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Debate Filosofia

O documento explora as ideias de Catharine MacKinnon sobre feminismo jurídico, destacando como a pornografia e a sexualização das mulheres perpetuam desigualdades de gênero, em contraste com os princípios de dignidade e igualdade da Constituição Federal de 1988 do Brasil. MacKinnon argumenta que a pornografia é uma forma de opressão que desumaniza as mulheres, e que a legislação deve reconhecer e combater essas práticas discriminatórias. A conclusão enfatiza que a luta contra a objetificação feminina é essencial para garantir os direitos humanos e a igualdade prometida pela Constituição.

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Debate Filosofia

O documento explora as ideias de Catharine MacKinnon sobre feminismo jurídico, destacando como a pornografia e a sexualização das mulheres perpetuam desigualdades de gênero, em contraste com os princípios de dignidade e igualdade da Constituição Federal de 1988 do Brasil. MacKinnon argumenta que a pornografia é uma forma de opressão que desumaniza as mulheres, e que a legislação deve reconhecer e combater essas práticas discriminatórias. A conclusão enfatiza que a luta contra a objetificação feminina é essencial para garantir os direitos humanos e a igualdade prometida pela Constituição.

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Hoje estou aqui para explorar as ideias de uma das mais influentes teóricas do feminismo

jurídico: Catharine MacKinnon, e trazer também as normas de igualdade da nossa


Constituição Federal de 1988, que estabelece a dignidade e a igualdade como pilares
fundamentais da sociedade brasileira.

Catharine MacKinnon nasceu em 1946, nos Estados Unidos, e viveu um período de


profundas transformações sociais. Ela cresceu em uma época marcada pelos movimentos
pelos direitos civis, feminismo de segunda onda e debates intensos sobre igualdade de
gênero. Seu trabalho é profundamente moldado por essas lutas, mas também inovador,
porque ela trouxe o feminismo para o campo jurídico de forma sistemática e contundente.

MacKinnon acredita que as desigualdades de gênero não são apenas questões culturais ou
sociais, mas são estruturadas e legitimadas pelo sistema jurídico. Para ela, o direito muitas
vezes funciona como um instrumento de manutenção da opressão, ao invés de combatê-la.

No Brasil, temos um sistema jurídico baseado em valores que se opõem diretamente a isso.
A Constituição Federal de 1988, chamada de “Constituição Cidadã”, coloca no centro a
igualdade de direitos e a dignidade da pessoa humana, princípios que entram em conflito
direto com os impactos da pornografia e da sexualização excessiva das mulheres.

Contexto Histórico e Jurídico

O trabalho de MacKinnon surge em um momento em que o feminismo começava a


questionar as bases legais da opressão de gênero. Nos anos 1980, nos Estados Unidos, ela
participou de debates sobre como a lei tratava questões como violência sexual, assédio no
trabalho e pornografia. Sua proposta era revolucionária: usar o sistema jurídico como
ferramenta para desconstruir as desigualdades estruturais entre homens e mulheres.

Um exemplo importante de sua influência foi a luta para que o assédio sexual fosse
reconhecido como uma forma de discriminação de gênero, algo que hoje parece óbvio, mas
que na época era um conceito novo. Assim, ela demonstrou que o direito pode ser usado
para mudar comportamentos e relações de poder.

A Pornografia na Visão de MacKinnon

Catharine MacKinnon argumenta que a pornografia não é simplesmente uma forma de


entretenimento ou uma expressão artística. Na verdade, ela considera a pornografia uma
forma de opressão sexual, que reforça a dominação masculina ao retratar as mulheres
como objetos disponíveis para o consumo masculino.

Ela afirma que a pornografia não apenas reflete a desigualdade de gênero, mas ativamente
a produz e reforça. Quando as mulheres são representadas de maneira degradante ou
submissa, isso contribui para normalizar comportamentos violentos e reforçar uma cultura
que desvaloriza a mulher como sujeito pleno.
Um ponto central das ideias de MacKinnon é como a pornografia contribui para a cultura
da violência sexual. Estudos que ela cita mostram que, ao consumir pornografia, as
pessoas podem se dessensibilizar à violência, normalizando atos que deveriam ser
inaceitáveis.

Esse impacto vai além das telas: ele se manifesta na maneira como as mulheres são
tratadas no dia a dia, desde o assédio nas ruas até a violência doméstica. Quando a
sociedade consome imagens que reduzem as mulheres a objetos sexuais, isso reforça a
ideia de que elas existem para satisfazer os desejos masculinos, e não como indivíduos com
direitos e autonomia.

MacKinnon trabalhou, ao lado de Andrea Dworkin, na criação de um modelo jurídico que


propunha reconhecer a pornografia como uma violação dos direitos civis das mulheres.
Para ela, a pornografia não pode ser defendida apenas sob o argumento da liberdade de
expressão, porque essa "liberdade" é usada para sustentar estruturas de dominação.

Essa perspectiva é especialmente relevante no Brasil, onde a Constituição Federal proíbe


qualquer forma de discriminação e garante a igualdade de gênero em seus artigos 1º,
3º e 5º.

●​ Artigo 1º: Estabelece como fundamento da República a dignidade da pessoa


humana.
●​ Artigo 3º: Define como objetivo da República promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo ou quaisquer outras formas de discriminação.
●​ Artigo 5º: Garante que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, e prevê a inviolabilidade da honra e da imagem.

Impactos Jurídicos e Sociais da Pornografia no Contexto Constitucional

A pornografia e a cultura que ela promove entram em choque com esses princípios
constitucionais, pois:

1.​ Violam a dignidade humana: Ao tratar as mulheres como objetos, a pornografia


desumaniza e desvaloriza, contrariando o reconhecimento da dignidade como base
para todos os direitos.
2.​ Reforçam a discriminação de gênero: Apesar de a Constituição garantir igualdade,
a objetificação sexual das mulheres perpetua a ideia de inferioridade feminina,
criando barreiras invisíveis para que elas exerçam plenamente seus direitos.
3.​ Afetam a honra e a imagem: A representação sexualizada e degradante das
mulheres nas mídias pode ser interpretada como uma violação direta da garantia de
inviolabilidade da imagem e da honra previstas no artigo 5º.
Ligação com a Propaganda de Motel

Vamos trazer isso para o caso que estamos discutindo: uma propaganda de motel que
sexualiza uma mulher e seu trabalho.

Aqui, vemos claramente o impacto da cultura promovida pela pornografia. Essa propaganda
reforça a mensagem de que as mulheres existem para o prazer masculino. Ela reduz a
mulher a sua aparência e sexualidade, ignorando completamente sua complexidade como
indivíduo. Esse tipo de propaganda também descredibiliza a própria profissão, colocando ela
no lugar de um fetiche sexual masculino. Isso não é apenas ofensivo; é perigoso.

Quando normalizamos esse tipo de representação, contribuímos para um ciclo de


objetificação, onde as mulheres continuam sendo vistas e tratadas como inferiores. E, como
MacKinnon aponta, essa representação não é inofensiva; ela perpetua a desigualdade de
gênero em níveis sociais, culturais e legais.

Quando a Constituição fala sobre promover o bem de todos, sem preconceitos ou


discriminação, fica evidente que esse tipo de publicidade contraria os objetivos
constitucionais, porque:

●​ Sustenta estereótipos de gênero que perpetuam a desigualdade.


●​ Normaliza a objetificação da mulher, dificultando que ela seja vista e tratada como
um indivíduo pleno.
●​ Contribui para uma cultura que aceita, ou até incentiva, atos discriminatórios e
violentos.

Por Que o Feminismo Jurídico Importa?

O feminismo jurídico, do qual MacKinnon é uma das principais vozes, busca reformar as
leis para combater desigualdades estruturais. Ele entende que a sexualização excessiva
das mulheres, promovida pela pornografia e por propagandas como essa, é um obstáculo
para a igualdade.

Sob essa perspectiva, permitir esse tipo de conteúdo é incompatível com princípios
fundamentais de direitos humanos, como dignidade, igualdade e respeito. Assim,
combater a pornografia e sua influência, como essas propagandas, é uma forma de criar
uma sociedade mais justa e igualitária.

O feminismo jurídico, assim como os princípios da Constituição de 1988, busca criar uma
sociedade onde todas as pessoas tenham igualdade de oportunidades e dignidade
assegurada.

●​ MacKinnon argumenta que, para isso, é necessário que a lei reconheça como
práticas discriminatórias aquelas que desumanizam as mulheres, como a pornografia
e representações sexualizadas na mídia.
●​ A Constituição brasileira apoia essa visão ao estabelecer que o Estado e a
sociedade devem atuar para erradicar a discriminação e proteger a dignidade
humana.

Permitir a circulação de conteúdos como a pornografia ou propagandas que sexualizam


mulheres não é apenas uma questão moral; é uma violação direta dos princípios
constitucionais que garantem igualdade e dignidade.

Catharine MacKinnon nos alerta para a necessidade de ir além de uma abordagem


superficial da lei. Ela nos convida a entender como práticas aparentemente "neutras" podem
reforçar desigualdades estruturais. E a Constituição de 1988 nos dá a base jurídica para
combater essas práticas, ao nos comprometer com a construção de uma sociedade justa,
livre de preconceitos e desigualdades.

Conclusão

Para concluir, os argumentos contra a pornografia e a sexualização feminina, como propõe


Catharine MacKinnon, não são sobre censura ou puritanismo. Eles são sobre justiça,
dignidade e direitos humanos. São sobre reconhecer que as mulheres não são objetos
para consumo, mas indivíduos plenos, com direitos que precisam ser protegidos.

Concluiria dizendo que combater a pornografia e a sexualização excessiva das mulheres,


como defendido por Catharine MacKinnon, não é apenas uma questão de valores, mas de
respeito aos princípios constitucionais.

Não se trata de censura, mas de justiça. De reconhecer que as mulheres não são objetos de
consumo, mas sujeitos plenos de direitos. E que a luta contra essas práticas é um passo
essencial para alcançar a igualdade real que a nossa Constituição promete a todos os
cidadãos. É um debate complexo, mas essencial para construirmos um mundo mais justo
para todos.

Muito obrigada!

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