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RESOLUÇÃO RDC #658, DE 30 DE Março DE 2022 - RESOLUÇÃO RDC #658, DE 30 DE Março DE 2022 - DOU - Imprensa Nacional

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13/12/2024, 11:03 RESOLUÇÃO RDC Nº 658, DE 30 DE Março DE 2022 - RESOLUÇÃO RDC Nº 658, DE 30 DE Março DE 2022 - DOU - Imprensa Nacional

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO


Publicado em: 31/03/2022 | Edição: 62 | Seção: 1 | Página: 320
Órgão: Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Diretoria Colegiada

RESOLUÇÃO RDC Nº 658, DE 30 DE MARÇO DE 2022

Dispõe sobre as Diretrizes Gerais de Boas Práticas de


Fabricação de Medicamentos.

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das competências que
lhe conferem os arts. 7º, inciso III, e 15, incisos III e IV da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, e
considerando o disposto no art. 187, inciso VI e §§ 1º e 3º, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução
de Diretoria Colegiada - RDC nº 585, de 10 de dezembro de 2021, resolve adotar a seguinte Resolução de
Diretoria Colegiada, conforme deliberado em Reunião Extraordinária - RExtra nº 6, realizada em 30 de
março de 2022, e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES INICIAIS

Seção I

Objetivo

Art. 1º Esta Resolução possui o objetivo de adotar as diretrizes gerais de Boas Práticas de
Fabricação de Medicamentos do Esquema de Cooperação em Inspeção Farmacêutica (PIC/S), como
requisitos mínimos a serem seguidos na fabricação de medicamentos.

Seção II

Abrangência

Art. 2º Esta Resolução se aplica às empresas que realizam as operações envolvidas na


fabricação de medicamentos, incluindo os medicamentos experimentais.

Seção III

Definições

Art. 3º Para fins desta Resolução e das instruções normativas vinculadas a ela, aplicam-se as
seguintes definições:

I - acordo técnico: documento que define responsabilidades, atribuições, direitos e deveres


de/entre contratante e contratado em relação às atividades terceirizadas;

II - ação corretiva: medidas adotadas que remetem à uma contenção reativa, para tratar e
eliminar a causa raiz de desvio ou não conformidade já ocorrida;

III - ação preventiva: medidas adotadas, que remetem à mitigação proativa de riscos, para se
evitar a ocorrência de um desvio ou não conformidade, buscando, em última instância, eliminar suas
causas;

IV - antecâmara: espaço fechado com duas ou mais portas, interposto entre duas ou mais salas,
com a finalidade de controlar o fluxo de ar entre essas salas quando precisam ser adentradas, projetado de
forma a ser utilizado para pessoas, materiais ou equipamentos;

V - área limpa: área com controle ambiental definido de contaminação particulada e microbiana,
construída e utilizada de forma a reduzir a introdução, geração e retenção de contaminantes dentro da
área;

VI - arquivo mestre da planta: documento que descreve as atividades relacionadas às boas


práticas de fabricação do fabricante;

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VII - calibração: conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação
entre os valores indicados por um instrumento ou sistema de medição, ou valores representados por uma
medida materializada, e os valores correspondentes conhecidos de um padrão de referência;

VIII - certificado de análise: documento que fornece um resumo dos resultados dos testes em
amostras de produtos ou de materiais juntamente com a avaliação de sua conformidade com a
especificação declarada, podendo, alternativamente, basear-se, em todo ou em parte, na avalição de
dados em tempo real (resumos e relatórios de exceção) da tecnologia analítica de processo lote-
relacionada, parâmetros ou métricas, conforme a autorização de comercialização/registro do produto;

IX - contaminação: introdução não desejada de impurezas de natureza química ou


microbiológica, ou de matéria estranha, em matéria-prima, produto intermediário e/ou produto terminado
durante as etapas de amostragem, pesagem, formulação, produção, (re)embalagem, armazenamento ou
transporte;

X - contaminação cruzada: contaminação de determinada matéria-prima, produto intermediário,


produto a granel ou produto terminado por outra matéria-prima, produto intermediário, produto a granel
ou produto terminado durante as etapas de amostragem, pesagem, formulação, produção, (re)embalagem
e armazenamento;

XI - contenção: ação de confinar um agente biológico ou outra substância dentro de um espaço


definido;

XII - controle em processo: verificações realizadas durante a produção para monitorar e ajustar o
processo, ambiente e equipamentos para garantir que o produto esteja em conformidade com sua
especificação;

XIII - data de validade de matéria-prima/insumo: data definida pelo fabricante de tais materiais,
a qual estabelece o tempo (com base em estudos de estabilidade específicos) durante o qual os materiais
em comento permanecem dentro das especificações de prazo de validade estabelecidas (caracterizado
como o período de vida útil), se armazenados sob condições definidas e após o qual não devem ser
usados;

XIV - data de validade de produto: data estabelecida nas embalagens de medicamentos,


usualmente em rótulos, até a qual se espera que o produto permaneça dentro das especificações, desde
que armazenados corretamente, estabelecida por lote, somando-se o prazo de validade à data de
fabricação;

XV - data de reteste: data estabelecida pelo fabricante da matéria-prima/insumo, baseada em


estudos de estabilidade, após a qual o material deve ser reanalisado para garantir que ainda está
adequado para uso, conforme testes indicativos de estabilidade definidos pelo fabricante da matéria-
prima/insumo, mantendo as condições de armazenamento preestabelecidas, e sendo somente aplicável
quando o prazo de validade não for estabelecido pelo fabricante da matéria-prima/insumo;

XVI - desvio: não cumprimento de requisitos determinados pelo Sistema de Gestão da


Qualidade Farmacêutica ou necessários para a manutenção da qualidade, segurança e eficácia dos
produtos;

XVII - devolução: envio de medicamentos ao fabricante, que poderão ou não apresentar um


defeito de qualidade, após suas expedições por aquele;

XVIII - embalagem: todas as operações, incluindo envase e rotulagem, pelas quais o produto a
granel deve passar para se tornar um produto acabado;

XIX - especificação: documento que descreve em detalhes os requisitos aos quais produtos ou
materiais usados ou obtidos durante a fabricação devem atender, servindo de base para a avaliação da
qualidade;

XX - esterilidade: é a ausência de organismos vivos, sendo estabelecidas as condições dos


testes de esterilidade pela Farmacopeia Brasileira ou outra oficialmente reconhecida pela Anvisa;

XXI - fabricação: todas as operações envolvidas no preparo de determinado medicamento,


incluindo a aquisição de materiais, produção, controle de qualidade, liberação, armazenamento, expedição
de produtos acabados e os controles relacionados;

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XXII - fabricante: detentor de autorização para a fabricação de medicamentos, de acordo com o


regramento sanitário do país em que se localiza;

XXIII - fórmulas (de fabricação, de processamento, de embalagem) e instruções (de testes):


documentos que fornecem detalhes de todas as matérias-primas, equipamentos e sistemas
computadorizados a serem utilizados e especificam todas as instruções dos processos (de embalagem, de
amostragens) e de testes;

XXIV - instruções de processos: documentos que especificam, de forma detalhada, ainda que
com uma linguagem simples, como realizar uma das etapas dos processos, visando facilitar a execução
das tarefas de rotina (do ponto de vista técnico-operacional) pelos operadores e analistas, diferentemente
dos procedimentos, que geralmente abrigam informações e diretrizes mais detalhadas acerca do
gerenciamento do Sistema da Qualidade Farmacêutica;

XXV - insumo farmacêutico ativo atípico: excipiente, insumo da indústria alimentícia ou


cosmética utilizado na indústria farmacêutica como insumo farmacêutico ativo;

XXVI - limite de ação: critério estabelecido, exigindo acompanhamento imediato e ação


corretiva se excedido;

XXVII - limite de alerta: critérios estabelecidos que dão o alerta antecipado do desvio potencial
de condições normais que não são necessariamente motivos para uma ação corretiva definitiva, mas que
requerem ações de acompanhamento;

XXVIII - lote: quantidade definida de matéria-prima, material de embalagem ou produto


processado em um ou mais processos, cuja característica essencial é a homogeneidade, podendo ser
necessária, para completar determinados estágios de fabricação, a divisão de um lote em vários sublotes,
que depois são reunidos para formar um lote final homogêneo, e, no caso da fabricação contínua,
correspondendo a uma fração definida da produção, caracterizada pela homogeneidade pretendida;

XXIX - material de embalagem: qualquer material empregado na embalagem de


medicamentos, excluindo qualquer embalagem externa usada para transporte ou embarque, sendo
classificado como primário ou secundário, de acordo com o grau de contato com o produto;

XXX - matéria-prima: qualquer substância utilizada na produção de medicamentos, excluindo os


materiais de embalagem;

XXXI - medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade


profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico;

XXXII - não conformidade: o não atendimento de um requisito preestabelecido, que pode variar
entre fatores externos e internos, e relacionar-se, por exemplo, com procedimentos, normas, legislações,
instalações, equipamentos, sistemas, processos, produtos, fornecedores, materiais, serviços, método, entre
outros;

XXXIII - número do lote: combinação distintiva de números e/ou letras que identifica
especificamente um lote;

XXXIV - patrocinador: pessoa, empresa, instituição ou organização responsável por iniciar,


administrar, controlar ou financiar um estudo clínico;

XXXV - procedimento: descrição das operações a serem realizadas, das precauções a serem
tomadas e das medidas a serem aplicadas, direta ou indiretamente relacionadas com a fabricação de um
medicamento;

XXXVI - produção: todas as operações envolvidas na preparação de um medicamento, desde o


recebimento dos materiais, passando pelo processamento e embalagem, até a sua conclusão como um
produto acabado;

XXXVII - produto acabado: produto que tenha passado por todas as etapas de produção,
incluindo rotulagem e embalagem final;

XXXVIII - produto a granel: qualquer produto que tenha completado todos os estágios de
processamento até, mas não incluindo, a embalagem primária, sendo os produtos estéreis em sua
embalagem primária considerados produto a granel;

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XXXIX - produto intermediário: produto parcialmente processado que deve ser submetido a
etapas subsequentes de fabricação antes de se tornar um produto a granel;

XL - protocolo: documento que fornece instruções de como executar e registrar certas


operações discretas;

XLI - qualificação: ação de provar que quaisquer instalações, equipamentos, utilidades e


sistemas funcionam corretamente e realmente levam aos resultados esperados;

XLII - quarentena: estado das matérias-primas ou do material de embalagem, produtos


intermediários, a granel ou acabados, separados fisicamente, não necessariamente em ambientes
distintos, ou por outros meios eficazes, enquanto se aguarda uma decisão sobre a sua liberação ou recusa;

XLIII - reanálise: análise realizada em matéria-prima/insumo, previamente analisada e aprovada,


para confirmar a manutenção das especificações estabelecidas pelo fabricante, dentro do prazo de
validade;

XLIV - reconciliação: comparação, considerando a variação normal, entre a quantidade teórica e


real de produto ou materiais produzidos ou utilizados;

XLV - recuperação: introdução de todos ou parte dos lotes anteriores de qualidade exigida em
outro lote em um estágio definido de fabricação;

XLVI - registro: documento que fornece evidências das ações adotadas para demonstrar a
conformidade com as instruções - por exemplo, atividades, eventos, investigações e, no caso de lotes
fabricados, um histórico de cada lote do produto, incluindo sua distribuição -, incluindo os dados brutos
utilizados para gerar outros registros, sendo considerados como dados brutos todos os dados sobre os
quais as decisões da qualidade são baseadas;

XLVII - relatório: documentação que registra a condução de exercícios, de projetos e de


investigações específicas, juntamente com os resultados, conclusões e recomendações;

XLVIII - reprocesso: operação de todo ou parte de um lote de produto, de qualidade inaceitável,


a partir de um estágio de produção definido, para que sua qualidade possa ser aceita após a realização de
uma ou mais operações adicionais;

XLIX - Responsável Técnico: profissional reconhecido pela autoridade regulatória nacional que
tem a responsabilidade de garantir que cada lote de produto terminado tenha sido fabricado, testado e
aprovado para liberação em consonância com as leis e normas em vigor no país;

L - rótulo: identificação impressa ou litografada, bem como dizeres pintados ou gravados a fogo,
pressão ou decalco, aplicados diretamente sobre recipientes, vasilhames, invólucros, envoltórios ou
qualquer outro protetor de embalagem;

LI - simulação do processo asséptico: método de avaliação de um processo asséptico por


intermédio de um meio de crescimento microbiano, considerando enchimento de meios como sinônimos,
por exemplo, de enchimentos de produtos simulados, testes do meio, testes de enchimento, entre outros;

LII - sistema de Ação Corretiva e Ação Preventiva (CAPA): processo de trabalho, no qual podem
ser utilizadas diversas ferramentas, tanto de gestão da qualidade, quanto do gerenciamento de risco, que
se aplica à identificação; à avaliação e à investigação de eventos (desvios, não conformidades, etc.)
passados; à definição do plano de ação; à implementação das ações definidas no plano de ação e, por
último, à verificação da efetividade das ações (corretivas e preventivas) implementadas, ou para cessar a
causa raiz de eventos passados (desvios, não conformidades, etc.), evitando-se reincidências, ou para
prevenir a ocorrência de eventos futuros (desvios, não conformidades, etc.); e se referindo a um
componente do sistema da qualidade que, conduzido de maneira consistente e eficaz pela empresa, tem
o poder de auxiliar na promoção da melhoria contínua do Sistema da Qualidade Farmacêutica;

LIII - sistema informatizado: sistema que inclui a entrada de dados, o processamento eletrônico
e a saída de informações a serem utilizadas para relatórios ou controle automático;

LIV - Solução Parenteral de Grande Volume (SPGV): solução estéril e apirogênica, destinada à
aplicação parenteral em dose única, cujo volume é de 100mL ou superior, incluindo as soluções para
irrigação e soluções para diálise peritoneal; e

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LV - validação: ação de provar, de acordo com os princípios das Boas Práticas de Fabricação,
que qualquer procedimento, processo, equipamento, material, atividade ou sistema realmente leva aos
resultados esperados.

§ 1º O envase de produtos estéreis de que trata o inciso XVIII do caput deste artigo não é
considerado parte do processo das operações de embalagem, sendo os produtos estéreis considerados
produtos a granel quando em sua embalagem primária.

§ 2º No que se refere ao inciso XXVIII do caput deste artigo, para o controle do produto
acabado, um lote de medicamento inclui todas as unidades da forma farmacêutica, que são feitas a partir
da mesma massa inicial de material e foram submetidas a uma única série de operações de fabricação ou
a uma única operação de esterilização ou, no caso de um processo de produção contínuo, todas as
unidades fabricadas em um determinado período de tempo.

CAPÍTULO II

SISTEMA DA QUALIDADE FARMACÊUTICA

Seção I

Introdução

Art. 4º O detentor de uma autorização para fabricação deve fabricar medicamentos, de forma a
garantir que correspondam à finalidade pretendida, satisfaçam os requisitos do registro ou da autorização
para uso em ensaio clínico, conforme apropriado, de forma a não colocar os pacientes em risco devido à
segurança, qualidade ou eficácia inadequadas.

§ 1º O cumprimento deste objetivo de qualidade é responsabilidade da administração superior


da empresa e exige a participação e o comprometimento da equipe em todos os níveis da organização,
bem como de seus fornecedores e distribuidores.

§ 2º Para alcançar este objetivo de qualidade de forma confiável, deve haver um Sistema da
Qualidade Farmacêutica abrangente e corretamente implementado, incorporando as Boas Práticas de
Fabricação e Gerenciamento dos Riscos de Qualidade.

§ 3º O Sistema da Qualidade Farmacêutica deve ser totalmente documentado e ter sua


efetividade monitorada, por meio de revisão gerencial, de forma a promover a melhoria contínua da
qualidade.

§ 4º Todos os componentes do Sistema da Qualidade Farmacêutica devem dispor de recursos


adequados e pessoal competente, além de instalações e equipamentos apropriados e suficientes.

Art. 5º O Gerenciamento da Qualidade é um conceito abrangente, que cobre todas as questões


que determinam, isolada ou conjuntamente, a qualidade de um produto.

§ 1º O Gerenciamento da Qualidade corresponde à soma dos arranjos organizados com o


objetivo de garantir que os medicamentos tenham a qualidade exigida para o uso pretendido.

§ 2º O Gerenciamento da Qualidade incorpora as Boas Práticas de Fabricação.

Art. 6º As Boas Práticas de Fabricação se aplicam a todas as etapas do ciclo de vida do produto,
desde a fabricação de medicamentos experimentais, transferência de tecnologia, fabricação comercial até
a descontinuação do produto.

Parágrafo único. O Sistema da Qualidade Farmacêutica pode se estender ao estágio do


desenvolvimento farmacêutico, de forma a facilitar a inovação e a melhoria contínua, e fortalecer o vínculo
entre o desenvolvimento farmacêutico e as atividades de fabricação.

Art. 7º O tamanho e a complexidade das atividades da empresa devem ser levados em


consideração ao se desenvolver um novo Sistema de Qualidade Farmacêutica ou modificar um já
existente.

§ 1º O projeto do sistema deve incorporar princípios apropriados do gerenciamento de risco,


incluindo o uso de ferramentas apropriadas.

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§ 2º Embora alguns aspectos do sistema possam ser coorporativos de toda a empresa e outros
se aplicarem em estabelecimentos específicos, a eficácia do sistema é normalmente demonstrada no nível
do estabelecimento específico.

Art. 8º Um Sistema da Qualidade Farmacêutica adequado à fabricação de medicamentos deve


garantir que:

I - a concepção do produto seja alcançada por meio do projeto, planejamento, implementação,


manutenção e melhoria contínua de um sistema que permita a fabricação consistente de produtos com
atributos de qualidade apropriados;

II - o conhecimento de produtos e processos seja gerenciado em todas as etapas do ciclo de


vida;

III - os medicamentos sejam concebidos e desenvolvidos de forma a se levar em consideração


os requerimentos das Boas Práticas de Fabricação;

IV - as operações de produção e controle sejam claramente especificadas, e sejam adotadas as


Boas Práticas de Fabricação;

V - as responsabilidades gerenciais sejam claramente especificadas;

VI - sejam tomadas providências para a fabricação, fornecimento e uso das matérias-primas e


materiais de embalagem corretos, a seleção e monitoramento dos fornecedores e verificação da
conformidade de cada recebimento com o fornecedor aprovado;

VII - existam processos para assegurar a gestão de atividades terceirizadas;

VIII - um estado de controle seja estabelecido e mantido por meio do desenvolvimento e uso de
sistemas eficazes de monitoramento e controle para o desempenho do processo e para a qualidade do
produto;

IX - os resultados do monitoramento de produtos e processos sejam levados em consideração


na liberação do lote, na investigação de desvios e com o objetivo de tomar ações preventivas para evitar
desvios potenciais que possam ocorrer no futuro;

X - todos os controles necessários em produtos intermediários e quaisquer outros controles em


processo e validações sejam realizados;

XI -a melhoria contínua seja facilitada por meio da implementação de melhorias da qualidade


apropriadas ao nível de conhecimento do processo e do produto;

XII - estejam implementados procedimentos para a avaliação prospectiva de mudanças


planejadas e sua aprovação antes da implementação, levando-se em consideração as notificações e
aprovações regulatórias, quando necessário;

XIII - após a implementação de qualquer mudança, uma avaliação seja realizada para confirmar
que os objetivos de qualidade foram alcançados e que não houve impacto prejudicial não intencional na
qualidade do produto;

XIV - um nível apropriado de análise da causa raiz seja aplicado durante a investigação de
desvios, suspeitas de defeitos no produto e outros problemas;

XV - os medicamentos não sejam comercializados ou distribuídos antes da Pessoa Delegada


pelo Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica ter certificado que cada lote do produto foi produzido
e controlado de acordo com os requerimentos de registro e quaisquer outras normas relevantes à
produção, ao controle e à liberação de medicamentos;

XVI - existam mecanismos para garantir que os medicamentos sejam armazenados, distribuídos
e posteriormente manuseados de modo que a qualidade seja mantida ao longo do seu período de vida
útil; e

XVII - exista um processo de autoinspeção e/ou auditoria da qualidade, que avalie


regularmente a efetividade e a aplicabilidade do Sistema da Qualidade Farmacêutica.

§ 1º O nível apropriado de que trata o inciso XIV do caput deste artigo pode ser determinado
pelo estabelecimento por meio da aplicação dos princípios de Gerenciamento de Risco na Qualidade.

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§ 2º No que se refere o inciso XIV do caput deste artigo, nos casos em que a(s) verdadeira(s)
causa(s) raiz(es) do problema não puder(em) ser determinada(s), deve-se considerar a identificação da(s)
causa(s) raiz(es) mais provável(eis) e abordá-la(s).

§ 3º No que se refere o inciso XIV do caput deste artigo, quando se suspeitar ou identificar erro
humano como causa, isso deve ser justificado, tendo-se o cuidado de garantir que erros ou problemas de
processo, de procedimento ou de sistema não tenham sido negligenciados, se for o caso.

§ 4º No que se refere o inciso XIV do caput deste artigo, ações corretivas e/ou ações
preventivas (CAPAs) apropriadas devem ser identificadas e implementadas em resposta às investigações,
devendo ser monitorada e avaliada a eficácia dessas ações, de acordo com os princípios do
Gerenciamento de Riscos da Qualidade.

Art. 9º A gestão superior da empresa tem a responsabilidade final de garantir que um Sistema
da Qualidade Farmacêutica eficaz esteja implementado, disponha de recursos adequados e que as
responsabilidades e autoridades sejam definidas, comunicadas e implementadas em toda a organização.

§ 1º A liderança da administração superior da empresa e sua participação ativa no Sistema da


Qualidade Farmacêutica é essencial.

§ 2º Essa liderança deve garantir o apoio e o comprometimento da equipe em todos os níveis da


organização ao Sistema da Qualidade Farmacêutica.

Art. 10. Deve haver revisão gerencial periódica, com o envolvimento da administração superior
da empresa, do desempenho do Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica de forma que se
identifiquem oportunidades de melhoria contínua de produtos, processos e do próprio sistema.

Art. 11. O Sistema da Qualidade Farmacêutica deve ser definido e documentado.

Parágrafo único. Um Manual da Qualidade ou documentação equivalente deve estar


estabelecido e deve conter uma descrição do Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica, incluindo as
responsabilidades de gestão.

Seção II

Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos

Art. 12. Boas Práticas de Fabricação (BPF) é a parte do Gerenciamento da Qualidade que
assegura que os produtos são consistentemente produzidos e controlados, de acordo com os padrões de
qualidade apropriados para o uso pretendido e requerido pelo registro sanitário, autorização para uso em
ensaio clínico ou especificações do produto.

§ 1º As Boas Práticas de Fabricação dizem respeito tanto à produção quanto ao controle de


qualidade.

§ 2º Os requisitos básicos das BPF são:

I - todos os processos de fabricação devem estar claramente definidos, sistematicamente


revisados à luz da experiência, e demonstrar serem capazes de produzir medicamentos com a qualidade
exigida e em conformidade com as suas especificações;

II - as etapas críticas dos processos de fabricação, bem como quaisquer mudanças


significativas, devem estar validadas;

III - o fornecimento de todos os recursos necessários, incluindo:

a) pessoal qualificado e adequadamente treinado;

b) instalações e áreas adequadas;

c) equipamentos e serviços apropriados;

d) materiais, recipientes e rótulos corretos;

e) procedimentos e instruções aprovadas, de acordo com o Sistema da Qualidade Farmacêutica;


e

f) armazenagem e transporte adequados.

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IV - as instruções e procedimentos devem ser escritos de forma instrutiva, em linguagem clara e


inequívoca, especificamente aplicáveis aos recursos fornecidos;

V - os procedimentos devem ser seguidos corretamente e os operadores devem ser treinados


para tal;

VI - os registros, que demonstrem que todas as etapas exigidas pelos procedimentos e


instruções definidos foram consideradas e que a quantidade e qualidade do produto estão conforme o
previsto, devem ser realizados durante a fabricação, manualmente e/ou por meio de instrumentos de
registro automático;

VII - quaisquer desvios significativos devem ser integralmente registrados e investigados com o
objetivo de determinar a causa raiz e implementar as ações corretivas e preventivas apropriadas;

VIII - registros de fabricação, incluindo a distribuição, que permitam o rastreamento do histórico


completo de um lote devem ser mantidos de forma compreensível e acessível;

IX - a distribuição dos produtos deve minimizar qualquer risco a sua qualidade e levar em
consideração as boas práticas de distribuição;

X - um sistema deve estar disponível para recolher qualquer lote de produto, em


comercialização ou distribuição; e

XI - as reclamações sobre os produtos devem ser examinadas, as causas dos desvios de


qualidade investigadas e medidas apropriadas adotadas em relação aos produtos com desvio e em
relação à prevenção da recorrência.

Seção III

Controle de Qualidade

Art. 13. O Controle de Qualidade é a parte das BPF referente à coleta de amostras, às
especificações e à execução de testes, bem como à organização, à documentação e aos procedimentos
de liberação que asseguram que os testes relevantes e necessários sejam executados, e que os materiais
não sejam liberados para uso, ou que produtos não sejam liberados para comercialização ou distribuição,
até que a sua qualidade tenha sido considerada satisfatória.

Art. 14. Os requerimentos básicos do Controle de Qualidade são:

I - instalações adequadas, pessoal treinado e procedimentos aprovados devem estar


disponíveis para amostragem e teste de matérias-primas, materiais de embalagem, produtos
intermediários, a granel e terminados e, onde apropriado, para monitoramento das condições ambientais
para fins de BPF;

II - amostras de matérias-primas, materiais de embalagem, produtos intermediários, produtos a


granel e produtos acabados devem ser coletadas por pessoal autorizado e por meio de métodos
aprovados;

III - os métodos analíticos devem ser validados;

IV - os registros (manual ou por meio eletrônico) devem ser feitos, demonstrando que todos os
procedimentos de amostragem, inspeção e testes foram de fato realizados e que quaisquer desvios foram
devidamente registrados e investigados;

V - os produtos acabados devem possuir a composição qualitativa e quantitativa em


conformidade com o descrito no registro ou na autorização para uso em ensaio clínico os componentes
devem ter a pureza exigida, estar em recipientes apropriados e devidamente rotulados;

VI - os resultados da inspeção e dos testes realizados nos materiais, produtos intermediários, a


granel e terminados devem ser registrados, demonstrando que foram formalmente avaliados em relação à
especificação, que deve incluir a revisão e avaliação da documentação relevante de produção e uma
avaliação dos desvios dos procedimentos especificados;

VII - nenhum lote de produto deve ser liberado para comercialização ou distribuição antes da
certificação, por uma Pessoa Delegada pelo Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica, de que este
está em conformidade com os requerimentos das autorizações relevantes; e

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VIII - amostras de referência suficientes de matérias-primas e produtos devem ser mantidas de


acordo com a instrução normativa específica para permitir a futura análise do produto, se necessário.

Seção IV

Revisão da qualidade do produto

Art. 15. Revisões periódicas da qualidade de todos os medicamentos autorizados, incluindo


produtos exclusivos de exportação, devem ser conduzidas com o objetivo de verificar a consistência do
processo existente, verificar a adequação das especificações aplicadas tanto para matéria-prima quanto
para produto acabado, evidenciar quaisquer tendências e identificar melhorias em produtos e processos.

Art. 16. As revisões da qualidade do produto devem, normalmente, ser conduzidas e


documentadas anualmente, levando em consideração as revisões anteriores.

Art. 17. A revisão da qualidade do produto deve incluir, pelo menos, revisão:

I - das matérias-primas, incluindo os materiais de embalagem utilizados no produto,


especialmente aqueles provenientes de novas fontes e, em especial, a análise da rastreabilidade da cadeia
de fornecimento das substâncias ativas;

II - dos controles em processos críticos e dos resultados de controle de qualidade dos produtos
acabados;

III - de todos os lotes que não cumpriram com as especificações estabelecidas e suas
investigações;

IV - de todos os desvios significativos ou não-conformidades, suas investigações relacionadas e


a efetividade das ações corretivas e preventivas resultantes;

V - de todas as mudanças realizadas nos processos ou métodos analíticos;

VI - das alterações pós-registro submetidas, autorizadas ou indeferidas, incluindo aquelas


relativas a produtos registrados em outros países (apenas para exportação);

VII - dos resultados do programa de estabilidade de acompanhamento e quaisquer tendências


adversas;

VIII - de todas as devoluções, reclamações e recolhimentos relacionados à qualidade do


produto e às investigações realizadas na ocasião;

IX - da adequação de quaisquer ações corretivas prévias relacionadas ao processo ou


equipamento do produto;

X - dos compromissos pós-aprovação para novos registros e alterações pós-registro;

XI - da situação da qualificação de equipamentos e utilidades relevantes, por exemplo, de


sistema de ventilação, aquecimento e ar-condicionado (HVAC), água, sistemas de gás comprimido, entre
outros; e

XII - de quaisquer disposições contratuais, definidas no Capítulo VIII desta Resolução, referente
às atividades terceirizadas, para assegurar que estejam atualizadas.

Art. 18. O fabricante e, eventualmente, o detentor do registro do medicamento, devem avaliar os


resultados da revisão e decidir se uma ação corretiva e preventiva ou qualquer revalidação precisam ser
realizadas, no âmbito do Sistema da Qualidade Farmacêutica.

Parágrafo único. Devem existir procedimentos de gerenciamento para a revisão e gestão


permanente das ações de que trata o caput deste artigo, e a efetividade desses procedimentos deve ser
verificada durante a autoinspeção.

Art. 19. Revisões de qualidade podem ser agrupadas por tipo de produto, quando justificado
cientificamente.

Art. 20. Se o detentor do registro não for o fabricante do medicamento, deve existir um acordo
técnico implementado entre as partes que defina as respectivas responsabilidades na elaboração da
revisão de qualidade do produto.

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Parágrafo único. A Pessoa Delegada pelo Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica


responsável pela certificação final do lote, juntamente com o detentor do registro, deve assegurar que a
revisão de qualidade seja precisa e efetuada dentro do prazo estabelecido.

Seção V

Gerenciamento de Risco da Qualidade

Art. 21. O Gerenciamento de Risco da Qualidade (GRQ) é um processo sistemático de avaliação,


controle, comunicação e revisão de riscos para a qualidade do medicamento.

Parágrafo único. O Gerenciamento de Risco da Qualidade pode ser aplicado de forma proativa e
retrospectiva.

Art. 22. Os princípios do Gerenciamento de Riscos da Qualidade são:

I - a avaliação do risco à qualidade é baseada em conhecimento científico, experiência com o


processo e, em última instância, vincula-se à proteção do paciente; e

II - o nível de esforço, formalidade e documentação do processo de Gerenciamento de Risco da


Qualidade é compatível com o nível de risco.

CAPÍTULO III

PESSOAL

Seção I

Introdução

Art. 23. Deve haver pessoal qualificado em quantidade suficiente para desempenhar
corretamente todas as atividades pelas quais o fabricante é responsável.

Art. 24. As responsabilidades individuais devem estar claramente definidas, compreendidas e


registradas por todos os envolvidos.

Art. 25. Todo o pessoal deve estar ciente dos princípios das Boas Práticas de Fabricação que os
afetam e receber treinamento inicial e contínuo, incluindo instruções de higiene, relevantes para suas
necessidades.

Seção II

Disposições gerais

Art. 26. O fabricante deve dispor de pessoal em número adequado e com as qualificações e
experiência prática necessárias.

Art. 27. A administração superior da empresa deve determinar e fornecer recursos adequados e
apropriados (humanos, financeiros, de materiais, instalações e equipamentos) para implementar e manter o
Sistema da Qualidade Farmacêutica e melhorar sua efetividade continuamente.

Art. 28. As responsabilidades atribuídas a qualquer indivíduo não devem ser tão extensas a
ponto de apresentar qualquer risco para a qualidade.

Art. 29. O fabricante deve possuir um organograma em que as relações entre os Responsáveis
pela Produção, Controle de Qualidade e, quando aplicável, o Responsável pela Garantia da Qualidade ou
Unidade da Qualidade, e a posição do Responsável Técnico sejam claramente apresentados na hierarquia
gerencial.

Art. 30. As pessoas que ocupam cargos de responsabilidade devem ter as suas funções
específicas registradas em descrições de cargo e a autoridade adequada para execução das suas
responsabilidades.

§ 1º As funções de responsabilidade podem ser delegadas para pessoas designadas com um


nível satisfatório de qualificação.

§ 2º Não deve haver lacunas ou sobreposições de responsabilidade injustificadas no que diz


respeito ao pessoal envolvido na aplicação das Boas Práticas de Fabricação.

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Art. 31. A administração superior da empresa tem a responsabilidade final de garantir que um
Sistema da Qualidade Farmacêutica efetivo esteja implementado para atingir os objetivos da qualidade, e
que as atribuições, responsabilidades e autoridades sejam definidas, comunicadas e implementadas em
toda a organização.

Art. 32. A administração superior da empresa deve estabelecer uma política da qualidade que
descreva as definições e intenções gerais da empresa em relação à qualidade e deve, ainda, garantir
adequação e efetividade contínuas do Sistema da Qualidade Farmacêutica e da conformidade com as BPF,
por meio da participação na revisão do gerenciamento.

Seção III

Pessoal-chave

Art. 33. A administração superior deve designar o Pessoal-Chave da Gestão, incluindo o


Responsável pela Produção, o Responsável pelo Controle de Qualidade, Pessoa(s) Delegada(s) pelo
Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica para a liberação dos produtos.

Parágrafo único. Deve haver independência entre o Responsável pela Produção e a(s) Pessoa(s)
Delegada(s) pelo Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica designada(s) para as liberações dos
produtos.

Art. 34. As posições-chave, normalmente, devem ser ocupadas por pessoal em tempo integral.

Art. 35. Os Responsáveis pela Produção e Controle de Qualidade devem ser independentes
entre si.

§ 1º Em grandes organizações, pode ser necessário delegar algumas das funções do Pessoal-
Chave.

§ 2º Um responsável pela Unidade da Qualidade ou responsável pela Garantia da Qualidade


pode ser nomeado, dependendo do tamanho e estrutura organizacional da empresa.

§ 3º Quando a separação prevista no § 2º deste artigo ocorrer, algumas das responsabilidades


descritas no art. 36 desta Resolução são compartilhadas com o Responsável pelo Controle de Qualidade e
com o Responsável pela Produção, e a administração superior deve, portanto, providenciar a definição das
funções, responsabilidades e autoridades.

Art. 36. O Responsável pela Produção tem as seguintes responsabilidades:

I - garantir que os produtos sejam produzidos e armazenados de acordo com a documentação


apropriada, a fim de se obter a qualidade requerida;

II - aprovar as instruções relativas às operações de produção e assegurar sua estrita


implementação;

III - assegurar que os registros de produção sejam avaliados e assinados por uma pessoa
designada;

IV - garantir a qualificação e manutenção do seu departamento, instalações e equipamentos;

V - garantir que as validações apropriadas sejam executadas; e

VI - assegurar que os treinamentos iniciais e contínuos necessários ao pessoal do seu


departamento sejam realizados e adaptados de acordo com as necessidades.

Art. 37. O Responsável pelo Controle de Qualidade geralmente tem as seguintes


responsabilidades:

I - aprovar ou rejeitar, conforme julgar apropriado, matérias-primas, materiais de embalagem,


produtos intermediários, a granel e terminados;

II - garantir que todos os testes necessários sejam realizados e os registros associados


avaliados;

III - aprovar especificações, instruções de amostragem, métodos de análise e outros


procedimentos do Controle de Qualidade;

IV - aprovar e monitorar quaisquer análises contratadas;

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V - assegurar a qualificação e manutenção do seu departamento, instalações e equipamentos;

VI - garantir que as validações apropriadas sejam realizadas; e

VII - assegurar que os treinamentos iniciais e contínuos do pessoal do seu departamento sejam
realizados e adaptados, de acordo com as necessidades.

Art. 38. Os Responsáveis pela Produção, Controle de Qualidade e, quando relevante, o


Responsável pela Garantia de Qualidade ou Responsável pela Unidade da Qualidade, geralmente, têm
algumas responsabilidades compartilhadas, ou exercidas conjuntamente, relacionadas à qualidade,
incluindo a concepção, a efetiva implementação, o monitoramento e a manutenção do Sistema da
Qualidade Farmacêutica.

Parágrafo único. As responsabilidades de que trata o caput deste artigo podem incluir:

I - a autorização de procedimentos por escrito e outros documentos, incluindo alterações;

II - o monitoramento e o controle dos ambientes de fabricação;

III - a higiene das instalações;

IV - a validação de processo;

V - treinamento;

VI - a aprovação e o monitoramento de fornecedores de materiais;

VII - a aprovação e o monitoramento dos fabricantes contratados e prestadores de outros


serviços terceirizados relacionadas às BPF;

VIII - o estabelecimento e monitoramento das condições de armazenamento de materiais e


produtos;

IX - a retenção de registros;

X - o monitoramento do cumprimento dos requisitos das BPF;

XI - a inspeção, a investigação e amostragem, com o objetivo de monitorar os fatores que


possam afetar a qualidade do produto;

XII - a participação em revisões gerenciais de desempenho do processo, qualidade do produto


e do Sistema da Qualidade Farmacêutica em busca da melhoria contínua; e

XIII - garantir que exista um processo de comunicação e escalonamento temporal e efetivo de


forma que problemas de qualidade sejam tratados nos níveis apropriados de gestão.

Seção IV

Treinamento

Art. 39. O fabricante deve fornecer treinamento para todo o pessoal cujas funções sejam
exercidas nas áreas de produção e armazenamento ou laboratórios de controle (incluindo o pessoal
técnico, de manutenção e limpeza) e para outras pessoas cujas atividades possam afetar a qualidade do
produto.

Art. 40. Além do treinamento básico sobre a teoria e a prática do Sistema da Qualidade
Farmacêutica e das BPF, o pessoal recém-contratado deve receber treinamento adequado às tarefas que
lhe são atribuídas.

Art. 41. Deve ser fornecido treinamento continuado, e sua efetividade prática deve ser
periodicamente avaliada.

Art. 42. Os programas de treinamento devem estar disponíveis, aprovados pelo Responsável
pela Produção ou pelo Responsável pelo Controle de Qualidade, conforme apropriado.

Art. 43. Os registros de treinamento devem ser mantidos.

Art. 44. O pessoal que trabalha em áreas com risco de contaminação microbiológica dos
produtos, por exemplo, em áreas limpas, ou o pessoal que trabalha em áreas com risco de contaminação
do operador e cruzada entre produtos, como as áreas onde materiais altamente ativos, tóxicos, infecciosos
ou sensibilizantes são manuseados, devem receber treinamento específico.

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Art. 45. Os visitantes ou pessoal não treinado, preferencialmente, não devem ser conduzidos
pelas áreas de produção e de controle de qualidade.

Parágrafo único. Se for inevitável, eles devem ser cuidadosamente supervisionados e receber
informações com antecedência, especialmente sobre higiene pessoal e roupas protetoras necessárias.

Art. 46. O Sistema da Qualidade Farmacêutica e todas as medidas capazes de melhorar sua
compreensão e implementação devem ser amplamente discutidos durante as sessões de treinamento.

Seção V

Higiene e saúde pessoal

Art. 47. Devem ser estabelecidos programas de higiene detalhados e adaptados às várias
necessidades da fábrica.

Art. 48. Os programas de higiene devem incluir procedimentos relativos à saúde, práticas de
higiene e paramentação.

Parágrafo único. Esses procedimentos devem ser compreendidos e seguidos rigorosamente por
todas as pessoas cujas funções impliquem na presença nas áreas de produção e controle.

Art. 49. A gestão deve promover os programas de higiene que devem ser amplamente
discutidos durante as sessões de treinamento.

Art. 50. Todo o pessoal deve passar por exame médico no momento da contratação.

Art. 51. Após o primeiro exame médico, outros exames devem ser realizados quando necessário
para assegurar o trabalho e a saúde pessoal.

Art. 52. É de responsabilidade do fabricante prover instruções escritas para garantir que as
condições de saúde de seus colaboradores que possam impactar na qualidade dos produtos sejam
imediatamente informadas.

Art. 53. Devem ser adotadas medidas para garantir que nenhuma pessoa afetada por uma
doença infecciosa ou que tenha lesões abertas na superfície exposta do corpo seja envolvida na
fabricação de medicamentos.

Art. 54. Toda pessoa que entrar nas áreas de fabricação deve usar roupas protetoras adequadas
às operações a serem executadas.

Art. 55. É proibido comer, beber, mascar, fumar, ou armazenar alimentos, bebidas, materiais
derivados do tabaco ou medicamentos de uso pessoal nas áreas de produção e armazenamento.

Art. 56. Qualquer prática que não seja higiênica dentro das áreas de fabricação ou em qualquer
outra área em que o produto possa ser adversamente afetado deve ser proibida.

Art. 57. Deve ser evitado contato direto entre as mãos do operador e o produto exposto, assim
como com qualquer parte do equipamento que entre em contato com os produtos.

Art. 58. O pessoal deve ser instruído sobre a utilização das instalações para lavagem das mãos.

Art. 59. Quaisquer requerimentos específicos para a fabricação de grupos especiais de produtos,
por exemplo preparações estéreis, estão estabelecidos nas instruções normativas específicas.

Seção VI

Consultores

Art. 60. Os consultores devem ter instrução, treinamento e experiência adequados, para que
estejam aptos a orientarem sobre o assunto para o qual foram selecionados.

Art. 61. Os registros devem ser mantidos com informações sobre nome, endereço, qualificações
e tipo de serviço prestado por consultores.

CAPÍTULO IV

INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

Seção I

Introdução
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