O Futsal Como Meio de Interação Social Nas Aulas de Educação Física de 6º E 7º Ano em Uma Escola de Altamira - Pa
O Futsal Como Meio de Interação Social Nas Aulas de Educação Física de 6º E 7º Ano em Uma Escola de Altamira - Pa
Carlos Alberto Ferreira Júnior1, Igor Moura Oliveira1, Gileno Edu Lameira de Melo1, José
Robertto Zaffalon Júnior1 e Jorge Farias de Oliveira2
RESUMO
Este estudo tem como temática o futsal como meio de socialização, com o objetivo de analisar
como o futsal pode contribuir na interação social dos alunos nas aulas de educação física, a
partir de uma pesquisa de campo que trata de um relato de experiência sobre a vivência dos
pesquisadores com duas turmas do ensino fundamental de uma escola pública do município
de Altamira - PA, mais precisamente as turmas de 6º e 7º ano, participaram dessa pesquisa 22
alunos de ambos os gêneros, sendo 11 masculinos e 11 femininos e dois professores de
educação física. Para a coleta de dados foram elaborados dois questionários, um para alunos e
outro para os professores, com 5 e/ ou 10 perguntas abertas respectivamente. Através da
pesquisa, percebemos que o futsal quando trabalhado com caráter lúdico e de cooperação,
contribui na interação social dos alunos dentro e fora do âmbito escolar. Assim como,
verificamos uma necessidade de ampliar pesquisas sobre esse assunto que acaba ficando de
lado pelos acadêmicos da área, como existem poucas pesquisas voltadas à interação social no
futsal, pois grande parte dos estudos exploram o lado do rendimento e o meio de competição
desse esporte, deixando de enfatizá-lo como uma ferramenta de integração e socialização,
tornando assim os futuros cidadãos pessoas mais competitivas e menos interativas, sem o
respeito mútuo, a coletividade, entre outros aspectos socializadores.
1
Universidade do Estado do Pará (UEPA).
2
Universidade do Estado do Pará (UEPA). E-mail: [email protected]
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
A educação física escolar está ligada ao esporte, e é quase impossível pensá-la fora
desse contexto, pois tem como principal objetivo entre ambos, a socialização dos alunos,
trabalhada de forma mais maleável através do uso dos esportes, visto que muitas vezes se tem
uma pressão muito grande sobre os alunos quando se trata em obtenção de resultados.
Segundo Prado (2015) a educação física escolar não deve ser desagregada do esporte, pois
seus objetivos estão relacionados com a socialização e a integração, e de fato o esporte pode
proporcionar isso.
O professor de educação física deve levar conteúdo que busque o lúdico, a interação
socioafetiva dos alunos e faça com que eles sempre tenham interesse de participar das aulas,
sem que haja um ensino forçado de conteúdos com que os alunos não estão familiarizados no
seu cotidiano fora do âmbito escolar. Prado (2015) discorre que o ensino forçado de
conteúdos que os alunos não conseguem compreender causa desconforto e infelicidade ao
longo da metodologia de aprendizagem e o docente deve ficar atento para não diminuir a
incitação do aluno por esta disciplina.
Como o professor é um dos principais responsáveis por trazer vivências lúdicas às
suas aulas, fazendo com que os alunos percebam que a cultura no qual eles estão ligados está
relacionada com as experiências que se tem na escola e vice-versa. Biazotto (2014) afirma que
com o brincar as crianças podem desenvolver valores, princípios e regras que levarão para
fora do âmbito escolar, daí urge a necessidade do professor buscar por essas brincadeiras
lúdicas, para que o aluno já tenha uma visão de que aquilo que aprende na escola servirá para
seu cotidiano social.
É evidente que o esporte não possui só o seu lado lúdico e cooperativo, também tem o
lado competitivo e que muitas vezes influência de forma grandiosa os alunos, desligando do
seu lado social. A Educação Física escolar tem uma influência muito grande do esporte
competitivo, esse esporte vem sofrendo transformações em seu conceito, onde essas
mudanças influenciam diretamente na interação social nas aulas de educação física (PRADO,
2015).
Por conta dessa influência negativa que o esporte da escola vem passando ao longo do
tempo, é papel do professor buscar meios e fazer com que sua aula seja inclusiva, que traga o
aluno a participar de forma prazerosa. Prado (2015, p. 2) diz que, “o ensino da Educação
Física deve observar os aspectos negativos da supervalorização do esporte competitivo e das
correntes históricas da Educação Física brasileira, [...] que se mostraram exclusivistas e nada
democráticas”.
Mas por outro lado, a educação física escolar tem grande importância na sociedade, e
em todos os anos da educação básica, é através dessa disciplina que o aluno irá conhecer o seu
corpo como forma de expressão e seus limites corporais. Zunino (apud MIQUELIN et al.,
2014, p. 3) dizem que “a Educação Física é uma das formas mais eficientes pela qual o
indivíduo pode interagir e, também é uma ferramenta relevante para a aquisição e
aprimoramento de novas habilidades motoras e psicomotoras”.
Contudo, é no ensino infantil que o aluno aprende a correr, saltar e muitas outras ações
que ajudarão no desenvolvimento motor, portanto, é na praticidade da Educação Física que
surgem os aperfeiçoamentos ao longo dos anos escolares. Miquelin et al., (2014, p. 8)
afirmam que “as atividades motoras são indiscutivelmente de grande importância na
educação, pois elas ajudarão as crianças a interagirem com o mundo que as cercam e, essas
crianças serão participativas e sociáveis nas mais diversificadas práticas corporais”.
Mesmo com tamanha importância, a disciplina é claramente desvalorizada pela
sociedade, pois é identificada apenas como uma simples forma de brincar, nas próprias
escolas é vista como inferior às outras matérias, assim como também, pelos próprios
educadores físicos que não buscam colaborar para uma visão diferente. Prado (2015) cita que
a especialidade da educação física está sendo excluída das propostas pedagógicas de algumas
escolas, alguns profissionais contribuem para isso concordando que se deva dar mais atenção
para as matérias formais, como a matemática.
É de fato que a Educação Física escolar tem uma grande importância no
desenvolvimento e na interação social dos alunos, desde a iniciação no ensino infantil até sua
vida adulta, incluindo a docência do futsal no âmbito escolar que pode contribuir na interação
social dos alunos através de atividades lúdicas.
O presente estudo caracteriza-se quanto aos fins, como uma pesquisa de campo, no
qual Gil (2008, p.57) diz que “[...] estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de
sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação de seus componentes”, de caráter
exploratório, com o objetivo de esclarecer e desenvolver hipóteses, modificar alguns
conceitos, entre outros; tendo em vista uma formulação de problemas que seja mais preciso.
Esse tipo de pesquisa é escolhido de forma com que o tema seja pouco explorado, assim
fazendo com que possamos investigar mais sobre. (GIL, 2008).
Ela discorreu a partir da abordagem qualitativa, assim os pesquisadores buscaram
diminuir distâncias entre a teoria e os dados obtidos. De fato, é através da pesquisa qualitativa
que o investigador tenta obter de uma forma mais profunda a compreensão do contexto da
situação (TEIXEIRA, 2014).
A pesquisa foi realizada em uma escola de ensino público da cidade de Altamira-PA,
com a participação dos alunos de duas turmas do ensino fundamental anos finais,
matriculados na instituição de ensino, e professores de Educação Física, os participantes
foram identificados na pesquisa por letras, exemplo: aluno A; aluno B; Professor A; professor
B. Continuamente, os dados foram coletados através de duas entrevistas, sendo uma para os
alunos e outra para os professores. Inicialmente, observamos as aulas, como afirmam Lakatos
e Marconi (2003, p. 190) sobre a observação “não consiste apenas em ver e ouvir, mas
também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar”.
Posteriormente, realizamos um torneio intervalar no início e final das coletas de dados
para observarmos como os alunos agem com a prática do esporte e obtivemos dados da
conduta dos discentes com o decorrer do torneio, entre os dois torneios aplicamos atividades
ligadas ao futsal de caráter lúdico, cooperativo e coletivo, com o objetivo de analisarmos
como seria o comportamento dos alunos durante a aplicação das atividades e no torneio final.
Em seguida, aplicamos uma entrevista, pois assim interagiríamos melhor com os
pesquisados, que segundo Gil (2008, p. 109) “é uma forma de interação social. Mais
especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar
dados e a outra se apresenta como fonte de informação”, sendo utilizada uma entrevista
estruturada com perguntas prontas, preparadas antes da intervenção com o professor e o autor
não pode modificar as perguntas. Marconi e Lakatos (2003, p. 197) dizem que “o pesquisador
não é livre para adaptar suas perguntas a determinada situação, de alterar a ordem dos tópicos
ou de fazer outras perguntas”. Completando, falando que “as perguntas feitas ao indivíduo são
predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um formulário elaborado”.
Além disso, a análise se dará através da ideo-central que é uma modalidade de análise
temática que visa evidenciar ideias centrais ou ideias-chave dos discursos. Ao final da análise,
essas ideias-chaves são reunidas e reorganizadas em outros núcleos de sentidos (TEIXEIRA,
2010 apud FERREIRA, 2017).
A esse respeito, os dados foram apresentados através de gráficos, embasados nas
respostas obtidas das entrevistas com os alunos. A pesquisa seguiu todos os aspectos éticos
conforme a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), aprovada no Comitê de
Ética da Universidade do Estado do Pará Campus XII Santarém, e está registrada sob o
CAAE n° 94896218.5.0000.5168.
Sob tal ótica, discorreremos sobre a experiência vivida durante a coleta de dados na
escola participante, juntamente com os alunos que foram os principais públicos alvo da
pesquisa, apontaremos em cada parágrafo decorrente as informações do dia - a - dia da
pesquisa de campo, sob o olhar dos pesquisadores.
No primeiro momento, entregamos os termos de consentimento para os alunos, pais e
professores de educação física, consequentemente realizamos a fase de observação,
reconhecimento e adaptação ao espaço, onde tivemos uma noção geral do comportamento dos
alunos na rotina das aulas e sentimos como seria a aceitação deles com nossa presença. De
fato e notório, os alunos ficaram desconfortáveis com a presença dos pesquisadores, por
sermos pessoas estranhas à realidade deles, e que levariam uma proposta de atividade
diferente, todavia, buscamos aproximação para conversarmos, apresentarmos e explicarmos o
objetivo do trabalho e o que iríamos realizar com os sujeitos participantes, além de fazermos a
observação sobre o comportamento deles, de tal maneira tivemos a noção de como o
professor passava o esporte durante as aulas e a modalidade desenvolvida, é útil citar que o
estado físico da quadra onde aconteciam as aulas estavam boas, porém, os matérias que
tinham era apenas uma bola de futsal e poucos cones, isso evidentemente limita a aula do
professor, fazendo com que ele fique restrito a passar atividades que um aluno possa utilizar a
bola por vez, ou alguma outra atividade que se limite a utilizar poucos materiais, até mesmo
nenhum tipo. Outro fator importante e que mais nos chamou a atenção de forma negativa, é
que os alunos não utilizavam uniformes ou roupas adequadas para as atividades físicas,
trajando normalmente roupas jeans e o pior, a falta de um calçado para a prática esportiva, ou
seja, fora das condições padrões ideais, podendo acarretar algum tipo de prejuízo com a saúde
pela falta de segurança. Sob tal perspectiva, a forma errada da vestimenta pode intervir
negativamente caso a roupa seja diferente com o esporte a que esteja sendo praticado, tendo
em mérito que a forma correta de se vestir em cada modalidade além de ser confortável,
colabora com o retardamento da fadiga, assim fazendo com que o atleta ou aluno no caso,
possa sim a ter um melhor rendimento no jogo proposto (TITON, 2012).
No segundo momento realizamos um torneio entre os alunos, com o objetivo de
analisar como eles se comportavam diante de uma situação de jogo, observando sempre o
tratamento com o outro, empurrões, agressões verbais, entre outras situações que geralmente
ocorrem durante o futsal de competição, foi oportuno realizarmos este torneio inicial para
posteriormente avaliar o comportamento dos discentes no torneio final, sobre essa questão
citaremos mais adiante, ademais, as equipes no total de quatro foram formadas aleatoriamente
na quadra, adotamos uma coluna para separá-los, saindo um por vez, cada um ia para o lado
indicado pelos pesquisadores, notamos a insatisfação de alguns participantes por não terem
ficado no time desejado, a qual era do seu amigo, um que ele se familiarize melhor ou tivesse
maior afinidade como foi mencionado pelos participantes, falas como a do Aluno H que diz:
“se eu não for naquele time eu não vou jogar” e para o nosso espanto, a insatisfação maior foi
do público feminino, como o caso da Aluna D que ameaçou não jogar por não estar no time
desejado.
É oportuno mencionar que, durante o torneio realizado no espaço escolar, onde se
subentende que as atitudes provavelmente atendem um teor significante de educação, os
professores não demonstravam qualquer tipo de reação para advertir os alunos em relação aos
palavrões, e foi proposto pelos pesquisadores punir os alunos que desrespeitarem os demais
com qualquer tipo de ofensa, sendo uma forma de restringir as brigas que poderiam ocorrer,
observamos um grande número de “palavrões”, tanto aferido pelos meninos quanto pelas
meninas, como punição foi dado cartão amarelo aos que cometiam faltas muito duras e
advertências de exclusão do jogo por dois minutos, como diz a regra do futsal e uma
adaptação do handebol, para que eles pudessem entender como pode se usar o jogo limpo em
competições dentro e fora da escola, minimizando as ofensas e com isso destacar o respeito
mútuo entre eles, em face disso utilizamos como meio de punir e mostrar o lado ruim desse
ato.
Consequentemente, no terceiro momento passamos aos alunos um leque de atividades
que tinham como objetivo a interação e a cooperação, tais como: a brincadeira dos números,
vista por nós como um aspecto satisfatório dos alunos, porém, como já era previsto, alguns
alunos se restringiram a participar inicialmente da brincadeira, por não terem tanta
familiaridade com a atividade e pelo fato da brincadeira trazer o abraço no seu
desenvolvimento, mas isso foi ficando de lado e a participação deles ocorreu de forma
satisfatória, também foi passado o futsal em dupla para os participantes se sentirem à vontade
em convidar para sua dupla quem eles tinham mais afinidade, ficando a livre a escolha,
notamos que sempre formavam os pares pelo mesmo critério, a amizade. Foram utilizadas
também brincadeiras, como o bobinho em dupla, no qual sempre tinham duas pessoas se
ajudando com a mesma finalidade, interceptar o passe dos outros alunos para assim deixar de
ser o bobo, nessa brincadeira tanto o público masculino quanto o feminino se adequaram
rapidamente no que foi passado, de fato, sem nenhum problema, a brincadeira atingiu o
objetivo nos dois públicos.
Durante os momentos das brincadeiras sempre repassamos o intuito delas, alcançar o
jogo limpo, o chamado “fair play”, porque é importante dentro e fora do âmbito escolar
propiciar a formação do caráter do cidadão, então, no decorrer da aula até o término cobramos
o jogo limpo e a cada vez que um aluno xingava ou passava dos limites, como regra imposta
antecipadamente a eles quem cometia infrações daria uma volta correndo na quadra, como
punição aos seus atos antidesportivos. No final de cada dia das brincadeiras os alunos
jogavam o futsal propriamente dito, obedecendo os procedimentos e as regras da modalidade.
No começo percebemos uma mudança no modo que iam marcar e tentar tomar a bola dos
adversários com mais cautela para não machucar e os palavrões que eram ditos em grande
escala no início foram diminuindo com o passar das brincadeiras e atividades propostas, ficou
claro que o uso das palavras inadequadas era comum na rotina das aulas, mas com o passar
dos dias começaram a diminuir, chegando a não mais utilizarem, fato que amenizou a
discussão de alguns alunos, principalmente os meninos que começaram a se respeitar mais no
decorrer das aulas, deixando de falar palavrões um para o outro, passando a entender que o
esporte pode ser praticado com respeito mútuo.
Após o término da intervenção por meio das atividades lúdicas e brincadeiras,
aplicamos novamente o torneio com os participantes da pesquisa, neste momento a divisão
dos times realizou-se através de sorteio, ocorrido da seguinte maneira: os pesquisadores
levaram números de 1 a 5, cada número representava a formação de um time com uma mesma
quantidade de participantes, assim como, também observamos que diminuiu
significativamente o número de alunos que reclamavam em relação a formação das equipes
para os respectivos jogos em comparação ao primeiro torneio, esse resultado deu-se após
semanas de atividades lúdicas que buscaram a socialização e a inclusão de todos. Durante a
competição dos jogos era possível perceber um respeito muito maior por parte dos discentes
com todos os que estavam envolvidos com o torneio, os alunos antes do jogo já mantinham
um respeito, fato percebido pela ausência de palavrões e das chacotas que faziam uns com os
outros, tendo casos que os próprios alunos se policiavam para não estarem cometendo esse
tipo de infração, como aconteceu com o Aluno N que falou “não xinga se não perderemos a
partida”, já que uma das regras do torneio era a proibição dos palavrões e de certa forma eles
ficariam desfalcados e facilitaria a partida para o outro time, situação que era frequente nas
primeiras aulas, mas as regras do jogo “fair play” continuaram durante as competições, mas
um outro fato inusitado e positivo foi a não ocorrência das divergências e da falta de respeito
antes e nem durante o intervalo dos jogos. Resultado esse que gerou uma queda
consideravelmente excelente ao número de cartões. O torneio final foi de bom proveito e de
grande aceitação por parte dos alunos e professores da instituição palco da pesquisa, pois
perceberam que o esporte pode ser praticado com limites que levem o respeito como base de
integração social e escolar.
Sendo assim, no último dia de coleta realizamos a entrevista com os alunos e
professores, cujo os dados serão apresentados posteriormente, para o marco positivo do nosso
objetivo muitos alunos responderam que o futsal ajuda na interação social.
Essa pesquisa teve como público alvo 22 alunos de ambos os sexos, sendo 11 meninos
e 11 meninas, das turmas de 6º e 7º ano de uma determinada escola no município de Altamira-
PA, buscamos com este presente trabalho analisar como o futsal pode contribuir para a
integração social nas aulas de educação física, foram feitas uma amostragem por saturação,
que apontaram um número elevado de respostas iguais dada para uma determinada pergunta,
isso ocorreu devido a muitas vezes não terem ocorrido as aulas de educação física na escola,
por várias situações, o que de certa forma atrapalhou o desenvolver da pesquisa de campo.
Gráfico 2 – Quando tem a divisão do time você escolhe seus amigos que jogam sempre
juntos?
Fonte: Pesquisa de campo 2018.
Já dentro desse viés, as respostas dos alunos é relativamente expressiva, porque eles
preferem e têm mais interesse em praticar o futsal nas aulas quando estão com seus amigos na
mesma equipe, como expõe o aluno A ao afirmar que: tenho preferência em jogar com os
amigos. No estudo de Macagnan e Betti (2014) discorrem que os alunos mostram um
interesse maior praticando o futsal do lado de seus amigos, alegando que há vibrações
maiores no sentido do esporte fazer bem. Mas já na fala de outro aluno que traz como
resposta: tanto faz um ou outro, podemos notar que ele tenta interagir com todos da turma,
sem que haja uma exclusão, ou seja, está disposto a jogar independente de quem sejam os
companheiros. E, é dentro dessa visão que o professor deve trabalhar, no estudo de Santos et
al. (2010) ele mostra que o professor tem suma importância para que se tenha uma
socialização de todos na turma, onde diz que os jogos que permitam aos alunos uma maior
socialização com a turma devem acontecer sempre nas aulas.
Gráfico 3 – A sua relação com a turma melhorou com a prática do futsal nas aulas de
educação física?
Aqui grande parte dos participantes apontaram que houve uma melhora na relação dos
alunos através do uso do futsal. Podemos perceber isso na fala do aluno Q: “melhorou, antes
eu não me dava bem com algumas pessoas da turma”, no estudo sobre a Influência do futsal
nas aulas de Educação Física Escolar, Pinto (2017) apresenta que é notável o aumento da
afetividade dos alunos ao final da intervenção, tendo em vista que nas primeiras aulas os
alunos tinham seus grupos formados para jogar. O jogo de futsal quando realizado de forma
coletiva por equipes, pode proporciona de forma clara aos alunos a interação num ambiente
saudável (HAAS, 2013).
Nesse ponto, quando perguntamos se eles fizeram amigos fora da escola com o uso do
esporte, o Aluno R responde que: sim, fiz mais amigos na rua do que na escola. O esporte
futsal passado nas escolas é diferente do que é passado nas ruas, o da escola com mais regras
e o da rua livre no quais ambos buscam o mesmo objetivo, os valores como exemplo a
cooperatividade, trabalho em equipe entre outros (MELO, 2013), e isso acaba fazendo com
que se sintam mais à vontade para jogar e interagir.
A partir deste ponto serão relatados e apresentados os dados obtidos através das
entrevistas com os professores, onde duas perguntas se mostraram bem relevantes para a
pesquisa. Dentro dessa perspectiva, entrevistamos os dois professores de educação física da
escola palco da pesquisa. Onde na pergunta “Como você acha que o futsal deve ser
trabalhado de forma que contribua para a interação social dos alunos nas aulas de
educação física?” o professor A relata que: “o futsal é o esporte mais adorado pelos alunos.
Ele pode ser trabalhado de forma lúdica fazendo com que todos os alunos se envolvam nas
atividades, mostrando que o trabalho em equipe é de fundamental importância para a
interação entre alunos”. Já o professor B diz: “Olha, sempre eu trabalho com jogos,
brincadeiras e gosto também de trabalhar muito com educativo e também gosto de trazer a
experiência deles, como vocês viram o chute de fulano, sempre cito o nome de jogador
famoso, ai como eles gostam muito de futsal, estão sempre assistindo jogo e sempre
interagindo sobre”.
O futsal é um dos esportes que os alunos têm com maior vivência na sua realidade,
tanto nas escolas, nas ruas como também através da mídia, podendo ser um esporte motivador
para que o professor possa passar suas aulas de forma lúdica assim dinamizando a sua prática
a partir do conhecimento sobre o aluno (MELO, 2013).
Na pergunta seguinte para os professores, indagamos se achavam que o futsal
influência na convivência dos alunos dentro e fora do âmbito escolar, o Professor A afirma
que: “sim, pois através deste esporte se fazem grandes amizades, me uso como exemplo, as
maiorias das amizades que fiz até hoje foi através deste esporte”, já o Professor B foi:
“acredito que sim, com certeza avalio de forma positiva”.
Nesse modo salientamos, a prática da modalidade acaba desenvolvendo valores como
a cooperação e tem aspectos que ligam com o cotidiano por variadas situações, se tornando
um meio de desenvolvimento social tanto dentro como fora da escola, dando ao indivíduo
determinados meios de vivências (ANCHIETA, 2010).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, o futsal é uma modalidade muito praticada nas escolas, sendo um dos
esportes mais amados pelos alunos que gera um aspecto socializador por ser trabalhado em
equipes e por poder ser praticado tanto fora como dentro do âmbito escolar. No começo da
pesquisa sentimos um certo receio da parte dos alunos com a presença dos pesquisadores, que
ao longo das aulas foi diminuindo com a ajuda dos professores da escola que estimularam os
alunos a estarem participando e colaborando no desenvolvimento das aulas de forma indireta.
De outro modo, o futsal escolar é aplicado diferente do esporte em si que conhecemos nas
competições, primeiramente, é introduzido sem muitas regras e assim acrescentando-as
gradativamente, para que os alunos se familiarizem com o esporte e aprendam a respeitar
regras, levando esses ensinamentos para a sociedade que estão inseridos.
Durante a pesquisa percebemos que o futsal contribui para uma melhor interação dos
seus participantes quando passado com o intuito de socializar e buscar o trabalho em equipe.
Notamos também um grande retorno entre os alunos que entenderam o quanto que o futsal
coopera na interação social. Notamos na pesquisa que muitos alunos mudaram as suas
atitudes comportamentais e na forma de tratamento com os demais colegas, assim como
atentamos isso como grande relato de experiência, onde ocorreu uma grande queda no número
de palavrões e insultos.
Assim, utilizamos o futsal de forma mais lúdica e cooperativa, minimizando no
máximo a competição, portanto, concluímos que o futsal quando ministrado de forma que
vise menos o lado competitivo contribui para uma melhor socialização entre alunos, e entre
professores e alunos. Nessa perspectiva, vale ressaltar que cabe ao professor de educação
física levar o esporte futsal como meio de interação social, buscando no aluno a melhor forma
de socializar não só com a turma, mas também, em diversos meios sociais que estarão
inseridos, usando do respeito, da coletividade e cooperação entre outros princípios.
Contudo, ao final da pesquisa percebemos uma necessidade de explorar a importância
dessa modalidade esportiva que o futsal exerce como agente socializador, então essa pesquisa
buscar suprir e mostrar para os leitores a importância de se pesquisar em prol disso, tendo em
vista que ainda são poucos os estudos envolvendo o futsal como uma ferramenta interativa,
eliminando dos futuros cidadãos, verdadeiras pessoas que saibam usar do respeito mútuo e da
coletividade, entre outros aspectos socializadores que uma pratica esportiva conhecida por
futsal traz.
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