0% acharam este documento útil (0 voto)
14 visualizações32 páginas

01 - MISSÃO 5 Inquérito - Material Teórico - CFO - 25.04.24

Enviado por

Matheus tiago
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
14 visualizações32 páginas

01 - MISSÃO 5 Inquérito - Material Teórico - CFO - 25.04.24

Enviado por

Matheus tiago
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 32

25/4/24

INQUÉRITO POLICIAL

CONCEITO e NATUREZA JURÍDICA

Para a doutrina majoritária o Inquérito Policial é conceituado como um PROCEDIMENTO


ADMINISTRATIVO preparatório e inquisitório, instaurado e conduzido pela autoridade
policial, tendo como objetivo a apuração de infrações penais, sua autoria e circunstâncias,
reunindo os elementos de convicção que habilitem o órgão da acusação para a posterior
propositura da ação penal – pública ou privada.

Outra função do IP apontada pela doutrina é municiar o juiz com a justa causa necessária
para decretar as medidas cautelares requeridas durante a fase pré processual.

ATENÇÃO
A atribuição da presidência do inquérito policial é EXCLUSIVA do delegado de polícia,
conforme o art. 2°, § 1°, da Lei n° 12.830/13.

Cuidado: o Inquérito Policial não é o único procedimento investigativo existente, é uma


espécie do gênero investigação criminal. No entanto, sua presidência é sim exclusiva
do Delegado de Polícia. Quanto aos procedimentos investigativos presididos pelos
membros do Ministério Público, não possuem a nomenclatura de Inquérito Policial (por
razões óbvias), mas de PIC (procedimento investigatório criminal) e no caso do
Inquérito Policial Militar, o encarregado sempre será um Oficial, conforme o CPPM.

Observe como as bancas abordam o tema das atribuições do Delegado em relação ao IP


e sua natureza inquisitória em duas provas recentes para o Cargo de Oficial PM:

JÁ CAIU – CFO PMRN 2023


“A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria”. CERTO (art. 4º CPP)
JÁ CAIU – CFO PMPA 2021(adaptada)
A defesa constituída tem direito de acesso ao procedimento investigatório, daquilo já
documentado que diga respeito ao exercício do direito de defesa, mesmo considerando
a natureza inquisitória que tem como característica fundamental o sigilo ao menos até o
recebimento da denúncia. CERTO
Súmula Vinculante 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
do direito de defesa”.

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


Perceba que se trata de um PROCEDIMENTO. É incorreto falar em processo, eis que no
inquérito policial não há contraditório e ampla defesa. Além disso, possui natureza
inquisitiva, ou seja, o delegado de polícia é incumbido de iniciar, presidir e decidir todo o
procedimento.

ELEMENTOS INFORMATIVOS PROVAS

- Colhidos na fase investigatória. - Em regra, produzidas na fase


judicial, sob o crivo do contraditório e
- O juiz não deve intervir de ofício, mas apenas
ampla defesa.
quando provocado, sob pena de violação do
sistema acusatório do processo penal. - A prova deve ser produzida na
presença de um juiz.
- Servem para decretar medidas cautelares e
formar a convicção do ministério público para - Serve para motivar a decisão do juiz
instaurar a ação penal. – livre convencimento motivado.
- Os elementos informativos não podem servir,
de forma exclusiva, para embasar eventual
decreto condenatório (art. 155 do CPP). No
entanto, podem servir para decretar a
absolvição.

JURISPRUDÊNCIA
INFO 799 DO STJ: Não é possível a pronúncia
do acusado baseada exclusivamente em
testemunhos indiretos e elementos probatórios
colhidos no inquérito sem confirmação na fase
judicial (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
2.017.497-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
em 16/10/2023 - Info 799).

Assim, como o Inquérito é mera peça informativa, eventuais vícios dele constantes, em
regra, não têm o condão de contaminar o processo penal a que der origem – chamados
pela doutrina de vícios endoprocedimentais.

Contudo, em razão da proibição de provas ilícitas, caso haja alguma produzida durante o
IP, esta deverá ser excluída e, caso toda a investigação se desenrole a partir da prova
ilícita, tudo deverá ser excluído, por força da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada
(Fruits of the poisonous tree theory).

VÍCIOS NO INQUÉRITO POLICIAL:


Vícios são defeitos ou inconsistências constantes de investigações conduzidas às margens
da Lei ou dos princípios constitucionais.

Consequências: vícios ocorridos na fase do inquérito policial podem justificar a avocatória


por despacho motivado do chefe de polícia, designando outro delegado para conduzir a

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


investigação.

OBS.: a avocatória ainda pode ocorrer por razões de interesse público.

O inquérito policial viciado contamina o futuro processo?

Como regra, não contaminam o processo, haja vista ser o IP dispensável, sendo peça
meramente informativa, ficando os vícios a ele adstritos. Os “vícios” do IP são chamados
pela doutrina de vícios endoprocedimentais.
Se o inquérito policial está integralmente viciado e, ainda assim, o promotor o utiliza para
oferecer denúncia, esta denúncia está desprovida de justa causa. Não existe lastro
indiciário idôneo, devendo juiz rejeitá-la.

E se o juiz receber? Parte da doutrina defende que o processo será nulo. Isso porque, de
acordo com o art. 12 do CPP, sempre que o IP serve de base para a inicial, ele deve
acompanhar a denúncia. De acordo com o § 3º do art. 3-C do CPP, os autos que compõe
matéria de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria deste
juízo, à disposição das partes, não acompanhando os autos remetidos ao juiz da instrução,
salvo as provas irrepetíveis, assim como as medidas de obtenção e antecipação de provas.
O STF declarou, contudo, a inconstitucionalidade, com redução de texto, dos §§ 3º e
4º do art. 3ºC do CPP e atribuiu interpretação conforme à Constituição para entender que
os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias serão remetidos
ao juiz da instrução e julgamento.
Com isso, em toda e qualquer hipótese, os autos da investigação criminal sempre
acompanharão a denúncia ou queixa, na linha inclusive do estabelecido pelo art. 12
do CPP.
Ademais, caso seja colhida uma prova absolutamente ilícita, por exemplo o acesso ao
WhatsApp sem autorização judicial, haverá contaminação no processo, devendo tal prova
ser desentranhada dos autos. (perceba que o processo não se torna nulo neste caso, mas
apenas a prova reconhecidamente nula é desentranhada).

JURISPRUDÊNCIA
- Não há contaminação do processo penal em casos de inquérito policial conduzido pela
polícia federal, quando na verdade deveria ser conduzido pela polícia civil (informativo
964 – STF).
Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica
do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial
(informativo 933 – STF).
- A suspeição da autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o
inquérito é mera peça informativa, de que se serve o MP para o início da ação penal
(informativo 824 – STF).
- É legal o compartilhamento com a CGU de informações coletadas em inquérito em que
se apura suposta prática de crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e
corrupção ativa e passiva (informativo 764 – STJ).
Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários, em razão do
compartilhamento de dados de movimentações financeiras da própria instituição
bancária ao Ministério Público (informativo 731 – STJ).

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


- Só há nulidade pela falta de cientificação do acusado sobre o seu direito de permanecer
em silêncio, em fase de inquérito policial, caso demonstrado o efetivo prejuízo (STJ. 5ª
Turma. AgRg no HC 798.225-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/6/2023 - Info
791).

JÁ CAIU- OFICIAL PMSE 2018


O inquérito policial e mera peça informativa destinada à formação da “opinio delicti” do
Ministério Público; trata-se de simples investigação criminal, de natureza inquisitiva, sem
natureza de processo judicial, sendo certo que, ainda que venha a ocorrer irregularidade
em seu corpo, tais falhas não possuem o condão de contaminar a ação penal. CERTO

JÁ CAIU – CESPE- PMDF 2009


" O juiz forma sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial e não pode, em regra, fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na fase investigatória."
CERTO.
Cabe ressaltar que embora, o valor probatório do inquérito policial seja visto como
relativo. Não impede que o magistrado possa, com base em uma decisão devidamente
justificada, absolver o acusado utilizando-se unicamente das informações obtidas
durante a fase investigativa.

Da natureza instrumental do Inquérito Policial podemos extrair as suas funções, vejamos:

● FUNÇÃO PRESERVADORA: serve para garantir os direitos


fundamentais, não somente das vítimas e testemunhas, mas do próprio
investigado, evitando acusações temerárias ao possibilitar o
arquivamento de imputações infundadas, resguardando a liberdade do
inocente e evitando custos desnecessário para o Estado.
● FUNÇÃO PREPARATÓRIA: fornece elementos de informação para que
o Ministério Público – titular da ação penal – ingresse em juízo, além de
acautelar meios de provas que poderiam desaparecer com o decurso do
tempo.
● FUNÇÃO DE BUSCAR FATO OCULTO: se relaciona com a própria
característica insidiosa da infração penal, geralmente praticada de forma
dissimulada, oculta, de índole secreta. Percebe-se, portanto, que uma
investigação criminal eficiente tem aptidão para reduzir as chamadas
“cifras negras”, ou seja, o índice de criminalidade que nem sequer chega
ao conhecimento do Estado.
● FUNÇÃO SIMBÓLICA: se relaciona com a sensação de insegurança
gerada pela prática do crime. O fato de uma infração penal ser
imediatamente investigada por órgãos oficiais do Estado mitiga o
sentimento de impunidade, passando uma mensagem a toda a
sociedade no intuito de desestimular o comportamento criminoso. Nesse
sentido, aliás, a prisão em flagrante denota o simbolismo da investigação
criminal, servindo como um dos principais instrumentos na prevenção de
infrações penais.

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


É importante que vocês tenham em mente a noção de que o Inquérito Policial é apenas
uma espécie do gênero INVESTIGAÇÃO CRIMINAL, sendo possível mencionar outras
espécies como: Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI); Procedimento Investigatório
Criminal (PIC) realizado pelo Ministério Público; Verificação de Procedência das
Informações (VPI), consistentes na realização de diligências.

VERIFICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA DAS INFORMAÇÕES – V.P.I.


Está previsto no artigo 5º, §3º do CPP, podendo ser escrito ou não, a depender da
existência de regulamentação interna das policias judiciárias.
Art. 5º. (...) §3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de
infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-
la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.

JÁ CAIU – OFICIAL PMAL/2012


Qualquer pessoa que tiver conhecimento da existência de qualquer infração penal poderá
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.
CERTO
E TAMBÉM CAIU EM PMAL/2017
Antônio, depois de presenciar um homicídio que ocorreu próximo de sua residência, foi à
delegacia de polícia mais próxima e comunicou o crime à autoridade policial, por escrito.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos legais a ela relacionados, julgue o item a
seguir.
Antes de instaurar o inquérito policial, a autoridade policial deverá averiguar a procedência das
informações contidas no documento apresentado por Antônio
CERTO.

Em termos práticos, o delegado de polícia, ao receber a notícia de um crime, pode


entender pela necessidade de aferição de justa causa, para evitar consequências
gravosas da instauração de um inquérito policial.

Poderes de investigação do Ministério Público (teoria dos poderes implícitos).

O Ministério Público pode realizar, por autoridade própria, investigações de natureza penal
(STF).

Embora a CF/88 não disponha de forma expressa sobre o tema, adota-se a teoria dos
poderes implícitos. Segundo a referida teoria, se a Constituição outorga determinada
atividade-fim a um órgão, significa dizer que necessariamente devem ser concedidos todos
os meios necessários para a realização dessa atribuição.

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


Sendo assim, se a CF/88 confere ao Ministério Público a função de promover a ação penal
pública (art. 129, I), serão ofertados também todos os meios necessários para o exercício
da denúncia, dentre eles a possibilidade de investigar.

Isso significa dizer que a CF/88 não conferiu às polícias civis o monopólio da atribuição de
investigar infrações penais (art. 144, §4º). Em outras palavras, a colheita de provas não é
atividade exclusiva da polícia.

Desse modo, é constitucional a investigação realizada diretamente pelo MP, geralmente


formalizado através dos denominados PICs (procedimentos investigatórios criminais). Esse
é o entendimento do STF e do STJ. (Para fixar, basta lembrar do GAECO).

VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL

O inquérito policial possui valor probatório relativo, isto é, serve de base para ajuizamento
da ação e para o deferimento de cautelares, mas não basta, por si só, para subsidiar uma
condenação.

Entretanto, não obstante o CPP determine que o juiz formará sua convicção pela livre
apreciação da prova (produzida em contraditório judicial), não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos (colhidos na investigação), o mesmo
artigo ressalva o caso das provas cautelares, não repetíveis e antecipadas (elementos
migratórios).

Isso significa dizer que, excepcionalmente, elementos extraídos do Inquérito podem migrar
para o processo e servir para subsidiar eventual condenação.

Elementos de migração: são aqueles extraídos do IP, transportados ao processo e que


podem servir de base para eventual condenação.

Provas cautelares: justificadas pelo binômio necessidade X urgência (ex: interceptação


telefônica).

Provas irrepetíveis: provas de fácil perecimento e dificilmente podem ser repetidas na fase
processual (ex: exame de alcoolemia). OBS.: provas irrepetíveis e cautelares possuem
contraditório diferido ou postergado.

Provas antecipadas: na fase do IP, esse incidente é instaurado pelo Juiz e já conta com
a intervenção das futuras partes, bem como possui contraditório e ampla defesa
concomitante à produção da prova. (ex: depoimento especial/depoimento sem dano).

ATENÇÃO
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a
pena-base (Súmula 444 do STJ).

JÁ CAIU - DELEGADO PCGO 2022:


“Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais.” CERTO.

Todavia, atente-se para o fato de que o indiciamento, embora não possa ser
considerado como antecedente criminal para agravar a pena, poderá constar nos
registros do próprio Sistema de Segurança Pública.

COMPETÊNCIA

Para saber qual é a autoridade policial competente para conduzir o inquérito policial, utiliza-
se o critério RATIONE LOCI ou RATIONE MATERIAE (é o local da circunscrição da
ocorrência dos fatos).

PRINCÍPIO DO DELEGADO NATURAL:


A regra é que a designação do delegado com atribuição para analisar a matéria seja
anterior ao fato a ser apurado e o exercício de suas atribuições seja permanente,
alheio a influências externas, garantindo a independência, imparcialidade e eficácia das
investigações.
De tal modo, evita-se a designação de um delegado posterior ao fato (investigação de
exceção), a avocação ilegal do procedimento investigatório e a remoção injustificada
do delegado de polícia. Assim, eventual restrição de direitos fundamentais do
investigado se dará em nome do interesse maior da coletividade e da persecução penal
e não por fatores seletivos.

ATENÇÃO: apesar da doutrina moderna mencionar o princípio do Delegado


Natural, é importante ressaltar que ainda não encontra respaldo na jurisprudência
dos Tribunais Superiores. Vejamos:
A autoridade policial, segundo se observa da Constituição Federal (art. 144, § 4º) e
do Código de Processo Penal (art. 4º), tem atribuição e não competência, ou seja,
não lhe incumbe exercer atividade jurisdicional. Portanto, não há previsão no
ordenamento jurídico pátrio da figura do “Delegado de Polícia Natural”.
STJ. 5ª Turma. HC 145.040/RJ, Rel. Min. Campos Marques, julgado em
13/08/2013.

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL


PROCEDIMENTO ESCRITO: Nos termos do artigo 9º do CPP: “todas as peças do inquérito
policial serão, num só processo, reduzidas a escrito ou datilografadas, e neste caso,
rubricadas pela autoridade”.

ATENÇÃO
- O fato dele ser escrito não quer dizer que ele precisa ser físico, não havendo em que
se falar em mitigação em relação ao inquérito policial eletrônico.
- Embora seja escrito, sempre que possível, deve ser registrado por meio audiovisual,

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


pois a interpretação extensiva garante a aplicação prevista no CPP para o processo,
principalmente quando se fala em colaboração premiada, que deverá ser feita por meio
audiovisual.

PROCEDIMENTO SIGILOSO: Nos termos do artigo 20 do CPP: “a autoridade assegurará


no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
sociedade”.

O sigilo externo atinge toda a sociedade e tem por finalidade evitar a divulgação de
informações essenciais capazes de macular as investigações e a própria pessoa do
investigado. Já o sigilo interno atinge os que atuam no feito, sendo que os magistrados e
promotores possuem amplo acesso ao inquérito, não lhe sendo aplicado o sigilo interno.

Acerca do acesso aos autos de Inquérito pelo advogado, não obstante o procedimento ser
revestido de sigilosidade, prevalece o entendimento de que é garantido ao advogado o
pleno acesso às informações já documentadas nos autos. Além do mais, o advogado não
precisa de procuração para ter acesso aos referidos documentos. Isso significa dizer que
mesmo que o causídico não seja defensor do investigado em questão, poderá ter acesso
ao IP.

OBS.: se for declarado "segredo de justiça", o advogado só terá acesso aos autos caso
tenha procuração.

JÁ CAIU – CFP PMDF 2023


O defensor constituído, no interesse do representado, poderá ter acesso amplo aos
elementos de prova, desde que estejam documentados em procedimento investigatório

CERTO.

JÁ CAIU – OFICIAL-PM PA 2021


É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

CERTO

Entretanto, há uma exceção ao sigilo do inquérito policial: O RETRATO FALADO. Nesses


casos, é imprescindível a publicidade do retrato falado com a finalidade de constatação de
outras vítimas.

Súmula vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso


amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
do direito de defesa.
- Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça, será possível que o
investigado tenha acesso aos autos, inclusive em relatório de inteligência financeira
realizado pelo COAF, sendo permitido que se negue o acesso as peças que digam

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


respeito a terceiros protegidos pelo segredo de justiça.

- Caso seja injustificadamente negado ao defensor do investigado acesso ao IP, quais


são as medidas judiciais cabíveis? RECLAMAÇÃO AO STF; MANDADO DE
SEGURANÇA e/ou HABEAS CORPUS.
JURISPRUDÊNCIA
- Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças que digam respeito
a dados sigilosos de terceiros e que não estejam relacionados com o seu direito de defesa.
Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que o investigado
tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de inteligência financeira do COAF,
sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que digam respeito a dados de
terceiros protegidos pelo segredo de justiça. Essa restrição parcial não viola a súmula vinculante
14. Isso porque é excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado
de diversas pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele (INFO 964 DO STF).
- É cabível o acesso aos elementos de prova já documentados nos autos de inquérito policial aos
familiares das vítimas, por meio de seus advogados ou defensores públicos, em observância aos
limites estabelecidos pela SV 14 (Info 775 do STJ).

PROCEDIMENTO INDISPONÍVEL: Nos termos do artigo 17 do CPP: “a autoridade policial


não poderá mandar arquivar autos de inquérito”.

QUESTÃO DE PROVA OFICIAL PMDF -2010

Ao delegado de polícia somente é permitido arquivar autos de inquérito policial, caso não
tenha sido possível a identificação do autor do delito. ERRADO

PROCEDIMENTO DISCRICIONÁRIO: A autoridade policial tem autonomia para conduzir


o inquérito policial, pois existe uma margem de autuação conferida pela lei ao delegado,
que exerce o seu juízo de conveniência e oportunidade. Dessa maneira, ao contrário do
processo judicial, em que a lei determina os atos a serem seguidos, o delegado conduzirá
a investigação de acordo com a sua convicção.

Essa discricionariedade permite que o delegado indefira diligência requerida pelas partes,
conforme a previsão do artigo 14 do CPP. Todavia, quando a infração penal deixar
vestígios, é indispensável a realização de corpo de delito, não podendo o delegado de
polícia indeferir a diligência.

ATENÇÃO
Há apenas uma perícia que não pode ser requisitada diretamente pelo delegado, que
é o incidente de insanidade mental. Nesses casos, o delegado representa ao juiz
competente para a instauração do incidente, conforme determina o art. 149, § 1º do CPP.
OBS.: não precisa de autorização judicial para acareação!

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


JÁ CAIU OFICIAL PMMG 2011
“o princípio da Indisponibilidade garante que, nos crimes de ação pública é presumido
o interesse de qualquer pessoa que tomar conhecimento do delito pode verbalmente ou
por escrito requerer a instauração de Inquérito ao Delegado de Polícia, que é obrigado
a instaurar o procedimento investigativo”.
ERRADO

Situação diversa ocorre quando há requerimento da vítima, por exemplo, para que
o Delegado de Polícia tome determinadas providências no curso do inquérito, que
serão atendidas conforme o critério da discricionariedade:
OFICIAL PMMG 2011
“é lícito às partes envolvidas requererem providências investigatórias no curso do
inquérito, bem como a produção de perícias, provas, inquirição de testemunhas e
apreensão de documentos”. CERTO
“O indiciado poderá requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da
autoridade. CERTO

Em relação as Requisições do Ministério Público, a regra que o Delegado de


Polícia deve atender, exceto se tratar de algo absurdo (p.ex investigar um crime
prescrito, um fato atípico)
JÁ CAIU – OFICIAL CBM/DF 2007
Considere a seguinte situação hipotética.

No curso de um inquérito policial, o MP requereu diligências investigatórias


complementares, tendo o delegado de polícia, presidente da investigação preliminar,
indeferido a requisição ministerial sob o argumento de que as investigações já
estavam encerradas. Nessa situação, o delegado agiu em equívoco, pois o MP pode,
quando recebe o inquérito policial, requerer sua devolução no caso de faltarem
diligências imprescindíveis para o oferecimento da denúncia.

CERTO

PROCEDIMENTO INQUISITIVO:
Como regra, não há contraditório e ampla defesa no inquérito policial.

Atente-se para a alteração legislativa de 2019 que trouxe a obrigatoriedade de constituição


de defensor em inquéritos policiais, inquéritos policias militares( Art. 16-A do CPPM) e
outros procedimentos extrajudiciais investigando servidores vinculados aos órgãos de
segurança pública e às forças armadas, envolvendo fatos relacionados ao uso da força letal
praticado durante o exercício da profissão:

Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições


dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados

10

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos
relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de
forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá
ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar
do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável
pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado
o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a
representação do investigado.
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º
deste artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e,
nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da
Federação correspondente à respectiva competência territorial do
procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para
acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa
administrativa do investigado.
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá
ser precedida de manifestação de que não existe defensor público lotado
na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar,
hipótese em que poderá ser indicado profissional que não integre os
quadros próprios da Administração.
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o
patrocínio dos interesses dos investigados nos procedimentos de que trata
este artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a que
este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados.
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição
Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a
Garantia da Lei e da Ordem.

***ESSE TEMA FOI A ÚNICA INOVAÇÃO DO PACOTE ANTI-CRIME (Lei


nº 13.964/2019) NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR.

Vamos rever esse assunto quando estudarmos o Inquérito Policial


Militar.

JÁ CAIU - DELEGADO PCSP/2022:


Havendo necessidade de indicação de defensor, a defesa caberá preferencialmente à
Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a
Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do
procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acompanhamento e
realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado.
CERTO.

11

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


Todavia, não confunda: a inclusão do art. 14-A ao CPP não significa que o inquérito policial
perdeu a característica de ser inquisitorial.

Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada


de depoimentos orais na fase de inquérito policial (informativo 933 - STF).
Por isso, não confunda: se o investigado está sozinho na delegacia, poderá ser ouvido
normalmente sem falar em nulidade. Só haverá nulidade se o delegado se opor à
presença de advogado ou ficar comprovado que não foi oportunizado ao investigado a
referida possibilidade de defesa técnica quando da oitiva.

JÁ CAIU – OFICIAL CBM-DF/2007:


No momento da lavratura do auto de prisão em flagrante, a autoridade policial
responsável pela prisão deve garantir ao preso a assistência de advogado, nomeando
um defensor, no decorrer do procedimento, quando o autuado não indicar advogado
de sua preferência.

ERRADO.

PROCEDIMENTO DISPENSÁVEL: Nos termos do artigo 39, § 5º do CPP: “o órgão do


ministério público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos
elementos que habilitem a promover a ação penal, e neste caso, oferecerá a denúncia no
prazo de quinze dias”.

O artigo 12 do CPP também afirma a dispensabilidade do inquérito policial “o inquérito


acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra”.

Todavia, para a doutrina moderna especializada, ou seja, aquelas capitaneadas por


delegados de polícia, defendem que o inquérito policial é INDISPENSÁVEL, e não
simplesmente dispensável: mesmo havendo a possibilidade da denúncia ser feita sem o
inquérito policial, a grande maioria das ações penais é baseada nele.

PROCEDIMENTO UNIDIRECIONAL: A doutrina tradicional afirma que o IP tem como


destinatário útil o Ministério Público, a quem comente a formalização da opinio delict, sendo
que a autoridade policial tem apenas a função de examinar a existência de autoria e
materialidade do delito e analisar as circunstancias judiciais, como a causa de aumento e
diminuição, mas as excludentes e o princípio da insignificância não.

Entretanto, a doutrina moderna afirma que a Constituição Federal confiou a investigação à


polícia judiciária, logo, o inquérito terá como primeiro destinatário a autoridade policial, o
que já é suficiente para romper o caráter unidirecional. Como a atividade policial é uma
atividade jurídica, o delegado pode realizar a análise técnico-jurídica do fato, podendo
analisar as excludentes e principalmente o princípio da insignificância, sendo prescindível
a instauração do inquérito, podendo apenas registrar o boletim de ocorrência e encaminhar
para ciência do Ministério Público.

Na prática, alguns delegados elaboram uma espécie de termo, como se fosse uma V.P.I, e
encaminha ao MP, expondo suas razões pela não lavratura da prisão em flagrante, se o MP
concordar determina o arquivamento, caso contrário se verificar a existência de provas

12

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


suficientes oferece a denúncia.

PROCEDIMENTO OFICIOSO: Ao tomar conhecimento de crime cuja ação penal seja


pública incondicionada, o delegado deverá atuar de ofício, não dependendo de nenhuma
provocação. Entretanto, caso seja condicionada a representação ou de iniciativa privada,
deve aguardar a referida representação para instaurar os procedimentos cabíveis.

JÁ CAIU - CFO PMAM/2022

Nos crimes de ação penal de iniciativa pública condicionada, o inquérito pode ser iniciado
pelo delegado sem necessidade de representação. ERRADO

Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação ou de ação privada o IP


também necessita da mesma condição para ser instaurado.

JÁ CAIU - DELEGADO PCGO 2022


“Quando se tratar de delitos processáveis por ação penal privada, a autoridade policial
somente poderá iniciar investigação preliminar após requerimento de quem tenha
legitimidade para oferecer queixa-crime.” CORRETA.

PROCEDIMENTO OFICIAL: o inquérito policial é presidido e desenvolvido por órgão oficial


pertencente às estruturas do Estado. Ainda que o crime seja de ação privada, não é
possível que o inquérito ou outro tipo de investigação criminal seja procedida por particular.

Atenção: a característica da oficialidade não se confunde com a oficiosidade (procedimento


oficioso – aquele que é iniciado de ofício).

PROCEDIMENTO TEMPORÁRIO: o inquérito policial possui prazo para a sua conclusão –


PRAZO IMPRÓPRIO.

PRAZO PRESO SOLTO

J. ESTADUAL 10 (+ 15) – essa 30 – pode ser


prorrogação é solicitada prorrogado
ao juiz das garantias, sucessivamente
que foi recentemente
considerado
constitucional pelo STF,
tendo a corte
estabelecido o prazo de
12 meses (prorrogáveis
por mais 12) para que
os tribunais de todo o
país implementem o

13

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


novo sistema
processual.

J. FEDERAL 15+15 30 – pode ser


prorrogado
sucessivamente.

LEI DE DROGAS 30+30 90+90

ECONOMIA POPULAR 10 10

PRISÃO TEMPORÁRIA – 30+30 NÃO SE APLICA


HEDIONDOS

J. MILITAR 20 40+20

Art. 3-B § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única
vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.

OBS.: O juiz das garantias foi recentemente considerado constitucional pelo STF, tendo a
corte estabelecido o prazo de 12 meses (prorrogáveis por mais 12) para que os tribunais
de todo o país implementem o novo sistema processual.

JURISPRUDÊNCIA

- Há excesso de prazo para conclusão de IP, quando, a despeito do investigado se


encontrar solto, a investigação perdura por longo período sem que haja
complexidade que justifique (informativo 747 – STJ).

Então, tenção: o prazo do inquérito é sim impróprio. Mas, diante do excesso de


prazo injustificado, mesmo estando solto o investigado, a autoridade policial poderá
incorrer até mesmo em abuso de autoridade, em razão de constrangimento ilegal.

Nesse sentido, observe o art. 31 da Lei nº 13.869/2019 (Lei de Abuso de


autoridade):

Art. 31 Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do


investigado ou fiscalizado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

JÁ CAIU – OFICIAL PMSC/2018


O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando

14

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
CERTO

E PMSC/2023
Uma vez instaurado pelo delegado de polícia o inquérito policial deve ser concluído
no prazo de

A)cinco dias, em caso de prisão em flagrante.

B)quinze dias, caso o investigado esteja solto.

C)dez dias, em caso de prisão preventiva.

D)trinta dias, em caso de crime hediondo.

E)dez dias, sendo prorrogável por igual período, em caso de prisão em flagrante

GABARITO: LETRA C)

Em relação à parte introdutória do IP em provas objetivas, as bancas costumam trazer as


características básicas do IP (SIGILOSO, DISPENSÁVEL, ESCRITO, INQUISITORIAL,
OFICIAL, OFICIOSO, INDISPONÍVEL, DISCRICIONÁRIO) e os prazos, então fiquem
atentos para não perderem questões “simples”.

INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL


O início do IP está previsto no artigo 5º do CPP, dispondo que em se tratando de ação
penal PÚBLICA poderá ser de ofício ou mediante requisição da autoridade judiciária ou do
ministério público ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.

Quando o inquérito for instaurado de ofício – por meio de uma notitia criminis - pode ser por
meio de portaria, auto de prisão em flagrante ou termo circunstanciado de ocorrência.

NOTITIA CRIMINIS – conhecimento do crime pela autoridade policial, podendo ser:


● ESPONTÂNEA (COGNIÇÃO IMEDIATA): mediante atividade rotineira da
polícia.

JÁ CAIU – OFICIAL PMSE/2018

Na notitia criminis de cognição direta a autoridade policial toma conhecimento da ocorrência


de um crime de forma direta por meio de suas atividades funcionais rotineiras.

● PROVOCADA (COGNIÇÃO MEDIATA): qualquer pessoa do povo que tiver


conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública,
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la a autoridade policial. (Delatio
criminis) ou então quando a autoridade policial recebe algum ato de

15

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


comunicação formal.
OBS.: A delatio criminis pode ser postulatória (a vítima ou qualquer do povo comunica
o fato a autoridade policial e solicita a abertura de inquérito – art. 5º II do CPP) ou
simples (a vítima ou qualquer do povo só comunica o fato à autoridade).
● COGNIÇÃO COERCITIVA: prisão em flagrante.
● INQUALIFICADA ou APÓCRIFA: denúncia anônima.

JURISPRUDÊNCIA:
- Denúncias anônimas não podem embasar, por si sós, medidas invasivas como
interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e devem ser complementadas por
diligências investigativas posteriores. Se há notícia anônima de comércio de drogas ilícitas
numa determinada casa, a polícia deve, antes de representar pela expedição de mandado de
busca e apreensão, proceder a diligências veladas no intuito de reunir e documentar outras
evidências que confirmem, indiciariamente, a notícia. Se confirmadas, com base nesses novos
elementos de informação o juiz deferirá o pedido. Se não confirmadas, não será possível violar
o domicílio, sendo a expedição do mandado desautorizada pela ausência de justa causa. O
mandado de busca e apreensão expedido exclusivamente com apoio em denúncia anônima é
abusivo (Info 976 do STF).

- É inconstitucional norma estadual que confere à Defensoria Pública o poder de requisição


para instaurar inquérito policial (Info 1086 do STF).

JÁ CAIU MP/SC 2019


A notitia criminis de cognição imediata ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento
do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante-delito, enquanto a
denúncia anônima é considerada notitia criminis inqualificada. FALSO. A notitia criminis de
cognição imediata ocorre quando o quando a própria autoridade policial, no exercício do seu
ofício, por suas atividades rotineiras, toma conhecimento, por qualquer meio, da infração
penal.

TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA – TCO


Trata-se de um procedimento investigativo substitutivo do inquérito policial em casos
de flagrante de infrações de menor potencial ofensivo [pena máxima que não
ultrapasse 2 anos] ou contravenção penal.
Assim, em casos de flagrante delito, o termo será encaminhado ao juizado, desde que
o autor assine o termo de compromisso, dispensando-se a lavratura do auto de prisão
em flagrante com a consequente instauração do inquérito policial.
Tem sua previsão expressa na lei dos juizados especiais – 9.099/95:
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência
lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de
a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá
fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como

16

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima.
Em todos os casos de flagrante de infrações de menor potencial ofensivo será lavrado
o TCO? NÃO! Quando a infração for de autoria incerta ou que demandem grande
complexidade será instaurado o inquérito policial, mediante portaria. E nos casos em
que o autor se recusar a comparecer no juizado especial criminal será lavrado o auto
de prisão em flagrante.
ATENÇÃO: Julgue a assertiva: “não cabe prisão em flagrante nos crimes de menor
potencial ofensivo”. A assertiva está incorreta. Caberá no caso de recusa do autor de
comparecer ao juizado especial criminal.
Atente-se para o fato também de que no contexto dos crimes de menor potencial
ofensivo ou contravenções, a captura é realizada, isto é, o autor sofre a chamada
“prisão captura”, que é a primeira fase da prisão em flagrante, sendo encaminhado à
delegacia. Ocorre que não é realizada a lavratura do auto de prisão em flagrante, não
havendo, por conseguinte, a prisão em flagrante do autor.
Atenção: no caso de crime de porte de drogas para uso pessoal será lavrado o TCO
mesmo que o autor se recuse a comparecer no juizado especial criminal, tendo em
vista que não há como impor título prisional ao autor do crime.
Também não cabe lavratura de TCO em substituição ao IP nos crimes contra a mulher
no contexto de violência doméstica. Isso porque o artigo 41 da Lei 11.340/06 vedou
expressamente a aplicação da Lei 9.099/95, independentemente da pena cominada
no preceito secundário da norma aos crimes que envolvam violência doméstica e
familiar contra a mulher.

JURISPRUDÊNCIA – TCO:
- É constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos
circunstanciados pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar. (informativo
1046 – STF).
O art. 69 da Lei dos Juizados Especiais, ao dispor que “a autoridade policial que tomar
conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado” não se refere
exclusivamente à polícia judiciária, englobando também as demais autoridades
legalmente reconhecidas. O termo circunstanciado é o instrumento legal que se limita
a constatar a ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo, motivo pelo qual não
configura atividade investigativa e, por via de consequência, não se revela como
função privativa de polícia judiciária.
- O autor da conduta do art. 28 da LD deve ser encaminhado diretamente ao juiz, que
irá lavrar o termo circunstanciado e fará a requisição dos exames e perícias; somente
se não houver juiz é que tais providências serão tomadas pela autoridade policial; essa
previsão é constitucional (informativo 986 – STF).
A PMDF lavra TCO em todas as regiões administrativas do DF, as unidades
possuem uma Seção Específica de Crimes de Menor Potencial Ofensivo,
chefiada por um Oficial. O TCO/PMDF consiste em política institucional prevista
no planejamento estratégico da Corporação, como ferramenta de prevenção

17

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


criminal e aumento de confiança e satisfação pela comunidade do Distrito
Federal. Portanto, esse assunto possui grandes chances de ser abordado em
sua prova objetiva e discursiva.

Quando não for de ofício, o requerimento para a instauração do IP deverá conter SEMPRE
QUE POSSÍVEL: a narração do fato com todas as circunstâncias; a individualização do
indiciado; nomeação das testemunhas com indicação da profissão e residência.

A doutrina minoritária sustenta que a instauração do IP mediante requisição da


autoridade judiciária não foi recepcionada pela CF, pois violaria o sistema acusatório e a
garantia da imparcialidade. - DICA IPM → Não admite Requisição Judicial(art. 10
CPPM).

ALTA INCIDÊNCIA EM PROVA: Do despacho que indeferir o requerimento de abertura


de inquérito caberá recurso para o chefe de polícia.

JÁ CAIU – OFICIAL PMMS/2022


Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para
o Procurador-Geral de Justiça
INCORRETO. Chefe de Polícia.

JÁ CAIU – OFICIAL PMMG/ 2021


Não cabe recurso do despacho da autoridade policial que indeferir o requerimento de
abertura de inquérito” INCORRETO

ALTA INCIDÊNCIA EM PROVA: Nos crimes de ação privada, a autoridade policial


somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para
intentá-la.

JURISPRUDÊNCIA:
- O delegado de polícia não pode instaurar o IP baseado unicamente em denúncia
anônima, mas pode iniciar investigações informais [V.P.I] para apurar a veracidade das
informações para posterior instauração do IP.
- Não pode decretar busca e apreensão baseado unicamente em denúncia anônima.
- A denúncia anônima a respeito da existência de entorpecentes no interior de uma
residência não legitima o ingresso policial no domicilio sem o conhecimento do morador
ou determinação judicial.
- É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística
(informativo 652 - STJ).

18

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


JÁ CAIU – OFICIAL PMRO/2022
A denúncia anônima é, por si só, válida para fundamentar a instauração de inquérito
policial. INCORRETA
INSTAURAÇÃO DE IP BASEADO EXCLUSIVAMENTE EM DENÚNCIA ANÔNIMA: NÃO PODE.
INSTAURAÇÃO DE IP BASEADO EM DENÚNCIA ANÔNIMA + JUSTA CAUSA: PODE.

DESENVOLVIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

As providências a serem adotadas pelo delegado de polícia no curso do IP estão previstas


nos artigos 6 e 7 do CPP, todavia não se trata de um rol taxativo! Vejamos:

Art. 6 - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a


autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados


pelos peritos criminais;

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e


suas circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no


Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser
assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de


delito e a quaisquer outras perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se


possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; (OBS.: o
civilmente identificado não será submetido à identificação criminal!)

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,


familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo
antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se


possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

Art. 7 - Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de


determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução

19

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a
ordem pública.

JÁ CAIU – DELEGADO PCSP/2023

Ato probatório no inquérito policial que é expressamente vedado caso, para sua
realização, haja ofensa à moralidade ou ordem pública: Reprodução simulada dos
fatos.

JÁ CAIU – OFICIAL PMRO/2022

O acusado é obrigado a participar da reprodução simulada dos fatos, se esta for


determinada pela autoridade policial. INCORRETO

JURISPRUDÊNCIA (artigos 6º e 7º do CPP):

- Não é possível condução coercitiva para fins de interrogatório do investigado.


Todavia, pode haver condução coercitiva para fins de reconhecimento do investigado
e para ouvir as testemunhas ou vítimas que já foram intimadas. (OBS: ninguém é
obrigado a colaborar com: realização de bafômetro, acareação, reconstituição dos
fatos – princípio do nemo tenetur se detegere).

- Em relação a identificação papiloscópica, os promotores e juízes não podem ser


identificados criminalmente, tendo em vista que não podem ser indiciados - LOMP
(art. 41, III) e LOMAN (art. 33).

- O descumprimento das formalidades exigidas para o reconhecimento de pessoas –


art. 226 do CPP – gera a nulidade do ato, devendo o réu condenado ser absolvido,
salvo se houver provas da autoria que sejam independentes.

- Ainda que o reconhecimento fotográfico esteja em desacordo com o procedimento


do art. 226 do CPP, deve ser mantida a condenação quando houver outras provas
produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, independentes e
suficientes o bastante, para lastrear o decreto condenatório.

- Se a vítima é capaz de individualizar o autor do fato, é desnecessário instaurar o


procedimento do art. 226 do CPP.

- Em casos envolvendo violência doméstica contra a mulher e violência contra


criança, adolescente, idoso ou deficiente, haverá prioridade na realização do exame
de corpo de delito.

- A autoridade policial indicará o tipo penal em que acha incurso o investigado. Isso
se chama de juízo de subsunção precária, visto que o juízo de subsunção próprio
cabe ao MP, quando da denúncia.

20

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


DEVERES DA AUTORIDADE POLICIAL

Incumbe à autoridade policial: Fornecer as autoridades judiciárias as informações


necessárias à instrução e julgamento do processo; realizar diligências requisitadas pelo juiz
ou pelo ministério público; cumprir mandados de prisão; representar acerca da prisão
preventiva.

ATENÇÃO ESPECIAL NOS ARTIGOS 13-A E 13-B DO CPP, ALTA INCIDÊNCIA EM


PROVA!!

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148 [sequestro e cárcere privado],
149 [redução a condição análoga à de escravo] e 149-A [tráfico de
pessoas], no § 3º do art. 158 [extorsão com restrição de liberdade da vítima]
e no art. 159 do CP [extorsão mediante sequestro], e no art. 239 do ECA
[envio de criança ou adolescente ao exterior], o membro do Ministério
Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, DADOS
e INFORMAÇÕES CADASTRAIS da vítima ou de suspeitos.

Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e


quatro) horas, conterá:

I - o nome da autoridade requisitante;

II - o número do inquérito policial;

III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela


investigação.

Nos crimes supracitados, o MP ou o DELEGADO poderá requisitar de qualquer órgão


público ou de empresa privada, DADOS E INFORMAÇÕES CADASTRAIS DA VÍTIMA OU
DE SUSPEITO.

Aqui, independe de autorização judicial, e deverá ser atendido em 24 horas.

JÁ CAIU – OFICIAL PMMG/2023

No crime de extorsão mediante sequestro, o membro do Ministério Público ou o delegado


de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos, devendo essa
requisição ser atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. CERTO

JÁ CAIU - PMERJ/2023

“em relação à infração penal prevista no art. 239 (Promover ou auxiliar a efetivação de ato
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das
formalidades legais ou com o fito de obter lucro) da Lei 8.069/90 (Estatuto da criança e do
adolescente), o delegado de polícia poderá requisitar de quaisquer órgãos do poder público
ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
suspeitos”. CERTO

21

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


Difere do disposto no artigo 13-B, vejamos:

Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes


relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o
delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação


de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência.

§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal.

I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza,


que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei;

II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por


período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez,
por igual período;

III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária
a apresentação de ordem judicial.

§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser


instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do
registro da respectiva ocorrência policial. – RESERVA DE JURISDIÇÃO
TEMPORÁRIA.

§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a


autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de
serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações
e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
em curso, com imediata comunicação ao juiz.

Esse dispositivo cuida do acesso ao posicionamento das ERB’s (Estações Rádio Base).
Através dessas tecnologias, é viável determinar a localização aproximada de qualquer
dispositivo móvel em funcionamento, seja ao receber ou enviar mensagens, realizar ou
receber chamadas, e, por consequência, localizar seu usuário.

Tal disposição legal provoca controvérsias porque ora exige prévia autorização judicial para
o acesso a tais informações, ora a dispensa.

Vale conhecer as duas posições sobre o tema, uma vez que é um “prato cheio” para o
examinador explorar em eventual prova discursiva ou oral:

a) O acesso a ERB não depende de autorização judicial prévia.

Argumentos:

● A realização da interceptação das comunicações telefônicas está sujeita à cláusula


de reserva de jurisdição, conforme estabelecido no inciso XII do art. 5º da

22

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


Constituição Federal. No entanto, é importante não confundir a interceptação das
comunicações telefônicas com a obtenção de informações sobre a localização das
Estações Rádio Base (ERBs), que são consideradas uma forma específica de dados
telefônicos.
● O dispositivo deve sofrer interpretação restritiva pois, apesar de fazer referência a
necessidade de autorização judicial, também emprega o verbo “requisitar”, no
sentido de ordem – o que permite concluir pela desnecessidade da autorização do
magistrado
● O decurso do prazo de 12 horas sem manifestação do magistrado autoriza que as
empresas forneçam o acesso ao posicionamento da ERB. Se essa medida fosse
sujeita à cláusula de reserva de jurisdição, o legislador não teria previsto um prazo
tão exíguo.

b) O acesso a ERB depende de autorização judicial prévia

Argumentos:
● A obtenção das informações da ERB guarda relação com a proteção do direito a
intimidade e à vida privada, já que por meio dela é possível obter a localização
aproximada de alguém.
● Essa corrente sustenta também a inconstitucionalidade do dispositivo que torna
dispensável a autorização judicial quando ultrapassadas as 12 horas, uma vez que
esse lapso temporal não pode ser apto a dispensar esse filtro judicial relevante.

CLÁUSULA DE RESERVA DE JURISDIÇÃO TEMPORÁRIA: é a denominação doutrinária


para a situação exposta acima, em a lei exige autorização judicial para o acesso às ERBS,
porém, o decurso de 12 horas sem manifestação do magistrado torna possível o acesso
imediato.

JÁ CAIU - CFO PMGO 2022


Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar,
mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso. CORRETO.
JÁ CAIU - DELEGADO PCGO 2022
“No crime de sequestro e cárcere privado, o membro do Ministério Público ou o
delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
suspeitos.” CORRETO.

JÁ CAIU – OFICIAL PMRO 2022


“Na hipótese de crime de tráfico de pessoas, o inquérito policial deverá ser instaurado
no prazo máximo de 72 horas, a partir do registro da notícia”. CORRETO

23

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


Dados Cadastrais -> PODE REQUISITAR DIRETAMENTE (ART. 13-A)

Localização -> MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (ART. 13-B)

DO INDICIAMENTO

O indiciamento é um ato VINCULADO, realizado de forma EXCLUSIVA PELO DELEGADO


DE POLÍCIA, que após a análise técnico-jurídica do fato, deverá indicar a autoria,
materialidade e as suas circunstancias (art. 2º, § 6º da lei nº 12.830/2013).

ESPÉCIES DE INDICIAMENTO

Deve ser realizado durante o desenvolvimento da


investigação criminal, sempre que o Delegado de Polícia
formar seu convencimento no sentido de que existem provas
da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria.
FORMAL
PEÇAS QUE CONSTITUEM O INDICIAMENTO FORMAL:
auto de qualificação e interrogatório do indiciado,
informações sobre sua vida pregressa e, por fim, o
boletim de identificação.

MATERIAL O indiciamento material consiste no despacho do Delegado


de Polícia onde ele expõe as razões e os fundamentos da
sua decisão.

COERCITIVO Proveniente da lavratura do auto de prisão em flagrante.

DIRETO Ocorre com a presença do investigado.

INDIRETO Ocorre quando o investigado não é encontrado, estando em


local incerto e não sabido.

COMPLEXO Ocorre nos casos que o delegado de polícia precisa de


autorização para a instauração do inquérito policial, como
nos casos de foro de prerrogativa de função.

Por ser ato exclusivo da autoridade policial, o indiciamento não pode ser requisitado
pelo magistrado na investigação criminal (ele poderá requisitar a instauração do
inquérito policial, nos termos do art. 5º, II do CPP, mas o indiciamento será a critério da
análise privativa do delegado de polícia).

De acordo com a doutrina majoritária, a decisão de indiciamento produz efeitos


EXTRAPROCESSUAIS, pois aponta para a sociedade a provável pessoa responsável pela
prática do crime, bem como efeitos ENDOPROCESSUAIS, representado pela
probabilidade de ser a pessoa o provável autor, acarretando uma possível ação penal.

24

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


Quanto ao momento do indiciamento, pode-se concluir que poderá ser realizado em
qualquer momento da investigação até o relatório final do IP, sendo que o indiciamento
após o início da ação penal configura constrangimento ilegal. Por exemplo, em casos
de lavratura do auto de prisão em flagrante, o delegado de polícia já está convencido dos
indícios suficientes e necessários de autoria e materialidade, podendo já concluir pelo
indiciamento.

CRIPTOINDICIAMENTO: Designa-se assim o indiciamento infundado, destituído da


indispensável motivação exarada pelo delegado de polícia, expondo os elementos que o
justificam (Lei 12.830/13, art.2º,§ 6º); trata-se de expressão que suscita o neologismo
“criptoflagrante”, para simbolizar a arbitrária e ilegal decretação de prisão em flagrante
desprovida de fundamentação e de acervo mínimo para a justa causa (fundada suspeita
– requisito probatório) ou fora das hipóteses de flagrância delitiva (requisito temporal).

Em regra, autoridades com foro de prerrogativa podem ser indiciadas.

Existem apenas duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser
indiciadas: Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); Membros do Ministério
Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº
8.625/93).

Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com


foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade
policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade.

JURISPRUDÊNCIA

- É constitucional a norma de Regimento Interno de Tribunal de Justiça que condiciona


a instauração de inquérito à autorização do desembargador-relator nos feitos de
competência originária daquele órgão (informativo 1054 – STF).

- É indispensável a existência prévia de autorização judicial para a instauração de


inquérito ou outro procedimento investigatório em face de autoridade com foro de
prerrogativa de função em tribunal de justiça (informativo 1040 - STF) – É UMA
EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE.

- Cabe ao próprio tribunal ao qual toca o foro por prerrogativa de função promover, o
desmembramento de inquérito e peças de investigações correspondentes, para manter
sob sua jurisdição, em regra, apenas o que envolve autoridades com prerrogativa de
foro, RESSALVADAS AS SITUAÇÕES EM QUE OS FATOS SE REVELEM DE TAL
FORMA IMBRICADOS QUE A CISÃO, POR SI SÓ, IMPLIQUE PREJUÍZO A SEU
ESCLARECIMENTO.

- É constitucional a portaria, por meio da qual o presidente do STF determinou a


instauração do inquérito com intuito de apurar a existência de fake News, denunciações
caluniosas, ameaças e atos que podem configurar crimes contra a honra e atingir a
segurança do STF, de seus membros e familiares. Contudo, deve ser acompanhado
pelo MP, o objetivo do inquérito deve se limitar a investigar manifestações que
acarretem risco efetivo a independência do poder judiciário (informativo 982 - STF).

25

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


- É necessária prévia autorização judicial do Desembargador Relator para a instauração
de investigações penais contra autoridades com foro privativo no Tribunal de Justiça,
seja a investigação conduzida pela Polícia Judiciária, seja pelo Ministério Público.
Desse modo, a instauração de inquérito e demais atos investigativos em desfavor de
agentes públicos detentores de foro por prerrogativa de função depende da prévia
autorização do órgão judicial competente pela supervisão das investigações penais
originárias. STF. Plenário. ADI 7.447/PA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
21/11/2023 (Info 1117).

- A superveniente aposentadoria da autoridade detentora do foro por prerrogativa de


função cessa a competência do STJ para o processamento e julgamento do feito.
Durante o curso do inquérito, este Desembargador completou 75 anos e, portanto, foi
aposentado compulsoriamente em razão do implemento da idade máxima. A
superveniente aposentadoria fez cessar a prerrogativa de foro que a autoridade gozava
enquanto ocupava o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça. Nesse cenário,
a competência do STJ para o processo e julgamento do inquérito, prevista no art. 105,
I, “a”, da CF/88, não mais subsiste, impondo o deslocamento do feito para a Justiça
Estadual, em 1ª instância. STJ. Corte Especial. Inq 1420/DF, Rel. Min. Francisco
Falcão, julgado em 7/12/2022 (Info 762).

Atenção: em relação aos crimes de menor potencial ofensivo não é realizado o


indiciamento, tendo em vista que esses crimes possuem institutos despenalizadores
previstos já lei do juizado especial.

JÁ CAIU OFICIAL PMMG 2020

O indiciamento é o ato formal por intermédio do qual a autoridade policial atribui a alguém
a prática de uma infração penal, fazendo com que deixe a condição de suspeito da
prática do crime, para ser o provável autor. CERTO

A teor da jurisprudência do STJ, admite-se o indiciamento de acusados para apuração


dos mesmos fatos objeto de ação penal em curso, uma vez que, embora superada a fase
inquisitória, a denúncia não guarda relação com o indiciamento que, à luz do CPP é ato
privativo da autoridade policial. ERRADO

NÃO CABE INDICIAMENTO NA FASE DA AÇÃO PENAL, PARA O STJ É


CONTRANGIMENTO ILEGAL SANÁVEL VIA HABEAS CORPUS

A teor da jurisprudência do STJ, não se admite o indiciamento de acusados para


apuração dos mesmos fatos objeto de ação penal em curso, porquanto, recebida a
denúncia, inaugura-se a fase judicial, restando superada a fase inquisitória. CERTO

JÁ CAIU DELEGADO PCRO 2022

“O Ministério Público fica vinculado ao indiciamento realizado pelo delegado.”


INCORRETO. O MP não fica vinculado ao indiciamento.

“É incabível a impetração de habeas corpus para cancelar o indiciamento, apesar dos


constrangimentos causados ao indiciado.” INCORRETO. É possível o manejo de HC
para trancar o IP quando houve constrangimento ilegal, que é observado quando da

26

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


ocasião do indiciamento (STJ).

“Do indiciamento — ato privativo da autoridade policial — decorrem diversas


consequências para a ação penal, para a qual o referido ato é imprescindível.”
INCORRETO. O indiciamento, assim como o Inquérito Policial, é prescindível
(dispensável).

“Inexiste fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, a


requisitar ao delegado o indiciamento de determinada pessoa.” CORRETA.

“O simples indiciamento de uma pessoa não implica que seu nome e outros dados sejam
lançados no sistema de informações da Secretaria de Segurança Pública relacionados
àquele delito e passem, a partir disso, a constar da folha de antecedentes criminais do
indivíduo.” INCORRETO. Pode sim haver o registro no âmbito interno da SSP.

De acordo com a doutrina majoritária, a decisão de indiciamento produz efeitos


endoprocessuais, indicando que o indiciado é provavelmente o autor do delito; e
extraprocessuais, indicando à sociedade o provável autor do delito.

DO DESINDICIAMENTO

Para a doutrina majoritária pode haver o desindiciamento voluntário, a ser realizado pela
própria autoridade policial, tendo em vista que é um agente da administração pública e
possui poder de autotulela, revogando o ato de indiciamento realizado.

Ainda, pode haver o desindiciamento coacto, quando ocorre êxito no Habeas Corpus e o
judiciário revoga o ato de indiciamento por constrangimento ilegal.

RELATÓRIO FINAL DO INQUÉRITO POLICIAL

O art. 10, § 1º do CPP dispõe que ao final das investigações o delegado de polícia fará
minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juiz competente.
[CUIDADO, POIS NÃO ENVIA DIRETO AO MINISTÉRIO PÚBLICO].

No relatório final, o delegado poderá indicar testemunhas que não tenham sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

Atente-se ao fato de que no relatório final a autoridade policial não deve esboçar qualquer
juízo de valor, ressalvado os casos em relação ao porte de entorpecentes para consumo
próprio – aqui o delegado deverá indicar os motivos pelos quais entende ser o art. 28 e não
o art. 33 da lei de drogas.

Todavia, para a doutrina moderna, o delegado, como primeiro filtro dos direitos e garantias
do indivíduo, deverá verificar a presença de causas excludentes de tipicidade, ilicitude,
culpabilidade e punibilidade, e assim, deverá constar do relatório esse juízo de valor acerca
da presença dessas causas, opinando, se for o caso, pelo arquivamento. Esse
entendimento deve ser abordado em provas discursivas e orais! Para provas objetivas,
adote o entendimento majoritário.

No relatório final, a autoridade policial sempre indicará o tipo penal em que acha incurso o
investigado. Isso se chama de juízo de subsunção precária, visto que o juízo de
subsunção próprio cabe ao MP, quando da denúncia.

27

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


ATENÇÃO
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova,
acompanharão os autos do inquérito.

ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL


O arquivamento do inquérito policial é realizado por uma decisão judicial. Ele depende de
pedido de promoção de arquivamento feito pelo Ministério Público que será analisado
pelo juiz.
Mais uma vez: O DELEGADO DE POLÍCIA NÃO PODE ARQUIVAR O INQUÉRITO
POLICIAL.

ATENÇÃO!
O pacote anticrime alterou a redação do art. 28 do CPP para prever que quem passará a
determinar o arquivamento do inquérito policial é o PROMOTOR DE JUSTIÇA, que em seguida,
submeterá o arquivamento à homologação por instancia de revisão ministerial. CONTUDO, O
STF DEU INTERPRETAÇÃO CONFORME AO DISPOSITIVO LEGAL PARA DETERMINAR
QUE: "Ao se manifestar pelo arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos
informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público submeterá sua
manifestação ao juiz competente e comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial, podendo encaminhar os autos para o procurador-geral ou para a instância de revisão
ministerial, quando houver, para fins de homologação, na forma da lei, vencido, em parte, o
ministro Alexandre de Moraes, que incluía a revisão automática em outras hipóteses; Por
unanimidade, atribuir interpretação conforme ao § 1º do art. 28 do CPP, incluído pela Lei nº
13.964/2019, para assentar que, além da vítima ou de seu representante legal, a autoridade
judicial competente também poderá submeter a matéria à revisão da instância competente do
órgão ministerial, caso verifique patente ilegalidade ou teratologia no ato do arquivamento."

LEI ANTERIOR LEI NOVA

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés Art. 28. Ordenado o arquivamento do
de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento inquérito policial ou de quaisquer
do inquérito policial ou de quaisquer peças de elementos informativos da mesma
informação, o juiz, no caso de considerar natureza, o órgão do Ministério Público
improcedentes as razões invocadas, fará remessa comunicará à vítima, ao investigado e
do inquérito ou peças de informação ao procurador- à
geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro
autoridade policial e encaminhará os
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou
autos para a instância de revisão
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
ministerial para fins de homologação,
então estará o juiz obrigado a atender.
na forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante
legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial,
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação,
submeter a matéria à revisão da
instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a

28

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes
praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do
arquivamento do inquérito policial poderá
ser provocada pela chefia do órgão a
quem couber a sua representação
judicial.

HIPÓTESES DE ARQUIVAMENTO: ausência de justa causa; existência manifesta de


atipicidade formal ou material do fato; causa excludente de ilicitude; excludente de
culpabilidade, salvo a inimputabilidade; causa de extinção da punibilidade.

Caso o juiz discorde do pedido de arquivamento formulado pelo órgão ministerial, poderá
invocar o art. 28 do CPP, com a consequente remessa dos autos ao Procurador-Geral, a
quem caberá manter a decisão pelo arquivamento dos autos ou designar um novo promotor
para oferecer a denúncia.

JURISPRUDÊNCIA:
- STF pode de oficio arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para a
conclusão das diligencias, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e
materialidade (informativo 912 – STF).
- A decisão que homologa o arquivamento do inquérito que apura violência doméstica
deve observar a devida diligência na investigação e o Protocolo para Julgamento com
Perspectiva de Gênero do CNJ (STJ. 6ª Turma. RMS 70.338-SP, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 22/8/2023 - Info 785).

Em regra, a decisão que determina o arquivamento do IP é irrecorrível, ressalvado os


casos de IP CONTRA ECONOMIA POPULAR e CONTRAVENÇÕES PENAIS nos quais
caberá RESE.

ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO: Ocorre quando o MP deixa de mencionar fatos na denúncia


(objetivo) ou não oferece denúncia contra corréu (subjetivo) sem qualquer fundamentação.
Este tipo de arquivamento não é aceito de forma majoritária pela doutrina e pela
jurisprudência.

JÁ CAIU OFICIAL PMERJ 2019 (ADAPTADA):


O promotor de justiça da 13º Vara Criminal de Duque de Caxias-RJ, após receber os autos
de Inquérito Policial que apurava o crime de extorsão praticado em coautoria por Carlos
e João, denunciou Carlos pela prática do crime de extorsão (art. 158, caput, do CP), mas
deixou de denunciar João coautor do crime sem justo motivo, sendo certo que o juiz
recebeu a denúncia. Assim, conforme o entendimento da jurisprudência dos tribunais
superiores, entende-se que em relação a Carlos, operou-se arquivamento implícito do
inquérito. INCORRETO

ARQUIVAMENTO INDIRETO: Ocorre quando o MP declina das suas atribuições por


entender que os autos estão tramitando perante juízo incompetente. Nesta hipótese, deve-
se encaminhar a remessa dos autos ao juízo competente para que o órgão do MP
competente possa oficiar junto aos autos.

29

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


ARQUIVAMENTO DA AÇÃO PENAL PRIVADA: Ocorre por meio da renúncia do
querelante, de maneira expressa, acarretando a extinção da punibilidade. Pode ocorrer de
maneira tácita, com o transcurso do prazo decadencial de 6 meses para o exercício do
direito de queixa.

JÁ CAIU - OFICIAL PMDF 2010

Tratando-se de crimes de ação privada, a autoridade policial pode iniciar e concluir o


inquérito mesmo sem o requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la, uma vez
que o inquérito policial é mera peça informativa. ERRADO

JÁ CAIU - DELEGADO PCSP/2023

De acordo com o art. 19 do CPP, nos crimes de ação penal privada, finalizado o inquérito
policial, os respectivos autos devem: ser remetidos ao juízo competente ou entregues
ao requerente, se assim este solicitar, mediante traslado. CERTO

JÁ CAIU – OFICIAL ADMINISTRATIVO PMESP/2015

Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. CERTO

JÁ CAIU TJ-DF/2019

A instauração do inquérito policial suspende a fluência do prazo decadencial para o


ingresso da ação penal em juízo até a completa apuração dos fatos. FALSO, prazo
decadencial não se suspende nem interrompe.

DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Depois de ordenado o arquivamento do IP pela autoridade judiciária, por falta de base


para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
provas tiver notícias.

SÚMULA 524/STF - arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do


promotor de justiça não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.

MOTIVO DO ARQUIVAMENTO DESARQUIVAMENTO

Insuficiência de prova SIM

Ausência de justa causa SIM

Ausência de condição da ação SIM

Atipicidade NÃO

Excludente de ilicitude STJ: NÃO, pois faz coisa julgada

30

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


material.
STF: SIM, pois faz coisa julgada
formal. (HC 87395/PR, julgado em
23/3/2017 - Info 858); (HC
125101/SP, julgado em 10/09/2015).
Sugerimos que somente seja
respondido que faz coisa julgada
formal o arquivamento do IP por
excludente de ilicitude se a questão
deixar claro que pede o
posicionamento do STF (vide
questão no quadro abaixo).

Excludente de culpabilidade NÃO

Causa extintiva de punibilidade NÃO, salvo se for certidão de óbito


falsa.

ARQUIVAMENTO X TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL:

Como já tratado acima, o arquivamento do inquérito policial se dá sempre por decisão da


autoridade judiciária, que determinará o referido arquivamento a pedido do Ministério
Público, que é o titular da ação penal pública, se diante de uma das situações autorizativas.

Instituto diferente do arquivamento é o trancamento do inquérito policial. O trancamento do


IP é o encerramento abrupto, anormal ou anômalo (termos já utilizados pela jurisprudência)
do inquérito policial, que ocorre diante da ausência de justa causa para o seu início ou
prosseguimento, e se dá mediante o manejo do remédio constitucional do Habeas Corpus
(art. 648, I, CPP), por aquele que se sente constrangido ilegalmente pela investigação (o
investigado ou indiciado).

O instituto do trancamento do inquérito é derivado de uma construção jurisprudencial.


Veja como foi cobrado o tema de arquivamento do inquérito policial:

JÁ CAIU - CFP PMDF 2018


O habeas corpus é uma ação legítima para o trancamento de inquérito policial quando
não houver justa causa para o exercício deste.
JÁ CAIU- OFICIAL DIREITO MARINHA- 2021(ADAPTADA)
Compete ao Juiz de Garantias o julgamento de habeas corpus impetrado antes do
oferecimento da denúncia e o Juiz das Garantias poderá determinar o trancamento do
inquérito policial. CERTO
CPP Art. 3º - B. Compete ao Juiz de Garantias: XII - julgar o habeas corpus impetrado
antes do oferecimento da denúncia; IX - determinar o trancamento do inquérito policial

31

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85


quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento;
JÁ CAIU - DEFENSOR DPU 2017
“De acordo com o STF, o ato de arquivamento com fundamento em excludente de
ilicitude fez coisa julgada formal e material, o que impossibilita posterior
desarquivamento pelo parquet, ainda que diante da existência de novas provas”
INCORRETA.
Segundo STF o arquivamento do IP com amparo em excludente de ilicitude faz coisa
julgada formal, de modo que pode ser reaberto caso surjam novas provas.
Coisa Julgada Formal: Endoprocessual, os efeitos se limitam ao processo, podendo
haver novas provas.
Coisa Julgada Material: Exoprocessual, os efeitos transcendem ao processo, não há
nova discussão.

PRINCIPAIS SÚMULAS

Súmula nº 524, STF: “Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a requerimento
do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.”

Súmula n° 397, STF: "O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o Regimento,
a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito."

Súmula nº 234, STJ: “A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória


criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

Súmula nº 444, STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para agravar a pena-base.”

Súmula nº 522, STJ: “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial
é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.”

Súmula nº 636, STJ: “A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a


comprovar os maus antecedentes e a reincidência.”

Súmula Vinculante nº 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso


amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.

32

Arthur Siqueira - [email protected] - CPF: 051.443.761-85

Você também pode gostar