Violência doméstica e
familiar contra as
mulheres
Oque fazer e como identificar?
Alunas:
ANA BEATRIZ PAIXÃO DOS SANTOS
ANA LAURA JOANIS MALDONADO
JÚLIA MARCOLINO NOVELLI DE SENE
LAURA GUIMARÃES PASQUINI
PIETRA MALACRIDA GARCIA
TEMA DO TRABALHO: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA MULHERES COMO
CATEGORIA DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Disciplina: CLÍNICA DE DIREITOS: ORIENTAÇÃO, SUPERVISÃO JURÍDICA E VIAS
DE RESOLUÇÃO
Professor(a) Titular: ALINE GABRIELA PESCAROLI CASADO
Cordenador(a) do Curso: SIMONE FOGLIATO FLORES
MARINGÁ 2024
POR ONDE COMEÇAR?
Para iniciarmos uma análise sobre a violência doméstica e
familiar contra mulheres é preciso compreende-la como
uma categoria da violência de gênero!
Nossos vínculos sociais são permeados e construídos por
relações de poder, as quais são baseadas pela bagagem
históricas de atribuições direcionadas a cada gênero,
proposição desenvolvida por Christine Delphy ao explicar
que, o sexo biológico é socialmente construído por causa
da existência do gênero.
Esses arranjos distintos direcionados a homens e mulheres
refletem numa hierarquização, em que a intersecção entre
violência e gênero podem ser vistas em diversos tipos de
violência, desde ofensas e ameaças até relações sexuais
não consentidas e forçadas.
Aqui, informaremos especificamente sobre essa violência
no ambiente doméstico e familiar, visto que, no ano de
2022, a Pesquisa Visível e Invisível:
a vitimização de mulheres no
Brasil 4a edição - 2023 expôs
que 46,7% das brasileiras
afirmam ter sofrido alguma
forma de assédio em 2022,
totalizando 30 milhões de
mulheres.
ENTÃO, AFINAL, O QUE É A VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA MULHER?
A violência doméstica e familiar contra a mulher, de acordo
com a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), é qualquer
ação ou omissão direcionada à mulher que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
ou patrimonial, ocorridos no âmbito da unidade doméstica,
da família ou das relações íntimas de afeto.
Os dados mais recentes sobre violência doméstica e familiar
contra a mulher no
Paraná são alarmantes. Entre janeiro e maio de 2024, foram
registrados mais de 90 mil boletins de ocorrência de
violência contra a mulher, sendo 30 mil relacionados à
violência doméstica.
Em 2023, o Paraná registrou 231.864 casos de violência
contra a mulher, um aumento em relação aos 207.805 casos
de 2022. Em termos de violência sexual, os números
também cresceram em 2023, com 11.746 registros, um
aumento de 14,4% em relação ao ano anterior.
QUEM FOI MARIA DA
PENHA?
Farmacêutica brasileira, foi vítima de duas tentativas
de assassinato por parte de seu marido em 1983,
a qual lutou judicialmente durante 19 anos pela
sua condenação, permanecendo apenas dois
anos em regime fechado.
Em 2004, o Projeto de Lei
4.559/2004 foi encaminhado
ao Congresso Nacional e,
após algumas alterações, a
Lei Nº 11.340/2006,
conhecida como LEI MARIA
DA PENHA foi sancionada e
publicada em 07 de agosto
de 2006, tornando-se um
marco na proteção dos
direitos das mulheres no
Brasil, estabelecendo
mecanismos para prevenir e
combater a violência
doméstica e familiar contra
a mulher.
A lei ainda reconhece as
relações de afeto
independentemente de
coabitação, incluindo casais
homossexuais.
QUAIS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA
PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA?
VIOLÊNCIA FÍSICA
Qualquer ação que comprometa a integridade
ou saúde corporal da mulher, como tapas,
chutes, socos, mordidas, entre outros.
VIOLÊNCIA PATRIMONIAL
Retenção, subtração ou destruição de objetos,
documentos pessoais, bens, direitos ou
recursos econômicos.
VIOLÊNCIA MORAL
Condutas como calúnia, difamação ou injúria,
como acusações infundadas ou difamação
pública da vítima.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
Engloba ações que causem dano emocional,
diminuição da autoestima ou controle
comportamental por meio de ameaças,
humilhação, isolamento, chantagem, entre
outros.
VIOLÊNCIA SEXUAL
Ações que forçam a mulher a manter relações
sexuais não desejadas mediante ameaça,
coerção ou uso da força, podendo acontecer
fora ou dentro de relacionamentos ou
casamento.
CICLO DA VIOLÊNCIA
Aumento da tensão: Agressões
verbais, crises de ciúme, humilhações,
acessos de raiva. A mulher passa a ter
medo de se contrapor ao marido.
Ato de violência: O (a) agressor (a)
perde o controle, a tensão da fase um
é externalizada por meio de agressões
físicas, verbais e sexuais graves.
Lua de mel: O agressor pede perdão,
passa a ser dócil e
amável, confundindo
a vítima, como por
meio de frase
“eu vou mudar”.
O FEMINICÍDIO
O feminicídio é entendido como o assassinato de mulheres por
razões associadas a seu gênero, que decorrem de uma variedade de
abusos físicos e psicológicos, tais como o estupro, a tortura, a
escravidão sexual (particularmente a prostituição), o incesto, o
abuso sexual contra crianças, agressão física e sexual, assédio
sexual, mutilação genital e outras formas de opressão contra
mulher.
No que concerne a letalidade, a edição 2023 do Relatório Atlas da
Violência mostra que, enquanto a taxa de homicídios, da população
em geral, apresenta queda, a de homicídios femininos cresceu 0,3%,
de 2020 para 2021. Em 2021, 3.858 mulheres foram mortas de forma
violenta no Brasil. O número representa mais de 10 mortes por dia
e coloca as mulheres como um dos maiores grupos de vítimas de
violência cotidiana no país.
No estado do Paraná, o número de feminicídio seguiu a tendência
nacional de crescimento, destacando-se negativamente como
segundo Estado com maior número de feminicídios do país no
primeiro semestre de 2024, de acordo com dados divulgados pelo
Laboratório de Estudos de Gênero e Violência da Universidade
Estadual de Londrina (LESFEM). Tendo até o presente momento 198
casos tentados e consumados.
Você já ouviu falar na Lei 13.104/15?
Essa lei, publicada em 9 de março de 2015, foi a responsável por
qualificar o feminicídio como uma forma específica de homicídio, a
qual foi um avanço importante, no entanto, deve ser vista como
um ponto de partida, e não de chegada, na luta pela igualdade de
gênero e pela universalização dos direitos humanos
No Brasil, as mulheres negras são desproporcionalmente
afetadas por esse tipo de crime. De 3.858 mulheres
assassinadas, no ano de 2021, 2.601 eram mulheres negras,
o que representa 67,4% do total de mulheres assassinadas.
O risco de uma mulher negra sofrer violência letal é 1,8%
maior na comparação a uma mulher não negra
Violências invisibilizadas contra
mulheres
Com deficiência: mulheres com deficiência ainda são as principais vítimas
da violência no Brasil, de acordo com o Atlas da Violência 2024, divulgado
pelo IPEA, com 57,2 vítimas para cada dez mil indivíduos.
Migrantes: Segundo a Organização Mundial das Migrações (OIM), as
mulheres já representam 48% das pessoas que migram em todo o
mundo. No Brasil, esse percentual é de 39%. De acordo com uma
pesquisa captada pelo Ipead-UFMG, até mesmo a taxa de desemprego
dessas mulheres é de 18%, muito acima dos homens venezuelanos (6%). A
presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Ana
Paula Siqueira alarma que “Essas mulheres são expostas à violência e à
exploração sexual e enfrentam perigos e longas jornadas para chegar a
um lugar onde possam viver em paz. Precisamos garantir uma estrutura
de acolhimento para essas pessoas”
LGBTs: Com base nas informações levantadas pelo Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN), o estudo indica que, em
2022, 8.028 pessoas dissidentes sexuais e de gênero foram vítimas de
violência no Brasil. O número equivale, em média, a 22 casos por dia, ou
quase uma ocorrência por hora. Na comparação com 2021, quando foram
registrados 5.759 casos, houve aumento de 39,4% no índice.
Em briga de marido e mulher se mete a
colher! Como ajudar uma mulher que está
passando pela violência doméstica?
A denúncia de agressões é um passo vital que
pode auxiliar na proteção da vítima e na
responsabilização do agressor. As mulheres
podem registrar suas queixas em qualquer
delegacia; no entanto, é recomendado
procurar uma Delegacia Especializada de
Atendimento à Mulher (DEAM). Este ambiente
é mais capacitado para lidar com casos de
violência de gênero, providenciando um
tratamento mais acolhedor e eficaz
As vítimas podem solicitar medidas protetivas,
que são medidas legais que visam garantir
sua segurança. Isso pode incluir o
afastamento do agressor, a proibição de
aproximação e outras ações que visem
proteger a vítima. O acesso a essas medidas é
fundamental para interromper um ciclo de
violência e garantir um ambiente seguro para
a mulher
CANAIS DE DENÚNCIA
O Ligue 18 é a Central de Atendimento à Mulher,
disponível para denúncias de violação dos
direitos das mulheres. O serviço funciona 24
horas por dia, é gratuito e preserva o anonimato
dos denunciantes, recebendo relatos da própria
vítima ou de terceiros sobre situações de
violência.
Em Maringá: Canal de denúncia: Centro de
Referência e Atendimento à Mulher CRAM Rua
Tomé de Souza,142- Zona 2, Maringá - PR Fone:
(44) 3127-5850; Rede de atendimento: Secretaria
da Mulher Fone: 44 3293-8350 Av. Papa XXIII, 427
Delegacia da Mulher (Boletins de ocorrência e
solicitação de medidas protetivas) Fone: 44 3220-
2500 R. Júlio Meneguetti, 195
Guarda municipal Patrulha Maria da Penha
(Situações de emergência, acompanhamento das
medidas protetivas e denúncias) 153
Polícia Militar (Situações de emergência) 190
ATENDIMENTO
CEVIGE - OAB Maringá (Atendimento primário e
emergencial nos casos de violência de gênero) Fone: 44
99118-1560 - Plantão Av. Pres. Juscelino K. de Oliveira,
970
5ª Vara Criminal Juizado de Violência Doméstica contra
Mulheres (Informações sobre processos e medidas
protetivas) Fone: 44 3472-2798 Fórum - Av. Tiradentes,
380 - 1º andar
REFERÊNCIAS
https://www.gov.br/mulheres/pt-br/central-de-
conteudos/noticias/2023/novembro/copy_of_ligue-180-registra-mais-de-74-mil-
denuncias-de-violencia-contra-mulheres-nos-primeiros-10-meses-d
https://www.defensoriapublica.pr.def.br/Pagina/Mapeamento-de-servicos-de-apoio-
mulheres-em
https://www.estadao.com.br/brasil/vencer-limites/mulheres-com-deficiencia-ainda-
sao-as-princip/
https://www.almg.gov.br/comunicacao/noticias/arquivos/Mulheres-migrantes-
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https://mppr.mp.br/Atuacao-Violencia-Domestica
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/aspectos-historicos-e-conceituais-da-violencia-
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https://www.tjdft.jus.br/informacoes/cidadania/nucleo-judiciario-da-mulher/o-
nucleo-judiciario-da-mulher/quem-e-maria-da-
penha#:~:text=Maria%20da%20Penha%20Maia%20Fernandes,o%20uso%20de%20u
ma%20espingarda.
https://appsindicato.org.br/casos-de-feminicidio-em-2024-aumentam-no-parana-e-
no-brasil-em-comparacao-ao-ano-passado/
https://www.assembleia.pr.leg.br/comunicacao/noticias/estatisticas-da-violencia-
contra-a-mulher-reforcam-importancia-da-semana-agosto-lilas
Canais de Denúncia - Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres
(maringa.pr.gov.br)
SciELO - Brasil - Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de
investigação Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação
DE CAMPOS, Carmen Hein. Feminicídio no Brasil: uma análise crítico-feminista.
Sistema Penal & Violência, v. 7, n. 1, p. 103-115, 2015. Disponível em:
file:///C:/Users/Rose/Downloads/admin,+08+SPViolencia+v7n1+-+final.pdf. Acesso
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INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Atlas da violência contra a
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O PEROBAL. Paraná é vice em casos de feminicídios no primeiro semestre de 2024,
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https://operobal.uel.br/extensao/2024/07/22/parana-e-vice-em-casos-de-feminicidios
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TIPOLOGIA DA VIOLÊNCIA. Disponível em: <https://www.cevs.rs.gov.br/tipologia-da-
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IPEA - Atlas da Violencia v.2.7 -. Disponível em:
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