Ebook 3 Nutriflix - Jejum Intermitente
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O Jejum ……………………..…………………………………………………………………………………………………..……3
Outras Comparações…………………………………………………………………………………………….………..…... 7
Referências ………………………………………………………………………………………………………………….…………..18
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Com este conceito bem definido, surgiram nos últimos anos diversas alegações sugerindo possíveis
benefícios à saúde relacionados à prática do jejum, como a da figura abaixo, proposta por Yoshinori
Ohsumi. Este pesquisador, ganhador do Nobel da Medicina por detalhar o processo de autofagia celular,
declarou haver relação entre a prática de jejum e a indução deste processo, que consiste na degradação
de componentes da célula por ela mesma, o que pode ser importante para a renovação celular. Porém,
não podemos extrapolar para jejum intermitente como sendo superior ou achar que quanto mais
autofagia, melhor.
É importante entender que as células não são iguais, havendo diferenças morfológicas e funcionais
bastante distintas entre elas, o que faz com que não seja adequado pensar em autofagia de forma
generalizada, como propõe o pesquisador. Além disso, apresentam diferentes tempos de vida, sendo
importante que esse intervalo seja garantido em muitos casos. Um exemplo prático envolve as hemácias,
células do sangue que transportam hemoglobina. Em pacientes diabéticos, o excesso de glicose no sangue
pode associar-se a esta célula, possibilitando a glicação da hemácia, o que é avaliado em exames como
o de hemoglobina glicada. Uma autofagia desordenada neste caso impediria esta glicação, já que
rapidamente a hemácia seria renovada, havendo comprometimento no diagnóstico da doença.
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Tipos de Jejum
Não há um consenso quanto a uma maneira única de realizar jejum enquanto intervenção dietética,
podendo alguns modelos apresentar maiores restrições em dias específicos. O Jejum Completo
Alternado abrange um dia de jejum total, ou seja, com ausência de consumo calórico, sendo permitido
o consumo de líquidos sem calorias. Neste modelo, o dia seguinte é de consumo livre, o que pode ser um
ponto negativo, caso esse consumo não esteja associado a alimentos mais saudáveis. O Jejum Não-
Consecutivo também é uma opção, com a diferença de não haver restrição total em um dia, pois o dia
de jejum possibilita o consumo de até 20 a 25% das necessidades energéticas. Além disso, não há um
único dia, mas sim dois que devem ser voltados para essa restrição, sendo importante que não sejam dias
consecutivos. Nos outros cinco dias da semana, a ingestão é à vontade. Uma desvantagem deste modelo
envolve pacientes que apresentam pouca consciência alimentar, estando inclinados a escolhas
alimentares não tão vantajosas para a saúde. Pacientes com fome elevada também podem ter dificuldade
para aderir a esse modelo.
O Jejum com Restrição de Tempo é um terceiro modelo que, por sua vez, não restringe calorias de
forma completa em nenhum dia, mas sim em intervalos do dia. Estes costumam ser longos, podendo
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Tipo Descrição
Jejum com Restrição de Tempo Jejum por Longos períodos do dia (14-18h)
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Jejum ou restrição calórica?
O déficit calórico contínuo costuma ser a primeira linha a ser ofertada para pacientes que buscam
emagrecimento, tanto para fins estéticos quanto para a saúde, neste último caso pensando-se em
indivíduos obesos ou com sobrepeso. A baixa adesão à dieta é um dos fatores que pode estar atrelado ao
insucesso de diversas intervenções para perda de peso, o que fez com que alternativas como o jejum
intermitente surgissem. Muitos estudos foram realizados com o objetivo de analisar possíveis vantagens
do jejum em detrimento da restrição calórica contínua. Um ensaio clínico randomizado, publicado no
JAMA, recrutou um total de 100 obesos metabolicamente saudáveis, dividindo-os aleatoriamente em dois
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De acordo com o gráfico abaixo, foi possível observar uma perda de peso bastante semelhante entre
os dois grupos. Além disso, não houve diferenças significativas com relação à perda de massa magra e
gordura visceral. A partir da perda de peso, observou-se redução da glicemia e pressão arterial,
parâmetros com melhorias esperadas. As diferenças observadas envolveram a redução no LDL,
favorecendo o grupo restrição contínua, enquanto o grupo jejum teve maior redução dos triglicerídeos.
Todavia, nem todos os estudos encontram esses resultados, o que impede que o martelo seja batido em
prol de uma das intervenções.
Figura 3.1. Perda de peso semelhante entre os dois grupos (Trepanowski et al, 2017).
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Figura 4.1. Revisão que avaliou dieta, fome, fadiga, entre outros (Seimon, V;)
Esta revisão também buscou avaliar diferenças na composição corporal, discutidas no estudo do tópico
anterior. A maior parte dos estudos mostrou o que já mostramos antes, uma perda de peso igual entre os
grupos Jejum e restrição calórica contínua, com redução do IMC e da circunferência do quadril (CQ). Além
disso, alguns estudos centraram-se na perda de gordura, com a maior parte destes não encontrando
diferença significativa nos dois grupos (apenas 1 apontou vantagem para o grupo jejum). A massa livre
de gordura (composta por músculos, água, e outros tecidos) também foi avaliada por 5 estudos. A maior
parte não encontrou diferenças significativas, o que será também abordado no próximo tópico. Além
disso, a sensação de fadiga também foi avaliada, o que pode ser determinante para que um paciente
tenha uma boa adesão ao jejum intermitente ou não. Nesta revisão, um total de 2 estudos avaliou essa
sensação a partir das duas intervenções. Apenas um estudo teve um percentual maior de indivíduos em
jejum relatando essa fraqueza e indisposição, o que não permite tirar muitas conclusões a respeito, sendo
importante dialogar com cada paciente e observar sua adaptação ao jejum.
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A revista científica Cell Metabolism publicou um estudo, cujo resumo gráfico encontra-se abaixo, que
mostrou melhora na sensibilidade à insulina, pressão arterial e estresse oxidativo, em homens com pré-
diabetes. A ênfase do estudo consistiu em ofertar uma alimentação precoce, com restrição de tempo,
dividindo-os em dois grupos; o primeiro deles fez ingestão no intervalo das 8h da manhã as 20h, enquanto
o segundo grupo teve maior restrição de tempo, com consumo no intervalo das 8h as 14h. Não houve
restrição calórica.
Figura 5.1. Alterações metabólicas favorecidas pela crononutrição (Trepanowski et al, 2017).
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Figura 5. 2. Intervalo de jejum dos dois grupos do estudo (Sutton, E,F; 2018)
Observou-se a melhora na sensibilidade à insulina no grupo eTRF, com redução significativa dos níveis de
insulina, ou seja, houve melhor resposta celular e boa captação da glicose plasmática. É possível observar
na figura abaixo a mudança no perfil de resistência a insulina do grupo jejum. Além da melhora na função
da célula beta-pancreática, também se observou redução da pressão arterial (sistólica e diastólica) e do
estresse oxidativo, com queda nos níveis de 8-isoprostano, um marcador de estresse oxidativo para
lipídeos. Não foram observadas alterações significativas em marcadores inflamatórios e perda de peso.
Um ponto bastante interessante deste estudo foi a queda do desejo por alimentos à noite, o que é bastante
relevante pensando em uma intervenção para pacientes que buscam a perda de peso. Todavia, ainda
assim não é possível afirmar se os benefícios acima listados são provenientes do jejum de 18 horas, da
crononutrição (todas refeições concentradas no período da manhã) ou da associação entre os dois fatores.
Para responder isso, seria interessante um grupo que concentrasse suas refeições no período da noite.
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Figura 6.1 Captação de BCAAs e glicose nos dois grupos (Jones, R, et al ,2020
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Janela Alimentar do Jejum
Ainda, é interessante avaliar os efeitos metabólicos do jejum intermitente sob períodos de inanição
distintos, o que foi detalhado em outro estudo da revista científica Cell Metabolism. Os participantes
foram divididos em dois grupos, com um deles alimentando-se numa janela de 4 horas, enquanto o
outro realizou seu consumo alimentar em um período máximo de 6 horas. Ambos os grupos reduziram
seu consumo energético em 550 kcal. O grupo controle ingeriu as mesmas calorias. O estudo durou 8
semanas e, ao longo delas, observaram-se alguns episódios de constipação, diarreia, boca seca, entre
outras alterações fisiológicas mais sobressalentes em participantes do jejum, em comparação ao
controle.
Todavia, não é possível afirmar qualquer relação de causalidade entre o jejum e diarreia, por exemplo,
sendo possível que esses episódios sejam decorrentes do contexto alimentar de cada indivíduo. Um baixo
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Figura 8.1 Diferença na janela alimentar entre os dois grupos (Cienfuegos, S; 2020)
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Jejum Metabólico
Diferentemente da definição do jejum de calorias, o jejum metabólico é definido erroneamente como o
estado bioquímico atingido pelo organismo a partir da ausência da estimulação de insulina. Esse erro não
é incomum, sendo bastante citado por alguns profissionais a partir da premissa que apenas carboidratos,
e em segundo plano, proteínas estimulariam a insulina. O ponto é que todos os macronutrientes estimulam
este hormônio, incluindo as gorduras, estando a diferença centrada apenas na intensidade do estímulo. A
figura abaixo mostra as diferentes moléculas envolvidas nessa regulação, não sendo apenas uma
regulação exclusiva aos carboidratos.
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Um ensaio clínico randomizado recrutou pacientes obesos e dividiu-os em dois grupos, um deles 14/10 e
outro 12/12, sendo 10 e 12 os intervalos de tempo do jejum, em horas. Visando manter um jejum
metabólico, o primeiro grupo realizou nas últimas duas horas finais de jejum, o consumo de castanhas,
em razão do maior conteúdo de gorduras neste alimento. Foi possível observar uma perda de peso
estatisticamente similar entre os dois grupos. Também houve redução significativa na glicemia, em
decorrência da perda de peso de peso observada e não do jejum, não sendo possível atribuir este resultado
ao jejum em razão de não haver um grupo controle. Além disso, essa redução é esperada pois os pacientes
já apresentavam elevados níveis glicêmicos. Resumidamente, não houve vantagem no ‘jejum metabólico’
que erra até mesmo na definição de ‘jejum que não estimula insulina’.
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Figura 10.1 Similaridade na perda de massa livre de gordura entre os grupos (Tinsley, G,M et al, 2019)
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Além disso, essa redução não impactou em fatores como a libido, densidade óssea, risco cardiovascular,
composição corporal, entre outros. Portanto, pode-se afirmar que, para fins práticos, não houve diferença.
Figura 10.2 Perda de peso semelhante entre os dois grupos (Trepanowski et al, 2017)
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Figura 11.1 Alterações nos níveis de leptina e grelina e outros marcadores (Tatiana, M et al, 2016)
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Figura 11.1 Perda de peso semelhante entre os dois grupos (Trepanowski et al, 2017)
Foi observada maior mudança na massa livre de gordura, favorecendo o grupo HBR. Apesar de ser um
estudo pequeno, ainda assim é interessante distribuir as proteínas nas refeições, quando há jejum com
esse curto intervalo de tempo voltado para ingestão alimentar (apenas 8h), de modo a evitar que apenas
uma única refeição concentre a maior parte das proteínas da dieta. Esta distribuição é mais importante
quando se visa hipertrofia em indivíduos realizando treinamento com pesos.
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Sutton, F et al. Early Time-Restricted Feeding Improves Insulin Sensitivity, Blood Pressure, and Oxidative Stress
Even without Weight Loss in Men with Prediabetes. Cell Metabolism, 2018.
Trepanowski, J et al. Effect of Alternate-Day Fasting on Weight Loss, Weight Maintenance, and Cardioprotection
Among Metabolically Healthy Obese Adults. A Randomized Clinical Trial. Jama Internal Medicine, 2017.
Tinsley, G.M et al. Time-restricted feeding plus resistance training in active females: a randomized trial. An J Clinical
Nutrition, 2019.
Seimon, R.V et al. Do intermittent diets provide physiological benefits over continuous diets for weight
loss? A systematic review of clinical trials. Molecular and Cellular Endocrinology, 2015.
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