LICITAÇÕES E CONTRATOS SOB O
VIÉS DA LEI 14.133
Módulo III
Sumário
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 2
2 FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO NAS CONTRATAÇÕES .................................... 4
2.1 RELAÇÃO ENTRE PLANEJAMENTO E EFICIÊNCIA NAS CONTRATAÇÕES
PÚBLICAS ......................................................................................................................................... 6
3 DIRETRIZES DA LEI Nº 14.133/2021 PARA O PLANEJAMENTO .......................................7
3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ALINHAMENTO COM OBJETIVOS
INSTITUCIONAIS .............................................................................................................................7
3.2 ESTUDOS PRELIMINARES E SUA RELEVÂNCIA ............................................................. 8
3.3 ORÇAMENTO DETALHADO E VALOR ESTIMADO DA CONTRATAÇÃO ................. 8
3.4 DEFINIÇÃO CLARA DO OBJETO ........................................................................................ 8
3.5 ELABORAÇÃO DO TERMO DE REFERÊNCIA OU PROJETO BÁSICO ..................... 8
4 PROCEDIMENTOS E ETAPAS DO PLANEJAMENTO ........................................................ 9
4.1 AMPLA COMPETIÇÃO E ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO DE FORNECEDORES ...... 9
4.2 PLANEJAMENTO ANUAL E CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ................................... 9
4.3 ANÁLISE DE RISCOS E MITIGAÇÃO .................................................................................. 9
4.4 ENVOLVIMENTO DE STAKEHOLDERS NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO ...... 9
5 DESAFIOS E CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS ...................................................................... 10
5.1 DESAFIOS COMUNS NA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO........................ 10
5.2 NECESSIDADE DE CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO ................................................. 10
5.3 ADAPTABILIDADE DO PLANEJAMENTO A DIFERENTES REALIDADES E
CONTEXTOS .................................................................................................................................. 10
CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 10
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 12
1
PLANEJAMENTO DAS CONTRATAÇÕES NA LEI Nº 14.133/2021: DIRETRIZES
E IMPLICAÇÕES
Christianne Stroppa 1
1. INTRODUÇÃO
A Lei nº 14.133/2021 2, conhecida como a nova Lei de Licitações e
Contratos - NLLC, representa um marco significativo no cenário das
contratações públicas no Brasil. Sancionada em 1º de abril de 2021, essa
legislação surge como resposta à necessidade de modernização e
aprimoramento das práticas de licitação, substituindo a antiquada Lei nº
8.666/1993 e suas alterações 3.
A nova lei busca introduzir mudanças estruturais que promovem
maior eficiência, transparência e agilidade nos processos licitatórios,
abrangendo desde o planejamento até a execução dos contratos. Dentre
suas principais inovações, destaca-se a atenção especial ao planejamento,
elemento fundamental para o sucesso das contratações públicas.
Em acréscimo, destaca-se também, com esteio no parágrafo único do
art. 11 da NLLC, uma linha mestra baseada na Governança das Contratações,
nos seguintes termos: “A alta administração do órgão ou entidade é
responsável pela governança das contratações e deve implementar
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para
avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos
contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos
no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar
o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis
orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas
contratações”.
Com base no conceito macro de governança pública, o Tribunal de
Contas da União elaborou a seguinte definição para a governança das
aquisições:
Governança das aquisições compreende essencialmente o conjunto de
mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar,
direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com objetivo de que
1
Advogada na Jacoby Fernandes & Reolon Adv. Associados. Professora Doutora e Mestre pela PUC/SP.
Ex-Assessora de Gabinete no Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Advogada especialista
em Licitações e Contratos Administrativos. Membro associado do Instituto Brasileiro de Direito
Administrativo – IBDA, do Instituto de Direito Administrativo Paulista – IDAP, do Instituto dos
Advogados de São Paulo – IASP e do Instituto Nacional de Contratação Pública - INCP. Autora de
diversos artigos e palestrante na área da contratação pública.
2
BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Brasília/DF: Presidência da República. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14133.htm. Acesso em: 22 jan. 2024.
3
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Brasília/DF: Presidência da República. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 22 jan. 2024.
2
as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos
aceitáveis. 4
Trata-se de um conceito em construção, cujo escopo vem sendo
delineado pelas boas práticas em planejamento e gestão 5 e disseminado por
meio de acórdãos e novos normativos infralegais. Em suma, governança nas
aquisições refere-se ao conjunto de diretrizes, estruturas organizacionais,
processos e mecanismos de controle que visam assegurar que as decisões e
as ações relativas à gestão das compras e contratações estejam alinhadas
às necessidades da organização, contribuindo para o alcance das suas metas
(art. 2º, II da Resolução TCU nº 247/2011).
Alinhada com a governança, há uma efetiva e real preocupação com
o planejamento, que representa a espinha dorsal de qualquer processo
licitatório. Nas contratações públicas, em que os recursos são provenientes
dos cofres públicos e a busca por eficiência é crucial, o planejamento se torna
uma ferramenta estratégica indispensável. Ele não apenas antecipa os
desafios e estabelece metas claras, mas também visa otimizar o uso dos
recursos, minimizar riscos e assegurar a consecução dos objetivos
governamentais.
A ausência de um planejamento adequado pode levar a contratações
inadequadas, atrasos, desperdício de recursos e até mesmo a
questionamentos legais. Por isso, a ênfase na importância do planejamento
não é apenas uma prática recomendada, mas uma exigência para garantir
a eficácia e a legalidade dos processos de contratação.
O propósito deste texto é compreender as diretrizes e implicações do
planejamento nas contratações públicas à luz da Lei nº 14.133/2021.
Pretende-se examinar como a nova legislação redefine o papel do
planejamento, as diretrizes estabelecidas e as implicações práticas para
gestores públicos, empresas participantes e a sociedade como um todo.
Ao longo das próximas seções, serão analisados em detalhes os
elementos fundamentais do planejamento, conforme preconizado pela Lei nº
14.133/2021, destacando as mudanças em relação à legislação anterior e
4
TCU. Relatório da TC 025.068/2013-0 que deu origem ao Acórdão nº 2.622/2015 – Plenário.
5
"Enquanto a instância de governança colhe o interesse do cidadão e entrega ESTRATÉGIA para as
estruturas de Gestão alcançá-lo, essa última devolve o ACCOUNTABILITY, consubstanciado na
responsabilidade de prestação de contas e de agir conforme padrões de conformidade e integridade.
E quando tal engrenagem funciona corretamente, a Gestão Pública consegue atender o seu propósito
de existir, qual seja suprir os anseios e expectativas do cidadão" (ALVES, Paulo. Integrantes da
Administração Pública podem ter dificuldades se não “abraçarem” à governança. Rede Governança
Brasil. Disponível em: https://www.rgb.org.br/post/integrantes-da-administra%C3%A7%C3%A3o-
p%C3%BAblica-podem-ter-dificuldades-se-n%C3%A3o-abra%C3%A7arem-%C3%A0-
governan%C3%A7a. Acesso em: 22 jan. 2024).
3
explorando como essas diretrizes impactam o cenário das contratações
públicas no Brasil.
2. FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO NAS CONTRATAÇÕES
O planejamento é um processo sistemático de estabelecer metas e
objetivos, identificar e analisar recursos necessários, desenvolver estratégias
e ações e tomar decisões para alcançar esses objetivos de maneira eficiente
e eficaz. 6 Ele é uma atividade fundamental em diversos contextos, incluindo
negócios, administração pública, educação, projetos, entre outros.
• As principais características do planejamento 7 incluem:
• Estabelecimento de Objetivos: definir claramente os
resultados desejados ou metas a serem alcançadas. Os
objetivos são a base para todas as etapas do planejamento;
• Análise de Situação: avaliar o ambiente interno e externo
para entender as condições atuais, identificar oportunidades
e ameaças, bem como pontos fortes e fracos;
• Identificação de Recursos: identificar os recursos
necessários, como pessoal, financeiro, tecnológico, etc., para
implementação do plano desenhado;
• Desenvolvimento de Estratégias: criar estratégias ou planos
de ação para atingir os objetivos. Isso pode envolver a
alocação eficiente de recursos, a definição de prazos e a
escolha de abordagens específicas;
• Tomada de Decisões: o planejamento muitas vezes envolve
tomar decisões sobre como alocar recursos, quais
estratégias seguir e como lidar com diferentes situações;
• Implementação: colocar em prática as estratégias e ações
planejadas. Isso pode incluir a coordenação de atividades,
treinamento de pessoal e execução das tarefas delineadas
no plano;
• Avaliação e Monitoramento: monitorar o progresso em
relação aos objetivos, fazer ajustes conforme necessário e
avaliar os resultados obtidos.
6
Disponível em: https://mereo.com/blog/planejamento-estrategico/ . Acesso em: 22 jan.
2024.
7
Disponível em: https://conceito.de/planejamento . Acesso em: 22 jan. 2024.
4
O planejamento é, então, uma ferramenta crucial para organizações
e indivíduos, pois ajuda a orientar esforços de forma eficiente, a lidar com
incertezas e a maximizar as chances de sucesso na consecução de metas e
objetivos. Existem diferentes abordagens e metodologias de planejamento,
adaptadas aos diversos contextos e necessidades.
Pois bem. Planejamento é o processo pelo qual se organiza e
racionaliza ações em busca de um determinado objetivo. Especificamente na
área das contratações públicas, o planejamento, se bem pensado, permite ao
contratante visualizar o melhor curso de ação para a satisfação das suas
necessidades, seja procedimentalmente, a partir da adoção de medidas mais
eficientes, ou financeiramente falando. 8
Angelina Leonez lembra que, “não obstante as bases legais do
planejamento estarem na Constituição e já serem evidenciadas no Decreto-
Lei nº 200 de fevereiro de 1967, a Nova Lei de Licitações e Contratos
Administrativo – NLLC trouxe o Planejamento como um princípio,
enfatizando a importância dessa etapa para alcance dos resultados
pretendidos pela Administração”. 9
Por sua vez, o planejamento nas contratações públicas é um processo
fundamental que envolve a organização, antecipação e estabelecimento de
diretrizes para a consecução de objetivos pré-determinados. Trata-se de uma
atividade que precede a execução de qualquer contrato, permeando desde
a identificação da necessidade até a efetiva celebração do acordo. Nesse
contexto, a definição clara dos passos a serem seguidos, recursos alocados e
metas a serem atingidas são elementos cruciais para o sucesso de qualquer
empreendimento público.
A importância do planejamento se manifesta na sua capacidade de
mitigar riscos, prevenir erros, otimizar recursos e, sobretudo, garantir que as
contratações estejam alinhadas aos princípios da legalidade, eficiência e
economicidade. A falta de um planejamento adequado pode resultar em
processos licitatórios falhos, aquisições inadequadas e, em última instância,
comprometer a qualidade dos serviços prestados à sociedade.
8
GUIMARÃES, Bernardo Strobel; MADALENA, Luis Henrique Braga; VITA, Pedro Henrique Braz de. Fase
de planejamento e o estudo técnico preliminar da nova Lei de Licitações. Conjur. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2022-ago-28/opiniao-fase-planejamento-lei-licitacoes/. Acesso em: 22 jan.
2024.
9
LEONEZ, Angelina. O que é planejamento? Sollicita. Disponível em:
https://portal.sollicita.com.br/Noticia/18609 . Acesso em: 22 jan. 2024.
5
2.1 RELAÇÃO ENTRE PLANEJAMENTO E EFICIÊNCIA NAS
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
A relação intrínseca entre planejamento e eficiência nas contratações
públicas é evidente. O planejamento, quando executado de forma
competente, permite que a administração pública alcance seus objetivos de
maneira mais ágil, econômica e eficaz. A alocação adequada de recursos, a
identificação prévia de possíveis obstáculos e a definição de estratégias
mitigadoras são aspectos que contribuem diretamente para a eficiência do
processo.
Portanto, quanto a essa relação do planejamento com as
contratações, Edgar Guimarães reforça:
Para as contratações, constitui atividade estratégica dirigida a permitir a
execução eficiente da ação pública, ou seja, possibilitar a aplicação da melhor
alternativa existente para satisfação da necessidade com o menor dispêndio
burocrático (tempo, recursos humanos, entre outros) e financeiro 10.
Além disso, o planejamento proporciona maior transparência,
possibilitando a participação de um maior número de interessados nos
processos licitatórios. Isso fomenta a competição e favorece a seleção de
fornecedores mais qualificados, resultando em contratações que atendem
não apenas aos requisitos legais, mas também às demandas reais da
administração e da sociedade.
2.2 VANTAGENS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O planejamento estratégico, em particular, eleva o nível de
preparação da administração pública para enfrentar desafios complexos e
dinâmicos. Essa abordagem não apenas considera os aspectos operacionais
imediatos, mas também projeta ações a longo prazo, alinhando-se aos
objetivos institucionais. Entre as vantagens do planejamento estratégico 11,
destaca-se a capacidade de:
1. Antecipar Mudanças: identificar e se adaptar às mudanças nas
condições do mercado, na legislação e em outras variáveis que
possam afetar as contratações públicas;
2. Fomentar a Inovação: incentivar práticas inovadoras que possam
resultar em soluções mais eficazes e eficientes para as demandas
da administração;
10
GUIMARÃES, Edgar. et al.; Coord. Maria Silvia Zanella Di Pietro. Licitações e Contratos
administrativos: Inovações da Lei 14.133. 1.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021, p. 46.
11
Disponível em: https://aiesec.org.br/o-que-e-e-quais-as-vantagens-do-planejamento-estrategico-
empresarial/ . Aceso em: 22 jan. 2024.
6
3. Aprimorar a Tomada de Decisões: basear as decisões em análises
detalhadas, considerando não apenas o curto prazo, mas
também o impacto futuro das escolhas realizadas;
4. Promover a Sustentabilidade: integrar critérios sustentáveis no
planejamento, visando ações que respeitem o meio ambiente e
contribuam para o desenvolvimento sustentável.
Em suma, o planejamento estratégico é uma ferramenta poderosa
que capacita a administração pública a navegar com sucesso pelos desafios
das contratações, promovendo eficiência, inovação e alinhamento aos
princípios que regem a gestão pública.
3. DIRETRIZES DA LEI Nº 14.133/2021 PARA O PLANEJAMENTO
3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ALINHAMENTO COM OBJETIVOS
INSTITUCIONAIS
A Lei nº 14.133/2021 estabelece uma clara ênfase no planejamento
estratégico como componente vital no processo de contratações públicas. O
alinhamento das ações de contratação com os objetivos institucionais é
crucial para assegurar que cada passo seja direcionado para a consecução
das metas gerais da administração pública. O planejamento estratégico não
apenas orienta as decisões imediatas, mas também projeta as contratações
em um contexto mais amplo, considerando o impacto a longo prazo nas
políticas e serviços públicos.
Para Jair Eduardo Santana, Tatiana Camarão e Anna Carla Duarte
Chrispim:
[...] com o planejamento prévio ganha a sociedade como um todo e ganha o
Poder Público. Podemos citar como benefícios do plano anual de contratações,
entre outros benefícios, a possibilidade de ampliar a realização de compras
conjuntas, o que propicia economia de escala para as unidades administrativas,
além das sinalizações ao mercado fornecedor das pretensões de aquisições
desta, de modo que ele pode se preparar, adequadamente e com antecedência,
para participar dos certames licitatórios. 12
Portanto, a Lei nº 14.133/2021 vai muito além do planejamento
individual de cada processo de contratação.
12
SANTANA, Jair Eduardo; CAMARÃO, Tatiana; CHRISPIM, Anna Carla Duarte. Termo de Referência: o
impacto da especificação do objeto e do termo de referência na eficácia das licitações e contratos. 6.
ed. Belo Horizonte: Fórum, 2020.
7
3.2 ESTUDOS PRELIMINARES E SUA RELEVÂNCIA
Os estudos preliminares ganham destaque na nova legislação como
uma fase crítica no processo de contratação pública. Esses estudos, que
antecedem a elaboração do edital, têm a finalidade de subsidiar a tomada
de decisões, proporcionando informações detalhadas sobre a viabilidade
técnica, econômica e ambiental do empreendimento. A relevância dos
estudos preliminares reside na capacidade de antecipar desafios, identificar
oportunidades e fornecer dados essenciais para a construção de um
planejamento sólido e fundamentado.
3.3 ORÇAMENTO DETALHADO E VALOR ESTIMADO DA CONTRATAÇÃO
A Lei nº 14.133/2021 reforça a importância do orçamento detalhado
como ferramenta essencial para o planejamento eficaz das contratações
públicas. A elaboração criteriosa do orçamento não apenas proporciona
uma estimativa precisa dos custos envolvidos, mas também evita surpresas
orçamentárias durante a execução do contrato. O valor estimado da
contratação, baseado nesse orçamento detalhado, serve como referência
para a definição de limites financeiros, promovendo transparência e
concorrência justa no âmbito das licitações.
3.4 DEFINIÇÃO CLARA DO OBJETO
A nova legislação enfatiza a necessidade de uma definição clara e
precisa do objeto a ser contratado. Essa diretriz visa evitar ambiguidades e
interpretações divergentes, garantindo que as propostas apresentadas pelos
licitantes estejam alinhadas com as expectativas da administração pública.
Uma definição precisa do objeto não apenas facilita o processo de seleção,
mas também reduz a possibilidade de contestações e litígios ao longo da
execução contratual.
3.5 ELABORAÇÃO DO TERMO DE REFERÊNCIA OU PROJETO BÁSICO
A Lei nº 14.133/2021 reforça a importância da elaboração do Termo
de Referência ou Projeto Básico como instrumento orientador nos processos
licitatórios. Esses documentos devem conter informações detalhadas sobre
as especificações técnicas, prazos, condições e demais elementos essenciais
para a compreensão completa do objeto da contratação. A elaboração
cuidadosa do Termo de Referência ou Projeto Básico contribui para a
transparência, clareza e equidade nas licitações, além de fornecer subsídios
fundamentais para a correta execução do contrato.
Ao incorporar essas diretrizes em seu planejamento, a administração
pública pode fortalecer a eficiência, a transparência e a legalidade em suas
8
contratações, promovendo uma gestão mais eficaz dos recursos públicos. O
entendimento e a aplicação dessas diretrizes são cruciais para a adaptação
às exigências da nova Lei de Licitações.
4. PROCEDIMENTOS E ETAPAS DO PLANEJAMENTO
4.1 AMPLA COMPETIÇÃO E ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO DE
FORNECEDORES
A busca por ampla competição é um princípio fundamental na nova
Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021). Estimular a participação de um número
expressivo de fornecedores promove a concorrência, favorecendo a
obtenção de propostas mais vantajosas para a administração pública. O
planejamento deve, portanto, contemplar estratégias que ampliem a
visibilidade dos certames, reduzam barreiras à entrada e incentivem a
participação de empresas de diferentes portes e segmentos.
4.2 PLANEJAMENTO ANUAL E CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
A introdução do planejamento anual na nova legislação destaca a
necessidade de uma visão temporal mais abrangente nos processos de
contratação. A elaboração de um cronograma de atividades anual permite
uma gestão mais eficiente e previsível, possibilitando o alinhamento de
recursos, a antecipação de demandas e a redução de possíveis gargalos no
fluxo dos procedimentos licitatórios.
4.3 ANÁLISE DE RISCOS E MITIGAÇÃO
A análise de riscos e sua subsequente mitigação são componentes
cruciais do planejamento. A identificação antecipada de possíveis
obstáculos, sejam eles relacionados a aspectos técnicos, ambientais ou
econômicos, permite que a administração desenvolva estratégias para
enfrentar tais desafios. A nova lei incentiva a realização de estudos de riscos
detalhados, proporcionando uma abordagem proativa na gestão de
contratações públicas.
4.4 ENVOLVIMENTO DE STAKEHOLDERS NO PROCESSO DE
PLANEJAMENTO
O envolvimento de stakeholders é uma prática que fortalece a
legitimidade e a efetividade do planejamento nas contratações públicas. A
participação ativa de diferentes partes interessadas, como órgãos de
controle, sociedade civil e representantes do setor privado, enriquece o
processo ao incorporar diversas perspectivas e garantir a aderência às
9
demandas da comunidade. Essa abordagem colaborativa contribui para a
transparência e a prestação de contas no ciclo de contratações.
5. DESAFIOS E CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS
5.1 DESAFIOS COMUNS NA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO
Apesar dos benefícios, a implementação eficaz do planejamento nas
contratações públicas enfrenta desafios recorrentes. Dentre eles, destacam-
se a burocracia excessiva, a falta de capacitação técnica, a resistência à
mudança e a complexidade na coordenação de múltiplos processos. Superar
esses desafios requer um comprometimento institucional, investimentos em
capacitação e uma abordagem flexível para se adaptar a diferentes
contextos.
5.2 NECESSIDADE DE CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO
A eficácia do planejamento está diretamente relacionada à
capacitação e ao treinamento dos profissionais envolvidos nos processos de
contratação. A nova Lei de Licitações ressalta a importância do
desenvolvimento contínuo das equipes, abrangendo temas como legislação
vigente, técnicas de planejamento, gestão de riscos e ferramentas de
comunicação. A capacitação promove a expertise necessária para enfrentar
os desafios específicos da gestão pública.
5.3 ADAPTABILIDADE DO PLANEJAMENTO A DIFERENTES REALIDADES E
CONTEXTOS
Cada contratação pública é única, apresentando desafios e
características específicas. A adaptabilidade do planejamento é essencial
para garantir que as diretrizes estabelecidas pela lei sejam aplicadas de
maneira eficaz em diferentes realidades e contextos regionais. Isso exige uma
abordagem flexível, capaz de ajustar estratégias e procedimentos para
atender às particularidades de cada situação.
CONCLUSÃO
Fica evidente que o planejamento é um pilar fundamental nas
contratações públicas, especialmente sob as diretrizes da Lei nº 14.133/2021.
A ênfase na ampla competição, cronograma anual, gestão de riscos e
envolvimento de stakeholders reflete a necessidade de modernização e
aprimoramento nos processos de licitação.
Reitera-se que, na Lei nº 14.133/2021, “a ideia é que as contratações
deixem de ser pensadas como meros modos de satisfação pontual de
necessidades públicas e passem ser enxergadas e compreendidas dentro de
10
uma estratégia maior, capaz de capturar eficiências em favor da
Administração e da sociedade”. 13
A importância do planejamento transcende a mera conformidade
legal, representando uma estratégia essencial para a eficiência,
transparência e eficácia na gestão dos recursos públicos. A perspectiva para
o futuro aponta para a contínua evolução dessas práticas, com possíveis
ajustes na legislação para atender às demandas dinâmicas do ambiente de
contratações públicas. Investir no desenvolvimento e capacitação dos
profissionais, além de promover uma cultura organizacional voltada para a
excelência no planejamento, é vital para garantir o sucesso das contratações
públicas no Brasil.
13
GUIMARÃES, Bernardo Strobel; MADALENA, Luis Henrique Braga; VITA, Pedro Henrique Braz de. Fase
de planejamento e o estudo técnico preliminar da nova Lei de Licitações. Conjur. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2022-ago-28/opiniao-fase-planejamento-lei-licitacoes/ . Acesso em: 22 jan.
2024.
11
REFERÊNCIAS
ALVES, Paulo. Integrantes da Administração Pública podem ter dificuldades
se não “abraçarem” à governança. Rede Governança Brasil. Disponível em:
https://www.rgb.org.br/post/integrantes-da-
administra%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica-podem-ter-dificuldades-
se-n%C3%A3o-abra%C3%A7arem-%C3%A0-governan%C3%A7a .
Acesso em: 22 jan. 2024.
BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Brasília/DF: Presidência da
República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2021/Lei/L14133.htm. Acesso em: 22 jan. 2024.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Brasília/DF: Presidência da
República. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 22 jan.
2024.
GUIMARÃES, Bernardo Strobel; MADALENA, Luis Henrique Braga; VITA,
Pedro Henrique Braz de. Fase de planejamento e o estudo técnico preliminar
da nova Lei de Licitações. Conjur. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2022-ago-28/opiniao-fase-planejamento-lei-
licitacoes/ . Acesso em: 22 jan. 2024.
GUIMARÃES, Edgar. et al.; Coord. Maria Silvia Zanella Di Pietro. Licitações e
Contratos administrativos: Inovações da Lei 14.133. 1.ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2021.
LEONEZ, Angelina. O que é planejamento? Sollicita. Disponível em:
https://portal.sollicita.com.br/Noticia/18609 . Acesso em: 22 jan. 2024.
SANTANA, Jair Eduardo; CAMARÃO, Tatiana; CHRISPIM, Anna Carla Duarte.
Termo de Referência: o impacto da especificação do objeto e do termo de
referência na eficácia das licitações e contratos. 6. ed. Belo Horizonte: Fórum,
2020.
TCU. Relatório da TC 025.068/2013-0 que deu origem ao Acórdão nº
2.622/2015 – Plenário.
12