O princípio da Clinica Psicanalítica e suas Técnicas
Ana Beatriz Falcão Rodrigues1
Lucas Barros Loura2
Martha Sofhya Gurjão3
UNAMA – Universidadade da Amazônia
RESUMO
O artigo "Sobre o Início do Tratamento" (1913), de Sigmund Freud, é um texto
técnico que aborda as orientações e técnicas fundamentais para o começo de uma análise
psicanalítica. Freud explora como as primeiras sessões são decisivas para estabelecer o
vínculo terapêutico e definir o "setting" analítico, onde o inconsciente do paciente pode se
manifestar. Ele introduz a regra fundamental da livre associação, incentivando o paciente a
falar livremente e sem autocensura, como um caminho para acessar conteúdos
inconscientes. Freud também discute a importância da transferência, na qual o paciente
projeta sentimentos e expectativas em relação ao analista, um fenômeno essencial para a
análise, pois permite que conflitos reprimidos se expressem na relação terapêutica. Ele
alerta sobre a resistência, as defesas inconscientes que podem surgir e que devem ser
abordadas com paciência, pois são parte fundamental do tratamento.
Palavras-chave: Início do tratamento, Transferência, Livre associação.
ABSTRACT
The article "On the Beginning of Treatment" (1913), by Sigmund Freud, is a
technical text that addresses the fundamental guidelines and techniques for the beginning
of a psychoanalytic analysis. Freud explores how the first sessions are decisive to establish
the therapeutic bond and define the analytical setting, where the patient's unconscious can
manifest itself. It introduces the fundamental rule of free association, encouraging the
patient to speak freely and without self-censorship, as a way to access unconscious content.
Freud also discusses the importance of transference, in which the patient projects feelings
and expectations in relation to the analyst, an essential phenomenon for analysis, as it
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Graduando de Psicologia
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allows repressed conflicts to be expressed in the therapeutic relationship. He warns about
resistance, the unconscious defenses that can arise and that must be addressed with
patience, as they are a fundamental part of the treatment.
Keywords: Beginning of treatment, Transfer, Free association.
1 INTRODUÇAO
O início do tratamento psicanalítico é um momento crucial para estabelecer as bases
da análise, pois é nas primeiras sessões que se forma o vínculo terapêutico e se estruturam
as condições para que o inconsciente do paciente possa se manifestar. Esse processo
inicial, cuidadosamente abordado por Freud e por psicanalistas posteriores, envolve uma
série de técnicas e orientações que visam criar um ambiente seguro e propício para a livre
associação, permitindo que o paciente expresse pensamentos, sentimentos e conflitos de
maneira espontânea.
Freud, em seu artigo "Sobre o Início do Tratamento" (1913), delineia passos práticos
e técnicos fundamentais para o início de uma análise. Ele introduz conceitos como a
transferência, a relação emocional que o paciente desenvolve com o analista, e a
resistência, os obstáculos que podem surgir conforme o paciente começa a explorar temas
inconscientes. O analista, por sua vez, deve adotar uma postura de neutralidade
benevolente, mantendo-se como um "espelho" que reflete os conteúdos do paciente sem
interferir diretamente, e evitar fornecer conselhos ou interpretações apressadas.
No início do tratamento, é também onde o analista apresenta a regra fundamental da
análise, incentivando o paciente a falar livremente, sem autocensura. Esse convite é
essencial para acessar o inconsciente e permitir que o fluxo de ideias e associações revele
aspectos ocultos e reprimidos do psiquismo. A postura do analista, que inclui uma escuta
atenta e flutuante, facilita esse processo, pois o paciente se sente incentivado a
compartilhar e, ao mesmo tempo, a explorar áreas de sua vida que talvez ainda não tenha
confrontado.
Além dos aspectos técnicos, há também questões éticas e práticas, como a definição
do pagamento e da frequência das sessões. Esses elementos, aparentemente secundários,
são importantes para estabelecer o compromisso do paciente com a análise e para garantir
que o processo ocorra dentro de um enquadramento claro e seguro. Assim, o início do
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tratamento psicanalítico representa não apenas o primeiro passo em direção ao
autoconhecimento, mas também a construção de um espaço terapêutico onde o paciente
pode, aos poucos, encontrar novas maneiras de lidar com seus conflitos e promover
mudanças profundas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
No desenvolvimento do tratamento psicanalítico, a relação entre paciente e analista é
fundamental. Desde o início, o paciente tende a projetar no analista sentimentos e padrões
emocionais que experimentou em relações passadas, especialmente na infância. Esse
fenômeno da transferência permite que a paciente reviva conflitos inconscientes, tornando-
os acessíveis para análise e ressignificação. Essa projeção é vital, pois o analista pode, aos
poucos, ajudar o paciente a perceber esses padrões repetitivos, promovendo uma
compreensão mais profunda de si mesmo.
À medida que essa relação se aprofunda, surgem também as resistências, que são
defesas inconscientes contra temas dolorosos ou difíceis de acessar. Muitas vezes, o
paciente evita certos temas, muda de assunto ou até esquece detalhes importantes. O
analista observa essas resistências e as interpreta, ajudando o paciente a entender como
esses bloqueios influenciam seu comportamento e suas emoções. Esse trabalho com as
resistências é essencial para que o paciente consiga abordar conteúdos reprimidos e
compreenda seus próprios mecanismos de defesa.
Para que esses processos ocorram de forma segura, a postura neutra do analista é
fundamental. Ele adota uma posição de escuta atenta, sem interferir diretamente, para que
o paciente tenha um espaço livre de julgamentos e influências. Isso permite que as
projeções inconscientes do paciente aflorem, possibilitando um mergulho autêntico nas
próprias emoções. Esse ambiente neutro, chamado setting analítico, é um espaço estável e
regular, onde o paciente pode abordar questões íntimas com segurança e constância. Essa
estrutura de segurança é o que permite que o processo analítico se sustente ao longo do
tempo.
Conforme as sessões avançam, o analista interpreta conteúdos inconscientes (sonhos,
fantasias e lapsos) que revelam desejos, medos e conflitos reprimidos. Essas interpretações
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ajudam o paciente a conectar essas revelações com seu mundo interno, facilitando insights
importantes sobre si mesmo. Com o tempo, o paciente desenvolve uma maior compreensão
de seus padrões e encontra formas mais saudáveis de lidar com suas emoções e conflitos.
No final do tratamento, o objetivo é que o paciente tenha alcançado um
autoconhecimento profundo e transformador. Ele passa a identificar e integrar aspectos
reprimidos de sua personalidade, desenvolvendo uma maior autonomia emocional. Esse
crescimento permite que ele construa relações mais autênticas e equilibradas, e encontre
liberdade para fazer escolhas mais conscientes em sua vida. A análise psicanalítica, assim,
não só alivia sintomas, mas oferece uma experiência de crescimento pessoal e emocional
que se reflete em toda a sua maneira de ser e viver.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluir o tratamento psicanalítico é um processo tão delicado e complexo quanto o
início e o desenvolvimento da análise. Ao longo do tratamento, o paciente passa por
diversas fases que envolvem o fortalecimento da transferência, a superação de resistências
e o desenvolvimento de insights significativos sobre seu inconsciente. Na fase final, o
objetivo é consolidar as mudanças internas e promover uma autonomia cada vez maior do
paciente, permitindo que ele enfrente seus conflitos sem a necessidade constante de suporte
analítico.
A análise psicanalítica, desde suas etapas iniciais até a conclusão, oferece uma
oportunidade única para o paciente integrar aspectos reprimidos e inconscientes de sua
personalidade, promovendo uma transformação profunda na maneira como ele se percebe e
se relaciona com o mundo. Esse processo não se resume a aliviar sintomas, mas busca uma
mudança estrutural e duradoura, permitindo ao paciente viver com mais liberdade,
autenticidade e compreensão sobre si mesmo.
Assim, o fim do tratamento representa não um encerramento definitivo, mas uma
nova etapa, em que o paciente é capaz de enfrentar e elaborar seus conflitos de forma
independente. O analista, por sua vez, oferece ao paciente o suporte necessário para a
separação gradual, marcando o término do tratamento como uma conquista de autonomia e
crescimento pessoal. Com isso, a psicanálise se consolida como uma jornada de
autoconhecimento e transformação, cujos efeitos podem se estender muito além do tempo
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de tratamento, influenciando positivamente a vida do paciente de maneira duradoura e
significativa.
REFERENCIAS
APARATOS CRÍTICOS ESTRANGEIROS
LAPLANCHE, J. (Ed.). Œuvres complètes de Freud. Paris: PUF, 1988-2016.
(Notices, notes et variantes de Alain Rauzy).
STRACHEY, J. Apparatus. In: The Standard Edition of the Complete Psychological
Works of Sigmund Freud. Translated from the German under the General
Editorship of James Strachey. Londres, 1956-1974.