TÓPICOS ESPECIAIS EM ECONOMIA II
ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL: A
ESTRUTURAÇÃO DA ARQUITETURA DO SISTEMA
MUNDO NO SÉCULO XX
O Regime Dólar-Wall Street
o processo de integração dos mercados
financeiros locais - tais como os mercados de
empréstimos e financiamentos, de títulos
públicos e privados, monetário, cambial,
seguros, etc.
Isto tornou-se possível de forma sistemática e
organizada a partir do Regime Dólar-Wall
Street (RDWS). Vejamos alguns de seus
traços
O fenômeno da integração não trata apenas do
crescimento de transações financeiras com o exterior,
mas na integração dos mercados financeiros nacionais
na formação de um mercado financeiro internacional.
Para compreender este fenômeno é necessário
distinguir três aspectos distintos dessas transações.
crescimento da mobilidade da poupança, isto é, da
eficiência relativa do capital na alocação intertemporal de
recursos.
desenvolvimento de transações que implicam em
transferência de risco, isto é, da internacionalização dos
serviços financeiros.
Crescimento alavancado do volume e do valor das
transações no mercado de capitais
Mas o que são serviços financeiros e qual a natureza
de seu mercado? Um estudo recente do Grupo dos
Dez, definiu serviços financeiros como as atividades
dos Bancos Comerciais, Bancos de Investimentos,
Seguro, Gestão de Ativos.
A estes podemos acrescentar as atividades do
mercado financeiro internacional associadas a
diversificação de risco (inclusive mercados câmbial e
de derivativos), desenvolvimento e vendas de
produtos financeiros, garantia de transações
(custódias, confirmação de contratos etc).
Entre os serviços financeiros que têm crescido
aceleradamente nas últimas décadas temos as
atividades bancárias internacionais, as
operações com moedas e o mercado de
derivativos.
Desde da crise do Petróleo em 1973 observou-se
um rápido crescimento da atividade bancária
com euro moeda, estimulada pela grande
demanda por empréstimos dos países
importadores de petróleo.
O número de bancos, especialmente os norte-
americanos, com filiais no exterior também
cresceu rapidamente desde essa década.
Com a crise da dívida na década de 1980 a expansão
dos bancos através da abertura de filiais no exterior
desacelerou-se, para retomar um processo de
crescimento acelerado na década de 1990.
Esta última década foi marcada não apenas por um
grande crescimento das internacionalização de
empresas financeiras, mas também de um elevado
nível de fusões e aquisições dessas firmas nos
principais países industrializados.
Nesse sentido, o número de firmas bancárias caiu
em todos os países durante a década e a
concentração da atividade bancária, medida como
percentagem dos depósitos bancários controlados
pelos grandes bancos, cresceu continuamente.
A globalização financeira, no entanto, tem sido fonte
de grande instabilidade. O crescimento dos fluxos
financeiros internacionais e a desregulamentação dos
serviços financeiros internacionalmente vem sendo
acompanhado por crises cuja frequência vem
aumentando na última década.
Nem este crescimento, nem tampouco a instabilidade
a ele associada ocorrem por acaso isto é como
resultado exclusivo da dinâmica econômica em sim
mesma.
O colapso do sistema monetário internacional criado
na conferência monetária de Bretton-Woods em 1944,
e a ordem internacional que surgiu na década de 1970
em substituição a este sistema, explicam tais
fenômenos
O Sistema de Bretton-Woods, combinado com a política
keynesiana empreendida pelos países da Europa Ocidental
e os EUA, viabilizou que os países industrializados tivessem
entre 1948 e 1971 as maiores taxas de crescimento
econômico registradas na história econômica
contemporânea.
Entretanto na segunda metade da década de 1960 este
sistema já dava mostras de crise. Por um lado, as políticas
macroeconômicas de promoção do pleno emprego
começaram a pressionar o nível de preço de forma mais
significativa que seus efeitos sobre a taxa de desemprego.
Uma explicação para este fenômeno seria a desaceleração
da taxa de crescimento da produtividade, associada ao
esgotamento das oportunidades abertas com a tecnologia
da época, baseadas no uso intensivo de equipamentos
eletro-mecânicos, em rendimentos crescentes de escala e
na organização fordista da produção..
Entretanto, a explicação deve ser buscadas
na concepção e funcionamento do RDWS e
no manejo das políticas monetárias dos
países industrializados
Em especial no papel do centro hegemônico
em resposta aos elevados déficits da Balança
de Pagamentos , que pressionavam não
apenas a inflação mundial, mas a taxa de
câmbio dólar-ouro e na deliberada condução
do regime segundo seus interesses políticos e
econômicos
A década de 1970 foi marcada portanto por uma crise
financeira no início da década, pela primeira crise do
petróleo em 1973, e pela crise gerada pela elevação da
Taxa de Juros nos EUA a partir de 1979, primeiro nos
governos Carter e Reagan de maneira tópica e reativa,
depois nos governos Clinton de modo sistemático e
agressivo quando se pode afirmar teve inicio o regime já
sob a tutela do FMI Banco Mundial.
O fim do grande boom do pós-guerra, a partir da crise
financeira e econômica das décadas de 1970 e 1980,
acarretaram mudanças profundas na política econômica da
maioria dos países do mundo.
Inicialmente, essas transformações ocorreram primeiro nos
EUA e em seguida nos demais países desenvolvidos, com
o abandono das taxas de câmbio fixa e a progressiva
liberalização no movimento de capitais de curto prazo.
Em um segundo momento, sob a pressão da
negociação da crise da dívida externa, os países em
desenvolvimento foram também obrigados a
realizar profundas mudanças na suas políticas
econômicas e reavaliar suas estratégias de
desenvolvimento.
Em um terceiro momento os países socialistas da
Europa Oriental, em uma revolução comparável
com as ocorridas após a Primeira Guerra Mundial,
reverteram em alguns poucos anos a economia de
seus países, até então totalmente centralizadas e,
na maioria dos casos, completamente estatizadas,
em um capitalismo desorganizado e selvagem.
O quarto movimento foi a desvalorização do peso mexicano
em 1994-95, que marca a primeira crise de nova geração
latino-americana, isto é, a primeira crise latino-americana
pós-Plano Brady.
Em um sexto e dramático movimento, as economias
desenvolvimentistas da Ásia oriental entraram em crise,
encerrando um longo ciclo de crescimento acelerado.
Posteriormente, em maio de 1998, a Rússia mergulhada no
caos político e na corrupção crescente desvaloriza o rublo,
marcando a primeira crise financeira pós-socialista.
Finalmente, a crise alcança a América Latina com a
desvalorização do Real e a pressão crescente sobre o regime
de taxa de câmbio fixa argentina.
Do ponto de vista do capitalismo financeiro,
inicia-se já nos anos 60, com a internacionalização
bancária.
Criam-se o Euromercado e os mercados off-shore,
para escapar do controle americano sobre as
operações em dólar.
A liquidez internacional em dólares,
especialmente após 70, sai em busca de novos
tomadores, na forma de crédito bancário,
ensejando o processo de endividamento do
terceiro mundo
a crise do Petróleo interrompe isto apenas
temporariamente, pois em seguida os petrodólares já
tem de voltar a ser reciclados no mercado.
Anos 80: ocorre a ruptura deste sistema. O
sistema vigente, baseado em crédito bancário é
substituído pelo sistema baseado no mercado
de capitais.
Os bancos têm sua importância diminuída,
devido:
Regulamentação mais rígida
Elevação do grau de risco e incerteza associado a
perdas em operações junto a devedores duvidosos. A
percepção do maior risco dos bancos pelos agentes
fez com que se retraíssem os fundings dos bancos -
Crise de Desconfiança
Percepção de conjuntura favorável a ganhos
especulativos vis-avis senhoriagem do regime para
elevar as margens de ganhos de capitais
Este processo foi causa e efeito do estimulou o
crescimento dos Investidores Institucionais -
principalmente Fundos de Pensão, mas
também Seguradoras e Fundos de Investimento
(Fundos de Commodities, Fundos de Ações,
Fundos de Renda Fixa, etc.).
Estes Investidores possuíam grandes massas
de recursos em busca de valorização, e passam
a ser os principais emprestadores.
De outro lado, a obtenção de recursos pelas
empresas e demais demandantes passa assim
a dar-se pela colocação de Títulos de Dívida.
Há assim o processo de Securitização das
dívidas, em que o risco é repartido entre os
investidores, e o desenvolvimento de Mercados
Secundários para viabilizar a liquidez dos títulos
e seus valores relativamente a seus riscos.
Os próprios bancos alteraram sua atuação, cada
vez mais sendo administradores de carteiras.
O processo de securitização trouxe profunda
flexibilização tanto para os tomadores como
para os aplicadores de recursos.
Isso tudo foi possível por ser acompanhado por:
as inovações tecnológicas em comunicação e informática
inovações financeiras
liberalização financeira
Com a internacionalização e aumento dos riscos nestes
mercados, surgem os mercados de derivativos,
operações cuja movimentação de preços de um
mercado específico é determinada pela
movimentação de preços em outros mercados
(mercados futuros, swaps de câmbio e juros, etc.)
Isso tudo proporcionou um aumento sem precedentes
do volume dos fluxos internacionais de capital.
A Liberalização Financeira constituirá a nova forma
de captação de recursos do exterior, por meio de:
Lançamento de Títulos no exterior
Lançamento de Ações das Empresas no exterior
Investimento direto e na bolsa
O tratamento da crise da dívida externa foi
encaminhado com o processo de Securitização:
- em um primeiro momento, os bancos rolaram as dívidas
dos países devedores para não colocar em risco todo o
Sistema Monetário.
- depois, os bancos, o FED e O FMI impulsionaram a
transformação das dívidas passadas em títulos, enquanto
os bancos se recapitalizavam.
- as dívidas passaram a ser negociadas no mercado
secundário, com deságio. após os bancos já terem
incorporado suas perdas
Antecedentes do RDWS
administração Reagan
Dar protagonismo ao capital financeiro
internamente
Expandir e explorar o regime segundo os interesses
dos EUA
O objetivo era derrubar a inflação, desregulamentar
e reduzir impostos para os mais ricos
Mas para isso seria necessário forçar a abertura no
principais parceiros caso contrário a valorização do
dólar levaria apenas a elevação dos juros
A ideia de valorizar o dólar não era nova e foi posta
em prática ainda no governo Carter. A experiência
mostrou a equipe Reagan:
O poder imperial podia usar a a crise de dívida para
reorganizar suas relações sociais de produção e favorecer
a entrada de seu capital no mercado local (construção e
manipulação dos mercados de capitais nacionais);
Os empréstimos tradicionais eram muito rígidos e
arriscados para os emprestadores;
Uma crise financeira em um país do Sul poderia ser
lucrativa via evasão de divisas não só dele como dos
demais
O FMI e o Banco Mundial não eram instituições
ultrapassadas e descartáveis
O ajuste permitia além de receber a dívida, reduzir o preço
das importações para a industria americana, absorver ativos
Tudo baseado em regras aceitas
A Economia Política da Política
Econômica
A mudança do perfil de financiamento dentro dos EUA;
Surgimento de novas e poderosas forças no mercado
financeiro que escapavam a regulação tradicional, a industria
de fundos que rapidamente assume papel central no
fornecimento de crédito no país
Inovações financeiras
Tanto o setores produtivos, quanto os trabalhadores além do
restante do sistema financeiro passaram a ter seu crédito e
poupança atrelado a variação dos preços dos títulos
Crescimento exponencial do Intercâmbio internacional.
TODOS os principais participantes do mercado interno
americano passaram a manter profundos laços em negócios
internacionais
Por que o Estado e as demais forças econômicas e
políticas não reagiram?
Estado,
porque as próprias instancias máximas de
regulação eram dominadas por operadores
(especuladores) do mercado de capitais (Robert
Rubin, Alan Greenspan, James Baker III)
Crescimento da participação no financiamento
eleitoral
Corporações em função da cartelização e do
surgimento e amadurecimento das AS’s
Trabalhadores, através do direcionamento
de suas pensões, aposentadorias, planos de
saúde, poupança e salários para os mercados
de títulos