Considerações sobre a noção de texto
Leitura, interpretação e relação entre as ideias de textos de gêneros textuais
diversos, fato e opinião, intencionalidade discursiva, análise de implícitos e
subentendidos e de efeitos de sentido de acordo com José Luiz Fiorin e Francisco
Platão Savioli
Primeira consideração: o texto não é um aglomerado de frases.
Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro
de um debate de escala mais ampla.
Quando um texto de caráter científico cita outros textos, isso é feito de maneira
explícita.
Num texto literário, a citação de outros textos é implícita
Citação de um texto por outro, chama-se intertextualidade.
Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas:
a) para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado;
b) para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para
polemizar com ele. PARÓDIA
O texto e suas relações com a História
Todo texto assimila as ideias da sociedade e da época em que foi produzido.
Ha algumas ideias que predominam sobre suas contrarias numa dada época. Elas
refletem os interesses dos grupos sociais dominantes.
Fazer uma reflexão pessoal e analisar essas ideias de maneira critica, verificando até que
ponto elas têm apoio na realidade.
As ideias de uma época são veiculadas por textos, uma vez que não existem ideias
puras, ou seja, não transmitidas linguisticamente. Assim, analisar as ideias presentes
num texto
e estudar o diálogo entre textos, em que um assimila ou registra as ideias presentes nos
outros.
Níveis de leitura de um texto
1) uma estrutura superficial, onde afloram os significados mais concretos e
diversificados. É nesse nível que se instalam no texto o narrador, os personagens, os
cenários, o tempo e as ações concretas; DISCURSIVA
2) uma estrutura intermediária, onde se definem basicamente os valores com que os
diferentes sujeitos entram em acordo ou desacordo; NARRATIVA
3) uma estrutura profunda, onde ocorrem os significados mais abstratos e mais simples.
É nesse nível que se podem postular dois significados abstratos que se opõem entre si e
garantem a unidade do texto inteiro.
Estrutura profunda do texto
O nível profundo de um texto constitui-se de uma oposição do tipo: liberdade versus
submissão, vida versus morte, natureza versus civilização, unicidade versus
multiplicidade, etc. A análise de um texto não consiste apenas em encontrar a oposição
reguladora dos seus sentidos, pois, se somente isso for feito, reduziremos sua riqueza
significativa a quase nada. No entanto, a importância de detectar a estrutura
fundamental de um texto reside no fato de que ela permite dar uma unidade profunda
aos elementos superficiais, que, à primeira vista, p are cem dispersos e caóticos.
ESTRUTURA NARRATIVA I
Relação de posse e de privação entre um sujeito e um objeto.
Enunciados de estado: são aqueles em que se estabelece uma relação
de posse ou de privação entre um sujeito e um objeto qualquer.
Enunciados de ação: são aqueles que, em razão da participação de
um agente qualquer, indicam a passagem de um enunciado de estado
para outro.
Estrutura narrativa (II)
Objeto, nesse caso, não deve ser entendido como uma coisa, mas como tudo
aquilo
que um sujeito pode adquirir ou perder: riqueza, amor, alegria, etc.
Desse modo, pode-se concluir que os objetos que os sujeitos da narrativa
adquirem ou perdem subdividem-se em dois tipos:
• objetos necessários para adquirir outros objetos. incluem-se o querer, o dever, o
saber e o poder fazer.
• objetos que são a finalidade última a que visa o sujeito. Aqueles que o sujeito
quer ou deve, sabe ou pode adquirir ou perder.
Temas e figuras: a depreensão do tema
esquema narrativo:
a) um sujeito encontra-se privado de dois objetos e quer conquistar
a posse de ambos;
b) devendo optar por um deles e sendo igualmente atraído pelos dois, e incapaz
de realizar a escolha;
c) permanece privado de ambos.
Elementos concretos presentes no texto chamaremos figuras - palavras ou
expressões que correspondem a algo existente no mundo natural: substantivos
concretos, verbos que indicam atividades físicas, adjetivos que expressam
qualidades físicas. Quando falamos em mundo natural, não estamos querendo dizer
apenas o mundo realmente existente, mas também os mundos fictícios criados pela
imaginação humana. Se imaginarmos um mundo em que as flores sejam de pedra, isso
será também uma figura. FIGURATIVO
Elementos abstratos denominaremos temas - palavras ou expressões que não
correspondem a algo existente no mundo natural, mas a elementos que organizam,
categorizam, ordenam a realidade percebida pelos sentidos. Por exemplo,
humanidade, idealizar, privação, feliz, necessidade. TEMÁTICO
Níveis de concretização dos esquemas narrativos:
Temático - podemos ter textos temáticos, sem a cobertura figurativa;
Figurativo - para entender um texto figurativo e preciso alcançar o nível
temático. Um texto figurativo sempre joga com dados concretos para, por meio deles,
revelar significados mais abstratos.
A classificação decorre, assim, da dominância de elementos abstratos ou
concretos, e não de sua exclusividade.
Temas e figuras: o encadeamento de figuras
Uma figura não tem significado em si mesma.
Isoladamente, ela pode sugerir ideias muito variadas e noções imprecisas.
Seu sentido nasce do encadeamento com outras figuras.
Em um texto, tudo é relação.
O que dá sentido as figuras é um tema.
Por isso encontrar o sentido de um conjunto de figuras encadeadas é achar o
tema que está subjacente a elas.
Temas e figuras: o encadeamento de temas
O entendimento de um texto temático requer do leitor a capacidade de enquadrar
todos os temas disseminados ao longo do texto e engloba-los dentro de um tema geral
que sintetize de maneira ampla todo o conjunto.
Os temas se encadeiam de modo coerente
Para compreender profundamente um tema amplo, não basta olhar para os
subtemas isoladamente. É essencial analisá-los em conjunto, comparando-os, para
identificar a unidade que os conecta e os organiza funcionalmente.
Temas e figuras são palavras e expressões que servem para revestir coisas
acontecimentos do mundo natural, aqueles interpretam e explicam os fatos que ocorrem
e tudo aquilo que existe no mundo.
Temas e figuras: a seleção lexical
O léxico consiste no repertorio de palavras de que uma dada língua dispõe. Em
sentido amplo, podemos considerar o léxico como sinônimo de vocabulário.
A escolha de temas e figuras em determinadas regiões do léxico produz certos
efeitos de sentido. Observemos alguns setores lexicais e efeitos de sentido que
produzem:
a) gírias: sobretudo em textos narrativos, caracterizar o personagem através da
linguagem que utiliza;
b) arcaísmos: recuperar certa época, ridicularizar certo personagem que ainda
insiste em utilizá-los;
c) neologismos: caracterizar personagens ou épocas;
d) regionalismos ou estrangeirismos: caracterizar, por exemplo, a procedência de
um personagem;
e) jargão: caracterizar a competência de quem o utiliza.
As várias possibilidades de leitura de um texto
As fábulas põem a nu certos comportamentos humanos.
A recorrência de traços semânticos (SIGNIFICADO DAS PALAVRAS)
estabelece a leitura que deve ser feita do texto.
Essa leitura não provem dos delírios interpretativos do leitor, mas está inscrita
como virtualidade (possibilidade) no texto.
Certas interpretações se tornarão inaceitáveis se levarmos em conta a conexão, a
coerência entre seus vários elementos.
Essa coerência é garantida, entre outros fatores, pela reiteração, a redundância, a
repetição, a recorrência de traços semânticos ao longo do discurso.
Deve-se tentar agrupar os elementos significativos (figuras ou temas) que se
somam ou se confirmam num mesmo plano do significado.
Percorrer o texto inteiro, tentando localizar todas as recorrências, isto é, todas as
figuras e temas que conduzem a um mesmo bloco de significação.
Essa recorrência determina o plano de leitura do texto.
O texto que admite várias leituras contém em si indicadores dessas várias
possibilidades.
No seu interior aparecem figuras ou temas que tem mais de um significado e
que, por isso, apontam para mais de um plano de leitura.
São relacionadores de dois ou mais planos de leitura.
Outros termos que não se integram a um certo plano de leitura proposto e por
isso são desencadeadores de outro plano.
O leitor cauteloso deve abandonar as interpretações que não encontrem apoio em
elementos do texto.
Denotação e conotação
Detonação - Refere-se ao sentido literal, objetivo e direto de uma palavra ou
expressão, ou seja, o significado que está no dicionário e não depende do contexto
emocional ou cultural. É o sentido universal e não interpretativo.
Conotação - É o sentido figurado, subjetivo e simbólico de uma palavra ou
expressão. Depende do contexto e pode variar de acordo com as emoções, valores ou
associações culturais atribuídas pelo falante ou ouvinte.
O signo linguístico é formado por duas partes inseparáveis:
1. Significante (plano da expressão): É a parte material do signo, ou seja, a forma
perceptível, como sons (na fala) ou letras e palavras (na escrita). É aquilo que
podemos ouvir, falar ou visualizar.
o Exemplo: Ao ouvir ou ler a palavra "árvore", estamos lidando com o
significante: a sequência de sons ou letras que compõem essa palavra.
2. Significado (plano do conteúdo): É a parte inteligível ou conceitual do signo, ou
seja, o conceito ou ideia associada ao significante. Não é algo visível, mas está
na nossa mente.
o Exemplo: O conceito de "árvore" refere-se à imagem mental ou ideia de
um ser vivo vegetal com tronco, galhos e folhas.
Como funcionam juntos?
Embora sejam partes distintas, o significante e o significado não existem
separadamente. O significante sem um significado não teria sentido, e o significado sem
um significante não teria como ser expresso.
Exemplo:
o Significante: A palavra escrita "cachorro" ou a sua pronúncia.
o Significado: O conceito mental de um animal de quatro patas, geralmente
considerado um companheiro doméstico.
Importância no estudo da linguagem
Essa relação entre significante e significado ajuda a compreender que:
1. A ligação entre os dois é arbitrária: Não há uma relação natural entre a palavra e
o conceito. Por exemplo, em português dizemos "árvore", mas em inglês a
mesma ideia é expressa como "tree".
2. O significado pode variar com o contexto e a cultura, enquanto o significante
é fixo em um idioma.
QUANDO UM ÚNICO SIGNIFICANTE REMETE A VÁRIOS
SIGNIFICADOS, DIZEMOS QUE OCORRE A POLISSEMIA.
Ou seja
QUANDO UM MESMO TERMO TEM VÁRIOS SIGNIFICADOS
Significação contextual
A polissemia, em geral, fica neutralizada pelo contexto.
O contexto é uma unidade linguística maior que dá significado específico a uma
unidade menor. Por exemplo, uma palavra (unidade menor) insere-se em uma frase
(unidade maior), e assim sucessivamente até o texto completo. Nesse processo, a
palavra perde sua polissemia (múltiplos significados) e assume um significado
contextual, definido pelo ambiente em que está inserida.
Denotação versus Conotação
A denotação é a relação direta e objetiva entre o plano da expressão
(significante) e o plano do conteúdo (significado). O significado denotativo refere-se
ao conceito literal, universal e não-interpretativo que um significante evoca no receptor,
ou seja, o sentido primário e explícito das palavras.
Os dicionários descrevem os diversos conceitos que as palavras denotam,
fornecendo definições que explicam os significados literais de um termo. Assim,
consultar o dicionário significa buscar compreender o significado denotativo de um
significante.
Além do significado literal (denotação), uma palavra ou termo pode carregar
significados adicionais, como valores afetivos, sociais ou culturais, positivos ou
negativos. Esse conjunto de impressões e reações emocionais que um signo desperta
compõe o sentido conotativo, ou seja, a conotação.
A conotação é um conteúdo sobreposto ao plano de expressão e conteúdo do
signo linguístico, refletindo valores sociais, emoções ou associações subjetivas que vão
além do significado literal.
Toda palavra possui um significado denotativo, já que em toda palavra se
pressupõem reciprocamente dois planos:
Plano de conteúdo (significado)
Plano de expressão (significante)
Sobreposto ao significado denotativo implanta-se o significado conotativo, que
consiste num novo plano de conteúdo investido no signo como um todo.
Duas palavras podem ter a mesma denotação e conotação completamente
diversa, e essa propriedade pode servir para deixar clara a diferença entre essas duas
dimensões do signo linguístico
O SENTIDO CONOTATIVO VARIA DE CULTURA PARA CULTURA, DE
CLASSE SOCIAL PARA CLASSE SOCIAL, DE ÉPOCA PARA ÉPOCA.
Plano do mito – reúne elementos semânticos contrários entre si.
Conotação pejorativa ocorre quando uma palavra ou expressão adquire um
significado subjetivo negativo, depreciativo ou desrespeitoso em um determinado
contexto. Esse tipo de conotação vai além do sentido denotativo da palavra, refletindo
impressões ou valores que desfavorecem a ideia, pessoa ou objeto associado ao termo.
Metáfora e metonímia
Recursos retóricos - estratégias utilizadas na linguagem, tanto oral quanto
escrita, para tornar a comunicação mais persuasiva, expressiva ou impactante. São
amplamente usados na literatura, discursos e publicidade, entre outros contextos, com o
objetivo de influenciar, envolver ou convencer o público.
Principais recursos retóricos:
1. Metáfora: Comparação implícita entre dois elementos distintos, sugerindo
semelhança.
o Exemplo: "Seus olhos são, estrelas brilhando na noite."
Metáfora é, então, a alteração do sentido de uma palavra ou expressão quando entre o
sentido que o termo tem e o que ele adquire existe uma intersecção (ambos apresentam
traços comuns)
Percebe-se que um termo é metafórico, quando, no contexto, a leitura do termo no seu
sentido próprio fica inadequada, imprópria.
2. Metonímia: Substituição de uma palavra por outra com a qual tem relação de
proximidade.
o Exemplo: "Vou ler Machado de Assis" (referindo-se às obras do autor).
Alteração do sentido de uma palavra ou expressão quando entre o sentido que o
termo tem e o que adquire existe uma relação de inclusão ou de implicação
Relação de inclusão ou de implicação - estratégias para compreender como as
ideias se conectam, seja em termos de hierarquia (inclusão) ou de causa e consequência
(implicação).
Percebe-se que um termo tem valor metonímico - quando a leitura do termo no
seu sentido próprio produz uma inadequação, uma imprecisão de sentido.
Modos de combinar figuras e temas
Antítese – consiste em estabelecer, ao longo do texto, oposições entre temas e
figuras. Um presente, outro é futuro. Não são simultâneos
USO DE IDEIAS OPOSTAS PARA DESTACAR CONTRASTES.
Oxímoro ou paradoxo – procedimento de construção textual que consiste em
agrupar significados contrários ou contraditórios numa mesma unidade de sentido.
Elementos que se opõem são simultâneos, isto é, coexistem um ao lado do outro.
Ressaltam aspectos opostos que convivem dentro de uma única realidade
complexa.
Prosopopéia ou personificação - consiste em atribuir qualidades ou
acontecimentos próprios do ser humano a personagens não-humanos (animais, plantas
ou coisas). Esse recurso serve para humanizar os seres não--humanos, transferindo para
eles os mesmos traços do homem.
Podem-se também combinar qualificações ou eventos próprios dos animais com
personagens humanos, para mostrar seu caráter animal, ou seja, animalizacao.
Quando se atribuem qualificações ou eventos próprios dos seres inanimados a
personagens animados (animais ou homens), ocorre uma retificação, usada para tornar
os animados como que inanimados.
Sinestesia – consiste em reunir, numa só unidade, elementos designativos de
sensações relativas a diferentes órgãos dos sentidos.
A funcionalidade da sinestesia está no efeito curioso e vivo que brota da
associação de sons, cores, cheiros, gostos, texturas e múltiplos estados de espírito.
Modos de narrar
a) aquilo que foi escrito ou dito por alguém chamaremos enunciado;
b) o produtor de enunciado, responsável pela organização do texto, chamaremos
narrador.
O narrador não se confunde com o autor do texto ou com o escritor, tanto é
verdade, que o narrador pode ser um personagem, aparecendo nos próprios enunciados.
E, mesmo que o narrador não apareça explicitamente no enunciado sob a forma de um
eu que fala, ele está implícito como elemento integrante da narrativa.
O autor é uma pessoa de carne e osso; o narrador faz parte do texto, é quem
relata os fatos a partir de seu ponto de vista.
Há dois modos básicos de narrar: ou o narrador introduz-se no discurso,
produzindo-o, então, em primeira pessoa, ou ausenta-se dele, criando um discurso em
terceira pessoa. Narrar em terceira pessoa ou em primeira são os dois pontos de vista
fundamentais do narrador.
Narrador em terceira pessoa - pode assumir duas posições diante do
que narra:
1) Ele conhece tudo, até os pensamentos e sentimentos dos personagens.
Comenta, analisa e critica tudo. É como se pairasse acima dos
acontecimentos e tudo visse. É chamado narrador onisciente (que tudo sabe).
2) O narrador também conhece os fatos, mas não invade o interior dos
personagens para comentar seu comportamento, intenções e sentimentos.
Essa posição cria um efeito de sentido de objetividade ou de neutralidade. É
como se a história se narrasse sozinha. O narrador pode ser chamado
observador.
Narrador em primeira pessoa - está presente na narrativa. Pode ser o
personagem principal ou um personagem secundário:
1) Quando é personagem principal, não tem ele acesso aos sentimentos,
pensamentos e intenções dos outros personagens, mas pode, como ninguém,
relatar suas percepções, seus sentimentos e pensamentos. É a forma ideal de
explorar o interior de um personagem.
2) Quando o narrador é um personagem secundário, observa de dentro os
acontecimentos. Afinal, viveu os fatos relatados. O narrador conta o que viu
ou ouviu e até mesmo se serve de cartas ou documentos que obteve. Não
consegue saber o que se passa na cabeça dos outros. Pode apenas inferir,
lançar hipóteses. O narrador pode ou não comentar os acontecimentos. O
modo de narrar em primeira pessoa cria um efeito de subjetividade maior
que o modo em terceira pessoa. Este produz um efeito de sentido de
objetividade, pois o narrador não está envolvido com os acontecimentos.
A imagem do leitor – o narrador pode projetar uma imagem do leitor dentro da
obra e dia logar com esse ' leitor ", prevendo suas reações. Esse leitor instalado no texto
não se confunde com o leitor real.
Modos de ordenar o tempo
a) concomitância, anterioridade e posterioridade em relação ao momento da fala;
b) concomitância, anterioridade e posterioridade em relação a um marco
temporal (passado ou futuro) instalado no texto.
Um advérbio é uma classe de palavras na gramática que tem como função
modificar ou qualificar verbos, adjetivos, outros advérbios ou mesmo uma oração
inteira. Ele acrescenta informações como modo, tempo, lugar, intensidade, dúvida,
negação, afirmação, entre outras.
a. Advérbios e expressões de valor adverbial que se empregam na ordenação
em relação ao momento da fala:
b. Advérbios e expressões de valor adverbial que se empregam na ordenação
em relação a um marco temporal instalado no texto:
O que é preciso ter bem presente é que no texto não se podem misturar advérbios que se
relacionam com o momento da fala e advérbios que se relacionam com o marco
temporal.
A articulação temporal de um texto cria uma série de efeitos de sentido. Se o narrador,
por exemplo, conta os fatos no passado, pode produzir um efeito de objetividade: os
fatos já ocorreram e o narrador pode examina-los a distância.
Se os fatos são narrados no presente, pode haver um efeito de sentido de subjetividade,
porque o narrador está envolvido com o que acontece.
Segmentação do texto (I)
Separar um todo nos seus vários segmentos, ou seja, dividir um conjunto nas suas partes
componentes.
Os parágrafos, não podem ser usados como critério sempre confiável de segmentação.
Eles podem ser utilizados como ponto de partida, mas não há correspondência
obrigatória entre os parágrafos e as diversas partes do texto.
1) Critério baseado na oposição temporal
APLICADO EM NARRAÇÕES
Ao relatar fatos ou acontecimentos, o narrador estabelece um presente que corresponde
ao momento em que ele está falando e, a partir daí, refere-se a fatos anteriores ou
posteriores. Assim, a divisão do tempo realiza-se com base na seguinte distinção:
ANTES X DURANTE X DEPOIS
fatos que já aconteceram (anteriores a fala do narrador) - ANTES
fatos que acontecem (simultâneos a fala do narrador) – DURANRE
fatos que acontecerão (posteriores a fala do narrador) - DEPOIS
Recursos linguísticos para marcar a oposição de tempo no interior de um texto:
formas verbais (presente, pretérito perfeito, futuro do presente);
advérbios de tempo (agora, então)
adjuntos adverbiais (mês, dia, ano, estações do ano)
Os elementos linguísticos que manifestam oposições temporais são chamados
demarcadores.
2) Critério baseado na oposição espacial
Num texto, os FATOS NARRADOS OU OS PERSONAGENS podem distribuir-
se em lugares distintos, e essa oposição de espaço pode ser explorada para dividi-lo
em partes.
Os elementos linguísticos que servem, no texto, para delimitar os espaços exercendo
a função de demarcadores são:
adjuntos adverbiais de lugar (aqui, ali, lá, no alto, em São Paulo)
substantivo, que dá uma denominação ao espaço (pátria, terra do exilio, Brasil,
Inglaterra)
deslocamentos de personagens, como, por exemplo, saída de casa, ida para São
Paulo
Segmentação do texto (II)
3) Critério baseado na oposição entre os vários personagens
A segmentação de um texto pode também ser feita a partir dos vários personagens
que ocorrem no seu interior e dos diferentes papéis que desempenham. Lembramos
que, num texto, os personagens não são apenas seres humanos, mas todos os seres
que praticam ou sofrem uma dada ação. De forma individual ou coletiva.
Os papeis que os personagens desempenham no texto são também muito variados;
As atitudes assumidas pelos personagens são distintas
4) Critério baseado em oposições tematicas
Textos DISSERTATIVOS DE CARÁTER mais CONCEITUAI e ABSTRATO.
Oposições de temas existentes entre as várias partes
Um texto dissertativo poderá, por exemplo, conter uma parte em que se analisam as
causas de um fenômeno, outra em que se analisam as consequências; uma em que se
focaliza aquilo que está acontecendo, outra em que se focaliza o que se desejaria que
acontecesse.
Argumentação
Todo texto tem, por trás de si, um produtor que procura persuadir o seu leitor (ou
leitores), usando para tanto vários recursos de natureza lógica e linguística.
Chamamos procedimentos argumentativos a todos os recursos acionados pelo
produtor do texto com vistas a levar o leitor a crer naquilo que o texto diz e a fazer
aquilo que ele propõe.