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Aula 4

A aula aborda a técnica de audiências trabalhistas, destacando a publicidade, horário, duração e local das audiências conforme a CLT. Também discute a importância da presença do juiz, partes e testemunhas, além das consequências da ausência, como arquivamento de reclamações e revelia. O documento detalha ainda as regras para a representação das partes e a condução dos trabalhos pelo juiz.
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A aula aborda a técnica de audiências trabalhistas, destacando a publicidade, horário, duração e local das audiências conforme a CLT. Também discute a importância da presença do juiz, partes e testemunhas, além das consequências da ausência, como arquivamento de reclamações e revelia. O documento detalha ainda as regras para a representação das partes e a condução dos trabalhos pelo juiz.
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TÉCNICA DE AUDIÊNCIAS

AULA 4

Prof. Ronald Silka de Almeida


CONVERSA INICIAL

Nesta etapa, são abordados os principais tópicos que envolvem a


audiência trabalhista, tais como: a) a publicidade da audiência (horário duração
e local); b) análise e efeito sobre o comparecimento das partes (a presença e o
poder de polícia do juiz), e principalmente as questões que envolvem quando da
ausência das partes; c) se efetua o estudo da prevalência da palavra oral sobre
a escrita nas audiências, nos atos da audiência; d) abordamos os trâmites que
envolvem a realização da audiência no procedimento sumaríssimo; e finalizamos
e) as generalidades que envolvem as audiências trabalhistas, comentando os
incidentes mais corriqueiros, tais como: a Contradita da testemunha; a prova
dinâmica; os Protestos (suspeição, impedimento, cerceamento de defesa); as
audiências no Centro(s) Judiciário(s) de Métodos Consensuais de Solução de
Disputas (CEJUSC); e a realização da audiência telepresencial em procedimento
trabalhista.

TEMA 1 – DA PUBLICIDADE DA AUDIÊNCIA TRABALHISTA, HORÁRIO,


DURAÇÃO E LOCAL

A audiência para solução dos conflitos trabalhistas, obedecem a


ordenamento próprio inserido nos arts. 815, 846, 847, 848, 850, 852-C, da CLT,
predominando a utilização da oralidade e da imediação.

1.1 A publicidade, horário, duração e local da audiência trabalhista.

A publicidade dos atos judiciais, decorre de determinação constante no


art. 93, IX, da Constituição de 1988. De acordo com Leite (2021, p. 283) “A
Constituição Federal (art. 93, IX) determina que todos os julgamentos dos órgãos
do Poder Judiciário serão públicos, sendo certo que, no processo do trabalho, é
na audiência que se concentra a quase totalidade dos atos processuais”, e
complementa “somente em casos excepcionais, e desde que haja previsão legal,
poderá o juiz, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e aos seus advogados (CF, art. 93, IX, parte final)”.
Na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no art. 813, há a
determinação de que as audiências “serão públicas”, e somente no art. 770, da

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CLT, relativo aos “atos processuais”, há menção sobre a possibilidade de
restrição “quando o contrário determinar o interesse social”.

1.1.1 Horário da audiência

Horário da audiência – no processo do trabalho especificamente na


Justiça do Trabalho, através do disposto no art. 813, da CLT, as audiências
devem ser realizadas no período “entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas”.

1.1.2 Duração da audiência e unicidade

Duração da audiência e unicidade – Também, no referido art. 813, da CLT,


há a determinação para que a duração da audiência não ultrapasse “5 (cinco)
horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente”.

1.1.3 Local da audiência trabalhista

A determinação contida no art. 813, da CLT, é de que as audiências sejam


realizadas “na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados”.
No parágrafo 1º, do referido art. 813, CLT, há o alerta para a possibilidade
de “realização das audiências, em outro local”, desde que comunicado “mediante
edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24
(vinte e quatro) horas”.
Alerta-se, para o fato de que se forem necessárias outras audiências,
conforme o denominado no parágrafo 2º, “audiências extraordinárias”, estas
deverão ser comunicadas às partes na mesma forma do citado no parágrafo 1º,
do art. 813, da CLT
Em relação a alteração do local das audiências, se tem observado na
prática que a comunicação às partes não se limita à comunicação via edital,
sendo, também, formalizada através de notificações às partes.

TEMA 2 – COMPARECIMENTO DAS PARTES À AUDIÊNCIA

A audiência, como ato processual complexo, para sua realização exige a


presença: 1º) do juiz, detentor do poder de poder de polícia, para a condução e
realização dos trabalhos; e 2º) a presença das partes, elementos essenciais,

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oportunidade em que devem apresentar os seus argumentos e pretensões, para
a análise do judiciário.

2.1 A presença do juiz e o poder de polícia

Conforme já citado, “a presença do juiz, detentor do poder de poder de


polícia, para a condução e realização dos trabalhos”, se faz essencial para a
realização da audiência.

2.1.1 A presença do juiz

A presença do juiz, como condutor dos trabalhos da audiência, a presença


do magistrado é de cunho essencial, e assim, como as demais partes envolvidas
no processo, também, este deve obedecer aos prazos estabelecidos para a
realização do ato.
Neste contexto, o parágrafo único do art. 815, da CLT, determina que:
“Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não
houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido
constar do livro de registro das audiências”.

2.1.2 Poder de polícia

Poder de polícia i o juiz irá conduzir os trabalhos, ouvir as partes,


testemunhas, peritos, determinar a realização de provas (perícias, diligências
etc.), bem como “compete-lhe, manter a ordem e o decoro, ordenando, se
necessário, que se retirem da sala de audiência os que se comportarem de forma
inconveniente (art. 816, CLT)” (Jorge Neto; Cavalcante, 2015, p. 636).

2.2 A presença dos servidores

Para a realização da audiência, não basta estarem presentes o juiz e as


partes, toda uma estrutura fornecida pelo Poder Judiciário, deve se fazer
presente para que efetivamente possa ocorrer a entrega jurisdicional, e neste
sentido, de estrutura, o legislador direcionou os termos do art. 814, da CLT, a
presença dos auxiliares da justiça, os escrivães e secretários, verbis: “Art. 814 -
Às audiências deverão estar presentes, comparecendo com a necessária

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antecedência os escrivães ou secretários. (Vide Leis n. 409, de 1943 e 6.563, de
1978)”.

2.3 A abertura da audiência

A audiência trabalhista, se inicia com um cerimonial de abertura


provocado pelo juiz, no qual deverão estar presentes as partes, sendo que o
chamamento das partes, testemunhas e demais pessoas que devam
comparecer, deverá ser efetuada pelo secretário ou escrivão presentes ao ato,
consoante dispõe o art. 815, da CLT, verbis: “a hora marcada, o juiz ou
presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão
a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer”.

2.4 A presença das partes

No procedimento trabalhista a determinação legal do comparecimento das


partes “reclamante e reclamado” na audiência, está previsto na primeira parte do
disposto no art. 843, da CLT, “Na audiência de julgamento deverão estar
presentes o reclamante e o reclamado”, e mais isto deverá ocorrer,
“independentemente do comparecimento de seus representantes”.
Existe, também, no referido artigo a previsão de uma exceção, de não
comparecimento dos empregados, nos “casos de Reclamatórias Plúrimas ou
Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar
pelo Sindicato de sua categoria”.

2.4.1 O Reclamante

À audiência “deverão comparecer o reclamante e o reclamado” (art. 843,


da CLT), ocorre que se o reclamante “não comparecer ocorrerá o arquivamento
da reclamação” (grifo nosso), consoante o disposto na primeira parte do art. 844,
da CLT
Neste ponto, deve-se esclarecer que o arquivamento ocorrerá, tão
somente, em se tratando de audiência inicial (aquela em que há o fracionamento
para posterior instrução do feito) ou una (aquela em todos os atos de instrução
são realizados em uma única oportunidade).

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2.4.1.1 Representação do reclamante (empregado)

Para que não ocorra o arquivamento da reclamação, o parágrafo 2º, do


art. 843, da CLT, traz a possibilidade de o empregado, reclamante, ser
representado em audiência, desde que preencha os seguintes requisitos: “se por
doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for
possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar
por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato”.

2.4.1.2 Ausência justificada em audiência

A presença do reclamante à audiência é essencial para o prosseguimento


da demanda, porém, a sua ausência sendo justificada, em razão de “motivo
relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência”
(parágrafo 1º, do art. 844, da CLT);
Atenção: Deduz-se pelo disposto no parágrafo 1º, do art. 844, da CLT,
que a ausência deve ser justificada na própria audiência em que deveria estar
presente, para que no ato o juiz, analise a justificativa e delibere sobre a
suspensão e designe nova audiência.

2.4.1.3 Ausência sem justificativa em audiência – prazo para justificar e


custas

Caso ocorra a ausência do reclamante e não for possível a justificativa em


audiência, dispõe o parágrafo 2º, do 844, da CLT, que “este será condenado ao
pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação,
ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze
dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável”.
Em relação à determinação do pagamento de custas, entendeu o
Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento da ADIN 5766, em 20 de
outubro de 2021, que é constitucional a redação do referido parágrafo, e que “é
legítima a cobrança de custas judiciais, em razão da ausência do reclamante à
audiência, mediante prévia intimação pessoal para que tenha a oportunidade de
justificar o não comparecimento”.

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Ainda, em relação ao encargo, estabelece o parágrafo 3o, do art. 844, da
CLT, que “o pagamento das custas a que se refere o parágrafo 2o é condição
para a propositura de nova demanda”.

2.4.1.4 Arquivamento e perda do direito de reclamar

Ocorrendo o arquivamento da demanda trabalhista, por duas (2) vezes


seguidas, sem ter o reclamante justificado a sua ausência, além de lhe ser
imputado o pagamento de custas, conforme o preconizado nos parágrafos2º e
3º, do art. 844, da CLT, este “incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis)
meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho”, consoante o
disposto nos arts. 731, e 732, da CLT

2.4.2 O reclamado

No mesmo art. 843, da CLT, que determina a presença do reclamante,


também, há a determinação para o reclamado comparecer à audiência, e mais,
no art. 844, caput, da CLT, informa que se advir “o não-comparecimento do
reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato”.
Em suma, se o reclamado não atender ao chamamento ao processo será
considerado revel e confesso quanto à matéria de fato. Explica Bezerra Leite
(2018, p. 690) “tanto autor quanto réu poderão ser contumazes, mas somente o
réu poderá ser revel. É importante a distinção, pois revelia não é pena nem
sanção. Na verdade, a revelia é uma faculdade do réu, que, citado, opta por não
se defender”.

2.4.2.1 O preposto

Através do disposto no parágrafo 1º, do art. 843, da CLT, verbis: “É


facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro
preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente”.
Novidade trazida com a Reforma Trabalhista – Lei n. 13.467/2017, e que
colocou “pá de cal”, era sobre se devia ou não o preposto ser empregado da
reclamada, é a redação do parágrafo 3º, do art. 843, da CLT, sendo taxativo ao

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afirmar que “o preposto a que se refere o parágrafo 1o deste art. não precisa ser
empregado da parte reclamada”.
Complementa Schiavi (2021, p. 77), “para as micro e pequenas empresas,
a lei não exige a condição de empregado preposto”, nos termos do art. 54, da
Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006 (Institui o Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte).

2.4.2.2 O reclamado não será considerado revel

Conforme retro citado, se o reclamado não atender ao chamamento


judicial, deixando de comparecer à audiência será considerado revel (arts. 843
e 844, caput, da CLT), entretanto, esse não será considerado revel e nem
tampouco sofrerá os efeitos da revelia, caso ocorram uma das condições
previstas nos incisos do parágrafo 4º, do art. 844, da CLT, verbis:

Art. 844 – […] Parágrafo 4o A revelia não produz o efeito mencionado


no caput deste artigo se: I - havendo pluralidade de reclamados, algum
deles contestar a ação; II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato; IV - as alegações de fato
formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos. (Incluído pela Lei n.
13.467, de 2017)

Especial atenção, se deve dar ao disposto no parágrafo 5º, do art. 844, da


CLT, introduzido pela Lei n. 13.467/2017, uma vez que mesmo “ausente o
reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os
documentos eventualmente apresentados”.

2.5 A presença das testemunhas

Assim, como há a determinação legal para o comparecimento das partes


(reclamante e reclamado) à audiência, consoante do disposto no art. 843, da
CLT, também, existe indicação legal, arts. 815, 825 e 845, da CLT, de que as
testemunhas comparecerão à audiência acompanhando as partes, e ainda
independentemente de intimação, verbis:

Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a


audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das
partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.

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Art. 825 - As testemunhas comparecerão à audiência
independentemente de notificação ou intimação.

Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio


ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva,
além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não
atendam à intimação.

Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência


acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião,
as demais provas.

Explicam Jorge Neto e Cavalcante (2015, p. 704), em relação ao


comparecimento das testemunhas, nos procedimentos ordinário e sumaríssimo,
que:

a) No procedimento ordinário: as testemunhas comparecerão


independentemente de notificação ou intimação (arts. 825, caput, 845,
CLT). As que não comparecerem serão intimadas, de ofício ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas à condução coercitiva, além
das penalidades do art. 730, da CLT (multa, caso, sem motivo
justificado, não atendam à intimação (art. 825, parágrafo único). […]

b) no procedimento sumaríssimo: as testemunhas comparecerão à


audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação
(art. 852-H, parágrafo 2º). Só será deferida intimação de testemunha,
se, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não
comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua
imediata condução coercitiva (art. 852-H, parágrafo 3º).

Portanto, a princípio as testemunhas comparecerão à audiência


independentemente de intimação, porém, podem comparecer mediante convite
formulado pelas partes.

2.6 Registro das audiências

A audiência, como ato solene presidido pelo juiz, no qual devem se fazer
presente as partes, testemunhas, peritos etc., devem ser devidamente
registradas, através de atas, na qual “devem constar as principais ocorrências
havidas” no ato, tais “como os depoimentos das partes e testemunhas, juntadas
de documentos e requerimentos das partes” (Schiavi, 2021, p. 43).
Prevê o art. 817, da CLT, que o registro seja efetuado em livro próprio,
podendo inclusive serem “fornecidas certidões às pessoas que o requererem”
(parágrafo único), e mais determina o disposto no art. 851, do instituto
consolidado que “os trâmites da instrução e julgamento, também, serão
resumidos em ata, verbis:

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Art. 817 - O registro das audiências será feito em livro próprio,
constando de cada registro os processos apreciados e a respectiva
solução, bem como as ocorrências eventuais.

Parágrafo único - Do registro das audiências poderão ser fornecidas


certidões às pessoas que o requererem.

Art. 851 - Os trâmites de instrução e julgamento da reclamação serão


resumidos em ata, de que constará, na íntegra, a decisão.

Parágrafo 1º - Nos processos de exclusiva alçada das Juntas, será


dispensável, a juízo do presidente, o resumo dos depoimentos,
devendo constar da ata a conclusão do Tribunal quanto à matéria de
fato.

Parágrafo 2º - A ata será, pelo presidente ou juiz, junta ao processo,


devidamente assinada, no prazo improrrogável de 48 (quarenta e oito)
horas, contado da audiência de julgamento, e assinada pelos juízes
classistas presentes à mesma audiência.

É importante lembrar que em razão da Emenda Constitucional n. 24 de


1999, extinguiu a figura dos juízes classistas na Justiça do Trabalho.
Frise-se que “os registros das audiências são feitos eletronicamente com
a digitação das atas no computador e colocadas nos sites dos Tribunais
Regionais do Trabalho (Schiavi, 2021, p. 42), e mais, de acordo com o disposto
no art. 23, da Resolução n. 185/2017, do Conselho Superior da Justiça do
Trabalho, a ata de audiência somente é assinada pelo Juiz do Trabalho.

TEMA 3 – DA PREVALÊNCIA DA PALAVRA ORAL SOBRE A ESCRITA NAS


AUDIÊNCIAS

As audiências trabalhistas têm como característica, na sua realização, o


predomínio na utilização da palavra oral sobre a manifestação escrita.
A oralidade está prevista e presente nas diversas fases da audiência, ou
seja: a abertura da audiência; apresentação oral da defesa; interrogatório das
partes, das testemunhas, peritos e os técnicos; apresentação das razões finais;
renovação da proposta de conciliação; e ao ser proferida a decisão.

3.1 Abertura da audiência

Por ocasião da abertura da, segundo o disposto no art. 846, da CLT,


determina ao juiz, que naquela oportunidade, de imediato, “proporá a
conciliação”, fomentando a aproximação das partes nos debates orais, cada qual
apresentando suas pretensões.

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3.2 A apresentação da defesa oral

De acordo como disposto no art. 847, da CLT, verbis: “não havendo


acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes”, faculta-se
ao reclamado a possibilidade de apresentar a sua defesa de forma oral.
Em relação à apresentação da defesa oral, cita Teixeira Filho (2015, p.
452) “o que se percebe, nos dias atuais, em relação à defesa do réu, é: a) a larga
e crescente utilização da forma escrita; b) o emprego da forma oral apenas em
situações extraordinárias”.
Atenção ao disposto no Parágrafo único, do referido artigo, que possibilita
à parte a apresentação da “defesa escrita pelo sistema de processo judicial
eletrônico até a audiência”.

3.3 O interrogatório das partes, das testemunhas, peritos e os técnicos

Segundo o previsto no art. 848 e parágrafos1º e 2º, da CLT, depreende-


se que na continuidade da audiência, terminada a defesa “oral”, poderá o juiz:
“interrogar os litigantes”, em seguida “ouvir as testemunhas, os peritos e os
técnicos”. Referida disposição normativa, além de demonstrar a oralidade do ato,
também, conjuga o princípio da concentração, do procedimento destinado “a
atender à necessidade de rápida solução do conflito de interesses” (Teixeira
Filho, 2015, p. 453).
Ainda, sobre a continuidade da audiência, segundo o disposto no art. 849,
da CLT, cita Schiavi (2021, p. 29), que: “o Juiz do Trabalho, como diretor do
Processo (art. 765, da CLT), deve avaliar o custo-benefício e,
discricionariamente, decidir pela unicidade ou fracionamento das audiências,
embora seja, conveniente, sempre que possível, adotar a audiência uma”.
Observe-se o disposto nos arts. 848, parágrafos1º e 2º e 849, da CLT,
verbis:

Art. 848 - Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo,


podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz
temporário, interrogar os litigantes.

Parágrafo 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes


retirar-se, prosseguindo a instrução com o seu representante.

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Parágrafo 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e
os técnicos, se houver.

Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for


possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou
presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida,
independentemente de nova notificação.

Assim, se observa que a oralidade e a concentração dos atos, estão


presentes no transcorrer dos procedimentos de audiência.

3.4 Razões finais e decisão

Em ato contínuo, finalizada a instrução probatória, seguem-se as razões


finais “de 10 (dez) minutos para cada uma” das partes (art. 850, da CLT).
As razões finais, tem por escopo oportunizar às partes a possibilidade de
expor ao juiz, quais as provas e os pontos favoráveis à tese de seu cliente, bem
como, se for o caso, ressaltar seus protestos em relação a algum incidente
ocorrido na fase instrutória.
Assim, após as partes apresentarem as suas razões dentro do prazo
estabelecido de 10 (dez) minutos, para cada uma, o juiz “renovará a proposta de
conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão” (art. 850, da
CLT).
Observe-se a determinação legal para que a decisão seja proferida em
audiência, e se efetivamente, assim ocorra “as partes são notificadas na própria
audiência” (art. 852, da CLT), porém, não raro diante do assoberbamento das
pautas de trabalho, os magistrados marcam outra data para a publicação da
sentença, quando então são notificados.
Vide arts. 850 e 852, da CLT:

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões


finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma.
Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e
não se realizando esta, será proferida a decisão.

[…]

Art. 852 - Da decisão serão os litigantes notificados, pessoalmente, ou


por seu representante, na própria audiência. No caso de revelia, a
notificação far-se-á pela forma estabelecida no parágrafo 1º do art.
841.

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Em relação, às razões finais, vale lembrar que há a possibilidade de em
casos de assuntos mais complexos, o juiz conceder às partes a possibilidade de
apresentar as suas razões de forma escrita mediante “memoriais”.

TEMA 4 – AUDIÊNCIA NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

O procedimento sumaríssimo, que tem como objetivo a celeridade


processual, envolve as demandas judiciais, “cujo valor da causa não exceda a
quarenta vezes o salário-mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação”
(art. 852-A, da CLT).
Deve-se observar que “estão excluídas do procedimento sumaríssimo as
demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e
fundacional” (Parágrafo único, do art. 852-A, da CLT).
As audiências que envolvem os processos no procedimento sumaríssimo,
tem como característica os seguintes aspectos:

4.1 Prazo para a realização da audiência

O legislador, visando a celeridade para a realização da audiência, fixou


prazo para “a solução da demanda” vez que “deverá ocorrer no prazo máximo
de quinze dias do seu ajuizamento” da reclamação, “podendo constar de pauta
especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Vara do
Trabalho”, (art. 852-B, III, da CLT).
Lembrando, que as partes devem comparecer à audiência no horário,
data e local previamente estabelecido, quando então ocorrerá o pregão,
chamamento para a audiência

4.2 Audiência única

Utilização das audiências UNAS, visto que não podem ser fracionadas,
como ocorre no procedimento ordinário, ante o disposto no art. 852-C, ou seja,
“as demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em
audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser
convocado para atuar simultaneamente com o titular”.

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4.3 Liberdade do juiz para a determinação de provas

O juiz como detentor do poder de polícia e gestor dos trabalhos foi


concedido liberdade para a determinação de provas, de acordo com o art. 852-
D, “o juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem
produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou
excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como
para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum ou
técnica”.

4.4 Conciliação

Conciliação em qualquer fase processual, mediante esclarecimento pelo


juiz, que “deverá esclarecer às partes sobre as vantagens da conciliação e usará
os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em
qualquer fase da audiência” (Art. 852-E).

4.5 Ata de audiência

O registro dos atos na Ata de Audiência deverá ser resumido, consoante


o disposto no art. 852-F, da CLT, “na ata de audiência serão registrados
resumidamente os atos essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as
informações úteis à solução da causa trazidas pela prova testemunhal”. Deve-
se observar que atualmente as atas de audiências são registradas em meio
eletrônico e disponibilizadas para as partes nos links dos Tribunais.

4.6 Incidentes e exceções

Os incidentes e exceções serão decididos, de plano, de forma a não


interferir no prosseguimento da audiência e do processo, e outras questões
serão decididas na sentença (art. 852-G). Visando a celeridade processual,
todos os incidentes e exceções arguidos pelas partes são solucionados em um
único momento evitando-se a possibilidade de fracionamento da audiência.

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4.7 Produção de provas

A produção de provas, de acordo com o disposto no Art. 852-H, “serão


produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas
previamente”.
Explica Schiavi (2021, p. 85) que, “não há uma ordem para a produção da
prova no processo do trabalho prevista na lei”.

4.8 Manifestação sobre os documentos

A manifestação sobre os documentos, pela parte autora ou pela parte


requerida, será realizada na audiência, de forma imediata, mantendo-se a
celeridade processual e a unicidade da audiência, consoante o disposto no
parágrafo 1º, do art. 852-H, da CLT
Adverte, ainda, o disposto no referido parágrafo que, somente será
possível a manifestação posterior em caso de “absoluta impossibilidade, a
critério do juiz”, ou seja, deverá ser demonstrado efetiva necessidade para que
tal ocorra.

4.9 Testemunhas

Inicialmente, diferente do procedimento ordinário, estabeleceu o


legislador, que cada parte somente poderá ouvir 2 (duas) testemunhas,
consoante o disposto no parágrafo 2º, do art. 852-H, da CLT, “as testemunhas,
até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à audiência de instrução
e julgamento independentemente de intimação”.
Em segundo, as testemunhas não serão intimadas pelo juízo, cabe às
partes convidar as suas testemunhas para que compareçam à audiência, em
face do disposto no parágrafo 3º, do art. 852-H, da CLT, “só será deferida
intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de
comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá
determinar sua imediata condução coercitiva”.
Na prática é conveniente que o advogado elabore carta convite a ser
entregue para as testemunhas, cujo documento com a ciência da testemunha
poderá ser apresentado ao juízo, em caso de ausência.

15
4.10 Perícia

No procedimento sumaríssimo, diante de sua celeridade, o legislador


restringiu as provas periciais as questões em que “a prova do fato o exigir, ou for
legalmente imposta”, ou seja, quando a prova depender de conhecimento
técnico e científico específico, que fogem aos aspectos jurídicos apresentados
na demanda, poderá o juiz nomear perito, determinando o prazo para conclusão
dos trabalhos e delimitando o objeto da perícia, tudo nos termos do parágrafo 4º,
do art. 852-H, da CLT, “somente quando a prova do fato o exigir, ou for
legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo,
fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito”.
Observe-se que se resguardando o princípio do devido processo legal, e
da igualdade das partes, estas, “serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo,
no prazo comum de cinco dias” (parágrafo 6º, do art. 852-H, da CLT).

4.11 Interrupção da audiência e prosseguimento

Conforme retro citado a audiência no procedimento sumaríssimo é una,


em decorrência do disposto no art. 852-C, entretanto, em caso de fracionamento
da audiência, e isto em decorrência de motivo “relevante justificado nos autos
pelo juiz da causa”, o seu prosseguimento deve ocorrer no prazo máximo de
trinta dias, de acordo com a determinação do parágrafo 7º, do art. 852-H, da
CLT, “interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo
dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos
autos pelo juiz da causa”.

4.12 Sentença

No procedimento sumaríssimo, todos os atos de audiência são produzidos


em um único momento, inclusive a prolação da sentença pelo juiz. Diante desta
celeridade processual, achou por bem o legislador, em dispensar do referido
termo a apresentação do relatório, ficando a sentença restrita ao fundamento
(elementos de convicção) e ao dispositivo (a decisão), consoante o disposto no
art. 852-I, parágrafo 1º, da CLT, verbis:

16
Art. 852-I. A sentença mencionará os elementos de convicção do juízo,
com resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado
o relatório.

Parágrafo 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais


justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do
bem comum.

Como a sentença será proferida, na audiência em que ocorreu a produção


das provas, as partes serão intimadas no próprio ato (parágrafo 3º, do art. 852-
I, da CLT).

TEMA 5 – GENERALIDADES SOBRE A AUDIÊNCIA

Existem algumas generalidades, incidentes, que podem ocorrer tanto nos


casos de procedimentos ordinário, como sumaríssimo, como é o caso da
contradita da testemunha; da inversão do ônus da prova (prova dinâmica);
Protestos (suspeição, impedimento, cerceamento de defesa); utilização dos
sistemas de conciliação CEJUSC; e dos mecanismos de audiência
telepresencial.

5.1 Contradita da testemunha

A contradita da testemunha, conforme descrito no item 2.5.3, se trata de


mecanismo de impugnação da testemunha pela parte contrária. Neste sentido,
explica Schiavi (2021, p. 149), que “a CLT não disciplina o procedimento da
contradita. Desse modo, acreditamos ser perfeitamente possível a aplicação do
CPC, por força do art. 769, da CLT”, ou seja, “a contradita deve ser arguida
depois da qualificação da testemunha e antes do compromisso, sob
consequência de preclusão”.
Assim, como ocorre, no procedimento comum, o objetivo da impugnação
da testemunha é para que se evite o depoimento dela, quando muito será ouvida
como informante.

5.2 Da prova dinâmica

Assim, como no Processo Civil, no parágrafo 1º, do art. 373, do CPC, que
prevê a possibilidade de inversão do ônus da prova, também no processo do
trabalho através do disposto no parágrafo 1º, do art. 818, da CLT, verbis:

17
Art. 818. […] Parágrafo 1o Nos casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior
facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir
o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

Porém, importante atenção, se deve dar ao procedimento, para que


ocorra a inversão do ônus da prova, através de determinação do juiz, ou seja, o
requerimento da parte deve ocorrer “antes da abertura da instrução”, mesmo
porque, caso esta seja deferida, o juiz deverá determinar o “adiamento da
audiência” de forma a possibilitar à parte para a qual foi direcionado o encargo,
“provar os fatos por qualquer meio em direito admitido”, tudo nos termos do
parágrafo 2º, do art. 818, da CLT, verbis:

Parágrafo 2o A decisão referida no parágrafo 1o deste artigo deverá


ser proferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte,
implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos por
qualquer meio em direito admitido.

Parágrafo 3o A decisão referida no parágrafo 1o deste artigo não pode


gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja
impossível ou excessivamente difícil.

Em relação à carga excessiva do ônus da prova, explica Schiavi (2021, p.


100) “no processo do trabalho, o Juiz ao sanear o processo na própria audiência,
ou em outro momento processual, deve fundamentar a aplicação do ônus
dinâmico da prova”.

5.3 Protestos (suspeição, impedimento, cerceamento de defesa)

Resultante do princípio da oralidade, e da concentração dos atos, aplicado


nas audiências trabalhistas, outros atos decorrentes da atuação jurisdicional
podem ser suscitados no processo, tais como: protestos por cerceamento de
defesa, ou mesmo arguição de suspeição e impedimento do magistrado.
Em relação aos protestos por cerceamento de defesa, estes ocorrem no
decorrer da audiência, sob o fundamento de violação o princípio constitucional
do devido processo legal e da ampla defesa, inserido no art. 5º, Inciso LV. “Aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”.

18
Porém, quanto a suspeição e impedimento, este se encontra previsto no
art. 801, da CLT, verbis: “o juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por
suspeito, e pode ser recusado, por algum dos seguintes motivos, em relação à
pessoa dos litigantes: a) inimizade pessoal; b) amizade íntima; c) parentesco por
consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil; d) interesse particular na
causa”.
A arguição de suspeição ou impedimento deve ocorrer no momento em
que a parte tiver conhecimento dos fatos levam à dúvida quanto a imparcialidade
do juiz, e neste sentido cita Schiavi (2021, p. 221), “as causas de impedimento
do juiz são de ordem pública, por isso, não há preclusão, podendo ser invocadas
a qualquer tempo antes do trânsito em julgado da decisão”.
De acordo com o disposto no art. 847, da CLT, a parte poderá apresentar
a defesa de forma escrita ou oral, e da mesma forma, por se tratar de matéria de
defesa, poderá apresentar a exceção de impedimento ou suspeição, em
audiência na forma oral, ou escrita “até a audiência” conforme o disposto no
parágrafo único do referido artigo.

5.4 Centro(s) Judiciário(s) de Métodos Consensuais de Solução de


Disputas (CEJUSC)

De acordo com o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), “cada


Tribunal Regional do Trabalho das 24 Regiões da Justiça do Trabalho instituiu
Centro(s) Judiciário(s) de Métodos Consensuais de Solução de Disputas
(CEJUSC-JT), unidade(s) do Poder Judiciário do Trabalho vinculado(s) ao
NUPEMEC-JT, responsáveis pela realização das sessões e audiências de
conciliação e mediação de processos em qualquer fase ou instância, inclusive
naqueles pendentes de julgamento perante o Tribunal Superior do Trabalho
(CSJT, 2022).
Os CEJUSCs se regem pelo disposto na Resolução CSJT n. 174, de 30
de setembro de 2016, atendendo a “Política Judiciária Nacional de tratamento
das disputas de interesses trabalhistas para assegurar a todos o direito à solução
das disputas por meios adequados à sua natureza, peculiaridade e
características socioculturais de cada Região”.

19
5.5 Audiência telepresencial em procedimento trabalhista

A partir da instauração dos procedimentos judiciais eletrônicos, cuja


implementação se deu a partir da Lei 11.419/2006, nos procedimentos cíveis,
posteriormente com a Resolução CNJ 185/2013, iniciou-se a implantação do
sistema denominado de Processo Judicial Eletrônico (PJe), com “o objetivo
permitir o controle do sistema judicial nos aspectos de manejo da tramitação
processual; padronização de todos os dados e informações compreendidas pelo
processo judicial; produção, registro e publicidade dos atos processuais; e
fornecimento de dados que sejam essenciais para a gestão das informações
necessárias aos diversos órgãos de supervisão, controle e uso do sistema
judiciário” (CNJ, 2017, p. 12).
O CNJ, através da Resolução 354, de 19 de novembro de 2020, instituiu
disposições sobre o cumprimento digital de ato processual e de ordem judicial.,
sendo que no Art. 1º da Resolução regulamentou “a realização de audiências e
sessões por videoconferência e telepresenciais e a comunicação de atos
processuais por meio eletrônico nas unidades jurisdicionais de primeira e
segunda instâncias da Justiça dos Estados, Federal, Trabalhista, Militar e
Eleitoral, bem como nos Tribunais Superiores, à exceção do Supremo Tribunal
Federal”.
E, nos Incisos I e II, do art. 2º, da referida Resolução 354/2020, definiu o
que é videoconferência e audiências telepresenciais, verbis: “Para fins desta
Resolução, entende-se por: I – videoconferência: comunicação a distância
realizada em ambientes de unidades judiciárias; e II – telepresenciais: as
audiências e sessões realizadas a partir de ambiente físico externo às unidades
judiciárias”.
Portanto, de acordo com a regulamentação dos sistemas eletrônicos,
seguido das disposições expedidas pelo CNJ, relacionadas às audiências em
sistemas telepresenciais e videoconferência, podem e devem ser realizadas
para os procedimentos trabalhistas.
Destaque-se o Ato Conjunto CSJT GP VP e CGJT n. 6 de 04 de maio de
2020, que “tornou obrigatória a realização de audiências de conciliação e de
instrução por meio de videoconferências durante o estado de calamidade
decorrente da pandemia do coronavírus (Covid-19), como forma de manter o

20
isolamento social e evitar contágio e disseminação dessa terrível doença”
(Bezerra Leite, 2021, p. 284).

NA PRÁTICA

O Senhor “Z”, procurou seu escritório para ajuizar reclamatória trabalhista


em face de seu ex-empregador, a Empresa “Y” Ltda. Narrou, em síntese, que:
Laborou nos dois últimos anos, exercendo a função de auxiliar de produção, e
que percebia apenas o piso salarial da categoria profissional, entretanto, nunca
fora registrado, e não lhe pagavam as horas extraordinárias, vez que laborava
das 08h00 às 18h30, de segundas às sextas-feiras, sempre com 30 minutos de
intervalo para alimentação e descanso, e que fora dispensado sem justa causa.
Apresentada a reclamatória trabalhista, a Vara do Trabalho designou audiência
na qual participaram o reclamante e o preposto da Empresa “Y”, senhor “w”,
empregado do escritório de contabilidade que atende a referida empresa, todos
acompanhados de seus advogados. Aberta a audiência o Juiz da Vara, exortou
as partes à conciliação, o que ocorreu com o pagamento das verbas rescisórias,
horas extras e o reconhecimento de vínculo empregatício resultando na
anotação da Carteira de Trabalho do reclamante.

FINALIZANDO

Nesta etapa, foram abordados os principais tópicos que envolvem a


audiência trabalhista, tais como: a) a publicidade da audiência (horário duração
e local); b) análise e efeito sobre o comparecimento das partes (a presença e o
poder de polícia do juiz), e principalmente as questões que envolvem quando da
ausência das partes; c) se efetua o estudo da prevalência da palavra oral sobre
a escrita nas audiências, nos atos da audiência; d) abordamos os trâmites que
envolvem a realização da audiência no procedimento sumaríssimo; e finalizamos
e) as generalidades que envolvem as audiências trabalhistas, comentando os
incidentes mais corriqueiros, tais como: a Contradita da testemunha; a prova
dinâmica; os Protestos (suspeição, impedimento, cerceamento de defesa); as
audiências no(s) Centro(s) Judiciário(s) de Métodos Consensuais de Solução de
Disputas (CEJUSC); e a realização da Audiência telepresencial em
procedimento trabalhista.

21
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