos problemas que a Indústria do Cajú tem vindo a
enfrentar nos últimos anos, esta indústria tem sido objecto de estudo por várias entidades
como a Incajú, ONG’s. Estes estudos cingem-se sobre a alteração estrutural da Indústria
do Cajú, sendo preconizados em função das características técnicas e tecnológicas das
unidades existentes.

A falta da matéria prima nacional, peças sobressalentes e equipamentos constituem


alguns dos constrangimentos que afectam a área dos óleos. O equipamento usado é
caracterizado como obsoleto, precário estado de conservação, força de trabalho
predominantemente não qualificada, baixa capacidade de utilização com carências de
aprovisionamentos e energia.

Na área do arroz, as unidades de processamento mecanizado de pequena escala apesar de


revelarem certas vantagens dada a sua elevada mobilidade, possibilidade de serem
instaladas nas zonas de colheita sem custos adicionais em instalações especiais como
edifícios e dispensam o uso da corrente eléctrica, produzem no entanto com baixa
qualidade: não são capazes de polir e nem de classificar o arroz final. O rendimento
industrial das maquinetas situa-se na ordem dos 50% e 55% com cerca de 30% a 40% do
arroz partido.

6.6 Indicação das áreas que necessitam de estudos adicionais

O processamento do pescado em terra com vista a sua conservação e obtenção de


produtos à base de pescado, deverá constituir prioridade neste ramo particularmente no
que se refere a realização de estudos para a conservação e processamento do pescado.

O processamento de frutos e hortícolas é uma área que necessita urgentemente de


realização de estudos que visem desenvolver o ramo. É necessário que se realizem
estudos para a instalação de novas fábricas, com a introdução de tecnologias modernas de
modo a competir com o mercado da região e internacional. Por outro lado deve se fazer
uma análise aos estudos realizados no passado, procurando adaptar as tecnologias
existentes às novas tecnologias, assim como encontrar formas de concretização dos
projectos de processamento do fruto do cajú já iniciados.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 77


Janeiro de 2003
È importante que os estudos não só incidam nas tecnologias de processamento, mas
também devem considerar outros aspectos dos quais a utilização da tecnologia é
dependente. É necessário portanto, realizar estudos que incluam:

a) o fomento das culturas hortofrutícolas que se adequem as fábricas a instalar,


motivando os agricultores. Esta motivação deverá incidir na assistência técnica e
financeira, garantia de aquisição, preço compensador e abastecimento do produtos
com bens de consumo essenciais e ainda criação de uma rede de transportes
eficiente e adequada para o efeito;

b) Formação e treino de técnicos em indústrias alimentares:

c) Providências legislativas fixando a obrigatoriedade do controlo de qualidade dos


produtos vendidos e a criação de laboratórios apropriados que vão de encontro
com o controle de qualidade.

Estudos adicionais para complementar os estudos já elaborados poderiam ser feitos na


área de processamento da pêra de cajú, pode-se considerar a possibilidade de
processamento artesanal, numa primeira fase.

Na área dos óleos estudos sobre a introdução da Refinação Física em vez da Química a
introdução de tecnologias modernas incluindo a automatização das instalações de modo a
aumentar a capacidade das fábricas devem ser considerados.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 78


Janeiro de 2003
7 SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DAS
INDÚSTRIAS TÊXTEIS, DO VESTUÁRIO E COURO

7.1 Descrição do Ramo


Este ramo é constituído por empresas de têxteis, de vestuário e de couro, representando
cerca de 12% do valor da produção da indústria transformadora do país. Este volume de
produção é na sua maioria realizado pelas indústria têxtil e de vestuário, pois a produção
da indústria de couro tem pouca expressão. Assim a indústria têxtil e de vestuário teve,
no ano 2000, uma produção de cerca de 53 biliões de Meticais, no mesmo ano a
fabricação de artigos de couro, pele e calçado produziu cerca de 3 biliões de Meticais (a
preços constantes) (Instituto Nacional de Estatística, 2001)

O ramo, no seu todo, enfrenta muitas dificuldades, tais como falta de matéria, mau estado
técnico do equipamento, mercado e outros. Por estas razões o ramo está a operar a níveis
muito baixo da sua capacidade instalada, tendo muitas das suas unidades fora de
actividade.

Os produtos principais são tecidos de algodão e sintéticos, fios e cordas de sisal,


passamanarias, cobertores, malhas e artigos de malha, alcatifas, peúgas, almofadas,
artigos de vestuário, sacarias diversas, couro e artigos de couro. As principais matérias
primas são as fibras de algodão, de sisal, acrílicas, fios de algodão, de nylon, de lastex, de
acrílico, de poliester, de polietileno, de seda viscosa, polietileno e polipropileno. Com
excepção das fibras de algodão e de sisal e fios de algodão, as restantes matérias primas
são importadas.

Grande parte da industria têxtil, em Moçambique, foi desenvolvida, entre 1971 e 1982,
com excepção da uma empresa (Textáfrica) constituída em 1950 (Seres, 2000). Segundo
a mesma fonte, a industria têxtil, no país, é composta por cerca de 20 empresas, entre
produtoras de roupa de algodão e/ou sintética totalmente integradas (fiação, tecelagem e
tingimento/estampagem acabamento), produtoras de cobertores, produtoras de sacos de
polipropileno, produtora de fio e corda de sisal e de decorações (rendas), empresas de
tecelagem e de tricotagem,. Todas estas empresas estão fechadas, com excepção de 3 que
funcionam abaixo de 20% das sua capacidade instalada. Algumas empresas deste ramo
nunca chegaram a funcionar.

A indústria de vestuário de Moçambique, é considerada saudável do ponto de vista do


mercado. Mais de metade das empresas desta indústria vende a totalidade da sua
produção ao mercado internacional. Contudo a taxa de utilização da capacidade instalada
é baixa, tendo sido estimada em cerca de 70%, no ano 2000 (Coughlin, 2000).

Os produtos principais da indústria de vestuário são: vestuário de malha (camisolas


interiores e exteriores, fatos e saias de malha e outros artigos não especificados), peúgas,
redes, Fardas, batas, fatos macacos, camisas, calças, calções, blusas e saias de tecido,
vestidos, soutiens, casacos, cuecas, balalaicas, lenços de senhoras e de bolso.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 79


Janeiro de 2003
A industria de couro, em Moçambique, encontra-se numa situação difícil, tanto a nível da
produção de peles curtidas, como a nível da produção de artigos de pele. A produção de
peles teve o seu declínio com a drástica redução da população bovina a nível nacional, o
que originou a falta de matéria prima para este ramo da indústria nacional.

A produção de artigos de couro, que conta com mais de dez empresas mecanizadas,
conheceu igualmente uma baixa significativa da sua produção, devido, em grande
medida, ás razões acima apontadas.

7.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo


7.2.1 Estudos existentes no ramo

No ramo das indústrias de vestuário e couro, foram identificados sete estudo, que contém
informação relevante, sobre algumas das tecnologias em uso em Moçambique. Do total
dos estudos identificados, quatro são da área de têxteis e de vestuário, sendo os restantes
da área de couro e artigos de couro. Estes estudos foram realizados entre 1987 e 2001.

Os estudos identificados, dão uma indicação sobre a tecnologia usada, descrevendo o


processo tecnológico e/ou equipamento instalado nas unidades produtivas do ramo.
Destes estudos destaca-se o da autoria da Austral Consultores e Projectos Lda.,
principalmente, pela s descrição detalhada das tecnologias usadas nas indústrias têxteis e
de vestuário. O anexo 4 apresenta resumos e outros detalhes sobre os referidos estudos.

7.2.2 Tecnologias usadas no ramo

7.2.2.1 Tecnologias usadas na indústria têxtil

Este ramo é muito heterogéneo compreendendo vários tipos de tecnologias. Assim temos:

Tecnologia para a produção de tecidos de algodão

A tecnologia usada, em Moçambique para a produção de tecidos de algodão é clássica


com recurso a máquinas universais. A matéria prima utilizada é 100% algodão. Os
tecidos de algodão produzidos são 85% cardados e 15% penteados. Não é utilizada a
tecnologia “Open – End” (Austral Consultoria e Projectos, 1992).

O processo tecnológico de produção de tecidos de algodão consiste de preparação de


fiação e fiação, preparação de tecelagem e tecelagem e finalmente, tinturaria,
estampagem e acabamento. O equipamento usado na fase de preparação de fiação e
fiação é composto de alimentadores, abridores, batedores, limpadores, cardas,
laminadores, penteadeiras, torces e contínuos. Na fase de preparação da tecelagem e
tecelagem usa-se bobinadeiras automáticas, urdideiras, engomadeiras, caneleiras e teares
com e sem lançadeiras. A fase de acabamento é equipada com máquinas de lavar,
branquear, tingir, secar, estampar e fixar.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 80


Janeiro de 2003
Algumas empresas produtoras de tecidos de algodão não possuem todas as fases do
processo tecnológico acima descrito, limitando-se a executar apenas a tecelagem ou
tecelagem e acabamento.

Tecnologia para a produção de tecido sintético tipo lã

A fabricação de tecido sintético tipo lã é efectuada na Riopele única empresa nacional


com tecnologia para a produção deste tipo de tecido (Austral Consultoria e Projectos,
1992). A matéria prima utilizada é uma mistura de 70% poliester e 30% viscose. O
processo tecnológico é vertical, iniciando com a fibra sintética até ao produto acabado. A
matéria prima passa pela preparação da fiação e fiação, depois pela preparação de
tecelagem e tecelagem e finalmente pela tinturaria estampagem e acabamento. Todos os
equipamentos foram instalados novos e têm 12 a 15 anos (Austral Consultoria e
Projectos, 1992)

Tecnologia para a produção de passamanarias

A matéria-prima utilizada na produção de passamanarias, em Moçambique, é o fio de


algodão, fio poliester, fio nylon, seda viscosa e fio de borracha.

O processo tecnológico de produção de passamanarias consiste de preparação, tecelagem


e acabamento. Contudo, cada produto ou grupo de produtos obedece a um tratamento
específico. Assim, para a produção de elástico e das fitas galão, faily, franzil, de estores e
torcida se usa teares. Para a produção de atacadores, espiguilha e elástico de rolinhos
utilizam-se máquinas circulares. A fabricação de elásticos e rendas é feita em máquinas
de crochet.

O principal equipamento para a produção de passamanarias são urdideira, caneleira,


teares “Texnovo”, teares de crochet, máquinas circulares “Krenzler”, calandras e
rebobinadores. O equipamento instalado nas empresas existentes no país, foi instalado em
estado novo e tem 15 a 16 anos de idade (Austral Consultoria e Projectos, 1992).

Tecnologia para a produção de fios e cordas de sisal

A única empresa nacional que produz fios e cordas, a partir da fibra de sisal, é a
CICOMO, localizada em Nacala. A tecnologia usada tem um grau de automatização
muito baixo. O equipamento usado tem mais de entre 18 e 24 anos de uso e foi adquirido,
na sua totalidade, Irlanda (Austral Consultoria e Projectos, 1992).

O processo tecnológico consiste das seguintes etapas: preparação da fiação e fiação,


rotação, rebarbação e bobinagem.

Tecnologia para a produção de cobertores

Em Moçambique, são utilizados dois tipos de tecnologias na fabricação de cobertores. A


tecnologia clássica, é usada na produção de grande parte dos cobertores produzidos
localmente enquanto que a tecnologia sem tecelagem, denominada Maliwat-Aracne é
usada numa escala menor de ponto de vista da produção local.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 81


Janeiro de 2003
Na tecnologia clássica os cobertores são fabricados com fio teia de algodão e na trama a
fibra acrílica e a fibra de algodão. A tecnologia Malwit-Aracne, usa como matéria prima
a fibra acrílica e fibra de algodão que no processo de produção, formam um tapete fixado
com fio poliester. Contudo o processo tecnológico consta das mesmas etapas que são a
preparação da fiação e fiação, a preparação da tecelagem e tecelagem e finalmente o
acabamento.

O equipamento utilizado na produção de cobertores é constituído por alimentadores,


batedores, cardas, contínuos, bobinadeiras, urdideiras, teares e perchas (Austral
Consultoria e Projectos, 1992).

Tecnologia para a produção de almofadas, colchões e capachos

A tecnologia usada na produção de almofadas e colchões, a nível nacional, é do tipo


artesanal com recurso á máquinas de costura e trabalho manual. Os capachos são
produzidos com base em teares manuais. A matéria prima usada, tanto de capachos como
de almofadas e colchões é baseada em desperdícios das outras fábricas têxteis (Austral
Consultoria e Projectos, 1992).

Tecnologia para a produção de sacos de ráfia sintética

A tecnologia usada para a produção de sacos de ráfia é considerada de bom nível . O


processo tecnológico consiste de fabricação de plásticos, fabricação de fios para teia e
trama, preparação da tecelagem e tecelagem e finalmente acabamento.

O equipamento que assegura a produção é composta de conjunto fusão, bobinadeiras,


teares circulares com lançadeira, tesoura térmica e máquinas de costura (Austral
Consultoria e Projectos, 1992).

Tecnologia para a produção de tecidos de malha

A produção de tecidos de malha sintética tem como matéria prima o fio poliester
texturizado e fio poliester / algodão (50%/50%). O processo tecnológico é composto por
duas etapas básicas, tricotagem e tinturaria e estampagem.

O principal equipamento utilizado é constituído por máquinas circulares para a


tricotagem, maquina de tingir e máquinas de estampar com papel transfer (Austral
Consultoria e Projectos, 1992).

Tecnologia para a produção de redes de pesca

A matéria prima utilizada é o fio de nylon monofilamento, multifilamento e polietileno.

O equipamento principal usado na produção de redes de pesca é constituído por teares


automáticos, bobinadeiras e esticadores (Austral Consultoria e Projectos, 1992).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 82


Janeiro de 2003
7.2.2.2 Tecnologias usadas na indústria de vestuário

Devido á grande variedade de produtos e da matéria prima utilizada neste ramo, a


tecnologia usada é igualmente diversificada. Assim temos:

Tecnologia para a fabricação de vestuário de malha

A produção de vestuário de malha tem as seguintes fases: fabricação de malha, fabricação


de vestuário de malha e acabamento. Consoante a tecnologia usada produzem-se os
seguintes tipos de malha: 65% de malha circular, 30% de malha rectilínea e 5% de malha
Ketten Rachel. A matéria prima usada é o fio de algodão para a malha circular, fio
acrílico para a malha rectilínea e fio poliester e fio nylon para as malhas Ketten Rachel
(Austral Consultoria e Projectos, 1992).

O equipamento usado é constituído pelas máquinas circulares, máquinas rectilíneas,


máquinas Ketten Rachel, máquinas de costura e prensas.

Tecnologia para a produção de peúgas

A tecnologia usada numa das duas empresas, produtoras deste produto, é actual
utilizando máquinas de tricotar, máquinas de remalhar e formas eléctricas.

A matéria prima usada é o fio de nylon, fio acrílico, fio de algodão e lastex (Austral
Consultoria e Projectos, 1992).

Tecnologia para a produção de vestuário

A matéria prima principal é constituída por tecido de algodão, tecido algodão poliester e
tecido sintético. O equipamento principal consiste de máquinas de costura industriais,
máquinas de corte e coser, máquinas de casear, máquinas de pregar botões, etc. Em geral
as máquinas usadas são universais, sendo as operações e sua sequência dependentes da
especificidade do produto.

7.2.2.3 Tecnologias usadas na indústria de couro

Curtição de peles

A tecnologia de processamento situa-se dentro das seguintes actividades: preparação,


curtição da pele e conversão, Preparação de acabamento, Acabamento e Controle técnico
e de qualidade.

A tecnologia é baseada em peles de bovino e de caprinos funcionando como curtição ao


cromo ou ao vegetal. O processo de curtição das peles e conversão, usa uma tecnologia
simples, com reduzido uso de produtos químicos. A preparação de acabamento, começa
com a secagem do cabedal húmido, passando pelo alisamento e pelo amaciamento, com
uso de meios mecânicos. Os processos de acabamento são operações superficiais de
camada. O controle de qualidade, consiste na verificação de temperaturas, leituras de pHs

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 83


Janeiro de 2003
e a verificação das secções de corte do cabedal nos vários estágios do processo (UNIDO ,
1989).

Produção de artigos de couro

A produção de artigos de couro, em Moçambique, é feita na sua maioria com base em


equipamento mecanizado, consistindo basicamente em corte e costura. Estas operações
são feitas com recurso a máquinas especializadas

7.3 Avaliação da Tecnologia em Relação aos Padrões Regionais e


Internacionais
Em geral os processos tecnológicos, referente á produção de têxteis vestuário e couro,
aplicados em muitas empresas nacionais regionais e/ou internacionais é clássico. A
indústria nacional deste ramo, tem se situado, internacionalmente, num plano razoável no
que diz respeito à competitividade, qualidade e produtividade. Por exemplo, a
produtividade das indústrias nacionais de vestuário é, em média, igual á da Coreia do Sul
e superior à da Índia e China (Coughlin, 2000). Contudo, em Moçambique, algumas
áreas de actividade, tais como produção de colchões e almofadas, utilizam tecnologias do
tipo artesanal.

7.4 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
Segundo Peter Coughlin, a taxa de utilização da capacidade da indústria nacional de
vestuário é considerada baixa, em comparação com os indicadores regionais. Segundo a
mesma fonte, algumas empresas usam equipamento muito velho e com baixo grau de
automatização e, em alguns casos, com recurso à técnicas artesanais.

Em geral, o equipamento instalado em todas as indústrias deste ramo tem uma média de
15-20 anos, o que indica falta de actualização.

7.5 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais


As Indústrias têxteis, vestuário e calçado constituem prioridade, contempladas na Política
Estratégica Industrial, aprovada pela Resolução No23/97 de 19 de Agosto. No entanto
estas indústria não têm tido um bom desempenho, devido á fraca competitividade no
mercado local e internacional, no caso dos testeis e vestuário, e á falta da matéria prima,
no caso da indústria de couro.

A indústria de têxteis, vestuário e couro, a nível mundial tem se caracterizado por uma
forte dinâmica, com introdução de novos produtos e uma qualidade cada vez mais
elevada. Por isso recomendam-se estudos, nesta área, orientados para os aspectos da
produtividade, qualidade e introdução de novos produtos, ainda não disponíveis a nível
da nossa indústria.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 84


Janeiro de 2003
8. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
INDÚSTRIA DA MADEIRA E CORTIÇA

8.1 Descrição do Ramo

Neste ramo, consideram-se dois sub-sectores, nomeadamente:

- o de produtos florestais não madeireiros;

- e o de produtos florestais madeireiros.

A classificação do INE (1998), não faz menção a esta subdivisão, apresentando os


produtos não madeireiros em diferentes ramos.

8.1.1 Produtos florestais não madeireiros

No presente trabalho consideramos entre vários, os seguintes produtos não madeireiros:


apicultura (produção animal na classificação do INE), artesanato e a fauna.

Apicultura

Na classificação do INE (1998), compreende a produção de abelhas, produção de mel de


cera de abelha e de outros produtos das abelhas.

Artesanato

Os principais centros de produção artesanal encontram-se em Maputo, Nampula,


Zambézia e Cabo Delgado (Dombo et al. 1994). O artesanato abarca a olaria, cestaria,
tapeçaria, tecelagem, bordado, trabalhos em ráfia, madeira, capim, fibras de árvores,
junco, aço, pedras, missangas, chifres e peles de animais etc. (J.P.P., 1966, citado por
Puná 2002). Não existem muitos dados sobre o artesanato moçambicano.

Indústria faunística

O sector faunístico é dominado por dois tipos de indústria, de Safaris e taxidermia. A


indústria de Safaris pode ser consuptiva ou não-consuptiva. A primeira consiste na caça
enquanto que a segunda é pura e simplesmente de lazer do género fotográfico ou
contemplativo. A indústria de taxidermia trata de curtume de peles, embalsamento de
animais e decoração de trofeus (Dombo et al. 1994).

8.1.2 Produtos florestais madeireiros

A seguir é apresentada a descrição das diferentes áreas da indústria madeireira, segundo o


INE 1998.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 85


Janeiro de 2003
Serração, aplainamento e impregnação da madeira

Compreende a actividade das serrações e outras unidades de trabalho mecânico da


madeira, fixas ou móveis, independentemente ao lugar onde operam. Inclui a produção de
madeiras serradas para a construção (madeiras esquadriadas, réguas para parquet, tábuas
para o chão, etc.), madeiras para paletes, tábuas para embalagem, travessas para caminho
de ferro, farinha e partículas da madeira. Compreende também o aplainamento (associado
à serração ou exercido autonomamente), a impregnação e o tratamento químico da
madeira com agentes de conservação ou de outros produtos.

Fabricação de folheados, contraplacados, painéis de partículas

Compreende a fabricação de painéis de partículas de madeira, assim como o revestimento


por conta de terceiros (pintura e outras técnicas de decoração). Compreende também a
fabricação de folhas de madeira suficientemente finas obtidas por serragem, corte ou
outro processo, podendo estar pintadas, revestidas, impregnadas ou reforçadas numa das
superfícies, com papel ou tecido. Inclui também o revestimento de folheados,
contraplacados, laminados e de outros painéis por conta de terceiros.

Fabricação de obras de carpintaria para a construção.

Compreende a fabricação e colocação associada de artigos em madeira, principalmente


destinadas à indústria da construção. Inclui a fabricação de uma grande variedade de
produtos de madeira, destinados principalmente à construção, como peças de carpintaria
(caibros, barrotes, vigas de madeira, etc.), obras de carpintaria de limpos (portas, janelas,
escadas em madeira, com ou sem ferragens, etc.), caixilhos, parqueteria e lambris. Inclui
a pré-fabricação de casas em madeira e suas partes.

Fabricação de embalagens de madeira

Compreende a fabricação de paletes, caixas e outras embalagens e estrados de madeira.


Inclui tonéis, barricas, dornas, cubas e outros produtos (incluindo as suas partes) de
tonaria. Fabricação de outras obras de madeira, fabricação de obras em cortiça, em
cestaria e em espartaria

Compreende a fabricação de caixões mortuários em madeira, fabricação de caixões


mortuários em madeira, fabricação de artigos de cestaria e similares (esteiras, cestos,
candeeiros, bonecos), fabricação de artigos de cortiça e de outras obras de madeira
(cavilhas, formas, molas para roupa, cabides, estatuetas e outros objectos de
ornamentação, bobines, utensílios de cozinha para uso doméstico, etc.).

O último inquérito realizado pela EUREKA, apresenta a situação actual do ramo de


transformação de madeiras. As empresas florestais de transformação primaria são
constituídas basicamente de serrações, com a excepção de 1 fábrica de painéis de
partículas em Manica e 1 fábrica de contraplacados e folheados em Sofala. A
transformação secundária resume-se ás carpintarias que, de um modo geral, estão
acopladas às serrações como unidades de aproveitamento. Do resultado do inquérito
apurou-se a existência de 133 unidades de produção, das quais 40 são serrações, 69 são

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 86


Janeiro de 2003
serrações com carpintaria, 22 são carpintarias, 1 fábrica de contraplacados e 1 fábrica de
painéis. O fabrico de parquet no país, concentrado principalmente nas províncias de
Inhambane, Sofala e Gaza foi quase na totalidade desactivado, embora as unidades
Álvaro de Castro (Gaza) e Empacol (Beira) continuem a produzir esporadicamente
réguas de parquete, em Manica existe a única fábrica de painéis de partículas do país,
pertencente a empresa privatizada IFLOMA. Em Sofala existe a única fábrica de
folheados e contraplacados, operacional do país a EMPACO. A Tabela 8.1 mostra o
número de empresas florestais existentes no país.

Tabela 8.1 - Número de Empresas Florestais por Província


Província Serrações Serração e Carpintarias Fabricas de Total %
carpintaria Contraplacado
e Painéis
Maputo 5 9 9 0 23 17
Gaza 0 4 1 0 5 4
Inhambane 9 4 6 0 19 14
Sofala 4 10 1 1 16 12
Manica 6 5 0 1 12 9
Tete 0 5 0 0 5 4
Zambézia 11 0 17
Nampula 8 9 1 0 18 1
Niassa 4 0 0 6 5
C.Delgado 8 1 0 12 9
Total 40 69 19 133 100

A indústria madeireira no país, é constituída por cerca de 133 unidades industriais de


processamento de madeiras que actuam em condições de operacionalidade variável,
sendo a grande maioria com problemas de equipamentos obsoletos. As serrações e
demais unidades de transformação da madeira foram concebidas para processar madeiras
nativas, usando na sua maioria serras fitas e por vezes serras circulares, como serras
principais. A serragem do pinho é feita excepcionalmente pela IFLOMA (Manica) que
usa serras alternativas e a empresa Manil no Niassa. As carpintarias com e sem serração
são as que possuem, instalações próprias e maquinaria adequada.

8.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo

Neste ramo consideramos para além dos produtos madeireiros, os produtos não
madeireiros, como é o caso da apicultura, artesanato e da fauna. A tecnologia da
produção do mel é basicamente tradicional. No caso do artesanato, predominam dois
grupos de escultores no país; a) escultores de arte makonde, cujo trabalho é feito

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 87


Janeiro de 2003
basicamente em pau-preto, tartaruga, rabo de elefante e marfim; b) escultores do Sul do
País cujo seu trabalho é feito basicamente em sândalo, chifres de bovinos e outras
madeiras produzindo quadros, molduras, descobertas, caixas, pássaros diversos, etc.
Também podem trabalhar com outras madeiras tais como chanfuta, pau-rosa, umbila,
jambire, cimbire, cajueiro, mafurreira, umbaúa, etc. Os resumos dos documentos
consultados apresentam-se no anexo 4.

8.3 Descrição das Tecnologias

8.3.1 Produtos florestais não madeireiros

Apicultura

Sem fugir muito da realidade pode-se afirmar que 99% do mel produzido no

pais é proveniente do sector tradicional que usa os "cortiços" e procede à extracção do


mel de diversas formas, recorrendo na maioria das vezes à prensagem manual, pois o
numero de prensas é reduzido (Alcobia, 2002).

Artesanato

Não foi encontrada nenhuma literatura que explica a tecnologia de produção das
esculturas. Puná (2002), no seu estudo identificou dois grupos de produtores de
esculturas, que se distinguem um doutro pelo tipo de material que usam, nomeadamente:

a) Escultores de arte makonde – o seu trabalho é feito basicamente em pau-preto,


tartaruga, rabo de elefante e marfim.

b) Escultores do Sul do País – o seu trabalho é feito basicamente em sândalo, chifres de


bovinos e outras madeiras produzindo quadros, molduras, descobertas, caixas,
pássaros diversos, etc. Também podem trabalhar com outras madeiras tais como
chanfuta, pau-rosa, umbila, jambire, cimbire, cajueiro, mafurreira, umbáua, etc.

8.3.2 Produtos florestais madeireiros

A análise feita a seguir é baseada no último inquérito realizado pela Eureka (2001). Das
133 unidades industriais de processamento de madeiras apuradas em todo o país, actuam
em condições de operacionalidade variável, sendo a grande maioria com problemas de
equipamentos obsoletos. As serrações e demais unidades de transformação da madeira
foram concebidas para processar madeiras nativas, usando na sua maioria serras fitas e
por vezes serras circulares, como serras principais. A serragem do pinho é feita
excepcionalmente pela IFLOMA ( Manica ) e a empresa Manil no Niassa. A primeira
utiliza serras alternativas para a serragem da madeira.

As carpintarias com e sem serração indicadas na Tabela 8.1 são as que possuem um
número razoável de trabalhadores, instalações próprias e maquinaria adequada; foram

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 88


Janeiro de 2003
excluídas na inventariação as pequenas carpintarias, predominantemente de uso de
tecnologias simples e manuais, montadas nos quintais dos respectivos proprietários,

com limitada capacidade técnica para o desenvolvimento desta actividade. Maputo


apresenta o maior número de carpintarias do país.

A grande maioria das empresas florestais é antiga e, resultou da privatização da


MADEMO, nos finais da década oitenta; investimentos de raiz, recentes, resumem-se as
poucas novas serrações estabelecidas em Maputo, Manica e Cabo Delgado e, o complexo
IFLOMA construido em 1982. O inquérito não apurou, de forma sistemática,
investimentos realizado na indústria florestal nos últimos anos. A maioria de
investimento reportado refere-se a aquisição de equipamento de exploração florestal,
especialmente da maquinaria e equipamento para o abate, arraste e transporte de madeira
em toros.

8.4. Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões


Regionais e Internacionais
Em 1987, o Programa Nacional de Apicultura decidiu eleger a colmeia móvel Langstroth
para ser usada em Moçambique, depois de terem sido usados vários tipos de colmeias
nomeadamente o cortiço melhorado, a colmeia móvel Mezu, e a colmeia de transição de
24 barras introduzida, após comparações feitas na base das colmeias de transição do
Kénia e da Tanzania. A grande maioria das empresas florestais é antiga e não tem
condições tecnológicas para uma produção de qualidade, tanto no mercado interno como
para a exportação. Os equipamentos são antigos e com pouca manutenção.

8.4.1 Produtos florestais não madeireiros

Apicultura

Em 1987, 5 anos após a criação por parte do Ministério da Agricultura do Programa


Nacional de Apicultura (PNA), foi decidido eleger a colmeia móvel Langstroth. Até
então eram usados vários tipos de colmeias nomeadamente o cortiço melhorado e a
colmeia móvel Mezu, introduzidas no tempo colonial pela então Missão de Estudos
Zoológicos do Ultramar, e a colmeia de transição de 24 barras introduzida pelo PNA,
após comparações feitas na base das colmeias de transição do Kénia e da Tanzania
(Alcobia, 2001). A tomada de decisão pelo então PNA sobre a escolha da colmeia móvel
Langstroth teve os seguintes fundamentos:

É a colmeia moderna usada em todos os Estados Vizinhos e o modelo mais usado em


todo o mundo. Não fazia assim sentido que Moçambique continuasse com um modelo
diferente;

Facilidades acrescidas para os fabricantes de material e para os Apicultores no


fabrico, aquisição e troca/venda entre si das colmeias e seus componentes, tanto
em Moçambique como na região;

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 89


Janeiro de 2003
Facilidades de aquisição no mercado regional ou no mercado internacional de
componentes e outro tipo de equipamento, adaptado às medidas padrão da
colmeia Langstroth.

No caso do nosso país, a área da apicultura moderna ainda não tem significado na
produção, devido ao escasso numero de Apicultores mobilistas, reduzido número de
colmeias móveis e a falta de recursos financeiros (crédito) para o investimento (Alcobia,
2002).

8.4.2 Produtos florestais madeireiros

A grande maioria das empresas florestais é antiga e não tem condições tecnológicas para
uma produção de qualidade, tanto no mercado interno como para a exportação. Os
equipamentos são antigos e com pouca manutenção. Esta obsolescência técnica leva a
uma crise na capacidade de produção de produtos acabados adequados a exportação,
assim, a tendência actual, marcadamente de exportação de madeira em toros em vez de
produtos acabados ou processados com maior valor comercial.

Existem cerca de 10.000 trabalhadores permanentes no sector florestal em Moçambique,


dos quais 40% dedicam-se a actividade de exploração florestal e 60% nas fábricas,
administração e comercialização. Esta força de trabalho, em mais de 90% não frequentou
a quarta classe e nem frequentou um curso profissional ou vocacional. Com um fundo de
salários de 70.000 milhões de Meticais, correspondentes a uma média de 7 milhões de
meticais/ano/trabalhador, equivalendo a aproximadamente 24 dólares americanos/mês.

8.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
No caso da apicultura, torna-se urgente por todo o pais a expansão das novas tecnologias
através da introdução de colmeias móveis, priorizando as zonas de maior potencial e
concentração de Apicultores. Por outro lado, a questão de qualidade e de aproveitamento
é um factor inibidor de crescimento da indústria madeireira, o que pode ser demonstrado
pela falta de tratamento da madeira serrada, normas de qualidade e da existência um
nível elevado de desperdícios.

8.5.1 Produtos florestais não madeireiros

Apicultura

A expansão das novas tecnologias através da introdução de colmeias móveis em


substituição dos cortiços e de casas do mel para o processamento dos produtos Apícolas,
usando para tal equipamento de Inox representam um desafio já iniciado e que urge
expandir por todo o pais, priorizando as zonas de maior potencial e concentração de
Apicultores (Alcobia, 2002).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 90


Janeiro de 2003
8.5.2 Produtos florestais madeireiros

A questão de qualidade é um factor inibidor de crescimento da indústria madeireira, o


que pode ser demonstrado pela falta no país de uma única estação de secagem de madeira
nativa ou mesmo pela não adopção de qualquer norma de qualidade de madeira
processada. O nível de desperdícios de madeiras na sua transformação de toros para
barrotes ou tábuas situa-se em média na ordem dos 70%. De facto um aproveitamento de
cerca de 30% torna-se oneroso para o produtor, assim como, constitui um índice de
aproveitamento e produtividade que afecta a sustentabilidade do uso da floresta nativa. A
tecnologia usada na exploração e transformação primária não permite maximizar a
utilização adequada das matérias primas, esperam-se melhorias com a implementação da
Lei e Regulamento Florestal recentemente aprovados, que desencorajam e limitam a
exploração de madeira em regime de licenças simples bem como a exportação de madeira
em toro, incentiva e apoia a exploração por concessão e a industrialização da madeira no
país.

8.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais

A apicultura, pela sua importância é uma das actividades que requerem mais estudos
adicionais devido ao facto de ser uma actividade de futuro no país e poder representar a
sustentabilidade económica de muitas famílias rurais. Com a implementação da Lei e
Regulamento florestal recentemente aprovados, que desencorajam e limitam a exploração
de madeira em regime de licenças simples bem como a exportação de madeira em toro,
incentiva e apoia a exploração por concessão e a industrialização da madeira no país,
torna-se necessário estudar as diferentes tecnologias que vão permitir um maior
aproveitamento ou seja uma maximização da produção na indústria.

8.6.1 Produtos florestais não madeireiros

Apicultura

Esta área pela sua importância, devido as condições de produção que são propícias,
nomeadamente; a cobertura vegetal que representa cerca de 75% do país, o tipo de
vegetação, o pessoal envolvido na produção, maioritariamente famílias rurais, requer
mais estudos adicionais devido ao facto de:

• Ser uma actividade de futuro no país e poder representar a sustentabilidade


económica de muitas famílias rurais;

• poder e ser usada como veículo de desenvolvimento rural e de protecção


ambiental, ganhando os apicultores para a conservação da floresta e de acções
de reflorestamento. poder-se obter milhões de toneladas de mel oriundas da
áreas florestais e zonas protegidas não contaminadas, podendo ser certificadas
como mel Biológico, com maior cotação no mercado Internacional;

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 91


Janeiro de 2003
• o surgimento de novas empresas de Apicultura e de novos Apicultores,
significará o aumento de empregos, de produção local e fixação das
populações nas zonas rurais;

• com o desenvolvimento da Apicultura e a introdução de novas tecnologias,


surgirão novos produtos Apícolas, como o pólen e a geleia-real ainda
produzidos no país e de grande valor nutritivo e comercial

8.6.2 Produtos florestais madeireiros

Com a implementação da Lei e Regulamento florestal recentemente aprovados, que


desencorajam e limitam a exploração de madeira em regime de licenças simples bem
como a exportação de madeira em toro, incentiva e apoia a exploração por concessão e a
industrialização da madeira no país, torna-se necessário estudar as diferentes tecnologias
que vão permitir um maior aproveitamento ou seja uma maximização da produção na
indústria. Aqui podemos nos referir ao valor acrescentado da madeira. Os 70% de
desperdícios na transformação da madeira poderão ser aproveitados na obtenção de sub-
produtos tais como: briquetes, material de construção, material para produzir candeeiros
eléctricos, etc.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 92


Janeiro de 2003
9. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
INDÚSTRIA DE PAPEL, ARTES GRÁFICAS, EDIÇÃO E
PUBLICAÇÃO

9.1 Descrição do Ramo

A seguir é apresentada a descrição dos diferentes ramos deste ramo segundo o INE 1998.

9.2.1 Fabricação de pasta, de papel e de cartão

Compreende a fabricação de pasta a partir da madeira e seus derivados e seus resíduos,


papel reciclado (com destitagem ou não), trapos e outras fibras, mediante processos
mecânicos, químicos ou semi-químicos, papel a partir de pasta virgem ou papel reciclado
(inclui papel crepado ou plissado), de cartão (excepto canelado), não revestido ou
revestido na máquina, em rolos ou em folhas. Inclui o revestimento, grofagem,
rebobinagem, supercalandragem, contacolagem e outras operações de transformação do
papel ou cartão efectuadas fora ou na própria máquina de formação da folha.

9.2.2 Fabricação de papel e cartão canelados e embalagens de papel e cartão

Compreende a fabricação de caixas, sacos, pastas para arquivo, bolsas e outras


embalagens em papel e cartão.

9.2.2.1 Fabricação de artigos de papel para uso doméstico e sanitário

Compreende a fabricação de artigos de pasta, de papel e de cartão para uso doméstico e


de higiene, tais como: papel higiénico, lenços, guardanapos, fraldas, pensos higiénicos e
tampões; chávenas, pratos e tabuleiros, vestuário e acessórios em papel e de outros
artigos similares para uso doméstico e de higiene.

9.2.2.2 Fabricação de artigos de pasta de papel e de cartão

Compreende a fabricação de papel de escrita e de impressão; cadernos e livros de registo;


papel contínuo para computador; blocos de notas; sobrescritos; aerogramas e postais não
ilustrados; caixas, sacos e outras embalagens contendo um sortido de artigos para
correspondência; papel químico e papel autocopiativo pronto a usar; papel gomado ou
adesivo; artigos moldados em pasta de papel (bobines, carretés, etc.), papel e cartão para
filtrar, blocos de papel filtrante; de etiquetas (impressas ou não), rótulos e letreiros;
embalagens moldadas de pasta de papel e outros artigos de pasta de papel.

9.2.2.3 Edição, impressão e reprodução de suportes de informação, gravados

Compreende, nomeadamente, a edição de jornais, revistas, partituras, cartazes, de artigos


cartográficos e de gravação de som.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 93


Janeiro de 2003
9.2.2.4 Edição de livros, brochuras, partituras e outras publicações.

Compreende, nomeadamente, a edição de livros, dicionários, enciclopédia.

Não se conseguiu nenhum estudo em relação a este ramo. Contudo foi identificado um
estudo de viabilidade sobre o Jornal Notícias da Beira. A partir desse estudo foram
identificados os jornais editados hoje em Moçambique, como pode ser visto na Tabela
9.1.

Tabela 9.1 - Relação de jornais editados em Moçambique


Diários Tiragem
Notícias 15.000
Jornal da Tarde 2.000
Semanários Tiragem
Domingo 15.000
Savana 13.000
Demos 5.000
Actual 2.000
Desafio 7.000
Campeão 9.000
Tempo 3.000
Fim de Semana 5.000

9.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo


No estudo de viabilidade do jornal notícia da Beira (vide anexo 4), estão listados o tipo
de equipamento que nós supomos que estão sendo usados neste momento. Para as áreas
como a da produção de papel, a única indústria existente baseia-se na reciclagem de papel
usado, com equipamento bastante obsoleto.

9.3 Descrição das Tecnologias


A tecnologia adoptada pelo jornal notícias da Beira, é constituída por equipamentos duma
geração mais recente. Na secção de pré-impressão, estão alocados; computadores,
scanner, image-setter e máquinas de fotografar. Na secção de impressão off-set existem
os seguintes equipamentos; máquinas a 2 cores no formato A2, Rotativa a 4 cores no
formato A1, Hamada E47NP a 1 cor no formato A3. Na secção de acabamento, Máquina
de agrafar; Máquina de colar, Máquina de cozer Máquina de dobrar Guilhotina.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 94


Janeiro de 2003
Apresentamos a seguir uma lista de equipamentos propostos a quando do estudo de
viabilidade económica e financeira do Notícias da Beira.

9.3.1 Pré – impressão

Esta secção é composta dos seguintes equipamentos: computadores, scanner, image-setter


(que é uma componente importante na impressão, porque estará ligada aos
computadores, recebe todo tipo de informação deste texto, imagens a preto, ou a cores,
etc. numa cassete do filme da própria máquina) e máquina de fotografar.

9.3.2 Secção de impressão off-set

É composta dos seguintes equipamentos: Máquinas a 2 cores no formato A2, com uma
capacidade de produção de 8.000 folhas por hora, estas máquinas produzem livros, mapas
diversos, cartazes, revistas e outros tipos de formulários. São máquinas de produção com
precisão; Rotativa a 4 cores no formato A1: tem uma capacidade de produção de 15.000
folhas por hora e é alimentada por papel em bobinas. Tem a particularidade de produção
de jornais, revistas para além de formulários diversos, com a impressão frente-verso
simultâneo. É uma máquina para trabalhos de grande tiragem; Hamada E47NP a 1 cor no
formato A3: especializada na produção de diversos tipos de impressos e trabalhos
comerciais tais como V/D, facturas, recibos, etc. Tem a característica de em simultâneo
com a impressão, numerar e picotar o que reduz o tempo de produção.

9.3.3 Secção de acabamento

Máquina de agrafar; Máquina de colar: uma capacidade de colagem de 2.000 livros por
hora é dotado de um sistema automático o que lhe permite maior rapidez e eficiência,
Máquina de cozer (usada essencialmente para livros de contabilidade, património e outros
que requerem um acabamento especializado). Máquina de dobrar que permite realizar
3.000 dobras por hora, Guilhotina: serve para cortar o papel no formato desejado para a
impressão e posteriormente para o produto acabado. Usa um sistema computarizado para
a programação das medidas do corte a ser realizado. Dispõe de uma excelente capacidade
de precisão.

9.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões


Regionais e Internacionais

Como podemos deparar em relação ao equipamento proposto pelo notícias da Beira, não
restam dúvidas que corresponde ao nível actual de exigências em comparação com os
padrões internacionais. Pelo que consta, o notícias da Beira é pioneiro em termos
avanços na tecnologia, isso comparando com as outras indústrias similares que ainda
continuam usando equipamento obsoleto. Outro avanço tecnológico do Jornal Notícias da
Beira, está relacionado com a edição do jornal em simultâneo nas cidades de Maputo e
Beira. Em relação aos outros jornais mesmo sem termos nenhum estudo que comprove o
seu estado, podemos notar a sua maior frequência na praça, a qualidade do material, que

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 95


Janeiro de 2003
não difere por exemplo dos outros materiais produzidos no estrangeiro e também a
publicação em on-line pela Internet

O equipamento usado pelo Notícias da Beira, corresponde ao nível actual de exigências


em comparação com os padrões internacionais. Esta empresa é pioneira em termos de
avanços tecnológicos, em comparação com as outras indústrias similares que ainda
continuam usando equipamento obsoleto.

9.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica

Uma avaliação preliminar sobre as deficiências tecnológicas, só poderá ser feita a partir
de estudos prévios. Neste ramo, estes estudos são necessários visto que não foi feito nada
nesse aspecto. Trata-se de um ramo que depende das importações, desde a matéria prima
até o próprio equipamento de transformação. E um ramo que desempenha um papel
importante na economia do País e um estudo sobre as tecnologias empregues assim como
a proposta de adopção de novas tecnologias mais adequadas a realidade do país é deveras
importante.

9.6 Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais

Estudos adicionais são propostos principalmente, na área de produção de pasta e papel,


embalagens de papel e cartão, fabricação de artigos de pasta de papel e de cartão e edição
de livros, brochuras, partituras e outras publicação.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 96


Janeiro de 2003
10. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
INDÚSTRIA QUÍMICA, DE DERIVADOS DE PETRÓLEO,
CARVÃO, PRODUTOS DE BORRACHA E DE PLÁSTICOS

10.1 Descrição do Ramo

O sector da indústria transformadora, ramo da indústria química, de derivados de


petróleo, carvão, produtos de borracha e de plásticos é constituído de acordo com a
Classificação das Actividades Económicas de Moçambique (INE, 1998), pelas seguintes
divisões:

23 - Fabricação de coque, produtos petrolíferos refinados e tratamento de


combustível nuclear

24 - Fabricação de produtos químicos

25 - Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas

As unidades de produção deste ramo estão quase todas situadas nas cidades de Maputo,
Matola e Machava e uma pequena parte na cidade da Beira. Na generalidade as restantes
províncias apenas possuem sucursais das empresas. O parque industrial é, em alguns
casos, muito antigo e com pouca renovação pelo que as tecnologias utilizadas são
também antiquadas, com um controle de qualidade muito incipiente, embora a sua
simplicidade, não apresente problemas que afectem significativamente a produção.

A eficiência média das unidades instaladas tem-se situado em valores muito baixos
devido a dificuldades de ordem diversa, tal como equipamentos inadequados, mão-de-
obra não qualificada, tecnologia deficiente e problemática relacionada com a aquisição de
matérias primas, entre outros. Estes factores influem negativamente dado que por força
das reformas económicas, o mercado interno tem-se tornado cada vez mais exigente,
sobretudo devido à concorrência dos produtos importados.

Em situação de utilização normal das suas capacidades, a indústria química existente


permite a substituição de importações sendo, no entanto, dependente da importação da
maior parte dos seus factores de produção.

Dados do Anuário Estatístico (INE, 2000) mostram ter havido, um aumento de produção
na ordem dos 12% do ano de 1999 para ano 2000, no ramo da indústria química, de
derivados de petróleo, carvão, produtos de borracha e de plásticos. Contudo a
contribuição do ramo no ano 2000, cifrou-se em cerca de 6% do valor da produção total
da indústria transformadora. Esta situação é óbvia se se considerar que a contribuição da
indústria no volume total de negócios de Moçambique tem sido residual, tendo-se cifrado
em apenas 3% em 1999 (KPMG, 2000).

No ano 1999, as empresas Topack Moçambique e a Tintas Cin de Moçambique,


componentes do ramo da Indústria Química, foram, das poucas que apresentaram

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 97


Janeiro de 2003
crescimento positivo no que respeita ao volume de negócios do ramo da indústria
(KPMG, 2000).

A apreciação comparativa dos subsectores do ramo da indústria química, de derivados de


petróleo, carvão, produtos de borracha e de plásticos, indica que a maior contribuição do
ramo, no que respeita à produção industrial, provém do subsector dos produtos químicos.
A produção das refinarias de petróleo é a mais baixa, por esta ser um subsector
praticamente inactivo. Esta situação é ilustrada pelos seguintes dados do Anuário
Estatístico, referentes ao ano 2000:

• Outros produtos químicos 63%

• Produtos da borracha 21%

• Produtos químicos 10%

• Artigos de materiais plásticos 4%

• Produção das refinarias de petróleo 2%.

Um dos problemas gerais enfrentados no presente estudo, foi a ausência de estudos


recentes sobre as tecnologias actualmente usadas em Moçambique. Os poucos estudos
existentes datam dos anos 80 e princípios dos anos 90, pelo que, a informação aqui
apresentada, contou com colaboração de fontes contactadas para o efeito. A seguir,
apresenta-se uma breve descrição de cada uma das divisões antes mencionadas.

10.1.1 Fabricação de produtos químicos de base e outros produtos químicos


As produções do ramo da indústria dos produtos químicos são diversas, umas são bens de
consumo, e outras destinam-se à indústria. A classificação do INE inclui neste ramo, as
seguintes subclasses (INE, 1998):

- Gases industriais

- Adubos e compostos azotados

- Pesticidas e outros produtos agroquímicos

- Tintas, vernizes e produtos similares, mastiques e tintas de impressão

- Produtos farmacêuticos e de preparações para uso medicinal

- Sabões e detergentes, produtos de limpeza e de polimento

- Perfumes, cosméticos e produtos de higiene

- Explosivos e artigos de pirotecnia

- Outros produtos químicos não especificados

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 98


Janeiro de 2003
A indústria química, em Moçambique, não difere da evolução deste tipo de actividade em
países em idêntico estado de desenvolvimento, caracterizando-se basicamente por ser
uma indústria que se dedica à laboração de produtos finais.

Como foram identificados poucos estudos nesta área, cobrindo somente certos ramos, a
avaliação das tecnologias usadas torna-se difícil. A apreciação geral dos ramos de
actividade neste subsector é descrita a seguir:

A única empresa do ramo na área dos gases industriais é a Mogás. Esta empresa dedica-
se a produção de gases como oxigénio, acetileno e dióxido de carbono. Também produz
eléctrodos de soldadura, de importância fundamental nas indústrias metalo-mecânicas e
da construção naval. Na Mogás estão em curso, importantes investimentos e outras
medidas que visam aumentar a sua eficiência (KPMG, 2000).

A Química Geral, produtora de fertilizantes, encontra-se paralisada desde os anos 80,


carecendo de reabilitação e organização. Embora existissem recursos naturais para o
desenvolvimento da indústria de fertilizantes com base em matérias primas nacionais, a
sua produção baseava-se em matérias primas importadas (enxofre, amoníaco e fosfato de
amónio). De entre os recursos naturais existentes, destacam-se as rochas fosfatadas, o gás
natural e a energia eléctrica. Os seus produtos eram, o ácido sulfúrico, sulfato de amónio,
superfosfatos de cálcio, adubos compostos e pesticidas (MACOL, 1992).
A classe das tintas tem um potencial de produção bastante elevado, não necessitando de
grandes investimentos. O desenvolvimento da indústria de construção, impulsionou o
crescimento deste tipo de produção, sendo actualmente, várias as empresas que operam
em Moçambique, e que se dedicam a produção de tintas, vernizes, esmaltes, diluentes,
cola e asfalto. Destacam-se a Pintex, Dulux, Tintas 2000, Tintas Cin, Tintas Robbiolac,
entre outras. As tecnologias usadas são simples e os principais problemas da classe
prendem-se com a necessidade de modernização dos equipamentos e dos formulários de
tintas utilizados em algumas das empresas do ramo e com a necessidade de um controle
de qualidade mais eficaz.

Na classe da Indústria Farmacêutica, quase todos os produtos farmacêuticos consumidos


em Moçambique são importados. A Petropharm em Maputo, é a única empresa em
Moçambique que produz diversos medicamentos como xaropes, comprimidos e pomadas.
Até finais de 1989, Moçambique também fabricava sais de rehidratação oral (Empresa
Estatal da Fabricação de Sais de Rehidratação Oral EMOFAR E. E, situada na Beira). A
produção de soro fisiológico é uma nova actividade iniciada por uma unidade de
processamento, recentemente inaugurada em Maputo.

Para minimizar a importação dos medicamentos que é dispendiosa para Moçambique,


foram realizados estudos com vista à implantação de uma nova unidade produtora de
medicamentos, que não chegaram a ser implementadas.

A classe dos sabões e detergentes, produtos de limpeza e de polimento, perfumes,


cosméticos e produtos de higiene compreende as actividades de fabricação de produtos
como sabões, sabonetes, detergentes, champôs, amaciadores, pastas dentífricas,
cosméticos, desinfectantes, entre outros. O mercado mundial destes produtos é liderado

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 99


Janeiro de 2003
por algumas multinacionais cujas marcas são reconhecidas e que concorrem com a
produção local. As unidades de produção encontram-se distribuídas por todo o país. Elas
são normalmente, pequenas fábricas dedicadas a fabricação de diversos produtos de
higiene e limpeza, usando tecnologias simples, e algumas limitam-se ao processamento
de produtos semi-acabados, importados. O equipamento usado na sua maioria é obsoleto
(ACP, 1992). Contudo, existem empresas que possuem equipamento novo e usam
métodos modernos. A empresa Ginwala e Filhos é um dos exemplos.

A empresa Colgate-Palmolive é a única empresa, em Moçambique, vocacionada à


produção de sabonetes (Palmolive e Protex). O processo consiste na compactação de
sabão em pó importado adicionado à perfumes e outros aditivos. O produto final obtido é
depois embalado. Esta empresa é, também, a única empresa produtora de pasta dentífrica
(Colgate) a nível nacional.

Os champôs, pós-abrasivos, amaciadores, limpa-vidros, desinfectantes e outros são


produzidos por diversas empresas, embora em pequena escala. Nesta actividade estão,
entre outras, a Modet, a Germotol e a Colgate-Palmolive. Os detergentes sólidos são
importados, embalados e comercializados em Moçambique.

Diversos produtos químicos como explosivos, colas, fósforos, velas, ceras, graxa entre
outros são também fabricados e usados como bens de consumo ou na indústria. É comum
que uma empresa produza uma diversidade de artigos. Tem-se entre outras a Fosforeira
de Moçambique Lda, na produção de fósforos, a Explosivos de Moçambique, no fabrico
de dinamite ANCO e cartuchos para caçadeiras, únicas em Moçambique, e a FACOL, na
produção de colas. Os artigos de pirotecnia são importados.

10.1.2 Fabricação de produtos petrolíferos refinados

A fabricação dos produtos petrolíferos refinados compreende as actividades de


transformação do petróleo bruto em combustíveis líquidos ou gasosos, petróleo de
iluminação, bases petroquímicas, óleos e massas lubrificantes, produtos de revestimento
de estradas, coque de petróleo. Este subsector esteve vocacionado ao processo de
refinação do petróleo para se obterem os seus derivados. Assim até 1980, eram refinadas
quantidades consideráveis de petróleo bruto (crude oil) importado, em Moçambique.
Destas quantidades, exportava-se 1/3 sob a forma de gasolina e hidrocarbonetos pesados,
e importava-se “Diesel” devido à diferença entre a produção e o padrão da procura deste
produto (DNE/UEM, 1997).

Como resultado do encerramento da refinaria da Petromoc, Moçambique passou a


importar produtos petrolíferos acabados ou semi-acabados (gasolinas, Diesel, petróleo de
iluminação, jet, etc.). A actividade nesta área, limita-se apenas à realização de algumas
misturas para a produção de óleos lubrificantes. A BP Moçambique é a única empresa
produtora de óleos lubrificantes a nível nacional, apesar de usar equipamento antiquado e
tecnologia de baixo nível. As outras empresas gasolineiras recorrem aos serviços da BP
ou importam produtos acabados para a sua comercialização.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 100


Janeiro de 2003
A Cidade de Maputo é o principal consumidor dos produtos derivados de petróleo. Esta
situação revela o desnível da concentração das actividades económicas ou de
desenvolvimento económico existente entre Maputo e as restantes regiões de
Moçambique. Por outro lado, o aumento da actividade industrial em Moçambique
aumenta as importações de produtos como gasóleo, fuel óleo e óleos lubrificantes (DNE,
1999).

A descoberta de grandes reservas de gás natural em Pande, Temane e Búzi e as recentes


negociações dos termos contratuais do mega-projecto de produção, tratamento e
transporte de gás natural dos jazigos de Pande e Temane para Maputo em Moçambique e
Secunda na África do Sul, abre novas perspectivas na área dos hidrocarbonetos. Estes
acordos representam os primeiros passos na materialização dos objectivos traçados pelo
Governo no âmbito da produção e comercialização do gás natural, que contribuirão para
o crescimento da economia nacional (ENH, 2000). Deste modo, estão em curso em
Moçambique, diversos programas para provar a rentabilidade da utilização do gás natural
na promoção do desenvolvimento de tecnologias de conversão e aproveitamento dos
recursos energéticos que pouco degradam o meio-ambiente, reduzindo a dependência em
combustíveis importados, nas regiões em que o gás natural é acessível. Dentre estes
programas, destacam-se:

• O Projecto de Substituição de Combustíveis Líquidos que visa avaliar a


viabilidade técnico-económica da utilização do gás natural em veículos, em
Moçambique (ENH, 2000). A região escolhida foi Vilanculos dada a
disponibilidade do gás natural e a crescente actividade turística.

• O projecto do Complexo Petroquímico da Beira, empreendimento de grande


dimensão, que pretende transformar o gás natural em “Diesel”, amónia e metanol,
estando dependente da existência de gás natural na Baía de Sofala (KMPG, 2000).

10.1.3 Fabricação de coque e tratamento de combustível nuclear

Esta área de actividades compreende a divisão de fabricação de coque, as actividades dos


fornos de coque para a produção de coque e semi-coque, a partir da destilação da hulha e
da lenhite. Inclui a produção de gases das coqueiras, de carvão de retorta e produtos
residuais.

A fabricação de coque a partir da destilação da hulha e da lenhite assim como o


tratamento de combustível nuclear são actividades inexistentes em Moçambique. Porém,
Moçambique possui enormes quantidades de carvão mineral, matéria-prima de base para
a produção de coque que, na sua maioria, é exportado. Somente na bacia de Moatize as
reservas provadas ascendem os 2.0 biliões de toneladas (MIREME, 2002). Contudo,
ainda não foram implementados projectos para a produção de grandes quantidades de
carvão.

O carvão de Moatize é de excelente qualidade, e por isso, adequado à obtenção de


produtos com níveis de qualidade do mercado internacional de carvão metalúrgico e de
carvão energético. As suas propriedades coquificantes são boas.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 101


Janeiro de 2003
A Carbomoc E.E. é a detentora dos direitos na concessão de Moatize e dum vasto
património que inclui infraestruturas físicas e mineiras, equipamento instalado nas minas
subterrâneas, material circulante, infraestruturas a boca da mina e no bairro adjacente. A
área do carvão foi seriamente afectada pelo conflito armado e, como consequência, a
Carbomoc encontra-se paralisada desde os anos 80. Estão actualmente em curso acções
para relançar a produção de carvão, reabilitação das vias de transporte para a sua
exportação, bem como as demais infraestruturas. As tecnologias usadas para a extracção
do carvão em Moçambique, são ultrapassadas.

10.1.4 Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas

O subsector da borracha produz, artigos que se podem considerar essenciais e que


substituem as importações. A produção principal é constituída por calçado, pneus,
câmaras de ar e artigos técnicos para vários fins. As empresas vocacionadas à produção
destes materiais são poucas destacando-se, dentre elas, a Mabor de Moçambique, UFA e
Facobol.

A Mabor de Moçambique liderou em 1999, a lista do sector industrial em volume de


negócios e tem em curso um programa de modernização tecnológica e de expansão do
mercado que implica a injecção de avultados meios financeiros e o estabelecimento de
parcerias estratégicas com outros industriais e operadores da área da borracha (KPMG,
2000).

O subsector dos plásticos dedica-se à produção de utensílios domésticos, filme plástico,


recipientes de diversos portes, frascos, embalagens para produtos como óleos e bebidas,
esferográficas, calçado, cadeiras, entre outros. Existem várias empresas de plásticos em
Moçambique tais como a Topack, Riplex, Incala, Inplastic, Van Leer, entre outras. Os
princípios do processo de produção, empregues na indústria dos plásticos são os mesmos,
diferindo no tipo de equipamento usado para o efeito.

10.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo

De acordo com os estudos consultados, em geral os processos tecnológicos do sector da


indústria transformadora, ramo da indústria química, de derivados de petróleo, carvão,
produtos de borracha e de plásticos são antiquados, com um alto nível de incorporação de
matérias primas importadas, que são, em alguns casos, produtos semi-acabados. Esta é
uma estratégia de sobrevivência, adoptada pelas empresas do sector, como consequência
da estagnação.

Produtos como sabões, tintas e plásticos têm processos de natureza tecnologicamente


simples, consistindo de métodos convencionais. Por isso, não se consideram
ultrapassados, embora, necessitem de reabilitação e modernização para fazer face às
mudanças que se lhes são impostas. É de salientar que algumas das instalações destes
subsectores foram reabilitadas e modernizadas usando, actualmente, novas tecnologias
não descritas nos estudos consultados.

Os resumos dos documentos consultados apresentam-se no anexo 4.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 102


Janeiro de 2003
10.3 Descrição das Tecnologias

Apresenta-se de seguida, uma breve descrição das tecnologias encontradas nos referidos
documentos. Algumas são detalhadas nas fichas em anexo 4.

10.3.1 Tecnologia para a produção de sabões

A produção de sabões consiste, basicamente, em fazer reagir uma gordura, com uma
base, normalmente a soda cáustica. Este processo chama-se saponificação e
industrialmente pode ser realizado de modo contínuo ou descontínuo, sendo este último o
mais usado em Moçambique (ACP, 1992).

A primeira fase do processamento do sabão, consiste em adicionar gordura e soda


cáustica em solução aquosa. No método descontínuo a reacção dá-se em caldeiras
abertas, sendo a massa reactiva, aquecida com vapor. O sabão é submetido a lavagem
com soluções de cloreto de sódio, para separação das águas glicéricas e arrastamento de
impurezas, seguido de um processo de repouso. Posteriormente, é submetido a operações
de corte.

Actualmente, a Ginwala usa uma tecnologia moderna onde o processo de saponificação é


feito por empaste em ebulição. De acordo com Ribeiro (1983), os sabões de empaste dão
rendimentos económicos muito altos. O autor descreve que, neste tipo de sabões a lixívia
é incorporada na sua massa, formando com ela uma pasta homogénea. Assim, todos os
electrólitos empregues, a glicerina separada das gorduras e as impurezas nelas contidas
fazem parte da massa do sabão. O processo de empaste é o processo de saponificação
mais simples de todos e requer equipamento mais simples. Porém, as caldeiras têm que
ser providas com bons agitadores. A grande vantagem deste processo reside na
possibilidade de empregar não só os ácidos gordos, como também o carbonato de sódio, o
qual é muito mais barato que a soda cáustica.

10.3.2 Tecnologia para a produção de detergentes

Como foi referido, actualmente não se produz detergente sólido, em Moçambique.


Contudo, de acordo com (ACP, 1992), a sua produção era, anteriormente, feita por
atomização, numas empresas e por um processo de mistura mecânica noutras.

O processo de atomização, compreende os circuitos de abastecimento de água,


preparação e injecção do “slurry” e das restantes matérias primas na torre de atomização,
produção de ar quente para a atomização do detergente, circuitos de ar de secagem do
detergente atomizado e de secagem do detergente atomizado à saída da torre e
finalmente, a embalagem.

O processo de produção de detergentes sólidos através da mistura mecânica é simples e


realiza-se em instalações descontínuas. Este equipamento, é utilizado também para a
fabricação de pó abrasivo.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 103


Janeiro de 2003
No que se refere à fabricação de detergentes líquidos, as tecnologias de fabrico são
descritas como sendo rudimentares, dispondo as empresas de tanques onde procedem à
mistura dos vários produtos.

10.3.3 Tecnologia para a produção de tintas

De acordo com Arthur D. Little International, Inc. (1993), a matéria prima usada são as
tintas base, solventes e compostos químicos. O enchimento do componente inicial faz-se
à mão mas, um sistema de guindaste elevado possibilita a introdução de volumes
constantes em cada recipiente. O controle de qualidade é feito por análise laboratorial, de
amostras recolhidas em vários pontos do processo de produção. A rotulagem é feita à
mão.

10.3.4 Tecnologia para a produção de embalagens de materiais plásticos

Este subsector contempla os seguintes produtos, caixas, contentores, sacos, garrafas,


frascos, manga e filme de plástico, entre outros. A principal tecnologia utilizada é a
extrusão de materiais plásticos, injecção e insuflação, baseando-se as linhas de fabrico
nos seguintes métodos (ACP, 1993 e UNIDO, 1987):

Extrusão filme: para fabrico de manga, filme e sacos plásticos, com utilização de
polietileno de baixa e de alta densidades e polipropileno.

Injecção: produção de plástico rígido que molda por injecção artigos domésticos,
esferográficas e outros injectados.

Extrusão de tubo: fabrico de tubo de polietileno de baixa densidade e PVC.

Extrusão de poliestireno: para produção de placas de isotermo.

Produção de espuma (Poliuretanos): para produção de placas de isotermo.

Insuflação: para produção de embalagens, garrafas e frascos.

Moldação por vácuo: Para embalagens da indústria alimentar.

Dos contactos realizados foi possível saber que a Topack, emprega actualmente,
tecnologia de ponta, usando equipamento moderno, que permite obter maior
produtividade e melhor controle de qualidade. Ela exporta parte da sua produção e é a
única em Moçambique que produz grades para acondicionamento de garrafas. Por sua
vez, a empresa Incala, situada na Zambézia, também produtora de artigos plásticos, é a
única que fabrica louça de melanina.

10.3.5 Tecnologia para a produção de Produtos farmacêuticos

Os processos de fabricação de xaropes, antibióticos e pomadas na Swanmo Indústria


Farmacêutica baseiam-se na mistura de ingredientes importados ou na embalagem do
produto final (MACOL, 1992).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 104


Janeiro de 2003
10.3.6 Tecnologia para a produção de gases

A Mogás produz oxigénio pelo processo de destilação fraccionada do ar e o dióxido de


carbono a partir da combustão de óleos pesados, importados (UNIDO, 1987).

10.3.7 Tecnologia para a produção de compostos químicos

De acordo com MACOL (1992), o ácido sulfúrico era produzido na Química Geral, por
incorporação de enxofre e posteriormente utilizado no fabrico de superfosfatos e sulfato
de amónio. Os adubos compostos eram obtidos com base na mistura de superfosfatos de
cálcio e sulfato de amónio, com a incorporação de outros fertilizantes.

10.3.8 Tecnologia para a produção de pneus

A matérias primas usadas são a borracha, nylon, carbono preto e vários químicos, todos
importados. Arthur D. Little International (1993), descreve que a linha de produção de
pneus para carros, camiões e tractores segue um método standard, que consiste na
preparação, moldagem, fabricação e processos de vulcanização. O processo para
fabricação de pneus para bicicletas é simples e semi-automático.

10.3.9 Tecnologia para a produção de botas, solas, tubos, e diversos produtos de


borracha

O processo começa com a preparação do crepe de borracha, que é misturado com vários
produtos químicos obtendo-se uma pasta que é moldada e vulcanizada para formar vários
produtos. Várias máquinas de costura completam a linha de montagem dos sapatos
quando necessário. O controle é feito usando um sistema de controle inventário, cardex.
A matéria prima usada é a borracha natural e sintética, cabedal, produtos químicos,
adesivos, lona e vinil (Arthur D. Little International, Inc , 1993).

10.3.10 Tecnologia usada para a mistura dos óleos (“blending”)

Após a formulação das quantidades do óleo lubrificante (óleos-base e aditivos), e


verificadas todas as condições operacionais, calibra-se, através de um contador, as
quantidades dos óleos a serem bombeados. Depois desta operação, inicia-se a bombagem
dos óleos-base para o tanque de mistura, começando pelo óleo-base de baixa viscosidade
e depois o óleo com elevada viscosidade (Malumana, 2002). Alguns óleos produzidos
incorporam aditivos e outros não.

10.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões


Regionais e Internacionais
A diversidade do ramo da indústria química, de derivados de petróleo, carvão, produtos
de borracha e de plásticos, aliada à falta do conhecimento sobre o seu estado real
dificultam, a avaliação que se pretende. Por isso, ela é feita na generalidade.

Como foi mencionado na descrição, a maioria das instalações neste ramo de actividade
em Moçambique, opera com equipamentos e instalações antiquados, apresenta

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 105


Janeiro de 2003
deficiências nas tecnologias de processo e exibe atraso quanto às tecnologias de
produção. Demonstra, ainda, limitada difusão dos sistemas de gestão de qualidade, tanto
dos produtos como dos processos de fabricação, e apresenta relativa lentidão na adopção
das inovações. Os processos baseiam-se no processamento de produtos semi-acabados,
que são importados. Aliado a isto, está a problemática da falta de mão-de-obra
qualificada.

À excepção de algumas empresas que possuem equipamento e/ou tecnologia moderna


que melhora os seus índices de produção e a qualidade dos produtos obtidos, em geral, as
empresas nacionais apresentam deficientes níveis de produtividade e custos elevados, o
que prejudica a sua capacidade de competir em preços.

Os países com uma política industrial mais agressiva levam vantagem na produção de
produtos com processos tecnologicamente simples com a ajuda de equipamentos
modernos. Por outro lado, o uso de aditivos como perfumes, corantes, entre outros, para
melhorar o aspecto, e a boa apresentação, tornam os produtos mais atractivos, e,
consequentemente, competitivos.

Internacionalmente, à nível da produção, está em franca difusão um conjunto de


inovações genéricas que elevam sistematicamente os níveis de eficiência industrial. Os
equipamentos de base microelectrónica e as novas técnicas organizacionais constituem os
principais instrumentos de mudança nos processos produtivos. Eles são utilizados
directamente na produção ou para monitorar, processar informações e controlar as etapas
de um processo produtivo, desde a fase de projecto. A sua importância decorre do facto
de representarem inovações aplicáveis à maioria das actividades industriais. Algumas
inovações tecnológicas pressupõem investimentos avultados, nem sempre suportáveis a
nível nacional, pois Moçambique continua a enfrentar dificuldades financeiras.

Os compostos inorgânicos tais como ácidos, bases, sais e gases industriais são produzidos
em largas quantidades a baixos preços nos países desenvolvidos devido à escala das suas
economias. A possibilidade de se manufacturar compostos inorgânicos, de forma
económica parece ser limitada na região da SADC, embora tenha vantagens de ser
potencialmente capaz de criar um mercado para os referidos produtos, ter disponibilidade
de matérias primas que podem ser produzidas localmente a preços reduzidos, possuir
recursos hidroeléctricos e mão-de-obra barata (UNIDO, 1988).

Na região da África Austral, a República África do Sul é o país que se apresenta com o
melhor nível de desenvolvimento tecnológico em quase todas as áreas de actividade deste
ramo.

10.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
Do diagnóstico efectuado sobre a situação do ramo da indústria química, de derivados de
petróleo, carvão, produtos de borracha e de plásticos pode-se constatar que:

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 106


Janeiro de 2003
• Há falta de informação escrita sobre as tecnologias usadas em alguns subsectores de
actividade. Esta informação é importante para o conhecimento da situação actual e do
desenvolvimento verificado nos últimos tempos

• Os processos tecnológicos descritos nos estudos consultados são, no geral, de nível


baixo e com um carácter terminal

• Os equipamentos estão envelhecidos e antiquados devido a dificuldades de


manutenção e/ou reposição

• A utilização da capacidade instalada é baixa

• A produção depende na maioria das instalações, de matérias primas importadas

• O controle de produção, no geral, é deficiente o que afecta a qualidade de produção, e


isto leva, consequentemente, à redução da competitividade. É importante incentivar a
realização de padronização, normalização e certificação

• O baixo nível de qualificação dos trabalhadores, limita a gestão e desenvolvimento


das empresas, condicionando a melhoria do processo produtivo e a qualidade dos
produtos finais

• O controle deficiente dos fluxos fronteiriços dos produtos agrava a situação da falta
de transparência no desenvolvimento da concorrência, o que também torna os
mercados bastante imperfeitos.

Não obstante os factores acima mencionados, o longo período de instabilidade e recessão


económica, aliado à economia de mercado, tem intensificado a concorrência na maioria
dos mercados industriais do país. As estratégias de racionalização da produção, a redução
de custos e o aumento de qualidade expressam a reacção positiva de grande parte das
empresas.

A médio e longo prazos, poderá surgir um grande leque de novas indústrias com a
exploração de oportunidades de investimento existentes, baseadas em recursos naturais e
que propiciam o desenvolvimento de uma indústria mais competitiva e com potencial de
exportação: gás natural, potencial hidro-eléctrico, minerais metálicos e não metálicos e
plantas terrestres e aquáticas (Boletim da República, nº 33, 1997).

10.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais

Para se conhecer a situação real deste ramo de actividade, recomenda-se a realização de


estudos mais aprofundados, onde a informação deverá ser complementada junto às
unidades de produção, para se compensar a falta de documentação constatada no presente
estudo. Consideram-se prioritárias as seguintes áreas:

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 107


Janeiro de 2003
10.6.1 Indústria química de base

Por constituir o ramo central necessário para o desenvolvimento de produtos intermédios


e acabados. É caracterizado por ser um elo de ligação inter-sectorial.

10.6.2 Indústria farmacêutica

Dada a sua importância, precisa ser incentivada e desenvolvida em moldes tais que
permitam a produção de medicamentos para o mercado interno, de modo a reduzir as
importações farmacêuticas e outros produtos com possibilidade de exportação.

10.6.3 Indústria dos sabões

Os sabões (sabões, detergentes e outros produtos de limpeza) estão relacionados com as


necessidades básicas da população, devido ao seu contributo para a higiene e limpeza e
consequentemente à prevenção de doenças.

10.6.4 Produtos de borracha e de matérias plásticas, fertilizantes e pesticidas


Os produtos de borracha geram insumos para outras actividades económicas.

10.6.5 Hidrocarbonetos

Produtos do gás natural, recurso natural em exploração, com elevado potencial para o
desenvolvimento de Moçambique.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 108


Janeiro de 2003
11. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
INDÚSTRIA DE PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS

11.1 Descrição do Ramo

O Ramo da Fabricação de Produtos Minerais não Metálicos é parte do Sector da Indústria


Transformadora e contém a divisão 26 (Instituto Nacional de Estatística, 1998 ). Este
ramo dedica-se à fabricação de vidro e artigos de vidro, produtos de barro, produtos
cerâmicos gerais e para construção tais como tijolos, telhas, manilhas, placas cerâmicas,
azulejos e ladrilhos, produtos cerâmicos refractários, cimento, cal, gesso e seus produtos,
marmorite e seus produtos, betão e fibrocimento, serragem, corte e acabamento de pedra,
produtos de mármore, rocha e outros minerais não metálicos. Às vezes, estes produtos
são agrupados em argilas (telhas, blocos, artigos de barro, etc.), pedra (granito,
mármores, e outros), minerais industriais (calcário, caulino, quartzo, fluorite, etc.) e
compósitos de cimento (artigos de fibro-cimento, agregados, pré-fabricados) (Instituto
Nacional de Estatística, 1998 ). A contribuição do ramo para a produção industrial foi de
cerca de 15% (Instituto Nacional de Estatística, 2001).

O ramo emprega algumas matérias-primas provenientes da actividade de mineração,


essencialmente areia, argila, calcário, gesso e pedra. Há várias empresas e entidades que
extraem os minérios. Também se usam materiais tais como feldspato, dolomite e
bentonite.

Uma parte considerável da produção do ramo é informal ou em pequena escala. Tal como
noutras indústrias, na indústria de materiais de construção verifica-se um baixo índice de
uso da capacidade instalada. Os factores indicados como causas são o equipamento
obsoleto e desgastado, falta de capital para o investimento, gestão deficiente, baixa
formação técnica e problemas de padronização (COSSA et al., 1996), deficiências de
manutenção do equipamento e elevados custos de transporte de materiais e combustíveis.

A economia de mercado tem influenciado negativamente no desenvolvimento de algumas


actividades do ramo dos produtos cerâmicos. Por exemplo, o fabrico de manilhas e
alguns produtos cerâmicos vidrados tem sofrido grandes pressões do mercado por parte
de entidades normadoras. Por um lado, os produtos estrangeiros são mais baratos e, por
outro lado, os efeitos ambientais do processo de fabricação, que usa tecnologias
antiquadas e prejudiciais, são indesejáveis.

O Ramo da Indústria de produtos Minerais não Metálicos está em transformação. Há um


relançamento das actividades devido ao acelerado desenvolvimento económico de
Moçambique e nota-se uma forte presença de produtos estrangeiros a preços e qualidades
competitivos. Por isso é importante que se realizem novos trabalhos de investigação e
implantação de projectos nesta área.

Existem problemas básicos de qualidade dos produtos do ramo, associados a


processamento por métodos ultrapassados e falta de conhecimentos. São exemplos os
casos de dimensões e formas inadequadas por falta de noções sobre contracção dos

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 109


Janeiro de 2003
materiais. Um dos maiores problemas é a baixa estabilidade financeira entre os
praticantes de actividades na área, o que causa a mudança de actividades dos técnicos
formados e a necessidade constante de multiplicar as actividades de formação.

11.1.1 Fabricação de tijolo

A fabricação de tijolo queimado para habitação e objectos domésticos de barro abrange


uma variedade de regiões, em todas as províncias de Moçambique (COSSA, 1992), mas a
produção é maioritariamente artesanal. Neste tipo de produção, não são utilizados meios
técnicos adequados e as tecnologias de fabricação empregam combustíveis lenhosos para
a queima (RAFAEL, 1999). Há mais de vinte fábricas de tijolo em Moçambique,
havendo seis em Maputo e três em Niassa e Manica. Nas restantes províncias de
Moçambique há uma ou duas fábricas. Várias destas fábricas estão paralisadas e a
qualidade de muitos produtos das que laboram é insatisfatória por razões tecnológicas e
de matérias-primas. Estima-se que a produção de tijolos tenha alcançado um volume de
negócios acima de dois milhões de dólares em 1995, altura em que a produção era
crescente (COSSA et al., 1996). É reportada uma produção 392 000 tijolos não
refractários e 20 000 tijolos refractários no ano 2000, de uma amostra parcial (Instituto
Nacional de Estatística, 2001). Segundo se estima, o sector informal de produção de tijolo
constitui mais de metade da produção total de tijolo, empregando cerca de 3 milhares de
pessoas em mais de 500 unidades de produção (COSSA et al., 1996).

11.1.2 Fabricação de cal

A fabricação de cal é uma actividade que também carece de meios tecnológicos


adequados, apesar da existência de recursos minerais em vários pontos de Moçambique
(RAFAEL, 1999). Nalguns casos o processo artesanal de fabricação de cal é mal
conduzido, o que encarece o produto e baixa a qualidade por presença de impurezas.

11.1.3 Fabricação de cimento

O fabrico de cimento é uma das actividades mais importantes do ramo de produtos de


minerais não-metálicos. O cimento mais utilizado é o cimento Portland. Correntemente,
operam três fábricas (em Maputo, Dondo e Nacala) com uma capacidade instalada total
de cerca de um milhão de toneladas anuais (os valores reportados noutros documentos
divergem) com um total de quase oitocentos trabalhadores, dos quais quase metade são
da fábrica da Matola. Estas fábricas denotam baixo uso da capacidade instalada, que está
acima da procura do mercado (COSSA et al., 1996). A produção de cimento alcançou
348 063 toneladas no ano 2000 (Instituto Nacional de Estatística, 2001). Há experiência
de fabrico de outros tipos de cimento, sendo de referir o cimento pozolânico em Tete.

11.1.4 Fabricação de blocos

O fabrico de blocos de cimento a nível industrial é feita por poucas empresas, mas a
situação modifica-se bastante dada a tendência crescente do sector de construção. A
quantidade de blocos reportada em 1995 é de quase 2 milhões (COSSA et al., 1996). A
fabricação de blocos no sector informal é uma actividade largamente difundida. Existem
centenas de fabriquetas, especialmente na cidade de Maputo. O tipo de tecnologias

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 110


Janeiro de 2003
utilizadas é diversificado. Dado o grande número e a muiltiplicidade de tipos de
produtores de blocos, incluindo o fabrico para auto-consumo, não se pode conhecer com
exactidão a quantidade total de blocos que se produzem em Moçambique, mas as
estimativas são da ordem de largos milhões (COSSA et al., 1996).

Já foi experimentada a produção de blocos de areia compactada mas não foram


encontradas informações sobre a sua produção industrial.

11.1.5 Fabricação de telhas

Há relativamente poucas empresas que se dedicam à produção de telhas cerâmicas,


estando todas localizadas na província do Maputo (COSSA et al., 1996). Para o ano 2000
foi reportada a produção de 90 000 telhas (Instituto Nacional de Estatística, 2001).
Mesmo a fabricação do sector informal é praticamente insignificante (COSSA et al.,
1996).

11.1.6 Fabricação de outros produtos de cimento

Foi possível identificar certas actividades que não estão devidamente reportadas. Por
exemplo, produzem-se diversos artigos em cimento e fibro-cimento. Dentre os produtos
novos contam-se pré-fabricados para paredes e cobertas de edifícios (telhas de cimento,
telhados pré-fabricados). Estes novos produtos ainda não estão implantados no mercado,
mas é conhecida a existência de tecnologias de construção de paredes pré-fabricadas em
betão (por exemplo, da empresa TEDECO) que permitem montar uma casa em apenas 10
dias. Algumas unidades da área de pré-fabricados, tais como a Cavan, Ciprel, L. Duarte
dos Santos estão em dificuldades de operação.

11.1.7 Fabricação de vidrados

Há outros produtos cerâmicos como manilhas vidradas cuja produção denota problemas
tecnológicos associados a aspectos ambientais e de sanidade laboral. Porém, não foram
encontrados registos actualizados da produção destas manilhas, nem de azulejos,
mosaicos e alguns ligantes.

11.1.8 Produção de pedra e areia

No referente à produção de pedra e areia há uma diversidade de exploradores e não


existem dados muito exactos, visto que algumas entidades que usam os materiais em
consideração possuem as suas próprias pedreiras, saibreiras e areeiros. A produção de
pedra e areias para construção segue padrões de tecnologia que são antiquados, com
muito uso de mão-de-obra.

11.1.9 Fabricação de vidro

A produção de vidro não é reportada nos dados oficiais (Instituto Nacional de Estatística,
2001). Não foram localizados estudos recentes relacionados com esta actividade mas é
sabido que a actividade está a atravessar uma fase crítica.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 111


Janeiro de 2003
11.2 Estudos Existentes e Tecnologias usadas no Ramo

Embora não tenham sido encontrados muitos estudos compreensivos recentes específicos
do ramo, é sabido que existem actividades de fabricação da maioria dos produtos
classificados e também estão a ser desenvolvidas acções tendentes a relançar as
actividades da indústrias destes produtos. Os conhecidos desenvolvimentos no ramo de
materiais de construção não estão devidamente documentados. Quase toda a informação
existente sobre tecnologias na indústria de minerais não metálicos é antiga. O Ministério
de Obras Públicas e Habitação tem vários estudos antigos sobre minerais e materiais de
construção, mas não versam, necessariamente, sobre tecnologias.

No anexo 4, apresentam-se os resumos dos documentos consultados.

11.3 Descrição das Tecnologias

No anexo 4, descrevem-se os resumos dos estudos do Ministério de Obras Públicas e


Habitação "Diagnóstico da Indústria de Materiais de Construção em Moçambique",
realizado em Setembro de 1996, e "A Indústria de Materiais de Construção e Perspectivas
do seu Desenvolvimento em Moçambique" realizado em Janeiro de 1992. As tecnologias
são sumarizadas nos mesmos e descritas com alguns pormenores nos documentos
originais.

11.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões


Regionais e Internacionais
Dos muitos produtos feitos em Moçambique, encontram-se vários exemplos similares em
países da região da África Austral, cujo estado tecnológico geral apresenta características
não muito afastadas das de Moçambique. Este estado de circunstâncias depende do poder
de aquisição de equipamento. Por exemplo, vários princípios de produção são empregues
na República da África do Sul antes de serem introduzidos em Moçambique. Porém,
dado o pequeno volume de negócios de Moçambique, a razão da introdução de novos
equipamentos e tecnologias não é grande. Por exemplo, o equipamento para produzir cal
tem, tipicamente, britadeiras, fornos diversos e alimentadores (COSSA, 1992), conforme
se reporta nos resumos no anexo 4. Este tipo de equipamento têm produzido matéria-
prima satisfatória para muitos fins mas usa princípios de funcionamento bastante simples.

Muitas indústrias cerâmicas localizam-se perto de fontes de matéria-prima e procedem à


sua própria extracção. Por isso, o equipamento de uma fábrica cerâmica básica contém
escavadoras, pás-carregadoras, equipamento de transporte (fixo ou móvel) e
alimentadores de matéria-prima, doseadores, misturadores, laminadores, moinhos
diversos, extrusoras, prensas, secadores e fornos (UNIDO, 1989). Para além deste
equipamento básico há outros equipamentos auxiliares e específicos para cada produto.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 112


Janeiro de 2003
11.4.1 Fabricação de tijolo

A produção de tijolo pode ser feita em diversos modos, incluindo a utilização de


prensas/extrusoras e componentes mecanizados para a maioria do processo mas o sector
informal pode usar de misturadores com base na tracção animal (COSSA et al., 1996).
Muitos fornos utilizados poderiam ter maior rendimento se não fossem intermitentes,
recomendando-se o uso de fornos de túnel.

11.4.2 Fabricação de cal

A produção de cal é feita por calcinação de calcário, geralmente em fornos verticais.


Quando necessário, a cal viva assim obtida é, depois, apagada por métodos descritos no
anexo 4. As tecnologias utilizadas são antigas, simples e demoradas mas são capazes de
satisfazer os requisitos de qualidade.

11.4.3 Fabricação de cimento Portland e pozolânico

Os processos de produção de cimento são diversificados nas diferentes fábricas de


Moçambique. É reportada a produção de cimento com processos seco, húmido e semi-
seco nas fábricas da Matola, Dondo e Nacala, respectivamente (COSSA, 1992). Os
estudos encontrados não descrevem o estado do projecto de substituição do processo
húmido por processos secos. Estes consomem muito menos energia. As fábricas de
cimento têm estado em processos de reabilitação e beneficiações, produzindo o suficiente
para as exigências do mercado Moçambicano. A qualidade do produto final é
reconhecida no mercado internacional mas, como se pode depreender, as tecnologias
ainda estão a evoluir em direcção aos níveis internacionais onde se usam processos mais
produtivos e convenientes para o meio ambiente. O equipamento usado em Moçambique
é antigo.

A produção de cimento Portland é feita segundo tecnologias antigas mas ainda com
qualidade suficiente. O cimento é produzido com modelo no processo básico da
fabricação de clínquer no forno, partindo de argila e calcário, e sua posterior moagem
com aditivos como gesso e calcário. A descrição detalhada deste tipo de procedimento
pode ser encontrada em vários manuais sobre o cimento, por exemplo (BRANTLEY et
al., 1995 ).

As pozolanas podem ser simplesmente cinzas de natureza silicoaluminosa, tanto naturais


como resultantes da combustão em instalações industriais e centrais térmicas, cinzas de
vegetais e outros. Também se obtêm da calcinação e moagem de diatomite, escórias
metalúrgicas. As pozolanas são, essencialmente, constituidas por materiais não ligantes.
A sua obtenção não exige tecnologias de alto nível, apesar de sofrerem um tratamento
posterior (selecção, moagem e mistura com cal, para se tornarem ligantes).

11.4.4 Fabricação de blocos

A produção de blocos de solos estabilizados e blocos prensados não está, ainda, muito
divulgada. Por isso deve-se recorrer a estudos para a sua implementação. Existe algum
equipamento experimental que corresponde a tecnologias actualizadas e também existe

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 113


Janeiro de 2003
pelo menos um estudo em curso na UEM, que usa este tipo de produto para construção de
casas de baixo custo.

Os blocos de adobe são baratos mas não têm muita resistência aos agentes naturais. Por
isso, o seu uso é aconselhável para construções de zonas rurais, onde podem ser
produzidos com tecnologias elementares e com matérias-primas de diversas propriedades.
Os estudos adicionais devem incidir sobre aditivos para materiais específicos.

11.4.5 Fabricação de artigos de fibrocimento

A produção de artigos de fibrocimento usa fibras diversas. Estas fibras são molhadas em
água e misturadas com cimento. A mistura é submetida à moldação, compactação e cura.
Na documentação encontrada, a descrição da actividade para esta classe de produtos não
é completa nem actualizada.

11.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
As tecnologias descritas para este ramo são de nível convencional ou rudimentar. Há uso
intensivo de mão-de-obra e as capacidades instaladas são sub-utilizadas. Na sua maioria,
as tecnologias situam-se abaixo dos padrões de produção internacionais em termos de
produtividade e qualidade. Há falta de formação e técnicos qualificados, falta de padrões
para os produtos, mau controle de qualidade e os processos são demorados. É de notar,
porém, que alguns produtos são para construções de baixo custo, que usam princípios de
produção que não podem ter investimentos elevados.

11.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais

O ramo da indústria de produtos minerais não metálicos é vital para o desenvolvimento


da economia. Em especial, a indústria de materiais de construção, que fabrica artigos para
casas e instalações industriais, para além de outras instalações, tem forte potencial para
concorrer com os industriais estrangeiros, mas para tal é necessário que se registem
alguns desenvolvimentos sectoriais. Há potencial para se contribuir para a redução de
custos de importações, valorização dos recursos nacionais e redução da precariedade das
construções nas áreas rurais onde existem recursos mal aproveitados, por falta de apoio
técnico.

Existiu um grupo de desenvolvimento de materiais cerâmicos liderado pela Faculdade de


Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane desde 1987. Este grupo dedicava-se à
investigação e experimentação para desenvolver materiais e era financiado pela SAREC
(Swedish Agency for Research and Cooperation) (UNIDO, 1989). A sua re-constituição é
urgente, em moldes mais alargados, que englobem mais interesses. Os antigos
constituintes deste grupo têm um leque de experiências em risco de ser perdido, dada a
frequente mudança de ocupações e descontinuidade das acções. É preciso fazer um
trabalho de investigação e catalogação da documentação existente para programar as
actividades. Este ramo de actividade requer estudos de novas tecnologias, uma vez que os

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 114


Janeiro de 2003
processos devem ser adaptados as características dos materiais locais. Em especial, é
preciso estudar tecnologias que possam ser usadas nas zonas rurais, a baixo custo.
Também há necessidade de estudos mercadológicos e estratégicos.

A indústria de materiais de construção tem conhecido transformações recentes que não


estão devidamente reportadas. Há exemplos de produção de blocos de solos estabilizados,
um procedimento pouco divulgado, que carece de estudos para adequação aos tipos de
solos locais (COSSA, 1992). Para além disso, foram recentemente instaladas linhas de
produção com tecnologias pouco comuns em Moçambique. É importante não só
documentá-las como também avaliar a viabilidade da sua implementação. É sabido que
as novas tecnologias nem sempre são bem sucedidas, especialmente no concernente aos
mercados com baixo poder de compra e baixa capacidade de adaptação a condições
locais. São indicadas algumas necessidades de investigação e desenvolvimento de
produtos de argila, materiais aglomerantes, produtos de cimento e produtos reforçados
com fibra natural (UNIDO, 1989). Uma outra preocupação que carece de estudos é a
utilização de fontes de energia que sejam menos prejudiciais ao ambiente (COSSA,
1992). Por exemplo, poder-se-ia estudar a conveniência de utilização do gás natural para
os fornos de cerâmicos situados em zonas próximas do gasoduto Temane-Secunda ou
suas derivações. Por outro lado, muitos resíduos industriais e agro-industriais podem ser
utilizados como matérias-primas ou materiais de construção.

É preciso fazer um levantamento mais detalhado da documentação em poder do


Ministério das Obras Públicas e Habitação e Ministério da Indústria e Comércio, visitar a
unidades de produção e desenhar planos de acção para o desenvolvimento de tecnologias
a nível sectorial.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 115


Janeiro de 2003
12. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
INDÚSTRIA METALÚRGICA DE BASE

12.1 Descrição do Ramo

O Ramo da Indústria Metalúrgica de Base dedica-se à produção dos seguintes artigos:


peças de ferro fundido, peças fundidas de aço, lingotes de alumínio, lingotes de aço,
varão para a construção civil, arame cru, cozido e galvanizado, outros derivados do
arame, tubos de aço com costura, tubos de aço de acoplamento rápido para a irrigação,
chapas galvanizadas, pregos e outros artigos de trefilaria e soldas de estanho (Austral
Consultoria e Projectos, 1991 ).

A indústria metalúrgica de base está fortemente dependente das importações de matérias


primas. As matérias primas nacionais, para além do arame, são as sucatas de aço, as
areias de moldação e a limalha de aço ferroso. A produção deste ramo é, principalmente,
destinada as áreas de construção civil, metalo-mecânica, mobiliário metálico e agricultura
(Reis et al., 1996).

A contribuição da indústria metalúrgica de base no valor total da produção da industria


transformadora, no ano 2000, foi de 0.1%, havendo, ainda, a registar uma tendência
decrescente da produção realizada, em comparação com os anos anteriores (excluindo a
MOZAL) (Instituto Nacional de Estatística, 2001). Esta situação é consequência directa
da idade avançada do equipamento e sua deficiente manutenção, assim como do fraco
investimento no ramo. A MOZAL, parece uma das poucas excepções. A grande maioria
das unidades produtivas da indústria metalúrgica de base está na província e cidade de
Maputo. Os níveis de produção estão muito baixo da sua capacidade instalada

12.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo da Indústria


Metalúrgica de Base
No ramo da indústria metalúrgica de base, foram identificados quatro estudos, que
contêm informação relevante, sobre algumas tecnologias em uso no país. Estes estudos
foram realizados entre 1987 e 2000. Os seus resumos apresentam-se no anexo 4.

Os estudos identificados, dão uma indicação sobre a tecnologia usada, descrevendo o


processo tecnológico e/ou equipamento instalado nas unidades produtivas do ramo.
Destes estudos destaca-se o da autoria de João Reis, publicado pela ANEMM (anexo 4),
pela sua abrangência e exaustivo levantamento do equipamento usado em várias
empresas do ramo da indústria metalúrgica de base. O anexo 4 apresenta resumos e
outros detalhes sobre os estudos identificados.

Neste capítulo, apresenta-se a descrição das tecnologias usadas na indústria metalúrgica


de base no país. Esta descrição é baseada na informação obtidos nos estudos recolhidos.
Assim é apresentada a seguir a descrição das tecnologias usadas na produção de lingotes
de alumínio, preparação da sucata, produção de chapas galvanizadas, produção de tubos e
galvanização de tubos. Não é apresentada a descrição da tecnologia de produção de peças

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 116


Janeiro de 2003
fundidas, por não ter sido possível localizar estudos que descrevem este processo de
produção.

12.3 Descrição das Tecnologias

12.3.1 Produção de lingotes de alumínio

O processo de produção do alumínio bruto na MOZAL, desde a matéria prima até ao


produto final, consiste essencialmente de três etapas: Preparação dos ânodos, Electrólise
e moldação.

Na fase de preparação dos ânodos faz-se a fabricação dos ânodos, que são preparados na
base de uma mistura, em proporções pré - determinadas de coque (uma substância á base
de carbono) e resina(pitch) derivada do petróleo. A mistura destas duas substâncias
resulta numa massa pastosa, que é compactada em moldes apropriados e depois secada
formando-se um bloco sólido, que por sua vez é submetido a um processo de cozedura,
em fornos apropriados.

A electrolise é feita com base no ânodo, uma panela de aço com revestimento interior de
carbono, que é o cátodo, e o electrólito de alumina. Faz-se passar uma corrente de alta
intensidade e de baixa tensão sobre o electrólito, partindo do ânodo ao cátodo. Sob efeito
Joule, desenvolvem-se altas temperaturas, que alcançam a faixa dos 600 a 690oC, que
provocam a fusão da alumina e sua ionização em iões Al3+ e O2-. De seguida os iões Al3+,
são reduzidos ao alumínio, enquanto que o carbono, em combinação com os iões O2-, é
oxidado formando-se o dióxido de carbono.

A moldação é o processo que se realiza logo após a obtenção do alumínio. O metal


contido nas panelas é transportado, por veículos especiais para uns fornos de
uniformização, onde se uniformiza a temperatura do metal, passando de seguida para a
linha de moldação que consta de vários moldes ligados em série por uma transmissão por
cadeia, obtendo-se no fim um lingote de alumínio de 99,8% de pureza (Manuel, 2000 ).

12.3.2 Preparação de sucata

O processo de preparação da sucata consiste na recolha da sucata, pesagem numa balança


ponte mista. A seguir a sucata é descarregada, numa área previamente preparada, com
ajuda de meios mecânicos. Depois da descarga faz-se uma prévia segregação mecânica
da sucata em sucata pesada e leve. A sucata pesada é depois transportada para a área de
separação/preparação por meio de corte oxi-acetilénico onde se faz a separação das parte
em ferro-fundido, metais não ferrosos, peças em bom estado para reutilização, assim
como material de construção re-aproveitável. Nesta etapa procede-se também ao corte,
que é feito de acordo com as exigências do processo metalúrgico posterior.

O equipamento, geralmente, consta de veículo pesados de carga, semi-reboque, guindaste


e prensa de sucata móvel (Mendes, 1987).

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 117


Janeiro de 2003
12.3.3 Produção de chapas galvanizadas

As chapas galvanizadas produzidas na IMA, são lisas e onduladas, com espessura que
varia de 0,3 a 0.8 polegadas. A matéria prima, para a produção de chapas galvanizadas na
IMA, são chapas laminadas a frio e a quente, em bobines, importadas.

O processo tecnológico de produção de chapas galvanizadas, na IMA, começa com o


corte longitudinal das chapas em bobines, de forma a obter uma chapa com a largura
desejada. Esta linha de corte é composta de uma desbobinadora equipado com grampo de
rolos, tesoura, máquina de corte equipada com facas circulares. A seguir as chapas são
conduzidas para a galvanização, que consiste, neste caso, em cobrir a chapa de aço, em
ambas superfícies, com zinco (Yves, 1991).

12.3.4 Produção de tubos

A linha de produção está desenhada para produzir tubos soldados longitudinalmente e


tem uma capacidade máximas de 55 metros /minuto. Esta linha de produção consiste de
uma desbobinadora, banco de soldadura manual, máquina de soldar, rebarbadeira,
máquina niveladora de costura, tesoura móvel, máquina para teste hidráulico dos tubos
(Yves, 1991).

12.3.5 Galvanização de tubos

A linha de produção existente na IMA, é de produção intermitente. Consiste de uma série


de tanques, uns próximos dos outros, com capacidade suficiente para acomodar tubos
com 6 metros de comprimento. Os tanques contém H2SO4. O último tanque contém zinco
líquido, no qual os tubos são mergulhados durante trinta segundos, para permitir a
deposição do zinco na superfície dos tubos (Yves, 1991).

12.4 Avaliação da Tecnologia em Relação aos Padrões Regionais e


Internacionais
Sendo grande parte da indústria metalúrgica nacional concebida antes dos anos noventa e
não tendo sofrido beneficiações apreciáveis na sua estrutura de funcionamento, nos
últimos anos, presume-se que a tecnologia usada não seja das mais actuais.

Com excepção da fundição de alumínio, que usa tecnologias mais avançadas do ramo, as
outras empresas usam tecnologias relativamente menos modernas. Contudo, em geral, o
equipamento e os processos de produção, usados no ramo da indústria metalúrgica de
base do país, ainda são empregues em várias indústrias similares, em várias partes da
região e do mundo.

12.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
Grande parte das peças fundidas em aço e ferro fundido, produzidas no país, são obtidas
em moldes de areia. Esta tecnologia permite obter peças com uma precisão razoável e

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 118


Janeiro de 2003
com recurso a um investimento relativamente baixo. No entanto, na indústria metalúrgica
moderna, outros métodos, tais como injecção, cera perdida, moldes metálicos e outros,
têm sido empregues, com vista à obtenção de peças com elevada qualidade.

A produção de varão para construção civil, arame e outros derivados de arame, bem com
a produção de chapas e tubos galvanizados é feita com baixo grau de automatização e
com muitas operações manuais. Isto tem como consequência directa, uma fraca
competitividade destes produtos no mercado local e internacional.

12.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais


A indústria metalúrgica de base é uma área importante, devido ao seu caracter básico e
dos seus efeitos estruturantes, pelas ligações que pode desenvolver com outros sectores
como a metalo-mecânica e a construção e, mais tarde, com o sector extractivo (Boletim
da República nº 33).

O equipamento e tecnologia empregues, neste ramo, são importados. O país não possui
capacidade para, a curto prazo, desenvolver e produzir este tipo de equipamento. Por isso
recomendam-se estudos com vista a um melhor conhecimento e aconselhamento sobre as
necessidades tecnológicas nacionais neste domínio.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 119


Janeiro de 2003
13. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DA
INDÚSTRIA DE PRODUTOS METÁLICOS, MÁQUINAS,
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS DE TRANSPORTE

13.1 Descrição do Ramo


O Ramo da Indústria de Produtos Metálicos, Máquinas, Equipamentos e Materiais de
Transporte é parte do Sector da Indústria Transformadora contém as divisões 28, 29, 30,
31, 32, 33, 34, 35, 36 e 37 (Instituto Nacional de Estatística, 1998) ou o ramo 38, segundo
o anuário (Instituto Nacional de Estatística, 2001) ou o ISIC (International Standard
Industrial Classification). O valor da sua produção representou cerca de 3% de toda a
Indústria Transformadora no ano 2000 (Instituto Nacional de Estatística, 2001). Este
ramo dedica-se à fabricação de elementos de construção em metal, reservatórios,
recipientes, artigos metálicos para alimentos, latoaria, embalagens metálicas, geradores
de vapor, produtos metálicos diversos, actividades de mecânica geral, fabricação de
máquinas e equipamentos de uso geral e específico, aparelhos e utensílios domésticos,
fabricação de máquinas de escritório e de equipamento para tratamento automático de
informação, fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos tais como motores, geradores,
transformadores, material de distribuição e controle para instalações eléctricas, fios e
cabos isolados, acumuladores e pilhas eléctricas, lâmpadas e outro material de iluminação
e outro material eléctrico, fabricação de equipamento e aparelhos emissores e receptores
de rádio, televisão e comunicação, fabricação de aparelhos e instrumentos médico-
cirúrgicos, ortopédicos, de precisão, de óptica (incluindo material fotográfico e
cinematográfico) e de relojoaria, fabricação de veículos automóveis e seus componentes,
carroçarias, reboques e semi-reboques, construção e reparação naval, fabricação de
material circulante para caminhos de ferro, aeronaves e outro material de transporte
(Instituto Nacional de Estatística, 1998). Existe uma descrição mais exaustiva dos
produtos deste ramo de actividades (UNIDO, 1987 b)), (Uamusse et al., 1993) cuja
extensão torna-a inadequada para o presente documento.

A estrutura actual da produção deste ramo não está totalmente coberta na documentação
estatística oficial (Instituto Nacional de Estatística, 2001). Nos registos encontrados
destacam-se as produções de artigos de latoaria e embalagem, acumuladores, recipientes
e utensílios de aço inoxidável e de alumínio, em termos numéricos. As produções destes
artigos são da ordem de dezenas ou centenas de milhares de unidades. Há uma grande
porção de bens produzidos com únicos, para trabalhos de manutenção, incluindo
estruturas, produtos de serralharia civil e outros. A indústria de mobiliário metálico tem
produzido poucos milhares de artigos, cerca de 2200 no ano 2000 (Instituto Nacional de
Estatística, 2001). As informações sobre os produtos para transporte não são suficientes,
apesar de os consultores terem conhecimento da existência de actividades nesta área.

Uma certa porção de bens produzidos por este ramo constitui o que, em certas literaturas,
é designado por "sector de bens de capital". O sector de bens de capital produz
maquinaria e outros equipamentos que formam capital. Está muito ligado à acumulação
de capital empresarial e nacional mas também constitui um sector determinante nas
mudanças tecnológicas. É um sector difícil de consolidar, especialmente em mercados

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 120


Janeiro de 2003
pequenos. Requer tecnologia cara, pessoal qualificado, indústrias/serviços auxiliares e
sempre inicia com uma desvantagem competitiva relativamente a produtores
internacionais com reputação. Por isso, os países em desenvolvimento têm que importar
uma larga percentagem de bens de capital. Nestes países, desenvolve-se mais a indústria
de bens de consumo. Os países em desenvolvimento contribuem para cerca de um quarto
das importações mundiais de bens de capital, fabricando apenas cerca de um décimo da
produção mundial (UNCTAD, 1985).

As máquinas ferramentas são bens de capital fundamentais de muitas empresas de


produtos metálicos que têm capacidade de produzir outros bens de capital especializados
e por isso desempenham uma papel de importância vital no desempenho da economia, em
geral, e da Indústria, em especial, por poderem satisfazer necessidades específicas da
produção de equipamento e outros factores de produção (ARAÚJO Jr. et al.).

A evolução da indústria de máquinas ferramentas e outras afins teve a sua origem


paralelamente à mecanização da actividade industrial. As máquinas evoluiram de plainas,
mandriladoras e tornos simples até ao estado presente em que se desenvolvem máquinas
e equipamentos de elevada produtividade, grandes potências, processamento múltiplo e
com controle baseado em microelectrónica. O uso de sistemas integrados por
computadores no controle é particularmente estimulado na indústria das máquinas-
ferramentas, onde se obtêm benefícios múltiplos tais como aumento dos níveis de
automação, flexibilidade, consistência da qualidade e baixo preço, às vezes a expensas da
produtividade (ARAÚJO Jr. et al.). A utilização destes meios avançados na indústria
metalomecânica em Moçambique não é comum, apesar de existirem exemplos de tais
equipamentos em estabelecimentos de ensino técnico.

Para o mercado de uma economia como a de Moçambique (sem considerar a estratégia


exportadora), e segundo indicam experiências de outros países, convém produzir bens
que podem ser adquiridos a baixo preço, para satisfazer a maioria das necessidades
locais, e importar os bens mais complexos e difíceis, que relativamente poucas entidades
podem adquirir. Neste contexto económico, o desenvolvimento da tecnologia do ramo
metalo-mecânico está muito condicionado às exigências específicas do mercado
consumidor e as aos poucos incentivos de desenvolvimento que possam existir
(ARAÚJO Jr. et al.).

Apesar de se enfatizar a elevada idade e a inoperância de grande parte do equipamento,


um dos maiores problemas das empresas do ramo é a organização dos processos e a falta
de experiência sobre os procedimentos apropriados para determinados produtos e
processos. Por esta razão, várias empresas do ramo associam-se a empresas estrangeiras
ou são adquiridas com o objectivo de responder à procura de serviços tanto essenciais
como especializados. Por outro lado, o controle de qualidade e a certificação têm
constituido um problema. Muitas empresas do ramo encerraram as suas actividades em
associação com a letargia económica de Moçambique nos anos passados e com os
processos de privatização. Este ramo de actividade é bastante afectado pelos problemas
de política tributação e estrutura dos preços.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 121


Janeiro de 2003
Têm-se registado alguns investimentos no ramo da indústria metalomecânica ao longo
dos anos (Reis et al., 1996), mas estes não estão devidamente reportados. O Programa de
Reabilitação Económica (PRE) deu um contributo importante no desenvolvimento da
industria metalomecânica, melhorando a qualidade dos produtos e conferindo-lhes
competitividade nos mercados internacionais (Uamusse et al., 1993).

Mais de dois terços das indústrias metalo-mecânicas concentram-se na cidade e na


província do Maputo e cerca de um quinto na cidade da Beira e menos de um décimo em
Nampula (Reis et al., 1996). As suas actividades incluem o fabrico e reparação de
material ferroviário, estruturas metálicas diversas, cisternas, peças para automóveis,
embarcações e equipamento industrial, alfaias agrícolas, bicicletas, mobiliário, artigos
para residências, carpintaria, ferragens e outros.

Durante grande parte da década 90, os ramos da metalurgia e metalomecânica


representaram apenas cerca de 10% da produção industrial e cerca de 2% do produto
Interno Bruto (Reis et al., 1996). Os níveis de produção situam-se muito abaixo das
capacidades instaladas (Reis et al., 1996), devido a vários factores como as deficiências
do equipamento, a falta de peças sobressalentes, a escassez de matéria-prima, baixo
domínio das tecnologias por parte da mão-de-obra, para além do ambiente económico
pouco favorável sob o ponto de vista de pouca demanda no mercado, falta de recursos
financeiros e fraca competitividade relativamente a produtos estrangeiros.

O surgimento de grandes projectos como a MOZAL impõe um nova dinâmica no ramo


da indústria metalomecânica e outros sectores da sociedade. Exige-se maior quantidade e
melhor qualidade de serviços, novas disposições legais e procedimentos
fiscais/aduaneiros, novos modelos de concorrência nacional e internacional, melhor
sentido de organização e projecção da imagem das empresas, actualização do pessoal no
uso de técnicas cada vez mais modernas, melhor contextualização do ensino técnico e
sentido empreendedor.

13.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo


As tecnologias componentes das etapas de produção de componentes de equipamentos
são comuns em quase toda a indústria metalomecânica. Os processos são organizados de
forma que o início corresponde a um ou mais processos de pré-fabricação, seguido(s) de
usinagem e montagem final. Porém, cada produto pode requerer a elaboração de um
processo tecnológico de produção especial. Alguns produtos não têm muitas etapas de
fabricação mas outros podem ter processos muitos longos e difíceis de planificar. Estes
processos tecnológicos são compostos por segmentos de processos elementares
padronizados e bem documentados. Por isso, não seria de esperar a sua descrição
exaustiva em estudos sectoriais.

A título de exemplificação, a sequência pode ser formada por um processo de fundição,


laminagem ou estampagem, seguido de colocação em máquinas ferramentas diversas
para fabricar diferentes superfícies em regimes de desbaste e depois acabamentos em
máquinas similares ou diferentes, incluindo o uso de processos de precisão alta tais como

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 122


Janeiro de 2003
a rectificação, mandrilagem, alisamento ou outro tratamento. A descrição destes
processos é trivial, especialmente em estudos não tecnológicos.

Na sua maioria, os estudos encontrados não são muito actualizados, embora possam
ilustrar parte das tecnologias existentes. O documento mais actualizado é o estudo da
ANEMM (Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Metalomecânicas) de
Portugal, intitulado "Sector Metalúrgico e Electromecânico - Moçambique:
Levantamento, caracterização e necessidades de formação das empresas" (Reis et al.,
1996). Este estudo é de 1996 e não é específico sobre tecnologias. Comporta uma boa
descrição do parque industrial. Dada a característica do ramo em que os processos
tecnológicos dependem muito do produto a obter, o estudo revela-se muito importante
para os fins que são pretendidos com o presente documento. Um outro estudo gémeo é
designado "Sectores de destino da produção da Metalurgia e Electromecânica -
Moçambique" também da ANEMM, em dois volumes, de 2000 e 1998, respectivamente.
Este estudos são descritos no anexo 4.

13.3 Descrição das Tecnologias

Há uma relação estreita entre os processos tecnológicos e o equipamento. Tendo em


conta que os processos elementares deste ramo de actividades são padronizados, a
descrição dos mesmos não é inserida no presente documento. As fontes que descrevem os
processos são mencionadas adiante.

13.4 Avaliação do Nível de Tecnologias em Relação aos Padrões


Regionais e Internacionais
A situação económica precária de Moçambique teve um efeito muito negativo no
desempenho da indústria de produtos metálicos, máquinas, equipamentos e materiais de
transporte. Um dos piores factores é a estagnação do mercado que até ao momento não
permite que as empresas tenham uma produção estável. Este factor prejudicou a
implantação de novos investimentos. Porém, a produção Moçambicana tem alguns
artigos com qualidade para competir nos mercados internacionais, apesar do deficiente
controle de qualidade.

A diversidade de equipamentos utilizados é grande. Cada tipo de equipamento


corresponde a um determinado processo tecnológico elementar, havendo casos em que os
equipamentos são capazes de executar processos tecnológicos diversos. São exemplos
típicos os tornos mecânicos e as fresadoras universais. Dado que cada processo
tecnológico elementar corresponde a princípios bem documentados nos manuais sobre
tecnologia mecânica (AMSTEAD, 1987), (KALPAKJIAN, 1989), (DROZDA et
al.,1983), não se faz uma descrição dos processos tecnológicos deste ramo no presente
documento, que apenas descreve os equipamentos típicos das empresas, cuja distribuição
pode ser encontrada num documento actualizado (Reis et al., 1996).

Os equipamentos típicos encontrados em empresas metalo-mecânicas comportam fornos


de fundição e tratamentos térmicos, cubilotes, calcadores, transportadores, gruas,

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 123


Janeiro de 2003
diferenciais, vibradores, rebarbadeiras, forjas, electroerosoras, limadores, tornos
horizontais, tornos verticais, tornos de revólver, fresadoras verticais e horizontais,
mandriladoras, máquinas de brochar, engenhos de furar de coluna, de bancada e radiais,
máquinas para abrir roscas, equipamento de soldadura a chama e oxi-corte com ou sem
pantógrafo, equipamento para soldabrasagem, soldadura a arco eléctrico por eléctrodos
fusível ou infusível, revestidos ou com protecção por pós, gases inertes e activos,
máquinas para soldadura por pontos e por rolos, calandras, guilhotinas, tesouras manuais,
quinadeiras, prensas com diversas formas transmissão de energia mecânica, máquinas
para enformação a frio ou a quente, por pressão ou por revolução, fieiras,
esmeriladoras/polidoras, microscópios, durómetros, pirómetros e medidores diversos
(Reis et al., 1996). Também há outros dispositivos auxiliares para fixação das peças,
medições diversas, teste e calibração, montagem, tratamentos preparatórios ou de
acabamento (por exemplo decapagem ou pintura), entre outros.

Na indústria metalomecânica há poucos técnicos com formação superior e a idade média


dos equipamentos é comummente superior a 25-30 anos (Reis et al., 1996), (Uamusse et
al., 1993), para as instalações que não sofreram investimentos dos países do Leste na era
da guerra fria, investimentos no âmbito de programas especiais numa fase posterior ou
ainda investimentos devido ao impacto da recente era do mercado livre.

13.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
A produção de muitos bens do ramo da Indústria de Produtos Metálicos, Máquinas,
equipamentos e materiais de transporte tem níveis numéricos baixos porque a demanda
no mercado Moçambicano também é baixa. Por isso, não se pode beneficiar muito da
economia de escala ou da instalação de equipamentos de elevada produtividade, excepto
se os produtos forem exportados. Por outro lado, existe uma certa procura de produtos ou
processos que não são oferecidos, ou que não têm qualidade satisfatória em Moçambique
ou ainda produtos e serviços cuja qualidade não é certificada, o que tem levado a procurar
os mesmos produtos ou serviços na República da África do Sul ou outros países.

O facto de se produzir em pequena escala e não haver uma intensa actividade industrial
faz com que muitas empresas forneçam serviços na área de manutenção. Esta actividade
exige uma grande diversidade de processos que se opõe à especialização e ao
desenvolvimento acelerado. As produções típicas de artigos de diversos tamanhos
situaram-se tipicamente em dezenas ou centenas de unidades no início da década 90, o
que testemunha a baixa escala de produção (Uamusse et al., 1993).

Uma das estratégias para iniciar o desenvolvimento tecnológico do sector de bens de


capital, também usada em países desenvolvidos para controlar a concorrência de modelos
de equipamento estrangeiro, é a montagem local de componentes estrangeiros (que usa
tecnologias simples), seguida da produção local de fracções dos componentes e
adaptações. Este processo tem como desvantagens a fragmentação das actividades e a
falta de economia de escala. Porém, há vários exemplos de entrada para o sector de bens

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 124


Janeiro de 2003
de consumo em vários países usando o processo de cópia e adaptação, embora com certas
dificuldades de mercado (UNCTAD, 1985).

A raridade de meios tecnológicos em Moçambique neste ramo de actividade é ilustrada


pela falta de meios materiais mas também pela falta de habilidades técnicas, o que pode
dar a entender que as acções de desenvolvimento do ramo devem ter em conta a
componente de utilização devida dos recursos existentes.

13.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais

Dada a vastidão do ramo, existem muitas carências de informação. Em primeiro lugar,


deve-se proceder a um levantamento do potencial de equipamento realmente utilizável e
da mão-de-obra existente para beneficiar as actividade dos grandes projectos, que
constituem a garantia de sobrevivência do ramo. Na fase actual os estudos de mercados
para produção em grandes quantidades só podem ser justificados para bens de pouco
valor, como artigos de cutelaria, ferragens e afins.

Uma vez que não foi encontrada informação suficiente, sugere-se que se estudem as
tecnologias nos processos de produção da indústria eléctrica e electrónica, indústria de
equipamentos diversos e de transporte, indústria de reparações navais, indústria
siderúrgica (para bens acabados), da indústria de mobiliário metálico e, sobretudo, na
indústria de bens de alumínio. É conhecida a existência de actividades em certas áreas,
embora não tenham sido encontrados relatos adequados.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 125


Janeiro de 2003
14. SECTOR DA INDÚSTRIA TRANSFORMADORA: RAMO DE
OUTRAS INDÚSTRIAS TRANSFORMADORAS

14.1 Descrição do Ramo


Segundo a “Classificação das Actividades Económicas de Moçambique” (Instituto
Nacional de Estatística, 1998), este ramo compreende a fabricação de: fechos de correr e
de botões (inclui botões de punho) em qualquer material; guarda-chuvas e guarda-sóis;
carimbos, datadores e numeradores (inclui aparelhos manuais para impressão e gravação
de etiquetas); linóleo e outros revestimentos rígidos para o chão; carroceis, baloiços e
outras diversões de parques ou feiras; fitas para máquinas de escrever e almofadas de
carimbo com ou sem impregnação de tinta; cachimbos; pentes e travessas para cabelo;
vaporizadores de toucador, garrafas térmicas; carrinhos e veículos semelhantes para o
transporte de bebés ou crianças, velas pavios, barbas postiças, flores e frutas artificiais,
peneiras manuais, manequins, animais preparados, e outros produtos não incluídos
noutras indústrias transformadoras.

Alguns produtos deste ramo tais como botões, carinhos, baloiços e outras diversões de
parques ou feiras são produzidos por empresas não especializadas do ramo
metalomecânica, têxtil e outros. A única empresa, cuja totalidade de produtos faz parte
deste ramo de outras indústrias transformadoras, dedicando-se á produção de talheres de
mesa, torneiras, válvulas, etc., está paralisada há já alguns anos (Arthur D. Little
International, Inc. , 1987).

No ano 2000, a contribuição deste ramo, no valor global de produção da industria


transformadora, foi de aproximadamente 0% (24 Instituto Nacional de Estatística, 2001).
Esta situação indica a inoperacionalidade desta área de actividade industrial, no país.

14.2 Estudos Existentes e Tecnologias Usadas no Ramo

No ramo de outras indústrias transformadoras, foi identificado apenas um estudo, que


contém informação relevante, sobre algumas tecnologias em uso no país. Este estudo foi
realizado em 1987 (vide anexo 4).

A grande variedade de produtos deste ramo, implica, também, uma diversidade de


processos tecnológicos. Contudo, uma parte apreciável dos produtos nacionais deste ramo
é produzida por indústrias de outros ramos que usam meios tecnológicos compatíveis.
Do grupo de indústrias com potencial para contribuir neste ramo destacam-se as
indústrias metalomecânica, têxtil e de artigos de plástico.

Assim, no contexto actual da industria nacional, de uma forma geral, pode-se considerar
que os processos tecnológicos e equipamento, usados na manufactura de grande parte dos
produtos deste ramo, são similares aos das indústrias de outros ramos com potencial
para contribuir neste ramo.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 126


Janeiro de 2003
No entanto, no país, a tecnologia usada para produzir talheres de mesa, torneiras,
válvulas, equipamento de cozinha, é simples e de mão-de-obra intensiva. Os trajectos de
produção são geralmente curtos e não apropriados para a automatização. As matérias
primas principais são: ligas de cobre, barras e chapas de aço (Arthur D. Little
International, Inc. , 1987).

14.3 Descrição das Tecnologias

No presente documento, não se fas a descrição das tecnologias devido à escassez de


informação associada à relação estreita entre este ramo de actividades e outros ramos da
indústria.

14.4 Avaliação da Tecnologia em Relação aos Padrões Regionais e


Internacionais
A informação disponível, sobre este ramo é muito escassa. Isto, aliado ao fraco
desempenho do ramo e à intervenção de outras indústrias, não permite uma boa
visualização da sua estrutura funcional. Contudo, considerando a existência de poucas
empresas especializadas e o fraco investimento no ramo, nos últimos anos, pode-se
deduzir que, de uma forma geral, a tecnologia usada está muito abaixo dos padrões
regionais e internacionais.

14.5 Avaliação Preliminar sobre a Deficiência Tecnológica nas Áreas


Envolvidas no Ramo
A exiguidade de estudos identificados, neste ramo, dificulta a avaliação da tecnologia
usada. No entanto, o fraco desempenho e a fraca oferta, de produtos nacionais deste
ramo, são indicadores de possíveis deficiências tecnológicas.

14.6 Indicação das Áreas que Necessitam de Estudos Adicionais


Este ramo é bastante heterogéneo. Os seus produtos, tais como fechos de correr botões,
revestimentos rígidos para o chão, etc., são relevantes na vida de qualquer sociedade
moderna. Sendo assim, são recomendáveis estudos nesta área.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 127


Janeiro de 2003
15. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES GERAIS DO ESTUDO

O trabalho apresentado dedica-se a um estudo documental sobre tecnologias no sector


produtivo em Moçambique. O trabalho identificou uma grande falta de informação
actualizada sobre a situação tecnológica presente. Existem várias actividades realizadas e
em curso que não estão documentadas. A introdução de novos procedimentos
tecnológicos e a actividade científica não estão devidamente registadas. A introdução de
novos equipamentos não é acompanhada de registos adequados. A maioria dos estudos
sectoriais existentes é de há cerca de dez ou mais anos atrás. Por isso, propõe-se que os
projectos novos sejam acompanhados de descrições dos processos, incluindo as
características técnicas do equipamento e o impacto ambiental dos processos.

Para se fazer uma avaliação realista de tecnologias, é preciso criar um sistema de


indicadores que sejam realisticamente aplicáveis à situação de cada país.

Lado a lado com um sistema de indicadores adequado, é preciso que seja possível aplicar
os mesmos por meio da disseminação da informação sobre tecnologias, em
documentação formal. Há informação sobre tecnologias que não é de domínio público,
apesar de não ser secreta. Deve-se criar uma cultura de divulgação de resultados no
domínio das tecnologias.

Ao invés de utilizar procedimentos de elevadíssimo rendimento e baixos custos de


produção por unidade, os mercados pequenos requerem uma avaliação realista da
viabilidade de desenvolvimento ou importação de tecnologias para produção em massa,
devendo concentrar-se em tecnologias apropriadas ao invés de distinguir entre
tecnologias recentes e antiquadas. Por exemplo, o uso de tecnologias que requeiram
muita mão-de-obra não é necessariamente um problema para um país como Moçambique,
onde a mão-de-obra nacional não é cara.

Os problemas de infra-estruturas, cadeia de fornecimento, baixa qualidade de produtos e


fraca competitividade, baixo poder de compra do mercado nacional e baixa procura,
baixo nível de formação dos técnicos nas unidades produtivas, má estrutura de preços e
de tributos entre factores de produção e produtos acabados, inadequação dos mecanismos
de acesso ao crédito e taxas de juro muito elevadas, corrupção, insegurança,
criminalidade e negócios informais, constituem barreiras para o desenvolvimento sócio-
económico e têm impacto negativo sobre o desenvolvimento tecnológico.

Apesar da qualidade questionável insuficiências na informação utilizada, é possível


concluir que, no domínio das tecnologias, Moçambique tem um desempenho
extremamente baixo em comparação com quase todos os países do mundo, em muitos
ramos de actividades do sector produtivo.

Com base no estudo realizado, podem ser consideradas duas categorias de estudos que
devem ser feitos:

- estudos para complementar a informação sectorial;

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 128


Janeiro de 2003
- estudos para desenvolver tecnologias apropriadas à realidade de Moçambique.

Quase todas as áreas precisam de informação adicional, mas foram mais sentidas as faltas
de informação para o Sector da Indústria Transformadora, Ramo da Indústria de Papel,
Artes Gráficas, Edição e Publicação (pois não há nenhum estudo), Ramo da Indústria de
Produtos Minerais Não Metálicos (há pouca informação e há muito potencial para
desenvolvimento) e ramos das Outras Indústrias. Porém, este último ramo tem pouca
relevância para a economia nacional.

As áreas com grande potencial por explorar são diversas. Pela sua magnitude actual e
possibilidade de impacto da implementação de novas tecnologias destacam-se o Sector da
Agricultura, o sector dos Recursos Minerais (Minerais e Produtos Diversos), e o Sector
da Indústria Transformadora (Ramo da Alimentação, Bebidas e Tabaco). Devido ao
efeito multiplicador na economia, deve-se prestar atenção também aos Ramos da
Indústria de Produtos Metálicos, Máquinas, Equipamentos e Materiais de Transporte e da
Indústria Química, de derivados de Petróleo, Carvão, Produtos de Borracha e Plásticos,
especialmente nas vertentes de hidrocarbonetos ( gás natural e carvão).

A dependência da situação tecnológica actual em relação a factores endógenos (visão


empresarial e estratégica, tipo de gestão, capacidade produtiva e inovativa,
disponibilidade de recursos humanos) e factores externos às empresas (demanda e
estabilidade do mercado, estrutura industrial e concorrência, desenvolvimento nacional
global, aspectos legais e regulamentares, aspectos financeiros e fiscais, políticas
governamentais, situação político-social, situação económica mundial) torna necessária a
adopção de medidas de desenvolvimento tecnológico que são ponderadas e adequadas às
condições reais de Moçambique, para evitar a repetição de fracassos nos projectos. Estas
medidas incluem a revisão de estratégias como a Política Industrial do Governo de
Moçambique.

Existem experiências de desenvolvimento acelerado em algumas partes do mundo que


poderão ser adaptadas. Por exemplo, na Ásia existem vários países [e.g., China (incluindo
Taiwan), Índia, Japão e alguns outros como a Malásia, Coreia] que evoluiram os seus
índices tecnológicos a ponto de competirem com as potências industriais ocidentais, em
certas áreas.

O seminário realizado em 13 de Novembro de 2002 para disseminar o presente estudo


permitiu analisar a informação recolhida. Neste evento foram apresentadas conclusões e
recomendações que a seguir se apresentam.

Conclusões do seminário

• Os dados de fontes de informações escritas de Moçambique não são sempre


coincidentes com os dados de outras fontes escritas ou outras fontes locais;

• Existem bases de dados internacionais que são mais abrangentes que as nacionais; há
falta de instituições nacionais que façam estudos económicos e sociais tão exaustivos
quanto organismos internacionais e estrangeiros (por exemplo, o Banco Mundial);

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 129


Janeiro de 2003
• O critério que as entidades estrangeiras referenciadas no relatório utilizam para a
quantificação dos artigos publicados não está especificado e exclui algumas
publicações;

• Os sistemas artesanais não são sempre menos viáveis (economicamente) e os sistemas


industrializados às vezes são os mais convenientes, mesmo para zonas pouco
desenvolvidas; por isso, é preciso analisar os casos para fazer aconselhamentos sobre
os procedimentos a seguir;

• Os aspectos de qualidade e sua normação estão directamente relacionados com a fraca


competitividade dos produtos Moçambicanos nos mercados internacionais. Estes
aspectos também estão por detrás da aparentemente fraca promoção das exportações,
reportada no relatório mas veementemente questionada no seminário;

• A falta de dados qualitativos e quantitativos limita a elaboração de um sistema de


indicadores específicos para a situação de Moçambique, incluindo indicadores de
impacto social para além de indicadores utilizados pelo OECD para avaliar sistemas
de ciência e tecnologia;

• Os períodos utilizados para a análise de alguns parâmetros (especialmente a taxa de


crescimento) incluem diferentes fases de transformações económicas e sócio-políticas,
podendo estes períodos ser mais particularizados.

Recomendações do seminário

• Melhorar o registo e a disseminação de informação sobre as tecnologias em


Moçambique, para responder ao problema de falta de informação detectado durante o
estudo;

• Identificar "tecnologias adequadas" para os ramos de actividade, tendo em vista a


situação económico-social de Moçambique no contexto mundial;

• Elaborar regulamentos para melhorar o desempenho do sector produtivo;

• Utilizar uma abordagem de mercado para estimular o desenvolvimento económico,


em substituição de princípios de uma economia de subsistência, em que há grandes
preocupações com aspectos tão básicos como garantir a alimentação;

• Fazer comparações ou equiparações de tecnologias tendo como referência os


melhores países do mundo ou os que tiveram um desenvolvimento rápido como
alguns países asiáticos e outros (Índia e Brasil no caso do cajú);

• Fazer referências a projectos que trazem mudanças e analisar o sucesso em algumas


áreas, mesmo em países vizinhos (por exemplo, Suazilândia).

Estudos ramais específicos mais abrangentes e periódicos sobre tecnologias incluindo


entrevistas e visitas permitirão compilar informações que os documentos não contêm nem

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 130


Janeiro de 2003
reflectem a realidade do sector produtivo. Por outro lado estudos sobre o sector de
serviços complementarão a informação do sector produtivo dada a estreita ligação e
interdependência dos mesmos.

Nível Tecnológico do Sector Produtivo em Moçambique 131


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