O que é Educação Cristã
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“Ensina o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer
não se desvie dele”. (Provérbios 22:6).
Essa passagem bíblica refere-se aos pais a maneira correta de educar e
orientar seus filhos, ou seja, como ele deve se comportar diante dos
acontecimentos da vida, qual o momento certo que deve ouvir e falar, como
respeitar e conviver com o próximo e entre outros. Esse tipo de ensinamento é
fundamental para a formação do indivíduo e faz parte da educação cristã.
O objetivo principal da educação cristã é ensinar ao indivíduo uma nova
conduta de vida baseada nos princípios cristãos e dentro dos padrões bíblicos,
ou seja, a pessoa passa a viver uma vida diferente dedicada á Deus e até
mesmo renunciar algumas atitudes que não forem condizentes a sua Palavra.
Vale lembrar que a educação cristã não veio para substituir a educação que
aprendemos nos nossos lares, mas sim, para acrescentar alguns aspectos que
também são importantes na formação do caráter humano.
Algumas pessoas já nascem em lares cristãos evangélicos, por isso têm
acesso aos ensinamentos cristãos e desde sua infância aprendem a viver uma
vida santa de acordo com a doutrina de sua religião. Dentro dessas religiões
existem os pastores, bispos, apóstolos e palestrantes que são os responsáveis
por estudarem as sagradas escrituras e fazer um curso ou uma graduação em
teologia para disciplinarem seus membros.
Algumas igrejas dispõem de escolas especiais que têm uma metodologia
diferenciada que se preocupam com o aprendizado da criança e do
adolescente, mas ao mesmo tempo, realizam ensinamentos baseados nas
passagens bíblicas que servirão não só na formação estudantil do aluno, mas
também na formação do caráter do aluno.
Algumas definições de Educação Cristã:
- Educação Cristã é um processo de educação e aprendizado sustentado pelo
Espírito Santo e baseado nas Escrituras
- A Educação Cristã é o processo Cristocêntrico, baseado na Bíblia e
relacionado com o estudante, para comunicar a Palavra de Deus através do
poder do Espírito Santo com o propósito de levar outros a Cristo e edificá-los
em Cristo.
- Educação Cristã é um processo que ocorre tanto informalmente como
através de uma série de eventos planejada, sistemática e contínua, objetivando
levar o crente a conformar-se à imagem de Cristo (maturidade), tendo como
base autoritativa as Escrituras Sagradas e sustentada pelo Espírito Santo,
visando a glória de Deus.
Desdobrando esta última definição temos sete distintivos
teológicos importantes:
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2.1. Educação Cristã é um processo
Devemos ver a educação cristã como um processo de desenvolvimento do
ser humano. Por “ processo” entendemos uma ação progressiva que ocorre
através de uma série de atos e eventos que produzem mudanças, e não
importa se são rápidas ou lentas, desde que conduza a um progresso, a uma
melhora. (Ver 1 Co 13.11).
2.2. Educação Cristã ocorre informalmente (Piedade pessoal do educador)
Educação informal é aquela realizada não intencionalmente (ou, pelo menos,
sem a intenção de educar). Freqüentemente, o exemplo de um líder cristão é
mais educacional do que os conteúdos que ele ensina, pois seus alunos podem
aprender mais conteúdos valiosos em decorrência da observação de suas
atitudes e de seu comportamento do que em conseqüência de seu ensino.
2.3. Educação Cristã é um processo planejado, sistemático e contínuo
A educação formal é aquela realizada e organizada com o objetivo de
educar. Exige-se um planejamento de temas, com horários determinados e
uma série de eventos e atividades de ensino elaboradas sistematicamente com
a intenção clara de educar
A Educação planejada, sistemática e contínua exige, portanto, um bom
programa de educação cristã, e este normalmente apresenta os seguintes
aspectos:
a) Um estudo cuidadoso das necessidades da igreja local, quais os pontos
fortes e fracos, qual área necessita de um investimento mais emergente;
b) O conteúdo bíblico a ser estudado é adequado às atuais necessidades. Pois
não é suficiente estudar a Bíblia, mas que o tema adotado seja relevante para
a vida da igreja;
c) Tem objetivos claramente fixados, ou seja, sabe-se onde pretende chegar;
d) Tem um programa de recrutamento, treinamento e capacitação de líderes e
professores;
2.4. Educação Cristã tem como objetivo levar o crente á maturidade
Paulo em Cl 1:28 diz: “ o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e
ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos
todo homem perfeito em Cristo”. (Ver Mt 28.19,20).
Paulo ensinava com uma finalidade: “apresentar todo homem perfeito em
Cristo”. Obviamente que perfeito aqui não significa ausência de pecados, mas
maturidade espiritual. O que queremos dizer por maturidade cristã é o processo
de santificação, o caminho progressivo para a conformidade à imagem de
Cristo no crente. (Pv 4.18).
2.5. Educação Cristã deve se fundamentar nas Escrituras Sagradas
Calvino dizia que para alguém chegar a Deus, o Criador, é necessário que
tenha a Escritura por guia e mestra. O verdadeiro conhecimento de Deus está
na Bíblia. Isto porque, a Escritura é a única regra inerrante de fé e prática da
vida da igreja.
A Confissão de Fé de Westminster declara a autoridade da Escritura:
A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida,
não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende
somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser
recebida, porque é a palavra de Deus. (Ref. II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess.
2:13.) [19]
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Uma educação cristã prima pela relevância e indispensabilidade da Palavra de
Deus. Em dias confusos como os nossos, temos que nos voltar para o Sola
Scriptura e resgatar nossa confiança no seu ensino, a única que mediante o
seu poder é capaz de transformar vidas.
2.6. Educação Cristã é sustentada pelo Espírito Santo
Falando da inspiração das Escrituras, Pedro afirma que "Homens santos
falaram ao serem movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21). Assim, cremos que
as Escrituras são o produto do Espírito Santo, que não apenas no-las dá, mas
também nos capacita a entendê-las, iluminando as nossas mentes e aplicando
a verdade de Deus no coração da Igreja. (2 Tm 3.15-17; cf. 1 Tm 4.13)
Desta forma, o educador cristão deve insistir que a iluminação do Espírito
Santo é necessária na interpretação, compreensão e aplicação das Escrituras.
2.7. Educação Cristã visa a Glória de Deus.
O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus, e este é o nosso
objetivo último na educação cristã, então isso irá mudar a forma como
ensinamos as Escrituras. Iremos ensinar não apenas para que os membros em
nossas igrejas aprendam o conteúdo bíblico, mas também para que eles
venham a ter uma relação com o Autor da Bíblia. Nós não iremos apenas
ensinar para que aprendam mais sobre Deus, mas para crescerem em sua
relação com Deus.
II. BENEFÍCIOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ
Na Igreja Primitiva, cinco atividades de Educação Cristã se
destacavam. São conferidas no livro dos Atos (2.41-47; 5.42).
O Culto
A primeira delas o Culto (cf. 2.42a). Efésios 5.19-21 e Colossenses 3.16b
são claros em apresentar os elementos que compõem o culto cristão: os
hinos de louvor, as orações, a proclamação e ensino, e o serviço. A adoração
há de ser pessoal (Rm 12.1) e coletiva (Ex 12.26). Na adoração reconhecemos
nossa indignidade, e o sacrifício redentor de Jesus Cristo; buscamos conhecer
a vontade de Deus para poder servi-Lo com todas as veras do nosso espírito.
Na atividade de culto, o testemunho se faz atuante aos não-crentes, aos
adversários, ao que têm impedimentos físicos, e isso por métodos os mais
variados, pois o evangelho deve ser sempre atual falando às pessoas quando e
onde elas estão e como estão num testemunho relevante e inteligível,
tomando-se cuidado com os jargões religiosos que o descrente pode não
entender, e não ter igualmente sentido para as crianças. Algo assim como:
“tem fogo aí irmã?”, “reteté de Jeová”, e outros tantos.
Se o culto é o relacionamento consciente da congregação com Deus, quem
o cria e o faz de modo consciente é a Educação Cristã (cf. Ec. 12.26).
O Testemunho
A Educação Cristã ressalta que no culto estamos como uma coletividade de
pecadores salvos que confessam seu pecado e o perdão trazido por Cristo.
Ensina que culto é ação.
A experiência de estar com a congregação em culto é pedagógica porque
temos uma experiência viva do povo de Deus na história; crianças, jovens e
adultos se vêm como membros da mesma comunidade que cultua. É preciso
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crer na família que adora a Deus unida quando cada culto se torna uma
experiência de adoração e educação.
A Comunhão
No Novo Testamento, o sentido de comunhão não era café-com-bolinhos, e
sim o de Atos 4.32,34,35. O senso de pertencer, de ser-um-com-os-outros, de
amar e ser amado é uma das mais extraordinárias experiências da vida cristã
(cf. 1Jo 4.19-21). Assim, a educação Cristã nos dá o reconhecimento do
nivelamento que o evangelho dá a pessoas de classes sociais, raças ou idades
diferentes. Através da comunhão, relacionamentos quebrados são curados e
fortalecidos. E isso não é sociabilidade, mas o reconhecimento que pela graça
somos salvos, alimentados pela educação na fé porque Cristo estabeleceu
para a igreja o "ensinando a guardar".
A Capacitação
O próximo passo é o do ensino, a capacitação e treinamento do povo de
Deus para a missão divina. São os novos crentes, a liderança da igreja, os
grupos especiais. Afinal, a igreja não lida com coisas, mas com pessoas, o
que significa que sua tarefa é produzir gente de boa qualidade.
Nosso trabalho é produzir crentes que saibam o que creem, e que possam
declarar sua fé no espírito de 1Pedro 3.15. Para que isso aconteça,
haveremos de enfatizar o estudo sistemático, dialógico da Palavra Santa, ou
seja, não dizer o que se deve crer, mas ajudá-los a descobrir por eles
mesmos; que sejam crentes de princípios justos e valores perfeitos; leais à
Igreja de Jesus Cristo, à sua denominação, e à sua igreja local; crentes
profundamente conscientes do seu papel no mundo, mostrando-lhe o que faz
diferença na vida para eles expressa na simples expressão, "em Cristo".
O Serviço
Cada crente em Jesus Cristo tem recursos para cuidar, zelar, fazer crescer
como participante do Corpo de Cristo com os dons que o Espírito Santo
distribuiu soberanamente (cf. 1Co12.6-11). A Educação Cristã, a educação, há
de tornar compreendidos esses dons, ao tempo, que, abrindo os olhos
espirituais, capacita com o treinamento o crente.
II. Que objetivos educacionais a Educação Cristã deve procurar
DESENVOLVER?
1º Conhecer a Palavra
2º Viver a Palavra
3º Ensinar a Palavra
III. Os fundamentos da educação cristã
A educação para ser cristã deve estar fundamentada nos seguintes princípios:
1 – No ensino da Bíblia. Há necessidade de que a educação cristã resgate a
Bíblia dentro das Igrejas, haja vista que, em muitas situações ela se tornou
secundária, como aconteceu com o povo de Israel antes do reinado de Josias.
Ao falar do ensino da Bíblia devemos nos conscientizar que não ensinamos
qualquer assunto, mas a Palavra de Deus, daí a necessidade de repensarmos
os nossos métodos de ensino no processo ensino-aprendizagem na sala de
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aula na Escola Dominical, por exemplo, conforme as palavras de Paulo:
“aquele que ensina, esmere-se em fazê-lo”.
2 – Na transformação da conduta. Há que se questionar a educação que não
transforma. Uma das finalidades da educação cristã deve ser a mudança do
comportamento. Quantas coisas há para serem mudadas em nossa vida e em
nosso viver diário. Esta questão está diretamente ligada à prática das
Escrituras, pois, se a praticarmos certamente teremos nossa conduta
transformada cotidianamente.
3 – Na piedade. A finalidade última da educação cristã é o Criador. João Amós
Comenius, Pai da Pedagogia Moderna, contribuiu para o conceito de educação
cristã ao declarar que a finalidade da educação é fazer do homem paraíso de
delícias para o Criador.
IV. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ
1.1. A EDUCAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
Deuteronômio 6:4-9 :
[4] Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
[5] Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de toda atua força.
[6] Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
[7] tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
[8] Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os
olhos.
[9] E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Podemos observar que em primeiro lugar a Bíblia nos diz para
reconhecermos Deus como o único Senhor, e adorá-lo com todas as forças do
espírito, alma (mente) e corpo. Como uma atitude seguinte segue-se a
obediência a este Senhor, guardando a Sua Palavra em nosso coração (v.6).
Estas "palavras que hoje te ordeno" que nos versículos anteriores incluíam os
dez mandamentos, e a aliança de Deus com o homem, deveram primeiramente
estar dentro dos corações dos pais, para que então pudessem ser ministradas
aos filhos. Não se pode dar algo que não se tenha recebido primeiro, e tudo
que é bom vem do Pai da luzes. Estas palavras deveriam ser inculcadas aos
filhos, assentado em casa, andando, deitando, levantando. Inculcar nos
dicionários da língua portuguesa significa repetir muitas vezes para imprimir no
espírito (Aurélio, Michaelis). A palavra hebraica traduzida aqui por inculcar (ou
ensinar, intimar) é LAMAD, e é uma palavra de grande abrangência, e
representa muito bem o processo de ensino e aprendizagem que Deus
estabeleceu para os país e filhos.
Lamad, traduzida por inculcar, pode ser definida como:
1. "Cortar" a mente; é a idéia de uma navalha afiada formando um canal
(sulco) na mente e produzindo por meio desta incisão um padrão de
pensamento.
2. Formar um estilo de vida, ou uma maneira de viver.
Temos aqui, portanto dois aspectos: o aspecto interno, relacionado com o
ensinar, que é o "cortar", marcar, criar um caminho que produz padrões e
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estruturas de pensamento, e o aspecto externo, a conseqüência disto, que nos
fala da aprendizagem, que é um estilo de vida, ou uma maneira de viver.
1.2. A EDUCAÇÃO CRISTÃ NO NOVO TESTAMENTO
A maneira como o movimento cristão foi apresentado pelo próprio Senhor
Jesus refere-se a uma forma de vida e de prática eminentemente educativa.
Não se trata de uma nova forma de culto, não é, de forma alguma, uma
orientação sobre rituais religiosos. Todo o tempo, Jesus fala sobre um estilo de
vida transformado e transformador, que deve ser vivido e ensinado. (Mateus
5.17 e 19).
Na igreja primitiva, a pregação do Evangelho era seguida por um ensino
constante, conforme relatos dos Atos dos Apóstolos e das cartas pastorais. Em
Atos 11, lê-se que a conversão de um grande número de gregos na cidade de
Antioquia exige providencias e a igreja de Jerusalém envia Barnabé para
ensinar os novos conversos. Barnabé, por sua vez, percebe as dificuldades
envolvidas em grandiosa tarefa e vai a Tarso buscar reforço, trazendo Paulo
para auxiliá-lo. Paulo permanece em Antioquia durante um ano, ensinando uma
numerosa multidão.
1.3. A EDUCAÇÃ CRISTÃ NA IDADE DAS TREVAS
Quando o Cristianismo deixou de ser um movimento subversivo e
marginalizado dentro do Império Romano, passando ao status de religião
oficial, as bases da fé e da vida cristã foram gradativamente sendo
abandonadas.
A educação que anteriormente era considerada de extrema relevância
dentro das comunidades cristãs, passou a ser percebida como perigosa para
os interesses políticos e eclesiásticos. Os textos sagrados foram proibidos.
Grande parte do próprio clero nem sequer sabia ler (conf. GUILES, 1987). As
Escrituras Sagradas não podiam ser traduzidas para a língua do povo porque
cabia à alta hierarquia clerical a interpretação da mesma.
1.4. A EDUCAÇÃ CRISTÃ NA REFORMA PROTESTANTE
A Reforma Protestante do século XVI tem como marco inicial a publicação
das 95 teses de Martinho Lutero, escritas num simples pedaço de papel e
pregadas na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, no dia 31 de outubro
de 1517. Com esta atitude, Lutero apenas desejava chamar a atenção do clero,
do Imperador e das autoridades em geral para os abusos crescentes e
demonstrar que não havia sustentação bíblica para inúmeras práticas
realizadas, supostamente, em nome de Deus, de Jesus e dos apóstolos.
Rapidamente as teses de Lutero foram traduzidas por seus seguidores e
tornaram-se um dos documentos mais lidos na história do mundo ocidental
Entretanto, Lutero percebeu que a educação do povo não interessava àqueles
que pretendiam manter o povo distante das luzes esclarecedores, oriundas da
Palavra de Deus.
Martinho Lutero mobilizou grandes multidões de pessoas simples e também da
nobreza e da burguesia emergente. Príncipes, teólogos e educadores
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mobilizaram esforços no sentido de fazer prosperar os ideais de um
cristianismo reformado.
Assim, é a Reforma Protestante e não o iluminismo que rompe com a
dominação imposta pela ignorância. É a Reforma quem primeiro advoga a
necessidade urgente de investir na educação de todos como a única forma de
conduzir o povo ao conhecimento do Evangelho e livrá-lo da dominação de um
pseudo-cristianismo dissociado dos ensinos de Cristo e dos apóstolos.
1.5. A EDUCAÇÃO CRISTÃ NA MODERNIDADE
Vejamos alguns desafios que a igreja deve superar no processo de ensino
da Palavra de Deus nos dias atuais:
A. Rejeição dos Relatos Miraculosos. Os relatos bíblicos envolvendo a
atuação miraculosa de Deus como a criação do mundo, os milagres de Moisés,
etc, passaram a ser desacreditados e frequentemente explicado como naturais.
Já que milagres não existem, segue-se que foram fabricações do povo de
Israel e depois da Igreja, que atribuem a eventos sobrenaturais coisas que
nunca aconteceram historicamente.
B. A Pluralidade da Verdade - O pensamento pós-moderno rejeita o conceito
da modernidade de que existam verdades absolutas e fixas. Toda verdade é
relativa e depende do contexto social e cultural onde as pessoas vivem. Isso
inclui verdades religiosas.
C. A Defesa do Inclusivismo - O pós-modernismo busca uma sociedade
pluralista, onde haja convivencia amigável entre visões diferentes e opostas.
Isso é pluralismo inclusivista. Espera-se que as opiniões cedam umas as
outras, particularmente aos pontos-de-vista marginalizados que foram calados
por gerações pelas vozes dominantes da sociedade.É o caso do ponto-de-vista
feminista, dos homossexuais, das minorias| das culturas desprezadas. Isso
abriu o campo para as hermeneuticas das minorias, como a hermenêutica
feminista, a hermenêutica da raça negra e a hermenêutica homossexual.
D. O Conceito do "Politicamente Correio" - Nessa sociedade pluralista e
inclusivista, a opinião e as convicções têm de ser respeitadas — algo com que
o cristão bíblico, a principio concordaria. Mas, para os pluralistas, a razão para
esse "respeito' é que a opinião de um é tão verdadeira quanto a opinião do
outro.
V. CANAIS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ
A. ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
B. CULTO DE DOUTRINA
C. SEMINÁRIOS DE CURTA DUAÇÃO
D. CURSOS BÍBLICOS
E. SEMINÁRIO TEOLÓGICO
F. PALESTRAS, ETC.
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VI. O CONTEÚDO E OS MÉTODOS NA EDUCAÇÃO CRISTÃ
1. O QUE ENSINAR?
Breve resumo dos temas que devemos ensinar e proclamar:
a. Porta – É o momento do início da vida cristã.
Devemos abordar assuntos como: Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus se fez
homem, morreu, ressuscitou e é o Senhor. Arrependimento, morte da velha
vida e começo da nova e poder de Deus para ser transformado.
b. Caminho – são os assuntos que nos levam ao crescimento espiritual:
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& A velha e a nova maneira de viver & O relacionamento entre irmãos
- Impureza sexual - Amor fraternal
- Materialismo e avareza - Comunhão
- Inveja e ira - Serviço
- Vocabulário pervertido - Resolver conflitos
- Falsidade e mentira
- Vícios
- Devolver o mal por mal
- Injustiça
& A família & O Espírito Santo
- O amor familiar - A obra do Espírito
- Criação de filhos no temor do Senhor - O fruto do Espírito
- A conduta dos filhos - Os dons do Espírito
- A presença de Cristo no lar - O andar no Espírito
& A formação do caráter & A igreja
- Integridade - Edificação e crescimento
- Humildade - O batismo
- Domínio próprio - A ceia do Senhor
- Desenvolvimento da personalidade - Dízimos e ofertas
- Obediências as autoridades
- A missão da igreja no mundo
- O triunfo da igreja
& O relacionamento com Deus O trabalho na Obra do Senhor
- Amar a Deus
- A oração, fé e dependência de Deus - Trabalhando para o Senhor
- O louvor e a adoração - Mordomia cristã
- A leitura das Sagradas Escrituras
- O jejum – a confiança na provisão de Deus - O
conhecer a Deus
- O culto a Deus
c. Alvo – O propósito de Deus é ter uma família de muitos filhos semelhantes a
Jesus. Alvo do ensino da Palavra de Deus: - CARÁTER; - BOA CONDUTA; -
TESTEMUNHO; - CRESCIMENTO ESPIRITUAL; - SER EXEMPLO DOS
FIÉIS.
2. A PEDAGOGIA DE JESUS
A excelência de Jesus como mestre chama a nossa atenção não apenas
para o conteúdo de seu ensino mas também para os próprios métodos,
motivações e objetivos revelados em sua pedagogia.
O modelo de educador que Jesus nos apresenta é inspirador e ao mesmo
tempo desafiador, pois nos chama ao compromisso e à dedicação à árdua e
sublime tarefa de educar. Vejamos alguns princípios que se inferem da vida e
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ensino de Jesus e as implicações que os mesmos trazem para a nossa
educação cristã.
1 - Envolvimento Pessoal.
No texto de Marcos 3.14, vemos o relato que quando Jesus chamou os
seus discípulos, eles os chamou para “estarem com ele” primeiramente e
depois para os enviar a pregar.
O modelo de ensino de Jesus não era um ensinamento distanciado,
apartado, onde os alunos apenas se relacionam com o mestre na perspectiva
de emissor e receptor de ensinamentos.
A tarefa de educar, de gerar discípulos, do ponto de vista de Jesus,
começa com o envolvimento entre mestre e discípulo, educador e educando.
Jesus não apenas ensinava com palavras, mas com a própria vida e a
proximidade com os discípulos fazia toda uma diferença que era crucial para
transformá-los.
2 – Variedade de meios de comunicação.
Em Mateus 5.2, vemos o relato de que Jesus se assentou no monte e
começou a ensinar, em Marcos 4.2, é narrado que Jesus ensinava por
parábolas e em Lucas 4.16 a 30 Jesus estava numa sinagoga pregando para
os judeus. No evangelho de João, capítulo 4, vemos Jesus abordando uma
mulher samaritana e, após iniciar um contato pessoal com a mesma, inicia uma
conversa onde Ele comunica verdades preciosas para a vida daquela mulher.
Os textos citados acima nos demonstram a variedade dos métodos que
Jesus usava para comunicar a sua mensagem. Com respeito ao uso das
parábolas, Russel Shedd[1] salienta o seguinte: “As parábolas ofereciam
vantagens ao Mestre incomparável: 1) Prendiam o interesse; 2) Eram um
veículo pedagógico muito comum entre os judeus (cf. 2Sm 12:1-7 e Talmude);
3) Tornavam concretas idéias abstratas...”. Tal fato nos revela que Jesus se
aplicava na missão de se fazer bem entendido aos seus ouvintes.
3 – Encarnação do ensino ministrado.
Em João 13. 1 a 14, Jesus nos ensina uma preciosa lição. O texto nos
diz que Ele se dispôs a lavar os pés dos discípulos. Esta atitude chocou o
discípulo Pedro que não admitia que o seu Senhor se colocasse no papel de
um servo (lavar os pés era função dos escravos).
Ao se colocar na posição de servo, Jesus não estava apenas ensinando
a humildade teoricamente, mas a estava demonstrando na prática. Ele já havia
dito que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
naquela noite ele deu um exemplo prático disto. No v. 14 Jesus disse aos
discípulos “também vós deveis lavar os pés uns dos outros”. Ele não estava
apenas dizendo que eles deveriam lavar os pés uns dos outros, mas Ele estava
dizendo e demonstrara com a própria vida o seu ensinamento.
4 – Fidelidade ao conteúdo.
O evangelho de João, no capítulo 12 versículo 50, registra as seguintes
palavras de Jesus: “como o Pai me tem dito, assim falo”. Estas palavras, além
de demonstrar a fonte do ensino de Jesus, revelam a fidelidade dele no tocante
ao conteúdo do ensino. Todo o conteúdo recebido do Pai era transmitido da
mesma forma, sem alteração, sem adulteração.
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A implicação deste princípio para a educação cristã pode ser sentida
em duas dimensões: a) busca incansável do conhecimento da verdade
ensinada nas Escrituras, que é o conteúdo da educação cristã; b) coragem e
fidelidade no ensino do conteúdo.
5 – Amor aos educandos.
Em João 13.34 Jesus disse que estava dando um novo mandamento
aos discípulos e este mandamento era: “que vos ameis uns aos outros; assim
como eu vos amei, que também ameis uns aos outros.” Jesus estava dizendo
aos discípulos que eles deveriam amar uns aos outros e ao mesmo tempo Ele
se colocava como exemplo deste amor: “como eu vos amei”.
6 – Confronto pessoal.
Jesus não evitou confrontar seus discípulos com a verdade. No
evangelho de João, capítulo 6, dos versículos 60 a 71, Jesus confronta seus
discípulos de maneira dura. Ele falara que aqueles que quisessem segui-lo
deveriam comer da sua carne e beber do seu sangue, deveriam estar
profundamente comprometidos com Ele. Após este discurso alguns seguidores
disseram que tal discurso era duro demais e se retiraram. Jesus, assistindo a
uma grande debandada, diz aos seus discípulos: “quereis vós também retirar-
vos?” Jesus não estava preocupado em agradar aos discípulos, mas sim em
mantê-los íntegros e fiéis à verdade.
7 – Capacitação do educando a se tornar educador.
Marcos 3:14, nos informa que Jesus escolheu doze para estarem com
Ele e também para “os enviar a pregar”. Em Mateus 28.19, Jesus comissiona
os seus discípulos à grande tarefa de se reproduzirem por todo o mundo, de
irem e fazerem discípulos de todas as nações.
Jesus jamais pensou em ensinar àqueles homens apenas para que eles
aprendessem, mas Ele tinha em mente que aqueles homens eram apenas
parte do processo, e que o ensino deveria ser prolongado numa longa cadeia
de mestres e discípulos que se tornam futuros mestres para gerarem novos
discípulos.
8 – Dependência de Deus.
Jesus ensinou que tudo o que fazia era na dependência do Pai. No
evangelho de João 17.7, Ele disse: “... todas as coisas que me tens dado
provém de ti” e ainda no evangelho de João 15.5 ele diz: “sem mim, nada
podeis fazer”.
Tais textos revelam que Jesus reconhecia que todo o seu trabalho de
discipulado não poderia ser possível se não fosse na dependência de Deus e
que também nós, sem ele, sem dependermos dele, nada poderemos fazer.
9 – Ensino com autoridade.
Jesus tinha autoridade. O seu ensino era totalmente diferente do ensino
dos escribas. Mateus 7.28 e 29 nos mostra que as pessoas se admiravam
justamente porque Jesus tinha autoridade.
Autoridade tem a ver com a vida da pessoa que ensina, com a
presença do poder e da unção de Deus sobre aquele que ministra. Autoridade
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também indica autenticidade da vida de quem ensina. Só tem autoridade quem
vive o que prega e quem prega o que vive.
10 – Confiança no evangelho como poder de Deus para transformar vidas.
Em João 6.63 Jesus disse: “As palavras que eu vos tenho dito, são
espírito e vida”. Jesus cria que no que ele pregava o evangelho, era poder de
Deus para trazer vida aos seus discípulos.
Temos que crer no evangelho como o poder de Deus para transformar
vidas se quisermos nos dedicar à educação cristã. O evangelho pode mudar a
sorte de um homem, do inferno para o céu. Nações inteiras podem ser
transformadas por uma geração que recebeu valores evangélicos em sua
educação e que passaram a viver por estes mesmos princípios.
CONCLUSÃO. O que quer que aconteça na igreja é pedagógico, e essa ação
pedagógica há de ajudar o crente a pensar, e guiá-lo a uma perspectiva
diferente de si, dos outros, dos horizontes. Embora a fé se tenha tornado difícil
neste mundo de pensamento lógico e materializado, nosso povo anseia pela
vida de fé com Deus, e aí reside o propósito central da educação religiosa: ser
um fator de participação e de liderança de mudanças nos envolvimentos do ser
humano em suas interrelações. A igreja, por isso, deve se tornar um centro de
convivência, ou no dizer de Miller, "a igreja local é onde nos tornamos
conscientes do começo de nosso sustento na vida cristã" (p. 194).
REFERÊNCIAS:
- APOSTILA DE EDUCAÇÃO CRISTÃ. Antônio Rodrigues e Cleudson Carlos.
Setadi.
- HIMITIAN, Jorge. O ministério didático da igreja. Editora Logos, 1991.
- CD-ROOM: Novo Dicionário Aurélio.
- Site: Click Teologia (alguns artigos relacionados à Educação Cristã).
- Artigo A EDUCAÇÃO RELIGIOSA – refletindo sobre seus benefícios. Pr.
Walter Santos Baptista
- Flávio da Silva Duarte. Trabalho Acadêmico - A PEDAGOGIA DE JESUS:
Dez princípios e implicações para a educação cristã. SPBC.
O que é Educação Cristã
Escola de Teologia Seminário Bíblico -ETSB