Sintaxe Da Oração
Sintaxe Da Oração
Sintaxe da oração
Capítulo 1
Sintaxe da Oração
Sumário
.......................................................................................................................................................................................
SINTAXE DA ORAÇÃO................................................................................................................................... 7
SUJEITO........................................................................................................................................................ 9
SUJEITO DETERMINADO............................................................................................................................... 9
VERBOS NOCIONAIS............................................................................................................................................................................................. 25
ADJUNTOS ADVERBIAIS................................................................................................................................ 29
AGENTE DA PASSIVA.................................................................................................................................... 35
ADJUNTO ADNOMINAL................................................................................................................................. 36
PREDICATIVO............................................................................................................................................... 37
PREDICATIVO DO SUJEITO............................................................................................................................ 37
PREDICATIVO DO OBJETO............................................................................................................................. 39
COMPLEMENTO NOMINAL............................................................................................................................ 41
APOSTO....................................................................................................................................................... 44
APOSTO ESPECIFICADOR.............................................................................................................................. 45
APOSTO ENUMERATIVO............................................................................................................................... 45
APOSTO RESUMIDOR................................................................................................................................... 46
APOSTO DISTRIBUTIVO................................................................................................................................ 47
APOSTO EXPLICATIVO................................................................................................................................. 47
TIPOS DE PREDICADO................................................................................................................................... 48
VOCATIVO.................................................................................................................................................... 50
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E aí? Professor, não se trata de uma frase! Temos aí apenas uma palavra, ok?
Fogo!
Olhe novamente o conceito de frase. Meu caro aluno, temos agora um enunciado de sentido completo, concorda? Ora,
se alguém invade sua sala de estudo e grita... Fogo! Você vai ficar parado? É para correr, rapaz! Tá pegando fogo! Rs.
Observe também o início com letra maiúscula e o final com ponto de exclamação.
Trata-se de uma frase sim!
Daí tiramos uma importante conclusão: nem toda frase possui verbo! Há frases que classificamos como nominais
- aquelas estruturadas em torno de um ou mais nomes – e outras que classificamos de verbais - aquelas estruturadas em
torno de um ou mais verbos.
Exemplos:
A frase verbal, meninos, recebe um nome específico: período. A partir de agora, toda vez que nos depararmos com
uma frase verbal, chamá-la-emos de período.
Tome nota, por favor! Período nada mais é do que uma frase verbal. Grosseiramente falando, é uma frase com verbos
dentro – um, dois, três, ... cem, não importa, quantos couber!
O período, meninos, pode ser simples ou composto. No período simples, temos apenas 1(uma) oração. Já no
período composto, temos 2(duas) ou mais orações.
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E o que seria uma oração, professor? A oração é toda estrutura – frase ou trecho de frase - organizada em torno de um
verbo ou locução verbal. Para contar o número de orações dentro de um período, contabilizamos quantas estruturas
verbais - verbos e locuções verbais – nele possuímos. Se há apenas 1(uma) estrutura verbal, então teremos apenas
1(uma) oração no período; se temos 2(duas) estruturas verbais, então teremos 2(duas) orações; e assim por diante.
Professor, está na hora de um exemplo!
Vamos lá! Vou escrever um pequeno fragmento de texto e vou fazer algumas perguntinhas para vocês! Observe:
O professor pediu encarecidamente que seus alunos estudassem o conteúdo, pois este tem sido frequentemente
cobrado nos últimos concursos. Muitos, no entanto, não deram atenção ao professor. Uma pena!
A 1ª pergunta que faço a vocês é: quantas frases temos nesse trecho de texto?
Nós temos, galerinha, três frases! Olhem para o início com letrinha maiúscula e busquem o sinal de pontuação que
encerra cada frase. Vamos identificar as frases com cores:
O professor pediu encarecidamente que seus alunos estudassem o conteúdo, pois este tem sido frequentemente
cobrado nos últimos concursos. Muitos, no entanto, não deram atenção ao professor. Uma pena!
A 2ª pergunta que faço a vocês é: quantos períodos temos nesse trecho de texto?
Nós temos, galerinha, dois períodos. Vejam que, das três frases, apenas duas delas são verbais. O período, mais uma
vez, nada mais é do que uma frase verbal. Vejamos agora os dois períodos do texto:
O professor pediu encarecidamente que seus alunos estudassem o conteúdo, pois este tem sido frequentemente
cobrado nos últimos concursos. Muitos, no entanto, não deram atenção ao mestre.
Vocês agora são capazes de classificar cada um desses períodos? É a minha 3ª pergunta!
O período de azulzinho é simples ou composto? Ora, ele é composto, pois nele há mais de uma oração. Como o senhor
sabe que há mais de uma oração, professor? Ora, há mais de uma estrutura verbal nele presente, moçada. Para ser mais
exato, são três as estruturas verbais – “pediu”, “estudassem” e “tem sido cobrado”. A última estrutura verbal, como
podem ver, é uma locução verbal formadora de voz passiva analítica (verbo auxiliar SER + verbo principal no Particípio),
concorda? São, portanto, 3(três) as orações que formam o 1º período.
Já o período de laranjinha é formado por apenas uma oração, pois nele identificamos apenas 1(um) verbo – “deram”. O
2º período é, portanto, simples. A única oração que o compõe recebe o nome de oração absoluta.
Uma última perguntinha conceitual é acerca da identificação das orações: como saber o exato ponto em que uma
oração se encerra e a outra começa? Ora, uma oração precisa ser conectada a outra por meio de algum conectivo. Os
conectivos, também chamados de conectores, são as conjunções e pronomes relativos, que serão amplamente
estudados em Sintaxe do Período. O conector, portanto, é o marco divisório entre uma oração e outra: antes dele temos
uma oração; a partir dele outra. Vale ressaltar que algumas orações não se conectam uma a outra por meio de
conectores: é o caso das orações coordenadas assindéticas, das justapostas e das reduzidas. Não se preocupe!
Estudaremos cada uma delas.
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No caso do 2º período, como ele é simples, a oração que o compõe coincide com o próprio período: Muitos, no entanto,
não deram atenção ao mestre.
Galera, dizemos que toda oração tem um dono. E esse “dono” é um verbo. Como podem ver, cada oração que listamos
anteriormente está organizada em torno desses donos: “pediu”, “estudassem”, “tem sido cobrado” e “deram”.
Vamos para um exemplo mais complexo?
Caiu em prova!
Também é certo, por outro lado, que, ao aumentarem a transparência do processo de tomada de decisões, as empresas
adquirem o respeito das pessoas e comunidades que são impactadas por suas atividades e são gratificadas com o
reconhecimento e engajamento dos seus colaboradores e a preferência dos consumidores, em consonância com o conceito
de responsabilidade social, o qual, é sempre bom lembrar, está se tornando cada vez mais fator de sucesso empresarial e
abrindo novas perspectivas para a construção de um mundo economicamente mais próspero e socialmente mais justo.
O período acima é composto por
a) seis orações.
b) oito orações.
c) nove orações.
d) sete orações.
e) dez orações.
RESOLUÇÃO:
Ora, para contar a quantidade de orações, contabilizemos quantas estrutura verbais – verbos e locuções verbais - há no
período.
A primeira forma verbal é “é”; a segunda, “aumentarem”; a terceira, “adquirem”; a quarta, a locução verbal de voz
passiva “são impactadas”; a quinta, a locução verbal de voz passiva “são gratificadas”; a sexta, “é”; a sétima, “lembrar”;
a oitava, a locução verbal “está se tornando”; por fim, a nona, “abrindo”.
São, portanto, 9 orações!
Detalhando um pouco mais, podemos identificar cada uma das orações. Observe:
Também é certo, por outro lado, que, ao aumentarem a transparência do processo de tomada de decisões, as empresas
adquirem o respeito das pessoas e comunidades que são impactadas por suas atividades e são gratificadas com o
reconhecimento e engajamento dos seus colaboradores e a preferência dos consumidores, em consonância com o conceito
de responsabilidade social, o qual, é sempre bom lembrar, está se tornando cada vez mais fator de sucesso empresarial e
abrindo novas perspectivas para a construção de um mundo economicamente mais próspero e socialmente mais justo.
1ª oração: Também é certo, por outro lado, ... > o “dono” da oração é o verbo “ser”
2ª oração: ... que, ao aumentarem a transparência do processo de tomada de decisões, ... > o “dono” da oração é o verbo
“aumentar”
3ª oração: ... as empresas adquirem o respeito das pessoas e comunidades... > o “dono” da oração é o verbo “adquirir”
4ª oração: ... que são impactadas por suas atividades... > o “dono” da oração é o verbo principal “impactar” > a locução
verbal “são impactadas” contabiliza apenas uma oração.
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5ª oração: ... e são gratificadas com o reconhecimento e engajamento dos seus colaboradores e a preferência dos
consumidores, em consonância com o conceito de responsabilidade social, ... > o “dono” da oração é o verbo principal
“gratificar” > a locução verbal “são gratificadas” contabiliza apenas uma oração.
6ª oração: ... o qual, é sempre bom... > o “dono” da oração é o verbo “ser”
7ª oração: ... lembrar... > o “dono” da oração é o verbo “lembrar” > observe que o verbo “lembrar” não constitui com o
verbo “ser” locução verbal, haja vista que é possível desenvolver infinitivo (... é sempre bom que se lembre...),
configurando, assim, duas orações.
8ª oração: ... está se tornando cada vez mais fator de sucesso empresarial... > o “dono” da oração é o verbo principal
“tornar-se” > a locução verbal “está se tornando” contabiliza apenas uma oração.
9ª oração: ... e abrindo novas perspectivas para a construção de um mundo economicamente mais próspero e socialmente
mais justo. > o “dono” da oração é o verbo “abrir”.
Gosto de fazer essa extensa introdução, conceituando no detalhe frase, oração e período, para que o aluno saiba em
que chão está pisando. Esses conceitos, se não bem firmados, podem lá na frente se misturar e embaralhar nosso juízo.
Portanto, moçada, interessa-nos na Sintaxe o estudo das frases, sobretudo as verbais, chamadas de períodos.
Começaremos nossa análise pelo Período Simples, ou seja, da Oração, que será dissecada dos pés à cabeça nesta aula.
Na próxima aula, estudaremos o Período Composto e as relações de subordinação e coordenação entre as orações.
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Sintaxe da Oração
Nesta aula, dissecaremos o Período Simples. A aula não é de Matemática, isso é óbvio, mas vamos apresentar a seguir
uma “equação”. Ela começa assim:
PS = O (1)
De fato, estudar Período Simples é estudar a Oração, já que só há uma oração nesse tipo de período.
O = S + P (2)
O Sujeito e o Predicado são os chamados Termos Essenciais da Oração. Isso significa que toda oração está montada
em um sujeito e um predicado? Antecipando a informação, há orações que não possuem sujeito, ok? Nestas, O = P.
Desenvolvendo (2), temos:
O = S + V + CVs + ...
Moçada, essas contas são para mostrar para vocês a sequência que vamos adotar na análise sintática da
oração. Começaremos com o sujeito; depois migraremos para o predicado, varrendo o verbo; depois os complementos; e na
sequência, as demais funções sintáticas.
Ao final, queridos, teremos varrido as seguintes funções sintáticas:
I. Sujeito
Complementos Verbais – OD e OI
Adjuntos Adverbiais
Agente da Passiva)
Adjunto Adnominal
Predicativo
Complemento Nominal
Aposto
IV. Vocativo
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Sujeito
Se buscarmos uma definição conceitual de Sujeito, esbarraremos em um conceito vago. Sujeito é o termo do qual se
declara algo em uma oração. Consequentemente, o Predicado é o que se declara sobre o sujeito.
Veja que essas definições são corretas, porém muito pouco precisas. Como se trata de termos complementares (o que
não é sujeito é predicado, e vice-versa), é melhor entendê-los caracterizando-os do que tentando buscar uma definição
precisa (algo infrutífero). Dessa forma, vamos entender o que é sujeito, entendendo como ele se apresenta.
E, para encontrá-lo, vamos perguntar ao verbo da oração:
Antes de partir para nossas primeiras orações, deixe-me apresentar-lhe o quadro de classificação do sujeito.
Vamos estudar cada um desses sujeitos? Vamos enfrentar nossas primeiras orações? Vamos lá!
Sujeito Determinado
Sujeito Simples
I - O professor cumprimentou o aluno pelo resultado no simulado.
Professor, o que seria núcleo? Meu caro, núcleo é a palavra principal, central, aquela à qual todas as demais estão
ligadas, subordinadas. É função substantiva, desempenhada por substantivo ou pronome. No caso da frase I, nosso
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sujeito é formado apenas por duas palavras: um artigo e um substantivo. O núcleo, portanto, será o substantivo.
II - O professor de Língua Portuguesa cumprimentou o aluno pelo resultado no simulado.
Professor, eu entendi que o sujeito existe. Eu entendi que o sujeito é determinado. Mas eu não consigo entender por que o
sujeito continua simples! Gente, o sujeito é formado pelo artigo “o”, pelo substantivo “professor” e pela locução adjetiva
“de Língua Portuguesa”. Definimos anteriormente que o núcleo é a palavra principal, central, aquela à qual todas as
demais estão ligadas, subordinadas. É função substantiva, desempenhada por substantivo ou pronome. Ora, o sujeito
continua sendo, portanto, “professor”. Mas professor, por que Língua Portuguesa não pode ser núcleo do sujeito? Por um
motivo muito simples, meu amigo! Observe que “Língua Portuguesa” está preposicionado, conectado pela preposição
“de” ao substantivo “professor”. Ora, se algum termo se encontra preposicionado, é porque ele está subordinado a
alguém, logo não pode ser núcleo, captou?
Antes de avançarmos, pergunto a vocês qual a importância de identificar o núcleo do sujeito. Seria somente pela
classificação do sujeito em si? Não, gente! Não mesmo! Vamos ainda estudar concordância, certo? Mas nada nos
impede de compreender esse tão importante conceito desde já. Ora, o princípio geral da concordância estabelece que
sujeito e verbo precisam concordar em número e pessoa. Vamos refinar esse princípio geral, ok? Quando dizemos que
sujeito e verbo precisam concordar, estamos nos referindo ao núcleo do sujeito e o verbo, captou?
Na frase II, por que a forma verbal “cumprimentou” está no singular? Ela está no singular, queridos, para concordar com
o núcleo do sujeito “professor”, que também está no singular. Se este estivesse no plural – “professores” -, seria
necessário flexionar a forma verbal no plural – “cumprimentaram”.
Prestem muita atenção na dica que eu vou dar agora, moçada!
As bancas adoram isolar o núcleo do sujeito singular do verbo, contaminando-o com vários “penduricalhos” no
plural. Quando isso ocorre, nossa distração tende a levar equivocadamente o verbo para o plural, resultando num
equívoco de concordância. É a chamada “contaminação por plural”! Professor, eu não entendi absolutamente
nada! Vamos ver na prática! Observe:
Cuidado com a contaminação por plural!!!
Observe a frase:
A oferta de novos postos de trabalhos nas principais capitais brasileiras sofreram queda acentuada nos primeiros
meses do ano.
Queridos, nós cometemos um erro de concordância nessa frase!
Pergunte ao verbo “sofreram” quem é o sujeito dele. A pergunta será “O que sofreu queda acentuada nos primeiros...?”.
E a resposta será “A oferta de novos postos de trabalhos nas principais capitais brasileiras”.
Viu o problema?
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Veja que o artigo “A” está subordinado ao substantivo “oferta”. A este substantivo também estão subordinadas duas
expressões preposicionadas – “de novos de trabalhos” e “nas principais capitais brasileiras”. Galera, o núcleo do sujeito
é “oferta”. O sujeito existe, é determinado e é simples.
Mas veja que o núcleo do sujeito singular “oferta” e a forma verbal plural “sofreram” não estão concordando, certo?
Como?
A oferta de novos postos de trabalhos nas principais capitais brasileiras sofreu queda acentuada nos primeiros meses
do ano.
Você entende por que cometeu esse erro?
Não foi à toa. Os vários “penduricalhos” plurais ligados ao núcleo do sujeito nos induzem a flexionar o verbo no plural. A
gente acaba indo no embalo, na inércia. É a contaminação por plural.
Amigos, as bancas adoram explorar a contaminação por plural nas questões de concordância.
Caiu em prova!
Ao ser flexionada uma forma verbal na voz passiva, respeitou-se plenamente a concordância com seu sujeito na frase:
e) Sempre nos surpreenderão, em nossos longos deslocamentos pela cidade, o tempo gasto em meio aos
congestionamentos.
RESOLUÇÃO:
Interessa-nos somente a letra E, pois nosso foco agora é o sujeito, mais precisamente a identificação do núcleo do
sujeito.
Observe que a frase está toda fora de ordem, o que dificulta a identificação do sujeito e, sobretudo, seu núcleo. Quando
perguntamos “O que sempre nos surpreenderá?”, obtemos como resposta “o tempo gasto em meio aos
congestionamentos”, que funciona como sujeito de núcleo singular “tempo”. Dessa forma, constatamos um
problema de concordância, pois o verbo está numa flexão de plural “surpreenderão” e o núcleo do sujeito é singular.
A correção da frase ficaria:
Sempre nos surpreenderá, em nossos longos deslocamentos pela cidade, o tempo gasto em meio aos
congestionamentos.
Sujeito Composto
O professor de Língua Portuguesa e o coordenador do Direção Concursos cumprimentaram o aluno pelo resultado no
simulado.
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Na frase, por que a forma verbal “cumprimentaram” está no plural? Ela está no plural, queridos, para concordar com
os núcleos do sujeito “professor” e “coordenador”. Como o verbo tem agora que servir a dois núcleos (professor e
coordenador = eles), o verbo se flexiona no plural.
Sujeito Oculto
Cumprimentamos o aluno pelo resultado no simulado.
A resposta será: “Nós”. Descobrimos devido à desinência verbal “mos”, que nos identificou o número e a
pessoa.
O sujeito, portanto, é “Nós”.
Trata-se um existente determinado, pois, como dissemos, é possível identificá-lo na oração. Nesse caso, sua
identificação foi possível devido à desinência verbal.
Trata-se de um existente determinado oculto, também chamado de implícito, subentendido, desinencial ou
elíptico.
Entenda que o sujeito oculto existe e é possível determiná-lo por meio da desinência verbal ou do contexto em
que a oração está inserida.
Na 1ª - “O professor pediu aos alunos” -, o sujeito da forma verbal “pediu” é “O professor”. Trata-se de um sujeito
simples!
Já na 2ª - que entregassem a tarefa ao final da aula -, o sujeito da forma verbal “entregassem” é “os alunos”. Note que o
termo “os alunos” não está explícito na 2a oração, o que faz com que o classifiquemos como oculto!
Mas professor, por que não podemos chamar esse sujeito de simples? Simplesmente porque ele não está explícito na
oração, e sim oculto! Percebeu a pegadinha?
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Com isso, mapeamos todos os casos de determinação do sujeito. Em todas as frases apresentadas, foi possível apontar
explícita ou implicitamente um termo que atuava como sujeito.
Sujeito Indeterminado
Se, numa oração, NÃO é possível identificar um termo que funcione como sujeito, dizemos que o sujeito é
indeterminado. Observemos as frases a seguir:
Professor, que coisa chata! Quebraram a vidraça da minha loja nessa madrugada!
Mas necessariamente foi uma terceira pessoa do plural que quebrou a vidraça? Pode muito bem ter sido uma
terceira pessoa do singular não identificada o sujeito da ação, não é verdade? Note que não é mais possível
determinar com exatidão o sujeito da ação.
O sujeito, portanto, é indeterminado”.
Definimos, assim, um 1º CASO DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO, que consiste na forma verbal flexionada na
terceira pessoa do plural, sem a possibilidade de o sujeito ser identificado contextualmente.
Bateram à porta.
Quando, de forma genérica, proferimos frases, como “Bateram à porta” ou “Roubaram meu carro!”, estamos
indeterminando o nosso sujeito. Não é possível afirmar quem bateu à porta ou quem exatamente roubou o carro.
Alguns até poderiam questionar: não seria possível afirmar que o sujeito é “eles”, já que o verbo está flexionado na 3ª
pessoa do plural (Eles bateram à porta e Eles roubaram meu carro)? Veja bem, é possível mesmo assegurar que o sujeito
seja uma terceira pessoa do plural? A resposta é não. O agente da ação poderia muito bem ser uma terceira pessoa do
singular, por que não?
O emprego do verbo na 3ª pessoa do plural é, portanto, uma estratégia para não tornar possível a identificação do
agente da ação verbal. Isso pode se dar por não conhecermos propriamente o agente ou, então, por não desejarmos
explicitá-lo. Na frase “Falaram mal de mim!”, você até pode saber quem é(são) a(s) pessoa(s) que está(ão) fofocando
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sobre você, mas você preferiu não identificar logo de cara o sujeito da ação verbal, criando suspense e gerando
desconforto na(s) pessoa(s) fofoqueira(s).
Gente, só tomem cuidado para não tirar conclusões precipitadas. Mesmo o verbo estando na 3ª pessoa do plural,
muitas vezes é possível determinar o sujeito. Veja um exemplo:
Caiu em prova!
No interior do crime reconstituído por escrito, o criminoso confesso desempenha o papel de verdade viva. Ato do
sujeito criminoso, responsável e falante, a confissão é a peça complementar de uma investigação escrita e secreta. Daí
a importância que todo processo de tipo inquisitorial atribui à confissão. Por um lado, tenta-se fazê-la entrar no cálculo
geral das provas, como se fosse apenas mais uma: não é a evidentia rei; tal como a mais forte das provas, não pode por
si só implicar a condenação e tem de ser acompanhada por indícios anexos e presunções, pois já houve acusados que se
declararam culpados de crimes que não cometeram;...
O sujeito da forma verbal “cometeram” (R.29) é indeterminado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
... pois já houve acusados que se declararam culpados de crimes que não cometeram...
Na oração “que não cometeram...”, o sujeito da forma verbal “cometeram” é oculto, identificado no contexto como
“acusados”.
Resposta: ERRADO
A questão anterior nos mostra que, mesmo estando o verbo na 3ª pessoa do plural, se o contexto em que está
inserida a oração tornar possível a identificação do sujeito, este NÃO será indeterminado. Ao contrário, será
Determinado da Silva.
Portanto, não confunda! Uma das estratégias para indeterminar o sujeito é levá-lo para a 3ª pessoa do plural, o que não
significa que todo verbo flexionado a 3ª pessoa do plural terá sujeito indeterminado. Captou?
Vamos para mais uma frase!
Vamos perguntar para o verbo “viver”: Quem vive muito bem lá?
Se a frase fosse “Vivo muito bem lá.”, o sujeito seria “EU”; se fosse “Vives muito bem lá.”, o sujeito seria
“TU”; se fosse “Vivemos muito bem lá”, o sujeito seria “NÓS”...
Ao afirmar “Vive-se”, o sujeito não mais está especificado. Que seja você, que seja eu, que sejamos nós,
enfim, quem quer que seja vive muito bem naquele bairro.
Note que não é mais possível determinar com exatidão o sujeito da ação.
Definimos, assim, um 2º CASO DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO, que consiste numa forma verbal flexionada na
terceira pessoa do singular acompanhada do famosíssimo “SE” índice de indeterminação do sujeito.
Algumas observações são muito importantes aqui. Perceba que a construção do 2º caso de indeterminação do sujeito é
típica de verbos que NÃO apresentam complemento direto. Essa construção ocorre com verbos intransitivos,
transitivos indiretos ou, mais raramente, verbos de ligação.
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IMPORTANTE!!!
Não podemos confundir o 2º caso de indeterminação com as construções em voz passiva sintética. Nestas, os verbos
possuem complemento direto (verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto).
Exemplos:
Discutiu-se o fato.
(O verbo “discutir” é transitivo direto > voz passiva sintética > “se” partícula apassivadora > sujeito paciente: “o fato” >
equivale à construção “Foi discutido o fato”)
Desconfiou-se do fato.
(O verbo “desconfiar” é transitivo indireto > “se” índice de indeterminação> sujeito indeterminado - 2º caso)
Na aula anterior, ao discutir voz passiva, vimos que o SE pronome apassivador era responsável por transformar o
objeto direto em sujeito paciente. Caso mexêssemos no número do sujeito, haveria a necessidade de flexionar o
verbo, estabelecendo a correta concordância.
Na frase “Descobriu-se o fato”, o “se” apassivador transforma o objeto direto “o fato” em sujeito paciente. Se
passarmos o sujeito para o plural, haverá a necessidade de passar o verbo também para o plural, resultando em
“Descobriram-se os fatos.”
Já na frase “Desconfiou-se do fato”, o “se” cumpre a função de indeterminar do sujeito. Se passarmos o objeto indireto
“do fato” para o plural – “dos fatos” -, o que diabos acontecerá com a forma verbal? A resposta é ... NADA! Ora, não
sabemos quem é o sujeito, portanto não temos permissão de flexionar o verbo, que fica “escravizado” na 3ª pessoa do
singular!
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Moçada, se o SE estiver ladeado de verbos que solicitam OBJETO DIRETO (VTD ou VTDI), o SE assume papel de
PARTÍCULA APASSIVADORA. É o que ocorre na 2a frase: o verbo ENTREGAR pede OD (Quem entrega entrega para
alguém ALGO). Dessa forma, o SE assume nessa frase a função de PARTÍCULA APASSIVADORA.
No entanto, se o SE estiver ladeado de verbo que NÃO POSSUA OD (VI, VTI ou VL), o SE assume o papel de ÍNDICE DE
INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO. É o que ocorre na 1a frase: o verbo ACREDITAR não pede OD, e sim OI. Dessa forma,
o SE nessa frase assume a função de ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO.
Com isso, mapeamos todos os casos de determinação do sujeito. Em todas as frases apresentadas, foi possível
apontar explícita ou implicitamente um termo que atuava como sujeito.
Sujeito Inexistente
A oração sem sujeito ocorre a partir de um verbo impessoal, em que a flexão de pessoa é ausente. Se não há pessoa,
não há também sujeito. Portanto, estudar a inexistência do sujeito se resume a identificar quais os verbos impessoais,
como o faremos já na sequência. Além disso, como não há pessoa, o jeito é impor uma pessoa ao verbo. E a escolhida
foi mais uma vez a 3ª pessoa do singular!
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Verbo Impessoal NÃO possui pessoa, NÃO possui sujeito, NÃO possui plural.
IMPORTANTE!
Verbos que indicam fenômeno natural, muitas vezes, são empregados em sentido conotativo. Nesse caso, não serão
impessoais, apresentando, assim, sujeitos.
Exemplo:
O verbo “chover” NÃO expressa, na frase, fenômeno natural. Infelizmente não é natural chover dinheiro na
nossa conta! Rs.
O verbo “chover” NÃO é, portanto, IMPESSOAL.
Isso significa que se trata de um verbo “normal”: possui pessoa, possui sujeito, possui plural.
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Isso significa que se trata de um verbo “normal”: possui pessoa, possui sujeito, possui plural.
IMPORTANTE!
O verbo “haver”, no sentido de “existir”, é flexionado apenas na 3ª pessoa do singular. Isso se dá pelo fato de ele ser
impessoal.
Porém, o verbo “existir” sempre possuirá sujeito, concordando em número e pessoa com este.
São muito comuns questões solicitando a troca de um verbo por outro, com as devidas alterações.
O termo “bons motivos” funciona como OBJETO DIRETO do verbo HAVER, que, no sentido de EXISTIR, não possui
sujeito.
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O mesmo termo “bons motivos”, no entanto, funciona como SUJEITO do verbo EXISTIR, que sempre possuirá sujeito.
Professor, posso logo afirmar que o verbo “haver” nunca possuirá plural?
Cuidado! O verbo “haver” não possuirá plural no sentido de EXISTIR, meu caro!
Lembremo-nos de que o verbo HAVER também atua como verbo auxiliar, assim como o verbo TER, SER, ESTAR e
tantos outros.
Observe a frase:
Note que a forma verbal “haviam” concorda com o núcleo do sujeito “alunos”.
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Note que “dez meses”, “muito tempo” e “mais de dez anos” se referem a tempos passados, decorridos.
Já é tarde da noite!
Passou de meia-noite!
Observação:
Em construções do tipo “Os dois candidatos ficaram dez minutos sem se falar.”, “João e Patrícia fazem dez
anos de casados”, o sujeito existe – “Os dois candidatos” e “João e Patrícia”, respectivamente.
O verbo “ser”, na indicação de data ou hora, é impessoal, não possuindo sujeito, portanto. No entanto,
diferentemente dos demais verbos impessoais, concorda com o numeral indicador de hora e data.
Observe:
É meio-dia.
É 1h.
São 10h.
São 14h30min.
São 15 de setembro.
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Basta de corrupção!
RESOLUÇÃO:
Em I, deve-se empregar a forma singular “Deve”, uma vez que este verbo se torna impessoal “por tabela”. Isso ocorre
porque ele auxilia o impessoal “haver”, no sentido de “existir”. O termo “saídas para a crise” funciona como OBJETO
DIRETO.
Em II, deve-se empregar a forma plural “Devem”, para que haja concordância com o sujeito de núcleo plural “saídas
para a crise”. O verbo “dever” e “existir” são “normais”. Portanto, a oração possui sujeito.
Em III, deve-se empregar a forma singular “Vai”, uma vez que este verbo se torna impessoal “por tabela”. Isso ocorre
porque ele auxilia o impessoal “fazer”, no sentido de “tempo decorrido”. O termo “dez anos” funciona como OBJETO
DIRETO.
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Aula 4: Sintaxe da oração
Em IV, deve-se empregar a forma singular “tem”, uma vez que este verbo se torna impessoal “por tabela”. Isso ocorre
porque ele auxilia o impessoal “haver”, no sentido de “existir”. O termo “Muitos problemas” funciona como OBJETO
DIRETO.
Em V, deve-se empregar a forma plural “têm”, para que haja concordância com o sujeito de núcleo plural “Muitos
problemas”. O verbo “ter” e “ocorrer” são “normais”. Portanto, a oração possui sujeito.
Em VI, deve-se empregar a forma plural “Haverão”, para que haja concordância com o sujeito de núcleo plural “saídas
para a crise”. Note que o verbo “haver” não está empregado no sentido de “existir”. Ele é, na verdade, um auxiliar de
“existir”. O verbo “haver” e “existir” são “normais”, portanto. Dessa forma, a oração possui sujeito.
Em VII, deve-se empregar a forma singular “Haverá”, uma vez que este verbo se torna impessoal “por tabela”. Isso
ocorre porque ele auxilia o impessoal “haver”, no sentido de “existir”. O termo “saídas para a crise” funciona como
OBJETO DIRETO.
Caiu em prova!
O comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das possibilidades do agir humano, na
diversificação dos papéis sociais e na abertura para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação no grau de complexidade
da sociedade.
Seriam mantidos a correção gramatical e os sentidos originais do texto, caso a forma verbal “Houve” fosse substituída
por Ocorreram.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO: Na frase original “Houve, em resumo, uma ampliação...”, o verbo HAVER é impessoal, ou seja, não
possui sujeito. Isso se deve ao fato de ele estar empregado no sentido de EXISTIR, OCORRER, ACONTECER. O termo
“uma ampliação” funcionaria como OBJETO DIRETO.
Trocando-se HAVER por OCORRER, o termo “uma ampliação...” se torna sujeito, o que faz com que o verbo tenha de
ser flexionado no singular “OCORREU” para que se estabeleça a concordância.
Ufa! Chegamos ao fim de nossa primeira função sintática! Caramba, professor! Parecia que não tinha fim sujeito! Pois é,
meu amigo! Trata-se de uma função das mais importantes, repleta de desdobramentos. Por fim, tenho apenas duas
observações a fazer antes de adentrarmos o predicado. São elas:
Observações
O sujeito pode se apresentar na forma de oração. É o chamado sujeito oracional, mais minuciosamente
detalhado em nossa próxima aula, de Sintaxe do Período.
Exemplo:
(Quando fazemos a pergunta “O que não foi possível?”, a resposta é um sujeito oracional “comparecer à festa”.)
O sujeito não aceita ser regido de preposição, o que impede a contração de preposição e sujeito.
Observe:
Apesar do Brasil estar em crise, muitos investidores estrangeiros investiram no país neste ano. (ERRADO)
Apesar de o Brasil estar em crise, muitos investidores estrangeiros investiram no país neste ano. (CERTO)
(Note que “o Brasil” é sujeito da forma verbal “estar”, o que impede a contração com a preposição “de”.)
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O fato dele não ter aceitado o convite já demonstra a firmeza de seu caráter. (ERRADO)
O fato de ele não ter aceitado o convite já demonstra a firmeza de seu caráter. (CERTO)
(Note que “ele” é sujeito da forma verbal “não ter aceitado”, o que impede a contração com a preposição “de”.)
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Verbos de Ligação
Hum... Professor, entendi que ação e fenômenos naturais se enquadram como nocionais. Mas o senhor poderia
exemplificar alguns verbos de ligação, estes tais associados à ideia de estado? Claro que posso! Vamos listar os verbos
de ligação tradicionais: SER (estado permanente), ESTAR (estado momentâneo), FICAR (mudança de estado),
PARECER (estado aparente), TORNAR-SE (mudança de estado), CONTINUAR (continuidade de estado),
PERMANECER (estado permanente), etc.
Exemplos:
Aquele aluno ficou inquieto. (“inquieto” está relacionado a uma mudança de estado)
Note que os verbos de ligação são assim chamados, pois fazem uma ponte entre o nome e um atributo. Nos exemplos
acima, os verbos de ligação fazem a ponte entre o nome “aluno” e o atributo “inquieto”. Já antecipando, esse atributo
recebe um nome especial: trata-se da função sintática do PREDICATIVO, a ser estudado com mais profundidade no
tópico Termos Associados ao Nome. Mas já guarda essa informação: o verbo de ligação liga o nome a um predicativo.
Galerinha, vale ressaltar que alguns verbos ora podem fazer menção a ações, ou seja, serão nocionais; ora podem
fazer menção a estado, ou seja, serão de ligação. Observe:
Ele anda muito depressa.
O verbo ANDAR é nocional na primeira frase, pois está associado a uma ação (troque “andar” por “caminhar”). Já na
segunda frase é de ligação, pois está associado à ideia de estado (troque “andar” por “estar”).
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O verbo VIRAR é nocional na primeira frase, pois está associado a uma ação (dá para imaginar a ação “virar” a
bandeja, correto?). Já na segunda frase é de ligação, pois está associado à ideia de estado (troque “virar” por “ficar”).
Ele vive naquele bairro há dez anos.
O verbo VIVER é nocional na primeira frase, pois está associado a uma ação (troque “viver” por “morar”). Já na
segunda frase é de ligação, pois está associado à ideia de estado (troque “vive de mau humor” por “está sempre de
mau-humor”).
Muito bem, feita essa breve exposição acerca dos verbos de ligação, voltemos nossa atenção para os verbos nocionais.
Verbos Nocionais
Os verbos nocionais se dividem em INTRANSITIVOS (VI) e TRANSITIVOS (VT). Os verbos intransitivos se
apresentam nas orações completos, ou seja, eles não precisam de complemento. Já os transitivos não são
completos, necessitando dos tais complementos.
Os transitivos se subdividem em TRANSITIVOS DIRETOS (VTD), que pedem OBJETO DIRETO (OD) como
complemento; TRANSITIVOS INDIRETOS (VTI), que pedem OBJETO INDIRETO (OI) como complemento; e
TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS ou BITRANSITIVOS (VTDI), que pedem OD e OI como complementos.
Lembremo-nos que os OBJETOS DIRETOS são complementos que se ligam ao verbo SEM preposição. Já os
INDIRETOS se ligam ao verbo COM preposição.
IV – Aquele senhor fala muitas histórias interessantes para os demais alunos durante as aulas.
O primeiro passo da análise sintática é sempre identificar o dono da oração, ou seja, o verbo. Na sequência devemos ir
em busca do sujeito. Nos quatro exemplos anteriores, o verbo é a forma “fala” e o sujeito, “Aquele senhor”.
Muito bem! Definido o sujeito da forma verbal, o próximo passo é encontrar os complementos verbais. Para
tal, “conversemos com o verbo” com o objetivo de saber dele quais complementos ele pode nos pedir. Lembra como
se conversa com o verbo? Eu dei essa dica na aula relativa a pronomes.
Quem fala fala ALGO A ALGUÉM.
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ou
ou
ou
...
Dessas simulações de conversa, o que tiramos de informação? Galera, o verbo FALAR está nos dizendo que PODE
pedir um OD (=ALGO) e que PODE pedir um OI (A ALGUÉM, PARA ALGUÉM, DE ALGUÉM, COM ALGUÉM, etc.).
Veja bem, eu disse PODE pedir. Se ele vai de fato pedir, é outra história. É necessário checar em cada uma das orações.
Observe:
I – Aquele senhor fala demais.
Em I, importa especificamente o que aquele senhor fala? Ele fala exatamente o quê? Isso importa? A
resposta é não!
Em I, importa especificamente a quem aquele senhor fala? Importa especificamente com quem ele fala? De
quem ele fala? Ou para quem ele fala? A resposta é não!
Conclui-se que o verbo FALAR na oração I não pede complemento. Portanto, ele é INTRANSITIVO.
Em II, importa especificamente o que aquele senhor fala? Ele fala exatamente o quê? Isso importa? A resposta é
não!
Em II, importa especificamente com quem aquele senhor fala? Sim! Aquele senhor fala COM OS FILHOS. O
termo COM OS FILHOS é complemento do verbo FALAR. Como se trata de complemento introduzido por
preposição, está-se falando de um OI.
Logo, o verbo FALAR, na oração II, é VTI, pois ele só pede OI.
Em III, importa especificamente o que aquele senhor fala? Sim! Aquele senhor fala MUITAS HISTÓRIAS
INTERESSANTES. O termo MUITAS HISTÓRIAS INTERESSANTES é complemento do verbo FALAR. Como se
trata de complemento que se liga ao verbo SEM preposição, está-se falando de um OD.
Em III, importa especificamente a quem aquele senhor fala? Importa especificamente com quem ele fala? De
quem ele fala? Ou para quem ele fala? A resposta é não!
Logo, o verbo FALAR, na oração III, é VTD, pois ele só pede OD.
IV – Aquele senhor fala muitas histórias interessantes para os demais alunos durante as aulas.
Em IV, importa especificamente o que aquele senhor fala? Sim! Aquele senhor fala MUITAS HISTÓRIAS
INTERESSANTES. O termo MUITAS HISTÓRIAS INTERESSANTES é complemento do verbo FALAR. Como se
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trata de complemento que se liga ao verbo SEM preposição, está-se falando de um OD.
Em IV, importa especificamente para quem aquele senhor fala? Sim! Aquele senhor fala PARA OS DEMAIS
ALUNOS. O termo PARA OS DEMAIS ALUNOS é complemento do verbo FALAR. Como se trata de
complemento introduzido por preposição, está-se falando de um OI.
Logo, o verbo FALAR, na oração IV, é VTDI, pois ele pede OD e OI.
Entendeu agora quando disse que o verbo pode ser o que ele quiser ser? Nos exemplos anteriores, o verbo FALAR
possui quatro classificações quanto à predicação verbal distintas.
Vejamos mais alguns exemplos:
Conversando com o verbo ESTUDAR, tem-se: “Quem estuda estuda ALGO”. Logo, trata-se de um verbo
que PODE pedir OD.
Na frase I, importa especificamente o que meus alunos estudam? A resposta é não!
Conversando com o verbo ESTUDAR, tem-se: “Quem estuda estuda ALGO”. Logo, trata-se de um verbo
que PODE pedir OD.
Na frase II, importa especificamente o que meus alunos estudam? A resposta é sim! Os meus alunos
estudam PORTUGUÊS.
O termo PORTUGUÊS é um OD.
Conversando com o verbo CONVERSAR, tem-se: “Quem conversa conversa ALGO COM ALGUÉM”. Logo,
trata-se de um verbo que PODE pedir OD e OI.
Na frase III, importa especificamente o que aquele rapaz conversa? A resposta é não!
Na frase III, importa especificamente com quem aquele rapaz conversa? A resposta é não!
Conversando com o verbo CONVERSAR, tem-se: ““Quem conversa conversa ALGO COM ALGUÉM”.
Logo, trata-se de um verbo que PODE pedir OD e OI.
Na frase IV, importa especificamente o que aquele rapaz conversa? A resposta é não!
Na frase IV, importa especificamente com quem aquele rapaz conversa? A resposta é sim! Aquele rapaz
conversa COM A COLEGA.
O termo COM A COLEGA é um OI.
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Vale ressaltar que alguns verbos possuem uma classificação fixa. É o caso de PRECISAR, que é VTI (Quem precisa
precisa DE ALGO/ALGUÉM); CONCORDAR, que é VTI (Quem concorda concorda com ALGO/ALGUÉM); MORRER, que
é VI (Quem morre morre, né?). Independentemente de qualquer coisa, acho que você conseguiu perceber a importância
da tal conversa com o verbo, certo? É ela que vai nos guiar na análise sintática.
Vejamos algumas observações raramente exploradas em prova.
Observações:
Algumas vezes, o objeto direto vem precedido de preposição. Isso ocorre em função de recursos
estilísticos ou para evitar ambiguidade, e não por exigência do verbo.
Exemplos:
Os objetos pleonásticos – diretos ou indiretos – são representados por pronomes oblíquos átonos e fazem
menção a complementos já citados na frase.
Exemplos:
(Sujeito: eles; VTDI: darão; OD: o devido valor; OI: A você; OI pleonástico: lhe)
Pode acontecer de um verbo intransitivo se tornar transitivo por meio do acréscimo de um objeto direto
interno, que consiste num complemento cognato (de mesma raiz) ou de mesmo campo semântico. O
núcleo desse complemento vem sempre acompanhado de algum elemento modificador, geralmente um
adjetivo.
Exemplos:
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Os verbos RIR e MORRER são tipicamente VI, mas foram transformados em VTD, por meio do acréscimo dos
OBJETOS DIRETOS INTERNOS “uma morte trágica” e “um riso sincero”.
Professor, espera um pouco! O senhor falou que o verbo “morrer” é intransitivo! Sim, falei! Por que a pergunta? Professor,
quando falamos que Fulano morreu do coração, “do coração” não seria um OI? Não, meu caro aluno! O termo “do
coração” não é OI. Trata-se de elemento adverbial de causa, um ADJUNTO ADVERBIAL. É o próximo termo da fila
associado ao verbo. Vamos a ele!
Adjuntos Adverbiais
Uma vez identificado o sujeito e mapeados os complementos do verbo, sobram os elementos adverbiais, os
chamados ADJUNTOS ADVERBIAIS.
É muito importante que diferenciemos o COMPLEMENTO do ADJUNTO. O primeiro, como o próprio nome indica,
completa o verbo, preenchendo uma lacuna de sentido. Já o segundo apenas modifica o verbo, agregando-lhe uma
circunstância. Professor, muito abstrato isso aí! Não entendi! Fique tranquilo, meu amigo! Você visualizará essa diferença
nas frases, pode ter certeza! Antes de partir para a análise sintática das orações, deixe-me fazer mais uma analogia: o
complemento é o “feijão” e o adjunto, somente a “pimenta”. Mata-se a fome com feijão, não com pimenta. A pimenta
dá só um gostinho. Ih rapaz, acho que o professor enlouqueceu! Haha! Enlouqueci nada. Quero dizer com isso que quem
mata a fome do verbo é o complemento, não o adjunto.
Vamos analisar uma oração, moçada! Na oração “Eu fiz...”, o que você me pergunta? Ora, professor, eu pergunto “Fez o
quê?”. Aí eu digo “Eu fiz ontem...”. Satisfeito? Não, né professor! Fez ontem o quê? Aí eu digo “Eu fiz ontem, às
pressas ...”. Satisfeito? Não, né professor! Fez ontem, às pressas, o quê? Aí eu digo “Eu fiz ontem, às pressas, durante o
intervalo da aula ...”. Satisfeito? Ah, professor, já estou impaciente. Fez ontem, às pressas, durante o intervalo da aula, o
quê, homem de Deus? E finalmente digo:
Eu fiz ontem, às pressas, durante o intervalo da aula, as questões do simulado.
Veja quem matou a fome do verbo! Foi o termo “as questões do simulado”. Somente ele satisfez o verbo. Os termos
“ontem”, “às pressas” e “durante o intervalo da aula” apenas modificaram o verbo, mas não foram capazes de
completar a lacuna de sentido deixada por ele.
Isso posto, o termo “as questões do simulado” atua como COMPLEMENTO VERBAL – no caso, um OD. Já os
termos “ontem”, “às pressas” e “durante o intervalo da aula” são sintaticamente ADJUNTOS ADVERBIAIS,
expressando as circunstâncias de tempo, modo e tempo, respectivamente.
Moçada, os adjuntos, portanto, são obtidos após a definição do sujeito e dos complementos. Os elementos associados
ao verbo restantes na oração, após definido sujeito e complementos verbais, serão os ADJUNTOS ADVERBIAIS.
Outra maneira de identificar os adjuntos adverbais é por meio do reconhecimento das chamadas noções adverbiais ou
circunstâncias verbais. Há várias delas. A seguir, uma lista exemplificativa, e não exaustiva, das circunstâncias verbais:
- Tempo: Amanhã eu falarei com ele.
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Aula 4: Sintaxe da oração
Qual a vantagem de se reconhecer uma ou outra circunstância verbal, professor? Ora, identificando uma dessas ideias
listadas anteriormente, já podemos associá-la a ideias adverbias e daí identificar os adjuntos adverbais. Por
exemplo, se visualizamos que um determinado trecho na oração expressa causa, já somos capazes de sintaticamente
classificá-lo como adjunto adverbial, pois causa é uma das noções adverbiais, assim como lugar, tempo, intensidade,
finalidade, modo, afirmação, dúvida, certeza, etc. Captou?
Isso posto, gostaria de chamar sua atenção para algumas circunstâncias verbais, em especial LUGAR, CAUSA e
FINALIDADE.
Na frase “O aluno tremia de frio”, uma dúvida poderia surgir acerca da função sintática de “de frio”. Alguns poderiam
associá-la a um objeto indireto de maneira forçada (Quem treme treme DE ALGO). No entanto, se analisarmos de
maneira mais minuciosa, veremos que esse trecho expressa uma ideia de CAUSA. Como assim, professor? Podemos
reescrever a frase “O aluno tremia de frio” da seguinte forma: “O aluno tremia DEVIDO AO frio”, “O aluno tremia POR
CAUSA DO frio”. Logo o termo “de frio” expressa uma causa, que é uma das noções adverbiais. Logo, o termo “de
frio” funciona sintaticamente como um ADJUNTO ADVERBIAL DE CAUSA.
Veja mais exemplos:
É possível reescrever a frase assim: “O pai do garoto morreu DEVIDO AO desgosto”, “O pai do garoto
morreu POR CAUSA DO desgosto”.
O termo “de desgosto” expressa uma ideia adverbial de causa.
É possível reescrever a frase assim: “O aluno errou a questão DEVIDO À desatenção”, “O aluno errou a
questão POR CAUSA DA desatenção”.
O termo “por desatenção” expressa uma ideia adverbial de causa.
Na frase “Cheguei hoje cedo ao escritório.”, alguns poderiam confundir o termo “ao escritório” com um OI e,
consequentemente, classificar o verbo “chegar” na oração como VTI. Há um equívoco nessa interpretação! Note que o
termo “ao escritório” expressa a ideia do lugar aonde se chegou. Como lugar é uma ideia adverbial, o termo “ao
escritório” é um adjunto adverbial de lugar. Consequentemente, o verbo “chegar”, na oração, é VI, pois não possui
complementos. Associados a ele, temos dois adjuntos adverbiais: um de tempo – “hoje cedo”; outro de lugar – “ao
escritório”.
Veja mais exemplos:
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Aula 4: Sintaxe da oração
O termo “ao cursinho preparatório” expressa o lugar para onde o aluno teve de ir.
Uma outra ideia importante é a de FINALIDADE. Muitos a confundem com a ideia de CAUSA. Na verdade, para obter
a causa, pergunta-se “POR QUÊ?”; já para se obter a finalidade, pergunta-se “PARA QUÊ?”. A finalidade, portanto,
expressa o objetivo, o fim, o propósito.
Observe as duas frases a seguir:
A minha pergunta é: os termos “para o gerente” e “para correções finais” exercem a mesma função sintática?
Muitos, num primeiro impulso, poderiam dizer que sim, são ambos objetos indiretos, pois são introduzidos por
preposição e se ligam ao verbo. Eis o problema, moçada! Há muitas coisas ligadas ao verbo por meio de preposição
que não são OI. Tome cuidado!
Na frase I, o termo “para o gerente” expressa para quem foi feito o envio, ou seja, “para o gerente” é OI do verbo
“Entregar” (Quem entrega entrega ALGO PARA ALGUÉM).
Já na frase II, o termo “para correções finais” expressa o objetivo, a finalidade do envio. Pergunta-se para que se enviou
o relatório. E a resposta é: para fazer correções finais, com a finalidade de fazer correções finais. Isso significa que
“para correções finais” é adjunto adverbial de finalidade.
Ainda insistindo nesse ponto, as circunstâncias verbais não são taxativas, ok? Isso significa que a lista de ideias que
apresentamos não é fechada. Sua prova pode, inclusive, criar circunstâncias verbais e você deverá julgar a coerência
dessa ideia na oração em que ela se insere.
Observe a frase a seguir:
Suponhamos que a banca destaque o termo “o mais rápido possível” e associe a este o valor semântico (significado)
de celeridade. Você concorda em chamar esse termo de um adjunto adverbial de celeridade? Por que não? De fato, a
ideia expressada nesse termo é de celeridade, ou seja, rapidez. Portanto, as circunstâncias verbais são das mais
diversas.
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Vamos aplicar esse útil passo a passo na prática, nas mais diversas orações. Observe as frases a seguir:
Ainda nesta manhã, o aluno deverá enviar para a comissão julgadora, em caráter de urgência, devido ao prazo
exíguo, as propostas de recurso.
Passo 1: Localize o dono da oração, ou seja, o verbo.
Resposta: O dono da oração é a locução verbal “deverá enviar”.
Passo 2: Identifique o sujeito do verbo.
Resposta: O sujeito é o termo “o aluno”.
Passo 3: Identifique os complementos verbais.
Resposta: “Conversando com o verbo”, teremos: “Quem deverá enviar deverá enviar ALGO PARA ALGUÉM”. Logo o verbo
pede um OD (= as propostas de recurso) e um OI (=para a comissão julgadora).
Passo 4: Quais os adjuntos adverbais?
Resposta: Quem sobrou após definirmos o sujeito e os complementos? Temos “Ainda nesta manhã”, um adjunto adverbial
de tempo; “em caráter de urgência”, um adjunto adverbial de modo; “devido ao prazo exíguo”, um adjunto adverbial de
causa.
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As informações sobre o caso, durante a coletiva, apresentou o delegado, de forma bastante didática e elucidativa, à
imprensa sensacionalista.
Passo 1: Localize o dono da oração, ou seja, o verbo.
Resposta: O dono da oração é o verbo “apresentou”.
Passo 2: Identifique o sujeito do verbo.
Resposta: O sujeito é o termo “o delegado”.
Passo 3: Identifique os complementos verbais.
Resposta: “Conversando com o verbo”, teremos: “Quem apresenta apresenta ALGO A ALGUÉM”. Logo o verbo pede
um OD (= As informações sobre o caso) e um OI (= à imprensa sensacionalista).
Passo 4: Quais os adjuntos adverbais?
Resposta: Quem sobrou após definirmos o sujeito e os complementos? Temos “durante a coletiva”, um adjunto adverbial
de tempo; “de forma bastante didática e elucidativa”, um adjunto adverbial de modo.
IMPORTANTE!
É muito comum a precipitação na hora de se analisar sintaticamente uma oração.
Um exemplo disso está ilustrado no meme: quando vemos algo após o verbo, imediatamente queremos dizer que se
trata de um OBJETO.
Calma!
É necessário seguir uma ordem, sem atropelos. Vejamos a seguir o passo a passo para uma correta análise sintática:
Passo 2: Identifique o sujeito, perguntando ao verbo “O que restou?”. A resposta é... “uma esperança”
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Passo 3: Somente depois de identificado o sujeito, é que vamos em busca dos complementos. Conversando com o
verbo “Restar”, chegamos à conclusão de que ALGO RESTA A ALGUÉM. O verbo “restar” pede OBJETO INDIRETO,
representado no meme por “ao time”.
Cuidado, portanto, com as seguintes construções:
Ocorreu UM ACIDENTE...
Aconteceu UM DESASTRE...
Saiu O RESULTADO...
Nas provas que você fizer, o demônio vai tentar empurrar os termos em destaque como objetos diretos, o que
está ERRADO!
Eles funcionam como SUJEITO.
NÃO ESTAMOS AUTORIZADOS A IR EM BUSCA DOS OBJETOS SEM ANTES IDENTIFICAR O SUJEITO, SOB RISCO
DE COMETER EQUÍVOCOS.
Não passe para o Passo 3 sem passar pelo Passo 2. Você corre o risco de chamar de Objeto Direto um termo que na
verdade funciona como SUJEITO!
Agente da Passiva
É o termo da oração que complementa o sentido de um verbo na voz passiva, indicando-lhe o ser que praticou a ação
verbal. A característica fundamental do agente da passiva é, pois, o fato de somente existir se a oração estiver na
voz passiva.
Na frase “O barulho acordou toda a vizinhança.”, não há agente da passiva, simplesmente porque a oração está na voz
ativa.
Já na frase “Toda a vizinhança foi acordada pelo barulho.”, como se tem uma construção de voz passiva analítica,
identifica-se no tremo “pelo barulho” a função sintática de agente da passiva.
Note que o agente da passiva é introduzido geralmente pela preposição “por”. Há também possibilidade de outras
preposições introduzirem o agente da passiva. Observe a frase:
O professor foi cercado de alunos.
O termo “de alunos” seria o agente da passiva. São os alunos que cercam o professor.
No entanto, devemos tomar o devido cuidado para não tirar conclusões precipitadas. Observe, por exemplo, a seguinte
frase:
O transporte foi feito pela Rodovia BR 116.
Muitas pessoas diriam que o termo “pela Rodovia BR 116” desempenha função sintática de agente da passiva. Trata-se
de uma conclusão precipitada, pois não é a Rodovia BR 116 que faz a ação de transportar. Ela é, na verdade, a via pela
qual se faz o transporte. Portanto, o termo “pela Rodovia BR 116” é adjunto adverbial. Cuidado, portanto, para não
considerar qualquer coisa introduzida pela preposição “por” como agente da passiva!
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Adjunto Adnominal
O Adjunto Adnominal é o termo que modifica um substantivo de forma direta, SEM INTERMEDIAÇÃO DE UM VERBO.
Trata-se de uma função adjetiva, desempenhada por adjetivos e locuções adjetivas, artigos, pronomes adjetivos e
numerais adjetivos. Em suma, atuarão como adjuntos adnominais todos os satélites de um substantivo – artigos,
numerais, pronomes e adjetivos.
Isso posto, identifiquemos na frase a seguir todos os adjuntos adnominais nela presentes:
Os meus queridos alunos do Direção Concursos conquistaram cem mil aprovações nos mais disputados concursos
públicos do Brasil e do mundo.
Professor, que frase grande logo de cara! Por onde eu começo?
Vamos lá! Vou ajudar você. Meu amigo, os adjuntos adnominais modificam substantivos, ok? Dessa forma,
identifiquemos primeiramente todos os substantivos, pode ser? Vamos listá-los: alunos, aprovações, concursos.
Ei, professor, mas o senhor não destacou Direção Concursos, Brasil e mundo? Eles também são substantivos, não é
verdade? Sim, são! Mas observe que eles estão preposicionados, formando locuções. Deixemos esses termos guardados
por enquanto.
Mapeemos agora todos as palavras e expressões que modificam cada um desses substantivos.
Modificam o substantivo “alunos”: o artigo “os”; o pronome possessivo “meus”; a locução adjetiva “do Direção
Concursos”.
Modifica o substantivo “aprovações”: o numeral “cem mil”.
Modificam o substantivo “concursos”: o artigo “os”, que está presente na contração “nos (em + os)”; os adjetivos
“disputados” e “públicos”; as locuções adjetivas “do Brasil” e “do mundo”.
Prontinho! Enumeremos todos os adjuntos adnominais: Os, meus, queridos, do Direção Concursos, cem mil, os,
disputados, públicos, do Brasil, do mundo.
Puxa, professor! Não é tão difícil assim!
Mas há sim algumas dificuldades nesse caminho ainda. Quando estudamos isoladamente essas funções associadas ao
nome, não surgem tantas dificuldades assim. Mas quando as confrontamos, aí o bicho pega! Mas calma! Cada dia sua
agonia. Vamos por partes, degrau a degrau, entendendo cada passo, ok?
IMPORTANTE!
Não confundamos o adjunto adverbial com o adjunto adnominal. O primeiro está associado a verbo, adjetivo ou
outro advérbio, ao passo que o último só tem olhos para substantivo.
Exemplos:
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Aula 4: Sintaxe da oração
Predicativo
O predicativo pode ser do sujeito ou do objeto. Dizer de quem é o predicativo não é tão complicado, pois basta verificar
quem é modificado por ele, se o sujeito ou o objeto. Difícil é afirmar que é predicativo.
Por isso, precisamos definir de uma forma muito precisa esse termo. Podemos assim fazer apontando o predicativo
como um termo que caracteriza um nome (núcleo do sujeito ou do objeto) tendo um verbo como intermediário. O
fato de haver intermediação por parte de um verbo na ligação do nome ao predicativo é o que diferencia este do
adjunto adnominal.
Como assim, professor?
Vamos explicar melhor! Para isso, dividamos o estudo em duas partes: o predicativo do sujeito e o predicativo do objeto
Predicativo do Sujeito
Muitas vezes, a identificação do Predicativo do Sujeito se dá pela presença – explícita ou implícita - na construção frasal
de verbos de ligação.
Presença explícita ou implícita, professor?
Note que “irritado” modifica “professor”, intermediado pelo verbo de ligação “ficar”.
Note que “desmotivado” modifica “aluno”, intermediado pelo verbo de ligação “parecer”.
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Aula 4: Sintaxe da oração
Não temos agora um verbo de ligação explícito na frase, mas é possível subtendê-lo.
Veja que a frase pode ser assim reescrita: O secretário saiu da sala de reuniões (e estava) irritado.
Note que “irritado” modifica “secretário”, intermediado pelo verbo de ligação oculto “estar”.
Não temos agora um verbo de ligação explícito na frase, mas é possível subtendê-lo.
Veja que a frase pode ser assim reescrita: Ele foi trabalhar hoje (e estava) adoentado.
Note que “adoentado” modifica “professor”, intermediado pelo verbo de ligação oculto “estar”.
IMPORTANTE!
Eu fiquei em casa.
O verbo “ficar” não é de ligação, pois não está ligado a um predicativo. Como classificá-lo, professor? Vamos chamá-
lo, gente, de INTRANSITIVO. Note que “em casa” é um adjunto adverbial de lugar.
Eu fiquei em casa, durante esta manhã.
O verbo “ficar” não é de ligação, pois não está ligado a um predicativo. Ele é INTRANSITIVO. Note que “em casa” é
um adjunto adverbial de lugar e “durante esta manhã”, um adjunto adverbial de tempo.
Eu fiquei em casa, durante esta manhã, pensativo.
Agora sim, o verbo “ficar” é de ligação. Ele está ligado ao predicativo do sujeito “pensativo”. Os termos “em casa” e
“durante esta manhã” são adjuntos adverbiais, respectivamente de lugar e de tempo.
Nem sempre, contudo, teremos a presença de um verbo de ligação. Vejamos os exemplos a seguir:
Observe que “Ministro da Fazenda” é atributo de “Beltrano da Silva”, tendo a forma verbal “ser nomeado” como
intermediário. O termo “Ministro da Fazenda” é, portanto, um predicativo do sujeito “Beltrano da Silva”.
O recurso foi julgado improcedente pela comissão
Observe que “improcedente” é atributo de “recurso”, tendo a forma verbal “ser julgado” como intermediário. O termo
“improcedente” é, portanto, um predicativo do sujeito “O recurso”.
Os verbos “julgar” e “nomear” são denominados transobjetivos. A seguir detalharei essa categoria de verbos, ok?
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Predicativo do Objeto
O Predicativo do Objeto ocorre geralmente com os chamados verbos transobjetivos, responsáveis por indicar
julgamento, opinião ou designação. Entre os principais verbos transobjetivos, destacamos julgar, achar, considerar,
deixar, nomear, etc. Esses verbos são assim denominados, porque estarão acompanhados de um objeto seguido de um
predicativo do objeto. Vejamos alguns exemplos:
A população o considerou um salvador da Pátria.
Deixei minhas alunas revoltadas.
Julguei impossível a classificação do time para a série A.
Achei bem organizado seu projeto.
Chamaram-lhe de impostor.
Mais uma vez, note que o atributo se liga ao nome, intermediado por uma forma verbal.
Note que “irritado” está ligado diretamente ao substantivo comerciante, sem intermediação de verbo;
Note que “irritado” está ligado substantivo comerciante, com intermediação de verbo de ligação oculto - O
comerciante saiu do banco (e estava) irritado;
Note que “irritado” não é um atributo intrínseco, permanente. Trata-se de um atributo de momento. Não se
sabe por que o comerciante estava irritado.
Note que é possível deslocar “irritado” pela frase - Irritado, o comerciante saiu do banco; O
comerciante, irritado, saiu do banco.
Trata-se, assim, de um predicativo do sujeito.
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Aula 4: Sintaxe da oração
Note que “novo” está ligado diretamente ao substantivo carro, sem intermediação de verbo;
Note que “novo” está ligado substantivo carro, com intermediação de verbo transobjetivo “julgar”;
Note que “novo” não é um atributo intrínseco e permanente do carro. Trata-se de um juízo de valor
manifestado pelo sujeito ao objeto “carro”.
Trata-se, assim, de um predicativo do objeto.
Note que “inteiro” está ligado ao pronome substantivo “você”, com intermediação de verbo de ligação oculto - Eu
necessito de você (e que você esteja) inteiro para a final do campeonato;
Trata-se, assim, de um predicativo do objeto.
Mesmo com todos esses exemplos, ainda resta uma dúvida? Vamos ao teste final!
Sabemos que o adjunto adnominal faz parte do sujeito ou do objeto, enquanto que o predicativo é uma qualidade dada
ao sujeito ou objeto pelo verbo, não é verdade? Veja o que vamos fazer para visualizar isso:
Eu tenho um caderno bonito.
A dúvida que fica é sobre a função sintática de “bonito” nos dois casos.
Na primeira frase, o pronome oblíquo o está substituindo “um caderno bonito”. Como “bonito” veio “para dentro” do
pronome em companhia do substantivo “caderno”, provamos que “bonito” é um atributo inerente, pertencente ao
substantivo “caderno”. Fica provado, assim, definitivamente se tratar de um adjunto adnominal.
Na segunda frase, o pronome oblíquo o está substituindo “um caderno”. Como “bonito” ficou “de fora” do pronome,
provamos que “bonito” não é um atributo inerente, pertencente ao substantivo “caderno”. É sim um atributo
momentâneo, um juízo valor conferido ao objeto pelo sujeito. Fica provado, assim, definitivamente se tratar de um
predicativo do objeto.
Resumindo:
O adjunto adnominal modifica diretamente o nome, sem intermediação de verbo. Trata-se de uma característica
intrínseca do nome.
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Aula 4: Sintaxe da oração
Já o predicativo modifica o nome com intermédio de um verbo – ligação ou transobjetivo. Trata-se de uma
qualidade momentânea, circunstancial, atribuída ao nome.
Complemento Nominal
Da mesma forma que os verbos, os nomes também podem pedir complemento. Os Complementos Nominais
preenchem lacunas de sentido deixadas por substantivos, adjetivos ou advérbios. Vamos chamá-los de CNs, ok?
Observe as frases a seguir:
Nós temos amor por nossa família.
É importante frisar que o complemento verbal pode ser preposicionado ou não, mas o complemento nominal sempre o
será, ou seja, sempre haverá preposição ligando o complemento ao nome.
Vale ressaltar também que a transitividade do verbo nem sempre se estende ao nome correspondente. Por exemplo, o
verbo “necessitar” e o substantivo “necessidade” apresentam a mesma transitividade, pois ambos pedem
complemento introduzido pela preposição “de” (Quem necessita necessita DE ALGO/ALGUÉM; Quem tem necessidade
tem necessidade DE ALGO/ALGUÉM). Não é o caso do verbo “elogiar” e do substantivo “elogio”: o primeiro pede
OD (Quem elogia elogia ALGO/ALGUÉM), ao passo que o segundo exige preposição A (Quem faz elogio faz elogio
AALGO/ALGUÉM).
Muitos são os alunos que, numa leitura afobada, confundem OI com CN. Galera, os OIs complementam
verbos, enquanto que os CNs complementam nomes – substantivos, adjetivos e advérbios. Em “O professor se preocupa
demais COM O ALUNO”, o termo COM O ALUNO atua como OI, completando o verbo “PREOCUPAR-SE”. Já em “O
professor ficou preocupado COM O ALUNO”, o termo COM O ALUNO atua como CN, completando o adjetivo
“PREOCUPADO”.
Agora, a grande dúvida que aflige dez em cada nove concurseiros é a diferença entre adjunto adnominal e
complemento nominal. Vamos explicá-la na sequência.
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O termo “com o funcionário” é complemento nominal, pois está ligado ao adjetivo “irritado”.
O termo “à proposta de lei” é complemento nominal, pois está ligado ao advérbio “contrariamente”.
Nossa dúvida, portanto, está mais delimitada: termos preposicionados ligados a substantivos são adjuntos
adnominais ou complementos nominais?
Delimitemos ainda mais o problema. Se o substantivo for concreto, o termo preposicionado a ele ligado será
adjunto adnominal necessariamente. No entanto, se o termo preposicionado estiver ligado a substantivo abstrato,
esse termo poderá, em algumas ocasiões, atuar como adjunto adnominal; em outras, como complemento nominal.
Pedi emprestado o caderno da aluna.
O termo “da aluna” é adjunto adnominal, pois está ligado ao substantivo concreto “caderno”.
O termo “do professor” é adjunto adnominal, pois está ligado substantivo concreto “celular”.
Nossa dúvida, portanto, ficou ainda mais delimitada: termos preposicionados ligados a substantivos abstratos são
adjuntos adnominais ou complementos nominais?
E então vem o grande embate. Para diferenciá-los, devemos ter em mente que os adjuntos adnominais estabelecem
com o substantivo abstrato uma relação de posse ou se portam como agente da ação expressa pelo substantivo.
Já os complementos nominais se portam como alvo da ação expressa pelo nome.
Professor, como assim? Pode explicar melhor?
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Logo, os torcedores são agente da ação expressa pelo nome – no caso, “invadir”.
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Os termos “do aluno” e “ao site” estão ligados ao substantivo abstrato “acesso”;
Logo, o termo “site” é alvo da ação expressa pelo nome – no caso, “acessar”
Aposto
O aposto é uma função sintática cujo núcleo é um substantivo ou pronome substantivo e tem por função explicar,
esclarecer, resumir, desenvolver ou especificar outro termo da oração. Possui várias classificações, entre as quais se
destacam o especificador, o enumerativo, o resumidor ou recapitulativo, o distributivo e, o mais famoso deles, o explicativo.
Numa linguagem matemática, suponhamos que você tenha um termo A na oração e a ele somamos um termo B que
funciona como seu aposto. Teremos, gente, A = B. Que maluquice é essa, professor? Amigos, o aposto equivale ao termo
que representa, essa é a ideia que detalharei a seguir. Observe!
Aposto Especificador
Como o próprio nome diz, esse aposto particulariza um termo, especificando-o. Veja as frases a seguir:
“cidade” = A; “Brasília” = B
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Aula 4: Sintaxe da oração
“mês” = A; “dezembro” = B
IMPORTANTE
Não confundamos o aposto especificador com o adjunto adnominal. O primeiro guarda uma relação de equivalência
com o nome; o segundo, não! Observe!
A cidade de Brasília está em festa.
(cidade = A; Brasília = B; A = B, o que faz de “de Brasília” um aposto especificador)
O clima de Brasília é muito maluco.
(clima = A; Brasília = B; A ≠ B, o que faz de “de Brasília” um adjunto adnominal)
Aposto Enumerativo
Como o próprio nome diz, expressa enumerações, introduzidas geralmente por dois pontos ou expressões de
enumeração – como, tais como, a saber, entre os quais, etc.
Várias foram as razões do acidente aéreo: o mau tempo, a imperícia do piloto, a falta de manutenção da aeronave, o
desleixo dos operadores de voo, etc.
O aposto enumerativo é toda a enumeração o mau tempo, a imperícia do piloto, a falta de manutenção da aeronave,
o desleixo dos operadores de voo, etc.
Note que ele está introduzido por dois pontos. Muitas questõezinhas perguntam se é possível trocar os dois pontos por
um conector de enumeração – como, tais como, entre os quais, etc. – antecedido de vírgula. Sim! É possível. Observe:
Várias foram as razões do acidente aéreo, tais como o mau tempo, a imperícia do piloto, a falta de manutenção da
aeronave, o desleixo dos operadores de voo, etc.
Cuidado, no entanto, com construções do tipo:
Várias foram as razões do acidente aéreo, tais como: o mau tempo, a imperícia do piloto, a falta de manutenção da
aeronave, o desleixo dos operadores de voo, etc.
Aqui temos um problema, pois há dois caras fazendo um serviço que precisa apenas de um. Ora, o conector “tais como”
introduz uma enumeração; os dois pontos também. Portanto, temos uma redundância. Por que utilizar os dois, se
precisamos apenas de um? Dessa forma, ou se empregam os dois pontos ou se faz uso do conector para introduzir a
enumeração. Os dois, ao mesmo tempo, não!
Aposto Resumidor
O aposto resumidor cumpre uma função oposta à do enumerativo. Enquanto este detalha os termos componentes da
enumeração, aquele aglutina todos os elementos da enumeração geralmente num pronome indefinido. Observe:
O mau tempo, a imperícia do piloto, a falta de manutenção da aeronave, o desleixo dos operadores de voo, tudo
isso causou o acidente aéreo.
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Note que o termo “tudo isso” aglutina toda a enumeração anterior. Trata-se, portanto, de um aposto resumidor.
IMPORTANTE!
Na frase “O mau tempo, a imperícia do piloto, a falta de manutenção da aeronave, o desleixo dos operadores de voo,
tudo isso causou o acidente aéreo.”, o sujeito da forma verbal “causou” não é “tudo isso”, ok? O termo “tudo isso” é
aposto resumidor. O sujeito, na verdade, é “O mau tempo, a imperícia do piloto, a falta de manutenção da
aeronave, o desleixo dos operadores de voo”.
Professor, mas pera lá! O sujeito é composto, certo? Sim! E o verbo fica no singular? Sim! Ué?
Querido aluno, temos a noção de que o verbo concordará com o sujeito, não é verdade? Isso ocorrerá sempre? Ocorrerá
em 99,999999% das vezes! Existe uma situação bem particular na qual o verbo não concordará com o sujeito, e sim
com o ... aposto resumidor!
Havendo um aposto resumidor, o verbo concorda não com o sujeito, mas como o aposto resumidor. Observe mais
uma frase
João, Paulo, Francisco, Antônio, todo mundo veio para a aula.
Note que a forma verbal “veio” concorda não com o sujeito “João, Paulo, Francisco, Antônio”, e sim com o aposto
resumidor “todo mundo”.
Aposto Distributivo
Como o próprio nome diz, esse aposto distribui informações relativas a termos já citados. Observe:
Matemática e Português são disciplinas que me dão nos nervos: a primeira, com suas infindáveis contas; a segunda,
com suas regras repletas de exceções.
Aposto Explicativo
O aposto explicativo consiste numa informação adicional referente a um nome. Caracteriza-se por ser isolado
por vírgulas, travessões ou parênteses.
Observe:
Língua Portuguesa, uma das mais fascinantes disciplinas, é matéria chave em qualquer concurso.
IMPORTANTE!
Muitos dizem, de forma precipitada, que o aposto explicativo pode ser retirado da frase, pois “não faz falta”. Muita
calma nessa hora! Ele, de fato, não faz falta do ponto de vista sintático! Como não se trata de um termo essencial da
oração, e sim acessório, sua retirada não comprometerá a construção da frase. No entanto, sua retirada pode
implicar uma mudança semântica.
Observe a frase a seguir, sem aposto explicativo:
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O Direção Concursos, o maior site de preparação para concursos públicos do Brasil, foi inaugurado em dezembro de
2018.
A presença do aposto explicativo dá um tom diferenciado para a frase, concorda? Portanto, a ausência do aposto não
gera problemas na construção da frase, mas pode impactar nos sentidos.
De forma também equivocada, muitos, assim que veem alguma coisinha isolada por vírgulas, associam-na
imediatamente a um aposto explicativo. Muita calma nessa hora, ok? O aposto explicativo aparecerá isolado por
vírgulas, é verdade! Mas nem tudo isolado por vírgulas será um aposto explicativo. Lembre-se de que o aposto
explicativo se refere a um nome, ok? Observe as frases a seguir:
O Brasil, uma das economias mais importantes da América Latina, vive uma crise política sem precedentes.
Note que, na primeira frase, o termo “uma das economias mais importantes da América Latina” se refere a “Brasil”.
Lembremo-nos da equivalência entre nome e aposto. Sendo “Brasil” igual a A e “uma das economias... América Latina”
igual a B, temos que A = B. Trata-se, assim, de um aposto explicativo.
Já na segunda frase, o termo “devido à crise econômica” expressa causa, sendo, portanto, um adjunto adverbial.
Sendo “Brasil” igual a A e “devido à crise econômica” igual a B, temos que A ≠ B. Não se trata, assim, de um aposto
explicativo.
Outra pergunta bem típica nas provas se refere à substituição das vírgulas por travessões. Na primeira frase, isso é
possível, pois se trata de um aposto explicativo, que pode ser isolado por vírgulas, travessões ou parênteses. Na
segunda frase, também é possível, pois o adjunto adverbial está em posição intercalada! Veremos mais detalhes na aula
de pontuação.
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Tipos de Predicado
Depois de bem consolidada a classificação dos verbos quanto à predicação verbal e o detalhamento da função
predicativo, fica bem tranquilo identificar os tipos de predicado.
Predicado Verbal
O predicado verbal é aquele cujo núcleo significativo é um verbo nocional. Não há verbos de ligação nem
predicativos nesse tipo de predicado.
Exemplos:
Predicado Nominal
O predicado nominal é aquele cujo núcleo significativo é um predicativo. Nele há presença de verbo de ligação.
Exemplos:
Predicado Verbo-Nominal
O predicado verbo-nominal é aquele que tem como núcleos significativos um verbo que não seja de ligação e um
predicativo.
Exemplos:
Eu estudei preocupado.
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Vocativo
O vocativo é o termo utilizado para invocar alguém ou algo. É um chamamento, direcionado a um interlocutor. Vem
sempre isolado por vírgulas, esteja onde estiver na oração.
Exemplos:
Professor, o senhor poderia nos tirar uma dúvida?
Ajude-me, meu Deus, a entender Português!
“Meu caro amigo, me perdoe por favor / Se eu não lhe faço uma visita” (Chico Buarque)
Observações:
É importante observar que vocativo e sujeito são funções sintáticas diferentes. Note também que, em frases no
imperativo, o sujeito é oculto.
“Meu amor, hoje o sol não apareceu.” (Vocativo: meu amor; Sujeito: o sol)
Meu amor, não me abandone. (Vocativo: Meu amor, Sujeito: oculto - você)
O vocativo não se confunde com o aposto explicativo. O primeiro é um chamado; o segundo, uma
informação adicional referente a um nome
O vocativo é o único termo sintático que não faz parte nem do sujeito, nem do predicado. Trata-se de um
termo extraoracional.
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