0% acharam este documento útil (0 voto)
21 visualizações7 páginas

TJSP

O Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento à Apelação Cível nº 1007932-54.2024, onde os apelantes, filhos de uma servidora falecida por COVID-19, buscavam indenização por danos morais contra o Município de Itapetininga. A decisão manteve a sentença de improcedência, destacando a ausência de comprovação de culpa da administração pública e a caracterização de caso fortuito. Assim, a responsabilidade do Estado não foi reconhecida, e os apelantes foram condenados ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

Enviado por

samneill
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
21 visualizações7 páginas

TJSP

O Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento à Apelação Cível nº 1007932-54.2024, onde os apelantes, filhos de uma servidora falecida por COVID-19, buscavam indenização por danos morais contra o Município de Itapetininga. A decisão manteve a sentença de improcedência, destacando a ausência de comprovação de culpa da administração pública e a caracterização de caso fortuito. Assim, a responsabilidade do Estado não foi reconhecida, e os apelantes foram condenados ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

Enviado por

samneill
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 7

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2025.0000022723

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1007932-54.2024.8.26.0269, da Comarca de Itapetininga, em que são apelantes CAROLINA
MARIANO DE MATOS, MATHEUS AUGUSTO MARIANO DE ASSIS e CAMILA
MARIANO DE MATOS, é apelado MUNICIPIO DE ITAPETININGA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 6ª Câmara de Direito Público do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores SILVIA MEIRELLES


(Presidente sem voto), MARIA OLÍVIA ALVES E ALVES BRAGA JUNIOR.

São Paulo, 16 de janeiro de 2025.

SIDNEY ROMANO DOS REIS


Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto nº 43.362
Apelação Cível nº 1007932-54.2024.8.26.0269
Apelantes: Carolina Mariano de Matos e Outros (AJ)
Apelado: Município de Itapetininga
Comarca: Itapetininga
Magistrado(a) Sentenciante: Miguel Alexandre Correa Franca

Apelação Cível Administrativo - Responsabilidade Civil do


Estado Indenização por danos morais proposta por filhos de
servidora falecida em razão de COVID-19 Demanda proposta
contra o Município de Itapetininga Sentença de improcedência
Recurso dos autores Desprovimento de rigor.
1. De início, releva notar que o vínculo da servidora falecida com o
Município de Itapetininga é de natureza estatutária não se aplicando
as disposições da Lei Federal nº 8.213/91.
2. De outra parte, conquanto triste a morte do familiar dos autores e
suas circunstâncias não procede o pedido de indenização por dano
moral Não comprovação da desídia ou negligência do Estado
Administração por meio da conduta de seus agentes Ademais, no
presente caso há causa excludente de responsabilidade do Estado,
caso fortuito e força maior Dano moral não configurado -
Precedentes.
3. Ônus de sucumbência majorados, observada a gratuidade de
Justiça de que beneficiários os autores.
Sentença mantida - Apelação desprovida.

1. Por r. Sentença de fls. 88/92, cujo relatório ora se adota, o MM. Juiz de
Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Itapetininga, nos autos de Ação
Indenizatória Trabalhista proposta por Carolina Mariano de Matos e Outros contra o
Município de Itapetininga, assim decidiu: "JULGO IMPROCEDENTE a ação proposta por
CAROLINA MARIANO DE MATOS, CAMILA MARIANO DE MATOS e MATHEUS
AUGUSTO MARIANO DE ASSIS em face do MUNICÍPIO DE ITAPETININGA e, por
conseguinte, extinguindo o processo, com resolução de mérito, o que faço com fundamento na
regra do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. m razão da sucumbência, condeno
os autores ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios que, nos
termos do art. 85, § 2º do CPC, fixo em 10% do valor atualizado da causa, observando-se a
gratuidade anteriormente deferida (fls. 28)".
Não conformados apelam os autores Carolina Mariano de Matos e
Apelação Cível nº 1007932-54.2024.8.26.0269 -Voto nº 43362 2
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Outros com razões de fls. 98/104.


Pretendem a reforma da r. Sentença no sentido da procedência da
demanda e assim "reconhecer a culpa do município, vez que há relação de causa e efeito
entre a função que fora desempenhada pela senhora Vera, mãe dos Apelantes, ter contraído
Covid-19, e vindo a falecer Para tanto, o valor a ser indenizado deverá ser no patamar de R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais)". Para tanto, em resumo, argumentam que "são
filhos de VERA LÚCIA MARIANO DE MATOS, ex-servidora pública municipal, a qual
exercia trabalho nas dependências da Reclamada, ocupando o cargo efetivo de auxiliar de
enfermagem, durante o período de 14/10/1999 até 05/03/2021de tempo de serviço. Ocorre que
durante o período da pandemia COVID-19 a servidora VERA LÚCIA MARIANO DE
MATOS foi submetida a trabalho perigoso, uma vez que fora obrigada a trabalhar em hospitais
de campanha para atender pacientes enfermos com a doença" e que em "05/03/2021 o de
cujus sofreu acidente de trabalho, (contraiu covid-19), vindo a falecer, conforme atestado de
óbito que junta em anexo. Na data do falecimento de VERA LÚCIA MARIANO DE MATOS,
a mesma se encontrava trabalhando no município de Itu-SP em hospital de campanha, uma vez
que o município de Itapetininga à transferiu para ajudar no hospital de campanha". Dizem que
configurado o acidente de trabalho na forma dos arts. 19 e 21 da Lei Federal nº
8.213/91. Assentam o pleito reparatório nos arts. 186 e 944 do Código Civil e, ao final,
colacionam julgados que lhes seriam favoráveis.
Contrarrazões às fls. 109/116, subindo os autos.

2. Não comporta reforma a r. Sentença.


Conforme sumariado pelo Nobre Magistrado de Primeiro Grau,
"CAROLINA MARIANO DE MATOS, CAMILA MARIANO DE MATOS e MATHEUS
AUGUSTO MARIANO DE ASSIS ajuizaram a presente AÇÃO INDENIZATÓRIA
TRABALHISTA em face do MUNICÍPIO DE ITAPETININGA alegando, em síntese, são
filhos de Vera Lúcia Mariano de Matos, ex-servidora pública municipal, a qual exercia trabalho
nas dependências da Reclamada, ocupando o cargo efetivo de auxiliar de enfermagem.
Ressaltaram que durante o período da pandemia COVID-19 a servidora foi submetida a
trabalho perigoso, uma vez que fora obrigada a trabalhar em hospitais de campanha para
atender pacientes enfermos com a doença. Asseveraram que em 05/03/2021 o de cujus sofreu
acidente de trabalho, (contraiu covid-19), vindo a falecer, conforme atestado de óbito que junta

Apelação Cível nº 1007932-54.2024.8.26.0269 -Voto nº 43362 3


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

em anexo. Na data do falecimento de Vera, ela se encontrava trabalhando no município de Itu


em hospital de campanha, uma vez que o município de Itapetininga à transferiu para ajudar no
hospital de campanha. Considerando que o de cujus faleceu em decorrência do trabalho, uma
vez que precisava trabalhar atendendo enfermos de COVID-19, o município foi o culpado pelo
ocorrido, devendo genitores serem indenizados. Requereram a procedência da presente ação,
condenando o requerido a pagar indenização acidentária / danos morais, mediante parcela única
no valor de R$ 150.000,00, ou se de outra forma entender este Juízo, pensão civil vitalícia
correspondente à depreciação sofrida, nesse caso, seja constituído capital pela empresa para
garantir o pagamento da indenização (fls. 01/08)".

Pese embora o elogiável esforço defensivo demonstrado pelo


dedicado Advogado subscritor das razões de apelo e conquanto comovente e triste
o falecimento da genitora dos autores em decorrência de ter contraído Covid, não
restou evidenciado que tenha a Administração se omitido em seu dever de zelo e
vigilância no caso específico dos autos.
De proêmio, impõe observar que a servidora falecida Vera Lúcia
Mariano de Matos e genitora dos autores Carolina Mariano de Matos e Outros
ostentava vínculo de natureza estatutária com o Município de Itapetininga (cf. fls.
14).
Não se aplica, portanto, o disposto na Lei Federal nº 8.213/91.
A controvérsia posta deve ser apreciada sob o prisma das normas de
Direito Público e Direito Administrativo.
No caso em apreço reputo presente circunstância relevadora de caso
fortuito a redundar na não responsabilidade do Estado pelo evento e morte da
servidora.
Desse modo, conquanto lamentável o falecimento da genitora dos
autores, não se pode dizer que houve falha estatal no presente caso.
Com efeito, com base no material probatório contido nos presentes
autos, deflui-se que foram tomadas as medidas necessárias à mitigação dos efeitos
da pandemia.
Do quanto colacionado aos autos, não há prova alguma a apontar e
demonstrar a alegada desídia do Município de Itapetininga em garantir a

Apelação Cível nº 1007932-54.2024.8.26.0269 -Voto nº 43362 4


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

integridade dos servidores da área de Saúde.

MARÇAL JUSTEN FILHO ensina: “A responsabilidade civil do Estado


depende de uma conduta estatal, seja ativa, seja passiva, que produza efeito
danoso a terceiro. A mera consumação de dano na órbita individual de um terceiro
é insuficiente para o surgimento da responsabilidade do Estado”.
Conclui o eminente jurista afirmando ser “insatisfatória a pretensão de
estabelecer, de modo puro e simples, uma relação de causalidade física ou natural
entre a ação ou omissão estatal e o resultado danoso” (Curso de Direito
Administrativo, Ed. Saraiva, p. 795).

No mais, a pretensão reparatória proposta está assentada em


aventada omissão e negligência do Estado.
Tais pressupostos estão esculpidos na Constituição Federal, em seu
artigo 37, §6º, que diz expressamente:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Assim, entendo que, tratando-se de responsabilidade subjetiva,


necessária seria a demonstração da culpa da Administração Pública para lhe ser
imputado o dever de indenização, não sendo esse o caso dos autos.
Nesse sentido o magistério de Sergio Cavalieri Filho:
“Com efeito, a teoria do risco administrativo, embora dispense a prova
de culpa da Administração, permite ao Estado afastar a sua responsabilidade nos
casos de exclusão do nexo causal fato exclusivo da vítima, caso fortuito, força maior
e fato exclusivo de terceiro. O risco administrativo, repita-se, torna o estado
responsável pelos riscos da sua atividade administrativa, e não pela atividade de
terceiros ou da própria vítima, e nem, ainda, por fenômenos da Natureza, estranhos
à sua atividade. Não significa, portanto, que a Administração deva indenizar sempre
e em qualquer caso o dano suportado pelo particular. Se o Estado, por seus agentes,
não deu causa a esse dano, se inexiste relação de causa e efeito entre a atividade
administrativa e a lesão, não terá lugar a aplicação da teoria do risco administrativo
Apelação Cível nº 1007932-54.2024.8.26.0269 -Voto nº 43362 5
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

e, por via de consequência, o Poder Público não poderá ser responsabilizado. (in
Programa de responsabilidade Civil 8ª edição São Paulo: Atlas, 2009, p. 232).
No caso presente não estava ao alcance do Estado Administração
impedir que o triste desfecho se verificasse dada que tomadas as cautelas que se
mostravam adequadas para a situação de pandemia.
Neste sentido, julgados desta E. Corte:
APELAÇÃO CÍVEL RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO -
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Óbito de Auxiliar de Enfermagem
por complicações decorrentes de infecção por COVID-19 - Pretensão
de compelir a Fazenda Estadual ao pagamento indenização pelos
danos morais suportados pela filha da servidora falecida Estado que
demonstrou satisfatoriamente que não houve omissão no fornecimento
de equipamentos de proteção - Ausência de nexo causal entre
qualquer ação/omissão da requerida e o dano suportado Não
caracterização dos elementos necessários para configurar a
responsabilidade em indenizar Sentença de improcedência mantida -
Recurso da autora improvido. (TJSP; Apelação Cível
1014319-88.2023.8.26.0053; Relator (a): Maria Laura Tavares; Órgão
Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda
Pública/Acidentes - 5ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento:
27/11/2023; Data de Registro: 27/11/2023).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. MUNICÍPIO DE ROSEIRA. SERVIDOR FALECIDO. COVID 19.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE REFORMA. Sem
arguição de preliminares. No mérito, das provas apresentadas, não foi
comprovado o nexo de causalidade entre os fatos e a hipótese jurídica
da norma. No mérito, das provas apresentadas, não foi comprovado o
nexo de causalidade entre os fatos e a hipótese jurídica da norma.
Equipamentos de proteção fornecidos pelo requerido. Ausência de
comprovação de que a contaminação se deu no ambiente de
trabalho. Dos documentos apresentados por ambas as partes, denotou-
se ausência de elementos para se configurar o nexo de causalidade.
Não comprovação de culpa por parte da Administração Pública.
Sentença mantida. Majoração dos honorários advocatícios, em grau
recursal, observada a gratuidade. Recurso não provido. (TJSP;
Apelação Cível 1000573-59.2022.8.26.0516; Relator (a): Camargo
Pereira; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Público; Foro de Roseira -
Vara Única; Data do Julgamento: 27/09/2023; Data de Registro:
27/09/2023).

Descabido, portanto, o pleito de indenização por dano moral.


Destarte, alternativa não restava senão a improcedência da demanda.

Apelação Cível nº 1007932-54.2024.8.26.0269 -Voto nº 43362 6


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Por derradeiro, considerando o desfecho do presente recurso, de rigor


a observância da novel disciplina relativa aos honorários advocatícios constantes do
§ 11º do art. 85 do NCPC e assim, majorar-se os honorários advocatícios em razão
dos debates havidos em seara recursal.
Deste modo, tendo em conta o trabalho adicional realizado em sede
recursal pela parte adversa, hei por bem em majorar em 10% (dez por cento) o
percentual arbitrado em Primeira Instância.
Para o fito de dirimir qualquer dúvida consigno que o percentual de
10% ora arbitrado incidirá sobre aquele percentual fixado anteriormente pelo
Magistrado Sentenciante e, assim, por exemplo, se determinado o patamar mínimo
previsto no inciso I, do § 3º, do art. 85, do novo CPC, ou seja, patamar mínimo de
10%, o novo arbitramento será de 11% - percentual resultante do acréscimo de 10%
sobre o percentual de 10%.
O arbitramento presente substitui aquele havido em Primeira Instância.
Pagamento suspenso em razão da gratuidade de Justiça de que
beneficiários os autores-apelantes.

Para efeito de eventual prequestionamento, importa registrar que a


presente decisão apreciou todas as questões posta no recurso sem violar a
Constituição Federal ou qualquer lei infraconstitucional, restando expressamente
prequestionados todos os artigos implícita e explicitamente mencionados.

3. Ante todo o exposto, pelo meu voto, nego provimento ao recurso.

Sidney Romano dos Reis


Relator

Apelação Cível nº 1007932-54.2024.8.26.0269 -Voto nº 43362 7

Você também pode gostar