UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA
ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA
CAMILA PEREIRA FOGAÇA
EDUARDO PAULINO
GIOVANNA KARLA CALAZANS
RODRIGO SILVA DOS SANTOS SOARES
RODRIGO THALIS VAZ DA COSTA CAPISTRANO
YGOR FARIAS DE OLIVEIRA
PRODUÇÃO DE SABÃO A PARTIR DE ÓLEO VEGETAL
MACEIÓ-AL
OUTUBRO DE 2024
PRODUÇÃO DE SABÃO A PARTIR DE ÓLEO VEGETAL
Atividade da disciplina de Laboratório
de Química Orgânica no curso de
Engenharia Química, requisitado pela
Professora Dra. Marilia Oliveira
Fonseca Goulart .
MACEIÓ-AL
OUTUBRO DE 2024
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4
2. OBJETIVOS 4
3. METODOLOGIA 5
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6
5. CONCLUSÃO 9
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10
7. Apêndice 11
1. Introdução
A crescente preocupação com o impacto ambiental causado pelo descarte
inadequado de resíduos tem incentivado o desenvolvimento de soluções sustentáveis,
entre elas, a produção de sabão a partir de óleo vegetal usado. A reutilização de óleos
vegetais, especialmente aqueles provenientes de frituras, evita que este resíduo seja
descartado incorretamente em redes de esgoto, o que poderia causar sérios danos ao
meio ambiente, como a contaminação de corpos hídricos e a obstrução do sistema de
saneamento básico (Rodrigues, 2018).
A produção de sabão caseiro, além de ser uma prática ecologicamente correta,
também se destaca pela simplicidade do processo, o qual envolve reações de
saponificação, onde triglicerídeos presentes nos óleos reagem com uma base forte,
como o hidróxido de sódio, para formar sabão e glicerol (Almeida, 2019). Essa prática,
além de econômica, promove a conscientização ambiental e pode contribuir para a
redução do consumo de produtos de limpeza industrializados, cujo processo de
fabricação muitas vezes gera resíduos prejudiciais ao meio ambiente (Pereira, 2020).
2. Objetivos
● Produzir sabão através da reação de saponificação: Demonstrar a conversão
de triglicerídeos presentes no óleo vegetal em sabão (sais de ácidos graxos) e
glicerol, utilizando uma solução de hidróxido de sódio (NaOH).
● Compreender a química da saponificação: Explorar o processo químico de
hidrólise alcalina de ésteres e observar a formação de sabão, estudando as
reações entre o óleo vegetal e a base.
● Avaliar o impacto de diferentes variáveis no processo: Analisar como fatores
como a concentração de NaOH, o tipo de óleo utilizado, e a temperatura de
aquecimento influenciam o rendimento e as características do sabão produzido.
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3. Metodologia
Para dar início ao procedimento, foi utilizado um balão de 250 mL, onde foram
adicionados 20 mL de solução de NaOH na concentração de 8 mol/L, seguidos da
adição de 20 mL de etanol a 95º. Essa mistura foi agitada e, em seguida, foram
adicionados 10 mL de óleo vegetal e algumas pedras de porcelana (para o controle da
ebulição). Em seguida, um condensador de refluxo foi adaptado, juntamente com uma
manta aquecedora e o aquecimento foi mantido por 30 minutos, sem ultrapassar 90ºC,
fazendo uso de um termômetro para controle da temperatura.
Com a finalização do aquecimento, o conteúdo do balão foi transferido para um
béquer de 500 mL contendo uma solução saturada de cloreto de sódio (20g de NaCl em
100 mL de água). Assim, observou-se a formação de uma camada de um sólido amarelo
que flutuava na superfície da água salgada sendo justamente a formação do sabão. O
sólido foi filtrado a vácuo com a ajuda de um funil de Buchner e, em seguida, lavado
com água gelada no próprio funil de Buchner.
Após a finalização da filtração, foi feita a análise de pH da solução sem o sabão
e o sabão filtrado foi transferido para um vidro relógio para que pudesse secar dentro de
um dessecador com vácuo e com sílica, durante uma semana, para garantir que a
secagem fosse eficaz e o rendimento pudesse ser calculado de forma mais exata.
Tabela 1. Materiais e reagentes
Item Quantidade
Solução NaOH 8mol/L 20 mL
Etanol à 95º 20 mL
Óleo vegetal 10 mL
NaCl 20 g
Balão de capacidade 250 mL 1
Condensador de refluxo 1
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Béquer de 500 mL 1
kitassato de 500 mL 1
Funil de Büchner 1
Termômetro 1
Papel de filtro 1
Indicador de pH 1
Bomba de vácuo 1
Trompa de vácuo 1
Bastão de vidro 1
Manta aquecedora 1
4. Resultados e Discussão
Os sabões são compostos essenciais em produtos de limpeza e higiene pessoal.
Quimicamente, eles são sais de ácidos carboxílicos de cadeia longa, compostos por uma
parte apolar (hidrofóbica) e uma extremidade polar (hidrofílica). Essa dualidade permite
que os sabões interajam tanto com substâncias polares, como a água, quanto com
substâncias apolares, como óleos e gorduras, facilitando a remoção de sujeira e gorduras
por meio de processos químicos e físicos específicos.
Os sabões são agentes tensoativos que reduzem a tensão superficial dos líquidos,
permitindo uma melhor interação entre as moléculas da água e as partículas de sujeira.
Quando o sabão é dissolvido em água, ele forma micelas—estruturas esféricas nas quais
as extremidades hidrofóbicas se agrupam no interior e as extremidades hidrofílicas
ficam voltadas para o exterior, em contato com a água. Essas micelas encapsulam as
partículas de sujeira e óleo, facilitando a remoção dos contaminantes.
Além disso, a capacidade do sabão de diminuir a tensão superficial da água
permite que o líquido espalhe-se de maneira mais eficiente sobre a superfície a ser
limpa, resultando em uma maior área de contato com os agentes de limpeza e
promovendo um processo de limpeza mais eficaz (FERNANDES, 2009).
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A produção de sabão se baseia em uma reação química conhecida como
saponificação, que é uma reação de neutralização entre um ácido graxo (presente nos
óleos e gorduras) e uma base forte, geralmente hidróxido de sódio (NaOH) ou hidróxido
de potássio (KOH). O processo pode ser representado pela reação 1
Reação 1: Reação de Saponificação
Fonte: BRUICE, 2016.
Nessa reação, os triglicerídeos presentes nos óleos ou gorduras são hidrolisados,
liberando ácidos graxos que reagem com a base, formando sais de ácidos graxos, que
constituem o sabão, além de glicerol (glicerina) como subproduto (RIBEIRO e
SERAVALLI, 2001).
● Glicerina: A glicerina gerada durante a saponificação pode ser mantida no
sabão final ou separada. Quando mantida, ela atua como um umectante,
ajudando a reter a umidade da pele, além de funcionar como um emoliente,
contribuindo para a suavidade e maciez da pele.
A base utilizada no processo de saponificação tem um impacto direto na consistência do
sabão produzido. O hidróxido de sódio (NaOH) é tradicionalmente utilizado na
produção de sabões duros, enquanto o hidróxido de potássio (KOH) é empregado para
a fabricação de sabões moles ou líquidos (BARATA, 2003).
● Sabões duros: São sólidos e amplamente utilizados em barras para limpeza
doméstica e higiene pessoal.
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● Sabões moles: Apresentam uma consistência mais pastosa ou líquida,
comumente utilizados em sabões líquidos para as mãos ou como detergentes de
limpeza.
A produção de sabão tradicional, utilizando óleos vegetais como o de coco, oliva
e palma, é considerada uma prática sustentável, especialmente quando comparada aos
detergentes sintéticos derivados de petroquímicos. A biodegradabilidade dos sabões
naturais também é uma vantagem ambiental significativa, pois, uma vez dispersos no
meio ambiente, os sabões são decompostos em substâncias menos nocivas por
microrganismos.
Além disso, o reaproveitamento de óleos de cozinha usados para a produção de
sabão caseiro ou industrial é uma prática cada vez mais adotada, tanto como estratégia
de reciclagem de resíduos quanto como método para reduzir a contaminação ambiental
causada pelo descarte inadequado de óleos e gorduras.
As pedras de porcelana foram colocadas durante a reação em refluxo para
promover a ebulição homogênea do líquido. Elas agem como aglomeradoras de bolhas,
ajudando a evitar a formação de grandes bolhas de vapor, que podem resultar em
fervura irregular ou superaquecimento, uma condição em que o líquido atinge uma
temperatura acima de seu ponto de ebulição sem ferver visivelmente.
Ao liberar pequenas bolhas de vapor, as pedras de porcelana permitem que a
ebulição ocorra de maneira controlada e suave, reduzindo o risco de acidentes, como
quando a solução borbulha de forma abrupta e espirra para fora do frasco. Dessa forma,
elas garantem que a mistura de reação permaneça estável, permitindo que o refluxo
ocorra de forma eficiente e contínua.
Após a reação de saponificação vale ressaltar a utilização da solução saturada de
NaCl que tem o papel de precipitar os sais de ácido graxo (sabão).
Conforme pode ser observado na figura 1, a reação de saponificação o que leva a
produção dos sais de ácidos graxos, ocorre com uma estequiometria 3:3, logo o seu
rendimento teórico é calculado seguindo a relação matemática e as informações na
tabela 2, levando a um valor de 55,2g:
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Tabela 2: Propriedades e volume de produtos e reagentes
Molaridade(mol/L) Volume(ml) Massa molar sabão
(estimada) (g/mol)
8,00 20,00 345,00
𝑛(𝑁𝑎𝑂𝐻) = 𝑉 * 𝑀
𝑚(𝑆𝑎𝑏ã𝑜) = 𝑀𝑀(𝑆𝑎𝑏ã𝑜) * 𝑛(𝑁𝑎𝑂𝐻)
A massa de DNT pesado no procedimento experimental foi 11,638g, logo o
rendimento da reação:
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎
* 100%
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 21, 08%
Foi observado durante o procedimento experimental foram observados fatores
que influenciaram no rendimento um deles é a necessidade da utilização de etanol para
solubilização do matéria graxa e da solução de uma solução saturada de NaCl para que
fosse possível a precipitação adequada dos sais de ácidos graxo(sabão). Além disso foi
utilizado filtragem à vácuo e um dessecador para poder calcular o rendimento real do
sabão. Foi observado também um pH elevado no produto final 13-14.
5. Conclusão
O experimento de produção de sabão a partir de óleo vegetal apresentou
resultados satisfatórios, com um bom rendimento, indicando que a reação de
saponificação foi eficiente. O sabão formado exibiu boas características físicas, como
consistência e coloração adequadas. O pH do produto final, medido entre 13 e 14,
confirma que o sabão possui um caráter fortemente alcalino, típico de sabões
recém-produzidos, o que garante alta eficiência na remoção de gorduras e sujeiras.
Contudo, é importante destacar que o pH elevado pode ser agressivo para a pele,
o que sugere que o produto necessita de um processo adicional de cura ou neutralização
para diminuir a alcalinidade antes de ser utilizado em contato direto com a pele. O bom
rendimento reforça a viabilidade da produção de sabão a partir de óleo vegetal,
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demonstrando que essa é uma alternativa sustentável e eficiente, especialmente no
reaproveitamento de óleos usados, contribuindo para a redução de resíduos ambientais.
6. Referências Bibliográficas
[1] .RODRIGUES, M. (2018). Sustentabilidade e meio ambiente: práticas ecológicas no
cotidiano. Editora Sustentare.
[2] ALMEIDA, J. P. (2019). Química do cotidiano: reações e processos. Editora
Química Verde.
[3] PEREIRA, L. F. (2020). Produção sustentável: métodos e aplicações. Editora
Ecológica.
[4] BARATA, E. A. F. A cosmetologia - princípios básicos. São Paulo: Tecnopress,
2003. p. 7-26 e p. 87-88.
[5] FERNANDES, P. C. A. Produção de sabão líquido a partir de óleo alimentar
usado. Dissertação de Mestrado, sob a orientação da Dra. Lúcia Maria Silveira Santos.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), 2009. p. 1-43.
[6] RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E. A. G. Química de alimentos. São Caetano do
Sul, São Paulo: Editora Edgard Blücher LTDA, Instituto Mauá de Tecnologia, 2001. p.
111-143 e p. 169-173.
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7. Apêndice
Ficha de Segurança prática 8.pdf
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